Projeções para a economia
portuguesa: 2015-2017
As projeções para a economia portuguesa em
que contribui para a manutenção de um exce-
2015-2017 apontam para uma recuperação
dente da balança corrente e de capital em
gradual da atividade ao longo do horizonte de
níveis historicamente elevados.
projeção. Após um crescimento do produto
A procura interna apresenta um crescimen-
interno bruto (PIB) de 0,9 por cento em 2014,
projeta-se um crescimento de 1,7 por cento
para 2015, seguido de uma aceleração para 1,9
por cento em 2016 e 2,0 por cento em 2017
(Quadro 1). Ao longo do horizonte de projeção,
a economia portuguesa apresenta um ritmo de
crescimento próximo do projetado para a área
do euro pelo Banco Central Europeu (BCE).
to moderado, que se mantém condicionado
pela necessidade de continuação do processo de consolidação orçamental e pelos elevados níveis de endividamento do setor privado.
Adicionalmente, projeta-se ao longo do período 2015-2017 uma aceleração moderada do
emprego e uma diminuição progressiva da
taxa de desemprego. Num quadro de reduzi-
A evolução da atividade económica ao longo do
das pressões inflacionistas, a inflação deverá
horizonte de projeção traduz, em larga medida,
permanecer em níveis baixos, aumentando ao
uma aceleração sustentada das exportações,
longo do horizonte de projeção.
Quadro 1 • Projeções do Banco de Portugal: 2015-2017 | Taxa de variação anual,
em percentagem
Pesos
2014
Produto interno bruto
Projeção março 2015
2014
2015(p)
2016(p)
BE dezembro 2014
2017(p)
2014(p)
2015(p)
2016(p)
100,0
0,9
1,7
1,9
2,0
0,9
1,5
1,6
65,2
2,1
2,4
1,7
1,7
2,2
2,1
1,3
Consumo público
18,4
-0,7
-0,5
0,2
0,0
-0,5
-0,5
0,5
Formação bruta de capital fixo
15,0
2,3
4,0
4,4
5,3
2,2
4,2
3,5
Consumo privado
Procura interna
99,3
2,0
1,6
1,8
2,0
2,3
1,0
1,5
Exportações
39,7
3,4
4,3
5,8
6,2
2,6
4,2
5,0
Importações
39,0
6,2
3,9
5,5
6,1
6,3
3,1
4,7
Contributo para o crescimento do PIB,
líquido de importações (em p.p.) (a)
Procura interna
0,3
1,0
0,8
0,8
0,5
0,6
0,6
Exportações
0,6
0,8
1,1
1,2
0,4
0,8
1,0
Balança corrente e de capital (% PIB)
2,1
3,3
3,3
3,5
2,6
2,8
2,9
Balança de bens e serviços (% PIB)
1,1
2,7
2,6
2,5
1,6
2,5
2,6
Índice harmonizado de preços no
consumidor
-0,2
0,2
1,1
1,1
-0,1
0,7
1,0
Fonte: Banco de Portugal.
Notas: (p) – projetado, p.p. – pontos percentuais. Para cada agregado apresenta-se a projeção correspondente ao valor mais provável condicional ao conjunto de hipóteses consideradas. (a)
Os agregados da procura em termos líquidos de importações são obtidos deduzindo uma estimativa das importações necessárias para satisfazer cada componente. O cálculo dos conteúdos
importados foi feito com base em informação relativa ao ano de 2005. Para mais informações, ver a Caixa “O papel da procura interna e das exportações para a evolução da atividade económica em Portugal”, Boletim Económico de junho de 2014.
