ESTUDO DE CASO: MANUTENÇÃO INTELIGENTE NO SERPRO IMPLANTAÇÃO PILOTO DO RME-WEB PARA GESTÃO DO
CONHECIMENTO DAS TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO
Bruno Gomes da Cunha (1)
Dilmar Gonçalves da Cunha (2)
Leonardo Batista Porto (3)
RESUMO
Em busca de um software que resolvesse os problemas existentes no
gerenciamento e fiscalização dos serviços de manutenção executados em suas
instalações por empresas contratadas, o SERPRO – Regional Brasília decidiu
avaliar uma implantação piloto do Sistema RME-Web®, um software de código
aberto disponível no mercado.
O RME-Web® utiliza os atuais recursos da tecnologia da informação, e é uma
evolução de antigos sistemas precursores implantados na CEMIG nos últimos
vinte anos. É um sistema especialista em manutenção, aplicável a qualquer
equipamento das instalações de empresas do setor elétrico e industrial, que
fornece os seguintes benefícios:
 Gestão do conhecimento através da padronização dos métodos e técnicas
de manutenção, preservando o capital intelectual nas empresas e com foco
na sustentabilidade tecnológica;
 Implantação do "Prontuário das Instalações Elétricas da NR10" em
atendimento às exigências do MTE – Ministério do Trabalho e Emprego
(Portaria 598 - 08/12/2004), para minimizar os riscos de acidentes do
trabalho;
 Informatização do "Protocolo de Avaliação dos Sistemas de Proteção das
Instalações do Sistema Interligado Nacional" estabelecido pelo MME Ministério de Minas e Energia (Portaria 576 - 31/10/2012), para minimizar os
riscos de blecautes;
 Relatórios e gráficos, incluindo curvas de tendências das medições
registradas, para controle da qualidade da execução dos serviços de
manutenção;
 Atualização, compartilhamento e intercâmbio das informações de
manutenção através de qualquer navegador de internet instalado em
qualquer plataforma (computadores, tablet's e smartphones).
Esse trabalho apresenta os resultados obtidos nessa avaliação, as
customizações realizadas, sugestões e melhorias propostas, e o parecer
conclusivo sobre a aplicabilidade e a adaptabilidade da solução. Apresenta
também o diferencial em relação aos softwares de manutenção existentes no
mercado e a sua conformidade com os atuais conceitos de gestão de ativos.
1
Eng. Eletricista – Analista da Divisão de Engenharia e Gestão de Infraestrutura - SERPRO
Mestre Eng. Elétrica, Esp. Tecnologia da Informação - Diretor Executivo da D&V Consultoria.
3
Eng. Eletricista - Chefe da Divisão de Engenharia e Gestão de Infraestrutura - SERPRO
2
1. INTRODUÇÃO
O cenário atual das áreas de manutenção das instalações do SERPRO,
Serviços Federal de Processamento de Dados, não é muito diferente do
cenário encontrado nas áreas de manutenção da maioria das empresas do
setor elétrico e industrial, sendo caracterizado pela tendência crescente das
seguintes dificuldades: enorme quantidade, diversidade, complexidade,
obsolescência e envelhecimento dos equipamentos instalados, além da
escassez recursos financeiros para projetos de melhoria e substituição.
Dentro desse cenário tão adverso, as áreas de manutenção passam a ter um
foco estratégico e estão sendo cada vez mais exigidas a enfrentar as
dificuldades apresentadas.
