xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E ECONÔMICAS PROGRAMA DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO xxxxxxxxxxxxxxx SUPPLY-BOAT PARA A INDÚSTRIA PETROLÍFERA E INFRAESTRUTURA PORTUÁRIA: UMA ANÁLISE DO CASO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO VITÓRIA 2010 xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx SUPPLY-BOAT PARA A INDÚSTRIA PETROLÍFERA E INFRAESTRUTURA PORTUÁRIA: UMA ANÁLISE DO CASO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Administração do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas da xxxxxxxxx, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Administração. Orientador: Prof. xxxxxxxxxxxxxx VITÓRIA 2010 RESUMO Uma base de apoio offshore presta todo tipo de ajuda às operações de exploração e produção de petróleo e gás nas plataformas marítimas, como suprimento de fluidos de perfuração, cimento, tubos, combustível, equipamento, água e mantimentos para as tripulações, que são transportados até essas plataformas pelos supply-boats. Nos últimos anos o Espírito Santo foi destaque na produção de petróleo e gás no Brasil e agora com as novas descobertas de petróleo pré-sal o futuro do estado é promissor. Frente a essa realidade, o tema deste trabalho foi desenvolvido no âmbito da empresa federal Companhia Docas do Espírito Santo e a empresa de agenciamento marítimo Brazcargo, entre os meses de fevereiro e junho de 2010, e analisou a atual infraestrutura portuária capixaba para operações de serviços offshore relativos à indústria petrolífera e também abordou as principais estratégias de adequação desse setor, assim como também detalhou a cadeia produtiva do petróleo e descreveu a evolução e perspectivas de produção nas bacias do Espírito Santo e de Campos. O tema é de grande valor não apenas para os profissionais que estão envolvidos de uma forma direta ou indireta na área de exploração de petróleo como também os órgãos públicos e privados do estado que precisam ficar atentos para as necessidades que nosso crescimento econômico requer. Os resultados demonstraram, através de uma análise qualitativa dos dados obtidos por meio de livros, trabalhos já publicados e artigos em endereços eletrônicos, que o atual complexo portuário do estado não é capaz de atender ao aumento da demanda por serviços offshore prestados aos supply-boats com o crescimento do mesmo até 2020/2025, uma vez que já é possível encontrar terminais saturados nessa atividade. Contudo, verificou-se que o estado está atento a essas mudanças e já planeja vários projetos para tentar atender a essa nova demanda que surge dentro do estado nos próximos anos. Palavras-chave: Offshore - Supply-boats - Infraestrutura portuária. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 4 1.1 INTRODUÇÃO E FORMULAÇÃO DO PROBLEMA ................................... 4 1.2 OBJETIVOS .................................................................................................. 7 1.2.1 Objetivo geral ....................................................................................... 7 1.2.2 Objetivos específicos.......................................................................... 7 1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ...................................................................... 7 1.4 JUSTIFICATIVA E IMPORTÂNCIA ............................................................. 8 2 APOIO LOGÍSTICO OFFSHORE .................................................................... 10 3 EVOLUÇÃO E PERSPECTIVAS DE PRODUÇÃO DE PETRÓLEO E GÁS NO ESPÍRITO SANTO ........................................................................................ 14 4 LOGÍSTICA DO PETRÓLEO ........................................................................... 17 4.1 EMBARCAÇÕES ........................................................................................ 17 4.2 INFRAESTRUTURA PORTUÁRIA DO ESTADO ..................................... 19 4.2.1 Porto de Vitória .................................................................................. 19 4.2.2 Porto de Barra do Riacho ................................................................. 24 4.2.3 Porto de Tubarão ............................................................................... 24 4.2.4 Porto de Praia Mole ........................................................................... 25 4.2.5 Porto de Ubu ...................................................................................... 25 4.2.6 Porto de Regência ............................................................................. 26 4.3 BENCHMARKING ...................................................................................... 27 4.3.1 Porto de Imbetiba (Macaé-RJ).......................................................... 27 4.3.2 Base offshore de Louisiana ............................................................. 28 5 INFRAESTRUTURA PORTUÁRIA NECESSÁRIA AO ESPÍRITO SANTO .. 30 6 ASPECTOS METODOLÓGICOS..................................................................... 35 6.1 METODOLOGIA ......................................................................................... 35 6.2 TIPO DE PESQUISA .................................................................................. 35 6.3 MÉTODO DE PESQUISA .......................................................................... 36 6.4 DELIMITAÇÃO DO UNIVERSO E AMOSTRA.......................................... 37 6.5 COLETA DE DADOS ................................................................................. 37 6.6 TRATAMENTO DE DADOS....................................................................... 38 6.7 LIMITAÇÕES DO MÉTODO ...................................................................... 39 7 CONCLUSÃO ................................................................................................... 40 8 REFERÊNCIAS ................................................................................................. 43 4 1 INTRODUÇÃO 1.1 INTRODUÇÃO E FORMULAÇÃO DO PROBLEMA A economia brasileira ganha novo foco com as recentes descobertas de petróleo na camada pré-sal. Elas podem elevar o país a uma nova e mais favorável posição na ordem econômica internacional, conquista considerada significante para o país. Sabendo da importância que a exploração de petróleo gera para o país, os estados produtores ganham mais destaques com as novas descobertas. “A chamada camada pré-sal é uma faixa que se estende ao longo de 800 quilômetros entre os estados do Espírito Santo e Santa Catarina, abaixo do leito do mar, e engloba três bacias sedimentares (Espírito Santo, Campos e Santos) [...]”. (FOLHA ONLINE, 2009) Nos últimos anos, o Espírito Santo (ES) foi destaque na produção de petróleo e gás natural no Brasil. Com as novas descobertas realizadas, principalmente pela Petróleo Brasileira S/A (Petrobras), o futuro do estado é promissor. A área total do pré-sal em terras capixabas é de pouco mais de 10 mil km², sendo que atualmente, 3, 187 km² são explorados. (REZENDE, 2010) A maior responsável pela exploração e produção de petróleo em todo o Espírito Santo é a unidade de negócios da Petrobras, cuja faixa exploratória compreende a parte em frente ao litoral capixaba no norte da Bacia de Campos e a Bacia de Mucuri, no extremo sul da Bahia. (BRAGA, 2009) Segundo Zandonadi (2010): Depois de sete meses à frente da unidade da Petrobras no Espírito Santo, o novo gerente geral da estatal, Luiz Robério Silva Ramos já traça os planos para alcançar, no final deste ano, uma nova meta de produção: passar de uma média de 145 mil barris para 250 mil barris por dia [...]