Rural
Jornal O Alto Uruguai,– 3 de maio de 2014
Gracieli Verde | [email protected]
Preços agrícolas
Praça: Frederico Westphalen – cotações de quarta-feira, 30 (Fonte: Cotrifred)
Milho:
R$ 25,00
Trigo:
R$ 36,00
Soja:
R$ 62,00
(saca 60 kg)
(saca 60 kg)
(saca 60 kg)
Feijão preto:
sem cotação
Suíno:
R$ 3,00
(Aurora)
e R$ 2,90
(Seara)
Leite:
R$ 0,66 a R$ 0,95
dependendo da quantidade e da qualidade
Gracieli Verde
Cristal do Sul
Cadeia de leite
é impulsionada
Programa de Produção Integrada em Sistemas Agropecuários (Pisa) tem a chancela do
Ministério da Agricultura, com apoio do Senar e Sebrae, e muda a realidade de propriedades
que têm potencial para a bovinocultura de leite em municípios da região do Médio Alto Uruguai
Páginas 32 e 33
classificados
Rural
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Rural
Cristal do Sul
Produtores de leite recebem
assessoramento continuado
Programa permite que equipe técnica de empresa especializada acompanhe grupos de agricultores e difunda
conhecimentos específicos para melhorar a produção, de forma sustentável e econômica e socialmente viável
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C
hegando à propriedade de
André e Cristiana Krombauer,
no interior de Cristal do Sul,
já se avistava um grupo de agricultores reunidos na varanda. Tratava-se de mais um encontro do programa de Produção Integrada em
Sistemas Agropecuários (Pisa),
que está em andamento no município e segue até 2015.
O trabalho consiste em um assessoramento continuado aos
produtores rurais, com foco na bovinocultura de leite. Para isso, Ministério da Agricultura tem como
parceiros o Senar e o Sebrae, por
meio do programa Juntos para
Competir, o que permite a destinação de recursos financeiros para
essa atividade. Executa o trabalho
junto às propriedades a empresa
Serviço de Inteligência em Agronegócios (SIA), de Porto Alegre.
– A demanda é grande em todo
o Estado gaúcho. De acordo com
a nossa cotação orçamentária, os
municípios vão sendo beneficia-
dos. Depende muito da articulação das gestões públicas municipais e associações. A facilidade
disso é a adoção das técnicas ensinadas. Não se necessitam de
grandes investimentos, apenas
adaptações no manejo, visando
à redução do custo de produção
–, explica o supervisor-regional
do Senar, engenheiro-agrônomo
Diego da Silva Coimbra.
Conforme o consultor técnico da SIA, Fabio Pereira Neves,
no Estado do RS são mais de 500
propriedades beneficiadas, divididas em bacias hidrográficas.
No Médio Alto Uruguai o projeto
tem produtores nos municípios
de Seberi (32), Pinhal (23), Cristal do Sul (55) e Rodeio Bonito
(19), somando 129 famílias no
total. Essas famílias são acompanhadas pelo engenheiro-agrônomo Célio Castello de Souza.
Para a aplicação do Pisa, Senar e
Sebrae recebem apoio efetivo da
Laticínios Stefanello, secretarias
municipais de Agricultura e escritórios da Emater dos municípios envolvidos.
Gracieli Verde
Gracieli Verde
O solo é o pulmão
do sistema
[de produção de
leite]. Se tiver
um solo forte,
ele responde
melhor até nas
estiagens,
consegue reter
melhor o adubo.
Isso resulta em
redução de custo
a médio prazo
Difundindo conhecimento
Neves, que é engenheiro-agrônomo e doutor em Zootecnia, na área de manejo de pastagem, pela UFRGS, explica que
o objetivo do programa é justamente difundir os conhecimentos gerados nas universidades
para as propriedades, valorizando modelos sustentáveis e econômica e socialmente viáveis.
– Aplicamos técnicas de modo
a incentivar os produtores a preservar o solo e as nascentes d’água,
além de trabalhar de forma mais orgânica, diminuindo o uso de insumos químicos, ou pelo menos reduzindo esse uso –, assinala Neves.
Para participar, cada município forma um grupo de produtores que querem receber o projeto. A partir disso, o Sebrae e o
Senar, que aportam 80% dos recursos usados para promover essa
consultoria, articulam o restante
do processo. O acompanhamento
técnico é feito durante três anos.
Engenheiro-agrônomo Célio Castello de Souza acompanha grupo
com a supervisão do consultor técnico Fábio Pereira Neves
Fábio Pereira Neves,
engenheiro-agrônomo
e doutor em Zootecnia.
Metodologia específica
Neves explana que a metodologia utilizada pelo projeto
permite que cada produtor participante receba uma visita de
quatro horas a cada dois meses.