O problema se agrava pelo fato da manutenção não estar preparada para
enfrentar essas dificuldades, nem mesmo de forma paliativa, devido aos
seguintes problemas normalmente encontrados na maioria de suas áreas
técnicas responsáveis pela execução dos serviços:
 O conhecimento e a experiência estão nas cabeças dos especialistas;
 Falta de métodos padronizados do “que fazer” e de “como fazer”;
 Os resultados obtidos nas manutenções são predominantemente
arquivados em papel;
 As informações arquivadas são, na maioria das vezes, incompletas,
imprecisas ou mesmo inexistentes, e sem uma referencia comum;
 Não é feita uma análise sistêmica dos resultados de manutenção;
 Inexistência de itens de controle consolidados, como MTBF (tempo médio
entre falhas) e MTTR (tempo médio de reparo);
 As decisões gerenciais são tomadas pelo sentimento e experiência, e não
por fatos e dados;
 Perda de domínio tecnológico face à terceirização dos serviços de
manutenção e à perda de mão-de-obra especializada;
 Comprometimento da qualidade e dos custos de manutenção.
Esse diagnóstico foi relatado na dissertação de mestrado [1], onde é
apresentado um modelo de manutenção suportado por ferramentas
computacionais especializadas, os aplicativos RME-Win® e RME-Web® cuja
principal meta é permitir que as áreas de manutenção das empresas do setor
elétrico e industrial possam solucionar os problemas diagnosticados.
2. HISTÓRICO
A fase inicial de levantamento de dados foi sempre o primeiro e grande
obstáculo que impedia os órgãos de engenharia de manutenção cumprir sua
missão e solucionarem os problemas existentes.
Além disso, sendo os serviços de manutenção executados por equipes de
qualificação heterogenia, como se poderia garantir uma padronização nos
métodos de manutenção, para que os estudos de engenharia de manutenção
se realizassem sob uma referência comum?
Percebendo esses problemas a CEMIG desenvolveu, no período de 1888 à
1991, em linguagens Clipper e C, o Sistema Especialista em Manutenção,
chamado de Sistema RME para ambiente DOS. Esse sistema foi implantado
em fevereiro/1992 e utilizado até dezembro/2000 em todas as regionais
responsáveis pela manutenção dos equipamentos do sistema elétrico CEMIG.
Desde janeiro/2001 está sendo utilizada a versão do software para ambiente
Windows, chamado de RME-Win®, desenvolvido em Delphi pela empresa D&V
Consultoria e Informática Ltda.
Recentemente foi concluído o desenvolvimento de uma nova versão para uso
na internet e em intranet de empresas, chamada de RME-Web®.
Um aspecto importante que deve ser ressaltado aqui é que a filosofia de
projeto do sistema sobreviveu a todas as mudanças ocorridas com a tecnologia
da informação nos últimos anos. Do velho sistema operacional DOS, o software
juntamente com sua base de conhecimento e seu banco de dados foram
migrados para o ambiente Windows e posteriormente para a WEB, de forma
totalmente transparente aos usuários.
3. O NOVO APLICATIVO RME-WEB®
O Aplicativo RME-Web® é um sistema especialista em manutenção
desenvolvido para organizar e armazenar o conhecimento dos melhores
métodos de trabalho, de forma padronizada e colaborativa, e disponibilizá-los a
todo o pessoal envolvido no processo de manutenção dos equipamentos das
instalações das empresas do setor elétrico e industrial.
Utiliza os mais modernos recursos da tecnologia da informação, podendo ser
acessado por qualquer navegador de internet em computadores, tablets e
smartphones, como mostrado na figura I. Assim informações ficam disponíveis
em tempo real e em toda a parte. O RME-Web® pode ser implantado em
intranets e na internet (cloud) e para a instalação em plataformas desktop
existe ainda a versão RME-Win®.
Figura I: Acesso por qualquer navegador de internet.
3.1. Objetivos:




Padronizar os métodos de manutenção (“o que fazer ” e “como fazer”) dos
equipamentos do sistema elétrico;
Facilitar e simplificar a execução dos serviços de manutenção;
Armazenar os resultados obtidos nas manutenções em bancos de dados
locais e estabelecer um fluxo de dados para um banco de dados sistêmico;
Fornecer índices para avaliar a qualidade dos serviços de manutenção;
3.2. Um sistema especialista
Ser um sistema especialista é o diferencial do RME-Web® em relação aos
demais sistemas de informação voltados para a programação dos serviços de
manutenção existentes no mercado.