2
Banco de Portugal • Projeções para a economia portuguesa: 2015-2017
Recuperação da procura interna
a par de crescimento das
exportações em 2014
a diminuir. No mesmo período, a taxa de
Após três anos de quedas consecutivas,
Num quadro de moderação salarial e de pres-
registou-se um aumento de 0,9 por cento do
sões externas descendentes sobre os preços, o
nível de atividade económica em 2014, dando
índice harmonizado de preços no consumidor
continuidade à trajetória de recuperação gra-
(IHPC) diminuiu 0,2 por cento em 2014, após
dual iniciada em 2013. Esta evolução traduziu-
um aumento de 0,4 por cento em 2013, refle-
-se numa relativa estabilização do nível da ati-
tindo uma queda mais acentuada dos preços
vidade no primeiro semestre de 2014, seguida
dos bens energéticos a par de uma desacele-
de um aumento no segundo semestre do ano.
ração dos preços dos bens não energéticos e
A atividade económica em 2014 foi caracteri-
dos serviços.
zada por uma recuperação da procura interna,
após quedas consecutivas desde 2011. Esta
recuperação refletiu o aumento do consumo
privado, em linha com o rendimento disponível
desemprego diminuiu de uma forma marcada
(-2,3 pontos percentuais (p.p.)), mantendo-se
contudo em níveis elevados (13,9 por cento).
Aceleração da atividade
económica ao longo do
horizonte de projeção
real, e da formação bruta de capital fixo (FBCF),
A projeção para a economia portuguesa con-
nomeadamente da componente empresarial.
sidera a informação disponível até meados de
Esta trajetória de recuperação manteve-se, de
março de 2015 e tem subjacente um conjun-
acordo com a informação mais recente de con-
to de hipóteses de enquadramento análogo
juntura, no início de 2015. O consumo público,
ao do exercício de projeção do BCE (ver Caixa
por seu lado, voltou a diminuir em 2014, no
“Hipóteses do exercício de projeção”).
quadro da continuação do processo de consolidação orçamental. Em 2014, as exportações registaram um crescimento inferior ao de
2013, abaixo do crescimento da procura externa dirigida à economia portuguesa. Esta evolução foi condicionada pela forte diminuição
das exportações de bens energéticos, influenciada pelo encerramento temporário de uma
unidade de refinação no primeiro trimestre de
2014, que também se refletiu numa acumulação significativa de existências nesse período.
O crescimento das exportações, num contexto
de melhoria dos termos de troca, contribuiu
para a manutenção de excedentes no saldo
da balança corrente e de capital e da balança
de bens e serviços (2,1 e 1,1 por cento do PIB,
respetivamente).
Em 2014, o crescimento da atividade económica foi acompanhado por um aumento do
emprego, que inverteu uma tendência de queda registada desde 2009. Esta evolução refletiu o aumento do emprego no setor privado,
tendo o emprego no setor público continuado
2015
Caixa | Hipóteses do exercício de projeção
O Quadro 2 apresenta as principais hipóteses
pelo programa de expansão monetária em curso
técnicas de enquadramento do exercício de pro-
por parte do BCE.
jeção para a economia portuguesa, que refletem
A hipótese técnica para as taxas de câmbio pres-
inter alia a informação subjacente às últimas
supõe a manutenção ao longo do horizonte de
projeções do BCE. Estas projeções já incorpo-
projeção dos níveis médios observados nas duas
ram o impacto na área do euro das medidas de
semanas anteriores à data de fecho da informa-
expansão monetária recentemente adotadas
ção. Em termos médios anuais, esta hipótese
pelo BCE, quer em termos da atividade real, quer
técnica para as taxas de câmbio implica uma
em termos da evolução dos preços.
depreciação acentuada do euro em 2015 (em
No que diz respeito à evolução do comércio
termos nominais efetivos e face ao dólar), signi-
internacional, as atuais hipóteses traduzem
ficativamente mais acentuada do que a conside-
uma recuperação do comércio a nível global,
rada no Boletim Económico de dezembro.
