Pró-Reitoria de Graduação Curso de Educação Física Trabalho de Conclusão de Curso Ansiedade Traço e Estado de Atletas Escolares de Esportes Coletivos Autor: Dione de Sousa Cabral Orientador: Profª Drª. Gislane Ferreira de Melo DIONE Brasília - DF 2010 DIONE DE SOUSA CABRAL ANSIEDADE TRAÇO E ESTADO DE ATLETAS ESCOLARES DE ESPORTES COLETIVOS Artigo apresentado ao Curso de Graduação em Educação Física da Universidade Católica de Brasília como requisito parcial para obtenção do Título de Licenciado em Educação Física. Orientadora: Profª Dra. Gislane Ferreira de Melo BRASÍLIA 2010 Pré-projeto de autoria de Dione de Sousa Cabral, intitulado “Ansiedade Traço e Estado de Atletas escolares de Esportes Coletivos”, apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciado em Educação Física da Universidade Católica de Brasília, em 19 de junho de 2010, defendido e aprovado pela banca examinadora abaixo assinada: Profª Dra. Gislane Ferreira de Melo Orientadora BRASÍLIA 2010 DIONE DE SOUSA CABRAL Ansiedade Traço e Estado de Atletas Escolares de Esportes Coletivos Resumo: A ansiedade é um sentimento de apreensão e tensão, que provoca receio no indivíduo associado com ativação ou agitação, e se caracteriza por dois tipos, são eles: Traço (comumente) e estado (evento). O objetivo desse estudo foi analisar o nível de ansiedade-estado e ansiedade-traço em jovens escolares que participam de competições nacionais. Onde participaram da amostra 44 atletas escolares de modalidades coletivas (handebol e Natação) de várias instituições do Distrito Federal, de ambos os sexos. Será utilizado o Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE), o qual é composto por 20 itens relacionados a Ansiedade Traço e Estado. Os resultados encontrados mostram que a ansiedade traço e estado de jovens atletas não se diferenciam. Portanto que os níveis de ansiedade traço e estado não apresentaram diferenças significativas para o grupo total e para o sexo. Apesar da não diferença entre os tipos de ansiedade, observa-se que em atletas escolares o nível de ansiedade traço é maior que a ansiedade estado. Isso pode estar ocorrendo pelo fato de que, na idade investigada os alunos estão passando por pressões como vestibular, novos relacionamentos, etc. E, a competição escolar seja uma válvula de escape para estes jovens. Introdução A personalidade faz de cada ser humano um ser único. E por ser único, é dotado de características que são particularmente suas, bem como respostas diferentes para cada estimulo e situação de vida. Segundo (Allport, 1966), “O ser humano é dotado de características que o diferenciam dos demais, que o fazem um ser único, é capaz de realizar complexas relações no seu meio e cada pessoa pode reagir de maneiras diferentes a uma mesma situação ou estímulo”. Dentre estes estímulos observa-se que o estresse e a ansiedade vêm sendo estudados. Spielberger (apud De Rose Junior, 1985) “caracterizou a ansiedade como um sentimento subjetivo de apreensão e tensão, provocando um medo geral no indivíduo, além de reações somáticas, psicológicas, psicomotoras e sociais”. Segundo ao autor podem ser classificados como: Ansiedade-traço: predisposição de uma pessoa perceber certas situações como ameaçadoras ou não, respondendo a elas com níveis variados de ansiedade-estado; Ansiedade-estado: estado emocional imediato, caracterizado por um sentimento de medo e apreensão e tensão, acompanhado ou associado com a ativação do sistema nervoso autônomo.Estas variáveis vêm sendo discutidas no ambiente esportivo há anos, uma vez que interfere diretamente no rendimento dos atletas, bem como na equipe técnica. Outro ponto de estudos é a interferência da atividade física como redutora da ansiedade e do estresse. Neste âmbito, Spielberger e Martens (1977, apud De ROSE JUNIOR et al ), criaram