“Autoestima: Analise da proposta do projeto Doutores da Beleza com a ONG
Doutores da Alegria”
Eduarda Grankow Sitonio¹ - Acadêmica do Curso Superior de Tecnologia em
Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Balneário
Camboriú, Santa Catarina.
Marluci Guedes² - Acadêmica do Curso Superior de Tecnologia em Cosmetologia e
Estética da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa
Catarina.
Fabiana Thives³ - Turismóloga; Professora do Curso de Cosmetologia e Estética da
Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina.
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RESUMO
A elaboração deste artigo tem como tema a Autoestima, através da abordagem de
projetos voluntários como o projeto Doutores da Beleza e a ONG Doutores da
Alegria, realizando uma relação dos benefícios de cada um destes, evidenciando
suas ações e atividades procurando destacar a proposta de cada um deles no que
se refere a valorização da auto estima nas instituições assistidas. Esta analise tem
como objetivo demonstrar de que forma o seguinte projeto e ONG atuam para a
melhora da autestima, seja de crianças, adultos ou idosos, e assim, como a
abordagem destes tendem a torná-los mais confiantes em si mesmos e capazes de
enfrentar as adversidades da vida dentro de suas condições tanto sociais quanto no
que se refere à saúde. Dessa forma, ambos têm como base a valorização do ser
humano em sua condição menos favorecida, uma vez que atuam com pessoas
inseridas em comunidades e instituições carentes, de forma atuar na percepção de
suas qualidades e competências, inserindo-as novamente na sociedade, destacando
seu valor e sua identidade, diminuindo a sensação de exclusão destas para com a
sociedade atual. Neste contexto, os projetos Doutores da Beleza e a ONG Doutores
da alegria beneficiam tanto as comunidades e instituições carentes quanto os
profissionais e voluntários participantes dos projetos. O aprendizado, as
experiências diversas no que se refere ao relacionamento interpessoal e na
construção de uma nova consciência de responsabilidade social e valores como
1
solidariedade, compaixão e amor ao próximo são alguns dos aspectos adquiridos na
vivencia do projeto voluntario citado assim como na ONG voluntaria porem
remunerada citada.
Palavras-chave: auto estima, Doutores da Beleza, Doutores da Alegria
INTRODUÇÃO
A sociedade se direciona atualmente para um caminho em que os valores humanos,
como solidariedade, coletividade, caridade, compaixão, indignação com a injustiça,
estão cada vez mais perdidos pela influência do modelo de desenvolvimento atual
que muito contribui para o individualismo das pessoas, tornando-as mais egoístas,
bastante preocupadas com seu progresso material, com a busca da juventude
eterna, com dificuldade de tecer vínculos, banalização do sexo e da violência, culto
ao prazer: tudo isso em nome do consumo. Segundo Martineli (1992) a sociedade,
vive tempos críticos, violentos e desesperados e isso acontece pelo fato de grande
parte da humanidade ter esquecido seus valores e tê-los considerado até
ultrapassados e desinteressantes. Outros podem considerar que esses valores não
estão esquecidos, mas que simplesmente se dá importância a certas coisas que
prejudicam a humanidade.
Esse pode ser um retrato da sociedade contemporânea: a família está em crise, a
idealização cultural do dinheiro, do lucro e do sucesso econômico, a escolarização é
uma questão secundária para o poder público, o trabalho não é visto como um valor
cultural, apenas como um meio de garantir sobrevivência. O “ter” é mais importante
que o “ser”, mostrando ser uma sociedade de aparências, onde o modelo de auto
estima é externo, vinculando o crescimento pessoal ao ter: aparência, dinheiro,
status, poder, vantagens. A educação parece perdida, a universidade “doente”
porque prepara as pessoas medianamente para o mercado de trabalho, no entanto
não as desenvolve como seres humanos para que todos estejam preparados para
uma vida em coletividade. Há uma verdadeira crise de valores e papéis, onde muitos
esquecem que todos, na verdade, dividem o mesmo espaço coletivo: a sociedade. É
preciso que as pessoas reconheçam os ganhos de se viver com a noção de
2
comunidade, de pertencer a um grupo, tenham consciência de que todos fazem
parte de um sistema e que não estão sozinhas. Dentro deste panorama é evidente a
necessidade das pessoas participarem, e não só esperarem para exercer a
cidadania não apenas como cobrança de direitos, mas com os deveres que se tem
para com todos e com si própria.
