Cidade dos patos
Era uma vez um menino, Mateus, que morava em uma linda cidade à beira de um grande
lago. A cidade dos patos ficava entre uma floresta cheia de árvores e cavernas e o lago da
festa, que tinha este nome por causa da grande quantidade de patos que lá viviam. Eram
tantos patos naquela região que as ruas da cidade dos patos vivia cheia deles.
Pato amarelo, Pato cinza, Pato preto, Pato branco, Prato grande, Pato pequeno, Pato com
pena, Pato sem pena, Pato com pata, Pato sem pata, Pato com pato, Pato sem pato, Pato que
voa, Pato que anda, Pato que come, Pato que passeia, ...
Era tanto pato que as ruas da cidade viviam constantemente uma grande passeata de patos,
uma verdadeira pateata. Eram tantos que Mateus, especialista no assunto, vivia louco para
colocar em prática suas receitas para comê-los.
Croquete de pato, Doce de pato, Empanado de pato, Pato ao molho, Pato com laranja, Pato
com abacaxi, Pato com hortelã, Pato com milho, Pato com ervilha, Pato assado, Pato
cozido, Pato ensopado, Pato frito, Pato empatado, Pato com pato, Pato sem pato, Pato com
pena, Pato sem pena, Pato enlatado, ...
Mas o prefeito da cidade, que amava os patos havia criado uma lei que proibia que os patos
fossem usados para a alimentação. Mateus não se conformava com a lei e já estava ficando
louco. Sua vontade de comer pato era muito grande,
Tão grande,
Mas Tão
grande,
que um belo dia decidiu que desobedeceria a lei do prefeito e comeria um
pato. Foi dormir pensando no assunto e sonhou que foi uma maravilha.
Na manhã seguinte, para a surpresa de Mateus e de toda a população, os patos não estavam
pateando pelas ruas da cidade como faziam habitualmente.
Todos os patos haviam seguido em pateata para a grande praça da cidade, em frente à
prefeitura. Até parece que os patos ficaram sabendo dos planos de Mateus e decidiram
protestar. Era tanto pato que não dava para ver o chão da praça.
Pato preto, Pato amarelo, Pato cinza, Pato branco, Pato com pena, Pato sem pena, Pato
parado, Pato andando, Pato correndo, Pato voando, Pato deitado, Pato sentadoPato rolando,
Pato brincando, Pato falando, Pato cantando, Pato pulando, ...
O prefeito, quando viu a pateata, ficou feliz da vida.
- Como são lindos os patos de nossa cidade. Coloridos, alegres e descontraídos. Dão um ar
tão especial a nossa cidade. - pensou em voz alta.
Só que a felicidade do prefeito durou pouco.
Na hora do almoço todas as pessoas que moravam ou trabalhavam perto da praça, inclusive
o prefeito, estavam quase loucas com a barulheira que todos os patos reunidos faziam na
grande praça da cidade. Alguns já pensavam até em passar a chamar a praça central de
praça da festa, em referência ao grande lago nas proximidades da cidade.
O barulho era muito grande, tão
grande, mas
tão grande
Que o prefeito mandou que os soldados da cidade enxotassem os patos dali. Ele estava tão
enlouquecido que se não fosse a lei que proibia que os patos fossem mortos, mandaria
acabar com todos eles imediatamente.
- Como é possível que uma cidade viva com tantos patos juntos, dizia em voz alta enquanto
os soldados trabalhavam.
Era pato para todo lado
, Pato voando, Pato correndo, Pato pulando, Pato acoado, Pato carregado, Pato jogado, Pato
empurrado, Pato ensacado, Pato com pato, Pato sem pato, Pato empatado, ...
Quando os patos foram finalmente dispersados e o prefeito pensou que agora, finalmente,
poderia trabalhar em paz...
- Não é possível, - exclamou o prefeito olhando pela janela da prefeitura que dava de frente
para a grande praça. – Vejam só que sujeira. Eu nunca vi tanto cocô de pato num só lugar.
Vamos levar meses para organizar nossa bela praça novamente. – Exclamou o prefeito,
triste e decidido a evitar que aquilo acontecesse novamente.
Algumas horas depois da confusão, o prefeito, para a alegria de Mateus, estava assinando
uma lei que desproibia que os patos fossem comidos.
Foi um tal de comer pato...
Croquete de pato, Doce de pato, Empanado de pato, Pato ao molho, Pato com laranja, Pato
com abacaxi, Pato com hortelã, Pato com milho, Pato com ervilha, Pato assado, Pato
cozido, Pato ensopado, Pato frito, Pato empatado, Pato com pato, Pato sem pato, Pato com
pena, Pato sem pena, Pato enlatado, ...