uma teoria da ansiedade-traço competitiva que seria a uma predisposição de observar eventos esportivos como uma ameaça. A ansiedade-traço competitiva é uma característica relativamente estável e pode reduzir no desempenho. Já a ansiedade-estado competitiva é um estado emocional imediato e passageiro no indivíduo, que percebe certas situações problemas como ameaçadores, estando ou não presente o perigo real. Portanto, a ansiedade-traço competitiva pode ser um indicativo de como um atleta reagiria ao estar em certas situações competitivas ameaçadoras ao seu bem estar físico, psicológico e social. Este artigo tem o intuito de analisar o nível de ansiedade-estado e ansiedadetraço em jovens escolares que participam de competições nacionais. Como estes jovens cada vez mais cedo estão iniciando em atividades esportivas, estudos começam a aparecer, e as discussões entre os autores também. De acordo com Gallahue (1989, apud De ROSE JUNIOR et al) a criança deve ser exposta, gradativamente a experiências que exijam grandes responsabilidades e deve ser encorajada a participar dessas atividades, desde que lhe seja proporcionada a oportunidade de estar em eventos apropriados às suas necessidades e interesses, promovendo o desenvolvimento da auto-confiança e, conseqüentemente, aumentando seus níveis de motivação e baixando os níveis de ansiedade-estado competitiva. Passer (1982, apud De ROSE JUNIOR et al) afirma que “a criança que passa por experiências competitivas desagradáveis pode ter sua auto-estima abalada levando à conseqüências que podem ir desde a fuga da atividade até o abandono total da mesma”. Segundo Scanlan & Passer (1978 apud De ROSE JUNIOR et al), “a ameaça à auto-estima é um ponto crucial do processo competitivo infanto-juvenil e pode causar um nível de ansiedade indesejado e que influencia negativamente no desempenho”. Portanto é de grande importância o conhecimento sobre a ansiedade durante uma competição e as suas classificações, para que o esporte não seja uma atividade maléfica aos nossos jovens e que estes não abandonem tão cedo sua modalidade esportiva. Este é o objetivo deste estudo. MATERIAIS E MÉTODOS Amostra: Participaram da amostra 44 atletas de Handebol e Natação, com média de idade de 11 á 17anos de ambos os sexos, de varias instituições do Distrito Federal. Instrumento: Foi utilizado o Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE), o qual é composto por 20 itens relacionados a Ansiedade Traço e 20 Itens relacionados a Ansiedade Estado. Para avaliação dos dados, calcula-se a média e desvio padrão da amostra, onde considera-se como Normal valores entre -1 e +1 desvios, propensão da depressão valores abaixo de -1 desvio e Ansioso valores acima de +1 desvio padrão. Procedimentos: O instrumento foi aplicado pelo próprio pesquisador, individualmente para cada atleta. Após o esclarecimento do objetivo do estudo os atletas assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido. Análise Estatística: Para avaliação descritiva dos dados foi utilizada a análise de freqüência, e para análise inferencial utilizou-se o Teste Qui-Quadrado para comparação entre níveis de ansiedade traço e estado de homens e mulheres. Para tanto, utilizou-se o software SPSS 15.0 for Windows, considerando um erro de 5%. RESULTADOS E DISCUSSÃO As tabelas a seguir descrevem a amostra no que se refere à Ansiedade Traço, Ansiedade Estado e a comparação entre as duas formas de ansiedade. Tabela 1-Ansiedade Traço Nível de Ansiedade Ansiedade Normal Tendência a depressão Ansiedade acima do normal Número de Atletas 29 07 08 44 Freqüência 65,9% 15,9% 19,1% 100% p= 0,23 Tabela 2 – Ansiedade Estado Nível de Ansiedade Ansiedade Normal Tendência a depressão Ansiedade acima do normal Número de Atletas 36 4 4 Freqüência 81,8% 9,1% 9,1% 44 100% P= 0,33 Quadro 