mais acentuada do que a projetada no Boletim
No caso do preço do petróleo, a hipótese téc-
Económico de dezembro. Não obstante, o dina-
nica assenta na informação implícita nos mer-
mismo do comércio internacional deverá per-
cados de futuros. Esta informação aponta para
manecer inferior ao observado antes da crise
uma forte redução do preço do petróleo em
financeira global. Neste contexto, a procura
2015, quer em dólares, quer em euros, que é
externa dirigida à economia portuguesa deve-
mais pronunciada do que a redução assumida
rá acelerar ao longo do horizonte de projeção,
no Boletim Económico de dezembro. Para 2016
sendo esta evolução comum à procura prove-
e 2017 é esperado um aumento do preço do
niente da área do euro e dos mercados fora
petróleo, mantendo-se, no entanto, em níveis
da área.
inferiores aos observados em 2014.
A evolução assumida para a taxa EURIBOR a três
As projeções de finanças públicas seguem a
meses tem por base as expectativas implícitas
regra utilizada no âmbito dos exercícios do
nos contratos de futuros. Estes contratos apon-
Eurosistema, incorporando apenas as medidas
tam para a manutenção da taxa de juro de curto
de política já aprovadas ou com elevada pro-
prazo em valores historicamente baixos ao longo
babilidade de aprovação, e especificadas com
do horizonte de projeção. A hipótese para a taxa
detalhe suficiente. Deste modo, à semelhan-
de juro de longo prazo da dívida pública portu-
ça do considerado no Boletim Económico de
guesa baseia-se numa estimativa da taxa de juro
dezembro, este exercício incorpora as medidas
implícita na dívida pública, que inclui uma hipóte-
incluídas no Orçamento do Estado para 2015,
se para a taxa de juro associada às novas emis-
refletindo também as decisões do Tribunal
sões. Esta encontra-se fortemente influenciada
Constitucional de maio e agosto passados.
Quadro 2 • Hipóteses do exercício de projeção
Projeção março 2015
Procura externa
tva
BE dezembro 2014
2014
2015
2016
2017
2014
2015
2016
4,3
4,5
5,4
5,8
3,5
3,7
4,9
Taxa de juro
Curto prazo (EURIBOR a 3 meses)
%
0,2
0,1
0,1
0,2
0,2
0,1
0,1
Implícita da dívida pública
%
3,9
3,8
3,8
3,6
3,9
3,9
3,9
Taxa de câmbio do euro
Índice de taxa de câmbio efetiva
tva
0,6
-7,9
-0,2
0,0
0,5
-2,8
0,0
Euro-dólar
vma
1,33
1,14
1,13
1,13
1,33
1,25
1,25
Preço do petróleo
em dólares
vma
99,3
58,5
66,8
70,7
101,2
85,6
88,5
em euros
vma
74,4
51,5
58,9
62,3
75,9
68,6
70,9
Fontes: BCE, Bloomberg, Thomson Reuters e cálculos do Banco de Portugal.
Notas: tva – taxa de variação anual, % – em percentagem, vma – valor médio anual. Um aumento da taxa de câmbio corresponde a uma apreciação. A taxa de juro implícita da dívida pública
é calculada como o rácio entre a despesa em juros do ano e a média simples do stock da dívida no final do ano e no final do ano anterior.
3
4
Banco de Portugal • Projeções para a economia portuguesa: 2015-2017
Relativamente ao consumo público em termos
em bens e serviços. Na ausência de medidas
reais, a atual estimativa aponta para uma dimi-
especificadas, o consumo público real apresen-
nuição de 0,7 por cento em 2014. Este valor
ta uma variação ligeiramente positiva em 2016
tem subjacente a hipótese de uma redução
e nula em 2017. Quanto ao deflator do consu-
significativa do número de funcionários públi-
mo público, é de salientar que a atual projeção
cos (-3,7 por cento em média anual), cujo efeito
incorpora o impacto do pagamento das indem-
é atenuado pelo efeito desfasado do aumen-
nizações relativas a rescisões por mútuo acor-
to do horário normal de trabalho na função
do em 2014 e a reversão do corte de salários
pública a partir do final de setembro de 2013.