Indivíduos que têm a habilidade de resolver problemas em áreas específicas do
conhecimento são chamados de “especialistas” em seu campo de atuação.
Como exemplos de especialistas podemos citar médicos capazes de
diagnosticar rapidamente uma doença, técnicos de manutenção capazes de
solucionar problemas em equipamentos do sistema elétrico, dentre outros. Os
especialistas adquirem suas habilidades por meio da educação e da
experiência. A experiência ao longo de vários anos ajudam os especialistas a
desenvolverem habilidades que lhes permitem resolver problemas de forma
rápida e eficiente.
Profissionais da ciência da computação desenvolvem programas de
computador chamados de “sistemas especialistas” (“expert system”) que
podem emular a habilidade de especialistas humanos na solução de problemas
em domínios específicos do conhecimento. Emular um especialista humano
significa dizer que o programa tem que resolver problemas usando métodos
similares aos empregados pelo especialista.
Como os especialistas humanos frequentemente usam regras para descrever o
que eles conhecem, a maioria dos sistemas especialistas usa como principal
forma de armazenamento de conhecimento a incorporação de regras em sua
base de conhecimento (knowledge database). Essas regras seguem a seguinte
forma:
SE condição antecedente
ENTÃO condição conseqüente
O processo de armazenamento do conhecimento em um sistema especialista
envolve pelo menos dois indivíduos: um especialista e um engenheiro do
conhecimento. O engenheiro do conhecimento (knowledge engineer) é a
pessoa treinada para interagir com um especialista a fim de capturar o seu
conhecimento. Uma vez capturado, o engenheiro do conhecimento utiliza uma
ou mais ferramentas computacionais para programar o algoritmo do novo
conhecimento adquirido dentro do sistema especialista. Assim, um sistema
especialista deve ter um código aberto que permita aos usuários incorporarem
novos programas.
3.3. A Base de Conhecimento do RME-Web®:
Além de um banco de dados convencional, é parte integrante do RME-Web®
uma base de conhecimento que lhe confere a característica de sistema
especialista.
O Aplicativo RME-Web® possui o Menu de Padronização que é responsável
pela criação de sua base de conhecimento, também chamada de Biblioteca
Técnica Padrão.
A padronização dos métodos de manutenção para cada modelo de
equipamento é realizada utilizando-se dessa opção do menu do aplicativo, o
qual permite armazenar o conhecimento das técnicas ou métodos de trabalho
da manutenção em forma de dados, imagens, vídeos e programas;
Essa biblioteca é uma coletânea de informações técnicas de manutenção (o
que fazer e como fazer), compiladas das instruções de seus fabricantes e
também da experiência adquirida ao longo dos anos pelos especialistas das
áreas de manutenção.
3.4. Folhas de testes inteligentes:
Contém o “o que fazer” nos serviços de manutenção, como também, realiza
todos os cálculos necessários, o que reduz significativamente o serviço de
campo e aumenta sua confiabilidade.
São calculados todos os valores esperados, os limites admissíveis, e as
magnitudes e ângulos das grandezas vetoriais a serem aplicadas nos ensaios
do equipamento. Esses cálculos são realizados a partir das configurações e
ajustes cadastrados pelos usuários e dos algoritmos de cálculos existentes em
sua Biblioteca Técnica Padrão.
Essa Folha de Teste é gerada de forma personalizada para cada equipamento
instalado e permite o registro “online” dos valores encontrados e deixados
obtidos nas inspeções, ensaios e medições realizados durante a execução dos
serviços de manutenção. Os dados vão sendo digitados pelo usuário
diretamente na tela de cadastramento à medida que vai sendo feita a sua
leitura nos instrumentos. Valores fora dos limites admissíveis são mostrados
em vermelho e dentro dos limites em verde. Vide figura II.
Figura II: Folha de Testes personalizada para cada equipamento.
