Revista Canavieiros - Dezembro de 2008 1 2 Revista Canavieiros - Dezembro de 2008 Editorial Informar para prevenir U ma nova praga de cana está começando a preocupar o setor. Discreta em sua formação, a broca gigante pode trazer grandes prejuízos aos produtores se não for descoberta rapidamente. Mas ainda há muitas dúvidas a seu respeito. Para explicar melhor sobre este assunto, a Revista Canavieiros acompanhou um Dia de Campo em Terra Roxa, com o especialista em tecnologia agroindustrial fitossanidade do CTC (Centro de Tecnologia Canavieira), Luiz Carlos Almeida. O encontro reuniu agrônomos do sistema Copercana, Canaoeste e Cocred. No ponto de vista deste mês a Revista traz a opinião de Duarte Nogueira, deputado federal e ex-secretário estadual de Agricultura, e José Sidnei Gonçalves, pesquisador científico do Instituto de Economia Agrícola, que abordam a crise de alimentos e concluem que a produção de biocombustíveis não compromete a produção de comida. Ainda no Ponto de Vista, o diretor adjunto da Canaoeste, José Mario Paro, registra suas reflexões durante um dia de trabalho. Busca explicações e motivos para o agricultor brasileiro ser tratado da maneira como ele é hoje. E se depara com situações de extrema injustiça e desrespeitos para com esses brasileiros que tanto se dedicam ao seu país. Em entrevista, Luiz Antonio Dias Paes, gerente geral de produtos CTC, analisa a safra atual e faz referências à próxima colheita. Também dá dicas aos produtores de cana quanto às variedades que mais se adaptam ao solo da região de Ribeirão Preto e conta sobre as novidades e lançamentos do CTC para o ano de 2009. O IAC de Ribeirão Preto e o 9º Congresso Nacional da STAB são os destaques deste mês. O Instituto Agronômico lançou o livro "Cana-deAçúcar", escrito pelos seus próprios pesquisadores, entre eles estão Marcos Guimarães de Andrade Landell (diretor do Centro de Cana do IAC), Leila Luci Dinardo-Miranda e Antônio Carlos Machado de Vasconcelos. Na mesma ocasião foi inaugurado o Centro de Convenções de Cana-de-Açú- car, que abre oportunidades de grandes discussões para o setor. O 9º Congresso Nacional da STAB (Sociedade dos Técnicos Açucareiros e Alcooleiros do Brasil) foi realizado no Centro Cultural e de Convenções de Maceió, em Alagoas. Profissionais e técnicos da agroindústria canavieira estiveram presentes para apresentar importantes trabalhos. Entre eles o diretor da Canaoeste, Luiz Carlos Tasso Junior, e o gerente do Departamento Técnico da Canaoeste, Gustavo de Almeida Nogueira, que além de mostrarem seus trabalhos, também apresentaram o sistema Copercana, Canaoeste e Cocred. Em seu artigo, o advogado da Canaoeste Juliano Bortoloti comenta sobre a liminar concedida pelo ministro Eros Grau, do STF (Supremo Tribunal Federal), contrária à lei municipal que proibia o uso de fogo nos canaviais de Paulínia. O Notícias Copercana traz informações sobre as novas parcerias feitas entre Copercana, Tortuga e o Grupo Balbo com a finalidade de proporcionar aos seus associados mais qualidade e eficácia em seus produtos. O Sistema Copercana, Cnaoeste e Cocred também realizou uma noite de autógrafos com o jornalista do Globo Rural, José Hamilton Ribeiro, que lançou seu livro sobre a verdadeira música caipira e aproveitou a ocasião para assistir a apresentação do Grupo de Catira Tradição do Manoel. A revista registrou a entrega do prêmio de Profissional do Ano a Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste. O evento é realizado pela Aeaarp (Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto). Ortolan foi homenageado como Agrônomo do Ano. Para finalizar, a revista faz uma pequena homenagem à Biblioteca "General Álvaro Tavares Carmo", a biblioteca da Canaoeste, que neste mês completa 36 anos de informação e dedicação para com os seus funcionários. Boa leitura e um feliz Natal. Que o Ano Novo seja repleto de realizações. Conselho Editorial Revista Canavieiros Canavieiros -- Dezembro Dezembro de de 2008 2008 Revista 3 Indice EXPEDIENTE Capa CONSELHO EDITORIAL: Antonio Eduardo Tonielo Augusto César Strini Paixão Clóvis Aparecido Vanzella Manoel Carlos de Azevedo Ortolan Manoel Sérgio Sicchieri Oscar Bisson Broca Gigante: o que o produtor deve saber sobre ela A praga, cuja ocorrência se restringia às regiões Norte e Nordeste, já está no Estado de São Paulo Pag. Pag. 20 JORNALISTA RESPONSÁVEL: Carla Rossini – MTb 39.788 DEST A QUES DESTA OUTRAS Entrevista CONSECANA DIAGRAMAÇÃO: Rafael H. Mermejo DESTAQUES FOTOS: Carla Rossini Rafael H. Mermejo INFORMAÇÕES P a g . SETORIAIS 26 COMERCIAL E PUBLICIDADE: (16) 3946-3311 - Ramal: 2008 [email protected] ARTIGO TÉCNICO DEPARTAMENTO DE MARKETING E COMUNICAÇÃO: Ana Carolina Paro, Carla Rodrigues, Carla Rossini, Daniel Pelanda, Janaina Bisson, Letícia Pignata, Rafael H. Mermejo, Roberta Faria da Silva. Luiz Antonio Dias Paes P a g . 15 Gerente geral de produtos do CTC P a g . Mecanização avança na região P Pa ag g .. 05 Ponto de vista Crise de alimentos: energia no tanque representa menos comida no prato? P Pa a gg .. Notícias 08 12 Copercana - Noite de autógrafos - José Hamilton Ribeiro - Copercana faz novas parcerias com Balbo e Tortuga 24 P a g . 28 P a g . 30 José Sidnei Gonçalves e Duarte Nogueira LEGISLAÇÃO REPERCUTIU P a g . 32 P a g . SAFRA P a g . 35 IMPRESSÃO: Empresa Jornalística, Editora e Gráfica Sertãozinho TIRAGEM: 10.800 exemplares CULTURA ISSN: 1982-1530 16 Canaoeste - Ortolan recebe prêmio profissional do ano 2008 LÍNGUA P a g . 3 7 PORTUGUESA Notícias P a g . A Revista Canavieiros é distribuída gratuitamente aos cooperados, associados e fornecedores do Sistema Copercana, Canaoeste e Cocred. As matérias assinadas são de responsabilidade dos autores. A reprodução parcial desta revista é autorizada, desde que citada a fonte. Notícias Cocred - Balancete Mensal P a g . P a g . P a g . 36 CLASSIFICADOS 38 18 ENDEREÇO DA REDAÇÃO: Rua Dr. Pio Dufles, 532 Sertãozinho – SP - CEP:- 14.170-680 Fone: (16) 3946 3311 Artigo Técnico Por que a lavagem de cana a seco? A sustentabilidade, nesse e em outros casos, é um dos enfoques que tem sido considerado prioritário pelos técnicos do IAC, em função de uma ameaça oriunda do emprego indiscriminado de água pelos setores. 4 4 EDITORA: Cristiane Barão – MTb 31.814 Revista Canavieiros - Dezembro de 2008 28 Pag. www.revistacanavieiros.com.br [email protected] Entrevista Luiz Antonio Dias Paes Gerente geral de produtos do CTC Mecanização avança na região Carla Rossini A colheita de cana crua na região de Ribeirão Preto está próxima de 60%, um crescimento de dez pontos percentuais em relação à safra passada. De acordo com o gerente geral de produtos do CTC (Cen- tro de Tecnologia Canavieira), Luiz Antonio Dias Paes, essa é a região do Estado mais avançada em termos de colheita de cana sem queima. A média estadual está próxima de 50%, enquanto na Região Centro-Sul atinge 40%. Na entrevista à Revista, Dias Paes analisa a produtividade nesta safra, as variedades mais apropriadas para a região e fala sobre transgenia e etanol de segunda geração. Leia a seguir: Revista Canavieiros - Dezembro de 2008 5 Entrevista Revista Canavieiros: De acordo com os dados do CTC, o que você pode dizer em relação a produtividade e qualidade da matéria-prima na safra 2008/09 em relação ao ciclo anterior? Luiz Antonio: Na safra atual observamos, até o momento, um acréscimo na produtividade agrícola do Centro-Sul na ordem de 4%, o mesmo ocorrendo na região de Ribeirão Preto com valores ligeiramente menores. Por outro lado, tivemos uma redução na qualidade de matéria-prima, no ATR total. O valor de ATR diminuiu praticamente na mesma proporção do aumento de produtividade, ou seja, a oferta total de açúcar por unidade de área, que é o produto destas duas variáveis produtividade e ATR, praticamente não sofreu alteração em relação à safra passada. forma expressiva. Se você observar, na safra passada, apesar de ter havido uma péssima distribuição de chuva ao longo da safra, a produtividade foi recuperada pelas chuvas de dezembro até maio. Isso mostra que é prematuro ter expectativa para safra seguinte ainda nesse período, ou seja, o regime climático que ainda irá rão Preto, a colheita de cana crua está próxima de 60%, com um crescimento de dez pontos percentuais em relação à safra passada. É a região que está mais avançada em colheita de cana crua no Estado de São Paulo, cuja média é aproximadamente 50%. O Centro-Sul atinge hoje 40% nesta modalidade de colheita. Revista Canavieiros: Por que isso aconteceu? Luiz Antonio: Basicamente devido ao regime climático. Nós tivemos um clima favorável no verão, que favoreceu o aumento da produtividade agrícola. "Até agora estamos tendo uma condição Revista Canavieiros: Tivemos também uma De acordo com o censo melhor do que a do ano anterior, que condição de cana mais varietal 2008, como anda nova, ou seja, colheita de o plantio das variedades sinaliza uma próxima safra de maior área nos primeiros do CTC? produtividade igual ou superior a esta, estágios de corte, deviLuiz Antonio: Nós tedo à expansão ocorrida mas esse panorama pode ser alterado de mos satisfação em ver que nos últimos anos. Isso a expansão do uso das vaelevou a produtividade. acordo com o clima dos próximos meses" riedades CTC nas associPor outro lado, a seca adas tem sido muito exprolongada em 2007, com chuva em ocorrer até abril, maio é muito mais pressiva. O plantio das variedades julho e depois somente em novembro, determinante do que aquele que já CTC tem crescido de uma forma expofavoreceu o acúmulo de ATR na safra ocorreu até então. Até agora estamos nencial. A informação que temos até passada, o que não ocorreu em 2008, tendo uma condição melhor do que a agora das intenções de plantio, é que com uma melhor distribuição de chu- do ano anterior, que sinaliza uma pró- cerca de 14% já são variedades CTC va ao longo da safra. xima safra de produtividade igual ou na média do Centro-Sul. Temos expecsuperior a esta, mas esse panorama tativas ainda maiores para a região de Revista Canavieiros: O que isso pode ser alterado de acordo com o Ribeirão Preto. Isso se deve primeiro pode representar para a próxima sa- clima dos próximos meses. Não esta- à qualidade do material disponibilizafra? mos considerando aqui eventual do e também ao trabalho do pessoal