. E a previsão de produção de petróleo da Petrobras no Espírito Santo daqui a quatro anos é de uma média de 500 mil barris de óleo ao dia. (ZANDONADI, 2010) “[...] a cadeia produtiva da indústria do petróleo e da energia vai movimentar investimentos pertinentes e estruturantes. Só no período 2009-2013, apenas a Petrobras deverá investir nada menos do que 5 10,3 bilhões de dólares nos campos do pré-sal da Bacia do Espírito Santo”. (MEDEIROS, 2009) Essas informações afirmam ainda mais a fase de grande crescimento da economia do estado e sua importância para a economia nacional. No entanto, um dos grandes desafios que aguardam a Petrobras e outras empresas petrolíferas na exploração do petróleo situado na camada pré-sal é a área de logística. Conforme o Council of Logistics Management, entidade americana (apud NOVAES, 2004, p.36) pode-se conceituar logística como: [...] o processo de planejar, implementar e controlar de maneira eficiente o fluxo e a armazenagem de produtos, bem como os serviços e informações associados, cobrindo desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender aos requisitos do consumidor. A cadeia de exploração e produção (E&P) de petróleo pode ser estruturada, com base no ciclo de vida de um campo petrolífero, em exploração, desenvolvimento e produção. A primeira busca identificar e quantificar novas reservas de petróleo e gás, o ciclo de desenvolvimento é responsável por planejar a abordagem e definir os recursos necessários para a produção que maximizem a rentabilidade de uma reserva, e por último, o ciclo de produção extrai o petróleo e gás de uma reserva com o intuito de maximizar sua vida útil. Para completar todas as fases descritas acima é necessária uma indústria global de equipamentos e serviços de apoio que permitam realizar tais atividades. (BAIN & COMPANY, acesso em 10 mar. 2010) Conforme Neiva (1986, p.75), “metades das bacias sedimentares do mundo, que oferecem probabilidade de encontro de petróleo, estão localizadas offshore”. Neiva (1986, p.75) também diz que: Fundamentalmente, são as mesmas as tecnologias aplicadas na exploração e produção de petróleo na terra e no mar. Porém, muito mais onerosas são as atividades desenvolvidas em água, devido a fatores, tais como: Transporte aéreo e marítimo de pessoal e material e o uso de instalações fixas e de equipamentos móveis para diversas finalidades. Em condições normais, os custos das perfurações marítimas são quatro a cinco vezes mais onerosos do que os das terrestres. Uma vez que a produção de petróleo aumentará no estado e os campos de pré-sal se localizam a uma distância de 300 km da costa, a demanda por 6 serviços offshore (transporte de óleo e gás, materiais, equipamentos, suprimentos) e seus custos também aumentarão. (BARBOSA, 2009) Uma base de apoio offshore presta todo o tipo de ajuda às operações de E&P de petróleo e gás nas plataformas marítimas, como suprimento de fluidos de perfuração, cimento, tubos, combustível, equipamentos, água e mantimentos para as tripulações, que são transportados até essas plataformas pelos supplyboats. O "Supply-Boat" é uma embarcação de pequeno porte, com cerca de 70 a 80m de comprimento, calado [aproximadamente] de 6,5 á [sic] 7m. Com a aparência de um rebocador, possui, entretanto um grande convés de popa, para transporte de tubos e peças de maior porte. Os granéis sólidos e líquidos são acomodados em tanques especiais abaixo do convés e as peças menores e vitualhas em compartimentos especiais. Cada embaração [sic] costuma fazer uma ou duas viagens por semana, transportando para as plataformas uma quantidade média de 200 á [sic] 250 t de suprimentos por viagem. No seu retorno ao porto, poderão trazer peças e equipamentos para serem reparados em terra, bem como todo o lixo gerado. (PORTWAY SANTOS, acesso em 13 mar. 2010) Para essas atividades de apoio offshore à exploração e produção de petróleo é necessário um complexo portuário eficiente e adequado para armazenamento, navegação, e também capaz de atender a outras necessidades. Contudo, de acordo com o Instituto de Logística e Supply Chain (apud BRIDI, 2010), o porto de Vitória, que também desempenha seu papel no apoio offshore, foi considerado como o 2º pior do país: A situação dos portos deixa muito a desejar, sublinha o presidente do Sindicato do Comércio de Exportação e Importação do Espírito Santo (Sindiex), Severiano Alvarenga Imperial. A boa infraestrutura dos armazéns alfandegados que são todos automatizados e informatizados merece um porto mais eficiente, pondera. (IMPERIAL, apud BRIDI, 2010) Diante desse quadro, surge a necessidade de se indagar: O complexo portuário do Espírito Santo tem estrutura para atender a demanda por serviços offshore que emergirá nos próximos anos (2020/2025) com a exploração de petróleo e gás no estado? Quais as estratégias estudadas caso a estrutura atual não seja suficiente? 7 1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Objetivo geral O objetivo geral deste estudo foi analisar a atual infraestrutura portuária do Espírito Santo para operações de serviços offshore relativos à indústria do petróleo e gás e pesquisar as principais estratégias de adequação do setor. 1.2.2 Objetivos específicos Os objetivos específicos deste trabalho foram: - Descrever a Supply Chain do petróleo, focalizando os serviços portuários demandados no estado. - Descrever as perspectivas de produção na bacia do Espírito Santo - Estabelecer um benchmarking com portos que servem de bases para serviços offshore no Brasil e no exterior. - Descrever a estrutura portuária do Espírito Santo, sua evolução, e o porte das atuais instalações voltado para serviços offshore da indústria do petróleo. - Elaborar o cenário da estrutura portuária necessária ao Espírito Santo para que o mesmo possa cumprir seus objetivos estratégicos em 2020/2025. 1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO O estudo em questão pretende abordar as necessidades de prestação de serviços de apoio para exploração offshore de petróleo explorado na bacia do Espírito Santo e analisar se a infraestrutura portuária do estado será capaz de atendê-la. 8 Este trabalho, portanto, está limitado ao estudo das necessidades das bases de apoio offshore do estado do Espírito Santo para atender a demanda de produção de petróleo em alto-mar que emergirá no estado até 2020/2025. Dessa forma, não é objeto deste estudo as demandas de serviços para atender a exploração onshore. Com isso é possível delimitar melhor o foco do estudo, pois se fossem analisados as necessidades onshore e offshore do Espírito Santo, o trabalho seria relativamente complexo e demandaria maior tempo podendo se tornar inviável para o âmbito da presente pesquisa. 1.4 JUSTIFICATIVA E IMPORTÂNCIA O tema é de grande valor não apenas para os profissionais que estão envolvidos de uma forma direta ou indireta na área de exploração de petróleo como também os órgãos públicos e privados do estado que precisam ficar atentos para as necessidades que nosso crescimento econômico requer. Estamos diante de uma dubiedade: ou não mudamos e não crescemos ou escolhemos crescer e voltamos nossa atenção aos gargalos logísticos presentes em nosso estado, que se materializa nos aeroportos e rodovias interditadas e nos portos sem infraestrutura adequada para responder às novas demandas e necessidades deste mercado globalizado. A infraestrutura portuária trata-se de um importante estudo mediante ao crescimento econômico esperado pelo Espírito Santo com o aumento da exploração e produção de petróleo e gás, principalmente após a descoberta do pré-sal, e que leva as petroleiras a contratarem, cada vez mais, novas bases de apoio às operações de logística offshore. Ou seja, em breve, as dificuldades que hoje os portos do ES enfrentam devido à falta de infraestrutura serão ainda maiores, uma vez que é previsto um aumento gradativo da atividade de exploração de petróleo no estado e consequentemente dos serviços offshore por ela demandada. 9 Desta forma, está esse preocupante desafio que se põe a frente do setor portuário capixaba. Assim, percebe-se que conhecer a fundo essa questão e observar as necessidades dos portos para esse novo ciclo de desenvolvimento é de extrema importância para o crescimento econômico do estado e do país. A relevância do presente trabalho reside, justamente, em expor um estudo que demonstre as necessidades em termos de apoio logístico para os próximos anos no estado do Espírito Santo com a exploração de petróleo e gás, e assim, contribuir para análise futura desse setor. 