Dentro desta percepção encontra-se o trabalho voluntário, que pode ser considerado
como um novo comportamento que vem a se contrapor à atual cultura do
individualismo e que na maioria das vezes, promove a passividade das pessoas. Por
meio do serviço voluntário, é possível consolidar a cidadania e contribuir para
mudanças promovidas pela participação social. Lembrando que a cidadania não é
apenas a exigência de direitos, mas cobrança de uma melhoria nas condições de
vida e no ato de assumir deveres e papéis bastante definidos e comprometidos com
o bem-estar social. Assim, é a capacidade de participação consciente e solidária na
realização de projetos e objetivos que digam respeito ao interesse de todos. O
serviço voluntário é uma experiência de autonomia que permite às pessoas esse
exercício da cidadania “no aqui e agora”, favorecendo o crescimento do capital
social e humano, contribuindo para que a sociedade supere uma cultura de
paternalismo e dependência.
Dessa forma, acredita-se que é possível desempenhar o papel de cidadão e
fortalecer valores mais humanos – como a solidariedade, a compaixão, a tolerância
mútua e minimizar as atuais injustiças sociais.
O termo voluntário vem do latim, voluntarìu que de acordo com os conhecidos
dicionários da língua portuguesa é a pessoa que se compromete a cumprir
determinada tarefa ou função sem ser obrigada a isso e sem obtenção de qualquer
benefício material em troca.
Vários são os conceitos apresentados sobre o tema do voluntariado, segundo a
ONU (Nações Unidas no Brasil), o jovem ou o adulto que dedica parte de seu tempo
a diversas formas de atividades, organizadas ou não, de bem-estar social ou outros
campos, sem remuneração alguma, somente devido ao seu interesse pessoal e ao
seu espírito cívico, é considerado Voluntário.
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O Recife Voluntário (2002) conceitua o termo Voluntário como;
“Ser voluntário é ser você, assim como você é, uma pessoa
consciente do seu papel no exercício da cidadania, e disposta a dividir
os seus sonhos na busca de um ideal comum”.
Já a Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança, em uma das primeiras tentativas de
definir o conceito de voluntariado no Brasil, definiu o voluntário como ator social e
agente de transformação, que presta serviços não remunerados em beneficio da
comunidade, doando seu tempo e seus conhecimentos, realiza um trabalho de
impulso solidário que pode ser de caráter religioso, cultural, filosófico, político ou
emocional, que atende a necessidade do próximo ou aos imperativos de uma causa.
(CORULLÓN & WILHEIM, 1996).
O voluntário é entendido como a pessoa que, motivada por valores de participação,
de ajuda a uma causa e indignação com a realidade, doa seu tempo de maneira
espontânea e não remunerada para a busca de soluções que levam à construção de
uma sociedade mais humana e justa. É alguém que deseja ver sua comunidade
crescer, sua sociedade se desenvolver, procurando contribuir e fazer a sua parte.
Logo, trata-se de um serviço comprometido com a sociedade e alicerçado na
liberdade de escolha. No voluntariado a mola propulsora básica é a solidariedade,
sendo através desta que promove um mundo melhor e torna-se um valor para todas
as sociedades. O voluntário lida com as expectativas das pessoas e das instituições
onde atua, por isso é necessário que, ao decidir atuar como voluntário, o indivíduo
perceba que sua contribuição seja direcionada para ajudar o outro, ou seja, essa
deve ser sua motivação principal.
Além de atuar na melhora da qualidade de vida em comum, o voluntário se sente útil
por participar das transformações necessárias para construção de um mundo
melhor. Satisfação pessoal, elevação da auto-estima, desenvolvimento pessoal e
profissional, conquistas de novas amizades, aprendizado e novos desafios,
empregar boa utilização do tempo livre, apoio a uma causa são apenas alguns dos
ganhos positivos no desenvolvimento deste tipo de trabalho. A satisfação é ver o
sorriso, o aprendizado, a alegria, o agradecimento, o desenvolvimento do outro.
