SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE SANTA CATARINA
SUPERINTENDÊNCIA DE PLANEJAMENTO E GESTÃO
DIRETORIA DE EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE
ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DE SANTA CATARINA
PROFESSOR OSVALDO DE OLIVEIRA MACIEL
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA
SAIONARA VITÓRIA BARIMACKER
MÉTODO ALTADIR DE PLANIFICAÇÃO POPULAR
COMO INSTRUMENTO PARA MELHORAR A
RESOLUTIVIDADE DA PROMOÇÃO DA SAÚDE NA
ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA DO BAIRRO
JARDIM AMÉRICA, CHAPECÓ – SANTA CATARINA
Florianópolis
2012
SAIONARA VITÓRIA BARIMACKER
MÉTODO ALTADIR DE PLANIFICAÇÃO POPULAR
COMO INSTRUMENTO PARA MELHORAR A
RESOLUTIVIDADE DA PROMOÇÃO DA SAÚDE NA
ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA DO BAIRRO
JARDIM AMÉRICA, CHAPECÓ – SANTA CATARINA
Monografia apresentada à Escola de
Saúde
Pública
de
Santa
Catarina Professor Mestre Osvaldo de
Oliveira Maciel – Curso de PósGraduação Lato Sensu em Saúde
Pública, como requisito parcial para a
obtenção do título de Especialista em
Saúde Pública.
Orientador: Professor Dr. Áureo dos
Santos
Florianópolis
2012
B252m Barimacker, Saionara Vitória.
Método Altadir de planificação popular como instrumento
para melhoria a resolutividade da promoção da saúde na
Estratégia de Saúde da Família do bairro Jardim América,
Chapecó – Santa / Saionara Vitória Barimacker – Florianópolis:
Escola de Saúde Pública de Santa Catarina Professor Osvaldo
de Oliveira Maciel, 2012.
106 p.
Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização
(Especialização em Saúde Pública)-Pós-Graduação em Saúde
Pública, Escola de Saúde Pública de Santa Catarina Professor
Osvaldo de Oliveira Maciel.
“Orientação: Dr. Áureo dos Santos, Curso de PósGraduação em Saúde Pública”
Inclui referências
1. Promoção da saúde. 2. Saúde da família. 3. Planejamento
estratégico. I. Barimacker, Saionara Vitória. II. Escola de Saúde
Pública Professor Osvaldo de Oliveira Maciel. III. Título
CDU: 616-083
SAIONARA VITÓRIA BARIMACKER
MÉTODO ALTADIR DE PLANIFICAÇÃO POPULAR COMO
INSTRUMENTO PARA MELHORAR A RESOLUTIVIDADE DA
PROMOÇÃO DA SAÚDE NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA
FAMÍLIA DO BAIRRO JARDIM AMÉRICA, CHAPECÓ –
SANTA CATARINA
Monografia apresentada à Escola de Saúde
Pública de Santa
Catarina Professor Mestre Osvaldo de
Oliveira Maciel – Curso de
Pós-Graduação Lato Sensu em Saúde Pública, como requisito parcial
para a obtenção do título de Especialista em Saúde Pública, conferida
pela Banca Examinadora formada pelos professores:
Profª. Cleonete Argenta, Esp.
Coordenador do Curso
Escola de Saúde Pública de Santa Catarina Professor Osvaldo de
Oliveira Maciel
Prof. Áureo dos Santos,Dr.
Orientador
Escola de Saúde Pública de Santa Catarina Professor Osvaldo de
Oliveira Maciel
Profª. Eliane Maria Stuart Garcez, Dra.
Avaliador
Escola de Saúde Pública de Santa Catarina Professor Osvaldo de
Oliveira Maciel
_________________________________________________________
Profª Eliane Maria Stuart Garcez, Dra.
Avaliador Disciplina Metodologia da Pesquisa
Escola de Saúde Pública de Santa Catarina Professor Osvaldo de
Oliveira Maciel
Florianópolis, 03 de setembro de 2012.
Dedico este trabalho a minha
família por todo o apoio para que
este curso fosse concluído. Esta
que me incentivou a nunca desistir
desde que relatei a inscrição para
concorrer uma vaga neste curso.
