NBR 15.575: O DESEMPENHO DO
PROFISSIONAL ARQUITETO E SUA FORMAÇÃO
Profa. Cláudia Naves David Amorim
Laboratório de Controle Ambiental |LACAM|FAU | UnB
Cláudia Naves David Amorim
Professora adjunta da Universidade de
Brasília,
Vice-diretora da Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo
Coordenadora do LACAM – Laboratório de
Controle Ambiental
Breve currículo:
Arquiteta, UnB
Especialista em Tecnologia, Politecnico di
Torino
Mestre em Arquitetura, UnB
Doutora em Tecnologias Energéticas e
Contexto internacional: normas e
regulamentos e a prática profissional
 O papel do projeto
 A formação do arquiteto: lacunas e
oportunidades
 Especificidades da NBR 15575:
desempenho térmico e luminoso
 Perspectivas futuras

CONTEXTO INTERNACIONAL

Normas e regulamentos em crescente uso e
disseminação

Grande demanda: qualidade e
sustentabilidade

Usuário: qualidade de vida, produtividade
NBR 15.575

SEGURANÇA:
desempenho
mecânico,
segurança contra incêndio e
no uso e operação

HABITABILIDADE:
estanqueidade,
desempenho
térmico,
lumínico
e
acústico,
saúde,
higiene
e
qualidade
do
ar,
funcionalidade
e
acessibilidade

SUSTENTABILIDADE:
durabilidade,
manutenibilidade e
adequação ambiental
QUALIDADE
E
SUSTENTABILIDADE
DESEMPENHO

Desempenho (ou performance) é um
conjunto de características ou capacidades
de comportamento e rendimento de um
indivíduo, de uma organização ou grupo de
seres humanos, de animais ou de outros
seres vivos, de máquinas ou equipamentos,
de produtos, sistemas, empreendimentos ou
processos, em especial quando comparados
com metas, requisitos ou expectativas
previamente definidos.
(Wikipedia)
METAS, REQUISITOS OU EXPECTATIVAS...
Traduzem as exigências dos usuários
 Segurança
 Habitabilidade
 Sustentabilidade
REQUISITOS
DE
DESEMPENHO
qualitativos
CRITÉRIOS DE
DESEMPENHO
quantitativos ou
premissas
+ MÉTODOS DE AVALIAÇÃO E PREMISSAS DE
PROJETO!
DEFINAMOS ARQUITETURA...
“Pode-se então definir a architectura como
construção concebida com a intenção
de organizar e ordenar plasticamente o
espaço e os volumes decorrentes, em
funcção de uma determinada epoca, de
um
determinado
meio,
de
uma
determinada
technica
e
de
um
determinado programa.
Essa legitima e constante intervenção do
sentimento no processo de elaboração
architectonica differencia no nascedouro
o architecto do engenheiro.”
LUCIO COSTA, 1972
...mas por que esta dicotomia?
 ...de que maneira podemos retomar o binômio
técnica/sentimento de forma eficiente no
projeto?
 Como incorporar tantas novas exigências no
processo de projeto?
 Que desempenho esperar do profissional
arquiteto nesta nova fase?
 Como prepará-lo a estes novos desafios?

O PROCESSO DE PROJETO ARQUITETÔNICO
TRADICIONAL
• Relevância ao desenho
inicial de uma pessoa
• Falta de oportunidade
para que especialistas
possam contribuir nas
fases iniciais do
processo projetual
• Pouco trabalho de
equipe multidisciplinar!
(Baker,
1998)
Renzo Piano Building
Workshop
QUALIDADE E SUSTENTABILIDADE
PROCESSO DE PRODUÇÃO DE
EDIFICAÇÕES
1
2
SUSTENTABILIDADE
3
4
SPOSTO, 2009
O PROJETO ARQUITETÔNICO VISANDO QUALIDADE E
SUSTENTABILIDADE ...