Que os patos da região acabaram. Não sobrou um só pato para contar a história da cidade
dos patos.
Alguns meses depois da grande pateata na praça central a cidade havia ficado triste, o lago
da festa não era mais o mesmo. As pessoas sentiam falta daqueles patos pateando pelas ruas
e o prefeito estava desconsolado. Decidiu então chamar Mateus, o menino que sabia tudo
sobre patos.
O prefeito contratou o jovem rapaz para sair em uma importante missão. Deveria achar
patos e trazê-los para a cidade, caso contrário, teriam que mudar o nome da cidade e do
lago.
- Revirarei estas terras de cabeça para baixo e só retornarei quando tiver achado patos e os
tiver capturado. – disse Mateus ao prefeito, partindo logo depois.
O bravo Mateus decidiu começar sua procura no lago da festa, afinal de contas, pato adora
água, quem sabe não encontraria patos em algum lugar do lago?
Procurava qualquer pato
Pato branco, Pato amarelo, Pato vermelho, Pato marrom, Pato velho, Pato novo, Pato
sozinho, Pato com pato, Pato sem pato, Pato com pena, Pato sem pena, Pato com problema,
...
Mas sua procura não deu em nada. Parece que os moradores da cidade dos patos haviam
comido até o último pato das redondezas. Nenhum ninho, Nenhuma pena, Nem mesmo um
cocozinho de pato para contar a história...
Decidiu então partir para a floresta. Quem sabe não teria sorte por lá? Talvez achasse
alguns patos perdidos.
Andou que andou o jovem Mateus. Encontrou de tudo um pouco. Porcos na lama,
Passarinhos nas árvores, Lesmas nas fontes d’ água, Cobras nas pedras, Grilos nas folhas,
Beija-flores nas flores, Coelhos nas tocas. Mas nem sinal de patos!
Já estava quase desistindo de procurar na floresta quando encontrou um conhecido criador
de galinhas sentado à beira de um poço com um ovo na mão e um olhar de quem tentava
entender o inexplicável.
O velho era um senhor magro, com cerca de 1,5 m, barca branca muito bem aparada. Vestia
um macacão azul de brim com um avental branco encardido e muito velho. Tinha em sua
cabeça um chapéu de palha surrado. Estava descalço e tinha uma velha bolsa de lona
amarela no colo.
Mateus, que já estava morrendo de cede de tanto andar procurando os patos, decidiu
aproveitar a oportunidade para descansar e tentar descobrir notícias sobre a existência de
patos nas redondezas. Ao aproximar-se começou a conversar com o velho que estava
sentado.
-Boa tarde – Disse Mateus ao velho
-Tarrrrde – respondeu educadamente o matuto criador de galinhas. – Ocê já viu coisa mais
estranha por aí? – Perguntou a Mateus mostrando o ovo que poderia ser de qualquer bicho
menos de galinha.
- É um ovo de pato – respondeu Mateus já muito animado e louco de vontade de saber onde
havia sido encontrado.
O velho disse que o ovo havia sido achado em uma caverna próxima a seus galinheiros, em
um ninho abandonado e Mateus, muito animado pediu que o velho o levasse lá.
Mateus procurou que procurou e finalmente achou um pequeno grupo de patos selvagens
que moravam por ali. Tratou de captura-los e voltou para a cidade.
O prefeito, muito feliz, criou uma nova lei que proibia que todos os patos fossem comidos e
as pessoas da cidade trataram de aprender a conviver com alguns patos e a comer outros.
Os patos foram se multiplicando e depois de algum tempo a cidade dos patos voltou a ter
muitos patos passeando pelas ruas e pelos pratos
Pato amarelo, Pato com milho, Pato verde, Pato com ervilha, Pato marrom, Pato assado,
Pato vermelho, Pato cozido, Pato ensopado, Pato velho, Pato novo, Pato com pato, Pato
sem pato, Pato com pena, Pato sem pena
A Cidade dos Patos (http://www.guilherme.fraenkel.nom.br/Existologopenso/acidadedospatos.php) por
Guilherme Fraenkel (http://www.guilherme.fraenkel.nom.br) está licenciado sob a Creative Commons
Atribuição - Uso Não-Comercial - Compartilhamento pela mesma Licença 2.5 Brasil License
(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/2.5/br/).
Permissões além do escopo desta licença podem estar disponíveis em
http://www.guilherme.fraenkel.nom.br/direitos.html
Download

Cidade dos patos - Guilherme Fraenkel