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Saber que de alguma forma, é possível contribuir para o crescimento e emancipação
de várias pessoas e não para dependência de uma ajuda, seja ela de qualquer
natureza.
“Através do trabalho, o indivíduo tem como resultado a sensação de
conforto espiritual muito grande, por ter satisfeito sua necessidade
interior de fazer o bem. Não são raras às vezes que esses atores
sociais revisam seus valores, corrigem certos rumos em suas vidas,
adquirindo, dessa forma, um grau de satisfação pessoal bastante
alto, que nenhum valor monetário suplantaria”. (DOMENEGHETTI,
2001, p. 77)
Se as experiências demonstram pessoas que possivelmente vivem melhor, que
comprovadamente tem bom estado de saúde, que geram benefícios ao próximo e
que valores mais humanos são desenvolvidos através dessa prática, como
solidariedade, compaixão, paciência, pode-se concluir que a ação voluntária
colabora para a construção de uma sociedade melhor.
Portanto, segue através do desenvolvimento do projeto Doutores da Beleza e a
ONG Doutores da Alegria, enfatizados nesta perspectiva, que se obtenha uma
mudança no comportamento da sociedade em relação a uma nova consciência de
responsabilidade cidadã para com os menos favorecidos, estimulando a melhora do
nível da autoestima, criando a oportunidade de crescimento pessoal e uma
importante contribuição no que se refere ao relacionamento social. Sendo assim,
estes podem incentivar os alunos, professores, funcionários e voluntários a contribuir
na mudança de conceitos transformadores nos indivíduos participantes, de forma a
melhor demonstrar através das atividades, a realidade que os rodeiam e assim
ensinar o que fazer para ajudar. Fazendo com que todos os voluntários saiam mais
críticos em relação a atual sociedade em que vivem tornando-se mais conscientes
de seu papel como cidadãos. O atual estudo objetiva analisar o projeto Doutores da
Beleza e Doutores e a ONG Doutores Alegria e apontar as ações pertinentes a
melhora da auto estima nas instituições beneficiadas.
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Proposta dos Doutores da Alegria
A criação de um projeto voltado a atender as necessidades emocionais com intuito
de levar a alegria a crianças hospitalizadas carentes de atenção e esquecidas pela
sociedade, devido sua condição de saúde, surgiu através de uma iniciativa já
existente nos Estados Unidos, mais precisamente na cidade de Nova Iorque. Isto,
devido a ocorrência de uma situação em 1986, em um hospital onde um palhaço
americano, Michael Christensen diretor do Big Apple Circus de Nova Iorque,
apresentava-se em uma comemoração, na cidade, quando solicitou uma visita as
crianças
internadas que não puderam comparecer a tal comemoração. Assim,
seguiu improvisando a substituir as imagens da internação por outras, alegres e
engraçadas. Esta foi a chave para a Clown Care Unit™, que define-se por um grupo
de artistas especialmente treinados para levar a alegria a crianças internadas nos
hospitais de Nova Iorque.
Em 1988, Wellington Nogueira, um artista brasileiro, passou a integrar a trupe
americana. Em seu retorno ao Brasil em 1991, resolveu tentar no país um projeto
parecido, enquanto ex-colegas faziam o mesmo na França (Le Rire Medecin) e
Alemanha (Die Klown Doktoren). Sendo assim, em setembro daquele ano, em uma
iniciativa do Hospital e Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, em São Paulo (hoje
Hospital da Criança), teve inicio a ONG Doutores da Alegria sendo inicialmente
composto por artistas que tinham por base uma formação em teatro clown, no qual
predomina a arte circense, principalmente a pessoa do palhaço.
A missão dos Doutores da Alegria é ser uma organização especialmente dedicada a
levar alegria a crianças hospitalizadas que muitas vezes apresentam atitudes
negativas em relação a doença e sua recuperação; aos seus pais e aos profissionais
da saúde. Para isto, utiliza da arte clown, através da figura do palhaço, promovendo
o enriquecimento humano para todos envolvidos neste processo.
