22POLÍTICA A GAZETA TERÇA-FEIRA, 7 DE JULHO DE 2015 PEDIDO DA DEFESA Com câncer, Pedro Barusco quer faltar à acareação na CPI Deputados da comissão pretendem colocar o ex-gerente frente a frente com Duque e Vaccari BRASÍLIA A defesa do ex-gerente da PetrobrasPedroBaruscoentrou com pedido ontem no Supremo Tribunal Federal para suspender as acareações marcadas para esta semananaCPIdaCâmarados Deputados que investiga irregularidades na estatal. A advogada Beatriz Catta Preta juntou laudos médicos e afirmou que a situação do câncer ósseo de Barusco piorou no último mês. Ela pede liminar (decisão provisória) para que o depoimento seja suspensoatéqueeletenha“plenas condições” para participar de reunião da comissão. Amanhã, está prevista acareação entre Barusco e o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque. Na quinta, a CPI marcou acareação entre Barusco e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. Barusco, que já foi ouvido pela CPI em março, é um dos colaboradores da investigação da Operação ANTONIO CRUZ/ABR ELEIÇÃO DE 2010 300 mil dólares Barusco diz ter repassado para a campanha de Dilma. Lava Jato e admitiu fraudes.Osoutrosdoissãoacusados de participação em desvios na Petrobras, mas negam irregularidades. Em razão do recesso do Judiciário, o pedido será analisado por Celso de Mello, ministro com mais tempo de atuação no Supremo e que, nesta semana, está de plantão na presidência do tribunal. “Opacientesofredecâncer ósseo, grave moléstia que, por haver piorado no último mês, dificulta o seu deslocamentoepermanência nas audiências de acareação designadas pela referida CPI. (...) Tendo em vista o agravamento da doença, não há como Barusco enfrentar horas de deslocamento e de audiência, além de stress emocional – o que inclusive não é Pedro Barusco já prestou depoimento à CPI da Petrobras em março deste ano recomendado pelo seu médico”, afirma a advogada. Conforme a defesa, a presidência da comissão foi informada da situação de saúde do depoente, mas informouque“nãopodeprescindir das acareações, que são consideradas fundamentais para o alcance dos objetivos da investigação”. BeatrizCattaPretacitou relatório médico que afirma que Barusco “sofre de dores crônicas, principalmente na região mais afe- Ligações teriam relação com depósitos a Costa Novos documentos relacionados às investigações da Operação Lava Jato mostram coincidências entre telefonemas de um ex-diretor da Odebrecht e depósitos em contas do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa na Suíça. O Ministério Público Federal (MPF) identificou 135 ligações entre números atribuídos a Bernardo Freiburghaus, apontado como operador do pagamento de propina da Odebrecht no exterior, e Rogério Araújo, preso na penúltima fase da Operação Lava Jato e que pediu desligamento da construtora. As ligações foram registradas entre julho de 2010 efevereirode2013,conforme reportagem veiculada ontem no Jornal Nacional. JEFFERSON RUDY/AGÊNCIA SENADO tada pela doença, como a hemibacia esquerda, coluna lombar, coluna cervical e mais recentemente também a coluna toráxica.” “Com a progressão, os formigamentosaumentarão de intensidade e pode haver perda da sensibilidade e força nas mãos e em membros, tanto superiores quanto inferiores. Além disso, devido ao enfraquecimento, localizado em alguns ossos, existe o perigo constante de haver uma nova fratura patológica, a exemplo do ocorrido por duas vezes no passado”, diztrechodorelatóriomédico juntado ao pedido para suspender as acareações. DEPOIMENTO A defesa lembrou ainda que Barusco, como colaborador da Operação Lava Jato, já participou de uma sessão da CPI por seis horas e já relatou o que sabe, “trazendo todos os detalhesdequedispunhadetodos os fatos por ele conhecidos, não dispondo, no momento, de mais informações para compartilhar com os parlamentares”. Em março, Barusco afirmou à CPI que repassou US$ 300 mil à campanha presidencial de Dilma Rousseffem2010–oqueo PT nega – e que acumulou, desde 1997, US$ 97 milhões em propina, quantia a ser devolvida aos cofres públicos. (G1) Gráfica recebeu sem fazer serviço, dizem testemunhas PROPINA US$ 23 milhões Foi quanto o ex-diretor Paulo Roberto Costa recebeu em contas na Suíça. Paulo Roberto Costa é um dos delatores da Lava Jato Os procuradores fizeram cruzamento entre a data das ligações e os depósitos nas contas de Paulo Roberto Costa no exterior. O intervalo entre o contato e o repasse,segundoasinvestigações, é de no máximo oito dias. Uma tabela mostra, por exemplo, duas ligações no dia 17 de maio de 2011. No dia seguinte, depósito de US$750mil.Nodia19,mais US$ 240 mil. E, no dia 23 de maio, mais de US$ 1 milhão nas contas de Paulo Roberto Costa na Suíça. Segundo as investigações, Paulo Roberto recebeu,pelomenos,US$23 milhões em contas na Suíça. O Ministério Público Federal acredita que Rogério Araújo não agia sozinho. A defesa de Costa disse que ele fez um acordo de colaboração e já entregou às autoridades todo o dinheiro que tinha no exterior. A Odebrecht afirmou desconhecer o teor das supostas ligações. Controlada por sindicatos ligados à CUT e ao PT, a Editora Gráfica Atitude não apresentou comprovantes dos serviços para justificar o recebimento de R$ 2,6 milhões de empresas ligadas à Setal Óleo e Gás (SOG), uma das investigadas na Operação Lava Jato, segundo depoimentos de funcionários da companhia à Justiça Federal no Paraná. Ontem, funcionários afirmaram que as notas fiscais chegavam à empresa sem qualquer prova de que os serviços eram executados. Em delação premiada, o executivo da SOG Augusto Ribeiro de Mendonça Neto afirmou que os pagamentos à Atitude eram na verdade propina ao PT. Aotodo,trêsempresasde Mendonça – a SOG, a ProjeteceaTipuanaParticipações – realizaram transferências bancárias de R$ 2,6 milhões à gráfica entre 2010 e 2013, mas os contratos com a Atitude foram assinados pela SOG e outra empresa controlada por Mendonça, a Setec. A gráfica tem como donosoSindicatodosMetalúrgicos do ABC e o Sindicato dos Bancários de São Paulo. “Não(houvecomprovação de serviço prestado), efetuamos os pagamentos porque havia formalização contratual e autorização (de Mendonça)”, disse Felipe de Oliveira Ramos, gerente financeiro da SOG entre 2007 e 2012. A informação foi divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo.