Projeto de Pastoral na Universidade – PUC.Minas Introdução Este projeto tem o objetivo de apresentar a proposta de efetivação de uma pastoral na PUC.Minas. Antes de mais nada, é preciso esclarecer de que tipo de pastoral se fala neste documento. A história testemunha na vida da Igreja dois modelos básicos de pastoral na universidade: a Pastoral Universitária (PU), estruturada em consonância com a organização da Igreja no Brasil e destacando-se pelo protagonismo do jovem universitário; e uma outra experiência, nomeada Pastoral da Universidade (PdU), que se aglutinou em torno da Associação Brasileira de Escolas Superiores Católicas (Abesc), contando com uma marcada iniciativa institucional.1 Na esteira dessas experiências que nos antecederam, entendemos a pastoral não como uma organização totalmente autônoma de estudantes, nem como uma espécie de concessão da universidade. Entre autonomia e concessão, queremos uma pastoral que seja um serviço, que se concretiza pela livre adesão ao projeto evangelizador e que, por outro lado, recebe da instituição os recursos humanos e materiais para a eficácia das ações empreendidas. Ela envolve, assim, os diversos integrantes da comunidade universitária e articula pessoas e instituição, atuando em comunhão efetiva com os demais projetos da própria universidade (ensino, pesquisa e extensão) e contribuindo, dessa forma, para a realização de sua missão A este modelo chamamos de Pastoral na Universidade. Sendo presença da Igreja no mundo universitário, ela é parte integrante da Pastoral de Conjunto da Arquidiocese de Belo Horizonte e demais dioceses onde a PUC.Minas está presente. Para apresentar esta proposta, faremos primeiro uma contextualização das mutações pelas quais atravessa a sociedade e a universidade. Em seguida, apresentaremos brevemente a missão e história da PUC.Minas. Por fim, traçaremos as orientações gerais da Pastoral na Universidade, suas propostas de ação e metodologia. 1. A Igreja e a Modernidade A irrupção da modernidade provocou uma cisão que parecia comprometer toda forma de diálogo entre a instituição já milenar da Igreja e as novas formas que 1 Associação Brasileira de Escolas Superiores Católicas. A pastoral da universidade. Recife: Fundação dos Santos Abranches – FASA, 2002. Cf. tb.: ALVES, Vicente Paulo. Universidade em Pastoral. Petrópolis, Vozes, 2002. 2 revestiam o Ocidente que, no entanto, ela mesma tinha ajudado a plasmar. O desenvolvimento das ciências, promovido e cultivado nas escolas e universidades criadas pela Igreja, se independizou. A busca da plena autonomia do entendimento se opôs a todo e qualquer conhecimento que não fosse experimental e equacionável, elaborando uma visão do mundo que não se baseava mais numa ordem da criação feita por Deus. Também o progresso das técnicas migrou dos mosteiros para as oficinas e os laboratórios, parecendo à Igreja tender a fins que escapavam da sua ética e orientação efetiva. A própria Razão, herança dos gregos, recolhida e trabalhada pela Igreja na sua concepção de Deus e do mundo, dissipou-se livremente numa multiplicidade de conteúdos. A atitude inicial de estranhamento e recusa por parte da Igreja foi particularmente aguda nas suas relações com a Universidade, uma vez que esta representa o reflexo mais perfeito das grandes mutações que a modernidade provocou. A mudança total de perspectiva, passando da defensiva para a acolhida e o diálogo, veio de fato com o Concílio Vaticano II (1962-65). Coube a ele cumprir a tarefa de reconhecer em profundidade os valores evangélicos que atuam no mundo, atingido já pela graça de Cristo. O otimismo da visão conciliar, segundo a qual o mundo caminha para a luz, mesmo que nele ainda persista a presença do mal, brota do mais profundo da fé da Igreja – o mistério da cruz e ressurreição de Cristo, que conquistou de uma vez por todas a vitória sobre a morte. No entanto, o mundo moderno ao qual a Igreja se abriu ao diálogo já estava em mudança. A modernidade entrou em crise pois, apesar de seus imensos progressos científicos, suas grandes promessas falharam. De fato, a exploração predatória da natureza que projeta a possibilidade de um desastre ecológico, a injustiça em escala mundial – com o número enorme de “vítimas do sistema” e o conseqüente aumento da violência urbana – e a proliferação de armas de destruição em massa, só para citar exemplos, põem em xeque seu “grande relato” de uma sociedade