Jornada de atualização em doenças da soja
Instrutores:
Erlei Melo Reis, Ph.D. Fitopatologista / UPF
Ricardo Trezzi Casa, Dr. Fitopatologista / UDESC
Marta M. Casa Blum, Doutoranda em Fitopatologia / URI
Objetivos:
- Valorização profissional;
- Revisar e atualizar princípios básicos;
- Diagnosticar corretamente doenças da soja; e
- Controlar minimizando danos e perdas.
Programação:
8:30 - 9:40 - Ciclo relações Patógeno-Hospedeiro / Patometria
9:50-10:50 - Diagnose / Sintomatologia
11:00-12:00 - Aula prática
13:30-14:30 - Controle: Práticas culturais
14:40-15:30 - Controle: semente
15:40 -16:30 - Controle: químico nos órgãos aéreos
16:40 -17:30 - Fungicidas: translocação / persistência
CICLO DAS RELAÇÕES
PATÓGENO-HOSPEDEIRO
- fungos/bactéria patogênicos -
1. Introdução
CONCEITO:
“FASES OU EVENTOS SUCESSIVOS QUE CONDUZEM
À OCORRÊNCIA DA DOENÇA, OU FAZEM PARTE DO
SEU DESENVOLVIMENTO, CONSTITUI UM CICLO NO QUAL
CADA FASE APRESENTA CARACTERÍSTICAS PRÓPRIAS E
TEM FUNÇÃO DEFINIDA”
Doença: ocorrência e intensidade
1. Como surge uma doença?
2. Aonde está o inóculo; de onde vem?
3. Como é transportado?
4. Como encontra o hospedeiro?
5. Como penetram o hospedeiro?
6. Como invadem e extraem nutrientes do hospedeiro?
7. Como as doenças crescem?
8. Por que causam danos e perdas à agricultura?
9. Após a colheita para onde vão os patógenos?
10. Por quanto tempo e aonde sobrevivem ?
Esquema do ciclo das relações
patógeno-hospedeiro:
Inoculação
h
o
s
p
e
d
e
i
r
o
Disseminação
Fonte de
inóculo
Inoculação
Pré-penetração
Sobrevivência
(patógeno)
Ciclo primário
Penetração –
início relação
Colonização
(desenvolvimento)
Sintomas
(resultado)
Reprodução
(inóculo)
d
o
e
n
ç
a
Disseminação
Fonte de
inóculo
Ciclo secundário
Representação da cadeia de infecção:
Como uma doença cresce ?
Fonte: Bergamin Filho e Amorim, 1996
O crescimento da doença é função da:
 Intensidade: é o termo geral referente à quantidade
de doença presente numa população.
a) Incidência: é o número de unidades de plantas ou de órgãos
amostrados que estão doentes, expressas em
porcentagem e/ou proporção do número total de
unidades avaliadas;
= incidência em indivíduos ou em órgãos
b) Severidade: é a área de uma unidade da amostra (superfície
da planta ou de um órgão) afetada pela doença,
expressa em porcentagem e/ou proporção da área total
= número de lesões/folha, expansão da área da lesão
Intensidade de doença X dano e perda
 Dano: é qualquer redução na quantidade e/ou
qualidade da produção
Ex.: kg/ha, t/ha, sacos/ha
 Produção: produto mensurável de valor econômico
de uma plantação
Ex.: grãos, sementes
 Perda: redução em retorno financeiro por unidade
de área devido a ação de organismos nocivos
Ex.: R$/ha, US$/ha
Fonte: Bergamin Filho & Amorim, 1996
Ciclo Primário
Primeira geração de “P” em “h”.
- Fonte de inóculo: não é o hospedeiro cultivado
na estação normal de cultivo.
Ciclo Secundário
Segunda e demais gerações de “P”.
- Fonte de inóculo: o próprio hospedeiro.
- Determina o crescimento da doença.
Ciclo Primário X Ciclo Secundário
Doenças de ciclo primário:
- Germinação, emergência, morte de plântulas;
- Podridões radiculares;
- Mofo branco.
Doenças de ciclo secundário:
- Ferrugem, oídio, septoriose, cercosporioses, míldio,
antracnose, fomopsis e cancro.
Fonte de Inóculo
Inóculo: estrutura do patógeno
potencialmente infectiva.
Fonte:
De onde vem ?
Aonde está ?
Ex.:
esporos
de
fungos,
células
bacterianas,
partículas de vírus, estruturas de resistência (solo
e/ou palhada); ovos, larvas, cistos e adultos de
nematóides.
Fontes de Inóculo
Podem ser:
a) estruturas de resistência
- esclerócios: Sclerotinia
- microesclerócios: Macrophomina
- oosporos: Peronospora, Pythium, Phytophthora
- clamidosporos: Fusarium
- cisto: Heterodera
Fontes de Inóculo
Podem ser:
b) planta doente viva
- safra normal, safrinha, planta voluntária*
 biotróficos - Phakopsora, Microsphaera, Peronospora
Vírus
 necrotróficos - Colletotrichum, Septoria, Cercospora,
Phomopsis, Rhizoctonia, Macrophomina,
Fusarium, Sclerotinia, Sclerotium, Pseudomonas
*PV = plantio direto X população plantas voluntárias
Fontes de Inóculo
Podem ser:
c) planta doente senescida
= manchas foliares, podridões da haste e da raiz
- necrotróficos
d) parte da planta
= semente
- Colletotrichum, Septoria, Cercospora,
Phomopsis, Rhizoctonia, Macrophomina,
Fusarium, Sclerotinia, Pseudomonas
A semente leva para a lavoura, o resto cultural mantém.