de 2011, que se encontra em vigor desde mea-
Relativamente à despesa em bens e serviços,
dos de setembro de 2014, em 20 por cento em
estima-se um aumento em termos reais resul-
2015 e no remanescente em 2016.
tante, em larga medida, da subida acentuada
No que respeita ao investimento público, a
da despesa com concessões no âmbito de
atual estimativa para 2014 aponta para que
parcerias público-privadas relativas ao setor
este tenha sido o quarto ano consecutivo de
rodoviário. Para 2015 é projetada uma dimi-
queda nesta rubrica. Uma vez que a execução
nuição do consumo público real semelhante à
de 2014 ficou aquém do orçamentado e esteve
do ano anterior, que decorre de um decrésci-
associada a uma diminuição forte das transfe-
mo adicional do emprego nas administrações
rências provenientes de fundos comunitários,
públicas, embora menos marcado que em
é projetada uma recuperação do investimento
2014, contrabalançado em parte pela manu-
público em 2015 e a sua estabilização em rácio
tenção de uma variação positiva na despesa
do PIB em 2016 e 2017.
As atuais projeções apontam para um cresci-
peração do emprego, de moderação salarial no
mento sustentado do PIB no período 2015-
setor privado e de aceleração dos preços no
-2017. No final de 2017, o nível do PIB deverá
consumidor. A evolução do consumo privado
situar-se próximo do registado antes do início
está aproximadamente em linha com a evolu-
da crise financeira internacional. À semelhança
ção do rendimento disponível real. A atual pro-
do verificado no período mais recente, a evo-
jeção tem implícita uma relativa estabilização
lução do PIB continuará a refletir uma transfe-
da taxa de poupança ao longo do horizonte de
rência de recursos produtivos dos setores não
projeção, num nível superior ao valor médio
transacionáveis para os setores transacionáveis, uma das características mais salientes do
processo de recuperação recente da economia
portuguesa, associada a um forte crescimento
das exportações (Gráficos 1 e 2).
Manutenção da tendência de
recomposição do crescimento
do PIB
observado desde o início da área do euro. Esta
evolução é compatível com a continuação da
redução do endividamento dos particulares
em percentagem do rendimento disponível ao
longo do horizonte de projeção.
Em termos de composição do consumo, projeta-se uma aceleração do consumo de bens
não duradouros em 2015, seguida de um crescimento em 2016 e 2017 em linha com o cres-
Para 2015, projeta-se uma aceleração do ren-
cimento do rendimento disponível real. Após o
dimento disponível real das famílias, associa-
elevado crescimento em 2014, decorrente em
da em larga medida ao efeito positivo no ren-
parte de compras adiadas durante o período
dimento dos pensionistas da eliminação da
de recessão por motivos de precaução, ante-
Contribuição Extraordinária de Solidariedade.
cipa-se uma desaceleração do consumo de
O rendimento disponível real aumenta ao longo
bens duradouros em 2015 e 2016. Para 2017
do horizonte de projeção, num quadro de recu-
projeta-se a manutenção de um crescimento
2015
relativamente semelhante ao do ano anterior,
constitui um dos fatores explicativos da atual
em linha com a elasticidade habitual de curto
recuperação mais moderada face a anteriores
prazo face ao rendimento disponível real.
ciclos económicos.
A FBCF deverá acelerar ao longo do horizonte
Relativamente ao investimento residencial, e
de projeção. Não obstante, os níveis de inves-
após uma queda mais moderada em 2014, pro-
timento em percentagem do PIB continuarão a
jeta-se um aumento a partir de 2015, com uma
situar-se muito abaixo do observado nas últi-
trajetória de aceleração gradual ao longo do
mas décadas, em particular no que se refere
horizonte de projeção. Esta evolução enqua-
ao investimento público e ao investimento resi-
dra-se num cenário de aumento do rendimen-
dencial (Gráfico 3). O fraco dinamismo da FBCF
to disponível das famílias, de alguma melhoria
é uma característica comum à área do euro e
das condições de financiamento, em particular
Gráfico 1 • Evolução da composição do PIB | Índice 2008 = 100
150
140
Índice 2008 = 100
130
120
110
100
90
80
70
PIB
Consumo privado
Investimento
2017(p)
2016(p)
2015(p)
2014
2013
2012
2011
2010
2008
2009
60
Exportações
Fontes: INE e Banco de Portugal.