próspera, igualitária e pacificada para todos. Vive-se a passagem para um mundo complexo e globalizado, cujas características, entre outras, são de ser uma sociedade de comunicação imediata e planetária; de riscos e relações instáveis, com laços frágeis em todos os níveis; de gratificação imediata; fragmentada, de “pequenos relatos”, vários “mundos”, com o reagrupamento ao redor de identidades primárias (como identidades religiosas, étnicas, 3 territoriais, nacionais etc), onde a sociedade civil e o sentido de compromisso, cidadania e solidariedade estão enfraquecidos. A racionalidade técnico-científica por um lado, e o retorno a uma busca de espiritualidade numa dimensão mais “cósmica”, de harmonia, estética, por outro, com base especialmente na emoção e no prazer, são marcantes. Vive-se o retorno do sagrado, numa religiosidade difusa, que mistura vários elementos de diversas tradições sem a adesão a uma religião. A fé também está no mercado. Se desmanchou em grande parte a vivência de comunidade e seguimento, mesmo porque os vínculos entre as pessoas no geral não são mais locais, mas com base em outros tipos de “identidades” (étnicas, funcionais, de gostos etc). “Vivemos na idade do fragmento, do parcial e provisório, do débil e inconsistente, da insegurança e do relativo”2. Alguns valores “em voga” são a ecologia, a paz e a tolerância. 2. A Igreja e a Universidade Neste contexto de “Pós-modernidade” ou “Modernidade tardia”, a universidade está perdendo a sua característica de ser o espaço – e para os alunos, o momento – no qual são estudados e debatidos, nas suas múltiplas facetas, as questões de interesse coletivo que concernem tanto à sociedade civil como à comunidade política propriamente dita. Recrutados e formados de uma maneira seletiva, os universitários vivem divididos entre as exigências da universalidade próprias da prática do ensino e da pesquisa, e os particularismos econômicos, sociais e culturais que condicionam o exercício de suas atividades e os tornam técnicos de um saber que se volta cada vez mais para o utilitarismo, contemplando eficácias setoriais e às vezes apenas um estreito êxito pessoal, no quadro de um mundo dominado pelo mercado. Segue-se daí a perda progressiva da função social da Universidade, implícita até mesmo em sua definição nominal, e o esquecimento das exigências que a cidadania impõe àquele que é detentor de um saber que interessa ao conjunto da sociedade. É impossível negar também a presença de um nihilismo e de uma concepção hedonista da vida, que provoca a exacerbação do individualismo. A crescente especialização das ciências e das técnicas aumenta a situação de isolamento e serialidade em que vive o universitário. A Universidade corre o risco de 2 LÓPEZ AZPITARTE, E. Hacia una nueva visión de la ética cristiana. Santander: Sal Terrae, 2003, p. 30. 4 perder o seu sentido na medida mesma em que não consegue encontrar o denominador comum que ordena o saber teórico e prático ao seu fim último: o desenvolvimento integral da pessoa humana no quadro de uma sociedade justa e solidária. Por outro lado, é uma grande conquista da consciência humana o respeito pelas opiniões, crenças e opções de cada um, a tolerância e o pluralismo que caracterizam hoje o meio universitário. Cresce também a preocupação com a ética. Num contexto marcado, ao mesmo tempo, por valores e anti-valores, a Pastoral na Universidade pretende ser uma força positiva e propositiva que, pelo diálogo e num espírito de serviço, contribui para que a universidade seja um lugar e um momento de reflexão e ação em vistas da construção de um mundo mais justo e mais humano. Ela reconhece a especificidade própria das estruturas da Universidade, dos seus métodos e dos seus fins. Seu objetivo não é formar uma Neo-cristandade que pretenda “cristianizar” o saber e a técnica, mas colaborar para que a Universidade seja fiel à sua missão e realize os fins a que se destina. 