Luiz Antonio: O principal fator queda de produtividade devido à re- de campo do CTC, principalmente da que determina uma maior ou menor dução nos tratos da lavoura em fun- equipe de Muda Sadia, que está próprodutividade agrícola é o regime cli- ção dos menores preços desta safra. ximo aos associados para obter o memático no período do verão, época lhor potencial dessas variedades. em que ocorre o maior crescimento Revista Canavieiros: Na região de da cultura. Nesta época se as chu- Ribeirão Preto como está o percentuRevista Canavieiros: Para os provas forem bem distribuídas com boa al de cana colhida crua em relação a dutores da região de Ribeirão Preto, disponibilidade de água, radiação e safra passada e a outras regiões? quais são as variedades indicadas temperatura a cana se desenvolve de Luiz Antonio: Na região de Ribei- para uma melhor produtividade? “ 6 Revista Canavieiros - Dezembro de 2008 Entrevista Luiz Antonio: A principal variedade CTC na região de Ribeirão Preto é a CTC2. Outras variedades importantes para a região são a CTC4, CTC6, CTC9, CTC15 e a CTC17 recém lançada como variedade, entre outras. Revista Canavieiros: Por que essas variedades se destacam na região? Luiz Antonio: As variedades ideais para cada local são definidas basicamente em função desses dois parâmetros, solo e clima. A região de Ribeirão Preto apresenta uma distribuição uniforme de solos nos ambientes de A a D, ou seja, de alto a médio-baixo potencial de produção. Desta forma é importante uma boa alocação varietal para melhor aproveitamento do potencial produtivo das variedades. Revista Canavieiros: O que um produtor pode fazer para ter um canavial sadio, que lhe garanta uma boa renda? Luiz Antonio: Começa pela escolha da variedade mais indicada à sua condição, ao seu tipo de solo e clima da região. A carta de solos e ambientes de produção, que o CTC disponibiliza para as associadas, é fundamental para escolha da variedade e manejo mais indicado. Depois a sanidade da sua muda, pois é a base, o início de todo o processo produtivo. A equipe regional do CTC também oferece apoio na condução dos viveiros visando à qualidade e sanidade do material. Depois o manejo adequado, ou seja, colheita na época mais adequada na indicação dessa variedade e todos os tratos que os fornecedores e os produtores de cana já conhecem muito bem. Revista Canavieiros: Quais são os novos projetos do CTC para 2009? Luiz Antonio: Além de toda a gama de programa de P&D, tanto na área agrícola quanto na industrial, alguns novos projetos são significativos para as associadas, como a nova biofábrica, que multiplicará por 10 a condição de oferta de muda para as associadas, justamente para poder suprir a necessidade de variedades que estão se destacando em diferentes regiões. Estaremos lançando também um produto que já está maduro no CTC há alguns anos e vamos disponibilizar agora para todos as associadas, que chamamos de CTC Sat, que consiste em gerar mapas gerenciais obtidos através de imagens de satélites, que são tratadas para ressaltar a diferença de produtividade da lavoura. Cada associado terá um retrato da sua lavoura a partir dessas imagens de satélite, que permitirá observar, por exemplo, eventuais anomalias que ocorrem no interior das áreas, e tomar medidas rápidas para a solução desses problemas. Revista Canavieiros: Há previsão para o lançamento de novas variedades CTC? Luiz Antonio: O programa de melhoramento do CTC tem materiais mui- to promissores nos seus ensaios regionais, que serão lançados nos próximos anos. Anualmente o CTC lança uma nova geração de variedades, durante o evento Cana Show, realizado normalmente entre os meses de outubro a novembro. Revista Canavieiros: No início desta safra, na região foi observado o florescimento de muitos talhões por conta das condições de luminosidade e temperatura. Qual o impacto desse fenômeno sobre a produtividade? É possível mensurar? Luiz Antonio: O impacto é significativo em alguns locais e nas variedades mais susceptíveis. A mensuração é difícil, mas a recomendação de manejo adequado de variedades mais sujeitas ao fenômeno, antecipando a época de colheita, por exemplo, pode minimizar o impacto na produtividade. Revista Canavieiros: Como o CTC está envolvido ou analisa as pesquisas para a produção do etanol celulósico? Luiz Antonio: Sim, o CTC desenvolve pesquisa de produção de etanol celulósico através da rota hidrólise enzimática da biomassa, tendo inclusive estabelecido uma parceria com a Novozimes, líder mundial na produção de enzimas. Revista Canavieiros: Há previsão para que a transgenia ganhe os canaviais brasileiros? Luiz Antonio: Projeções neste sentido têm que levar em conta a legislação brasileira, que ainda é restritiva ao uso comercial de variedades transgênicas de cana e, portanto, é difícil a previsão. O CTC tem investido nesta área para que possamos fornecer variedades de alta performance no momento que a legislação permitir o seu uso. Revista Canavieiros - Dezembro de 2008 7 Ponto de Vista Crise Crise de de alimentos: alimentos: energia energia no no tanque tanque representa representa menos menos comida comida no no prato? prato? Duarte Nogueira e José Sidnei Gonçalves* A discussão da crise de alimentos tem produzido posicionamentos que, exacerbados na sua leitura isolada, criam uma situação de absoluta confusão no entendimento da realidade. Um dos pontos consiste no impacto da opção pela produção de biocombustíveis sobre a produção de alimentos. Desde logo, há de se pontuar que a experiência brasileira de promover a expansão canavieira para produção de álcool combustível não pode ser caracterizada como responsável pela crise de alimentos. Na verdade, desse debate e das condições criadas pela transformação da agricultura dos anos 1970 emergiu a solução brasileira de superação dessa dicotomia alimentos versus energia. As mudanças estruturais dos anos 1970 foram decisivas com a implantação do padrão agrário em que se formam as cadeias de produção agro-alimentares em que uma das características fundamentais está na especialização regional, que criou bases produtivas modernas, fora do eixo da expansão canavieira, da produção de alimentos em escala. O novo ciclo de expansão canavieira, ainda concentrada em terras paulistas, já inicia movimentos de transbordamento para outras unidades da federação brasileira. Isso ocorreu com o feijão, que antes concentrado no Sudoeste Paulista, irradiou-se por outras regiões brasileiras; com o arroz, que também sofreu significativa especialização regional, concentrando-se nas terras gaúchas; com o café, antes dependente da terra roxa e hoje presente no cerrado mineiro e até na Chapada Diamantina baiana; e com a soja, que transbordou para terras paranaenses e gaúchas e para o cerrado. Os ganhos de produtividade dessas duas lavouras de alimentos foram estupendos e decorrem, além da especializa8 Revista Canavieiros - Dezembro de 2008 JOSÉ SIDNEI GONÇALVES, Engenheiro Agrônomo, Doutor em Ciências Econômicas, Pesquisador Científico do Instituto de Economia Agrícola (IEA) da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. ção regional que determinou ganhos expressivos de escala na produção e na logística, de contribuições inestimáveis da pesquisa pública estadual, no caso as realizadas pelo Instituto Agronômico do Estado de São Paulo (IAC), que atualmente integra a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria da Agricultura do Governo do Estado de São Paulo. Há também de se destacar o papel das políticas públicas, que foi decisivo para superação da carestia e também para a criação das técnicas de ocupação das terras ácidas nos cerrados paulistas no final dos anos 1960. Assim, da ótica da experiência brasileira, a maior área de cana pode ser feita sem substituir áreas de plantio de alimentos. Para se chegar a tal conclusão, há de se ter em mente a economia continental brasileira e não a lógica apenas paulista de mudança na composição de culturas. Afinal, numa economia continental integrada, São Paulo não pode almejar ser auto-suficiente em tudo, muito menos em alimentos. DUARTE NOGUEIRA, engenheiro agrônomo e deputado federal PSDB/SP. Foi Secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. E, se desafios existem, as respostas devem ser buscadas, dentre outras políticas, no investimento em conhecimento em inovações seguindo a trilha do sucesso da pesquisa pública paulista. Ressalte-se que se a opção brasileira pelo álcool combustível de cana não produz efeitos negativos na produção nacional, isso não torna o Brasil imune aos efeitos da crise internacional de alimentos. Nesse sentido, dada à globalização, os preços internacionais mais elevados dos alimentos puxam para cima os preços internos_ vejam os índices da inflação de alimentos: soja, milho, trigo, arroz, carnes e leite_ com o que as populações mais pobres que gastam mais com alimentação terão pressões indesejadas nos custos da sobrevivência. Por isso de nada adianta ficar combatendo internamente um aliado, confundindo-o num falso inimigo. Produzse assim a resposta para a argüição inicial deste artigo, nos termos de que, nas condições da agricultura brasileira, mais energia no tanque não necessariamente representa menos comida no prato. Revista Canavieiros - Dezembro de 2008 9 Ponto de Vista "Um "Um dia dia na na vida vida de de um um agricultor agricultor brasileiro" brasileiro" José Mario Paro Diretor Adjunto da Canaoeste N o dia 2 deste mês de dezembro, no período da tarde, estava em Minas Gerais, na região de Pirajuba e Campo Florido, observando nossa operação de plantio de soja. Contemplava então um harmonioso conjunto de homens, máquinas e implementos operando a pleno vapor. Estávamos em uma posição alta do relevo. Casualmente, coloquei os olhos no horizonte. Diante de mim descortinou-se uma extensa região, rica e bela, toda cultivada com grãos e cana-de-açúcar, tendo ao fundo o Vale do Rio Grande e mais além, terras paulistas. O cenário era majestoso e a tarde perfeita Deveria então estar tranqüilo e feliz ao ver o resultado do nosso trabalho e de nossa equipe. Mas não se deu bem assim. Num lampejo, percebi que naquele instante, não saberia dizer se meus irmãos e eu estávamos ricos, remediados, pobres ou quebrados: a partir dali e até a colheita da soja, estaremos