Fontes de Inóculo
Podem ser:
e) hospedeiro secundário
- kudzu (Poeraria lobata)
X ferrugem da soja
- Leguminosas: Phakopsora
- Oídio: cultivares de feijão e tremoço azul
Fontes de Inóculo
Podem ser:
f) fase saprofítica do patógeno
- restos culturais (necrotróficos X PD)
- fungos de solo (podridões raízes)
 Fungos sem habilidade de competição saprofítica
Ex.: Colletrotrichum, Septoria, Phomopsis, Cercospora
 Fungos com habilidade de competição
Ex.: Rhizoctonia, Macrophomina e Fusarium solani
Obs.: difícil controle; vivem indefinidamente no solo
Fontes de inóculo
Restos culturais
cancro da haste
antracnose
Disseminação do inóculo
Disseminação: transporte ou deslocamento a partir da
fonte, ao acaso, em todas as direções.
P: Como encontram o tecido suscetível de “h” ?
R: Quantidade e período de produção
- Inoculação = trajetória ....
- Sítio de infecção  tecido suscetível (Grupos de McNew)
- Sub-fases: remoção, transporte e deposição;
a) Disseminação ativa - zoosporos de Pythium
b) Disseminação passiva:
- passiva direta: com as sementes
- passiva indireta:
 fungos: vento e respingos de chuva (distância ?)
- Esporos secos
Cercospora, Phakopsora, Peronospora, Microsphaera
- Esporos molhados
Colletotrichum, Phomopsis, Septoria
 bactéria: sementes e respingo chuva (Pseudomonas)
Deposição nos sítios de infecção:
- impacto pelo vento / água; ou sedimentação vento.
Germinação
Esporos dos fungos - emissão tubo germinativo ou
promicélio (núcleo);
- fase delicada; dessecação e morte;
Ambiente x germinação:
Estímulos = água líquida x temperatura
 Período Crítico (PC) = hm x T°C
- Doenças clima seco: oídio
- Doenças de orvalho: oídio, ferrugem, míldio
- Doenças chuva: manchas foliares (DFC), ferrugem, bacteriose
Penetração
- Transferência do protoplasma do esporo do exterior
para o interior de “h”.
 Por estômatos: Microsphaera e Pseudomonas
 Diretamente pela epiderme: Phakopsora
Colletotrichum
Cercospora
Septoria
Phomopsis
 Flores (estigma): ?
Apressório
Uredosporo
TG
TP
Epiderme
Haustório
Célula mãe de haustório
Phakopsora
pachyrhizi
Colonização
- Invasão e extração de nutrientes do “h”(Parasitismo)
- Parasitas heterotróficos dependentes da planta de soja
Colonização biotrófica: Phakopsora (?), Microsphaera,
(Não matam células)
Peronospora e vírus
Colonização necrotrófica: Colletotrichum, Cercospora,
(Matam células e tecidos) Septoria, Phomopsis,
Macrophomina, Rhizoctonia
Sclerotinia, Pseudomonas
= Mecanismos de colonização: enzimas e substratos
= Surgimento e desenvolvimento dos sintomas
Reprodução do patógeno
- lesão nasce, cresce e esporula (UR x ToC);
- surgem ciclos secundários;
- produção contínua de inóculo = manchas/lesões
- remoção, transporte, deposição etc.
Como as doenças crescem?
= em função do número de ciclos secundários;
- incidência em plantas;
- incidência em órgãos;
- número de lesões por órgão;
- expansão da área da lesão.
Conseqüência: Danos e perdas e necessidade de controle
Sobrevivência (=estratégias de controle)
Princípio:
“Numa lavoura procuram não se separar do hospedeiro”
- semente
- restos culturais
- plantas voluntárias (safrinha, ponte-verde)
- hospedeiro secundário
 Na ausência da planta de soja aonde se encontram ?
 Como sobrevivem ?
 De que mecanismos se utilizam ?
= Manter a viabilidade sob condições adversas
- Desidratação ?
- Temperatura ?
 Qual a maior ameaça à viabilidade ?
R: desnutrição x competição
 Quando necessitam manter a viabilidade ?
R: após a colheita (27 meses – Costamilan et al.)
 Por quanto tempo ?
R: Seis a sete meses: colheita ao re-plantio,
volta do substrato ou do tecido suscetível
Mecanismos de sobrevivência:
Biotróficos (ferrugem, oídio, míldio e vírus)
Necrotróficos (manchas foliares, antracnoses,
podridões radiculares, cancro)
Considerações
 Conhecimento detalhado do ciclo e uso de estratégias
de controle;
 Sobrevivência e controle;
 Controle racional;
 Opções de controle diferentes da genética; e
 Manejo integrado de doenças.
DIAGNOSE DAS
PRINCIPAIS DOENCAS
- sintomas e sinais -
Como as doenças afetam a
produção da soja ?
Germinação de sementes,
emergência de plântulas
Podridões radiculares e da haste
Doenças foliares
Diagnose
Conhecer
Manejo
Controlar
 Sintoma: exteriorização da doença evidenciada pela
planta; modificações fisiológicas e morfológicas
- Ex.: amarelecimento, cancro, galha, mancha,
mosaico, murcha, podridão ...
 Sinais: são as estruturas dos patógenos
- Ex.: micélio e conídios
corpos de frutificação: acérvulo, picnídio, peritécio,
estrutura de repouso: esclerócios, oosporos, cisto
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Esquema do ciclo das relações patógeno-hospedeiro - CAV