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao professor orientador Dr. Áureo dos Santos, pelas
sugestões e críticas que contribuíram no enriquecimento do projeto,
também pela paciência e compreensão nos erros e certos durante o seu
desenvolvimento.
A até então coordenadora da unidade de saúde, Manoela Vier
Winter por ter permitido a utilização dos dados da unidade para que a
realização do trabalho fosse possível, sem mesmo temer as possíveis
críticas.
Aos colegas servidores da Secretaria Municipal de Saúde do
município de Chapecó pela colaboração na coleta de dados
necessários, os quais foram de suma importância no desenvolvimento
do projeto.
Também agradeço à professora Cleonete Argenta por todo o
carinho e atenção dada a todos os momentos no decorrer do curso de
especialização.
Agradeço ainda, a minha amiga de uma vida toda Tamiris
Cristina Birck pela sua amizade e carinho, pelo companheirismo nesta
trajetória na vida e nos estudos.
“As origens e concepções da
promoção
de
saúde
estão
intimamente
relacionadas
à
vigilância em saúde e a um
movimento
de
crítica
à
medicalização do setor. Supõe
uma concepção que não restrinja a
saúde à ausência de doença, mas
que seja capaz de atuar sobre
seus determinantes, extrapolando
a prestação de serviços clínicoassistenciais e propondo ações
intersetoriais que envolvam a
educação, o saneamento básico, a
habitação, a renda, o trabalho, a
alimentação, o meio ambiente, o
acesso a bens e serviços
essenciais, o lazer, entre outros
determinantes sociais da saúde”
SICOLI; NASCIMENTO, 2003.
RESUMO
A política de promoção da saúde se intensifica no Brasil a partir do ano
de 2008, porém ainda existem hiatos que oferecem dificuldades aos
profissionais no sentido fazê-la acontecer com efetividade no âmbito da
Estratégia Saúde da Família. Nesse contexto, o presente estudo
objetiva utilizar o Método Altadir de Planificação Popular na perspectiva
de estimular o aumento da resolutividade das ações de Promoção da
Saúde no âmbito da ESF do Bairro Jardim América, Chapecó. A
problemática envolve a existência de muitos condicionantes sociais que
interferem no equilíbrio do processo saúde-doença dessa população,
com carências importantes nas estratégias e práticas de promoção da
saúde. A revisão de literatura abordou relevâncias no contexto da
Estratégia Saúde da Família; promoção da saúde; Núcleo de Apoio a
Saúde da Família; diagnóstico de saúde da comunidade; a família e
suas necessidades básicas; função do planejamento estratégico;
atenção primária, Método Altadir de Planificação Popular. Enquanto
método, este estudo se apropriou e utilizou o Método Altadir de
Planificação Popular como elemento do Planejamento Estratégico para
a realização de diagnóstico de saúde da comunidade alvo, visando a
delimitação de ações passíveis de modificar a realidade dessa mesma
população a partir da educação em saúde, do auto-cuidado e das ações
de prevenção de doenças e agravos evitáveis. Como consequência
vislumbrou contribuir para a melhoria da qualidade de vida da
população circunscrita contemplando uma abordagem inter-setorial com
o apoio do Núcleo de Apoio a Saúde da Família. Ao final ficou a
compreensão de que não basta apenas ter boa vontade, é preciso
planejar e sensibilizar os co-participantes no sentido de fazê-los tomar
parte, fazer parte e ter parte no processo para a consolidação de um
sistema de saúde mais humano e resolutivo em todas as suas
dimensões.
Palavras chave: Promoção da saúde. Saúde da família. Planejamento
estratégico.
ABSTRACT
The politics of health promotion in Brazil intensifies from de year 2008,
but there are still gaps that present difficulties for professionals in order
to make it happen to effectiveness in the Family Health Strategy (FHS).