3. A PUC.Minas 3.1 – Missão A PUC.Minas define que sua missão é atuar na promoção do « desenvolvimento humano e social dos alunos, professores, funcionários e comunidade, contribuindo para a formação ética e solidária de profissionais competentes humana e cientificamente, mediante a produção e disseminação do conhecimento, a integração entre Universidade e a sociedade, a interdisciplinaridade e a articulação do ensino, da pesquisa e da extensão ».3 3.2 - Um pouco de história da PUC.Minas4 Corria o ano de 1926, no alvorecer do Modernismo em Belo Horizonte, e a antiga Fazenda da Gameleira cedia lugar ao Seminário Coração Eucarístico. Durante mais de 30 anos, a instituição dedicou-se exclusivamente à formação religiosa. Em 1958, Dom Cabral e um pequeno grupo de professores criaram a Universidade Católica de Minas Gerais, trazendo cursos de formação para professores e oferecendo à juventude que deixava os colégios da capital, a maioria religiosos, uma opção de Universidade comprometida com os valores cristãos e os ideais de liberdade democrática e de justiça social. 3 4 Projeto Pedagógico Institucional. Versão preliminar. História da PUC.Minas divulgada na página www.pucminas.br. 5 Tombado pelo Patrimônio Histórico e Cultural do Município, o rico conjunto arquitetônico do antigo seminário, no bairro Coração Eucarístico, emoldurado por jardins, é o portal de entrada da PUC Minas. A cidade de Belo Horizonte da época da fundação da Universidade já não é a mesma. A PUC Minas também mudou, por dentro e por fora. Acompanhando a modernização da capital do Estado, hoje centenária, a Universidade iniciou seu programa de expansão na década de 90, criando novas unidades nos bairros São Gabriel, Barreiro e na Praça da Liberdade. Iniciou também, nessa época, sua expansão para fora da capital, abrindo unidades em Betim e em Contagem, na Região Metropolitana e novos campi em Poços de Caldas, no sul de Minas e em Arcos, no centro oeste mineiro. Na região do Alto Jequitinhonha, o campus do Serro foi aberto em 2003 e o de Guanhães, em 2005. 3.3 - História da Pastoral da Universidade5 A Pastoral Universitária no Brasil é fruto da Juventude Universitária Católica (JUC), extinta em 1967. Surge a partir de 1973 em algumas paróquias, principalmente de Lins (SP), Bauru (SP) e Ponta Grossa (PR). As várias experiências são articuladas e começam a acontecer nas universidades, de fato, a partir do Concílio de Jovens realizado em Lins (SP), em 1977.6 Os grupos da Pastoral Universitária de Belo Horizonte começaram na Universidade Federal (UFMG) e os grupos de lá nuclearam grupos na PUC.Minas. De 1989 a 1993 funcionou o Serviço de Pastoral na Universidade (SPU) na PUC.Minas, criado pela Arquidiocese de Belo Horizonte, resultado do sonho e da luta dos grupos de militantes. Também foi assumida pela Pastoral Universitária a preparação de um Projeto de perspectiva acadêmica que começou por uma pesquisa sobre o perfil do estudante da PUC.Minas. Ela transformou-se numa pesquisa nacional sobre o perfil dos estudantes das IESCs (Instituições Católicas de Ensino Superior do Brasil). Foi base para subsidiar as definições da Abesc e de outras pesquisas. 5 Elaborado com base na entrevista feita à secretária municipal de Assistência Social da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, ex-aluna e militante da PU/PUC, Rosilene Cristina Rocha, e ao coordenador da Cultura Religiosa da PUC.Minas, prof. Paulo Agostinho Baptista, pela Ir. Maria Helena Morra, em setembro de 2005. 6 Dados coletados da Monografia de Graduação de Relações Internacionais de Ariane Leite. 6 Os membros participaram de vários encontros nacionais, encontros de formadores de assessores e de profissionais cristãos e encontros da Abesc em Campinas, São Paulo, Brasília, bem como no II Congresso Nacional de Educação (Coned), em 1997. Desses encontros nasceu a idéia do pe. Hilário Dick, de uma Universidade em Pastoral. Ela significa que a Pastoral não é um setor ou parte ou só um serviço; toda a dinâmica da universidade deve ser pastoral, seja na sua administração, na maneira como recebe e acolhe os alunos, seja no ensino, na pesquisa e extensão. A Pastoral Universitária de Belo Horizonte ajudou na caminhada da Pastoral Nacional, entre outras coisas, por ter uma coordenação bem estruturada e assessores na CNBB. Os assessores eram o pe. Johan Konings no Movimento de Cristãos Universitários (MCU), o Pe. Joseph Leonardi na PU de Linha Diocesana e assessor nacional da CNBB, o Pe. Virgilio Resi na Comunhão e Libertação. Como serviço, a Pastoral da Universidade atuou em orientação de formaturas, nas celebrações com a participação dos alunos, na elaboração dos textos das missas, construindo a sua experiência e celebrando de uma forma ecumênica. Uma preocupação da Pastoral foi dialogar com a Cultura Religiosa, canal significativo de acesso aos alunos. No ano 2000, a Arquidiocese de Belo Horizonte