COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROMOVER ESTUDOS E PROPOSIÇÕES PARA A REFORMULAÇÃO DO ENSINO MÉDIO (CEENSI) SEMINÁRIO ESTADUAL EM MATO GROSSO Coordenador: Deputado NILSON LEITÃO Relator: Deputado ELIENE LIMA I – RELATÓRIO Considerado “o grande desafio global a ser enfrentado em termos de educação básica”, o ensino médio requer uma atenção especial no século XXI. Estudos tais como o relatório da Unicef Situação mundial da infância 2011 – Adolescência: uma fase de oportunidades mostram que, especialmente para os países menos desenvolvidos e em desenvolvimento, manter o adolescente no ensino médio e fazer com que o conclua é um grande obstáculo, embora haja consenso em relação ao impacto significativo sobre os rendimentos de cada indivíduo e sobre o crescimento econômico da sociedade. A conclusão do ensino médio com qualidade tem contribuído mundialmente para o rompimento dos ciclos inter geracionais de pobreza e iniquidade. Os dados do relatório mostram que no mundo um em cada cinco adolescentes está fora da escola e no Brasil a proporção é de um para cada sete. São relevantes os desafios que se interpõem aos jovens no Brasil na fase da escolarização de nível médio: a falta de oportunidades de inserção na vida social e produtiva, a violência, o desemprego, a degradação ambiental e a globalização; neste contexto, “é preciso oferecer aos (...) as habilidades e os conhecimentos necessários para que eles possam enfrentar a realidade contemporânea”. Com a finalidade de promover estudos e proposições para a reformulação do ensino médio, criou-se, em 23 de maio de 2012, esta Comissão Especial na Câmara Federal, a qual busca discutir caminhos possíveis e adequados ao contexto brasileiro para esses “controvertidos três ou quatro anos finais da educação básica.” Buscando garantir amplo debate em todas as unidades da Federação a CEENSI propôs a realização de Seminários Estaduais que terão seus resultados apresentados no Seminário Nacional a ser realizado ainda em 2013. Desde então foram instalados fóruns e promovidos debates e audiências públicas com a participação de membros do Poder Executivo, representantes de entidades sindicais, da iniciativa privada, pesquisadores e outros, visando discutir “alternativas de organização para o ensino médio e as diferentes possibilidades formativas que contemplem as múltiplas necessidades socioculturais e econômicas do adolescente, do jovem e do adulto, na perspectiva da universalização do ensino com qualidade”. No Estado de Mato Grosso foi organizado pela Câmara dos Deputados o Seminário para o levantamento de proposições de melhorias para o ensino médio, em parceria com a Secretaria de Estado de Educação (SEDUC) e a Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia (SECITEC). O Seminário contou com o importante apoio do Conselho Estadual de Educação de Mato Grosso, da Assembleia Legislativa, da Universidade do Estado de Mato Grosso, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso, da Universidade Federal de Mato Grosso, da UNDIME, do Sindicato do Profissionais da Educação Profissional do Estado de Mato Grosso e da União Matogrossense dos Estudantes. No intuito de permitir a participação de todos os cidadãos do extenso território mato-grossense a Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia disponibilizou no endereço http://ead.secitec.mt.gov.br fóruns de discussão disponibilizado no período de 27 de agosto a 20 de setembro de 2013. Em 27 de setembro de 2013, no auditório da Secretaria de Estado de Educação, foi realizado o Seminário Estadual contando com representantes das diversas áreas, setores e entidades relacionadas a educação do Estado de Mato Grosso. A mesa de abertura contou com a presença, dentre outros, deste relator, do coordenador do seminário, do secretario estadual de educação. O Secretário de Estado de Educação Ságuas Moraes fez, na abertura do evento, um relato das discussões nacionais ocorridas nos últimos seis anos relativas ao Ensino Médio e apontou os desafios para os próximos anos: universalização da oferta, financiamentos específicos, escolas atrativas e currículos adequados. O Seminário foi organizado em painéis temáticos abrangendo os temas sugeridos pela CEENSI tendo como debatedores importantes representantes de organizações públicas ligadas à educação, que expuseram as suas proposições para a melhoria do ensino médio ao longo do dia. Apresentamos uma síntese das proposições das escolas, entidades e comunidade em geral em cada painel temático do seminário estadual em Mato Grosso. Painel 1: Currículo do Ensino Médio, Modalidades e Avaliações Ainda que tenham ocorrido reinterpretações do documento e ações de resistência ao mesmo, o currículo descrito