COMPLEXO
EXIGE MAIOR
METODOLOGIA
EXIGE MAIOR
DETALHAMENTO
EXIGE FORMAÇÃO
ESPECÍFICA E
PARTICIPAÇÃO DE
ESPECIALISTAS, ÀS
VEZES
Fórum Verde – Arq. Siegbert
Zanettini
FORMAÇÃO DE BASE
http://www.educate-sustainability.eu/home
FORMAÇÃO DE BASE
A FORMAÇÃO DE BASE: DIRETRIZES
(DOURADO E AMORIM, 2013 APUD EDUCATE, 2011)
1.
O projeto sustentável e de qualidade deve ser visto como prioridade na formação dos profissionais
desde o início de seus estudos;
2.
Instituições acadêmicas, estudantes e organizações profissionais devem estar unidos para esta
prioridade educacional;
3.
Uma formação voltada para a qualidade e sustentabilidade deve entusiasmar e inspirar os estudantes
a resolver criativa e rigorosamente os desafios de projeto contemporâneos;
4.
Os educadores devem promover este pensamento através de aprendizado por experiência direta,
usando técnicas, instrumentos e metodologias apropriados;
5.
Uma educação voltada para a qualidade e sustentabilidade deve encorajar a consciência crítica,
responsabilidade e reflexão sobre as interdependências no processo de projeto;
6.
A pedagogia deve apoiar o discurso investigativo entre as várias partes e profissões envolvidas;
7.
Os educadores e profissionais devem continuamente evoluir a base de conhecimento sobre o projeto
sustentável através de pesquisas exemplares e prática arquitetônica;
8.
Esta base de conhecimento deve ser disseminada de forma a estar acessível para estudantes,
professores, profissionais e o público em geral;
9.
Uma educação/formação de sucesso deve ter o apoio total dos órgãos regulatórios e de
acreditação.
•Estado da arte Currículos acadêmicos
•Estado da arte Prática Profissional
•Desenvolvimento de Currículos
•Resultados do desenvolvimento de currículos
FORMAÇÃO DE BASE DO ARQUITETO:
CURRÍCULO
Disciplina de
projetos em
ateliê
Disciplina de
projetos em
ateliê
Disciplina de projetos em
ateliê
Disciplina que aborda
sustentabilidade ambiental
Disciplina que aborda
sustentabilidade ambiental
Disciplina que aborda
sustentabilidade ambiental
Disciplina que aborda
sustentabilidade ambiental
Disciplina que aborda
sustentabilidade ambiental
Disciplina que aborda
sustentabilidade ambiental
Disciplina que aborda
sustentabilidade ambiental
Disciplina que aborda
sustentabilidade ambiental
Disciplina que aborda
sustentabilidade ambiental
Estrutura satélite
Estrutura parcialmente integrada
O
O conteúdo
conteúdo éé transmitido
transmitido por
por meio
meio de
de aulas
aulas
teóricas,
teóricas, ee aa avaliação
avaliação de
de cada
cada disciplina
disciplina
ocorre,
ocorre, normalmente,
normalmente, de
de forma
forma independente
independente
do
ateliê
de
projetos.
do ateliê de projetos.
O
O conteúdo
conteúdo éé transmitido
transmitido por
por meio
meio de
de aulas
aulas
teóricas,
teóricas, ee aa avaliação
avaliação de
de cada
cada disciplina
disciplina
ocorre,
ocorre, parcialmente
parcialmente ou
ou totalmente,
totalmente, por
por meio
meio
dos
projetos
desenvolvidos
em
ateliê.
dos projetos desenvolvidos em ateliê.
Estrutura totalmente integrada
O
O conteúdo
conteúdo éé transmitido
transmitido para
para atender
atender as
as
demandas
demandas de
de ateliê
ateliê em
em termos
termos de
de conteúdo
conteúdo ee
tempo
tempo (cronograma).
(cronograma). A
A avaliação
avaliação éé feita,
feita,
integralmente,
por
meio
dos
projetos
integralmente, por meio dos projetos de
de
ateliê.
ateliê.
DOURADO E AMORIM, 2013 apud EDUCATE,
2011
Linear / Paralelo
Parcialmente Integrado
Totalmente Integrado
Interativo
Currículo mínimo + eletivas
Legenda
Projeto em Ateliê
Sustentabilidade ambiental
Outros conhecimentos
Optativas/Eletivas
DOURADO E AMORIM, 2013 apud EDUCATE, 201
Estratégias potenciais e adequadas:
 Desenvolver interconexões entre exposições teóricas e ateliê
de projeto;
 Promover uma abordagem baseada em pesquisa analítica e
holística para o projeto;
 Aumentar a competência da sustentabilidade nas várias fases
do programa;
 Promover a posição central do ateliê de projeto no currículo;
 Promover a aprendizagem centrada no estudante e com o
auxílio de ferramentas adaptadas à realidade deste (incluindo o
uso de ferramentas computacionais e e-learning –
ensino/acompanhamento à distância).
BRASIL
MODELO PARADIGMÁTICO
E-LEARNING
Parcialmente Integrada
USP
RECOMENDAÇÕES PARA APRIMORAMENTO DOS CURRÍCULOS
Neste modelo de currículo, como já há certo grau de integração entre as disciplinas teóricas com o
projeto em ateliê, pode-se assumir que a aplicação dos conceitos de sustentabilidade ambiental
estão sendo trabalhados na prática. Porém, é importante destacar que conteúdos trabalhados
isoladamente permitem o aprofundamento da matéria, não se limitando apenas ao lado prático. A