confiou aos Dominicanos a Pastoral Universitária na unidade PUC.Minas BH II, no bairro São Gabriel. Dada a sua localização, situada numa das regiões mais pobres de Belo Horizonte, a Pastoral entrou em contato com a Pró-reitoria de Extensão e propôs o Projeto Beira-Linha. No final de 2001, a formanda de Relações Internacionais da PUC.Minas e uma das coordenadoras do Projeto Universidades Renovadas (PUR), Ariane Leite, procurou o então bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte, Dom Décio Zandonade, sugerindo que se articulasse os diversos grupos que trabalhavam com Pastoral nas Universidades. Ele convocou os grupos em reuniões – Fraternidade Missionária Verbum Dei, PUR, Comunhão e Libertação, Dominicanos e G com U (grupo orientado por jesuítas) – e ficou decidido que cada um manteria o seu trabalho e seriam feitas atividades conjuntas. Algumas sugestões de trabalhos conjuntos foram apresentadas, sendo acolhidas duas iniciativas: uma vez por mês, a missa semanal que a Fraternidade Missionária Verbum Dei realizava na capela do Colégio Pio XII seria “missa dos universitários”; a caminhada anual para a Serra da Piedade, também organizada pela FMVD, seria preparada pelos diversos grupos. No final de 2002, foi feita uma avaliação dos trabalhos realizados no ano e percebeu-se que não havia atingido os objetivos 7 propostos, decidindo-se deixar a iniciativa desse tipo de organização para um momento mais oportuno. Nesse mesmo ano inicia-se no campus de Poços de Caldas a Pastoral Universitária - Reflexão e Trabalho Social. As linhas do trabalho realizado são de formação de membros da comunidade universitária, numa perspectiva de caráter interreligioso e projetos sociais em parcerias com diferentes entidades da cidade. Constatamos que também há atividades pastorais realizadas por diferentes grupos, movimentos e comunidades de vida consagrada e religiosa em vários campi e unidades da PUC.Minas. 4. Orientações Gerais A PUC, assumindo a missão que lhe é própria como instituição católica, quer refletir e efetivar uma pastoral que esteja à altura dos desafios que se fazem presentes no âmbito da universidade. Partimos da convicção de que a pluralidade de concepções e visões da sociedade, de ciência, de ideologias, de experiências religiosas, presente com especial força no tecido cotidiano da universidade, não deve ser olhada com ares de desconfiança, uma vez que manifesta diversos valores condizentes com o Evangelho. Sendo assim, a Pastoral na Universidade assume a tarefa de estabelecer marcos de referência para que o diálogo do Evangelho com as pessoas, grupos, ciências, culturas, credos e outros saberes, instituídos ou não, mas presentes legitimamente na universidade, se torne efetivo e frutuoso. Este processo de evangelização dialogante constitui, primeiramente, em reconhecer e incrementar toda e qualquer atividade que promova a dignidade humana, a cidadania, a ética e outros pontos que caracterizam o Reino anunciado por Jesus, criando espaços de trabalho conjunto e mútua colaboração com essas diferentes iniciativas. Queremos unir esforços no serviço aos mais necessitados, dentro da perspectiva eclesial da opção preferencial pelos pobres. Reconhecemos que temos muito a aprender do pobre – da sua vida e da cultura que vai criando, com sua forma própria de saber, convivência e estruturação comunitária. Não se trata de optar por ele num sentido assistencialista, de mão única. Trata-se mais de uma troca, uma relação, encontro, escuta e aprendizado mútuo, no qual recebemos da sua riqueza que reconhecemos, e oferecemos o que pode ser riqueza específica da Universidade, vinda de suas estruturas 8 e recursos, de um saber acadêmico e mesmo de força política, influência e formação de opinião na sociedade7. A partir do testemunho de vida da comunhão e serviço é que podemos dialogar realmente, na busca de promover a formação integral do ser humano, na qual a dimensão religiosa, em particular a espiritualidade cristã, não é uma dimensão ao lado das outras, mas é aquela que sustenta e dá sentido às demais, sem, com isto, se impor ou mesmo substituí-las. Se o diálogo é exigência e característica irrenunciável da Pastoral na Universidade, que isto não seja motivo de qualquer diluição da Palavra de Deus, da qual é também mensageira. Para tanto, ela deve ter clareza de seus objetivos e metas, efetivar-se e organizar-se segundo níveis de profundidade, de