sujeitos a todas as adversidades climáticas; à ocorrência de pragas e doenças. Após a colheita, e mesmo antes dela, estaremos submetidos às agruras do mercado. Mais tarde, já no caminho de volta e não estando no volante, retomei minhas reflexões sobre aquele instante, tão intensamente vivenciado. Percebi então, de forma cristalina, aquilo que muitos já disseram: no Brasil, o exercício da atividade agrícola não se faz de forma empresarial. Na verdade, participa-se de uma grande loteria, que a cada ano produz um sem número de vítimas. Para que a atividade agrícola possa ser empresarial e não uma loteria, faltam-nos condições básicas de política agrícola: infra-estrutura; logística; crédito rural acessível; instru10 Revista Canavieiros - Dezembro de 2008 mentos adequados para a comercialização da produção e alguma espécie de seguro rural. Por premência (a maioria); por oportunismo (não sei quantos) ou por achar que a agricultura é assim mesmo, parcela significativa de nossos produtores inventou uma estranha modalidade de seguro rural: o calote. Criou-se então uma profunda distorção nas relações com cooperativas, bancos, entidades de classe, governo, etc., que tem produzido verdadeiros desastres a cada ano que passa. A começar por nos jogar contra a opinião pública, que generaliza e nos considera, a todos, um bando de caloteiros. Depois porque coloca a agricultura de joelhos, humilhada, com o pires na mão, pressionando por renegociação ou prorrogação dos débitos. Não estou aqui negando a existência do problema. Estou sim, questionando a estratégia que vem sendo adotada para resolvê-lo. Imaginemos os benefícios que teriam os produtores e o país se todos os recursos desviados para estas renegociações fossem direcionados para financiar aqueles que não estão inadimplentes e para novos projetos. Felizmente, cada vez mais nossas lideranças e representantes do governo, têm vindo a público enfatizando a premente necessidade de que seja feita profunda reformulação no sistema de crédito rural vigente. Reformulação que separe o joio do trigo; que estimule a competência e que opere com prazos ajustados ao ciclo das diversas culturas agrícolas, seja na liberação dos recursos, seja na época dos vencimentos. O seguro rural será então um instrumento de política agrícola funda- mental, pois ao reduzir o risco da atividade, permitirá aos produtores aumentarem a utilização de insumos e os investimentos em tecnologia. A conseqüência natural desse processo será o aumento da produtividade, o barateamento dos custos de produção, a sustentabilidade do agronegócio, estendendo-se o benefício a toda a população, que passará a ter alimentos mais variados, de melhor qualidade, a menores preços. De quebra, teremos a eliminação dos aventureiros, que estão fazendo do calote, já comentado acima, um meio de vida. Já era noite e à medida que nos aproximávamos de casa (resido em Bebedouro), agora sob uma revigorante pancada de chuva, percebi minha alma se reaquecendo e um sentimento de plenitude começou a apossar-se de mim. Sentimento de plenitude pela sensação do dever cumprido; por estar lutando contra aquilo que considero injusto e por fazer parte deste grupo de heróis, que são os agricultores, que carregam em suas costas boa parte da economia do Brasil, apesar de todas as incompreensões que sofrem. Deume então vontade de estar naquele ponto do relevo, onde esta conversa começou. Eu voltarei lá. A data já está marcada. Será na colheita da soja. Revista Canavieiros - Dezembro de 2008 11 Notícias Copercana Noite de autógrafos no sistema Copercana, Canaoeste e Cocred Carla Rossini José Hamilton Ribeiro lança livro "270 maiores modas de todos os tempos. Músicas Caipiras" O s admiradores de moda de viola ganharam no final de novembro uma nova oportunidade de conhecer melhor este estilo de música com o lançamento do livro “270 maiores modas de todos os tempos. Músicas Caipiras”, de José Hamilton Ribeiro (repórter do Globo Rural). O livro, que foi lançado no auditório da Canaoeste em Sertãozinho, reúne canções de moda de viola e lista as melhores composições da categoria. Nele, o jornalista José Hamilton também conta a história de seus autores, revela conteúdo e destaca as estrofes mais conhecidas. “É o livro que faltava na cultura popular brasileira, pois a obra traz letras de quase todos, senão todos, compositores da música caipira”, afirma José Hamilton. Cerca de 150 pessoas prestigiaram o evento. A iniciativa de trazer o lançamento do livro para Sertãozinho foi do diretor da Copercana, Pedro Esrael Bighetti e do cooperado e secretário de Agricultura de Uberaba, João Ângelo Guidi. A realização do evento foi possível graças a uma parceria entre a Copercana e a Syngenta. “Nós estamos felizes com a visita de José Hamilton, principalmente para lançar um livro que faz parte da cultura dos brasileiros”, disse Bighetti. Além do lançamento do livro, outras atrações fizeram parte da programação, como a apresentação dos violeiros Jr. Borges e Dr. José Maria Campos. O grupo de catira Tradição do João Angelo Guidi, José Hamilton Ribeiro e Pedro Esrael Bighetti Manoel também se apresentou. O evento fez parte do calendário das comemorações do aniversário de 112 anos de Sertãozinho. José Hamilton Ribeiro Na função de repórter especial da TV Globo, considerado o maior repórter brasileiro do século XX, ganhador de sete Prêmios Esso de Reportagem, José Hamilton Ribeiro é autor de 15 livros, entre eles “O Gosto da Guerra”, “Diário da guerra”, e “O Repórter do Século”. Foi um dos quatro jornalistas vencedores do Prêmio Internacional de Jornalismo Maria Moors Cabot de 2006. Seu trabalho nas redações das revistas Realidade e Quatro Rodas, na Folha de São Paulo e nos programas “Globo Repórter”, “Fantástico” e “Globo Rural” (onde trabalha desde a década de 80 e exerce as funções de repórter e editor), o transformou numa referência do jornalismo brasileiro. Notícias Copercana Apresentação do grupo de Catira “Tradição do Manoel” “O produtor brasileiro é um herói” Para o jornalista José Hamilton Ribeiro, nos últimos seis anos o Brasil cresceu porque havia uma ventania de prosperidade que soprava mundo afora. No entanto, o vento agora mudou e vai exigir decisões e talento do governo. Produzir no Brasil, segundo ele, é tarefa de herói já que, quando o agronegócio precisa da ajuda oficial, o governo finge que não é com ele. Leia a entrevista que ele concedeu à Canavieiros. O senhor, como repórter e expectador do agronegócio, o que pode falar dos produtores brasileiros? A agropecuária brasileira depende das pessoas, dos brasileiros. Dos brasileiros que plantam soja, cana, que abrem áreas, que produzem bezerros. E o governo fica por baixo mordendo. A hora que precisa dele (governo), finge que não é com ele. Então eu acho que o campo brasileiro é uma vitória do povo brasileiro. Se o Brasil depender do governo, está frito, mas à medida que ele depende e acredita nas pessoas, nos empresários, empreendedores brasileiros, é um país que vai para frente. O governo, quando não atrapalha, já está muito bom. Deixa o brasileiro trabalhar e produzir. O produtor rural brasileiro é um herói? Exatamente. Quando está tudo bem, “que maravilha a âncora verde do Brasil, olha que beleza a agropecuária”. A hora que ele (produtor) precisa do governo, na hora de facilitar o crédito, é só dificuldade, o Banco do Brasil não atende, não chegou dinheiro, não cabe no projeto, tem sempre uma desculpa. Mas, no fim, o Brasil se faz porque os brasileiros colocam o Brasil para frente. O senhor é repórter há muito tempo e, com certeza, já assistiu a muitas crises. Qual a sua impressão sobre essa nova turbulência mundial? O Brasil, nos últimos seis anos, veio sendo tocado na parte da economia no piloto automático. Isso porque veio uma ventania que trouxe prosperidade para o mundo todo e para o Brasil também. Então o Brasil cresceu 4,5% quando, na verdade, cresceu menos que a Argentina, Chile, muito menos do que a Índia, que a China e até menos que a Angola, mas veio no piloto automático e veio crescendo. Agora o piloto automático desligou, agora depende de nós, do governo, vamos ver se esse pessoal é competente mesmo ou se o crescimento que vinha vindo foi só a ventania que veio de fora. Fora o papo, vamos ver se o governo tem condição mesmo de o Brasil ficar imune a essa crise. Tanto a prosperidade quanto a crise vieram de fora. Enquanto era prosperidade, o Brasil não falou mal de ninguém. Agora que veio a crise ele começa a falar mal dos outros de fora. Agora a economia não está mais no piloto automático. Depende de decisões às vezes difíceis. Vamos ver se esse governo tem competência, sinceridade e honestidade para fazer as coisas certas. Não vamos falar mal antes, mas vamos ver o que o governo faz no momento em que acabou a ventania de prosperidade que vinha lá de fora. Notícias Copercana Copercana faz novas parcerias Carla Rodrigues Junto com os grupos Balbo e Tortuga, a cooperativa traz novidades e benefícios aos cooperados A eficácia da produção e de senvolvimento do setor pe cuarista é relacionada à qualidade dos nutrientes absorvidos pelo animal e cada vez mais se busca por esta condição. A Copercana mais uma vez, preocupada com os resultados da produção dos seus cooperados, fez uma parceria com os grupos Balbo e Tortuga para assim atender melhor as necessidades de cada pecuarista. O objetivo da parceria é oferecer um trabalho de atendimento personalizado sem onerar custo ao cooperado. “Essa parceria vai permitir comprarmos produtos de uso veterinário em grandes quantidades, atendendo a todos os nossos cooperados, com um custo mais acessível”, afirma Gustavo Leal Lopes, veterinário da Copercana. A parceria com o grupo Balbo traz como principal produto a “levedura”, que serve de alimentação para qualquer tipo de animal, mas se destaca entre os bovinos. Ela é retirada por meio da sangria do leite de levedura dentro do processo de fermentação alcoólica, sendo seca em condições definidas. É também uma fonte de 14 Revista Canavieiros - Dezembro de 2008 proteína de alto valor biológico com bom balanceamento de aminoácidos, minerais e elevada concentração de vitaminas do complemento B, tendo como principais características o alto teor protéico se comparado ao farelo de soja e o seu baixo