In this context, the study aims to use the Method of Plannig Altadir
People (MPAP) in view of encouraging the increase of the solving
actions in the health promotion in the framework of Family Health
Strategy Jardim América, Chapecó. The problem involves the existence
of many social problems that affect the balance of the health-disease in
this population, with major shortcomings in the strategies and practices
of health promotion. The literature review addressed relevance in the
context of the FSH; health promotion; Support Center for Family Health
(SCFH); diagnosis of community health; the family and their basic
needs; function of strategic planning; primary care, MPAP. While
method, this study used the MPAP appropriated as part of Strategic
Planning for the implementation of health diagnosis of the target
community, limiting actions that may change the reality of the same
population from the health education, self-care and of prevention of
disease and preventable diseases. As a consequence contributes to
improving the quality of life circumscribed contemplating a inter-sectoral
with a help of SCFH. At the end it was Understood That It is not enough
to have goodwill, it is Necessary to plan and co-sensitize the participants
in order to make Them take part, take part and have a part in the
process That These are extremely important in the consolidation of the
health system more humane and resolute.
Keywords: Health promotion. Family health. Strategic plannig.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 1: Árvore da situação objetivo. ........................................................54
Gráfico 2: Sexo X Idade. ..............................................................................65
Gráfico 3: Doença ou condição referida. ......................................................67
Gráfico 4: Destino do Lixo. ...........................................................................70
Gráfico 5: Abastecimento de Água. ..............................................................71
Gráfico 6: Destino das fezes e urina. ...........................................................72
Gráfico 7: Grupos comunitários. ...................................................................73
Gráfico 8: Consulta médica por faixa etária. ................................................76
Gráfico 9: Encaminhamentos. ......................................................................78
Gráfico 10: Visitas domiciliares. ...................................................................79
Gráfico 11: Vacinas. .....................................................................................82
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ACS
Agente Comunitário de Saúde
CEIM
Centro de Educação Infantil Municipal
CFB
Constituição Federal Brasileira
CS
Centro de Saúde da Família
ESF
Estratégia Saúde da Família
HIPERDIA
Sistema de Cadastramento e Acompanhamento
Hipertensos e Diabéticos
IBGE
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MAPP
Método Altadir de Planificação Popular
MS
Ministério da Saúde
NASF
Núcleo de Apoio à Saúde da Família
PACS
Programa de Agentes Comunitárias de Saúde
PSF
Programa Saúde da Família
SIAB
Sistema de Informação da Atenção Básica
SUS
Sistema Único de Saúde
VDP
Vetor de Descrição do Problema
VDR
Vetor de Descrição de Resultado
de
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................23
1.1 JUSTIFICATIVA .....................................................................................25
1.2 QUESTÃO DA PESQUISA .....................................................................25
1.3 CATEGORIAS DE ASSUNTO ................................................................26
1.4 OBJETIVOS ...........................................................................................26
1.4.1 Objetivo Geral ....................................................................................26
1.4.2 Objetivos Específicos .......................................................................26
2 UM BREVE HISTÓRICO SOBRE A SAÚDE COLETIVA ........................29
2.1 ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA ......................................................30
2.2 PROMOÇÃO DA SAÚDE .......................................................................31
2.3 NÚCLEO DE APOIO A SAÚDE DA FAMÍLIA ........................................33
2.4 DIAGNÓSTICO DE SAÚDE DA COMUNIDADE ...................................34
2.4.1 A Família e suas Necessidades Básicas .........................................35
2.5 ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE ...........................................................42
2.5.1 Visita Domiciliar .................................................................................43
2.5.2 Imunização 45
2.5.3 Mapeamento da Comunidade ...........................................................45
2.5.4 Sistema de Informação de Atenção Básica ....................................46
2.6 A FUNÇÃO DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ..............................48
2.7 MÉTODO ALTADIR DE PLANIFICAÇÃO POPULAR ............................52
2.7.1 Como Aplicar o Método ....................................................................52
3 METODOLOGIA .......................................................................................57
3.1 POPULAÇÃO-ALVO ..............................................................................57
3.1.1 Critério de Inclusão/Exclusão da Amostra .....................................58
3.2 MATERIAIS E MÉTODOS ......................................................................58
3.3 ANÁLISE DOS DADOS ..........................................................................62
3.4 PROCEDIMENTOS................................................................................ 63
3.5 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS .................................................................. 63
4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS ............................. 65
4.1 ANÁLISE SITUACIONAL DA COMUNIDADE ........................................ 65
4.2 APLICAÇÃO DO MAPP ......................................................................... 82
5 CONCLUSÕES ......................................................................................... 89
REFERÊNCIAS ............................................................................................ 93
APÊNDICES ................................................................................................ 97
APÊNDICE A – Roteiro de Coleta de Dados da Ficha A ............................. 98
APÊNDICE B – Roteiro para Coleta de Dados do “Relatório de
Produção e de Marcadores para Avaliação ................................................. 100
APÊNDICE C – Roteiro de Coleta de Dados dos Relatórios Mensais
Extraídos do Sistema Municipal de Prontuário Eletrônico ........................... 102
APÊNDICE D - Instrumento de coleta de dados dos relatórios
provenientes da Vigilância Epidemiológica e Sanitária do município
Quanto a Cobertura Vacinal - Doses Utilizadas X Doses Aplicadas............ 103
APÊNDICE E - Instrumento de Coleta de Dados a partir da Observação
do Território .................................................................................................. 105
23
1 INTRODUÇÃO
O Centro de Saúde da Família Jardim América (CSF) possui
duas equipes de Estratégia Saúde da Família (ESF), onde a alguns
meses foi implantado um Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF).