10 2 APOIO LOGÍSTICO OFFSHORE Para atender as necessidades de transporte, armazenamento e movimentação de equipamentos, consumíveis e pessoas nas operações de poços offshore, diversos serviços de apoio logístico devem ser prestados. De forma geral, os serviços de apoio logístico são classificados em marítimo e aéreo: Apoio marítimo: Consiste nos serviços que envolvem ativos de infraestrutura fixa (portos, terminais, armazéns) e móveis (embarcações e seus tipos) que conectam o continente à plataforma offshore através de modal marítimo, uma vez que as plataformas de prospecção e produção de petróleo consomem um grande volume de suprimentos e materiais, que têm que ser transportados por mar; Apoio aéreo: Com maior foco em transportar pessoas da plataforma para o continente (e vice-versa), o apoio aéreo compreende, basicamente, serviços de táxi aéreo e aeroportuários de suporte. No período 1999-2007, as receitas do segmento de apoio logístico cresceram 11% ao ano, totalizando US$ 8,4 bilhões de faturamento em 2007. Cerca de 60% das receitas nesse período correspondem a serviços de apoio marítimo, enquanto 40% se devem a serviços aéreos. (BAIN & COMPANY, acesso 10 mar. 2010) Os serviços de apoio aéreo no Brasil para o setor de petróleo e gás são realizados por cerca de 100 helicópteros, 70 deles em operação para a Petrobras. Não há restrições quanto à nacionalidade dos equipamentos, porém as empresas necessitam de homologação dos equipamentos pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) para executar tais atividades. (BAIN & COMPANY, p.167, acesso 10 mar. 2010) Cerca de 200 embarcações operam em território brasileiro, das quais aproximadamente 56% são de bandeira nacional. Quanto às navegações de apoio marítimo, apoio portuário e cabotagem cabem observar que, devem ser exercidas por empresas brasileiras de navegação (EBN), ou seja, com sede no Brasil, podendo, no entanto, ser de capital nacional ou estrangeiro. Deve-se utilizar embarcação de bandeira brasileira, conforme determinado pela Lei do 11 Transporte Aquaviário. Tal medida tem como finalidade preservar o mercado nacional de navegação. Porém, as embarcações estrangeiras poderão participar de tais navegações quando afretadas por EBN e desde que comprovado que não há embarcação do tipo e porte pretendidos para a atividade. (LEMOS, 2009) A demanda por serviços em ambos os segmentos certamente aumentará nos próximos anos, dadas as necessidades de transporte de passageiros e cargas para as atividades de E&P da região do pré-sal. Segundo O globo On Line (2008), todos correm contra o tempo para enfrentar a falta de portos, navios e plataformas capazes de atender a esse novo mercado. Portos de Rio, São Paulo e Espírito Santo iniciam planejamento para tentar oferecer terminais que possam servir de base às operações das empresas. A cadeia produtiva do petróleo envolve um conjunto de atividades que pode ser dividido em três segmentos: (a) prospecção, exploração, perfuração e completação; (b) produção propriamente dita; e (c) transporte, refino e distribuição. Os dois primeiros são ditos segmentos à montante ou upstream e o último, à jusante ou downstream. Nas atividades de prospecção e exploração das jazidas, que fazem parte do primeiro segmento, os principais materiais e equipamentos utilizados são sismógrafos, explosivos e computadores de grande porte, enquanto que nos serviços destacam-se o levantamento e processamento geofísico, a determinação do perfil dos poços e a avaliação de formações. Como as jazidas relevantes em produção e as bacias sedimentares mais promissoras se encontram em mar, esses serviços offshore são realizados por navios sonda. (TEIXEIRA; GUERRA, 2003) Nas atividades de furar o poço (perfuração) e adequá-lo para que sejam instalados os equipamentos para a produção de petróleo e gás (completação), utilizam-se navios especiais para a perfuração. Os materiais e equipamentos mais importantes são os tubos de revestimento, as “árvores de natal”, as linhas flexíveis, as turbinas e os grandes geradores e compressores. Nos serviços, destacam-se a perfuração e cimentação de poços, o afretamento de 12 embarcações de apoio e o lançamento de linhas submersas. (TEIXEIRA; GUERRA, 2003) No segmento de transporte e refino, o óleo cru e o gás são transportados para as unidades de produção de derivados, nas quais os grandes compressores e bombas, turbinas a vapor, fornos, torres, vasos de pressão e sistemas supervisores de controle são os materiais e equipamentos mais relevantes. O petróleo pode ser transportado por navios ou dutos. Os dutos são classificados em oleodutos (transporte de líquidos) e gasodutos (transporte de gases) e em terrestre (construídos em terra) ou submarinos (construídos no fundo do mar). Os navios são utilizados para o transporte até os terminais marítimos, onde descarregam o petróleo nos dutos, que fazem o transporte até as refinarias. Outra forma é transportando o petróleo por oleodutos diretamente para as refinarias. E por fim o segmento de distribuição reúne as atividades de comercialização de derivados. (TEIXEIRA; GUERRA, 2003) Os navios que realizam o escoamento do petróleo entre plataformas e terminais e as embarcações de auxílio presentes em todas as fases descritas acima, formam o principal elo da cadeia de suprimentos do petróleo. Cada terminal possui a infraestrutura de atendimento necessário para atender os navios de apoio dessa cadeia produtiva. As fases de exploração e prospecção na bacia do Espírito Santo já demandavam porto para atracar navios de pesquisas no estado. Depois os serviços aos navios que demandavam tubos flexíveis para prospecção eram realizados com o apoio do terminal da Flexibrás (hoje conhecida por TECHNIP), empresa localizada na ilha do Príncipe e que possui uma tecnologia francesa para produzir tubos flexíveis para serem utilizados em grandes profundidades. Esses navios também demandavam cabos e algumas estruturas para melhorar parte daquilo que já existia na plataforma e começar a perfurar. Em seguida necessitava de instalações portuárias para os navios chamados supply boats, que hoje atracam não só no terminal da Companhia Portuária de Vila Velha (CPVV), mas também em todo cais de vitória e capuaba, Peiú e Ubu. Esses navios demandam todo tipo de equipamento para fornecer às 13 plataformas de petróleo, como bobinas, várias peças de aços, várias engrenagens, até mesmo alimento, água, óleo, uma lama que é utilizada para prospecção junto com os tubos e enfim, toda uma tecnologia que demanda bastante serviço dos portos. Há todo um planejamento estratégico para o requerimento desses materiais, o navio não pode atracar no porto repentinamente e receber de imediato o material, tudo é pedido com antecedência através da comunicação com as plataformas e a empresa que a opera, por rádio ou sistemas informatizados (depende da empresa que opera a plataforma), e depois é feito contato com o terminal para que o mesmo tenha tempo de providenciar todo material necessário. Também entra nessa fase o papel desempenhado pelas empresas de agenciamento marítimo, responsáveis pelas normas e rotinas operacionais das autoridades portuárias, assim como, Capitania dos Portos, alfândega, imigração, dentre outras e que permitem com que as embarcações offshore possam desempenhar suas atividades nos terminais. A movimentação é imensa, como as plataformas se localizam próximas da costa do estado, esses navios gastam em média 10h ou 8h e até menos para ir à plataforma e voltar para pegar mais material. Em função disso e de outras conquistas da Petrobras, que é descobrir o pré-sal, a tendência é aumentar bastante esses serviços offshore prestados. Então não só o CPVV, como também Vitória, será insuficiente para atender isso tudo. (informação verbal) 1 A ideia é diminuir as dificuldades através de um bom posicionamento de bases de apoio offshore no estado, centros de distribuição bem localizados e um sistema de apoio à decisão que proporcione ao profissional de logística e ao cliente a possibilidade de tomar decisões rápidas e precisas em um ambiente colaborativo. 1 BRECIANI, Marcus. Evolução supply boat no Estado. CODESA. 2010. Entrevista concedida a Iury Guimarães Marchesi, Vitória, 5 jul. 2010. 