O projeto Doutores da Alegria atende a oito hospitais pediátricos em São Paulo e
dois no Rio de Janeiro. É uma organização brasileira sem fins lucrativos, sendo que
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em 1999, contava com vinte e cinco atores e dez profissionais que atuavam na
administração
da
organização,
os
participantes
da
ONG
necessitam
obrigatoriamente serem palhaços ou atores profissionais com registro no DRT, e
profissionalização na arte clown.
Assegurar a qualidade do trabalho artístico levado para dentro dos hospitais, é a
razão da ênfase dos “Doutores da Alegria” em relação à Formação contínua dos
palhaços, além do cuidado e do preparo necessários para a sua realização nesse
ambiente. (RODRIGUES e MALO, 2009)
O treinamento dura 10 meses, divididos entre visitas ao hospital, em duplas ou em
trios, e trabalho coletivo na sede dos Doutores da Alegria. Esse período serve para
adequar a bagagem do palhaço, geralmente de circo, teatro e rua, para o hospital.
O trabalho realizado pelo projeto segue então a medida que cada dupla de palhaços
além de responsáveis pela atuação em um determinado hospital, desenvolvem um
projeto artístico pré-determinado pelo própria dupla sendo totalmente livre. Estes
projetos são frutos da necessidade dos próprios artistas de modo a fazer com que
estes se deparem com desafios instigando-os em sua criatividade na abordagem de
novas técnicas para assim terem como resultado a qualidade em sua atuação dentro
das visitas as crianças internadas.
Dessa forma, os palhaços, denominados, besteirologistas, em duplas, visitam
crianças
hospitalizadas,
leito
a
leito,
duas
vezes
por
semana,
durante
aproximadamente seis horas por dia, inclusive nas unidades de terapia intensiva e
de procedimentos ambulatoriais. A mesma dupla de palhaços comparece ao mesmo
hospital durante um ano, criando laços de cumplicidade e confiança com o paciente,
seus parentes e profissionais da saúde. Além disso, se estabelece um
relacionamento de cooperação com os diferentes grupos profissionais das
instituições visitadas e a lógica da sistemática, onde o método de aproximação tem
como principio a permissão da criança.
Portanto, os besteirologistas são artistas completos que dominam tanto a arte do
palhaço como outras artes circenses e musicais sendo que a aclimatação ao
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ambiente e aos procedimentos hospitalares é objeto de treinamento específico para
novos integrantes.
Para ser palhaço dos Doutores da Alegria é preciso, “desejo e vontade”, para visitar
duas vezes na semana por 6 horas um ambiente adverso, e ao mesmo tempo
raciocinando sob uma outra lógica, o palhaço tem que ter maturidade e experiência,
deve possuir uma sensibilidade refinada e transformar com criatividade toda
dificuldade
encontrada
no
ambiente
em
uma
realidade
menos
dolorida.
(RODRIGUES E MALO, 2009).
O Doutores da Alegria realiza um trabalho artístico profissional no ambiente
hospitalar que vem construindo ao longo dos últimos anos uma parceria bem
sucedida entre os palhaços artistas e os profissionais de saúde, além disso, nota-se
alterações consideradas importantes com relação às crianças hospitalizadas, estas
são: melhora no comportamento e na comunicação, maior colaboração com exames
e tratamentos, diminuição da ansiedade com a internação (RODRIGUES E MALO,
2009).
Desde o começo das atividades, remuneração mensal dos colaboradores, é
característica do projeto, o que se torna possível através de patrocínios empresariais
e as contribuições regulares de sócios mantenedores, porém a natureza incerta dos
recursos nunca, permitira nenhuma política ou critério de remuneração planejado.
Logo, a ONG Doutores da Alegria caracteriza-se por um trabalho voluntario pela
vontade e filosofia inicial baseada em atender as necessidades emocionais de
crianças hospitalizadas carentes deste tipo de atenção. Porem, por ser um trabalho
remunerado perde a característica de ser denominado de voluntário. (RODRIGUES
e MALO, 2009).