Nota: (p) – projetado.
Gráfico 2 • Contributos brutos e líquidos de importações para o crescimento do PIB
| Em pontos percentuais
5
4
Em pontos percentuais
3
2
1
0
-1
-2
-3
-4
-5
2013
Consumo privado
2014
Consumo público
2015
(p)
Investimento
2016
(p)
Exportações
2017
(p)
Importações
Fontes: INE e Banco de Portugal.
Notas: (p) – projetado. Para cada ano são apresentadas duas barras: a da esquerda corresponde aos contributos brutos, e a da direita aos
contributos líquidos de importações.
5
Banco de Portugal • Projeções para a economia portuguesa: 2015-2017
via redução das taxas de juro ativas, e de um
das exportações é comum quer à componente
desagravamento da situação no mercado de
de bens quer à componente de serviços, desta-
trabalho, antecipando-se uma redução gradual
cando-se neste último caso as exportações de
da taxa de desemprego.
turismo.
A FBCF empresarial deverá aumentar de forma
A aceleração das exportações em 2015 é
robusta ao longo do horizonte de projeção.
impulsionada, em larga medida, pela reversão,
A evolução desta componente reflete inter alia
na segunda metade de 2014, da forte dimi-
a conjugação de vários fatores: perspetivas
nuição das exportações de bens energéticos
mais favoráveis de procura, quer interna quer
ocorrida na primeira metade desse ano, bem
externa; a necessidade de renovação do stock
como pela forte depreciação do euro. Em sen-
de capital, após um longo período de redução
tido contrário, o efeito da queda do preço do
do investimento; a tendência de aumento na
petróleo na atividade em Angola terá implica-
utilização da capacidade produtiva no setor
ções negativas sobre as exportações de bens.
da indústria transformadora e dos serviços; e,
Globalmente, estes fatores traduzem-se numa
finalmente, alguma melhoria nas condições de
estabilização da quota de mercado em 2015.
financiamento, favorecidas pelas mais recentes
Em 2016 e 2017, a manutenção de um cres-
decisões de política monetária não conven-
cimento robusto das exportações reflete em
cional do BCE. A evolução projetada para este
larga medida a evolução da procura externa
agregado é compatível com a redução do nível
dirigida à economia portuguesa, projetando-se
de endividamento das sociedades não financei-
adicionalmente um ligeiro aumento da quota
ras em percentagem do PIB ao longo do hori-
de mercado.
zonte de projeção.
A evolução projetada para as importações tra-
Num contexto de aceleração do comércio a
duz a elasticidade habitual desta componente
nível mundial, as exportações deverão acelerar
face à evolução da procura global pondera-
em 2015, mantendo um crescimento robus-
da por conteúdos importados, o que implica
to ao longo do horizonte de projeção, acima de
um aumento da penetração de importações
5 por cento em média. O crescimento robusto
no horizonte de projeção, em linha com a sua
Gráfico 3 • Formação bruta de capital fixo | Em percentagem do PIB
30
25
Em percentagem do PIB
20
15
10
5
Fontes: INE e Banco de Portugal.
Nota: (p) – projetado.