partir do momento em que o aluno aplica seus conhecimentos, e ao mesmo tempo consegue refletir
e questionar o tema em diferentes pontos de vista, pode-se se dizer que há uma visão holística.
Considerando isto, a recomendação é que sejam desenvolvidos seminários e workshops com o
aprofundamento dos temas relacionados à sustentabilidade ambiental, onde perguntas poderiam ser
estimuladas e novos tópicos introduzidos, permitindo o desenvolvimento da abordagem holística para
a sustentabilidade. Certos seminários podem ser obrigatórios, enquanto outros, optativos, para
aprofundar mais o conhecimento de alunos com interesses e habilidades diferenciadas na área.
O uso de ferramentas de e-learning (ensino/acompanhamento à distância) é recomendado, com o
objetivo de aumentar o acesso ao conhecimento aprofundado sobre sustentabilidade, conforme a
demanda do aluno, incluindo o esclarecimento de dúvidas e problemas durante os trabalhos práticos
ou fora do ambiente da Universidade.
E-LEARNING
Linear / Paralela
UFSC
As conexões entre as disciplinas podem ser promovidas por seminários, workshops e estudos de
caso que abordam, transversalmente, as teorias desenvolvidas nas disciplinas de sustentabilidade
ambiental, projeto, e outros conhecimentos, com o objetivo de suprir a carência de integração do
currículo.
O ensino da sustentabilidade ambiental pode ser desenvolvido por meio da oferta de mais disciplinas
eletivas, conforme a análise da carga de horas-aula, e se verificada a necessidade em comparação
com outras instituições com destaque na área.
O uso de ferramentas de e-learning (ensino/acompanhamento à distância) é recomendado, tanto
para aumentar a carga teórica sobre a sustentabilidade ambiental, quanto para dar suporte ao aluno
durante a aplicação dos conhecimentos em trabalhos fora da Universidade.
Legenda
Projeto em Ateliê
Semmnários/
Workshops/ Estudos
de caso
Sustentabilidade
ambiental
Outros conhecimentos
Optativas/Eletivas
Dourado e Amorim, 2013
DIRETRIZES PARA ESTES CASOS
•O currículo deve ser dividido entre o
conhecimento especializado e o ateliê
(Gelemter, 1988);
•integrar os processos do lado direito e
esquerdo do cérebro
•Explorar o aprendizado no contexto desta
aplicação exige rigor técnico e criatividade
na exploração
•Aprendizado baseado em problemas é
aprendizado reforçado onde os professores
são moderadores!
•A reflexão na ação (Shon, 1984) deve ser
encorajada
•Isto deve apoiar o aprendizado profundo
(Warburton, 2003)
•Aprendizado baseado em problemas pode
ser encorajado pelo uso de instrumentos de
aprendizado online!
EDUCATE, 2011
NOVOS CENÁRIOS EM AÇÃO: figuras profissionais “ad
hoc”
ITÁLIA
Il responsabile della sicurezza
e l´igiene edilizia – curso 120
horas aula
(Ordine degli Architetti) - 1998
NOVOS CENÁRIOS EM AÇÃO: figuras profissionais “ad
hoc”
Lei regional 21 dezembro de 2004 - n. 39
Normas para a economia energética nos edifícios e para a
redução das emissões poluentes e danosas ao clima
Art.7
(Diagnósticos energéticos)
1.As cidades com populações superiores a 40.000 habitantes e as
províncias para o território restante, com base no resultado dos
cadastros (artigo 6), providenciam a predisposição de programas de
diagnóstico energético, dando preferência aos edifícios públicos e aos
sistemas edifício/instalação que apresentam valores mais elevados de
relação entre consumo e volume com aquecimento.
2.Os diagnósticos energéticos contém propostas de intervenções de
melhorias do edifício e das instalações com a especificações de custos,
possíveis economias e tempos de retorno dos investimentos.
3.Os diagnósticos energéticos levarão também em conta:
a) a escolha das melhores tecnologias disponíveis e das melhores
práticas de intervenção na fase de projeto técnico;
b) modalidades e parâmetros para a verificação da eficácia das
intervenções do ponto de vista dos custos.
Art.8
(Pessoal habilitado às intervenções de diagnóstico)
1.A Junta Regional promove cursos de qualificação para técnicos
habilitados ao exercício dos diagnósticos energéticos, inclusos os
diagnósticos efetuados para contabilização energética para a lei regional
de 16 de fevereiro de 2004, n.1 (Redução dos consumos energéticos
nos edifícios através da contabilização do calor) e define os requisitos
e as modalidades para o registro dos mesmos, em colaboração
com os conselhos e ordens profissionais.
EM PORTUGAL...
ETIQUETAGEM DE EDIFÍCIOS
ETIQUETAGEM DE EDIFÍCIOS
TREINAMENTO DE PERITOS
RTQ-C
Regulamento
Técnico da
Qualidade do Nível
de Eficiência
Energética de
Edifícios Públicos,
Comerciais e de
Serviços e
Publicado em julho de 2009
Residenciais