1- Qui-Quadrado (Ansiedade Traço x Ansiedade Estado) Ansiedade estado Ansiedade Normal Tendência a Depressão Ansiedade acima do Normal Ansiedade Traço Ansiedade Normal 23 Tendência a Depressão 7 4 2 29 7 6 2 8 4 44 Ansiedade acima do normal Total P= 0, 245 36 4 Na comparação do teste Qui-Quadrado, pode-se perceber que não há diferenças significativas entre Ansiedade traço e Ansiedade Estado nos atletas escolares. Porém alguns atletas que eram normais se tornaram ansiosos no momento de uma competição. Outros atletas que já tinham traços característicos, de ansiedade traço ficaram normais no momento da competição. Estes dados corroboram com Ana Leça-Veiga apud (Gould et al. 1983) que relata sobre alguns atletas e as suas preocupações com a competição, pois não afetam a sua “performance’’ e alguns sentem que a sua condição esportiva é melhor quando se sentem ansiosos. Estes dados também podem ser explicados pela Hipótese do U-invertido, aonde se explica a ativação quando é aumentada melhora o desempenho do individuo, portanto aumentos adicionais na ativação fazem o desempenho cair. Outra hipótese pode explicar esses dados, como o Método Catástrofe a qual o atleta com uma ansiedade alta irá alcançar uma elevação da ativação. E após a ativação ideal, ocorre um declínio imediato no desempenho, e sua recuperação poderia levar muito tempo. Quadro 2 – Diferenças entre os sexos – Ansiedade Traço Qui-Quadrado (Sexo x Ansiedade Traço) Count SEXO Meninos TRAÇO Ansiedade Normal Tendencia a Depressão Ansiedade acima do normal 12 3 6 21 Total Meninas 17 4 2 23 Total 29 7 8 44 Diferenças entre os sexos – Ansiedade Estado Qui- Quadrado (Sexo x Ansiedade Estado) Count SEXO ESTADO Total Ansiedade Normal Tendencia a Depressão Ansiedade acima do normal Meninos 17 4 21 Meninas 19 4 23 Total 36 4 4 44 Na compração entre Ansiedade Traço-Estado x Sexo, pode-se perceber que não há diferenças entre Meninos e Meninas. Mesmo vendo que os resultados encontrados são maiores em consideração com o sexo feminino. Estes resultados pode-se explicar pelo alto nível de pressões como vestibular, novos relacionamentos, etc. E, a competição escolar seja uma válvula de escape para estes jovens. Conclusão Com os resultados encontrados pode-se concluir que os níveis de ansiedade traço e estado não apresentaram diferenças significativas para o grupo total e para o sexo. Apesar da não diferença entre os tipos de ansiedade, observa-se que em atletas escolares o nível de ansiedade traço é maior que a ansiedade estado. Isso pode estar ocorrendo pelo fato de que, na idade investigada os alunos estão passando por pressões como vestibulares, novos relacionamentos, etc. E, a competição escolar seja uma válvula de escape para estes jovens. Como variáveis que poderiam esclarecer este fato não foram investigadas neste estudo, sugere-se que estudos futuros avaliem não só os níveis de ansiedade mais outros fatores que podem estar interferindo na ansiedade traço de escolares. REFERÊNCIAS ALLPORT, 1966. Temperamento e traços de personalidade de atletas de orientação Maria Cristina Chimelo Paim, Érico Felden Pereira y Jane Maria Carvalho Villis. www.efdeportes.com/efd68/orient.htm De ROSE JUNIOR, D. A competição na infância e na adolescência. Revista Metropolitana de Ciências do Movimento Humano, v.2, n.2, p.6-13, 1995. ______, D. & VASCONCELLOS, E.G et al . Ansiedade – Traço Competitivo e Atletismo: Um estudo com Atletas Infanto – Juvenis. Rev. paul. Educ. Fís., São Paulo, 11(2):148-54, jul./dez. 1997 GOULD, D, Horn, T., e Spreemann, J. (1983). Ansiedade na Prestação Desportiva. Ana Leça-Veiga* Perceived Anxiety of Elite Junior Wrestlers. Journal of Sport Psychology , 5 , 58-71. WEINBERG, R. S. & Gould Daniel, Fundamentos da Psicologia do Esporte e do Exercício. 2. ed. Porto Alegre: Artmed Editora, 2006.