nos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM 2000) preconiza acertadamente que este deve ser “apoiado em competências básicas para a inserção de nossos jovens na vida adulta”. É necessária a superação do modelo de ensino descontextualizado, compartimentalizado e baseado no acúmulo de informações. Ao contrário disso, é urgente que busquemos “dar significado ao conhecimento escolar, mediante a contextualização; evitar a compartimentalização, mediante a interdisciplinaridade; e incentivar o raciocínio e a capacidade de aprender” por meio da pesquisa e da iniciação científica. Proposições • Fomentar a adoção de outras formas de organização curricular no ensino médio (tais como divisão por semestres com alternância entre blocos de ciências exatas e ciências humanas ou organização por módulos). • Promover estudos relacionados à adequação currícular no âmbito dos estados. Painel 2: Escola e Comunidade A escola é reconhecida como um espaço de interação entre alunos, professor, currículo, família e comunidade. Dessa forma, deve interagir com o seu entorno, promovendo espaços de participação, cujas ações desenvolvidas reflitam contribuições ao momento histórico-social vivenciado pelos sujeitos que a compõem. Assim, a escola tornar-se-á mais real, mais atuante, quanto maior for o número de sujeitos sociais participando ativamente do seu cotidiano. Proposições Promoção de parceria entre escola e comunidade por meio do fortalecimento de programas nos moldes do “Escola Aberta”, visto que é indispensável para uma educação de qualidade a boa relação entre familiares, gestores, professores, funcionários e estudantes. Realização de ações voltadas à educação não-formal, através da promoção de oficinas de interesse da comunidade, estimulando o ensino complementar e formação inicial para o trabalho e a geração de renda. Estabelecimento de regime de colaboração entre a escola e a polícia comunitária, tendo em vista a identificação, priorização e resolução de problemas ligados ao jovem do ensino do médio, com o objetivo de combater ameaças à sua formação integral (Programas “Escola Segura” e “Paz na Escola”). Painel 3: Formação Inicial e Continuada de Professores e Gestores para o Ensino Médio Conscientes de que a qualidade da educação passa necessariamente pela formação dos profissionais que atuam na escola, as proposições apresentadas relacionam-se às experiências vivenciadas pelas instituições públicas de ensino médio de Mato Grosso e as necessidades ali detectadas. As proposições partem da premissa de que o Estado de Mato Grosso assume a formação dos profissionais da educação enquanto política pública; assim, os Cefapros – Centro de Formação e Atualização dos Profissionais da Educação Básica - se definem como valiosos espaços públicos de encontro e intercâmbio de ideias e aprendizagens, via Projeto Sala de Educador e outras iniciativas. 1. Formação de gestores Fortalecimento e execução do plano de formação continuada de diretores escolares e coordenadores, atendendo às diversidades populacionais existentes. Formação para diretores escolares e coordenadores pedagógicos das escolas indígenas quanto ao Ensino Médio Integrado e ao Magistério Intercultural. Expansão e fortalecimento do Programa Progestão online para as equipes gestoras das escolas urbanas, campo, indígena, EJA e quilombola. Formação para diretores escolares eleitos para o exercício de sua função, fundamentada na política educacional do Estado. Expansão de oferta do Curso de Especialização em Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica. 2. Formação dos professores e não docentes Fortalecimento da formação continuada in loco via projeto Sala de Educador (abrangendo todos os profissionais da escola), com ênfase na educação especial, educação quilombola, educação indígena, do campo, educação para o trabalho e respeito às diversidades em parceria com as Instituições Superiores Públicas. Formação dos professores articuladores do Ensino Médio Inovador e integradores do Ensino Médio Integrado à Educação Profissional. Formação específica inicial e continuada, de modo que todos que atuam na educação possuam formação em nível superior, e que tenham conhecimento do mundo virtual e das novas tecnologias educacionais. Garantia de formação continuada específica aos professores indígenas, do campo e quilombola que atuam na EJA e educação profissional e tecnológica. Expansão da oferta de vagas para pós-graduação stricto sensu na área da educação, contemplando as diversidades (campo, indígena , educação especial, EJA e quilombola). Garantia, financiamento e ampliação dos programas de formação com cursos de extensão e pós-graduação através de convênios com IES para formação de docentes voltados às modalidades e especificidades. Criação e implantação do Centro Educacional de Formação, Pesquisa e Produção de Material Didático Indígena, Campo e Quilombola. 