Estudo da evolução económica do Sector Eléctrico e Electrónico
2011-2012-2013
Este estudo basear-se-á na evolução da Economia Internacional, Economia Portuguesa e
Economia do Sector Eléctrico e Electrónico.
1. Economia Internacional
No ano de 2011 verificou-se um abrandamento da recuperação económica encetada em 2010.
Eis os números registados nas principais economias:
Zonas Económicas/Países
Mundo
EU América
Europa – Zona Euro
Alemanha
Espanha
Portugal
China
Japão
2011
3,9%
1,9%
1,6%
3,0%
0,6%
- 1,6%
9,2%
- 0,3%
Fontes: FMI (Julho 2012); “The Economist” ; Banco de Portugal (Verão 2012)

O crescimento económico Mundial, em 2011, deveu o seu razoável desempenho à
Ásia e aos restantes mercados emergentes. EUA e Europa – Zona Euro estiveram
francamente abaixo da média mundial, possível sintoma do declínio económico
ocidental. Os países periféricos da Zona Euro (Portugal, Grécia e Irlanda) enfrentam
programas de ajustamento económico e financeiro que tiveram repercussões
negativas nas suas economias. No nosso país o primeiro resultado desse ajustamento
foi a entrada da economia em recessão.
Para o período de 2012/2013 as perspectivas são piores, com especial incidência na
Europa – Zona Euro:


Todos os países da Europa - Zona Euro se comprometeram a proceder a ajustamentos
significativos nos respectivos Orçamentos de Estado, de modo a terem-nos
equilibrados (ou com défices negligenciáveis) em 2016/2017. Isto obrigará a cortes
significativos na Despesa Pública e substanciais aumentos de Impostos. Na maioria
desses países a Despesa Pública varia entre 40 a 50% do PIB, pelo que haverá
repercussões significativas na Procura Pública e Privada.
Nos EUA tem-se procurado fazer face à crise, agradando a gregos e a troianos, quer
criando novas prestações sociais (Seguro de Saúde universal obrigatório), ou
aumentando outras, quer mantendo intactas as isenções e incentivos fiscais (criadas
pelo governo anterior). Em simultâneo prossegue-se uma política monetária

expansionista (quantitative easing) com taxas de juro de base quase a zero. Com isto a
economia apresenta taxas razoáveis de crescimento, mas o Défice Público poderá
disparar, pelo menos até às eleições de Novembro 2012. Quem as vencer, terá depois
de atacar o Défice de frente, ou os EUA terão de fazer, mais tarde, um difícil
reajustamento económico - financeiro.
Na China, depois de 2009, a política económica virou -se para o desenvolvimento do
mercado interno, porque os principais mercados de exportação – EUA e Europa –
deram sinais nítidos de enfraquecimento. Dentro do mercado interno promoveu-se a
Construção e Obras Públicas. Mas em 2011 começaram a aparecer sinais inquietantes
de formação de “bolhas” imobiliárias, e o Governo actuou, endurecendo a política
monetária. O resultado desse endurecimento será o abaixamento do crescimento em
2012, com uma ligeira retoma prevista para 2013. O Japão, atingido por um “tsunami”
que afectou largos sectores da economia, teve em 2011 um ano de recessão, a que se
deverão seguir dois anos de recuperação.
Eis os números previsionais:
Mundo
EUA
U E – Zona Euro
Alemanha
Espanha
Portugal
China
Japão
2012
3,5%
2,1%
- 0,4%
0,8%
- 1,0%
-3,0%
8,0%
2,3%
2013
3,9%
1,3%
0,4%
1,2%
- 1,6%
0
8,5%
1,5%
Fontes: FMI, “The Economist” e Banco de Portugal
2. Economia Portuguesa
O Défice Público, em crescendo nos anos de 2009/10, obrigou o Governo, no início de 2011 à
tomada de medidas económicas restritivas. A situação continuou a agravar-se e o Governo
teve de pedir ajuda à Troika (UE + BCE + FMI), assinando um acordo de que resultou o PAEF
(Prog. Ajustam. Económico e Financeiro). Este programa estabelece como grande objectivo,
atingir o rácio Défice Público/PIB de – 3%, em 2014. Eis os números de 2011 e previsionais:
Consumo Privado
Consumo Público
Investimento
Exportação
Importação
PIB