14 3 EVOLUÇÃO E PERSPECTIVAS DE PRODUÇÃO DE PETRÓLEO E GÁS NO ESPÍRITO SANTO Esta bacia localiza-se ao longo do litoral centro-norte do estado do Espírito Santo e sul do estado da Bahia. Seu limite sul é a feição geológica conhecida como Alto de Vitória, que a separa da bacia de Campos, enquanto seu limite norte, com a bacia de Cumuruxatiba, é apenas geográfico. A bacia do Espírito Santo apresenta campos petrolíferos de grande importância, com reservas significativas de gás natural e óleo leve. (ANP, acesso em 21 abr. 2010) O início das pesquisas petrolíferas no ES deu-se em 1957, com as primeiras ações da Petrobras em terras capixabas. Em 1969 foi descoberto o primeiro campo que apresenta produção comercial, no município de São Mateus. Nesta época, os trabalhos que se iniciavam na bacia de Campos também se subordinavam ao Distrito de Exploração e Produção da Petrobras sediado em Vitória. Com o sucesso nas atividades dessa bacia, em águas fluminenses, as superintendências se desmembraram. A da bacia de Campos localizou-se em Macaé (RJ) e a da bacia do Espírito Santo em São Mateus (ES), que também supervisionava as poucas atividades da bacia de Campos, em águas capixabas. Como se sabe, a porção norte da bacia de Campos se situa em águas capixabas, indo até o chamado arco geológico de Vitória. Nos últimos anos, o Espírito Santo foi destaque na produção de petróleo e gás natural no Brasil. Atualmente com produção em média de 145 mil barris diários, e até o final do ano este número deve chegar a 250 mil barris por dia, e atingirá dentre 4 e 5 anos a marca de 500 mil barris diários. (ZANDONADI, 2010) As atividades exploratórias offshore vêm produzindo resultados satisfatórios e animadores para o estado, desde a descoberta em 1988 do campo de gás de Cangoá e em 1996 do campo, também de gás, de Peroá. Outras importantes descobertas foram feitas, como o Parque das Baleias, complexo gigante de campos de óleo pesado, e o campo de grande porte e de óleo leve de Golfinho, além da reserva de óleo pesado no bloco BC-10. (Governo do Estado, acesso em 03 jun. 2010) Na Tabela 1 verificamos o potencial da bacia do Espírito Santo: 15 Tabela 1 - Reserva de petróleo (milhões barris) Fonte: ANP/SDP, conforme a Portaria ANP n° 9/2000 Os campos petrolíferos se localizam tanto em terra quanto em mar, em águas rasas, profundas e ultraprofundas, contendo óleo leve e pesado e gás não associado. Dentre os destaques da produção, atualmente está o campo de Golfinho, localizado no norte do estado, com reserva de 450 milhões de barris de óleo leve, considerado o mais nobre. Existem ainda nessa bacia os campos de Cangoá, Canapú, Cação e Peroá. (Governo do Estado, acesso em 03 jun. 2010) Já os campos de Jubarte, Cachalote, Baleia Franca, Baleia Azul, Baleia Anã, Caxaréu, Mangangá e Pirambu, que fazem parte do denominado Parque das Baleias, no Sul do Estado, somam uma reserva de 1,5 bilhão de barris. (Governo do Estado, acesso em 03 jun. 2010) As bacias sedimentares marítimas do estado do Espírito Santo são consideradas de fronteira com elevado potencial despertando o interesse crescente de diversas operadoras nacionais e internacionais. Esta é composta por duas bacias: Bacia do Espírito Santo: bacia considerada 'madura' em sua parte terrestre com cerca de 40 pequenos campos em produção na região norte do estado, enquanto sua parte marítima é considerada relativamente nova e com elevado potencial, em fase inicial de exploração. Parte capixaba da Bacia de Campos: bacia marítima considerada como nova e elevado potencial, em fase de exploração e já com descobertas importantes de óleo pesado (Parque das Baleias) e produção comercial em um sistema piloto no campo de Jubarte. 16 Dentro da bacia de Campos, na área dentro do litoral sul capixaba, a Petrobras explora os campos de Jubarte, Cachalote, Baleia Franca, Baleia Azul, Pirangú e Caxaréu. Este é o chamado Parque das Baleias, onde a empresa detém 100% da concessão. Já no Parque das Conchas, os campos de Ostra, Argonauta e Abalone, a Petrobras tem 35% dos direitos de exploração; a Shell, majoritária, detém 50%; e a Oil and Natural Corporation (ONGC) comanda 15% da área deste parque. Referindo-nos à camada pré-sal, o processo de licitação para concessão de Exploração, Desenvolvimento e Produção é diferente. O governo divulgou o projeto de lei que vai enviar ao Congresso Nacional e que pretende estabelecer um novo marco regulatório para a exploração de petróleo e gás na camada do pré-sal. Espera-se agora a aprovação desse projeto de lei com as normas de licitação para concessão de blocos da camada pré-sal. Para atender todas essas áreas de exploração e produção é necessário uma excelente cadeia logística no estado, destacam-se os seguintes terminais portuários e respectivas bases de tancagem, de propriedade ou operados pela Petrobras: • Terminal Norte Capixaba; • Terminal de Regência; • Terminal de Granéis Líquidos, em Tubarão. E as seguintes instalações portuárias, com recursos para atender ao suprimento de plataformas marítimas: • CPVV / Petrobras - Vila Velha; • PEIÚ / VOL - Vila Velha; • UBU / BRASIL SUPPLY - Anchieta. 17 4 LOGÍSTICA DO PETRÓLEO 4.1 EMBARCAÇÕES As embarcações de apoio executam as tarefas de transporte entre as bases terrestres e as plataformas. Sua presença se faz marcante desde os estudos preliminares de geologia até a remoção e fechamento de poços. O apoio logístico às unidades de perfuração ou produção - verdadeiras cidades, algumas flutuantes e móveis, instaladas em pleno oceano, pode fazerse por via aérea ou marítima. Pelo ar, com emprego de helicópteros, que transportam pessoas e pequenas cargas, em caráter de urgência. Pelo mar concentra-se a maior parte dos trabalhos específicos de apoio às operações das unidades marítimas, transportando materiais indispensáveis ao trabalho e à vida no mar. As embarcações empregadas em offshore (apoio marítimo) devem possuir grande capacidade de manobra, visando posicionamento próximo às unidades atendidas. Devido a essa necessidade recursos foram incorporados a estas embarcações: Hélices e lemes gêmeos, através da inversão de suas rotações, propicia um menor diâmetro na curva de giro; Bow thruster (propulsor lateral de proa), sistema de lemes independentes (posicionamento dos lemes em qualquer ângulo), Stern thruster (propulsor lateral de popa), central de manobras computadorizadas (manobras realizadas por “joystick”) e o Dynamic Position (Posicionamento Dinâmico). Apresenta-se a seguir dois tipos de embarcações supply-boats: Supridor (Supply Vessel): Barco de apoio; barco de suprimento; barco de abastecimento. Embarcação com o convés principal liberado voltado para o transporte de carga geral e suprimento (Fotografia 1). Destinada ao transporte de material e granéis líquidos e sólidos. 18 Fotografia 1 - Embarcação tipo Supply Vessel Fonte: Silveira (2001) PSV (Platform Supply Vessel): Nova geração de navios de suprimento, com maior capacidade de carga, maior potência de motor e velocidade para enfrentar maiores distâncias, dotados de sistemas de posicionamento dinâmico e impulsionadores laterais (thrusters) que ampliam sua capacidade de manobra. (Fotografia 2) Fotografia 2 - Embarcação PSV Fonte: Silveira (2001) 19 4.2 INFRAESTRUTURA PORTUÁRIA DO ESTADO O complexo portuário do Espírito Santo compõe-se atualmente de 6 portos sendo 2 Públicos (Vitória e Barra do Riacho) e 4 Privados (Tubarão, Praia Mole, Regência e Ubu). Este complexo tem grande influência sobre a economia do Estado. 4.2.1 Porto de Vitória Atualmente é administrado pela Companhia Docas do Espírito Santo (CODESA) e está localizado à margem direita do braço do estuário do Rio Santa Maria, que separa a ilha de Vitória do continente. O acesso ferroviário é efetuado pelas ferrovias Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM) de propriedade da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) e Ferrovia Centro Atlântica (FCA), concessão à CVRD, e pelas rodovias BR-101, BR-262 e ES-080. Devido às suas condições naturais de acesso de embarcações, às restrições de acesso rodoviário e também da ocupação não planejada do solo no entorno de suas instalações e o consequente adensamento populacional, suas instalações e infraestruturas necessitam ser adequadas para que continuem exercendo seu importante papel na economia do estado. Sua área de utilização está localizada em dois municípios, Vila Velha e Vitória, e possui a seguinte configuração: Parte Vitória Cais Comercial O cais comercial de Vitória possui quatro berços -101, 102, 103 e 104, com acesso somente pelo modal rodoviário. Nesse cais, com 776 metros de comprimento e calado entre 2,4 metros e 10,7 metros, são movimentados principalmente bobinas de papel, celulose, açúcar, granéis agrícolas, produtos alimentícios e siderúrgicos. 