3. Criação de um sistema de avaliação da formação continuada. Painel 4: Condições de Oferta do Ensino Médio e Infraestrutura Na última década houve uma significativa mudança na possibilidade de acesso à educação no Brasil. Uma grande quantidade de pessoas, das mais diferentes regiões, grupos sociais e etnias puderam se matricular e frequentar a escola. O grande desafio que se apresenta na atualidade é proporcionar uma educação com qualidade social a todos os educandos. Nesse intuito apresentamos as seguintes proposições: - Definição de padrão construtivo nacional para as escolas de Ensino Médio - Diagnóstico da Situação – Levantamento das condições dos prédios escolares - Mapeamento Escolar – Distribuição adequada das escolas em face da demanda - Planejamento da Rede Física Escolar • Apoio Técnico e Financeiro do MEC/FNDE por meio do PAR para a formação continuada dos servidores da sede das Secretarias Estaduais de Educação, especificamente sobre as técnicas de realização de diagnóstico, planejamento de médio e longo prazo, microplanejamento, estatística e gerenciamento de projetos, especialmente os relativos ao ensino médio, com vistas ao desenvolvimento de competência técnica. • Estabelecimento de políticas e padrões mínimos de estrutura administrativa e pedagógica para o funcionamento de escolas exclusivas de ensino médio com assistência técnica e financeira do MEC/FNDE. • Criação de um sistema de monitoramento das ações financiadas pelo MEC/FNDE e/ou de responsabilidade do Estado indicadas no PAR, que permita a criação e registro em banco de dados específico das execuções. Educação Escolar Quilombola - Organizar o censo das populações quilombolas e mapear as demandas educacionais existentes nesses territórios - Produzir materiais didático pedagógicos específico a modalidade - Ampliar a carga horária para atender as especificidades às demandas educacionais em territórios quilombolas, principalmente relativa a Parte Diversificada do Currículo para inclusão de conhecimentos referentes as Ciências e Saberes Quilombolas - Organizar a oferta de transporte escolar, estrutura física e alimentação escolar no atendimento dos estudantes em territórios quilombolas - Estruturar as escolas quilombolas e ampliar a ofertar Educação Profissional e Tecnológica - Criar mecanismos consultivos para Educação Escolar Quilombola (nos CNE, CEE, CME) e Fórum Permanente de Educação e Diversidade Etnicorracial Educação Escolar Indígena - Ampliar a oferta da Educação Básica à população indígena, garantindo material pedagógico específico e mobiliários e equipamentos adequados - Ofertar transporte escolar, estrutura física e alimentação escolar adequada no atendimento dos estudantes em territórios indígenas - Implantar e fomentar os territórios etnoeducacionais dos povos indígenas de Mato Grosso - Assegurar por meio dos Projetos Políticos e Pedagógicos a matriz específica de acordo com a diversidade cultural dos povos indígenas. Educação do Campo - Ampliar a oferta da Educação Básica para o campo e equipar as escolas com mobiliários, equipamentos e acervos adequados - Ampliar o atendimento às escolas do campo com organização curricular de Pedagogia da alternância, bem como da carga horária com uma matriz diversificada - Articular entre as redes estadual e municipal a política pública de Educação do Campo. Educação de Jovens e Adultos - Estabelecer parceria com a SEJUDH para o atendimento ampliado e qualificado da população privada de liberdade - Proporcionar condições adequadas ao processo educativo no sistema penitenciário e garantia de acesso a todos os educandos independentemente do crime cometido, e/ou regime de privação de liberdade - Ampliar o acesso aos Exames de Certificação nas unidades penitenciárias e implantar o PROEJA no sistema penitenciário - Produzir materiais didáticos pedagógicos específicos à modalidade EJA - Ampliar as matrículas de educação profissional - Estabelecer políticas de permanência com qualidade aos estudantes da EJA - Estabelecer parcerias entre União, Estado e Municípios, envolvendo Secretariais de Saúde, de Bem Estar Social, Ambiental, de Cultura, de Ação Social, executando ações de atendimento ao estudante da EJA - Apoiar o Fórum Permanente de Debates em Educação de Jovens e Adultos; - Garantir acesso aos exames de certificação - Equipar as escolas com mobiliários e equipamentos, acervos adequados, materiais pedagógicos e tecnológicos - Adequar a estrutura física garantido alojamento e transporte aos profissionais da educação e aumentar a per capta aluno para alimentação - Oportunizar