Como mostrado na figura III, ensaios automatizados é outra possibilidade
oferecida pelo software especificamente para os equipamentos de proteção, os
quais sofreram um maior impacto dos avanços da tecnologia digital. Isso foi
possível graças à evolução paralela que sofreram também os instrumentos de
testes desses equipamentos, permitindo a realização de testes forma
automatizada. Os testes automatizados e padronizados em equipamentos de
proteção fogem ao escopo desse trabalho. Mas, informações detalhadas sobre
o assunto podem ser obtidas nas referências bibliográficas [2] e [3].
Figura III: Ensaios Automatizados realizados pelo RME-Web®.
3.5. Procedimentos de manutenção:
Contém o “como fazer” os serviços de manutenção especificados nas folhas de
testes, passo a passo, de forma detalhada. Os detalhes técnicos da execução
dos serviços são mostrados através de textos, imagens até vídeos. Atualmente
a forma mais fácil e popular de aprender algo novo e de produzir esses
procedimentos de manutenção é utilizar o recurso de vídeo-aulas. Na figura III
é mostrada uma vídeo-aula postada no YouTube® acessada diretamente pelo
RME-Web®.
3.6. Banco de Dados Sistêmico da Manutenção:
Todos os resultados obtidos nos serviços de manutenções realizados enviados
para o banco de dados sistêmico da manutenção.
O grande benefício oferecido por esse banco de dados é facilitar o
levantamento de amostragens de dados necessárias aos estudos de
engenharia de manutenção.
Essas amostragens garantem a confiabilidade e uma referência comum aos
vários estudos de engenharia de manutenção, como interpretação estatística
dos resultados, definição de periodicidade, custos de manutenção,
obsolescência, desempenho, fim de vida útil etc. Informações detalhadas sobre
esse assunto podem ser obtidas na referência bibliográfica [2].
3.7. Indicadores:
O RME-Web® oferece as opções “Gráficos” e “Relatórios” no menu principal
que permitem aos usuários selecionar e estratificar, de forma interativa,
amostragens de dados do banco para o monitoramento e avaliação da
qualidade da manutenção em nível local e sistêmico. Vide figura IV.
Figura IV: Gráficos interativos para o controle da qualidade da manutenção.
4. IMPLANTAÇÃO PILOTO NO SERPRO
Percebendo que diagnóstico apresentado na introdução desse trabalho é
bastante aderente à situação existente em suas áreas de manutenção, o
SERPRO – Regional Brasília decidiu avaliar uma implantação piloto do
Aplicativo RME-Web®, para solucionar os problemas existentes no
gerenciamento e fiscalização dos serviços de manutenção executados em suas
instalações por empresas contratadas.
A proposta inicial da D&V foi de disponibilizar uma versão do aplicativo RMEWeb® nas “nuvens” (cloud computing), sem qualquer ônus para a Divisão de
Engenharia do SERPRO, por um período inicial de seis meses para avaliação.
Ficou definido que a implantação piloto seria para a usina dos Grupos MotoresGeradores (GMG), composto por 12 GMG’s instalados em duas plantas e com
três fabricantes diferentes. Esses equipamentos são de missão crítica, pois no
caso de falta de energia elétrica da concessionária de distribuição, eles devem
estar em condições de entrar em serviço para manter a continuidade dos
serviços de processamento de dados da união.
Ficou também definido um facilitador (engenheiro do conhecimento) que seria
treinado pela D&V e teria a função de estabelecer os padrões de manutenção
dos GMG e cadastrá-los na Biblioteca Técnica Padrão (base de conhecimento)
do RME-Web®.
Esses padrões de manutenção foram estabelecidos a partir dos catálogos dos
fabricantes e das exigências estabelecidas no contrato de prestação de serviço
com a empresa terceirizada responsável pela execução dos serviços de
manutenção preventiva e corretiva.