20 A movimentação de carga nesse cais caiu quase 40% no final de 2008 e começo de 2009. Porém, como houve um grande aumento por demanda de supply-boats, esse cais passou também a atender essa demanda e conseguiu equilibrar financeiramente essa queda de 40%. Portanto o cais também atende a essas embarcações, movimentando bobinas, peças de aço, várias engrenagens e outros produtos que são transportados até as plataformas. (informação informal) 2 Cais Ilha do Príncipe Esse cais possui extensão para navios de até 130 metros e com calado de aproximadamente 6,7 metros. Foi arrendado à Flexibrás (conhecida hoje como Technip) e atende a navegação no berço 906, que opera exclusivamente como apoio às supply-boats, em sua maioria para fornecimento de tubos flexíveis, e eventualmente como apoio a outras embarcações de pesquisa e de sondagem marítima. Essa empresa possui uma tecnologia francesa para produção de tubos flexíveis a serem utilizados em grandes profundidades para a prospecção de petróleo. Este terminal necessita de ampliação, conforme já previsto no Plano Diretor de Zoneamento Portuário (PDZP) da CODESA. Parte Vila Velha Num trecho de cais de 1.296 metros (m) estão instalados dois cais, o de Capuaba e o de Paul: Cais de Capuaba É o cais do Porto de Vitória localizado na margem esquerda, município de Vila Velha. Possui 876m de comprimento, calado máximo de 10,6 metros e abrange 6 berços de atracação os 201, 202, 203, 204, 205 e 207, onde são movimentadas carga geral e contêineres. Esse cais também atende algumas embarcações supply-boats quando o CPVV e o cais comercial de Vitória encontram-se ocupados. (informação informal) 3 2 BRECIANI, Marcus. Evolução supply-boat no Estado. CODESA. 2010. Entrevista concedida a Iury Guimarães Marchesi, Vitória, 5 jul. 2010. 3 BRECIANI, Marcus. Evolução supply-boat no Estado. CODESA. 2010. Entrevista concedida a Iury Guimarães Marchesi, Vitória, 5 jul. 2010. 21 Os berços 203, 204 e 205 atendem ao terminal arrendado denominado Terminal de Vila Velha – TVV e os berços 201, 202 e 207 (Dolfins de Atalaia) são administrados pela Codesa e atendem produtos agrícolas e carga em geral. TERMINAL VILA VELHA – TVV - (pertence à CVRD) Possui três berços 203, 204 e 205. É o único terminal no estado especializado em contêineres e recebe também cargas em embarcações roll-on-roll-off, mármore, granito e cargas em geral. Possui tecnologia de gestão atualizada e equipamentos de operação adequados. TERMINAL PÚBLICO Administrado pela CODESA, possui os berços 201, 202, quatro armazéns alfandegados, pátios de manobras e silos para cereais. Esse terminal é utilizado para operações com granéis agrícolas, blocos de rochas ornamentais e carga geral. E o 207 (Dolfins da atalaia), para receber álcool e melaço destinados à exportação. Cais de Paul Esse cais possui 420m de comprimento e calado máximo de 10,30m e 25.000m² de pátio que atendem através de dois berços 206 e 905, respectivamente, as empresas Peíu S.A., que movimenta granel sólido e a Cia. Vale do Rio Doce que movimenta exclusivamente ferro gusa. TERMINAL DE PEIÚ (TPP) Terminal privado operado pela Peiú / Vitória Offshore Logistics (VOL), localizado no berço 206 do Cais de Paul. O TPP presta todo tipo de apoio às operações das empresas petrolíferas, do agenciamento de embarcações ao desembaraço aduaneiro, passando pelo suprimento às plataformas e sondas de produtos, materiais e ferramentas – 22 desde fluídos de perfuração, tubos, peças, combustível e contêineres para embarque de produtos químicos, até água potável e alimentos para as tripulações. (PEIU, acesso em 06 jun. 2010) Esse terminal é uma base de apoio para atividades petrolíferas, mas atende também aos mais diversificados segmentos. Quanto a sua estrutura e capacidade dispõe-se de Armazém alfandegário com 3.200m2 de área com controle automatizado; Calado de 9,75m a 10,58m (maré alta) e permite navios de até 242 metros; Possui elevada capacidade de tancagem de fluidos de perfuração (18.000 barris); Capacidade de armazenagem de 3.200m³ de óleo diesiel marítimo; Capacidade de bombeio simultâneo em três pontos do píer, de 80m³/h de água, 100m³/h de óleo e fluidos. Sistema certificado ANP e fornecimento de mão de obra especializada para as plataformas, dentre outras. (PEIU, acesso em 06 jun. 2010) Nessa mesma margem ainda estão instalados também o Terminal de Granéis Líquidos de São Torquato e o Terminal Companhia Portuária de Vila Velha. Terminal de Granéis Líquidos (TGL) – São Torquato O terminal de São Torquato possui um berço, 902, concebido para operações de granéis líquidos derivados de petróleo e está com suas operações suspensas devido a demandas contratuais e condições operacionais. (ANDRADE, 2006) Destinado a movimentação de derivados de petróleo e álcool operado pela Frannel e TA Distribuidoras de Petróleo, recebia navios de até 162 metros com profundidade máxima de 8,23 metros. Equipado para bombear 500 m³/h de combustível e tanques para armazenamento de até 50.000 m³. Esse terminal dificilmente terá sua operação restabelecida para a mesma finalidade, uma vez que está presente em região de grande densidade populacional, oferecendo elevado risco operacional àquela comunidade. Uma possível utilização é operar com granéis líquidos de baixo risco operacional, tais como óleos vegetais. (ANDRADE, 2006) 23 Terminal Companhia Portuária de Vila Velha (CPVV) Primeiro terminal portuário privativo do Brasil, inaugurado em 2000 pelo Grupo Coimex para atender exclusivamente à indústria do petróleo, oferecendo serviços de apoio aos supply-boats. Os navios utilizam os serviços de abastecimento de água potável e óleo diesel oferecidos pela CPVV, que vai além e disponibiliza também apoio logístico para transporte terrestre entre a base e outras localidades, armazenagem em áreas alfandegadas e instalação para inspeção de tubos. A empresa é certificada pela NBR ISO 9001:2000 desde 2002 para Operações Portuárias e Base de Apoio para Atividade de Pesquisa, Exploração e Produção de Petróleo e Gás. (GRUPO COIMEX, 2008) Os principais clientes são Petrobras; BR - Distribuidora; Repsol/YPF; Unocal; Shell Brasil E&P; Esso S/A; Devon; Kerr MCGEE; Anadarko/Hess. Segundo o Grupo Coimex (2008), a área do terminal é de 55.000m², com calado de 9,10m (maré baixa) e 04 berços de atracação. A área de armazém é de 2.000m², possui área coberta para material de perfuração, galpão de inspeção, estruturas para inspeções de tubos, tomadas de óleo diesel, cimento, água, lama, barita, bentonita. Tanque de água potável de 1.700m³ e vazão de abastecimento de 100m³/h. Tanques de óleo diesel: dois de 240m³ e uma de 1.000m³. Terminal da Prysmian O terminal passará a fabricar tubos flexíveis para a Petrobras, além dos cabos umbilicais já produzidos na planta. O acordo com a estatal prevê a fabricação de uma ampla gama de Linhas Flexíveis Estáticas e Dinâmicas (tubos que ligam o poço petrolífero submarino à plataforma ou navio). (PRYSMIAN, 2009) 24 4.2.2 Porto de Barra do Riacho O porto de Barra do Riacho é pertencente à CODESA, funcionando nele um terminal especializado na movimentação de celulose em fardos (PORTOCEL), sal e madeira. Possui bacia de evolução com 180 metros de raio e calado de 12 metros e conta com acesso rodoferroviário. O modelo de licitação para uso da estrutura portuária de Barra do Riacho será por arrendamento e inicialmente serão licitados 03 módulos de um total de 04, com as seguintes especialidades: • Carga Geral; • Granéis Sólidos; • Petróleo; • Granéis Líquidos – a posteriori. 4.2.3 Porto de Tubarão Tubarão é considerado o maior exportador de minério de ferro do Brasil. Este porto possui os seguintes terminais especializados: TGL - Terminal de Granéis Líquidos É um píer exclusivo para a descarga de granéis líquidos. Possui berço com 210 metros de comprimento e capacidade anual para movimentar 2 milhões de metros cúbicos de derivados de petróleo. Atualmente é utilizado para atender à armazenagem e distribuição de combustíveis, atendendo à demanda dos distribuidores instalados no estado. Terminal de Produtos Diversos Opera com granéis sólidos e carga geral, rochas ornamentais, com ênfase para fertilizantes, minerais e grãos. Possui 02 berços, com capacidade para movimentar 80 milhões de t/ano. 25 4.2.4 Porto de Praia Mole Este terminal está localizado junto ao Porto de Tubarão e é operado desde 1984. Pertence ao condomínio Terminal Privativo de Uso Misto de Praia Mole e foi implantado para operacionalizar os embarques dos produtos exportados pelas siderúrgicas proprietárias Companhia Siderúrgica de Tubarão (administradora), Usinas Siderúrgicas Minas Gerais (USIMINAS) e Aços Minas Gerais S/A (AÇOMINAS). Possui dois píeres: Terminal de Produtos Siderúrgicos - TPS (voltado para exportação) e Terminal de Carvão (destinado à importação). Este último é de propriedade da CVRD, sendo operado por um contrato comercial entre esta companhia e a Usiminas. Possui três berços para atracação, com capacidade para operar navios de até 70 mil toneladas. Este terminal é um dos grandes responsáveis pelo excelente desempenho do parque siderúrgico instalado ao longo da Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM), devido à sua elevada produtividade na descarga de carvão e coque. 