2011
- 4,0%
- 3,8%
- 11,3%
7,6%
- 5,3%
- 1,6%
2012
- 5,6%
- 3,8%
-12,7%
3,6%
- 6,2%
- 3,4%
2013
- 2%
- 3%
- 3%
5%
1%
-1%
O resultado da aplicação de medidas restritivas deverá ser um reequilíbrio gradual do
Défice, com impacto negativo no Consumo e o agravar da situação no Investimento.
Espera-se que a recessão continue no ano em curso e que o PIB, em 2013, estagne ao
nível de 2012. A Exportação deverá continuar a ser a única nota positiva do cenário
económico.
Como se comportou, por Actividades Económicas, a Economia Portuguesa em 2011?
Actividades Económicas
Agricultura, Silvicultura e Pescas
Indústria
Construção
Transp. Armaz. Informaç. Comunicaç.
Restaur. Hotel. Comerc. Repar. Autom.
Outros Serviços

2011
+ 2,8%
+ 0,4%
- 9,2%
- 0,9%
- 1,3%
- 1,5%
A Construção continua em queda livre; a Indústria (através dos seus sectores
exportadores) conseguiu afixar ligeiro crescimento; a Agricultura, Silvicultura e Pescas
foi a actividade com melhor desempenho. Todos os Serviços registaram decréscimos
do nível de actividade, o que está em consonância com a quebra acentuada do
Consumo.
3. Sector Eléctrico e Electrónico




O Sector Eléctrico e Electrónico teve um comportamento razoável em 2011: um
crescimento nominal das Vendas Industriais (Prod. Acabada + Serviços + Subprodutos)
de 4% (estimamos o crescimento real no intervalo 2,0% - 3%). Dizemos razoável
porque se trata de um ano em que a Indústria, no seu todo, apenas cresceu 0,4% e a
economia globalmente considerada (PIB) terá tido um decréscimo em torno dos 3%.
A Exportação (+ 14%), como em 2010, foi a causadora do crescimento global positivo.
Salientaram-se alguns subsectores, com crescimento acima da média: “Fios e Cabos
Isolados”, “Aparelhagem Ligeira de Instalação”, “Aparelhagem e Sistemas de Medida,
Automação e Controle”, “Telecomunicações, Electrónica Profissional e Informática”
(na vertente de equipamentos de tecnologias de informação). O segmento
“Electrónica de Consumo”, o de maior expressão relativa nas vendas ao exterior, teve
crescimento ligeiramente abaixo da média.
A quebra no Emprego (- 3%) teve maior incidência nos subsectores mais dependentes
do mercado português.
Os números previsionais (2012) são os seguintes:
Δ%
Vendas Industriais
+ 3%
Exportação
+ 5%
Emprego
- 3%
Será mais uma vez a Exportação a provocar o ligeiro crescimento que se prevê para
este ano. As Vendas Internas (mercado português) deverão continuar em terreno
negativo.

Os dados estatísticos disponíveis até ao momento, relativos ao comércio externo,
mostram-nos um andamento da Exportação superior ao previsto: no 1º semestre de
2012 o crescimento nominal foi de 12% face a período homólogo de 2011. Isto
significa uma aceleração face ao 1º trimestre (+9%), e significa também que não só o
mercado europeu e o mercado mundial estão longe de dar mostras de fadiga, como
também as empresas do sector eléctrico e electrónico se mostram competitivas e
diversificam mercados.
Aguardemos o desenrolar de todo o 2º semestre, sendo natural que se registe uma
tendência de maior abrandamento na Europa, e a manutenção de ritmo mais vivo nos
mercados de 3ºs países.
***
Lisboa, Setembro de 2012
ANIMEE
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