Variação química de seis genótipos de manjericão no Estado de
Sergipe.
Polyana A. D. Ehlert1; Arie F. Blank1; Lídia C. A. Camêlo1; Péricles B. Alves2; Ana
Paula P. de Menezes2
1
UFS – Depto de Engenharia Agronômica, Av. Marechal Rondon, s/n, 49100-000. São Cristóvão – SE. 2UFS
– Depto de Química.
RESUMO
O objetivo do trabalho foi avaliar a composição química do óleo essencial de seis
genótipos de manjericão (Ocimum basilicum L.) no Estado de Sergipe. Verificou-se que os
bulks foram superiores às cultivares comerciais quanto ao teor de óleo essencial, e
quanto ao rendimento de óleo essencial o Bulk 3 foi superior à cultivar Osmin Purple.
Quanto aos três principais compostos, houve diferença estatística somente para o 1,8
cineol e geraniol, e não se observou diferença para o linalol. Os Bulks 5, 7 e 8 foram
inferiores às cultivares comerciais para o 1,8 cineol; com relação ao geraniol todos os
bulks testados se mostraram superiores às cultivares comerciais. O Bulk 3 e o Bulk 5 são
os genótipos mais promissores para o Estado de Sergipe.
Palavras-chaves: Ocimum basilicum, óleo essencial, linalol, 1,8 cineol, geraniol
ABSTRACT
Chemical variation of six basil genotypes in Sergipe State.
The aim of this work was to evaluate the chemical composition of the essential oil of six
basil (Ocimum basilicum L.) genotypes cultivated in Sergipe State. We observed that the
bulks were superior to the commercial cultivars for essential oil content. For essential oil
yield Bulk 3 was superior to cultivar Osmin Purple. For the three principle compounds,
statistical differences were observed for 1,8 cineol and geraniol and for linalool we did not
observed difference. The Bulks 5, 7 and 8 presented higher 1,8 cineol content than the
commercial cultivars; for geraniol all the bulks were superior to the commercial cultivars.
Bulk 3 and Bulk 5 are the most promising genotypes for Sergipe State.
Keywords: Ocimum basilicum, essential oil, linalool, 1,8 cineol, geraniol.
A identificação botânica das espécies de Ocimum é extremamente complicada
devido à ampla ocorrência de variedades, além de diferenças na composição química de
seus óleos essenciais. O gênero Ocimum inclui aproximadamente 30 espécies, sendo
estas ricas em óleo essencial (MORAES, 2002). O Ocimum basilicum L. é uma planta
herbácea, anual ou perene, que ocorre de forma subespontânea no Brasil, atinge até 1 m
de altura e possui caule muito ramificado. O caráter aromático típico de cada tipo de O.
basilicum é determinado pelo genótipo e dependem dos principais compostos químicos
presentes no mesmo.
Segundo Lorenzi & Matos (2002), os principais compostos encontrados em seu
óleo essencial são: timol, metil-chavicol, linalol, eugenol, cineol e pireno. PascualVillalobos (2003) verificou em 18 acessos de O. basilicum os principais compostos: linalol,
metil-chavicol, geranial, metil eugenol. O seu óleo essencial tem sido extensivamente
utilizado na indústria de alimentos, farmacêutica e de cosméticos, além de ser utilizado na
medicina popular para combater dor-de-cabeça, diarréia, resfriado, carminativa etc.
O objetivo deste trabalho foi verificar o rendimento e a composição química de seis
acessos de manjericão que estão sendo cultivados no estado de Sergipe.
MATERIAL E MÉTODOS
O material utilizado para as extrações foi cultivado na Fazenda Experimental
"Campus Rural da UFS", no município de São Cristóvão/SE. Avaliaram-se os seguintes
genótipos: PI197442-S3-Bulk 3, PI197442-S3-Bulk 5, PI197442-S3-Bulk 7, PI197442-S3Bulk 8 e os cultivares comerciais Genovese e Osmin Purple. Amostras de folhas foram
coletadas em janeiro de 2005. As folhas foram secas em estufa de ar de circulação
forçada a 40ºC por cinco dias. Os óleos essenciais foram obtidos por hidrodestilação em
aparelho tipo Clevenger, utilizando-se 75 g de folhas secas, por 120 minutos. As variáveis
avaliadas foram: teor, rendimento e composição do óleo essencial. A composição química
dos óleos essenciais obtidos foi analisada em cromatógrafo a gás acoplado a
espectrômetro de massas (Shimadzu, QP 5050), equipado com coluna capilar de sílica
fundida DB-5 (30m x 0,25 mm x 0,25µm, J&W Scientific). O gás de arraste foi hélio (1,7
mL). A temperatura do injetor e o detector foram de 240ºC e 230ºC. A temperatura
programada foi de 80ºC (2min), 3ºC min.-1, 180 ºC, 10ºC min.-1, split de 1/100. A
identificação dos constituintes químicos foi obtida por comparação dos espectros de
massas das substâncias como banco do sistema CG/EM (Nist, 107; Nist 21, Lib.) e índice
de retenção de Kovats (Adams, 1995). Os dados obtidos foram submetidos à análise de