4.2.5 Porto de Ubu O Porto de Ubu está localizado no município de Anchieta, sul do Estado, a 60 km de Vitória, é um terminal privativo inaugurado, em 1977, para escoar a produção de pelotas de minério de ferro da SAMARCO (administradora). Possui somente acesso rodoviário, através das rodovias federais BR-101 e BR262, e das estaduais ES-146 e ES-060. Dispõe-se de 01 píer com 02 dois berços de atracação. Tem capacidade de carregamento de até 9.000 toneladas/hora e de receber navios de até 150 mil TPB 4. (ANDRADE, 2006) O terminal da Ponta de Ubu, em parceria com a Brasil Supply, possui e opera, atualmente, uma das maiores plantas de fabricação de fluidos de perfuração e 4 Tonelada de porte bruto. Unidade que caracteriza a capacidade de transporte de carga de um navio. 26 completação do Brasil. Operam soluções integradas no suprimento de fluidos de perfuração e completação para operações onshore e offshore, incluindo: aquisição de produtos químicos, formulação, armazenagem, abastecimento de embarcações e aplicação. (BRASIL SUPPLY, acesso 06 jun. 2010) Este porto esta em fase de estudos de ampliação para suportar as operações do novo pólo siderúrgico a ser implantado nesta região, bem como das operações de apoio à exploração de petróleo offshore. (ANDRADE, 2006) 4.2.6 Porto de Regência Terminal privativo, operado pela Petrobras, o terminal está localizado no norte do estado, município de Linhares, próximo à foz do Rio Doce. Possui estrutura para armazenagem e é destinado a receber navios graneleiros, visando o estoque e a transferência do petróleo produzido no Estado. TERMINAL NORTE CAPIXABA – TNC O TNC fica localizado em Barra Nova, próxima a São Mateus. O complexo compreende a Estação de Tratamento da Fazenda Alegre e é um dos maiores empreendimentos da Petrobras no Espírito Santo. O óleo produzido nos campos onshore da região é processado na estação da Fazenda Alegre, para separação de água e gás, é armazenado no TNC, em cinco tanques com capacidade de 16 mil m³ e posteriormente é bombeado para embarcações para as unidades de refino da Petrobras – Petróleo Brasileiro S/A. 27 4.3 BENCHMARKING 4.3.1 Porto de Imbetiba (Macaé-RJ) Segundo Spendolini (apud Silva, 2009), benchmarking é definido como um processo contínuo de medição de produtos, serviços, atividades e práticas de gestão próprias de uma empresa em relação aos seus concorrentes melhor colocados no mercado ou às empresas reconhecidas pela sua liderança. O objetivo do benchmarking utilizado neste trabalho não é pesquisar para adotar as estruturas e medidas aplicadas por outros portos, uma vez que cada região portuária possui seu ambiente próprio e adequado para específicas instalações. O objetivo é criar uma mudança da maneira de pensar sobre a necessidade para melhorias. Dados de 2007 revelaram que o porto de Imbetiba (Macaé-RJ) atendeu a 165 embarcações de apoio logístico offshore. Pelos seus três píeres de 90 metros de comprimento são embarcados equipamentos, suprimentos e outros materiais com destino às plataformas, assim como também são descarregadas embarcações de apoio que vêm das unidades de produção. (PINTO, 2007) Imbetiba registra uma média de 440 atracações por mês e é considerado o porto mais movimentado da indústria petrolífera no mundo. Em outras regiões, como Golfo do México ou Mar Negro, os volumes são transportados por mais de um porto. (PETROBRAS, apud CLICK MACAÉ, acesso 10 jun. 2010) Em comparação destaca-se o principal terminal do ES ao apoio offshore, o terminal da CPVV, que de acordo com o seu diretor-executivo houve 1.366 atracações no terminal no ano de 2006. (GRUPO COIMEX, 2008) Devido à previsão de aumento da atividade petrolífera, identificado pela demanda por 45 plataformas informada pela Petrobras no primeiro semestre de 2009, o mercado de embarcações de apoio também passa por um processo de crescimento de demanda, com contratação de 146 embarcações de apoio. A maioria dessas embarcações atuará na bacia de Campos, onde mais se produz petróleo. Agora com o crescimento previsto para o ES depois da descoberta do 28 pré-sal, é provável que também aumente a frota de embarcações no estado para atender essa demanda. (MARTINS, acesso 10 jun. 2010) Evidente que a quantidade de plataformas de produção e rebocadores atendidos por Imbetiba é superior ao CPVV, e assim tem uma movimentação e quantidade de atracações maiores. Ao todo são 104 unidades espalhadas pelos 55 campos existentes na bacia de Campos. Contudo, com as perspectivas para o mercado capixaba em um futuro próximo, é essencial perceber o grande trabalho desenvolvido por Imbetiba e focar nas mudanças de melhorias necessárias ao estado. 4.3.2 Base offshore de Louisiana A Edison Chouest Offshore (ECO) foi fundada em Galliano, Louisiana, EUA, em 1960, e hoje é a companhia mais avançada de offshore e que mais cresce no mundo. O Core Bussiness da ECO é afretamento de embarcações, ela é a maior empresa privada no mundo nesse setor e também com a frota mais nova. Mas, além disso, a ECO cria o design, constrói, é dona e opera as embarcações. De acordo com Vilela (2009), a ECO está presente em 13 países, possui mais de 170 embarcações de apoio logístico a atividade de E&P de petróleo e gás, tem 5 estaleiros de construção própria e também 10 bases de apoio logístico que opera a marca de 70% do mercado do Golfo do México e 4 delas no Brasil. Em relação às bases de apoio offshore para E&P de petróleo e gás, no porto utilizado pela empresa ECO, que possui uma base no Golfo do México na cidade de Galliano em Louisiana (Fotografias 3 e 4), o barco entra de ré numa estrutura coberta, onde estão armazenados os produtos e tudo é movimentado com pontes rolantes. 29 Fotografia 3 – Terminal operado pela Edison Chouest Offshore Fonte: Vilela (2009) Fotografia 4 - Terminal operado pela Edison Chouest Offshore Fonte: Vilela (2009) 30 5 INFRAESTRUTURA PORTUÁRIA NECESSÁRIA AO ESPÍRITO SANTO Analisamos no item, Infraestrutura Portuária do Estado, alguns portos e terminais do complexo portuário do Espírito Santo voltados para as atividades de supply-boat e também outros serviços necessários à cadeia de produção do petróleo. Quanto às atividades referentes aos serviços de supply-boat, a Companhia Portuária de Vila Velha (CPVV) é quem recebe maior destaque na prestação desses serviços. Destacamos o papel desempenhado pelo cais de Vitória e Capuaba para atender ao aumento da demanda por esses serviços. Conforme Breciani (2010), em função das novas conquistas da Petrobras, em se descobrir o pré-sal, a tendência é o aumento pelos serviços offshore prestados. Então não só o CPVV, como em vitória, será insuficiente para atender a toda essa demanda nos próximos anos. (informação informal) 5 A afirmação acima também se confirma segundo Filho (2010) quando destaca que o estado tende a crescer muito em relação a logística e principalmente a serviços de supply-boat prestados. Conforme ele destaca, a logística capixaba tem que melhorar, principalmente a portuária, pois o porto já não suporta a quantidade de embarcações. Ainda afirma que hoje a CPVV, principal nesse setor, se encontra praticamente saturado. Então algumas embarcações atracam na CODESA (cais comercial) ou capuaba a pedido do armador porque não tem vaga no CPVV. (informação informal) 6 Diante desse problema, é preciso pensar em novos projetos e adequar todo o complexo portuário capixaba visando atender a essa demanda. Portanto, a seguir destacam-se alguns projetos previstos e em estudos para o estado. Como o Cais Comercial de Vitória também desenvolve seu papel no atendimento às embarcações de supply-boat devido à saturação do CPVV, um dos projetos da CODESA é sua ampliação. 5 BRECIANI, Marcus. Evolução supply-boat no Estado. CODESA. 2010. Entrevista concedida a Iury Guimarães Marchesi, Vitória, 5 maio 2010. 6 FILHO, Arly Santana. Supply-boat no Estado. BRAZCARGO. 2010. Entrevista concedida a Iury Guimarães Marchesi, Vitória, 31 maio 2010. 31 O projeto visa ampliar o cais de Vitória em 20 metros de largura (em direção ao mar) e 100 metros de comprimento (Fotografia 5). Dessa forma, proporciona-se uma área de operação maior, alocando mais equipamentos à disposição das embarcações. Fotografia 5 - Projeto de melhoria do cais comercial Fonte: CODESA (2010) Outro projeto referente ao porto de Vitória são as obras de dragagem (retirada de areia do leito) e derrocagem (explosão de ilhas de pedra). Segundo Breciani (2010), o calado do porto atualmente está em 10,7 metros e após as obras de dragagem e derrocagem passará para 12,5 metros. Esse aumento proporciona ao mesmo navio embarcar mais volume de carga, transportando mais carga em uma mesma viagem e resultante assim em uma economia de escala. O projeto de ampliação do cais de Vitória também proporciona uma área sem necessidade de dragagem no berço. Outro projeto que também soma aos já mencionados para atender a nova demanda é a expansão do CPVV (Planta 1). Através dessas ampliações e obras de dragagem e derrocagem é possível atender com maior eficiência as embarcações supply-boats e ganhar com economia de escala ao permitir o embarque de um maior volume de carga, pois organiza o processo produtivo de maneira que se alcance a máxima utilização dos fatores produtivos envolvidos no processo. 