nível de intoxicação devido mínimo teor bacteriológico encontrado. Já a Tortuga Cia Zootécnica Agrária possui um programa de nutrição, que acompanha todas as fases do animal, desde o seu aleitamento até a sua reprodução. Para fazer parte deste programa, a Copercana vai disponibilizar em suas lojas de Ferragens a venda de todos os tipos de minerais necessários para um desenvolvimento sadio dos animais. “São minerais compostos por suplementos feitos através de matériasprimas da melhor qualidade e tecnologias exclusivas de nutrição, como os minerais orgânicos, ou seja, Transquelatos (TQ), Carbo-Quelatos (CQ) e Carbo-Amino-Fosfo-Quelatos (FQ), que além de serem nutrientes completos, proporcionam ao animal maior ganho de peso, melhor aproveitamento do pasto e aumento da taxa de reprodução”, explica o veterinário. Gustavo Lopes, veterinário da Copercana Além destas parcerias, a Copercana trouxe novidades na parte de arreios e selarias, dos tipos americanas e australianas, e também no fornecimento de produtos Vetnil, uma linha especializada em vendas de suplementação eqüina. Os cooperados que desejarem mais informações poderão contactar o veterinário Gustavo Lopes por meio do telefone 3946-3300, ramal 2236 ou pelo e-mail: [email protected]. Notícias Canaoeste Consecana CIRCULAR Nº 11/08 DATA: 28 de novembro de 2008 Conselho dos Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo A seguir, informamos o preço médio do kg do ATR para efeito de emissão da Nota de Entrada de cana entregue durante o mês de NOVEMBRO de 2008. O preço médio do kg de ATR para o mês de NOVEMBRO, referente à Safra 2008/2009, é de R$ 0,2614. O preço de faturamento do açúcar no mercado interno e externo e os preços do etanol anidro e hidratado, destinados aos mercados interno e externo, levantados pela ESALQ/CEPEA, nos meses de ABRIL a OUTUBRO e acumulados até OUTUBRO, são apresentados a seguir: Os preços do Açúcar de Mercado Interno (ABMI) incluem impostos, enquanto que os preços do açúcar de mercado externo (ABME e AVHP), do etanol anidro e hidratado carburantes (AAC e AHC), destinados à industria (AAI e AHI) e destinados ao mercado externo (AAE e AHE), são líquidos (PVU/PVD). Os preços líquidos médios do kg do ATR, em R$/kg, por produto, obtidos nos meses de ABRIL a NOVEMBRO e acumulados até NOVEMBRO, calculados com base nas informações contidas na Circular 01/08, são os seguintes: Revista Canavieiros - Dezembro de 2008 15 Notícias Copercana Ortolan recebe prêmio profissional do ano 2008 Cristiane Barão Homenagem da Aeaarp (Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto) na área de agronomia O presidente da Canaoeste, Manoel Ortolan, recebeu o prêmio Profissional do Ano 2008 concedido pela Aeaarp (Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto). A solenidade para a entrega da homenagem foi realizada na noite de 6 de dezembro, na Sociedade Recreativa de Ribeirão Preto. Também foram homenageados o engenheiro civil José Renato Magdalena e o arquiteto Eduardo Eugênio Andrade Figueiredo. O prêmio Profissional do Ano foi realizado pela primeira vez em 1979 e a escolha dos três homenageados é feita por uma comissão formada por seis membros da associação. Para a eleição do engenheiro agrônomo, engenheiro civil e arquiteto a comissão utiliza como critério exemplar e dignificante atuação técnica e de ética profissional, conduta moral e comprovada participação junto à comunidade. Na solenidade, a trajetória profissional dos premiados foi apresentada em um vídeo, com fotos e depoimentos de familiares e amigos. Ortolan também recebeu homenagens do presidente da Orplana, Ismael Perina Júnior, e do di- Genésio Abadio de Paula e Silva (secretário do Meio Ambiente de Ribeirão Preto) e o prefeito eleito de Sertãozinho, Nério Costa entregaram a homenagem a Manoel Ortolan retor Francisco César Urenha, representando o sistema Copercana, Canaoeste, e Cocred. Diretores e colaboradores das três entidades estiveram presentes. O presidente da Copercana, Antonio Eduardo Tonielo, e o diretor Pedro Esrael Bighetti, deram seus testemunhos sobre a importância do trabalho desenvolvido por Ortolan e enalteceram sua participação no fortalecimento das entidades. Em seu discurso, o homenageado destacou a importância do engenheiro agrônomo. “Para mim, essa homenagem não tem um significado personalista, que premia o feito de uma pessoa apenas, mas sim um reconhecimento ao papel fundamental 16 Revista Canavieiros - Dezembro de 2008 desempenhado coletivamente pelos engenheiros agrônomos no desenvolvimento do nosso Estado e do nosso país”, disse. Ortolan disse crer que coube a ele representar os agrônomos pelo fato de ter se identificado com a profissão e ter procurado desempenhá-la com afinco e disposição e que toda essa dedicação também foi o resultado de constante estímulo e apoio recebidos ao longo de sua trajetória profissional. “Grande parte do mérito da homenagem deve-se ao fato de, ao longo da minha vida profissional, ter sido cercado por pessoas de boa índole e generosas, comprometidas com o fortalecimento da nossa atividade e, sobretudo, com a melhoria das condições de vida do produtor. Foi uma dádiva trabalhar com lideranças progressistas, respeitadas, que me enriqueceram com seus exemplos e me deram a oportunidade de crescer profissionalmente”, completou. Notícias Canaoeste José Renato Magdalena, Eduardo Eugênio Andrade Figueiredo, Roberto Maestrello e Manoel Ortolan Manoel Ortolan recebeu uma homenagem do diretor, Francisco César Urenha, representando o sistema Copercana, Canaoeste e Cocred Ortolan também destacou a importância de sua família que, segundo ele, o fez crescer cercado de bons exemplos e de valores éticos. “Não seria merecedor desta homenagem sem a participação de todas essas pessoas, que foram e permanecem tão importantes em minha vida e em minha trajetória profissional: minha família, meus amigos, meus companheiros de trabalho e de profissão. A eles dedico essa homenagem”, finalizou. O presidente da Orplana, Ismael Perina Júnior também homenageou Ortolan Os homenageados da noite e suas esposas Revista Canavieiros - Dezembro de 2008 17 Notícias Cocred Balancete Mensal Cooperativa de Crédito dos Plantadores de Cana de Sertãozinho BALANCETE - OUTUBRO/2008 Valores em Reais 18 Revista Canavieiros - Dezembro de 2008 Revista Canavieiros - Dezembro de 2008 19 Reportagem de Capa Broca Broca Gigante: Gigante: o o que que o o produtor produtor deve deve saber saber sobre sobre ela ela Carla Rossini A praga, cuja ocorrência se restringia às regiões Norte e Nordeste, já está no Estado de São Paulo que ataca a cana-de-açúcar na região Nordeste do Brasil. O inseto foi motivo de um Dia de Campo realizado na Fazenda Santa Rita de propriedade da Copercana (Terra Roxa), com todos os agrônomos e técnicos agrícolas do sistema Copercana, Canaoeste e Cocred. Pupa da Broca Gigante O treinamento foi realizado no dia 2 de dezembro, pelo especialista em tecnologia agroindustrial fitossanidade do CTC (Centro de Tecnologia Canavieira), Luiz Carlos de Almeida, que apresentou as características do inseto e manifestou sua preocupação em relação à disseminação desta praga que já ocupa uma área de aproximadamente 320 mil hectares no Nordeste, apresenta níveis de infestação na ordem de 7%, o que representa uma perda de cana-de-açúcar equivalente a R$ 34,5 milhões a cada safra. “Todos devem estar atentos para que a praga fique isolada nas regiões onde foi detectada, pois não são conhecidos, no Brasil, inimigos naturais eficientes na redução das populações da broca gigante”, alerta Almeida. No Estado de São Paulo, a broca gigante foi encontrada em julho de 2007, numa propriedade localizada no município de Limeira, em canavial cultivado com a variedade SP86-155. A hipótese mais provável é que tenha ocorrido a migração a partir de viveiros onde são cultivadas e comercializadas plantas ornamentais hospedeiras de brocas gigantes. Segundo Almeida, a praga apresenta características como fácil adaptação ao meio ambiente, proliferação rápida, elevada taxa de reprodução, capacidade de dispersão e provocam danos significativos as plantas. “Esses são os motivos que estão nos preocupando em treinar os agrônomos das associadas do CTC para o risco de infestação”, afirma. A s pragas que atacam a canade-açúcar são muitas e podem trazer conseqüências negativas aos canaviais, entre elas estão os cupins, bicudos, migdolus, cigarrinhas, brocas, entre outras. Se não controladas, essas espécies podem causar danos como a redução da produtividade agrícola e da qualidade da matéria-prima, além da redução da longevidade dos canaviais, conclusão: prejuízo direto no bolso do agricultor. Mas, entre todas essas pragas, uma está preocupando os institutos de pesquisas e profissionais do setor: a broca gigante (Telchin licus), considerada a mais importante praga endêmica 20 Revista Canavieiros - Dezembro de 2008 Agrônomos e técnicos do Sistema Copercana, Canaoeste e Cocred participaram do treinamento na Fazenda Santa Rita em Terra Roxa Reportagem de Capa produtores, a eficiência do método é comprometida. São estimadas perdas de, em média, 0,43% em peso e de 0,66% na pol% cana a cada 1% de intensidade de infestação causada por Telchin licus. Larva de Telchin licus A Broca Gigante Os adultos possuem hábito diurno e são de coloração escura com manchas e faixa transversal branca nas asas anteriores e faixa transversal branca mais largas e manchas alaranjadas na margem externa das asas posteriores, e vivem por um período de 10 a 15 dias. As fêmeas, após o acasalamento, efetuam as posturas na base das touceiras e apresentam uma capacidade de ovoposição de 50 a 100 ovos. As larvas são de coloração branco-leitosa e apresentam um período de desenvolvimento de cerca de 110 dias e, próximo da mudança de fase, permanecem nos internódios basais, abaixo do nível do solo, prejudicando a brotação das soqueiras e causando falhas no stand nos cortes seguintes. A praga ainda causa danos na base dos perfilhos e nos colmos. Existem restrições quanto ao uso de controle químico, principalmente em função do comportamento de larvas e pupas da praga, que permanecem abrigadas nos internódios basais, abaixo do nível do solo, fora do alcance dos inseticidas em sistema convencionais de aplicação. Monitoramento Segundo