Para a equipe dos administradores não havia sido planejada nenhuma atividade de
treinamento ou desenvolvimento profissional, o que gerou conflitos que levaram a
mudanças
substanciais
quanto
ao
relacionamento
envolvendo
atores
e
administradores, tendo por base a função primordial do projeto que era o de levar
alegria e, para isto, se fazia necessário o comprometimento com o trabalho
desenvolvido na organização.
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Estabeleceram-se diretrizes envolvendo a visão, missão, valores e formas de
proceder de cada um que participasse do programa. Com relação à visão, ficou
estabelecido que esta focaria em “A arte em espaços inusitados” que, segundo
Massetti apud Rodrigues e Malo (2009), levar a arte a lugares inusitados e promover
transformações na realidade a partir dela, seria a prioridade do Doutores da Alegria,
observando que para os artistas, o teatro não acontece apenas nos auditórios ou
salas de espetáculo, este pode ser realizado em qualquer lugar, assim os indivíduos
podem proceder a mudanças no ambiente ou em seu modo de agir e pensar.
No tocante a missão, esta se voltaria para a “Alegria” e, de acordo com Rodrigues e
Malo (2009), centrar-se-ia em: levar a alegria para crianças hospitalizadas, seus pais
e profissionais de saúde, através do teatro clown, sendo que nenhum outro publico
interessa o projeto, apenas o universo hospitalar, mediante a isso, todos os artistas
recebem a formação para atuar no ambiente e adaptar as técnicas artísticas para o
local de apresentação, desta forma o grupo visa integrar a arte como fonte de saúde.
.
Com relação aos valores, “Entusiasmo, Humor e Olhar”, Massetti apud Rodrigues e
Malo (2009) destaca, que o “entusiasmo” é o recurso que o artista terá para a
capacidade de encarar obstáculos; o “humor”, para transformar qualquer situação
passível em risível; e a capacidade de “olhar”, além, de escutar conhecer o outro e
suportá-lo com todas as suas necessidades, estes valores citados, são também os
princípios do teatro clown.
Após estas definições, passou-se a estruturar o processo de participação da equipe
administrativa e, também, da interação entre artistas e administradores devido aos
problemas de relacionamento anteriormente destacados, sendo que a maioria dos
administradores nem sequer haviam tomado conhecimento do trabalho realizado
nos hospitais e, desta forma, criou-se um slogan que passou a ser usado por toda a
equipe: “Vamos criar uma organização clown”.
A seguir, resolvendo-se o problema administrativo, partiu-se para as ações de
treinamento propriamente dito, levantando-se as necessidades de aprendizado com
base no trabalho realizado por cada colaborador. Deste processo, participaram
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todos os colaboradores, administradores e artistas, não mais existindo um grupo de
administradores e outro de artistas, mas sim, grupo de decisões, e a equipe
propriamente dita, com o apoio de todos, visando a evolução do trabalho
desenvolvido.
Proposta dos Doutores da Beleza
O projeto Doutores da Beleza teve a iniciativa de sua criação baseada na filosofia do
projeto Doutores da Alegria, seguindo sua lógica para o desenvolvimento de um
projeto similar, porém tendo sua origem dentro do campus universitário, com a
inclusão de alunos como voluntários e professores ligados às respectivas áreas
relacionadas com o projeto como criadores e idealizadores deste. Assim, da mesma
forma que o projeto Doutores da Alegria visa uma melhora na auto estima, o Projeto
Doutores da beleza adota a melhora da auto estima como sua prioridade,
desenvolvendo para isto atividades que focam a promoção da beleza com o intuito
de promover a imagem pessoal reforçando a auto confiança e inserindo novamente
estas pessoas menos favorecidas na sociedade, elevando seu valor mediante a
esta, diminuindo a desigualdade social a que estão sujeitas.
