Digestibilidade da matéria seca e dos nutrientes de rações com quatro níveis de substituição do
farelo de soja pelo farelo de mamona1
Magno José Duarte Cândido2, Davi Cavalcante de Aquino3, Bruno César Moura de Oliveira4,
Pedro Chagas de Oliveira Neto3, Liandro Torres Beserra3, Abner José Girão Meneses3
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Pesquisa financiada pelo consórcio CENP Energia e pela Agência Nacional de Energia Elétrica-ANEEL
Departamento de Zootecnia - UFC. Professor Adjunto. e-mail: [email protected]
Estudante de graduação em Zootecnia – UFC pedroneto65 gmail com, [email protected]
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Estudante de graduação em Agronomia – UFC, [email protected]
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Resumo: Objetivou-se avaliar o efeito da utilização de quatro níveis de substituição do farelo de
soja pelo farelo de mamona em rações para ovinos, por meio de ensaio de digestibilidade in vivo.
Avaliou-se a digestibilidade da matéria seca (MS), fibra indigestivel em detergente neutro (FDN), fibra
indigestivel em detergente ácido (FDA)e proteína bruta (PB). A substituição do farelo de soja pelo farelo
de mamona não influenciou a digestibilidade da MS, das dietas assim como também não influenciou a
digestibilidade da FDN, FDA, PB. Observou-se também ausência de efeito dos níveis crescentes de
substituição, obtendo-se um valor médio de 70,52; 56,33; 51,48 e de 79,05% para as digestibilidades da
matéria seca, FDN, FDA e proteína bruta. As digestibilidades obtidas, embora sem apresnetar diferenças
signficativas, apresentaram-se elevadas, o que demonstra a alta densidade energética das rações
formuladas. Embora não tenha havido diferença significativa com os níveis de substituição do farelo de
soja pelo de mamona, há um risco de diminuição na digestibilidade da FDA, devendo a escolha do
melhor nível de substituição levar em conta critérios produtivos e econômicos.
Palavras–chave: biodiesel, coprodutos da agroindústria, matriz energética, impacto ambiental, ovinos,
Pennisetum purpurem Schum.
Dry matter and nutrients digestibility of ratios with four replacing levels of soybean meal by castor
meal
Abstract: The utilization of four substitution levels of soybean meal for castor meal in sheep diets was
evaluated by means of in vivo digestibilities assays. The dry matter, neutral detergent fiber, acid
detergent fiber and crude protein digestibilities were evaluated. The replace of soybean meal by castor
meal did not affect the dry matter, neutral detergent fiber, acid detergent fiber and crude protein
digestibilities. Absence of increasing replacing levels effects was also observed, averaging 70.52; 56.33;
51.48 and 79.05% of dry matter, neutral detergent fiber, acid detergent fiber and crude protein
digestibilities, respectively, although the digestibilities figures observed were high, showing the high
energetic density of the formulated diets. Although there was any difference among the replacing levels,
there is a risk of reducing the acid detergent fiber digestibility, obligating the choice for one level of
replacing to consider productive and economic aspects.
Keywords: biodiesel, agroindustrial coproducts, energetic matrix, environmental impact, sheep,
Pennisetum purpureum Schum.
Introdução
Atualmente a grande procura por combustíveis renováveis tem aumentado o interesse no cultivo e
processamento de oleaginosas para produção de combustíveis como o biodiesel e lubrificantes. O
aumento da produção destes produtos tem gerado coprodutos que podem ser utilizados na alimentação
animal, agregando valor aos mesmos. A utilização da Mamona (‘Ricinus communis’) para extração de
óleo é uma boa opção para o Nordeste, devido à sua boa adaptação à região, especialmente no tocante
baixa exigência hídrica, e à boa produção de óleo. A extração do óleo da mamona por solventes gera o
farelo de mamona (FM), um coproduto que term sido amplamente utilizado como adubo orgânico, mas
que teria grande agregação de valor se pudesse ser utilizado na forma de ração animal. O FM tem grande
potencial para ser utilizado em rações de ruminantes substituindo fontes protéicas como o farelo de soja,
desde que as limitações relacionadas à sua toxidez e alergenicidade sejam superadas (Severino, 2005).
Este trabalho foi conduzido com o objetivo de avaliar a digestibilidade aparente de rações contendo
quatro níveis de substituição do farelo de soja pelo farelo de mamona.