Almeida, o monitoramento desta praga deve ser realizado nas áreas suspeitas, avaliando 18 touceiras de cana por hectare. “É recomendado priorizar áreas próximas de viveiros de plantas ornamentais e áreas de reforma com atenção aos tipos de danos ocorridos nas touceiras e também as forma biológicas encontradas. Os dados devem ser registrados para serem analisados”, explica o especialista. O levantamento de ocorrência da broca gigante também deve ser realizado por volta de três meses após a brotação da soqueira, direcionando a pro- Sintoma de ataque de T. licus “coração morto” Luiz Carlos de Almeida especialista em tecnologia agroindustrial fitossanidade do CTC cura da praga em canas que apresentam o sintoma de coração morto. Fonte e Fotos: CTC Métodos de Controle O método de controle utilizado por um grande número de produtores, na região Nordeste, consiste na retirada dos rizomas infestados e catação das formas biológicas presentes. Se utilizado em larga escala, pode contribuir para a redução da população da praga. Porém, se realizado por apenas alguns Revista Canavieiros - Dezembro de 2008 21 22 Revista Canavieiros - Dezembro de 2008 Revista Canavieiros - Dezembro de 2008 23 Destaque IAC IAC lança lança publicação publicação e e inaugura centro de convenções Carla Rodrigues Solenidade reuniu autoridades e profissionais da área O IAC (Instituto Agrônomo) lançou no último dia 30 o livro “Cana-de-Açúcar”, a mais completa obra sobre a cultura. A última publicação que abordou a cana de forma ampla havia sido lançada há 21 anos. Com 882 páginas e 41 capítulos, o livro aborda dez áreas temáticas – história, plantas, melhoramento genético e manejo varietal, ambientes de produção, nutrição e adubação, fitossanidade, tecnologia de produção, cana-de-açúcar para fins diversos, estatística e experimentação, aspectos econômicos e ambientais. A obra tem a participação de 72 autores de diversas instituições de pesquisa. Além de autores do IAC, participam pesquisadores do Instituto Biológico, do Instituto de Economia Agrícola e de Pólos da APTA, todos unidades de pesquisa da Secretaria Estadual de Agricultura. Orlando Melo de Castro, diretor do IAC, Antônio Eduardo Tonielo, presidente da Copercana e Cocred, João Sampaio, secretário da Agricultura de São Paulo, Pedro Esrael Bighetti, diretor da Copercana e Ismael Perina, presidente da Orplana Na mesma solenidade, foi inaugurado o Centro de Convenções Canade-Açúcar, construído em parceria com a iniciativa privada. Foram investidos R$ 800 mil e a infra-estrutura do local com cabines de tradução simultânea, sala de reuniões e 380 lugares - permite a realização de reuniões técnicas, fóruns e seminários. O pesquisador e diretor do Centro de Cana do IAC, Marcos Guimarães de Andrade Landell, foi um dos editores, juntamente com os pesquisadores Leila Luci Dinardo Miranda e Antônio Carlos Machado de Vasconcelos. Para os autores do livro, a obra veio para promover e difundir o conhecimento entre os profissionais da área e colocar nas mãos de produtores, estudantes e agrônomos conceitos mais atuais do setor. “Queremos que o produtor veja de uma forma mais simplificada o que o cerca no dia-a-dia”, afirma Leila. Leila Luci Dinardo Miranda e Marcos Guimarães de Andrade Landell A idéia de se construir um centro de convenções surgiu da necessidade do grupo fitotécnico, criado há 12 anos e que reúne profissionais de várias regiões do país, em dispor de um local para suas reuniões. O secretário estadual de Agricultura, João Sampaio, ressaltou a importância do centro de convenções. “Isso vai ser um templo de onde vão sair as mais belas idéias para o setor sucroalcooleiro”, disse. Ele adiantou que o investimento para as pesquisas vai continuar mesmo com a crise, assumindo durante o evento o compromisso da implantação de uma câmara de hibridação no Centro de Cana do IAC. Além do secretário, participaram do evento o prefeito Welson Gasparini, a deputada estadual e prefeita eleita de Ribeirão, Dárcy Vera, o deputado estadual Baleia Rossi e o federal Duarte Nogueira, o presidente da Orplana, Ismael Perina Junior, o coordenador da APTA (Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio), Orlando de Castro, e o diretor do IAC, Marco Teixeira. Serviço: os interessados podem obter o livro no Centro de Cana, em Ribeirão Preto, e na Sede do IAC, em Campinas. Preço: R$ 210,00 (mais as tarifas de envio, se for o caso). 24 Revista Canavieiros - Dezembro de 2008 Destaque 9º Congresso Nacional da Stab F oi realizado de 16 a 21 de novem bro de 2008, no Centro Cultural e de Convenções de Maceió/AL, o 9º Congresso Nacional da Stab (Sociedade dos Técnicos Açucareiros e Alcooleiros do Brasil), evento que não acontecia em Maceió desde 1996, reunindo os melhores e maiores profissionais do setor sucroalcooleiro do Brasil. Os mais recentes avanços tecnológicos das áreas agrícola, industrial e administrativa foram apresentados em 163 sessões plenárias com apresentação de trabalhos técnicos e científicos e conferências de especialistas de reconhecida experiência, bem como discutidos nas visitas técnicas agrícolas e industriais programadas às duas das maiores unidades agroindustriais da região, Usina Caeté – município de São Miguel dos Campos/AL (visita 17/11), e Usina Coruripe, município de Coruripe (visita 18/11). Os trabalhos técnico-científicos inscritos (um recorde na história dos Congressos da STAB) foram divididos e apresentados nas seguintes áreas: - Melhoramento Genético e Biotecnologia; - Fitossanidade, Maturadores e Controle de Plantas Daninhas; - Fitotecnia, Fisiologia e Irrigação; - Recursos Humanos e Gestão Sócio Ambiental; - Indústria; - Sessão Pôster. Entre os trabalhos apresentados, o diretor da Canaoeste, Luiz Carlos Tasso Junior e o gerente do departamento Técnico da Canaoeste, Gustavo de Al- meida Nogueira apresentaram dois trabalhos em plenária e um em sessão de pôster, representando o sistema Copercana, Canaoeste e Cocred. Além da apresentação de todos estes trabalhos uma conferência sobre o mercado de biocombustíveis foi proferida pelo ex-ministro da agricultura, o Sr. Roberto Rodrigues. Os interessados em conhecer os trabalhos do diretor da Canaoeste, Luiz Carlos Tasso Junior e o gerente do departamento Técnico da Canaoeste, Gustavo de Almeida Nogueira na íntegra, podem acessar o site Canaoeste – www.canaoeste.com.br Revista Canavieiros - Dezembro de 2008 25 Informações Setoriais CHUVAS DE NOVEMBRO e e Prognósticos Prognósticos Climáticos Climáticos S ão apresentadas, no quadro abaixo, as chuvas que ocorreram durante o mês de NOVEMBRO de 2008 em vários locais da região de abrangência da CANAOESTE. Engº Agrônomo Oswaldo Alonso Assessor Técnico Canaoeste A média das observações de chuvas que ocorreram durante este mês de NOVEMBRO “ficou” abaixo da normal climática, com exceção da Açúcar Guarani, Donegá-Dumont, CFM-Pitangueiras, IAC-Ribeirão Preto e Usina MB, que ficaram próximas ou acima das respectivas médias históricas, mostrando a irregularidade de distribuição das chuvas na região. Mapa 1: Água Disponível no Solo, ao final de NOVEMBRO de 2007. Ao final de NOVEMBRO de 2007, com pequenas exceções, o índice de Água Disponível no Solo encontravase baixo a crítico em quase toda área canavieira do Estado, como mostrado pelo Mapa 1. Em novembro deste ano, no Mapa 2, nota-se que as melhores condições hídricas do solo ficaram concentradas em toda faixa leste e extremo Noroeste do Estado de São Paulo, acentuando ainda mais as adversidades de umidade do solo nas Regiões de Araçatuba, Araraquara, Catanduva e São José do Rio Preto e parte da de Barretos e Ribeirão Preto. 26 Revista Canavieiros - Dezembro de 2008 ÁGUA, ÁGUA, usar usar s s Protejam Protejam e e preservem preservem as as na na Informações Setoriais Mapa 2: Água Disponível no Solo, ao final de NOVEMBRO de 2008. Para subsidiar planejamentos de atividades futuras, a CANAOESTE resume o prognóstico climático de consenso entre INMET-Instituto Nacional de Meteorologia e INPE-Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais para os meses de dezembro e janeiro. O monitoramento das temperaturas da superfície do mar (TSM), ao longo da faixa equatorial no Oceano Pacífico Oeste, indica neutralidade climática para os meses de verão. Logo, para as áreas sucroenergéticas da Região Centro-Sul do Brasil, estima-se que : · A temperatura média ficará próxima da normalidade climática; · Quanto às chuvas, prevêem-se que serão próximas das respectivas médias históricas em praticamente toda área sucroenergética da Região Centro -Sul do Brasil; · Como referência, as médias históricas das chuvas, pelo Centro AptaIAC - Ribeirão Preto e municípios próximos, são próximas de 270mm em dezembro e de 280mm em janeiro. · A previsão elaborada pela SOMAR Meteorologia e interpretadas para a região de abrangência da CANAOESTE mostra que, durante o mês de dezembro, tanto a temperatura média como as chuvas poderão ficar próximas das médias históricas; enquanto que, em janeiro, a temperatura será próxima e as chuvas ligeiramente acima das normais climáticas. Face a essas previsões, recomenda-se que fiquem atentos ao monitoramento e atenções com a cigarrinha das raízes. Persistindo dúvidas, consultem os Técnicos CANAOESTE mais próximos. sem sem abusar abusar !! nascentes nascentes e e cursos cursos d’água. d’água. Revista Canavieiros - Dezembro de 2008 27 Artigo Técnico Por Por que que a a lavagem lavagem de de cana cana a a seco? seco? Jair Rosas da Silva* Sem se descurar dos outros aspectos igualmente importantes, a sustentabilidade, nesse e em outros casos, é um dos enfoques que tem sido considerado prioritário pelos técnicos do Centro de Engenharia e Automação do IAC, em função de uma ameaça oriunda do emprego generalizado e indiscriminado de água pelos setores industrial e agrícola de nosso país, especialmente quando se observa a expansão do setor sucroalcooleiro, um dos mais expressivos usuários dessa benesse natural. Em 1990, quando o governo instituiu o primeiro plano estadual de recursos hídricos, a captação de água pelas usinas era de 5,54 m³ por tonelada de cana processada, o que representava 13% do consumo total no Estado. Em 2005, esse valor médio passou a 1,83, segundo a Unica. Assim, houve um progresso nesse sentido. Mas, se multiplicarmos