práticas pedagógicas nas escolas do campo com ênfase na agroecologia, agricultura familiar e economia solidária. Educação Especial - Realizar o mapeamento e busca ativa de pessoas com deficiência fora da escola e incluir as famílias das pessoas com deficiência no processo educacional - Garantir a acessibilidade/sustentabilidade do espaço físico dos prédios de ensino e ampliar o número de salas de recursos multifuncionais nas escolas da rede pública de educação básica - Implantar parcerias com as Secretarias de Saúde e de Assistência Social para atendimento especializado dos estudantes e realizar programas de orientação e acompanhamento às famílias dos mesmos - Oferecer qualificação profissional, aos estudantes com deficiências e altas habilidades ou superdotação - Proporcionar acesso aos meios tecnológicos às pessoas com deficiência. Educação Ambiental - Garantir a participação da comunidade escolar nos CDCE, grêmios estudantis, Conselhos Diretores e COM-VIDA (Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida Escolar) de modo a protagonizar jovens e adultos no Ensino Médio - Assegurar projetos ambientais escolares comunitários articulados ao Projeto Político Pedagógico que promovam a sustentabilidade - Produzir materiais didáticos pedagógicos específico à Educação Ambiental e suas interfaces com as questões de gênero, diversidade sexual, etnicorracial, economia solidária e educação especial - Promover ações de Educação Ambiental com os povos indígenas, quilombolas, ribeirinhas e assentados em parceria com instituições governamentais e não governamentais. • Educação das Relações Etnicorraciais, Direitos Humanos, Gênero e Diversidade Sexual: - Estabelecer políticas de permanência com qualidade aos estudantes negros/as no ensino médio - Implementar as ações de inclusão de conteúdos para educação das relações etnicorraciais e ensino da historia africana, afrobrasileira e indígena visando ampliação de conhecimentos e combate ao racismo - Produzir materiais didáticos e paradidáticos para atender a Lei 10.639/03 e 11.645/08 - Garantir conteúdos que colaborem para aprendizagens sobre questões de gênero, e orientação sexual na perspectiva da educação em direitos humanos - Produzir materiais didáticos e pedagógicos sobre a gênero, diversidade sexual e educação em direitos humanos. CONAE - Assegurar, em regime de colaboração, recursos necessários para a implementação de políticas de valorização da diversidade e inclusão escolar - Garantir, em regime de colaboração, políticas públicas que visem à promoção da igualdade racial - Garantir conteúdos que colaborem para aprendizagens sobre questões de gênero, e orientação sexual na perspectiva da educação em direitos humanos - Produzir materiais didáticos e pedagógicos sobre gênero, diversidade sexual e educação em direitos humanos - Garantir as condições de acessibilidade física, pedagógica, nas comunicações, informações e nos transportes, assim como a oferta do atendimento educacional especializado aos estudantes público-alvo da educação especial - Assegurar a promoção dos Direitos Humanos e superação das desigualdades sociais, étnicas e raciais na educação superior, mediante o acesso e permanência dos estudantes - Introduzir o estudo de direitos humanos, educação ambiental, história e cultura afro-brasileira, africana, indígena, língua brasileira de sinais, temas do Estatuto da Criança e Adolescente e estratégias pedagógicas inclusivas nos currículos dos cursos de pedagogia, das licenciaturas, do ensino médio e na modalidade normal, e na formação dos professores que atuam na educação superior - Garantir a oferta de educação escolar pública para jovens, adultos e idosos em situação de privação da liberdade, nos estabelecimentos penais - Implementar a modalidade da EJA para o jovem, o adulto, e o idoso , orientada para o reconhecimento do direito humano e cidadão, a diversidade cultural, linguística, racial, étnica e de gênero - Fomentar a produção de material didático específico para cada território etnoeducacional, bem como o desenvolvimento de currículos, conteúdos e metodologias específicas para o desenvolvimento da educação escolar indígena. Para além das proposições apresentadas, já contempladas no Documento do CONSED, é urgente que seja aprovado o Plano Nacional de Educação (PNE), que contém orientações para a educação básica. Para além das proposições acima apresentadas, das contempladas no Documento do CONSED, nos espaços de interação disponibilizados pelo seminário estadual de Mato Grosso ficaram evidenciadas as seguintes proposições. 1. Assegurar que todas as escolas de educação básica em todas as modalidades tenham desencadeado o processo para a elaboração do seu projeto político-pedagógico, com observância das Diretrizes Curriculares e/ou políticas estadual e municipal, com efetiva participação da comunidade. 