A partir dos próximos contratos, sempre deverão ser utilizados os métodos
padronizados pelo SERPRO, independentemente da empresa que ganhar a
licitação para a execução dos serviços de manutenção dos GMG.
Nas figuras seguintes, estão apresentadas algumas das principais telas do
Aplicativo RME-Web® para analisar as customizações realizadas e as
sugestões e melhorias propostas pela equipe do SERPRO nessa fase de
implantação piloto.
4.1. Modelos Padronizados:
Na figura V abaixo são mostrados os modelos de cada GMG padronizados pela
equipe de engenharia do SERPRO na implantação piloto.
Figura V: Grupos Motores Geradores (GMG) padronizados pelo SERPRO.
4.2. Equipamentos Cadastrados:
Esses três modelos padronizados permitem atender ao cadastramento de dez
GMG’s na instalação Regional Brasília e a dois GMG’s na instalação Sede. Ou
seja, cada modelo padronizado atende a todos os equipamentos cadastrados
do mesmo modelo. Isso garante que todos os equipamentos de um mesmo
modelo possuam uma mesma metodologia padronizada de manutenção e
reduz significativamente o volume de padronização e de cadastramento. A
figura VI mostra os dez GMG’s da instalação Regional Brasília.
Figura VI: GMG’s cadastrados para a instalação Regional Brasília.
Os quatro ícones na coluna da esquerda da tela mostrada na figura VI
permitem editar os dados cadastrados; cadastrar e consultar os documentos
relativos a cada equipamento (catálogo de fabricante, procedimentos de
manutenção nos mais diversos formatos de arquivo, como PDF, imagens e
vídeos); cadastrar e consultar parametrizações, configurações e ajustes dos
equipamentos; e por fim, cadastrar e consultar as manutenções realizadas nos
mesmos.
4.3. Programação dos serviços de manutenção:
A figura VII mostra o recurso de programação dos serviços de manutenção
realizado pelo SERPRO para controlar as contratadas. Essa opção encontra-se
no “menu principal => serviços => programação”. As datas em verde significam
as programações das manutenções em uma data futura. As programações
para uma data já passada e que ainda não foi feito o cadastramento, ficam com
as datas vermelhas.
Figura VII: Tela com a listagem de manutenções programadas.
4.4. Procedimento padrão:
As figuras VIII e IX mostram o procedimento de manutenção padronizado para
o grupo motor gerador de fabricação FG-Wilson.
Observa-se que os campos em cinza atendem às exigências da NR-10 em seu
artigo 11 relativo aos procedimentos de trabalho e às medidas de controle de
riscos em seu artigo 2.
Outra observação importante é que foi utilizado o conceito de “Lógica Fuzzy ou
Difusa” de forma a dar um tratamento numérico às avaliações subjetivas e não
quantificáveis, como ‘ótimo’, ‘bom’, ‘Regular’, ‘Ruim’, ‘Péssimo’ e ‘Não
inspecionado’. Isso força ao executante a associar uma nota à sua avaliação e
não lhe permite informar um vago “OK” em sua avaliação como de costume.
Figura VIII: Procedimento de Manutenção Padrão para GMG’s de fabricação
FGWilson.
O procedimento fornece uma descrição passo-a-passo das tarefas a serem
realizadas, que podem ser desde uma mera inspeção, passando por testes,
medições e até ensaios mais sofisticados. Todas essas tarefas recebe um
código na fase de padronização, através do qual todos os critérios de busca,
seleção, totalização, pesquisas, relatórios, gráficos são realizados. A ajuda do
RME-Web® fornece as leis de formação desse código.
Ao lado da descrição passo-a-passo, o procedimento também fornece as
orientações técnicas de segurança, onde é fornecida a “receita de bolo” de
forma bem sucinta de como realizar a tarefa. Também são incluídas imagens
para melhor detalhar a execução de cada tarefa.
Figura IX: Continuação do Procedimento de Manutenção Padrão para GMG’s de
fabricação FGWilson.