esse valor, que está próximo do atual, pela tonelagem de cana prevista pela Unica para a safra 2008/09 (487 milhões de toneladas), chegamos à cifra astronômica de 891,2 milhões de m³ para esse consumo de água, apenas pelo setor sucroalcoolei28 Revista Canavieiros - Dezembro de 2008 ro, sem considerar as demais indústrias. Acrescente-se que para a produção de cada litro de etanol, são consumidos cerca de 20 litros de água. A se considerar o nível mundial, a cada década a água está se tornando um insumo cada vez mais escasso. Há informes que na Alemanha, um dos países mais industrializados do mundo, já não existe água pura. A História mostra que civilizações evoluídas desapareceram a partir do uso indiscriminado de recursos naturais, como os maias na América Central, os habitantes da Ilha de Páscoa, no Oceano Pacífico. No Brasil, por exemplo, temos áreas em diferentes estágios no processo de desertificação, nas regiões nordeste, no norte do Estado de Minas Gerais e no sul do Rio Grande do Sul. O Brasil é um país privilegiado quanto às reservas naturais de água doce. Detém cerca de 25% das águas doces frescas do mundo. Temos algumas importantes bacias hidrográficas, como a do Rio Amazonas e seus afluentes, que despeja 210.000 m³/s de água do Oceano Atlântico, dos rios Paraná, São Francisco e outros. O Aquífero Guarani é um dos mais importantes mananciais de água doce subterrânea do mundo, presente no Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. No Brasil, o aquífero abrange o Estado de Mato Grosso do Sul e a maior parte de toda a região Sudeste. Um estudo realizado no campus da UNESP de Rio Claro levantou a direção e velocidade do fluxo da água, a geometria, as zonas de recarga e descarga do aquífero e a qualidade da água. No Estado de São Paulo foram identificadas as regiões de Botucatu, Brotas, Itirapina e Santa Rita do Passa Quatro como zonas de recarga do Aquífero e, em vista disso, em tais regiões devem ser prioritariamente evitadas atividades poluidoras do lençol. Observou que a Fotos divulgação E m rápidas palavras e de um modo bastante amplo, a missão do Instituto Agronômico de Campinas, integrante da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, é gerar e transferir tecnologia para o agronegócio. Contudo, fica implícito e subentendido que qualquer tecnologia gerada, adotada ou difundida deve se apoiar em um tripé formado pelo balisamento da sustentabilidade, do social e do aspecto econômico. O conceito de sustentabilidade, segundo a ONU, é o atendimento às necessidades atuais sem comprometer as gerações futuras. Daí a preocupação dos técnicos do IAC quanto à lavagem da cana a seco. velocidade do fluxo e a reposição da água são menores do que se imaginava. E que existem contaminações por compostos químicos principalmente no Oeste Paulista, no Paraná, no Paraguai e nas áreas fronteiriças entre Brasil e Uruguai e entre Uruguai e Argentina. As regiões de Ribeirão Preto e Araçatuba, entre outras, promovem uso intensivo desse manancial de água subterrânea para abastecimento urbano. Artigo Técnico Entre 12 a 15% do abastecimento da cidade de São Paulo é realizado por captação de água subterrânea. Em outras cidades, hospitais, shoppings, postos de combustíveis, indústrias e empresas efetuam bombeamento por meio de poços artesianos. Assim, os fatos demonstram que não estamos sabendo bem utilizar essa profusão de recursos hídricos, haja vista a condição em que hoje sobrevive o rio Tietê quando este atravessa a Região Metropolitana de São Paulo e, no percurso, recebe a maior parte do esgotamento industrial, o rio Paraíba do Sul, quando cruza áreas fabris densamente povoadas dos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo, apenas para citar alguns exemplos. No exterior, há exemplos dignos de menção quanto ao gerenciamento da água que cruza áreas densamente urbanizadas. Em Londres, anteriormente o rio Tâmisa era completamente poluído, principalmente por descargas industriais e urbanas, entretanto, um programa de controle rigoroso de esgotamento industrial e doméstico resultou em sua completa despoluição. O rio Sena, em Paris, em situação idêntica, hoje ostenta praias e piscinas artificiais. No Brasil, podemos citar a indústria têxtil Covolan, de Santa Bárbara do Oeste, SP, que há alguns anos percebeu a redução do lençol freático de alimentação de três poços artesianos que abasteciam a empresa. Construiu sistema de tratamento e reaproveitamento de água, efetuando hoje um reuso de 70% do líquido, que é devolvida ao rio Capivari sob rigoroso controle. Devido a esse conjunto de ações, a FIESP outorgou à empresa em 2007 o Prêmio de Conservação e Reuso da Água. A indústria sucroalcooleira utiliza água na maior parte de seu processamento industrial: inicialmente, na produção de matéria-prima, por fertirrigação dos canaviais, na lavagem da cana, no resfriamento de equipamentos, na produção de vácuo nos evaporadores, na lavagem de esteira e para usos diversos. Somente na lavagem de cana uma usina ou destilaria pode consumir entre 2 a 30 m³ por tonelada. O Instituto de Economia Agrícola, órgão da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, previu para a safra 2008/ 09 o consumo de 1,7 milhões de metros cúbicos de água, nas usinas paulistas. Em vista do alto consumo de água doce pelos setores industrial e agrícola, de um modo geral, o governo federal em passado recente legislou e instituiu a cobrança pelo uso de corpos d‘água (rios, córregos, lagos, represas), que já está em vigor em alguns Estados, mas isso não é suficiente para resolver a questão, acreditamos. sa ação, são arrastadas as partículas leves, as palhas secas e verdes, a terra e a areia. As impurezas decantam na câmara de captação e são retiradas pelo fundo, que as conduzem a uma moega. Os rebolos sem impurezas caem em uma esteira transportadora e são conduzidos à fase de extração do caldo, onde se inicia o processamento industrial de produção de etanol, açúcar e energia elétrica. A limpeza da cana ao adentrar na usina ocorre devido à necessidade de retirada de impurezas minerais e orgânicas que acompanham a matéria prima, em função principalmente dos sistemas de colheita da cana utilizados. Se colhida por meio de máquinas colhedoras combinadas automotrizes, estas efetuam o corte raso próximo ou adjacente à superfície do solo e, por isso, conduzem terra e palha junto aos rebolos (frações de colmo) colhidos, muito embora haja sistemas de limpeza no interior dessas máquinas colhedoras. Se colhida manualmente, a queimada prévia da cana resulta no transporte de volume considerável de fuligem. Em ambos os casos, tais matérias estranhas prejudicam o processamento industrial para obtenção de açúcar, dos diversos tipos de etanol e a produção de energia nas turbinas de co-geração. Também é conveniente pensarmos em adotar outras tecnologias que visam reduzir o consumo de água no processamento industrial sucroalcooleiro, como o fechamento dos principais circuitos evaporativos, concentração do caldo, resfriamento, particulados, uso de concentrados, instalação de colunas barométricas, retentor de fuligem e recirculação e reuso de água. Especialistas opinam que a simples substituição do sistema tradicional de lavagem de cana pelo sistema a seco significa uma redução global no consumo de 2 m³ de água por tonelada de cana processada (de 21 para 19 m³/ton). A limpeza a seco consiste, resumidamente, no seguinte: após a entrada da matéria-prima na usina pela esteira de recepção ocorre a queda dos rebolos de cana da mesa alimentadora, momento em que jatos de ar fornecidos por um conjunto de possantes ventiladores passam por entre a massa de rebolos que foram anteriormente recebidos pela esteira de recepção e, nes- A lavagem de cana pelo sistema tradicional só se justifica esporadicamente, em casos de muita impureza, como em dias de chuva, por exemplo. Uma das tecnologias inovadoras e eficazes no sentido de economizar a água captada no meio ambiente é trabalhar com a água contida na própria cana, considerando-se que cada tonelada de cana contém cerca de 710 litros de água. Essa tecnologia está sendo desenvolvida no Brasil, conhecida como uso de águas condensadas, recupera a água contida no rebolo de cana e a usa em todo o processo industrial e ainda tem condições de exportar o volume excedente. Assim, em futuro não muito distante, não haverá necessidade de captação de água no meio ambiente e as usinas, além de produzirem etanol e açúcar, produzirão também água, tal como realiza hoje com a energia elétrica. Esses e outros assuntos serão debatidos em reunião técnica a ser realizada no Centro de Engenharia Agrícola do IAC a 17 de março próximo, em Jundiaí, para o qual estão todos convidados. *engenheiro agrônomo, pesquisador do Centro de Engenharia do IAC. E-mail: [email protected] Revista Canavieiros - Dezembro de 2008 29 Legislação QUEIMA DE CANA - Competência do município para legislar proibindo a queima de cana sofre mais uma derrota. Agora, no Supremo Tribunal Federal F oi publicado no Diário da Justiça de 17 de novembro de 2008, a decisão do Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dr. Eros Grau, concedendo liminar no sentido de suspender a eficácia da Lei Municipal nº 1.952, de Paulínia-SP., que proibiu “o emprego do fogo para fins de limpeza e preparo do solo, inclusive para o preparo do plantio e para a colheita de cana-de-açúcar”. O texto da liminar anula os efeitos da decisão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, que julgou improcedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade contra a lei municipal. Segundo o sítio eletrônico do STF, o “pedido de liminar foi formulado pelo Sindicato da Indústria da Fabricação do Álcool do Estado de São Paulo (Sifaesp) na Ação Cautelar (AC) 2071, ajuizada no STF para dar efeito suspensi- vo a um recurso extraordinário que questiona decisão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP), que julgou improcedente Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) proposta contra a lei municipal”. Como sabemos, alguns municípios vem promulgando leis que proíbem imediatamente o uso do fogo como método despalhador da cana-de-açúcar, em clara afronta à Lei Estadual nº 10.547/ 2000, alterada pela Lei nº 11.241,2002, assim como o Decreto Federal nº 