2. Definir expectativas de aprendizagem para a educação básica, com vistas a garantir formação geral comum. 3. Implantar avaliação sistêmica do processo educacional da educação básica e do ensino superior, baseada na realidade, particularidades e peculiaridades regionais. 4. Realizar campanhas contínuas de mídia promovidas pelo órgão mantenedor visando otimizar a participação da comunidade escolar nos CDCE, grêmios estudantis, Conselhos Diretores. 5. Capacitar os membros dos conselhos escolares, conselhos diretores e conselhos municipais de educação para que possam exercer seu papel de controle social. 6. Fomentar ações que visem à interação entre família e escola. 7. Garantir aos Grêmios Estudantis suporte e estrutura na organização de ações, eventos pedagógicos, sociais e culturais, realizados nas unidades escolares. 8. Garantir políticas de combate à violência na escola e construção de cultura de paz e ambiente escolar dotado de segurança para a comunidade escolar. 9. Assegurar o desenvolvimento de projetos curriculares articulados com a base nacional comum, relacionados à Educação Ambiental, à Educação das Relações Étnico-raciais e dos direitos humanos, gêneros, sexualidade e música. 10. Garantir a renovação e manutenção periódica dos equipamentos de multimídia, informática e laboratoriais, com profissional capacitado por turno de funcionamento da unidade escolar com a atribuição de auxiliar o professor. 11. Apoiar ações de Educação Ambiental articuladas com os projetos políticos pedagógicos das escolas que contribuam ou promovam o desenvolvimento local sustentável. 12. Promover ações de Educação Ambiental com os povos indígenas, quilombolas, ribeirinhas e assentados em parceria com Ministério do Meio Ambiente e Educação, Ibama, Sema e Funai, abordando a legislação ambiental, nacional, estadual e municipal, possibilitando o desenvolvimento de projetos ambientais. 13. Garantir a produção, publicação e distribuição às escolas da rede pública de livros/outros materiais pedagógicos, enfocando a diversidade étnico-racial e cultural do Estado, com a participação dos segmentos e especialistas/estudiosos da temática. 14. Assegurar apoio financeiro e pedagógico para as escolas que apresentarem projetos que visem ao desenvolvimento significativo dos estudantes bem como a participação em jogos estudantis, mostras científicas e similares. 15. Adotar medidas administrativas, pedagógicas e organizacionais necessárias, para garantir a estudantes o acesso e a permanência na escola sem discriminação, por motivo de identidade de gênero e orientação sexual. 16. Elaborar diretrizes que orientem os sistemas de ensino na implementação de ações que comprovem o respeito ao cidadão e à não-discriminação por orientação sexual. 17. Realizar parcerias com instituições de educação superior e de educação profissional e tecnológica, para a oferta de cursos de extensão, para prover as necessidaImplantar um padrão de gestão que priorize a destinação de recursos para as atividades-fim, a descentralização, a autonomia da escola, a equidade, o foco na aprendizagem dos alunos e a participação da comunidade. 18. Assegurar, por intermédio de instrumentos legais, a autonomia administrativa, pedagógica e financeira das escolas públicas, garantindo o repasse direto de recursos para despesas de manutenção e capital para o cumprimento de sua proposta didáticopedagógica. 19. Avaliar os mecanismos atualmente existentes de gestão dos recursos financeiros da escola, construindo um plano de trabalho conjunto órgão gestor/unidade escolar/CDCE. 20. Oportunizar formação específica inicial e continuada, de modo que todos que atuam na educação possuam formação em nível superior até 2017. 21. Garantir a oferta, de cursos de nível superior em licenciatura, em instituições públicas para os profissionais da rede pública que atuam na educação básica, em todas as etapas e modalidades. 22. Garantir aos profissionais da Educação formação inicial e continuada com ênfase na educação especial, educação quilombola, educação indígena, do campo, educação para o trabalho e respeito às diversidades em parceria com os Cefapro (Centro de Formação e Atualização dos Profissionais da Educação Básica) e Instituições Superiores Públicas 23. Expandir a oferta de vagas para pós-graduação stricto sensu na área da educação. 24. Ofertar curso de formação continuada aos profissionais da educação, prioritariamente no local de trabalho, de forma articulada e integrada com a prática no contexto do processo educativo. 