compromisso e de explicitação da mensagem cristã, e estar atenta à diversidade de públicos que compõem a comunidade universitária (alunos(as), professores(as) e demais funcionários(as)). Ela deseja ser, enfim, o tempo e o espaço para que cada um, de acordo com sua realidade e necessidade específicas, encontre algo de definitivo para o sentido de sua vida. Longe de se opor à diversidade de intervenções pastorais que já são realizadas na universidade, a Pastoral deve ser construída levando em consideração as iniciativas existentes, aprendendo delas e de suas estratégias de ação. Isso não significa, no entanto, que a Pastoral na Universidade será a soma desses grupos e metodologias. Pelo contrário, ela será organizada com uma metodologia de trabalho própria que, uma vez definida, norteará a atuação dos diversos grupos8. Eles devem, então, a partir de sua especificidade, buscar trabalhar em consonância com as linhas de ação e fins propostos pela Pastoral. A Pastoral na Universidade quer promover, enfim, a experiência e o testemunho da comunhão na diferença – entre pessoas, setores e departamentos, grupos, bem como entre as várias unidades –, em vista da construção do projeto comum. 5. Metodologia A pluralidade característica do ambiente universitário está explícita na própria organização da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, quando observamos que esta mantém campi e unidades tanto na metrópole quanto no interior do estado e que essa realidade traz em si uma grande diversidade de situações e desafios. 7 8 Esta perspectiva está atenta às mais diversas diferenças (de gênero, de etnias e culturas, de religião etc). Representantes desses grupos participaram da elaboração deste projeto. 9 A Pastoral na Universidade procurará contribuir criativamente para a realização da missão da PUC/Minas, especificamente quando ela se propõe a atuar na promoção do « desenvolvimento humano e social dos alunos, professores, funcionários e comunidade, contribuindo para a formação ética e solidária de profissionais competentes humana e cientificamente, mediante a produção e disseminação do conhecimento, a integração entre Universidade e a sociedade, a interdisciplinaridade e a articulação do ensino, da pesquisa e da extensão ».9 Sendo a Pastoral na Universidade, em primeiro lugar, um compromisso de caridade e serviço à comunidade universitária, estimulando-a na vivência de seus valores referenciais, quer ter como mediação desta prática uma metodologia que corresponda à sua dinâmica dialogal. Neste sentido, propõe um método indutivo, articulado em cinco momentos fundamentais, profundamente relacionados entre si, já conhecido como método da ação católica: « ver-julgar-agir-avaliar-celebrar », que possui profunda sintonia com as três realidades da universidade : pesquisa, ensino e extensão. VER : corresponde à análise da realidade específica da comunidade universitária, no contexto da realidade e da vida como um todo, identificando aí os valores a serem evidenciados e as ambiguidades, os problemas (anti-valores) a serem tematizados, trabalhados no âmbito da pastoral. A leitura da realidade será feita através dos instrumentos disponíveis no ambiente da vida universitária : a observação comum da vida cotidiana e a observação especializada, mediada pelos instrumentais de pesquisa das várias ciências empenhadas em desvelar os segredos da vida humana, em sua perspectiva individual e coletiva. JULGAR : corresponde a avaliar a realidade a partir dos referenciais de valores éticos no âmbito da cultura e da ciência, fé religiosa no âmbito das várias expressões religiosas e fé cristã à luz do Evangelho, tendo como referência fundamental o diálogo e a opção preferencial pelos pobres; AGIR : corresponde ao engajamento prático dos valores identificados, através de atividades (ensino, pesquisa e extensão) e vivências (entre a comunidade universitária) que materializem o diálogo, a comunhão, a solidariedade e a responsabilidade social, tendo como fim último o desenvolvimento integral da pessoa humana e a consolidação de uma sociedade mais justa e solidária. 9 Projeto Pedagógico Institucional. Versão preliminar. 