Em sua área de abrangência a população é acometida por
muitos problemas sociais, os quais interferem negativamente sobre o
seu estado de saúde, fato este que aliado a falta de projetos referentes
à promoção da saúde, bem como a escassez de recursos humanos,
acaba por aumentar a demanda de usuários na unidade em busca
destas ações curativas. Com isso, o paciente fica fragmentado em
partes a serem tratadas, onde não há nenhum meio que se possa
contar para tratá-lo como um ser biopsicossocial.
Devido a situações como esta, o Sistema Único de Saúde
(SUS) tenta superar a fragmentação dos serviços de saúde com a
implementação das ações programáticas. Para tanto, preconiza que as
instituições de saúde se utilizem do perfil epidemiológico e demográfico
na elaboração de um diagnóstico situacional, que servirá de base para
um plano de ações de promoção, prevenção e tratamento de saúde
(CASTRO; MALO, 2006).
Sem esse diagnóstico não se concebe um trabalho confiável de
cuidados em saúde, o qual envolve a participação popular, a
abordagem inter-setorial e a descentralização das políticas de saúde
(NERY; VANZIN, 2002). Para Tunes (1995) quando se tem um
diagnóstico como ponto de partida para o trabalho de saúde:
[...] As ações são planejadas, decididas e
realizadas em comum, entre profissionais e
comunidade, a partir de uma identificação local de
problemas e recursos, de uma adaptação das
prioridades do município às políticas de saúde
estaduais e federais. [...] Dificilmente os
24
trabalhadores de saúde auxiliam na resolução dos
problemas da comunidade, já que só trabalham no
sentido de curar doenças, não verificam quais são
as condições de vida, e de que maneira poderiam
evitar essas doenças. (p. 9).
Neste contexto, segundo Tancredi; Barrios; Ferreira (1998), o
planejamento serve exatamente para a efetivação deste diagnóstico na
tomada de decisões mais pertinentes na resolução dos problemas
levantados, as quais irão auxiliar no acordo entre os vários atores
sociais para a realização das ações pensadas. Ainda para os autores no
setor da saúde, ele se torna “um instrumento que permite melhorar o
desempenho, otimizar a produção e elevar a eficácia e eficiência dos
sistemas no desenvolvimento das funções de proteção, promoção,
recuperação e reabilitação da saúde”.
Mesmo assim, ainda existem gestores municipais de saúde que
não conseguem definir claramente aonde desejam fazer chegar o
sistema que dirigem, até sabem o que querem fazer, mas nem sempre
compreendem quais os meios de melhor conduzi-lo para alcançar os
resultados e efeitos desejados.
O método Altadir de Planificação Popular (MAPP) vem auxiliar
neste contexto para melhorar a relação da população com o gestor,
mostrando de uma forma mais segura quais as suas necessidades. O
gestor pode então, juntamente com a equipe, identificar se os
problemas que lhe são trazidos interferem realmente na situação de
saúde e bem estar desta população.