25. Garantir, financiar e ampliar programas de formação que garanta cursos de extensão e pós-graduação através de convênios com IES para formação de docentes voltados às modalidades e especificidades. 26. Estabelecer e garantir parcerias para o desenvolvimento de projetos de pesquisa e de extensão, entre instituições formadoras e os sistemas de ensino Federal, Estadual e Municipais. 27. Ampliar a oferta de cursos licenciatura e de cursos de formação continuada para profissionais da educação básica pública e privada, possibilitando que tenham também conhecimento do mundo virtual e das novas tecnologias educacionais. 28. Garantir formação continuada específica aos professores e gestores indígenas, do campo e quilombola que atuam na EJA e educação profissional e tecnológica. 29. Assegurar a formação continuada específica dos professores e gestores das redes pública e privada que atuam na educação de jovens e adultos e educação profissional e tecnológica. 30. Oferecer cursos de formação continuada sobre História e Cultura AfroBrasileiras e Relações Étnico-Raciais e Indígenas aos profissionais da educação e de maneira específica para os professores das redes pública e privada que atuam nas disciplinas referidas nas Leis 10.639/03 e 11.645/08. 31. Oferecer formação continuada aos profissionais da educação pública e privada referente a gênero, sexualidade e orientação sexual, dentro do segmento diversidade, visando ao enfrentamento do sexismo e da homofobia/lesbofobia/transfobia na perspectiva dos direitos humanos. 32. Oferecer formação continuada na área de agroecologia, sustentabilidade e economia solidária para os profissionais da educação do campo, em parceria com as secretarias municipais e estadual de meio ambiente, agricultura, educação e outras instituições. 33. Promover formação continuada para profissionais da educação que atuam em escolas Quilombolas. 34. Ofertar e garantir formação continuada de trabalhadores da educação profissional e tecnológica das redes públicas, sob a responsabilidade financeira da União e do Estado. 35. Garantir a oferta de ensino médio a 100% da demanda, com acréscimos anuais de 25% até 2017. 36. Garantir relação professor/estudante, infra-estrutura e material didático adequados ao processo educativo, considerando as características desta etapa de ensino, conforme os padrões do CAQ (Custo Aluno Qualidade). 37. Consolidar a identidade do Ensino Médio, aperfeiçoando a concepção curricular que proporciona formação geral e específica. 38. Manter e ampliar programas e ações de correção de fluxo, por meio do acompanhamento individualizado do estudante com rendimento escolar defasado e pela adoção de práticas como aulas de reforço no turno complementar, estudos de recuperação e progressão parcial de forma a reposicioná-lo no ciclo escolar de maneira compatível com sua idade. 39. Redimensionar a oferta de ensino médio nos turnos diurno e noturno, bem como a distribuição territorial das escolas de ensino médio, de forma a atender a toda a demanda, de acordo com as necessidades específicas dos alunos. 40. Implantar, imediatamente, em todas as escolas, uma organização curricular para o ensino noturno regular, de modo a atender as especificidades do aluno trabalhador. 41. Garantir no currículo a inserção de atividades que utilizem outros espaços pedagógicos além da sala de aula, possibilitando o acesso a esses locais em todos os turnos. 42. Implantar e ampliar a oferta do Ensino Médio Integrado à Educação Profissional para atender a demanda. 43. Fomentar a expansão das matrículas gratuitas de Ensino Médio Integrado à Educação Profissional, observando-se as peculiaridades das populações do campo, das comunidades indígenas e quilombolas e das pessoas com deficiência. 44. Garantir cursos profissionalizantes presenciais e a distância, com elevação da escolaridade, para atender demandas específicas, especialmente as comunidades indígenas, quilombolas, trabalhadores que atuam em setores econômicos sazonais e adolescentes em processo de ressocialização. 45. Prover nas escolas de ensino médio equipamentos de informática, na proporção mínima de um conjunto (computador conectado à internet, impressora e data show) para cada 35 alunos. 46. Atender, imediatamente, a demanda por ensino médio nas populações do campo, nas comunidades indígenas e quilombolas, preferencialmente com professores das próprias comunidades. 47. Estruturar e fortalecer o acompanhamento e o monitoramento do acesso e da permanência dos jovens beneficiários de programas de transferência de renda, no ensino médio, quanto à frequência, ao aproveitamento escolar e à interação com o coletivo, bem como das situações de discriminação, preconceitos e violências; práticas irregulares de trabalho, consumo de drogas, gravidez precoce; em colaboração com as famílias e com órgãos públicos de assistência social, saúde e proteção à adolescência e juventude. 