10 AVALIAR : da mesma forma que é importante um planejamento que organize a prática da Pastoral, estabelecendo metas e ações com base no que foi « visto » e « julgado », é imprescindível que sejam feitas avaliações tanto de cada ação como de um determinado período, com vistas a reconhecer os « acertos », corrigir « erros » ou lacunas e, enfim, a melhorar a caminhada. CELEBRAR : não é uma dimensão a mais, mas perpassa as anteriores, pois reflete o espaço da aprendizagem, da experiência da fé e da esperança no fato digno de ser celebrado. Reflete também a celebração comunitária da vida, que dá coragem para a fé e o agir humano. Possibilita o encontro no Mistério Pascal e na abertura ao diálogo com outras possibilidades de reconhecer o Sagrado e expressá-lo. 6- Estruturação prática A organização da Pastoral na Universidade se dará através da estruturação de núcleos, sendo um para cada campus. Cada núcleo obedecerá as orientações gerais do projeto, adaptando-o a cada contexto, conforme suas necessidades e especificidades. Caberá ao núcleo a articulação, na medida do possível, entre os vários grupos que já atuam no interior do campus, a fim de possibilitar uma ação mais integrada. Com o intuito de concretizar os objetivos e as propostas de ação da Pastoral na Universidade será necessário o investimento nos seguintes aspectos : 6. 1 - Recursos Humanos : . Equipe de coordenação nos campi e unidades da Pastoral na Universidade - promover a implantação do projeto de Pastoral na Universidade ; - sensibilizar a comunidade universitária no enganjamento na Pastoral na Universdade ; - divulgar as iniciativas e os resultados das ações da Pastoral na Universidade nos campi e/ou unidades ; - viabilizar a execução das propostas de ação sugeridas nas diretrizes da Pastoral na Universidade ; - agendar reuniões periródicas para discussão e avaliação da proposta de Pastoral na Universidade ; - propor eixos temáticos que direcionem o trabalho da Pastoral na Universidade. 11 . Um estagiário da Pastoral na Universidade por campus e/ou unidade, para secretariar os trabalhos da coordenação local: - Atender a comunidade acadêmica ; - Enviar correspondência eletrônica aos membros da Pastoral na Universidade ; - Participar das atividades da Pastoral na Universidade ; - Registrar as atividades da Pastoral na Universidade, constituindo assim a memória desse Projeto. . Fórum colegiado dos coordenadores, que deve reunir-se periodicamente : - partilhar experiências locais, dificuldades e sugestões ; - fazer o planejamento anual da caminhada da Pastoral, bem como avaliar o período anterior ; - programar projetos ou atividades conjuntas ; - definir eixo temático a ser desenvolvido em todos os campi e unidades ; - escolher, entre os coordenadores, três pessoas que formem a equipe de coordenação geral da Pastoral na Universidade. . Equipe de coordenação geral da Pastoral na Universidade com três pessoas - coordenar e acompanhar a implantação do Projeto da Pastoral na Universidade ; - articular a viabilização de recursos para execução das propostas de ação da Pastoral na Universidade ; - convocar reuniões periódicas de avaliação ; - visitar os campi e/ou unidades para conhecer a realidade local. . Uma secretária de Pastoral para Universidade 6.2 – Recursos de infra-estrutura : - Em cada campus a Pastoral deve ter uma sala mobiliada com computador, impressora, telefone/fax, fotocopiadora, aparelho de som e data-show ; - utilização do auditório central de cada campus ; - capela ; - material administrativo ; - material para as celebrações. 12 - A Pastoral precisará contar ainda com o apoio da Universidade em termos de serviços de Comunicação (divulgações, propagandas etc) e utilização de outros espaços físicos, quando houver necessidade. 6.3 – Recursos financeiros : . Criação de um fundo de investimento para realização das atividades propostas pela Pastoral na Universidade, que teriam a deliberação de recursos mediante projetos aprovados. 7 – Propostas de Ação A Pastoral na Universidade contará com a participação ativa dos diferentes atores da comunidade universitária – alunos, professores e funcionários. De forma conjunta poderão ser desenvolvidas múltiplas atividades de estudos, debates, reflexões, celebrações e também ações que promovam a integração universidade e sociedade. Dividimos as seguintes sugestões nos aspectos sensibilização, formação, ação social, avaliação, espiritualidade, nomenclatura que nos parece adequada à metodologia escolhida10. SENSIBILIZAÇÃO : - divulgar as iniciativas e os resultados das ações da Pastoral na Universidade nos campus e/ou unidades ; - grupos de estudo e pesquisa que tracem o perfil da universidade; dos grupos e carismas que já atuam em sentido pastoral na universidade, possibilitando assim dados mais concretos para traçar estratégias de ação; FORMAÇÃO : - fóruns de debates sobre os mais diversos temas, desde os de interesse puramente acadêmico, até os que procuram estabelecer um diálogo entre ciência, fé e cultura, com o objetivo de despertar o universitário sobre os problemas que colocam hoje a biogenética, a questão da tolerância religiosa, o sentido da vida e também abordar questões cotidianas (ex. corrupção, ambiente 10 O item “Formação” corresponde, na divisão da metodologia, tanto ao campo do “ver” como do “agir”. 