variância e suas médias comparadas através do teste Duncan (p ≤ 0,01).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os bulks (3, 5, 7 e 8) testados apresentaram teor de óleo essencial superior às
cultivares comerciais (Genovese e Osmin Purple), porém todos os acessos testados
foram superiores ao da cultivar “Sweet Dani”, que apresentou 0,7% (MORALES & SIMON,
1997) (Tabela 1). Verificou-se que o rendimento de óleo essencial do Bulk 3 (1,16
mL.planta-1) foi superior ao da cultivar comercial Osmin Purple (0,25 mL.planta-1), porém
não diferiu dos demais genótipos testados. A composição química dos genótipos testados
apresentou diferenças no número de compostos identificados, sendo que esta variou de
24 a 57 substâncias identificadas. Observou-se que as três principais substâncias
presentes em todos os genótipos foram 1,8 cineol, linalol e geraniol (Tabela 2); o
resultado obtido diverge de Silva et al. (2003) que estudando a mesma espécie detectou
como principais compostos o 1,8 cineol, linalol e estragol. O linalol e o geraniol são muito
utilizados na indústria de perfume, cosméticos e aromas (SIMÕES et al., 2004). Para a
produção de 1,8 cineol, verificou-se que houve diferença estatística, sendo as cultivares
comerciais superiores aos Bulks testados com exceção do Bulk 3. Para o linalol não
houve diferença estatísticas entre os diferentes acessos testados; porém pode-se
observar que o programa de melhoramento conseguiu um aumento significativo na sua
percentagem relativa, visto que inicialmente era de 61,57% e agora está em torno de 70%
(Blank, 2005). O geraniol apresentou diferença estatística sendo que os Bulks (3, 5, 7 e 8)
foram superiores às cultivares comerciais Genovese e Osmin Purple. Apesar de não
haver diferença para rendimento de óleo essencial entre os Bulks, o Bulk 3 e 5
apresentam-se como os mais promissores para o Estado de Sergipe.
Tabela 1- Resultados médios do teor e rendimento de óleo essencial obtido de seis
acessos de manjericão (O. basilicum L.). São Cristóvão-SE/UFS, 2006.
Óleo Essencial
Teor (mL.100g-1)
Rendimento (mL.planta-1)
PI197442-S3-Bulk3
4,85 a
1,16 a
PI197442-S3-Bulk5
4,63 a
1,02 ab
4,68 a
0,89 ab
PI197442-S3-Bulk7
4,51 a
0,62 ab
PI197442-S3-Bulk8
Genovese
2,06 b
0,37 ab
Osmin Purple
1,11 c
0,25 b
CV (%)
9,7
40
Médias seguidas das mesmas letras, nas colunas, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p ≤ 0,01)
Acessos
Tabela 2- Principais substâncias químicas de folhas e inflorescências de manjericão (O.
basilicum L.), obtidas por hidrodestilação. São Cristóvão, 2006.
KI
Bulk3
Bulk5
Bulk7
Bulk8
Genovese
1,8 cineol
1033
8,54ab
6,99b
5,85b
6,41b
11,73a
Osmin
Purple
11,90a
Linalol
1098
76,38a
76,50a
73,74a
75,87a
78,16a
72,33a
Substância
Geraniol
1255
10,33a
9,93a
13,30a
12,01a
0,29b
0,65b
Médias seguidas das mesmas letras, nas colunas, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p ≤ 0,01)
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem o ETENE/FUNDECI/BNB pelo suporte financeiro e o CNPq pelas
bolsas de DCR e PIBIC.
LITERATURA CITADA
ADAMS, R. P. Identification of essential oil components by gas chromatografhy/mass
spectroscopy. Carol Straeam: Allured Publishing Corporation. 1995. 469 p.
LORENZI, H; MATOS, F.J.A. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas cultivadas.
Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2002. 252p.
PASCUAL-VILLALOBOS, M.J., BALLESTA-ACOSTA, M.C. Chemical variation in an
Ocimum basilicum germplasm collection and activity of the essential oil on Callosobruchus
maculatus. Biochemical sistematics and ecology, v.31, 2003. p. 673-679.
BLANK, A.F; ALVES, P.B.; EHLERT, P.A.D.; ARRIGONI-BLANK, M.F. Uma nova cultivar
de manjericão (Ocimum basilicum L.): “Maria Bonita”. Simpósio Brasileiro de Óleos
Essenciais, 3., Campinas: Instituto Agronômico, 2005. 175p. (Documentos IAC; n. 77)
MORALES, M.R. & SIMON, J.E. “Sweet Dani”: a new culinary and ornamental lemon
basil. HortScience, v. 32, n.1, p. 148 -149, 1997.
SILVA, M.F.V.; MATOS, F.J.A.; MACHADO, M.I.L.; CRAVEIRO, A.A. Essential oils of
Ocimum basilicum, L., O. basilicum var.minimum L. and O. basilicum var. purpurascens
Benth. Grown in north-eastern Brazil. Flavour and Fragance Journal, v. 18, p. 13-14, 2003.
SIMÕES, M.O. [et al.]. Farmacognosia: da planta ao medicamento. 5Ed. rev. ampl.,
primeira reimpressão – Porto Alegre/Florianópolis: Editora da URFGS/Editora UFSC,
2004. 1102p.
MORAES, L.A.S.; FACANLI, R.; MARQUES, M.O.M.; MING, L.C.; MEIRELES, M.A.
Phytochemical characterization of essential oil from Ocimum selloi. Anais da Academia
Brasileira de Ciências, n. 74, v.1, p.183 – 186, 2002.
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