4.5. Folha de testes e medições padronizada para o GMG FG-Wilson:
A figura X mostra uma folha de testes impressa padronizada e específica para
o grupo motor gerador Nº G1. Ela é útil para locais que não possuem acesso à
internet, e os testes têm que ser registrados em papel para posterior
cadastramento.
A folha de testes possui um conjunto de campos de IDENTIFICAÇÃO onde
constam os dados padronizados associados ao modelo e um conjunto de
campos de LOCALIZAÇÃO onde constam os dados cadastrados
especificamente para o local de instalação do equipamento.
O conjunto de campos DADOS DE MANUTENÇÃO especificam as
informações relativas a cada manutenção sofrida pelo equipamento.
Figura X: Impressão da Folha de Teste do GMG Nº1.
O grupo de perguntas do DIAGNÓSTICO vão orientar as pesquisas realizadas
no campo de texto OBSERVAÇÕES, onde são descritos os problemas
encontrados nos serviços de manutenção.
No campo RECURSOS MATERIAIS UTILIZADOS são informados od números
de identificação dos instrumentos de testes e ferramentas usados nos serviços.
Os campos CONFIGURAÇÕES E AJUSTES contêm os valores cadastrados
para as parametrizações definidas na padronização do modelo de equipamento
(o que não foi utilizado na padronização dos equipamentos GMG).
Por fim, os campos de INSPEÇÕES, ENSAIOS E MEDIÇÕES que
correspondem aos testes detalhados no procedimento padrão, para o nível de
manutenção informado. Nesse exemplo, são apresentados os testes que
devem ser realizados nas manutenções quinzenais. Além do campo código e
descrição são calculados, a partir da base de conhecimento, e mostrados os
limites admissíveis e os valores calculados ou esperados, e deixados os
espaços para o registro dos valores encontrados e deixados.
4.6. Cadastramento dos resultados de manutenção:
As figuras XI e XII mostram em tela a mesma folha de testes padronizada e
específica para o grupo motor gerador Nº G1, para cadastramento dos
resultados de manutenção de forma online. Essa opção só é válida para locais
que possuem acesso à internet, e os testes podem ser registrados diretamente
na tela do computador, tablet ou smartphone.
Figura XI: Tela para cadastramento dos dados de manutenção.
Os campos apresentados nas figuras XI e XII são análogos aos descritos para
a folha de teste impressa em papel.
Na figura XII é mostrado o processo de entrada de dados dos resultados de
medições e ensaios. Nota-se que quando os valores estão fora dos limites
admissíveis, inferiores ou superiores, os valores ficam em vermelho, caso
contrário são mostrados em verde.
As descrições que estão mostradas na cor azul são os dados padronizados
que não podem ser alterados pelos usuários que executam a manutenção, mas
apenas pelo responsável pela padronização do modelo de equipamento.
Figura XII: Tela para cadastramento dos testes e medições.
4.7. Relatório das Observações Registradas:
O relatório da figura XIII fornece uma listagem analítica de todas as
OBSERVAÇÕES selecionadas de acordo com critérios de seleção e
classificação previamente estabelecidas.
Figura XIII: Relatório das Observações Registradas.
O CAMPO OBSERVAÇÃO é o campo de texto livre, preenchido durante os
serviços de manutenção, onde são descritas textualmente todas as ocorrências
julgadas relevantes pelo executante.
Obtida listagem, podemos selecionar os dados, copiar com CTRL C e colar
com CTRL V no Excel, por exemplo, e trabalhar ainda mais esses dados.
4.8. Relatório das Medições Realizadas:
No relatório da figura XIV são mostradas as MEDIÇÕES que são os dados do
tipo numérico, padronizados e obrigatoriamente registrados durante a
execução dos serviços manutenção.
Previamente é fornecida uma tela com um conjunto de campos para seleção ou
estratificação das informações.
São basicamente cinco campos:
VC = Valor Calculado ou esperado
VE = Valor Encontrado
VD = Valor Deixado
L I = Limite Inferior da faixa de tolerância
LS = Limite Superior da faixa de tolerância..