2017(p)
2016(p)
2014
2013
2012
2010
2009
2011
FBCF empresarial
2015(p)
FBCF total
2008
2007
2006
2005
2004
2003
2002
2001
2000
0
1999
6
2015
evolução histórica. Esta evolução traduz-se numa
forte dinamismo das exportações, superior ao
desaceleração das importações em 2015, após
aumento das importações, a par de um efeito
um elevado crescimento em 2014 que resultou
favorável de termos de troca, muito influencia-
do maior dinamismo de componentes da despesa
do pela diminuição do preço do petróleo em
com elevado conteúdo importado, como a varia-
euros (Quadros 1 e 2). Por seu turno, projeta-
ção de existência e o investimento empresarial.
-se um aumento do défice da balança de ren-
Manutenção de capacidade de
financiamento da economia
portuguesa
dimento primário, tendo em conta expetativas
de menores transferências de alguns fundos
estruturais da União Europeia, segundo a informação contida no Orçamento do Estado para
2015. Para 2016 e 2017 projeta-se uma relativa
De acordo com as atuais projeções, antecipa-se
estabilização do excedente da balança corren-
a continuação do processo de ajustamento dos
te e de capital, influenciada pela manutenção
desequilíbrios externos acumulados na econo-
do elevado dinamismo das exportações.
mia portuguesa, com a manutenção da capa-
Aumento moderado dos preços
ao longo do horizonte de
projeção
cidade de financiamento da economia portuguesa, medida pelo saldo conjunto da balança
corrente e de capital. Ao longo do horizonte de
projeção, a evolução da capacidade de financiamento da economia resulta da conjugação de
Ao longo do horizonte de projeção, a infla-
um aumento da taxa de poupança da economia
ção deverá permanecer em níveis reduzidos,
com um aumento da taxa de investimento.
projetando-se uma aceleração moderada dos
Para 2015, projeta-se um aumento do exce-
preços, em linha com a recuperação da ativi-
dente da balança corrente e de capital para
dade económica. Para 2015 projeta-se uma vir-
3,3 por cento do PIB, refletindo essencialmente
tual estabilização do IHPC, em termos médios
o aumento do excedente da balança de bens
anuais, seguindo-se um aumento de cerca de
e serviços. Esta evolução está associada ao
1 por cento nos dois anos seguintes (Gráfico 4).
Gráfico 4 • Índice harmonizado de preços no consumidor | Contributo para a taxa de
variação anual em pontos percentuais
4
Em pontos percentuais
3
2
1
0
-1
Contributo dos bens energéticos
Fontes: Eurostat e Banco de Portugal.
Nota: (p) – projetado.
Contributo excluindo bens energéticos
2017(p)
2016(p)
2015(p)
2014
2013
2012
2011
2010
2009
2008
-2
IHPC (em percentagem)
7
8
Banco de Portugal • Projeções para a economia portuguesa: 2015-2017
A recuperação moderada da economia interna-
(-0,1 p.p.), havendo uma revisão em baixa de
cional e da economia portuguesa contribuem
0,5 p.p. em 2015, refletindo essencialmente a
para pressões ascendentes (internas e exter-
forte revisão em baixa das hipóteses relativas
nas) sobre os preços, embora moderadas, ao
à evolução do preço do petróleo. A projeção
longo do horizonte de projeção. Este cenário
para o crescimento do IHPC em 2016 foi margi-
determina um crescimento dos preços dos
nalmente revista em alta.
serviços e dos bens não energéticos em 20152017. A componente energética do IHPC diminui significativamente em 2015 e aumenta de
forma contida nos dois anos seguintes, refletindo sobretudo as hipóteses sobre a evolução do
preço do petróleo em euros (Caixa “Hipóteses
do exercício de projeção”). Estas projeções
incorporam o impacto sobre a inflação na área
do euro das medidas de política monetária
não convencionais recentemente adotadas
pelo BCE, tal como assumido nas hipóteses de
enquadramento internacional deste exercício.
Estas medidas deverão contribuir para manter
ancoradas as expetativas de inflação na área
do euro no médio e longo prazo.