especifica requisitos
técnicos, bem como os
métodos para
classificação de edifícios
comerciais, de serviços e
públicos quanto à
eficiência energética.
DESAFIO ATUAL!
ALGUNS ASPECTOS DA NORMA 15.575 A
SEREM PENSADOS...

A COMPLEXIDADE E SEU REBATIMENTO
NO PROJETO

DESEMPENHO LUMÍNICO
ALGUNS ASPECTOS DA NORMA 15.575 A
SEREM PENSADOS...
Desempenho
lumínico:
60 lux luz natural
 Processo de
simulação –
recomenda-se a
utilização do
algoritmo da NBR
15.215 -3


Não se determina
DIA, HORA E
CONDIÇÃO DE CÉU
em que se deve obter
a condição
requerida!!!
ALGUNS ASPECTOS A SEREM PENSADOS...

Desempenho
lumínico:

Medição in loco – recomenda-se a utilização do
FATOR DE LUZ DIURNA (FLD) – conceito da década
de 70, amplamente questionado e considerado
superado pela comunidade acadêmica internacional
(CIE)
Só é válido para
condições de céu
encoberto!

ALGUNS ASPECTOS A SEREM PENSADOS...

Desempenho
térmico:

Simulação computacional:
recomenda-se o software
Energy Plus ou similar

Software de uso mais
“amigável” para arquitetos
não são válidos!
°C
HOURLY TEMPERATURES - All Visible Thermal Zones
Monday 24th September (267) - BRASILIA, BRA
W/ m²
30
1.9k
20
1.4k
10
1.0k
0
0.5k
-10
0
Outside Temp.
2
4
Beam Solar
6
8
Diffuse Solar
10
12
Wind Speed
14
Zone Temp.
16
18
Selected Zone
20
22
0.0k
SIMULAÇÃO NO PROJETO: LIMITAÇÕES E
POTENCIALIDADES

Necessidade de uma terceira
geração de instrumentos
computacionais

Auxílio ao projetista nos
primeiros estágios do projeto,
ou seja, definição da forma e
implantação do edificado.
SIMULAÇÃO NO PROCESSO DE PROJETO
Christakou, 2004
LACAM
O LACAM – Laboratório de Controle
Ambiental e Eficiência Energética foi
criado em 1992 na Faculdade de
Arquitetura
e
Urbanismo
da
Universidade de Brasília, com o
objetivo
de
com
equipe
multidisciplinar atuando nas áreas
de conforto térmico, conforto
luminoso, conforto sonoro, eficiência
energética e uso racional de água,
tendo a ele vinculado o grupo de
pesquisa “Qualidade Ambiental e
Iluminação no Espaço Construído”
(CNPq).
atuação do LACAM
+
Graduação
e PósGraduação
(Especialização
, Mestrado e
Doutorado)
+
Consultorias e
pesquisas
aplicadas
(CNPq, CIE,
Eletrobrás,
CDT, FINATEC)
+
Cursos e
Palestras,
assessoria a
projetos
Participa da
R3e da
Eletrobrás
(Etiquetagem
de Eficiência
Energética de
Edificações)
REFLEXÕES FINAIS

Normas de desempenho e certificações: tendência
irreversível

NBR 15.575 – agrega valor e apura o projeto

Impõe complexidades ao projeto! Novos
instrumentos e metodologias devem ser incorporados
ao projeto...

Necessário trabalhar a formação de base e
especializações/capacitação para os arquitetos

Papel da formação: ação conjunta educadores,
órgãos de classe, governo
Obrigada!
[email protected]
Download

cláudia amorim