Figura XIV: Relatório das Medições Realizadas.
4.9. Gráficos de Tendência dos Resultados:
Além de cinco gráficos para controle da qualidade dos serviços de
manutenção, o RME-Web® disponibiliza para cada medição cadastrada, um
gráfico de tendências mostrando a variação dos resultados dos Valores
Encontrados (VE) e dos Valores Deixados (VD) ao longo do tempo.
A figura XV mostra esse gráfico que é de fundamental importância na previsão
do fim de vida útil dos equipamentos.
Figura XV: Relatório de Tendência dos Resultados.
5. CONCLUSÃO
Os resultados obtidos na avaliação da implantação piloto do Aplicativo RMEWeb® nas instalações do SERPRO foram amplamente satisfatórios, o que
pode ser claramente observado ao serem comparadas as situações
encontradas antes e depois da implantação piloto.
Durante a implantação, foram sugeridas varias melhorias e customizações pela
equipe de engenharia de manutenção do SERPRO, com destaque para a
inclusão de janelas modais (prompts) que forçam o executante a informar o
motivo pelo qual os valores encontrados ou deixados das medições ficaram
fora dos limites admissíveis. Outra melhoria também sugerida foi a inclusão dos
limites admissíveis inferiores e superiores no gráfico de tendências.
O parecer do SERPRO foi conclusivo quanto à aplicabilidade e a
adaptabilidade do RME-Web® para resolver os problemas existentes em suas
áreas de manutenção.
A tendência é a utilização da solução nas demais instalações e equipamentos
do SERPRO, o que depende ainda de previsão de verba orçamentária.
Um dos facilitadores é a existência de versões do RME´Web® com licença de
uso gratuita, com custo apenas para suporte e manutenção.
Outros facilitadores são o enquadramento do RME-Web® na inexigibilidade de
licitação conforme o artigo 25 da Lei 8666, por se tratar de um software inédito
e sem concorrentes no mercado, e a existência do paradigma CEMIG que
utilizou esse recurso no contrato de sistemas precursores.
Por fim, a gestão do conhecimento profissional especializado é de alta
prioridade, pois além de seu aprendizado ser difícil e de longo prazo, pode ser
perdido se não administrado adequadamente.
A aquisição e o armazenamento esse tipo de conhecimento só é factível
através da utilização de sistemas especialistas em áreas de domínio
específico.
O estudo de caso CEMIG, de sucesso comprovado, é uma referência para a
implantação de sistemas especialistas como suporte à gestão do conhecimento
nas áreas de manutenção das concessionárias do setor elétrico.
Esse estudo do caso SERPRO, vem comprovar a transcendência do RMEWeb®, que pode ser aplicado à manutenção de qualquer tipo de equipamento
de qualquer instalação, e pode ser utilizado quaisquer outras empresas do
setor elétrico e industrial.
Nesse caso, seria estabelecida naturalmente uma rede de relacionamento dos
usuários do RME-Web®, cujo benefício maior seria a colaboração e o
intercâmbio do conhecimento especializado em manutenção.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] Cunha, Dilmar G., “Modelo de manutenção integrada para equipamentos de
sistemas elétricos e ferramentas computacionais de suporte”, Dissertação de
Mestrado, Pós-Graduação em Engenharia Elétrica, Universidade Federal de
Minas Gerais, Belo Horizonte, 2007.
[2] COSTA, André L. M.; CUNHA, Dilmar G.; GOMES, João L. O; Testes
automatizados e padronizados em equipamentos de proteção. XVII SNPTEE,
Uberlândia, MG, Anais, out. 2003.
[3] CUNHA, Dilmar G., COSTA, André L. M., GOMES, João L. O. CEMIG
achieves automated maintenance. T&D WORLD, Kansas, EUA, V. 50, n. 6, p.
58 - 68, mai. 1998.
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