48. Expandir o número de escolas que ofertam curso técnico de nível médio, considerando a localização da demanda e as especificidades regionais. 49. Implantar Ensino Médio Integrado à Educação concomitante ou subsequente aos estudantes da EJA. Profissional, 50. Elaborar padrões mínimos de funcionamento que contemplem relação professor/estudante, infra-estrutura e material didático adequados ao processo educativo. 51. Assegurar que as escolas que ofertam curso profissionalizante tenham coordenador pedagógico específico. 52. Assegurar por meio dos Projetos Políticos Pedagógicos – PPPs, que a proposta pedagógica de curso dos diferentes eixos da Educação Profissional e Tecnológica contemplem discussões de relevância para a formação profissional, socioeconômica, ambiental, para a cidadania, estudos dos agravos da saúde e políticas técnicas de segurança. 53. Ampliar o percentual dos recursos para o Fundo Estadual de Educação Profissional e Tecnológica para manutenção e investimento. 54. Realizar avaliação institucional, com participação efetiva da comunidade escolar, do órgão gestor, dos profissionais da educação profissional e dos estudantes. 55. Elaborar programas para garantir o acesso e a permanência dos jovens e adultos em cursos de Educação Profissional e Tecnológica. 56. Ofertar, na rede pública, cursos referentes ao eixo tecnológico de serviços de apoio escolar por meio de Ensino Médio Integrado à Educação Profissional. 57. Implementar políticas de Educação Profissional e Tecnológica, buscando a inclusão dos alunos com deficiências para o mercado de trabalho. 58. Promover interação entre escola e sociedade por meio da prestação de serviços realizados pelos estudantes. 59. Elaborar plano de oferta de merenda escolar aos alunos da Educação Profissional e Tecnológica. 60. Garantir a ampliação e atualização do acervo das bibliotecas das Escolas Técnicas Profissionalizantes e das escolas que ofertam o Ensino Médio Integrado à Educação Profissional. 61. Estabelecer parcerias Estado/Municípios para a realização de mapeamento e busca ativa de jovens e adultos fora da escola em parceria com as áreas de assistência social, saúde e proteção à juventude, por residência ou local de trabalho, visando identificar a demanda para o ensino médio. 62. Garantir relação professor/estudante, infra-estrutura e material didático adequados ao processo educativo, considerando as características da demanda da EJA, conforme os padrões do CAQ (Custo Aluno Qualidade) e com a agenda territorial estadual. 63. Garantir acesso gratuito a exames de certificação de conclusão e/ou de prosseguimento de estudos no médio. 64. Estabelecer parcerias entre União, Estado e municípios, envolvendo Secretarias de Educação, de Saúde, de Bem Estar Social, Ambiental, de Cultura, de Ação Social, executando ações de atendimento ao estudante da EJA por meio de programas suplementares de transporte, alimentação e saúde, inclusive atendimento oftalmológico e fornecimento gratuito de óculos. 65. Estabelecer mecanismos e incentivos que integrem os segmentos empregadores, públicos e privados, e os sistemas de ensino, para promover a compatibilização da jornada de trabalho dos empregados com a oferta das ações de alfabetização e de educação de jovens e adultos. 66. Assegurar a oferta de Educação de Jovens e Adultos, nas etapas de ensino fundamental, médio e educação profissional, às pessoas privadas de liberdade em todos os estabelecimentos penais, assegurando-se formação específica dos professores, garantindo para o sistema socioeducativo (SINASE) e unidades prisionais, espaço físico adequado, material pedagógico para docentes e discentes, com segurança aos que realizam esse atendimento. 67. Garantir a diversificação curricular da EJA, integrando a formação geral à preparação para o mundo do trabalho estabelecendo interrelação entre teoria e prática nos eixos da ciência, do trabalho, da tecnologia e da cultura e cidadania, de forma a organizar o tempo e os espaços pedagógicos adequados às características desses estudantes. 68. Implantar escolas polos no campo para atender alunos da modalidade EJA do campo, com aulas presenciais e semi-presenciais, inclusive por meio da pedagogia da alternância, com incentivos para os alunos. 69. Realizar parcerias com instituições de educação superior e de educação profissionalizante, para a oferta de cursos de extensão, de acordo com a demanda apresentada, para prover as necessidades de educação continuada de jovens e adultos. 70. Garantir a oferta de EJA nas escolas do campo com educação profissionalizante, observadas as especificidades desta demanda. 