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Material e Métodos
Esta pesquisa foi desenvolvida no Núcleo de Ensino e Estudos em Forragicultura –
NEEF/DZ/CCA/UFC (www.npf.ufc.br), no Campus do Pici, em Fortaleza, Ceará. Avaliou-se o efeito de
quatro níveis de substituição do farelo de soja pelo farelo de mamona (0; 33; 66 e 100% de substituição)
sobre a digestibiliade da matéria seca e dos nutrientes em ovinos. O delineamento utilizado foi quadrado
latino 4x4 duplicado, com quatro períodos e oito unidades experimentais (ovinos). O FM foi doado pela
empresa BOM-Brasil, Óleo de Mamona Ltda., em Salvador, Bahia. As rações tinham como ingredientes:
milho em grão, farelo de soja (FS), FM, uréia, fosfato bicálcico, sal comum e areia lavada de rio. O
volumoso utilizado foi feno de capim elefante, originado do campo avançado do NEEF, na Fazenda
Experimental Vale do Curú-FEVC/CCA/UFC, e foi cortado com aproximadamente 75 dias de idade. A
relação volumosos concentrado utilizada foi de 40-60, com o objetivo de aumentar a influência do
concentrado na dieta. Estas foram formuladas de modo que fossem isoprotéicas, isofibrosas e
isoenergéticas. Foram utilizados oito carneiros inteiros ½ “sangue” morada nova de aproximadamente
seis meses, alojados em gaiolas de metabolismo. A dieta era fornecida duas vezes ao dia e as sobras
coletadas na manhã do dia seguinte. Procurou-se ajustar o fornecido para uma sobra de 15% do
fornecido. Cada período constava de vinte e um dias, sendo quatorze de adaptação e sete de coleta. No
período de coletas era registrado o peso do alimento fornecido, das sobras, das fezes e medido o volume
da urina. Eram coletados diariamente 10% do volume do alimento fornecido, sobras, fezes e urina. Todo
o material foi levado ao Laboratório de Nutrição Animal do DZ/CCA/UFC, onde foram determinados os
teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente
ácido (FDA), segundo metodologia descrita por Silva & Queiroz (2002). Os dados foram
estatisticamente analisados por meio de análise de variância, teste de comparação de médias e análise de
regressão. Na comparação de médias, adotou-se o teste de Tukey, ao nível de 5,0% de probabilidade. Na
análise de regressão, adotou-se o teste “t”, de Student, ao nível de 10,0% de probabilidade. Como
ferramenta de auxílio às análises, foram empregados os procedimentos GLM e REG, do pacote
estatístico SAS (SAS Institute, 2003).
Resultados e Discussão
As médias dos teores de MS, PB, FDN, FDA da digestibilidade das dietas encontram-se na Tabela
1. A substituição do farelo de soja pelo farelo de mamona não influenciou a digestibilidade da MS, das
dietas assim como também não influenciou a digestibilidade da FDN, FDA, PB (P>0,05). Efetuada a
análise de regressão, observou-se também ausência de efeito (P>0,05), obtendo-se um valor médio de
70,52; 56,33; 51,48 e de 79,05 para as digestibilidades da matéria seca, FDN, FDA e proteína bruta. As
digestibilidades obtidas, embora sem apresentar diferenças significativas, apresentaram-se elevadas, o
que demonstra a alta densidade energética das rações formuladas. Embora não tenha havido diferença
significativa com os níveis de substituição do farelo de soja pelo de mamona, há um risco de diminuição
na digestibilidade da FDA (P≤0,14), devendo a escolha do melhor nível de substituição levar em conta
critérios produtivos e econômicos. De modo geral, os coeficientes de digestibilidade observados foram
elevados, o que demonstra o elevado valor nutricional das rações experimentais.
Tabela 1 Digestibilidade da matéria seca (MS), da fibra em detergente neutro (FDN), da fibra em
detergente ácido (FDA) e da proteína bruta de dietas contendo quatro níveis de substituição
do farelo de soja pelo farelo de mamona
Variável
DMS
DFDN
DFDA
DPB
Nível de substituição do farelo de soja pelo farelo de mamona (%)
0
33
66
100
73,1a
70,9a
69,7a
68,4a
59,0a
58,2a
55,4a
52,7a
57,1a
55,5a
47,4a
46,0a
81,3a
79,4a
78,7a
76,8a
Regressão
Y = 70,52
Y = 56,33
Y = 51,48
Y = 79,05
Médias na mesma linha seguidas de letras semelhantes, não diferem (P>0,05) pelo teste de Tukey.
Conclusões
A substituição do farelo de soja pelo farelo de mamona destoxicado não afetou a digestibilidade
da matéria seca nem dos nutrientes, mas o melhor nível de substituição deve ser analisado com base em
critérios produtivos e econômicos.
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Agradecimentos
À Empresa BOM-Brasil, Óleo de Mamona Ltda., pela concessão do farelo de mamona utilizado na
pesquisa.
Literatura citada
SAS INSTITUTE. SAS system for windows. Version 9.1. Cary: SAS Institute Inc. 2003. 2 CD-ROMs.
SEVERINO, L.S. O que sabemos sobre a torta de mamona. Campina Grande: EMBRAPA-Algodão,
2005. 31p. (EMBRAPA-Algodão. Documentos, 134)
SILVA, D.J.; QUEIROZ, A.C. Análises de Alimentos : Métodos químicos e biológicos. Viçosa:
Universidade Federal de Viçosa, 2002. 235p.
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