Para isto, o projeto Doutores da beleza não só realiza atividades ligadas ao
embelezamento, como também, desenvolve a valorização e emancipação
de
valores como solidariedade, caridade e amor ao próximo, desenvolvendo o
sentimento de responsabilidade social para com as pessoas de comunidades e
instituições carentes uma vez que seu trabalho espelha a realidade destas
Analisando o programa Doutores da Beleza, verifica-se que sua proposta volta-se
para a comunidade carente, com atividades que buscam suprir as necessidades das
instituições que são envolvidas pelo projeto, tais como idosos, os quais, muitas
vezes, necessitam de um atendimento personalizado com relação a higiene, estética
e beleza, destacando-se a melhoria de sua auto estima e, consequentemente, a
promoção do bem estar social. A este respeito, o Projeto Doutores da Beleza tem
por base, desenvolver e ensinar atividades de corte e penteado de cabelo, pintar
unha e maquilar as crianças e adolescentes e oferecer tratamentos de
embelezamento aos idosos. Para tanto estes trabalhos serão organizados a partir de
10
cronograma de atividades fixas para cada instituição atendida, onde cada uma delas
apresenta necessidades distintas, sendo que o projeto possibilita atender as
demandas solicitadas. ( PUJOL, 2008).
O projeto tem como uma de suas principais características a de levantar as
necessidades de um grupo ou ambiente, de forma a priorizar atividades que
desenvolvam a auto estima e, ao mesmo tempo tragam melhoras significativas aos
voluntários e beneficiados envolvidos no processo dos tratamentos estéticos
realizados.
Observa-se que, os Doutores da Beleza não se voltam apenas para a promoção da
beleza social, mas, principalmente a melhora da autoestima como forma de levar
aos idosos, aos carentes, e a toda comunidade, uma melhor qualidade de vida.
O Projeto ainda destaca que as atividades realizadas, podem desenvolver ações
que promoveram resultados positivos tanto para o meio universitário, os alunos e
professores participantes do projeto, quanto para a comunidade beneficiada, visto
que o projeto em vigência compartilhou interesses em comum quando se destaca a
busca continuada da melhoria das condições de vida das crianças internadas em
orfanatos, população idosa residente em asilos e as demais intituições beneficiadas.
Os segmentos atendidos
Os trabalhos desenvolvidos pelo projeto abrangem os idosos, orfanatos, escolas e
portadores de necessidades especiais com atividades voltadas a estética e beleza;
higiene; manicure; cabelo; além de brincadeiras, como: brincadeiras de roda, teatro
e desfiles de moda.
No segmento idosos, as atividades estão relacionadas à higiene, estética e beleza,
com intuito de favorecer auto estima e bem estar social. De acordo com o Projeto,
com as perdas vivenciadas, a população idosa poderá apresentar alterações no
nível de autoestima, deixando mais propensas a subestimar ou sobreestimar as
suas competências, como um mecanismo de proteção, nesse contexto, o “Doutores
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da beleza” contribui para a melhora da autoestima e manutenção do padrão de
beleza social e melhorando a qualidade de vida, dos idosos residentes em asilos.
Em orfanatos, atividades relacionadas ao lúdico se tornaram necessários, nestas
atividades estão decoração de unhas, maquiagem artísticas, teatro, brincadeira de
roda, desfiles de moda, destacando e potencializando a importância das crianças e
adolescentes da instituição. Coopersmith apud Gobitta e Guzzo (2002) indica que a
dominação de crianças, rejeição e punição severa, resultam em autoestima
rebaixada, estes sentimentos muitas vezes se encontram nas crianças carentes, de
orfanatos, sendo que estas, esporadicamente são recolhidas nas ruas ou
abandonadas por seus pais.
Ensinar aos adolescentes práticas que envolvem os serviços de manicure, corte e
modelagem de cabelo, maquilagem, através de oficinas práticas e palestras, é a
meta do Doutores da Beleza, quando seu publico são as escolas, além desse
incentivo, o projeto orienta possibilidades para o mercado de trabalho.
Com os portadores de necessidades especiais, o objetivo é a melhora da autoestima
e imagem pessoal, o que Segundo Ladd et al., pode favorecer a empatia, e quanto
mais empática é uma criança, mais competente socialmente ela é capaz de ser.
Uma vez que a empatia favorece o vínculo entre as pessoas, espera-se que ela
contribua para o desenvolvimento das relações de amizade, o que, em situações de
stress, funcionam como apoio social, e auxiliam na capacidade de adaptação. (Ladd
et al., 1996).