O doutor reforça que os técnicos
SINDICATO RURAL
PRÓXIMOS EVENTOS
05 e 06/05 Irrigação Sistema por Aspersão - Cristal do Sul
06 a 08/05 Aplicação correta e segura
de Agrotóxicos NR 31 - Palmitinho
12 e 13/05 Saneamento Rural Básico - Seberi
12/05 Com Licença Vou a Luta - Vista Alegre
Fone: 55 3744 3871 - FW/RS - [email protected]
que trabalham com o projeto são
treinados, de modo que possam
dar um suporte na gestão e no
planejamento do negócio, além
dos cuidados com o solo, a pastagem e o rebanho. “Não basta
ter conhecimentos específicos,
mas ter noção para auxiliar na
análise da propriedade como um
conjunto, que precisa ser bem
administrado para obter resultados positivos”, ressalta.
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Rural
Entrevista
Fábio Pereira Neves
AU - Qual ainda é a maior
dificuldade dos produtores?
Fábio Pereira Neves – Muitas vezes a grande dificuldade é o acesso ao maquinário,
pois as famílias, de modo geral, não têm condições de adquirir com recursos próprios.
Então, dependem dos serviços das prefeituras ou de terceiros. Isso, às vezes, gera empecilhos na hora de plantar os
pastos, por exemplo, pois é
importante seguir os prazos.
Tudo isso, e outros aspectos,
são discutidos pelo Comitê
Técnico Gestor, formado por
representantes de cada entidade parceira do projeto, e as
reuniões são constantes.
AU – Por outro lado,
qual o maior avanço
a partir do programa?
Gracieli Verde
Objetivo do programa é difundir os conhecimentos gerados nas universidades para as propriedades
Produtor seguro é produtor autônomo
–, expõe o produtor.
Com seis hectares de pastagem, ele acredita que a participação nos encontros do grupo e
a aplicação dos conhecimentos
difundidos foram cruciais para
que a produtividade aumentasse.
Isso permitiu que reduzissem a
área para milho de silagem e também diminuísse custo de produção. “Se não tivesse seguido as
dicas, não teria aumentado o rebanho”, acrescenta o agricultor,
demonstrando segurança.
Essa segurança é mais um
dos resultados do programa. O
trabalho de acompanhamento é
feito de forma que os produtores
saibam analisar qual a melhor
maneira de adaptar a pastagem
para o seu rebanho.
– Isso é autonomia, o que permite que mesmo em épocas difí-
ceis o produtor saiba o que fazer e
não sofra tanto com os impactos,
já que ninguém está livre de uma
estiagem ou ataques de pragas.
A orientação básica é fortalecer
o solo, ter pastagem de qualidade e usar a silagem apenas em casos de necessidade, como numa
estiagem ou no inverno – até porque tem baixo valor proteico. Por
isso, o trabalho dos técnicos é conhecer e avaliar as propriedades
e auxiliar nas adaptações necessárias –, justifica o doutor Fabio
Pereira Neves.
Os planos futuros da família
Kolwoski incluem melhorar a genética do rebanho, para que se
possa aumentar a média de produção por animal. Neves prevê
que a propriedade tem potencial
de passar de 18 litros/vaca/dia
para 22, no inverno.
Perfil variado
Conforme os técnicos
que atendem as famílias, o
perfil dos produtores é bastante variado, desde com
muitos anos de experiência até iniciantes, que estão apostando na atividade
leiteira como carro-chefe de
suas propriedades, ou mesmo como mais uma alternativa. De maneira geral, o que
mais motiva a realização
de investimentos é a renda
mensal que a atividade proporciona. Em média, o rebanho por propriedade é de 15
animais. No caso da propriedade de André e Cristiana
Krombauer, na linha Krombauer/Cristal do Sul, são
quase 40 animais.
Gracieli Verde
Elizeu Luiz Kolwoski, morador da linha São Valentin, em
Cristal do Sul, e integrante do
grupo, tem a propriedade-modelo para o projeto. Ele também
estava na casa de André Krombauer quando a reportagem do
jornal O Alto Uruguai realizou a
visita. Kolwoski conta que atualmente tem em lactação 18 vacas, mas que já teve menos antes de participar do programa. O
principal benefício em ter acesso
ao Pisa se resume às adequações
feitas no manejo.
– Tínhamos uma média de 9
litros/vaca/dia. Hoje esse número chega a 16 litros/vaca/
dia, mas no inverno alcançou 18
litros. Mesmo com pouca pastagem, devido ao ataque recente
de lagartas, estamos com uma
produção de 14 litros/vaca/dia
Fábio Pereira Neves – Se vê
muita diferença no manejo do
pasto e nas recomendações de
como manejá-lo. Basicamente,
o que mais é usado é o pastejo rotativo, que é a divisão da
área em piquetes. Esse foi um
grande avanço, porque se consegue aproveitar melhor o pasto e ter mais animais por área.
Entretanto, acreditava-se que
se deveria buscar a máxima colheita do pasto, deixando o rebanho comer toda a planta. Estudos mais recentes dão como
recomendação deixar mais folhas na planta, pois ela é importante para que aconteça
a fotossíntese e volte a se desenvolver. Se deixarmos o pasto totalmente sem folha, este
vai demorar mais para crescer.
Se os animais comem todo o
pasto, demora de 25 a 30 dias
para a planta reiniciar o crescimento. Quando deixa mais folhas, o retorno já é visível em
menos de dez dias, dependendo a adubação utilizada.
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