Projeção para o crescimento
do PIB revista em alta face
ao Boletim Económico
de dezembro de 2014
O crescimento observado do PIB para 2014 corresponde ao crescimento projetado no anterior
Boletim Económico, havendo uma ligeira alteração de composição, com a procura interna a
ser revista em baixa e as exportações a serem
revistas em alta (Quadro 1). Para 2015 e 2016,
a projeção para o crescimento do PIB foi revista
em alta (0,2 e 0,3 p.p., respetivamente). A atual
projeção considera uma evolução mais favorável das exportações, em linha com a revisão das
hipóteses relativas à procura externa dirigida à
Riscos equilibrados para
a atividade económica e para
a inflação
As projeções apresentadas constituem o cenário que é considerado mais provável, condicional no conjunto de hipóteses descrito na
Caixa “Hipóteses do exercício de projeção”.
Face a este cenário de base, consideram-se
riscos equilibrados para a atividade económica,
que resultam da conjugação de riscos ascendentes e descendentes. No que se refere aos
riscos descendentes, importa sublinhar a possibilidade de um menor crescimento da procura externa dirigida à economia portuguesa,
associada a uma recuperação económica mais
moderada nomeadamente na área do euro, a
eventual necessidade de medidas adicionais
para a continuação do processo de consolidação orçamental, bem como o risco de recrudescimento de tensões geopolíticas e nos mercados de dívida soberana. No que se refere aos
riscos ascendentes, refira-se o eventual impacto favorável das reformas estruturais, quer nas
exportações quer no investimento, a possibilidade de depreciação adicional do euro com a
plena implementação das medidas de política
monetária não convencional do BCE, e o risco
de um maior aumento do consumo, num quadro de diminuição da poupança por motivos de
precaução.
As projeções para a inflação divulgadas no
Em relação aos preços no consumidor, considera-se que os riscos se encontram equilibrados. Os riscos descendentes associados a uma
menor procura (externa e interna) e à manutenção de expetativas de inflação abaixo do
objetivo de estabilidade de preços do BCE são
globalmente compensados pelos riscos ascen-
Boletim Económico de dezembro de 2014 foram
dentes associados a uma maior depreciação
marginalmente revistas em baixa em 2014
do euro.
economia portuguesa e à taxa de câmbio do
euro. A revisão em alta da atividade económica contempla igualmente um maior dinamismo
da procura interna, associado nomeadamente
à revisão em baixa do preço do petróleo.
2015
Necessidade de aprofundamento
do processo de reformas
estruturais
A projeção para o período 2015-2017 aponta
para uma recuperação gradual da economia
portuguesa, antecipando-se um ritmo médio
de crescimento próximo do projetado para
a área do euro. O crescimento da economia
portuguesa deverá continuar a ser maioritariamente assegurado pela evolução das
exportações, a par de uma recuperação da
procura interna, num quadro de manutenção de uma significativa capacidade líquida
de financiamento externo. O maior crescimento nominal do PIB e a redução da taxa de juro
implícita da dívida, em conjugação com o excedente primário que se verifica desde 2013, contribuirão para uma redução da dívida pública a
partir de 2015.
O potencial de crescimento da economia portuguesa está, no entanto, condicionado pela
evolução da conjuntura internacional, pelo
elevado nível de endividamento dos setores
público e privado, bem como pela expectável
evolução adversa em termos demográficos.
Por seu turno, o processo de re-estruturação
produtiva observada ao longo dos últimos
anos, a gradual reorientação dos recursos para
os setores mais produtivos e mais expostos
ao exterior, bem como a contínua melhoria
do capital humano incorporado no processo
produtivo constituem dinâmicas que tenderão
a favorecer um crescimento estrutural da produtividade total dos fatores no futuro. Neste
quadro, a continuação do processo de reformas estruturais é indispensável para promover
uma melhor afetação de recursos e os consequentes ganhos de produtividade, contribuindo sustentadamente para níveis mais elevados
de crescimento económico em Portugal.
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Projeções para a economia portuguesa: 2015-2017