32 Planta 1 - Expansão do CPVV Fonte: CODESA (2010) Junto a esses projetos no atendimento a supply-boat nos próximos anos, haverá também o Terminal Privado de Peiú, no cais de Paul, que presta todo tipo de apoio às operações das empresas petrolíferas. O estado também possui terminais que auxiliam nas atividades de exploração e produção de petróleo e gás oferecendo outros serviços. Esse é o caso da Flexibrás, hoje conhecida por Technip, que opera exclusivamente como apoio às supply-boats, em sua maioria para fornecimento de tubos flexíveis, e eventualmente como apoio a outras embarcações de pesquisa e de sondagem marítima. Nesse campo também teremos o terminal da Prysmian, que além dos cabos umbilicais já produzidos na planta para indústria de petróleo, passará a desenvolver tubos flexíveis, e há o terminal para Armazenagem de Granéis Líquidos para Exportação e Importação da Oiltanking, com capacidade total de estocagem de 35.200 m³, em 10 tanques de armazenamento para álcoo/etanol, soda cáustica e óleo diesel. Outro projeto nos planos da CODESA é a negociação com a Petrobras para que ela fique com uma área na Barra do Riacho. (Desenho 1) Segundo Breciani (2010), o projeto é para construção de um terminal de GLP (Gás Liquefeto de Petróleo) e C5+ (subproduto da gasolina) que serão exportados para outros estados da Federação. Aceitando esse projeto a Petrobras ganha tempo, pois já há uma estrutura existente nesse porto, o que precisará ser feito é um pouco de dragagem e 33 a construção de berço de atracação. Além desse projeto haverá ainda uma área de 56 hectares onde se pode fazer outro terminal. Desenho 1 - Terminal GLP e C5+ Fonte: CODESA (2010) Esse projeto de Barra do Riacho além de atender ao armazenamento de GLP e C5+, pode considerar berços para apoio aos supply-boats. Outros terminais que o estado possui para servir de apoio nas atividades de exploração e produção de P&G além das operações de supply-boat é o Terminal de Graneis Líquidos de Tubarão, em que é utilizado para atender a armazenagem e distribuição de combustíveis, o terminal privado de Regência que possui estrutura para armazenagem e é destinado a receber navios graneleiros, visando o estoque e a transferência do petróleo produzido no estado e também o Terminal Norte Capixaba, já citados anteriormente. Outro projeto presente nos planos da CODESA é o Porto de Águas Profundas ou Super Porto, em Praia Mole (Planta 2). Esse projeto é basicamente para contêineres. Porém, ao ser implementado, a tendência é que as cargas que são operadas na baía de Vitória passam a ser operadas nesse porto, e em vitória seria possível agregar mais valor às operações de supply-boat. Esse projeto ganha destaque, pois será possível receber navios maiores e assim carregar mais cargas, o que não é possível no porto de Vitória, pois há restrições e o maior navio que entra lá é de 242 metros de comprimento e 32,4 de boca (largura). Outro ponto a favor levando em consideração as atividades 34 no porto de Vitória é que as atividades de supply-boat são consideravelmente rápidas nesse porto, o que demora são os navios conteineiros, ao transferí-los para o porto de águas profundas, consequentemente disponibiliza-se o porto de Vitória somente para operações de supply-boat, ganhando assim eficácia. Planta 2 - Porto de águas profundas Fonte: CODESA (2010) Um projeto que está no Plano de Zoneamento Portuário desde 1995 prevê uma base offshore na antiga penitenciária. Porém, segundo Breciani (2010), o Governo não irá fazer mais nenhum terminal, quem irá fazer é a iniciativa privada. Porém, Breciani (2010) deixou claro que caso apareça outra oportunidade de construir algo nessa área além da base offshore pretendida, a mesma será concedida. O Porto de Ubu também é utilizado para atender aos supply-boats, sendo que essas operações serão ampliadas, conforme dito anteriormente. Outro projeto previsto para o estado é uma base de apoio logístico offshore na região da Glória, em uma área que possui cerca de 87 mil metros quadrados, onde funcionava a Casa de Passagem. O local foi escolhido por oferecer acesso privilegiado ao mar. O empreendimento envolve a participação da empresa capixaba União Engenharia e a Nitshore Participações Ltda - do grupo norte-americano Edson Chouest Offshore e o objetivo das empresas é a criação de uma base de apoio logístico e metalmecânico a atividades offshore de petróleo e gás no estado. (ES HOJE, 2010) 35 6 ASPECTOS METODOLÓGICOS 6.1 METODOLOGIA Apresenta-se nesse capítulo a metodologia utilizada que viabilizou o levantamento e análise das principais informações e estratégias que o complexo portuário do Espírito Santo apresenta que lhe permite atender a demanda por serviços offshore que emergirá no estado nos próximos anos (2020/2025) com a exploração e produção de petróleo e gás. A pesquisa foi realizada por meio de informações externas e internas do complexo portuário capixaba. Externamente, procurou-se fazer uma breve análise sobre o setor de exploração e perfuração de petróleo, sua cadeia de suprimentos, perspectivas de produção e os serviços offshore demandados nesse setor, para que com isso fosse possível entender e analisar o setor de prestação de serviços logísticos offshore no estado. A análise interna procurou coletar informações da estrutura portuária do estado e assim reconhecer os serviços offshore prestados por ele. 6.2 TIPO DE PESQUISA Segundo Gil (2002), os tipos de pesquisas podem ser classificados quanto à natureza, forma de abordagem, objetivos e procedimentos técnicos. Quanto à natureza, o trabalho apresenta-se como uma pesquisa aplicada, pois objetiva gerar conhecimentos sobre a estrutura atual do complexo portuário do Espírito Santo e a necessidade de melhorias para serem aplicadas e atenderem ao aumento da demanda por serviços offshore nos anos de 2020 e 2025. Quanto à forma de abordagem, classifica-se como uma pesquisa qualitativa, pois considera a interpretação das informações adquiridas como forma de medir a capacidade de se atender a demanda por serviços offshore no estado 36 no prazo estipulado, e também por não requerer uso de métodos e técnicas estatísticas. Quanto aos objetivos, classifica-se como uma pesquisa exploratória e descritiva. Exploratória, pois tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema com visto a torná-lo mais explícito, envolvendo levantamento bibliográfico e entrevistas com pessoas experientes no problema pesquisado. E descritiva, pois tem o objetivo de descrever a realidade do problema pesquisado e também suas prováveis soluções. Quanto aos procedimentos técnicos, caracteriza-se como bibliográfico, documental e de campo. Bibliográfico, pois para a fundamentação teórica foram utilizados como base materiais publicados em livros, e endereços eletrônicos, que por sua vez foi mais utilizado por tratar de informações atuais e não disponível em livros e também pela acessibilidade a essas informações. Documental, já que também foi consultado documento de trabalho, fotos e projetos de poder da empresa federal visitada. E estudo de campo, pois foram realizadas visitas e entrevistas. 6.3 MÉTODO DE PESQUISA Segundo Lakatos e Marconi (1995), os métodos podem ser subdivididos em métodos de abordagem e métodos de procedimentos. Quanto ao método de abordagem, caracteriza-se o método indutivo, pois a cadeia de raciocínio estabelece a conexão ascendente, ou seja, das constatações mais particulares para as teorias mais gerais. No caso desse estudo, ao constata-se que determinados terminais de serviços offshore do estado encontram-se saturado (constatação particular) implica-se que em geral a estrutura portuária capixaba não é capaz de atender ao aumento da demanda por esses serviços e necessita de melhorias. Quanto ao método de procedimento, caracteriza-se como monográfico, pois o objetivo é investigar determinado assunto de valor representativo e que 37 obedece a metodologia. O assunto em questão é a capacidade do complexo portuário do Espírito Santo em atender a demanda por serviços offshore do setor petrolífero, e é de valor representativo frente às novas descobertas de petróleo no estado e a importância que essa descoberta traz para sua economia. 