Na unidade de saúde em questão, poucos projetos referentes à
promoção da saúde foram elaborados, e dentre os desenvolvidos, todos
eles, pensados a partir de um conhecimento empírico da Equipe de
Saúde, sobre as necessidades da população, sem que houvesse um
levantamento das reais necessidades da comunidade.
Contudo, a problemática do presente estudo consiste em, a
25
partir do diagnóstico de saúde desta comunidade, realizar um
planejamento estratégico por meio do MAPP. O qual conduzirá as
ações que possam efetivamente modificar a realidade, no sentido de
melhorar a qualidade de vida da população em uma abordagem intersetorial.
1.1 JUSTIFICATIVA
A escolha do tema a ser trabalhado foi atribuído a uma
necessidade cotidiana em se investir nas ações de promoção da saúde,
aonde o planejamento estratégico serve como um norteador das
práticas preventivas de situações que põe em risco a saúde de uma
comunidade, uma vez que não se pode promover a saúde de uma
população sem ao menos conhecer as causas desencadeadoras das
doenças.
A contribuição dessa pesquisa consiste na formulação de ações
acerca da promoção da saúde a serem implementadas nesta
comunidade, tendo como princípio a educação em saúde, o autocuidado e as ações de prevenção de doenças e agravos evitáveis.
Para que isso seja possível, o MAPP será uma ferramenta de
grande valia em todo o processo, desde o levantamento das reais
necessidades, até o estabelecimento do que é possível realizar e se é
interessante para ambos os atores envolvidos.
1.2 QUESTÃO DA PESQUISA
É possível, através do acesso a informações e a medidas
preventivas contextualizadas em ações de promoção de saúde,
conseguir mudar os paradigmas de uma comunidade habituada com o
26
modelo biomédico?
1.3 CATEGORIAS DE ASSUNTO
As categorias de assunto que nortearão o processo consistem
em:
a)
Dados epidemiológicos no planejamento de uma Estratégia
Saúde da Família;
b)
Promoção da saúde;
c)
Planejamento estratégico;
d)
Método Altadir de Planificação Popular.
1.4 OBJETIVOS
1.4.1 Objetivo Geral
Utilizar o Método Altadir de Planificação Popular na perspectiva
de estimular o aumento da resolutividade nas ações de Promoção da
Saúde no âmbito da Estratégia Saúde da Família do Bairro Jardim
América, Chapecó.
1.4.2 Objetivos Específicos
a)
Identificar o perfil epidemiológico da população assistida pela
Estratégia Saúde da Família no Bairro Jardim América;
b)
Identificar e explicar os problemas que afetam a efetivação da
Promoção da Saúde;
c)
Permitir a participação popular e das equipes de saúde no
processo de elaboração do plano;
27
d)
Elaborar um plano de aplicação para combater as causas
fundamentais dos principais problemas.
28
29
2 UM BREVE HISTÓRICO SOBRE A SAÚDE COLETIVA
A saúde coletiva preventivista no Brasil começa a ser discutida
a partir de 1955 com o apoio da Organização Pan-Americana da Saúde,
a qual passa a criticar a forma pedagógica do modelo biomédico
instalado no período. Resultado disso foi a criação do departamento de
medicina preventiva e social nas escolas médicas e a implantação de
disciplinas como a epidemiologia, a bioestatística, as ciências de
conduta e a administração dos serviços de saúde (NUNES, 1994).
Tais mudanças ocorreram após o término da segunda guerra
mundial, devido ao processo de industrialização, os seres humanos
passam a ser observados no campo biopsicossocial e começam a
existir os trabalhos pedagógicos fora do hospital, criando-se os
trabalhos comunitários (NUNES, 1994).
A partir daí, segundo Andrade; Bueno; Bezerra (2006), a ESF
surge para ajudar a mudar esta forma de prestação de serviços à
saúde, que até o momento estava embasada no modelo biomédico.
Hoje as suas ações devem estar voltadas a promoção da saúde e
prevenção das doenças de modo a consolidar os princípios do SUS. Ela
deve priorizar a atenção às populações consideradas de maior risco a
desenvolverem agravos à saúde, colocando em prática o princípio do
SUS da eqüidade.