13 acadêmico) e outras, bem como ser « tijolos » para o processo de construção da cidadania; - cursos e palestras que ofereçam atualização no campo religioso e litúrgico e no diálogo ecumênico e inter-religioso; - encontros e oficinas que promovam a integração da comunidade acadêmica. Entre eles, dias de convivência entre alunos, professores e funcionários; - acompanhamento / orientação, no nível da fé, a universitários que começam a inserir-se no mundo político ; - o incentivo de universitários à participação nas comunidades eclesiais11 e/ou em projetos sociais, bem como a formação do sentido de vivência e pertença comunitária; AÇÃO SOCIAL : - o diálogo permanente com os grupos religiosos existentes na Universidade, cristãos e não cristãos; - o incentivo e o encaminhamento de universitários a trabalhos voluntários já existentes em programas da universidade, considerando sempre os menos favorecidos; - parcerias com projetos promovidos pela Pró-reitoria de Extensão; - a elaboração de projetos sociais com o envolvimento de paróquias, comunidades eclesiais, instituições filantrópicas e outros, que tenham como referência a opção preferencial pelos pobres ; - atenção especial a pessoas presentes na Universidade que não têm formação acadêmica. O trabalho da Pastoral deve ser aberto à sua participação e contribuição, podendo-se promover também atividades específicas para elas e junto com elas. AVALIAÇÃO : - A vivência e efetivação dessas propostas supõem planejamento, execução e avaliação das ações, realizadas de forma participativa, democrática e integrada, processo fundado na co-responsabilidade e mútua confiança dos membros, a fim de que se possa estabelecer uma dinâmica de trabalho que assegure o 11 Isto é, da Igreja. 14 cumprimento do objetivo proposto e a ágil adequação das estratégias e metas aos desafios que se apresentarem no caminho. Para tanto, será necessária a realização de reuniões de avaliação das diversas atividades e semestrais, bem como a elaboração de planejamentos semestrais e/ou anuais. ESPIRITUALIDADE : - encontros de espiritualidade; dias de formação e acompanhamento religioso; - a formação de grupos comprometidos com os valores cristãos e a evangelização no ambiente educativo e/ou externo; - celebrações litúrgicas (eucarística, ecumênica e inter-religiosa); - atividades conjuntas com momentos fortes do calendário litúrgico católico (ex. CF; Semana Santa), envolvendo principalmente os católicos em projetos concretos de solidariedade; OBS: - É muito importante a utilização de diversos meios de divulgação das atividades. Sugerimos o uso de cartazes, faixas, folders, página na Internet, correspondência eletrônica, camisetas, divulgação nos meios da própria universidade etc. Finalmente, ressaltamos que esta proposta é um grande desafio, necessário para uma atuação evangelizadora no ambiente universitário plural, constituindo espaço importante de discussão, reflexão no processo de aprendizagem da convivência humana, respeitosa e solidária, aberta ao outro, ao diferente. Nele, funcionários, educadores e educandos procuram resgatar os valores fundamentais da vida e dar sentido mais profundo e transcendente à existência a partir da própria religiosidade, descobrindo caminhos para se emprenharem na construção do mundo que a realidade hoje exige. 8. Operacionalização A distribuição de carga-horária, número de pessoas por função bem como outros recursos e gastos estão especificados na planilha a seguir. 15 Após a implantação da Pastoral na Universidade, cada campus e unidade deve elaborar o seu plano de trabalho anual em comunhão com as diretrizes da Pastoral na Universidade, constando de : justificativa, objetivos, metas, propostas de ação e planilha própria (respeitando a planilha geral aprovada).