A (RE) SIGNIFICAÇÃO DO ENSINO DO SISTEMA DE NUMERAÇÃO DECIMAL E DAS OPERAÇÕES DE ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO COM (RE) AGRUPAMENTO VIA USO DO ÁBACO João Batista Rodrigues da Silva1 - PPGECNM/UFRN [email protected] Francisco de Assis Bandeira2 - PPGECNM/UFRN [email protected] RESUMO: Este trabalho visa apresentar a experiência realizada no VI Encontro Paraibano de Educação Matemática sediado em Monteiro-PB em 2010. No decorrer do encontro foi ofertado um minicurso com o objetivo de mobilizar os conhecimentos acerca do sistema de numeração decimal e das operações convencionais de adição e subtração enfatizando o (re) agrupamento. Por isso, nos fundamentamos em Ifrah (1992) que aborda o ábaco como um instrumento de contagem utilizado para contagem em várias épocas e em algumas leituras como as de Agranionh (2008) que trata das dificuldades do ensino e aprendizagem do sistema de numeração decimal e das operações convencionais. Além da Teoria das Situações Didáticas de Brousseau (1996) que trata das fases de ação, formulação, validação e institucionalização para que o conhecimento seja apreendido pelos alunos. Constatamos que o uso do ábaco na resolução das operações de adição e subtração permite a compreensão do (re) agrupamento. Tal fato contribui com a ruptura de alguns termos do vai um e empresta um. Palavras-chave: Sistema de Numeração Decimal; Ábaco; Operações Convencionais. 1. O Sistema de Numeração Decimal e o uso do ábaco na resolução das operações convencionais: um caminho percorrido. Ifrah (1992) menciona que o ato de contar é uma ação humana remota. Essa ação é independente de qualquer aspecto socioeconômico. A evolução e sofisticação da contagem ocorreram com o passar do tempo e de acordo com as civilizações. Assim, o desenvolvimento dessas civilizações foram fatores preponderantes para o surgimento de 1 2 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências Naturais e Matemática da UFRN. Professor do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências Naturais e Matemática da UFRN. 1 um sistema de numeração que se adequasse as exigências desse desenvolvimento. Por isso que, dentre vários sistemas de numeração, surge o sistema de numeração decimal. Ressalta Agranionh (2008) que esse sistema de numeração tem sido difundido devido possuir suas vantagens sobre os demais, como: econômico (dez símbolos), posicional, base dez, aditivo e multiplicativo. Estas características apresentam a importância desse sistema de numeração para a sociedade vislumbrando nos alunos e professores outras possíveis investigações que ampliem o desenvolvimento do sistema de numeração decimal. Além das contribuições apresentadas pelos autores supracitados, elaboramos e aplicamos com os professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental, estudantes de Licenciatura em Matemática e Pedagogia uma sequência didática à luz da Teoria das Situações Didáticas de Brousseau (1996) que propõe seguintes fases: ação, formulação, validação e institucionalização. Na fase de ação, os participantes envolvidos na pesquisa abordam seus os conhecimentos prévios, nosso caso, o Sistema de Numeração Decimal (SND) e das operações convencionais. Na fase de formulação são elaboradas conjecturas. Na fase de validação é apresentada à veracidade da conjetura. Finalmente, na fase de institucionalização, o professor faz as considerações a respeito do conteúdo em questão. Assim, propusemos um minicurso que abordasse: (I) Reconhecimento do instrumento ábaco; (II) Construção do ábaco; (III) Representação e exploração do Sistema de Numeração Decimal (SND) - valor posicional e (re) agrupamento3; (IV) Exploração das operações de adição e subtração com (re) agrupamento por meio do ábaco de papel, manipulativo e informático, como também as operações convencionais. As atividades exploratórias realizadas no minicurso permitiram desenvolver as potencialidades do ábaco contribuindo com a mobilização das noções de conceitos do 3 Chamamos de (re) agrupamento o conjunto de dez ou mais unidades ou dezenas ou centenas assim, sucessivamente que resultam da ação de juntar (adição) ou decompor (subtração) quantidades na resolução da operação. 2 Sistema de Numeração Decimal e das operações de adição e subtração com (re) agrupamento. 2. Algumas constatações Neste sentido, os participantes do minicurso evidenciaram que: (1) Utilizando cada ábaco manipulativo com os termos da operação, facilita posteriormente com a compreensão das técnicas operatórias; (2) É necessário explorar o ábaco (papel, manipulativo e informático) antes das operações convencionais. Pois, a mobilização do conteúdo do Sistema de Numeração decimal e das operações convencionais ocorrerá antes de ir para a abstração matemática. (3) A adição e a subtração com (re) agrupamento resolvidas no ábaco tornam-se compreensíveis quando forem utilizadas com as operações convencionais. A seguir, algumas figuras da atuação dos participantes no minicurso. Figura 1. Demonstração da subtração com (re) agrupamento utilizando três ábacos. Na figura 1, observamos que os participantes realizaram a operação convencional de subtração 741 – 655. Assim, foi representado no ábaco (minuendo) o número 741 e no ábaco (subtraendo), o número 655. Depois de representar as quantidades, na etapa seguinte de resolução era retirar do minuendo a quantidade indicada pelo subtraendo. Deste modo, os participantes do minicurso fizeram: - 3 = Por meio da operação convencional, temos: 13 10 - 6 3 10 7 6 0 4 5 8 1 5 6 11 A seguir, vemos a adição 27 + 308 com (re) agrupamento fazendo uso de apenas um ábaco. Pela adição convencional, temos: 1 2 + 7 3 0 8 3 3 5 4 Figura 2. Demonstração da adição com (re) agrupamento utilizando três ábacos. Figura 3. Equipe de trabalho do minicurso em Monteiro-PB Algumas considerações Pensamos que as técnicas operatórias têm sido utilizadas por alguns professores dos anos iniciais sem compreensão pelos alunos, provocando a memorização da técnica. Tal fato tem ocasionado à reprodução desta mesma maneira de resolver as operações em diferentes etapas da vida, quer seja como aluno quer seja como professor. Assim, na reflexão realizada com os alunos do curso de licenciatura em Matemática por meio do 5 minicurso pude perceber o quanto este assunto carece ser discutido e investigado nas nossas salas de aula. Deste modo, vemos à eficácia do ábaco na compreensão das operações convencionais que pode ser difundido por estes futuros professores na sala de aula e em outras atividades pedagógicas. Referências AGRANIONIH, Neila Tonin. Escrita Numérica de Milhares e Valor Posicional: Concepções Iniciais de Alunos da 2ª Série. Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2008. BROUSSEAU, Guy. Fundamentos e Métodos da Didáctica da Matemática. In: BRUN, Jean. Didáctica das Matemáticas. Lisboa: Horizontes Pedagógicos, 1996. p. 35-111. IFRAH, Georges. Os números: História de uma Grande Invenção. Trad. Stella M. de Freitas Senra. 4ª Ed. São Paulo: Globo, 1992. 6