Hoje a saúde pública é elaborada de modo a organizar a
sociedade com o objetivo de promover a saúde e permitir que pessoas
ou grupos assumam, através da educação, a responsabilidade e o
controle dos seus próprios processos de saúde e doença (NERI;
VANZIN, 2002).
Ainda, segundo as autoras a saúde pública contribui para que a
qualidade de vida da população seja melhorada, e que os fatores que
causam danos coletivos possam ser limitados através da diminuição
30
dos quais afetam o micro-ambiente ou ambiente imediato.
Atualmente, conforme encontrado em uma descrição de um
trabalho acadêmico elaborado por Neves (2008), onde a autora percebe
que nas unidades em que não há planejamento em saúde, o modelo de
atenção biomédico continua a ser o principal norteador para as ações
em saúde, ficando a ESF em um segundo plano.
Isso demonstra que apesar dos avanços nas políticas de
saúde, ainda pode-se observar e encontrar relatos na literatura fatos
que nos remetem a importância de se continuar procurando meios de
efetivar a ESF e buscar constantemente a melhoria da Saúde Coletiva.
Para tanto, uma das maneiras é planejar as ações e renová-las a todo o
momento, adequando-as à realidade.
2.1 ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
O Programa de Saúde da Família (PSF) teve início em 1993,
mas regulamentado apenas em 1994 como uma estratégia do Ministério
da Saúde (MS) (DA ROS, 2006). A partir disso, ocorreu à implantação
do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), em janeiro de
1994 foram formadas as primeiras equipes, onde cada agente era
responsável para acompanhar cerca de 575 pessoas dentro da área da
comunidade trabalhada (COSTA; CARBONE, 2004).
Após este, foi criado pelo Ministério da Saúde em 1998 a ESF,
a qual tem como principal objetivo contribuir para a organização do
modelo assistencial a partir da atenção básica, a qual deve estar em
conformidade com os princípios do SUS (FIGUEIREDO, 2005).
A Saúde da Família e é entendida pelo Ministério da Saúde
(2011) como “uma estratégia de reorientação do modelo assistencial,
operacionalizada mediante a implantação de equipes multiprofissionais
em unidades básicas de saúde”. O autor ainda descreve que estas
31
equipes devem ser responsáveis pelo acompanhamento de um número
pré-definido de famílias de uma determinada área geográfica delimitada.
Ainda, as equipes de ESF devem atuar desenvolvendo ações
de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de
doenças e agravos mais frequentes, e na manutenção da saúde desta
comunidade (BRASIL, 2011), almejando a integralidade da assistência
ao usuário como sujeito integrado à família, ao domicílio e à
comunidade (DA ROS, 2006).
A ESF visa prestar assistência na unidade da saúde e
desenvolver ações de saúde no domicílio, através de uma perspectiva
integral onde todos os membros da família são acompanhados. Esse
programa intervém sobre os fatores de risco aos quais a população está
exposta e ainda estimula a organização da comunidade para o efetivo
exercício do controle social (FIGUEIREDO, 2005).
Os agentes comunitários de saúde desenvolvem suas ações
nas famílias de suas respectivas áreas e participam da programação da
sua unidade de saúde. Além disso, devem mapear sua área, cadastrar
as famílias, identificar situações de risco, realizar visitas domiciliares,
desenvolver ações básicas de promoção de saúde e prevenção,
promover educação em saúde e informar a equipe sobre os problemas
da sua área (COSTA; CARBONE, 2004).
2.2 PROMOÇÃO DA SAÚDE
No ano de 1998 o MS institui um projeto intitulado “Projeto
Promoção da Saúde”, este que seria o princípio da elaboração da
Política Nacional da Promoção à Saúde, a qual tem como missão
reorientar o enfoque das ações e serviços de saúde na construção de
uma nova cultura de saúde dinamizada por ações em saúde
sintonizadas na qualidade de vida da população.
32
Assim, a promoção da saúde surge como um desafio a nova
configuração do recente modelo que estava sendo implantado o PSF
(FIGUEIREDO, 2005). Para tanto, segundo Oliveira; Presoto (2007) até
os dias de hoje ainda não se consegue desenvolver a promoção da
saúde sem trabalhar a educação em saúde, isso de deve ao fato de
que, a população ainda tem um pensamento muito voltado ao modelo
de atenção curativo, desprezando o modelo preventivo, mesmo que
tenham conhecimento sobre tal. Com isso, para poder realizar ações de
promoção da saúde é imprescindível que estas no mínimo estejam
atreladas as ações de educação em saúde.