Importância para a auto-estima
A motivação é um assunto amplamente estudado pela psicologia, pois esta busca
explicações para o comportamento humano. Define-se que motivação não é algo
que possa ser diretamente observado; infere-se a existência de motivação
observando o comportamento. Um comportamento motivado se caracteriza pela
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energia relativamente forte nele centrada e por estar dirigido para um objetivo ou
meta.
Motivação deve ser entendida “como o processo responsável pela intensidade,
direção e persistência dos esforços de uma pessoa para o alcance de uma
determinada meta” (ROBBINS, 2002).
Em 1943, Maslow formulou um conceito de hierarquia de necessidades que
influenciam o comportamento humano. Esta hierarquia foi concebida pelo fato de o
homem ser uma criatura que expande suas necessidades no decorrer de sua vida e
à medida que vai satisfazendo suas necessidades básicas, outras vão surgindo.
O comportamento do homem pode ser analisado em função das necessidades que
ele sente. Tornando-se ativa uma necessidade, ela pode ser considerada como
estímulo para a ação ou impulsionadora das atividades do indivíduo. Assim, como a
necessidade latente não só molda seu comportamento, como indica o que será
importante para o indivíduo. Portanto, um sistema constituído pelas necessidades do
homem evidentemente se transforma em fonte de motivação (MASLOW apud
BERGAMINI, 1997)
A hierarquia das necessidades, segundo Maslow apud Bergamini (1997), é:
a) Necessidades fisiológicas (ar, comida, repouso, abrigo, etc.);
b) Necessidades de segurança (proteção contra o perigo ou provação);
c) Necessidades sociais (amizade, inclusão em grupos, etc.);
d) Necessidade de estima (reputação, reconhecimentos, auto-respeito, amor,
etc);
e) Necessidades de auto-realização (realização do potencial, utilização plena
dos talentos individuais, etc.).
Abraham Maslow acreditava que, para motivar totalmente uma pessoa, não bastava
satisfazer apenas suas necessidades psicológicas e de segurança, pois novas
necessidades, de outra natureza, surgiriam. A hierarquia de Maslow pode ser
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aplicada em todos os aspectos da vida: quanto mais ambiciosa e satisfeita a pessoa,
maior será o seu potencial de contribuição à empresa.
Verifica-se assim, que a medida que o indivíduo passa a controlar suas
necessidades fisiológicas e de segurança, outras necessidades vão surgindo, como
as secundárias que abrangem as necessidades sociais, de estima e de auto
realização, sempre em ordem de satisfação do próprio indivíduo, ou seja: primeiro as
sociais, quando estas são satisfeitas volta-se para as de estima e somente então,
para as de auto realização.
Isto mostra que as necessidades de estima são complementares às necessidades
sociais, enquanto que as de auto-realização são complementares às de estima.
Pode-se verificar que os últimos níveis de necessidade somente surgem quando os
primeiros níveis estão relativamente controlados e alcançados pelos indivíduos.
Para Coopersmith apud Gobitta e Guzzo (2002), as pessoas que solicitam ajuda
psicológica expressam com freqüência sentimentos de inadequação, pouco valor e
ansiedade associada à baixa autoestima.
Coopersmith apud Gobitta e Guzzo (2002), define autoestima como a avaliação que
o individuo faz, e, que habitualmente mantém, em relação a si mesmo. Expressa
uma atitude de aprovação e desaprovação e indica o grau em que o individuo se
considera capaz, importante e valioso em relação a sociedade e as pessoas com
quem convivem. Portanto para o autor, a auto estima é um juízo de valor que
expressa mediante as atitudes, ações e reações, que o individuo mantém em torno
de si mesmo. É exposta aos outros, à sociedade através de relatos verbais e
expressões publicas de comportamentos. Além disso, Coopersmith acreditava que
uma imagem bastante constante das capacidades, e da sua distinção como pessoa,
além da criatividade, são características de pessoas com auto estima elevada, estas
pessoas com alto grau de autoestima são menos preocupadas com medos e
ambivalências, são mais diretas e realistas às suas metas pessoais, mediante a isso,
possuem maior probabilidade de assumir papéis ativos em grupos sociais e
efetivamente expressão suas visões. (GOBITTA e GUZZO, 2002). Tal afirmação,
pode comprovar que a atividade dos projetos em estudo possuem importante papel,
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tanto para as instituições favorecidas, quanto para os integrantes participantes das
atividades realizados , quando se põe em evidencia os benefícios a autoestima.