2.661/ 98, que prevêem a eliminação gradativa de tal prática agrícola. Este cronograma existe no intuito de evitar, assim, um mal maior à sociedade civil, que poderá se organizar adequadamente para suportar e absorver a perda de postos de trabalho, além de possibilitar que os pequenos e médios produtores se adaptem à nova realidade. Em sua decisão, o Ministro Eros Grau observou que “o periculum in mora (perigo da demora) é evidente, na medida em que os industriários filiados ao Juliano Bortoloti - Advogado sindicato têm Departamento Jurídico Canaoeste suas atividades comprometidas em virtude da vedação imposta pela lei municipal, quando lei estadual disciplina toda a matéria”. Referida decisão tomada pela mais alta Corte do Poder Judiciário inibe que outros municípios tomem a mesma medida, de promulgar leis proibindo o uso do fogo como método despalhador da cana, afrontando a legislação vigente em nosso País. Desigualdade de tratamento entre meio urbano e o rural A o longo dos últimos anos, estamos presenciando o descompasso com que é tratado o meio rural e o meio urbano, principalmente na área ambiental. Exige-se do meio rural mais do que se exige do meio urbano, como se o culpado de todos os problemas ambientais fosse aquele, o que é uma tremenda inverdade. Sabemos que a maioria dos problemas ambientais ocorre na área urbana, tais como o despejo descontrolado de esgoto e resíduos industriais nos cursos d’águas, falta de tratamento de esgoto, deposição inadequada de resíduos orgânicos (lixão a céu aberto), emissão descontrolada de gases causadores do efeito estufa pelos veículos automotores, etc. Essa falta de tratamento isonômico entre o meio rural e urbano, vem incrustando nos proprietários/produtores rurais, principalmente nos pequenos e 3 30 0 Revista Canavieiros - Dezembro de 2008 Revista Canavieiros - Dezembro de 2008 médios, uma apatia e desinteresse pelas lides no campo, com a sua conseqüente migração à zona urbana. Em excelente artigo extraído da Revista Eletrônica Ambiente Brasil (www.ambientebrasil.com.br), edição nº 2849, de 29/11/2008, de autoria do Deputado Luciano Pizzatto, que é enge- nheiro florestal, especialista em direito socioambiental e empresário, além de ter sido diretor de Parques Nacionais e Reservas do IBDF/IBAMA 88/89, detentor, ainda, do 1º Prêmio Nacional de Ecologia, o aludido autor faz uma sátira desta situação que aqui iremos reproduzi-la na íntegra, para uma melhor reflexão das autoridades deste País. Legislação “Carta do Zé agricultor para Luis da cidade” Luis, Quanto tempo. Sou o Zé, seu colega de ginásio, que chegava sempre atrasado, pois a Kombi que pegava no ponto perto do sítio atrasava um pouco. Lembra, né, o do sapato sujo. A professora nunca entendeu que tinha de caminhar 4 km até o ponto da Kombi na ida e volta e o sapato sujava. Lembra? Se não, sou o Zé com sono... hehe. A Kombi parava às onze da noite no ponto de volta, e com a caminhada ia dormi lá pela uma, e o pai precisava de ajuda para ordenhá as vaca às 5h30 toda manhã. Dava um sono. Agora lembra, né Luis?! Pois é. Tô pensando em mudá ai com você. Não que seja ruim o sítio, aqui é uma maravilha. Mato, passarinho, ar bom. Só que acho que tô estragando a vida de você Luis, e teus amigo ai na cidade. To vendo todo mundo fala que nóis da agricultura estamo destruindo o meio ambiente. Veja só. O sitio do pai, que agora é meu (não te contei, ele morreu e tive que pará de estudá) fica só a meia hora ai da Capital, e depois dos 4 km a pé, só 10 minuto da sede do município. Mas continuo sem luz porque os poste não podem passar por uma tal de APPA que criaram aqui. A água vem do poço, uma maravilha, mas um homem veio e falô que tenho que fazê uma outorga e pagá uma taxa de uso, porque a água vai acabá. Se falô deve ser verdade. Pra ajudá com as 12 vaca de leite (o pai foi, né ...) contratei o Juca, filho do vizinho, carteira assinada, salário mínimo, morava no fundo de casa, comia com a gente, tudo de bão. Mas também veio outro homem aqui, e falô que se o Juca fosse ordenhá as 5:30 tinha que recebê mais, e não podia trabalha sábado e domingo (mas as vaca não param de faze leite no fim de semana). Também visito a casinha dele, e disse que o beliche tava 2 cm menor do que devia, e a lâmpada (tenho gerador, não te contei!) estava em cima do fogão era do tipo que se esquentasse podia explodi (não entendi?). A comida que nóis fazia junto tinha que fazê parte do salário dele. Bom, Luis, tive que pedi pro Juca voltá pra casa, desempregado, mas protegido agora pelo tal homem. Só que acho que não deu certo, soube que foi preso na cidade roubando comida. Do tal homem que veio protegê ele, não sei se tava junto. Na Capital também é assim né, Luis? Tua empregada vai pra uma casa boa toda noite, de carro, tranqüila. Você não deixa ela morá nas tal favela, ou beira de rio, porque senão te multam ou o homem vai aí mandar você dá casa boa, e um montão de outras coisa. É tudo igual aí né? Mas agora, eu e a Maria (lembra dela, casei) fazemo a ordenha as 5:30, levamo o leite de carroça até onde era o ponto da Kombi, e a cooperativa pega todo dia, se não chove. Se chove, perco o leite e dô pros porco. Até que o Juca fez economia pra nóis, pois antes me sobrava só um salário por mês, e agora eu e Maria temos sobrado dois salário por mês. Melhoro. Os porco não, pois também veio outro homem e disse que a distancia do rio não podia ser 20 metro e tinha que derruba tudo e fazer a 30 metro. Também colocá umas coisa pra protege o rio. Achei que ele tava certo e disse que ia fazê, e sozinho ia demorá uns trinta dia, só que mesmo assim ele me multô, e pra pagá vendi os porco e a pocilga, e fiquei só com as vaca. O promotor disse que desta vez por este crime não vai me prendê, e fez eu dá cesta básica pro orfanato. O Luis, ai quando vocês sujam o rio também paga multa né? Agora a água do poço posso pagá, mas to preocupado com a água do rio. Todo ele aqui deve ser como na tua cidade Luis, protegido, tem mato dos dois lado, as vaca não chegam nele, não tem erosão, a pocilga acabô .... Só que algo tá errado, pois ele fede e a água é preta e já subi o rio até a divisa da Capital, e ele vem todo sujo e fedendo ai da tua terra. Mas vocês não fazem isto né Luis. Pois aqui a multa é grande, e dá prisão. Cortá árvore então, vige. Tinha uma árvore grande que murcho e ia morre, então pedi pra eu tira, aproveitá a madeira pois até podia cair em cima da casa. Como ninguém respondeu ai do escritório que fui, pedi na Capital (não tem aqui não), depois de uns 8 mês, quando a árvore morreu e tava apodrecendo, resolvi tirar, e veja Luis, no outro dia já tinha um fiscal aqui e levei uma multa. Acho que desta vez me prende. Tô preocupado Luis, pois no radio deu que a nova Lei vai dá multa de 500,00 a 20.000,00 por hectare e por dia da propriedade que tenha algo errado por aqui. Calculei por 500,00 e vi que perco o sitio em uma semana. Então é melhor vendê, e ir morá onde todo mundo cuida da ecologia, pois não tem multa ai. Tem luz, carro, comida, rio limpo. Olha, não quero fazê nada errado, só falei das coisa por ter certeza que a Lei é pra todos nóis. E vou morar com você, Luis. Mais fique tranqüilo, vou usá o dinheiro primeiro pra compra aquela coisa branca, a geladeira, que aqui no sitio eu encho com tudo que produzo na roça, no pomar, com as vaquinha, e ai na cidade, diz que é fácil, é só abri e a comida tá lá, prontinha, fresquinha, sem precisá de nóis, os criminoso aqui da roça. Até Luis. Ah, desculpe Luis, não pude mandar a carta com papel reciclado pois não existe por aqui, mas não conte até eu vendê o sítio. (Todos os fatos e situações de multas e exigências são baseados em dados verdadeiros. A sátira não visa atenuar responsabilidades, mas alertar o quanto o tratamento ambiental é desigual e discricionário entre o meio rural e o meio urbano.)” Revista Canavieiros - Dezembro de 2008 Revista Canavieiros - Dezembro de 2008 3 31 1 Repercutiu N a inauguração do Centro de Convenções e lançamento do livro “Cana-de-açúcar”, no Centro de Cana do IAC, um dos principais assuntos foi a provável transferência da Agrishow de Ribeirão Preto para São Carlos. Leia o que disseram as lideranças. “Nós realizamos a Agrishow desde sua infância e hoje com quinze anos de feira, já na sua adolescência, não vamos deixar que ela saia da sua cidade. Iremos fazer de tudo para que a feira continue sendo organizada aqui em Ribeirão Preto.”. Deputada estadual e prefeita eleita de Ribeirão Preto, Darcy Vera. “Ribeirão Preto é o ponto do agronegócio e ninguém tira esse título da cidade. Os produtores querem vir na feira aqui e não em outro lugar.” Secretário da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, João Sampaio. “A Agrishow não sai de Ribeirão Preto, quem dá corpo à feira são os expositores, organizadores e visitantes, e eles preferem a feira em Ribeirão.” Deputado federal Duarte Nogueira, durante evento no Centro de Cana do IAC. “Em quinze anos de Agrishow aqui em Ribeirão Preto, nós demos tudo o que podíamos para a feira ser feita da melhor forma possível. Ribeirão tem a melhor infra-estrutura para acolher um evento deste tamanho do que qualquer outra cidade.” Prefeito de Ribeirão Preto, Welson Gasparini. MOÇÃO DEAPLAUSOS E CONGRATULAÇÕES No início de dezembro, o advogado Dr. Clóvis Aparecido Vanzella recebeu uma moção de aplausos e congratulações pelos relevantes serviços prestados à advocacia e à comunidade sertanezina. A moção é do vereador Dr. Ademir José Soldera e foi aprovada pela Câmara Municipal de Sertãozinho. 32 Revista Canavieiros - Dezembro de 2008 Revista Canavieiros - Dezembro de 2008 33 34 Revista Canavieiros - Dezembro de 2008 Safra Fabricação de álcool e açúcar bate mais um recorde Da redação A indústria sucroalcooleira vai encerrar a safra 2008 com 571,4 milhões de toneladas de canade-açúcar processadas, 13,9% a mais que a colheita passada. A área ocupada é de 8,5 milhões de hectares. O Centro-Sul será responsável pela moagem de 87,9% da cana e a região Norte/Nordeste por 12,1%. O volume é o maior já registrado no país. Os dados são do último levantamento desta safra, publicados na segunda-feira (15/12) pela Conab. Do total da produção para a indústria, 246 milhões de t (+6,7%) serão usadas na fabricação de 32,1 milhões de toneladas de açúcar. O etanol vai consumir 325,3milhões de toneladas de cana, um crescimento de 20,1.