71. Atender nas Escolas Indígenas que solicitarem curso da EJA/PROEJA e que, de preferência, o curso seja ministrado pelo próprio índio. 72. Garantir cursos profissionalizantes presenciais e a distância, com elevação da escolaridade, para atender demandas específicas, especialmente as comunidades indígenas, quilombolas e os trabalhadores que atuam em setores econômicos sazonais. 73. Implantar e garantir em todos os sistemas de ensino, instrumentos que garantam o aproveitamento das horas-aula cumpridas pelos alunos que evadiram no ano anterior, propiciando continuidade dos estudos no ano atual, desde que concluído com a avaliação da aprendizagem dos conteúdos. 74. Fomentar programas especiais de educação para a população urbana e do campo na faixa etária de quinze a dezessete anos, com qualificação social e profissional para jovens que estejam fora da escola e com defasagem idade-série. 75. Oferecer ensino médio a distância na modalidade de EJA, com seu aproveitamento nos cursos presenciais, em conformidade com a legislação vigente. 76. Assegurar à demanda da EJA, profissional capacitado e ambiente diferenciado para atender as necessidades de pais-alunos cujos filhos menores de 10 anos necessitem de acompanhá-los enquanto estudam, para que não haja desistência. 77. Garantir que as ações da política da educação escolar indígena estejam implantadas em Mato Grosso, de acordo com o Parecer 14/99 do Conselho Nacional de Educação. 78. Estabelecer política de produção e publicação de materiais didáticos para as escolas indígenas. 79. Garantir a implantação de programas de avaliação, através de comissões específicas, para acompanhar os programas de formação do professor indígena, conforme estabelece a legislação da educação escolar indígena. 80. Implantar e fomentar os territórios etnoeducacionais dos povos indígenas de Mato Grosso. 81. Garantir as condições necessárias de infraestrutura e pedagógica para atendimento de estudantes indígenas com necessidades especiais. 82. Atender a demanda por ensino médio nas aldeias indígenas, preferencialmente com professores indígenas. 83. Criar e implantar o Centro Educacional de Formação, Pesquisa e Produção de Material Didático Indígena em cada região do estado de Mato Grosso. 84. Fortalecer o atendimento especializado aos estudantes da educação especial inclusos na Educação de Jovens e Adultos. 85. Fortalecer e ampliar transporte adaptado para estudantes com necessidades especiais das escolas urbanas e do campo. 86. Apoiar ações e programas de inclusão digital para as pessoas com necessidades educacionais especiais. 87. Oferecer qualificação profissional, por polo, aos estudantes com deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, considerando as demandas locais e visando sua colocação e permanência no mercado de trabalho, em parceria com organizações governamentais e nãogovernamentais. 88. Ofertar treinamentos esportivos aos estudantes com deficiências em parceria com as demais secretarias. 89. Estabelecer políticas de ações afirmativas a partir de pesquisas junto ao censo escolar sobre reprovação, evasão/abandono escolar, fazendo um recorte de gênero, cor/raça, renda e nível de escolaridade dos pais. 90. Implantar em todos os Municípios setores próprios incumbidos de promover as questões sobre educação das relações étnico-raciais. 91. Manter e ampliar programas e ações de correção de fluxo, por meio do acompanhamento individualizado do estudante com rendimento escolar defasado e em condição socialmente vulnerável por meio de adoção de práticas como aulas de reforço no turno complementar, estudos de recuperação e progressão parcial de forma a reposicionálo no ciclo escolar de maneira compatível com sua idade. 92. Criar Centro de Referência educacional/artístico-cultural, para valorização e revitalização dos grupos étnicos raciais no Estado de Mato Grosso. 93. Apoiar técnica e financeiramente projetos inovadores que visem ao desenvolvimento de propostas pedagógicas adequadas às necessidades específicas dos estudantes quanto ao conhecimento das diversidades étnico-racial, de gênero, sexualidade e orientação sexual. 94. Promover projeto de intercâmbio educacional e cultural entre escolas quilombolas de Mato Grosso e a África, por meio de parcerias entre instituições governamentais e não-governamentais. 95. Instituir oficialmente a Semana da Consciência Negra na Educação do Estado de Mato Grosso, dentro do cronograma oficial e do calendário escolar das redes educacionais pública e privada, oportunizando a avaliação da implementação da Lei 10.639/03. Por fim, restou claro em todas as falas a urgência da aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE), que contém orientações para a educação básica. Deputado ELIENE LIMA Relator