Contudo, no contexto atual, a educação em saúde consiste em
uma troca de experiências, onde não há separação de quem ensina e
quem aprende sendo preciso compreender a cultura do interlocutor e
em algumas vezes adequar suas experiências a esta cultura para poder
transmitir a sua mensagem (FIGUEIREDO, 2005).
Assim, o trabalho de educação em saúde na comunidade deve
ser feito de forma contínua e integralizada, por isso, conhecer as
necessidades da população é extremamente necessário para um
correto estabelecimento de prioridades, além da identificação dos focos
de maior atenção pela Equipe no que se diz respeito ao planejamento
das ações (OLIVEIRA; PRESOTO, 2007).
Para Figueiredo (2005), a promoção da saúde tem foco mais
abrangente do que só a prevenção, pois faz referência a medidas que
não são específicas para uma determinada doença, mas que vão servir
para melhorar a saúde e o bem estar, de um modo geral. Na saúde
pública são comuns às ações de intervenção social para promover a
saúde e prevenir doenças. Essas ações oferecem informação sobre as
comunidades, demonstrando que o uso de diagnósticos da comunidade
de forma estratégica tem base no poder, no saber e na ética.
33
2.3 NÚCLEO DE APOIO A SAÚDE DA FAMÍLIA
Em 24 de Janeiro de 2008 o MS mediante a portaria GM no
154, cria o Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF) com o objetivo
de apoiar a inserção da ESF na rede de serviços, além de ampliar a
abrangência das ações da Atenção Básica, aumentando a sua
resolutividade e reforçando os processos de territorialização e
regionalização em saúde (BRASIL, 2010a).
Segundo dados do Ministério da Saúde em Brasil (2010a), o
NASF vem com uma proposta inovadora, no sentido de apoiar, ampliar,
aperfeiçoar a atenção e a gestão da saúde na Atenção Básica e ESF.
Tem como atribuições o conhecimento técnico, a responsabilidade
sobre um determinado número de Equipes da ESF e suas atividades
voltadas a mudança dos paradigmas da Saúde da Família.
Deve ainda estar comprometido com o auxílio na mudança das
atitudes dos profissionais como um todo, articulando ações intersetoriais e interdisciplinares na promoção, prevenção, reabilitação da
saúde e cura. Ainda deve auxiliar na humanização dos serviços,
educação permanente, promoção da integralidade e organização do
território dos serviços de saúde (BRASIL, 2010a).
Ainda, para o MS (2010), além da integralidade outros
princípios e diretrizes devem orientar as ações desenvolvidas pelo
NASF,
são
eles:
território,
educação
popular
em
saúde,
interdisciplinaridade, participação social, intersetorialidade, educação
permanente em saúde, humanização e promoção da saúde.
Para o autor ainda, com base em um diagnóstico territorial o
NASF deve dar apoio a ESF no desenvolvimento das ações de saúde
em todos os ciclos de vida, dando atenção especial à pessoa idosa. As
ações conjuntas, ainda devem estar em constante avaliação por ambas
as Equipes na tentativa de promover o melhor cuidado ao paciente.
34
2.4 DIAGNÓSTICO DE SAÚDE DA COMUNIDADE
Realizar o diagnóstico da comunidade é uma ação em saúde
pública que visa traçar o perfil da comunidade, criando, desta forma,
métodos de educação e planejamento, buscando junto com a população
a resolução dos problemas que atingem a comunidade, levando em
consideração
o
socioeconômicos,
meio
na
qual
demográficos
estão
e
inseridas,
os
epidemiológicos.
aspectos
Envolve
a
participação da comunidade com uma abordagem inter-setorial dentro
da descentralização das políticas de saúde (TUNES, 1995).