Historicamente associado a um trabalho de caráter assistencialista, paternalista e de
ajuda às pessoas carentes e menos favorecidas, o trabalho tem favorecido a auto
estima, busca por novos mercados, orientando novas possibilidades de trabalho,
visando
assim,
desenvolver
uma
concepção
humanística,
vinculado
a
responsabilidade social.
Através dos aspectos relacionados a caridade, compaixão e amor ao próximo, iniciase um espaço para a inclusão de valores como cidadania e participação
responsável, consciente e comprometida com a comunidade, tanto dos indivíduos
como das instituições. (Disponível em:<http://www.univali.br/projetosprogramas>
Acesso em: 04 jun. 2009)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Segundo a analise realizada do projeto Doutores da Beleza e Doutores e da ONG
Doutores da Alegria, percebe-se que estes oferecem benefícios positivos voltados
para a melhora da autoestima. Todavia, ambos utilizam para isto, estratégias
individuais e diferenciadas. Assim, os Doutores da Alegria foca suas atividades na
recuperação de crianças hospitalizadas através da arte circense e do teatro clown,
prevalecendo a cura pelo riso. Já o projeto Doutores da Beleza objetiva suas
estratégias em terapias que resgatam a beleza e a estética. Vê-se que, ambos
priorizam a importância de se desenvolver projetos desta magnitude como forma de
levar as pessoas a tomarem consciência de sua importância não só na sociedade,
mas, principalmente, para si mesmas e para aqueles com quem convivem.
Torna-se oportuno destacar que, por estar completando em setembro vinte e um
anos como uma ONG brasileira reconhecida nacionalmente na área de projetos
filantrópicos, o Doutores da Alegria utiliza estratégias de marketing que contribuem
para sua divulgação, mérito e reconhecimento em nível nacional. Sendo assim,
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pode-se citar tais ações como: a promoção do projeto através de produtos de nível
comercial que geram renda para a continuidade de suas atividades assim como a
veiculação deste com empresas que desenvolvem ações promocionais que
promovem o projeto e resultam em ações beneficentes com o intuito de incentivar
doações de arrecadação para a sua manutenção.
Dessa forma, é valido que o projeto Doutores da Beleza siga como referencia os
planos de marketing publicitário e promocional empregados pelo Doutores da
Alegria, como forma de divulgar o projeto a nível nacional incentivando sua
notabilidade, fazendo com que este possua recursos para sua expansão e
permanência de suas atividades. Portanto, fica como sugestão algumas ações de
marketing que o projeto Doutores da Beleza poderia aplicar, sendo estas: pesquisar
empresas reconhecidas no mercado cosmético na tentativa de estabelecer uma
parceria com o projeto; eventuais patrocínios; campanhas publicitárias veiculadas a
logo do projeto na produção de estojos de maquiagem, bolsas, camisetas e demais
produtos comerciais assim como oficinas que promovam a atuação e política deste.
Logo, tais ações teriam como finalidade gerar lucros que seriam destinados para as
instituições beneficiadas pelo projeto Doutores da Beleza. Ainda neste contexto, fica
como sugestão para próximos trabalhos relacionados ao projeto Doutores da Alegria
a produção de um relatório dos atendimentos com relatos dos assistenciados,
numero de pessoas atendidas assim como um relato de experiência tanto dos
voluntários quanto das pessoas carentes beneficiadas e os resultados obtidos por
estes.
REFERÊNCIAS
BERGAMINI, Cecília Withaker. Motivação nas organizações. 4 ed. São Paulo:
Atlas, 1997.
CORULLÓN, Monica & WILHEIM, Ana Maria. Voluntários: programa de estímulo ao
trabalho voluntário no Brasil. São Paulo: Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança,
1996
16
DOMENEGHETTI, Ana Maria Martins de Souza. Voluntariado: Gestão do trabalho
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Eduarda Grankow Sitonio¹