%, gerando 26,6 bilhões de litros de álcool, sendo 10,1 bilhões do tipo anidro (mistura- do à gasolina) e 16,5 bilhões do hidratado (utilizado diretamente nas bombas). Para ter idéia do tamanho desta safra, o volume processado pelas usinas equivale a aproximadamente 9,5 milhões de treminhões, veículos para o transporte de cana. Enfileirados, os caminhões com dois reboques e 60 toneladas, ocupariam cerca de 285 mil quilômetros de estradas. Segundo o presidente da estatal, Wagner Rossi, apesar da instabilidade do setor, registrada nos últimos meses, a valorização do dólar ajudou, em parte, o produtor a recuperar o preço de venda, estimulando as exportações. “Somos um dos maiores produtores de açúcar mundial e referência na fabricação de combustível a partir de matrizes de energias renováveis”, destaca. A produção total atingirá 651,5 milhões de toneladas. Para cachaça, rapadura e ra- ção animal serão destinadas 80,1 milhões de toneladas. A matéria-prima plantada em 315,9 mil hectares só irá para a indústria na próxima safra. Com as chuvas nos meses de abril e maio no Centro-Sul e atraso no início das operações de novas unidades de produção, os usineiros não tiveram tempo suficiente para moer toda a cana. Estados- O estado de São Paulo segue como maior produtor, com 340,5 milhões de toneladas de cana utilizada na fabricação de álcool e açúcar. Em seguida vem Minas Gerais, com o uso de 44,1 milhões de toneladas. Para realizar a pesquisa, 53 técnicos da Conab percorreram 388 usinas, entre os dias 2 e 22 de novembro. Eles entrevistaram representantes de usinas, entidades de classe, associações e cooperativas. Fonte: Conab Revista Canavieiros - Dezembro de 2008 35 Cultura Biblioteca Dica de Leitura “GENERAL ÁLVARO TAVARES CARMO” COMEMORA 36 ANOS “Cana-de-Açúcar” A publicação do livro “Cana-de-Açúcar” mostra a importância que esta cultura tem para o nosso país e como ela pode ser entendida por todos se explicada da maneira correta. Por esse motivo, o IAC (Instituo Agronômico) de Ribeirão Preto teve a idéia de escrever este livro, tornando-o uma verdadeira obra sobre a cana-de-açúcar. Embora o livro tenha sido dividido em vários capítulos, ele fala sobre a cana como um todo e não a dividindo em etapas de produção, o que torna a leitura agradável. Quem ler o livro encontrará informações sobre melhoramento genético, experimentação, ambientes de produção, nutrição, entre outros. Vale ressaltar que até o dia de seu lançamento, outras observações sobre a cana foram surgindo, tornando-o incompleto, mesmo sendo um livro desta grandeza. Os responsáveis por esta obra são os próprios pesquisadores do IAC, como Leila Luci Dinardo Miranda, diretora do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento do Centro de Cana do IAC, Antônio Carlos Machado de Vasconcelos (in memorian) e Marcos Guimarães de Andrade Landell, diretor do Centro de Cana do IAC e coordenador do Programa Cana IAC, sendo estes também os editores do livro. Além deles, o IAC recebeu ajuda de vários outros estudiosos da área e apoio financeiro de empresas. Além da obra “Música Caipira”, que o jornalista José Hamilton Ribeiro lançou no auditório da Canaoeste, a Canavieiros traz outras duas dicas de leitura do mesmo autor. "Os tropeiros" Livro feito para registrar os detalhes de uma marcha que mudou o rumo do país, vinda do Rio Grande do Sul a São Paulo. Com o apoio da Rede Globo e autoridades municipais e estaduais, cinco repórteres, incluindo José Hamilton Ribeiro, se revezaram numa viagem de 66 dias e 1.760 quilômetros montados em cima de uma mula para poder reproduzir para o Brasil o caminho feito por estes tropeiros no século 18 e 19. No livro pode ser encontrada cada minúcia dessa aventura e todas as informações de tudo aquilo que foi necessário e dito durante esta jornada. "O livro das Grandes Reportagens" Nesta leitura você pode encontrar histórias de jornalistas importantes registrando suas reportagens e lembranças inesquecíveis. Textos e descrições daquilo que foi vivido por eles durante encontros com Pelé, Monteiro Lobato, Aiatolá Khomeini, Allen Ginsberg, Zé Bilico, João Figueiredo, Buzz Aldrin e Leonel Brizola. William Waack, Jsé Hamilton Ribeiro, Joel Silveira, Luiz Carlos Azenha, entre outros, são alguns dos profissionais do quase você irá fazer parte de sua história. 36 Revista Canavieiros - Dezembro de 2008 N o dia 14 de dezembro a Biblioteca “Gene-ral Álvaro Tavares Carmo”, mais conhecida como Biblioteca da Canaoeste, completou 36 anos de história e dedicação. Ela foi fundada em 1972, pelo ex-presidente da Canaoeste, Fernandes dos Reis. Sempre com o objetivo de prestar os melhores serviços aos seus associados, a partir da fundação da Biblioteca a Canaoeste passou a ser incentivadora de cultura, levando muita informação e entretenimento aos fornecedores de cana e à comunidade. Atualmente a Biblioteca conta com um acervo de mais de 12 mil livros e também se tornou uma videoteca. Ela oferece livros e vídeos para diferentes áreas profissionais como contabilidade, marketing, direito e os livros técnicos para os agricultores. Segundo a bibliotecária Marcia Ferreira Pinto, o objetivo é “ajudar e incentivar os fornecedores e funcionários do sistema a adquirirem gosto pela leitura”. A Biblioteca da Canaoeste espera continuar contando com o interesse de todos os fornecedores e funcionários para dar seqüência a esta atividade, que é tão importante e admirada nos dia de hoje. Os interessados em conhecer as sugestões de leitura da Revista Canavieiros podem procurar a Biblioteca da Canaoeste, na Rua Augusto Zanini, nº1461 em Sertãozinho, ou pelo telefone (16)3946-3300 - Ramal 2016 Cultura Cultivando a Língua Portuguesa Esta coluna tem a intenção de maneira didática, esclarecer algumas dúvidas a respeito do português 1) Vivemos numa época de crise financeira,ONDE todos precisam economizar, disse Pedro. Não economize no Português, prezado amigo leitor! Sem Renata Carone crises na Língua Portuguesa com a explicação abaixo. Sborgia* Há confusão no uso do advérbio ONDE. Também funciona como pronome relativo, sempre exprimi a idéia de lugar. Por esse motivo, deve retomar um termo ou expressão que igualmente se refira a um lugar. No exemplo em questão, o onde está retomando a expressão “numa época”, que remete à idéia de tempo. O mais adequado seria, então, usar as formas “em que” ou “na qual”. Ex.: - Vivemos numa época de crise financeira, em que todos. - Vivemos em uma época de crise financeira, na qual todos. 2) “APARENTEMENTE TODOS PARECEM” gostar da idéia de confraternização na empresa. Menos a Língua Portuguesa com essa redundância. Prezado amigo leitor cuidado com a redundância. O advérbio “APARENTEMENTE” e o verbo “PARECER”(do exemplo acima) têm o mesmo radical e significado próximos. É redundante dizer que alguma coisa ou alguém “aparentemente parece”. Essa superabundância de termos (ou pleonasmo) é desnecessária na fala e/ou escrita. Em textos poéticos , a redundância pode criar belos efeitos estéticos (a chamada “licença poética”). 3) Final de Ano... Comemorações! Abraços... desejos... um “Kit” positivo para todos os queridos... Maria disse em “COMEMORAÇÃO AOS” 25 anos da empresa junto com o final de 2008 haverá uma bela festa! Vamos comemorar,então, corretamente! Comemoramos uma data especial, logo fazemos a COMEMORAÇÃO DE uma data especial (comemoração rege complemento introduzido pela preposição “DE”). Para a comemoração ser brindada por todos , a frase correta é: “...em comemoração dos 25 anos...” Um segundo complemento pode ser necessário à frase para indicar COM QUE COMPANHIA se comemora a tal data especial. Assim, comemora-se algo com alguém ou faz-se comemoração de algo com alguém. Outro exemplo correto: Em comemoração aos 25 anos da empresa (algo) junto com o aniversário de Maria (alguém) haverá uma bela festa! * Advogada e Prof.ª de Português e Inglês Mestra—USP/RP, Especialista em Língua Portuguesa, Consultora de Português, MBA em Direito e Gestão Educacional, escreveu a Gramática Português Sem Segredos (Ed. Madras) com Miriam M. Grisolia MEUS QUERIDOS LEITORES: Cá estamos findando mais um Ano... Cá a minha felicidade em findar um Ano com vocês... Cá estou desejando o que todos desejam de um jeito especial de desejar... Cá agradeço por tê-los comigo no final de mais um ano e iniciando outro: 2009! Cá desejo, para mim, para todos vocês, meus sempre queridos leitores muitos Anos para comemorarmos... Cá desejo com afeto, recheado de alegria e amigos, um coração que queira desejos realizáveis ... Cá, segundo Fernando Pessoa, desejo “...Esse rio sem fim”... Cá, segundo Drummond, desejo “...a melhor coisa da vida: O Amor”. Com todo o meu carinho e sempre grata Renata PARAVOCÊ PENSAR: NÃO DEIXE O AMOR PASSAR Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida. Se os olhares se cruzarem e, neste momento,houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu. Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem d’água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês. Se o primeiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se à vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou um presente: O Amor. Por isso, preste atenção nos sinais - não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: O AMOR. Carlos Drummond de Andrade Revista Canavieiros - Dezembro de 2008 37 Troca-se ou Vende-se Caminhão Mercedes Benz 2219, 1978, motor 1525 turbinado e câmbio 232585. Com documentação de Inmetro. Tratar com Alexandre Peres pelos telefones (17) 3817-8040 ou (17) 8124-8554. Vendem -se · Um trator Valtra 1880-S, gabinado, ano 1999 com 7000hrs. · Um trator Massey Fergusson 640 x 4, ano 1994 em ótimo estado de conservação. · Um trator Massey Fergusson 290, ano 1994 em ótimo estado de conservação. · Um subsolador com 07 hastes. Marca Feroldi, semi-novo. · Um aplicador de calcário, Marca Tatu, 5.500 kg ano 2007. · Uma S-10, 2.8, interculer, diesel, ano 2000. · Uma F-1000, cabine dupla, ano 1982. Tratar com o cooperado José Ricardo de Castro (Pontal), pelos telefones (16) 9175-3244 / (16) 3953-1453. Troca-se 600 hectares no Tocantins, plana, por caminhão canavieiro semi-novo traçado. 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