6.4 DELIMITAÇÃO DO UNIVERSO E AMOSTRA O estudo foi desenvolvido no âmbito da empresa federal Companhia Docas do Espírito Santo, responsável por administrar os portos públicos do estado e também por possuir amplo conhecimento de sua estrutura portuária sendo capaz de oferecer informações para se atingir o objetivo geral do trabalho, e na empresa de operadora portuária BRAZCARGO, responsável pelo agenciamento de embarcações offshore que operam nos portos do Espírito Santo e assim capaz de fornecer mais detalhes sobre essas operações. A fim de que se pudessem atingir resultados concretos e com o melhor aproveitamento possível, a pesquisa foi desenvolvida por delimitação de etapas entre os meses de Fevereiro e Junho de 2010. Trabalhou-se com uma amostragem de duas pessoas, responsáveis por assumir funções diretamente ligadas ao objeto de pesquisa. A amostra caracteriza-se por não probabilística e por tipicidade, uma vez que os entrevistados são considerados representativos da população-alvo já que assumem funções ligadas ao objeto de estudo. 6.5 COLETA DE DADOS A forma de coleta de dados neste trabalho se deu via pesquisa bibliográfica e entrevistas. 38 A coleta de informações iniciou-se com a revisão de literatura em livros, jornais, trabalhos acadêmicos e endereços eletrônicos. No trabalho em campo, foram realizadas visitas às empresas nas quais foram consultados alguns documentos e relatórios internos além da realização de entrevistas. As entrevistas foram semi-estruturadas e narrativas, visando oferecer uma maior liberdade e espontaneidade aos entrevistados. O roteiro de entrevista foi montado com questões básicas sobre o objeto de estudo, além de outras acrescentadas no momento de sua realização, conforme as respostas oferecidas pelos entrevistados. Os instrumentos utilizados para a coleta de dados foram entrevistas semiestruturadas com: Marcus Zanotti Breciani, Engenheiro e Assesor técnico - CODESA. Arly Santana Filho, Gerente de BRAZCARGO. Seguem abaixo os principais tópicos abordados nas entrevistas: O setor de Supply Boat no estado - Configuração - Evolução - Crescimento e demanda - Empresas participantes - Barreiras ao mercado - Projetos de melhorias 6.6 TRATAMENTO DE DADOS Operações - 39 Como não há dados estatísticos para desenvolver uma representação gráfica, a análise percorrerá os caminhos da revisão de literatura, que permitiu um maior conhecimento acerca do assunto estudado e serviu de base para todo o desenvolvimento do trabalho. Os dados coletados durante as entrevistas foram analisados de forma qualitativa e através da interpretação e reflexão das informações recebidas. 6.7 LIMITAÇÕES DO MÉTODO Por tratar-se de um tema atual a pesquisa limitou-se a informações de artigos, notícias e textos retirados da internet por não encontrar informaç ões atualizadas em livros e artigos científicos. Devido à atualidade das informações e o acesso também em sites institucionais, o uso da internet justifica-se como o mais adequado aos propósitos da investigação. A pesquisa de campo limita-se a duas empresas. Mas também se justifica pela acessibilidade, tempo e por entrevistar profissionais diretamente ligados ao objeto de estudo. 40 7 CONCLUSÃO Uma vez aplicado o instrumento de coleta de dados e obtido a informação que conjuntamente com as análises dos objetivos específicos propostos, obtiveramse resultados que permitem ao pesquisador apresentar o seguinte conjunto de conclusões: No que tange à descrição do supply chain do petróleo e os serviços portuários demandados no estado, pôde-se identificar um conjunto de três atividades nessa cadeia de suprimento. São elas: (a) prospecção, exploração, perfuração e completação; (b) produção propriamente dita; e (c) transporte, refino e distribuição. Todas detalhadas no capítulo dois, na seção de apoio logístico offshore. Verificou-se também que os serviços portuários prestados pelo Espírito Santo fizeram-se presente desde a fase de prospecção e exploração no estado onde já demandavam portos para atracar navios de pesquisa. Em seguida a presença de serviços que forneciam tubos flexíveis para prospecção e por último os serviços propriamente dito supply-boat, para abastecer as plataformas. No que tange a evolução e perspectivas de produção dos campos de produção na bacia do Espírito Santo e de Campos, pôde-se identificar no capítulo três o panorama nacional da exploração de petróleo no Brasil e nessas duas bacias citadas. Verificou-se que a perspectiva de produção para a bacia de Campos é de uma média de 2,1 milhões de barris por dia até final de 2010 e que essa média aumentará com as descobertas do pré-sal. Já para o Espírito Santo a perspectiva é de uma média de 250 mil barris por dia até final de 2010 e cerca de 500 mil barris diários dentre quatro e cinco anos contando com as novas descobertas de petróleo. No que tange ao benchmarking com portos no Brasil e no exterior, pôde-se identificar no capítulo quatro na seção benchmarking que o principal objetivo é criar uma mudança da maneira de pensar sobre a necessidade de melhorias para o complexo portuário do estado, considerando um planejamento em longo prazo. 41 Nessa seção foi realizada uma breve análise sobre o principal porto de serviços offshore de Macaé, o porto de Imbetiba, onde se verificou a elevada média de atracação de navios supply-boats em comparação ao principal porto do estado que presta tais serviços, e também se fez uma análise sobre a estrutura do terminal da empresa Edison Chouest Ofsshore, que atende o Golfo do México. Essa comparação faz-se pensar sobre o planejamento que o porto de Imbetiba passou para poder atender com eficiente a uma grande quantidade de atracações e também pelo qual o terminal de Louisiana passou para construir sua estrutura atual. Isso mostra que para o complexo portuário capixaba atender as futuras demandas é necessário que o mesmo comece a pensar em planejamento a longo prazo. No que tange a estrutura portuária do Espírito Santo, pôde-se identificar no capítulo quatro, na seção Infraestrutura Portuária do Estado, e no capítulo cinco os principais portos e terminais do estado e dentre eles aqueles que prestam serviços voltados às atividades petrolíferas. Em relação aos serviços de supply-boat, destaca-se o terminal da Companhia Portuária de Vila Velha (CPVV), o cais comercial de Vitória e às vezes capuaba, o terminal privado de Peiú e o terminal da ponta de Ubu. No que tange ao cenário da estrutura portuária necessária ao ES para que o mesmo possa cumprir seus objetivos estratégicos em 2020/2025, pôde-se identificar no capítulo cinco as principais estratégias elaboradas nos principais portos do estado que prestam serviços aos supply-boats. Os resultados obtidos em todas essas análises permitem concluir que o atual complexo portuário do Espírito Santo não é capaz de atender ao aumento da demanda por serviços offshore prestados aos supply-boats com o crescimento do mesmo nos próximos anos devido à descoberta de novas reservas de petróleo. Afirmação essa baseada na coleta de dados e sua interpretação, e por constatar que os principais terminais para essa atividade já se encontram saturados. Contudo, verificou-se também que o estado está atento a essas mudanças e já planeja alguns projetos para tentar atender a essa nova demanda mencionada. 42 Fazendo uso dessa importante ferramenta gerencial, que é o planejamento, e contando com a participação de todos, seja do governo do estado, prefeituras, portos, empresários, centros de educação, etc., e fazer com que em conjunto visam um objetivo único e formam profissionais qualificados e que tenham condições de trabalhar, é bem provável que o estado tenha um centro de excelência de petróleo e seja uma grande área para supply-boat. 43 8 REFERÊNCIAS 1 A LOGÍSTICA. Click Macaé. Disponível em: <http://www.clickmacae.com.br/?sec=361&pag=pagina&cod=261>. Acesso em: 10 jun. 2010. 2 ANDRADE, Alexandre de Matos de. (Co.) Plano de desenvolvimento Espírito Santo 2025. Ago. 2006. Disponível em: <http://www.espiritosanto2025.com.br/novo/projeto_docs/ES2025V11No taTecnica_Logistica.pdf>. Acesso em: 30 maio 2010. 3 BACIA do Espírito Santo. 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