Segundo Figueiredo (2005), o diagnóstico da comunidade é
realizado por via do cadastro das famílias, levantamento de índices
epidemiológicos e socioeconômicos e informações relevantes da
comunidade, enquanto que Tunes (1995) enfatiza que “[...] fazer o
diagnóstico comunitário, é identificar os problemas, as necessidades, os
recursos de uma comunidade. É um processo que constitui a primeira
etapa do planejamento em saúde comunitária”.
Figueiredo (2005) entende ainda, que a promoção da saúde é
um processo de preparo de indivíduos e comunidades para mudanças
no estilo de vida com abordagens educacional e comportamental,
podendo reduzir assim alguns riscos a que os mesmos estão expostos.
Tunes
(1995) ainda
complementa
que
ao
diagnosticar alguns
problemas, é possível intervir precocemente, informando as pessoas
quanto à exposição a fatores de risco, promovendo a saúde dos
mesmos de maneira eficiente e diminuindo gastos futuros com terapias,
sejam estas medicamentosas ou não.
Segundo Smeltzer e Bare (2007), o diagnóstico é o resultado
da análise dos dados colhidos em uma determinada população ou num
dado momento. Ele é indispensável para a formulação e planejamento
das atividades e ações a serem tomadas a fim de melhorar as
35
condições de vida das pessoas, desde moradia, alimentação,
transporte, entre outros até o alvo principal que é a saúde da população.
2.4.1 A Família e suas Necessidades Básicas
A família para Costa e Carbone (2004), é entendida como uma
unidade epidemiológica, social e administrativa de trabalho. As
necessidades básicas da família estão relacionadas com o meio
ambiente, a vida, a reprodução a alimentação, vestuário, habitação,
educação, transporte, segurança, profissionalização, visão do mundo e
saúde.
Para Minuchin (1990), a família representa um grupo social
primário que influencia e é influenciado por outras pessoas e
instituições. Para que a família sobreviva, é necessário atender às suas
necessidades, na qual a nação, os estados e os municípios têm a
função de criar condições para que estas sejam atendidas, com a
participação da população em busca de uma boa qualidade de vida
(NERY; VANZIN, 2002).
2.4.1.1 Meio Ambiente
Não há como separar o homem do ambiente, na medida em
que saúde é uma condição interdependente do ambiente físico, social e
cultural do indivíduo (FIGUEIREDO, 2005).
É do meio ambiente que vem o ar, a água, sol e terra de que
todos necessitam para o desenvolvimento, visto que devido às más
condições ambientais várias doenças se desenvolvem implicando na
relação do meio ambiente na saúde (NERY; VANZIN, 2002).
O Artigo 225 da Constituição Federal Brasileira (CFB)
36
estabelece que "todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade
de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para a presente e para as futuras gerações"
(FIGUEIREDO, 2005).
A cada dia que passa vem crescendo a preocupação com o
meio ambiente, fator importante na preservação da vida e da saúde
humana. Mesmo dentro da saúde pública, ainda é pouco presente na
vida dos profissionais da saúde, porém é necessário o conhecimento
nesta área para que haja uma boa promoção à saúde e prevenção de
enfermidades (COSTA; CARBONE, 2004).
Neste sentido, o acúmulo dos resíduos sólidos urbanos em vias
públicas é responsável por uma série de problemas ambientais e de
saúde da população, tornando-se foco de poluição, afetando a
população mais próxima ao contaminar a água, poluir o ar, e favorecer a
proliferação
de
insetos
e
roedores,
além
de
microrganismos
patogênicos causadores de inúmeras doenças (OLIVEIRA et al, 2004).
Assim, uma das consequências marcantes do lixo depositado a
céu aberto é a produção de chorrume, líquido escuro resultante da
decomposição de material orgânico presente no lixo, e que ao ser
absorvido
pelo
solo
atinge
diretamente
os
lençóis
freáticos,
contaminando-os com os mais variados microrganismos patológicos.
Outra consequência é o surgimento de vetores tais como:
moscas, ratos, urubus e animais peçonhentos que se instalam no local
e se espalham pelas residências, depósitos e comunidades vizinhas aos
lixões, além dos riscos constantes de incêndios e pequenas explosões
provocadas pelos gases expelidos constantemente, dos aterros (LIMA,
2004).
37
2.4.1.2 Direito à Vida e Reprodução
Essa necessidade diz respeito ao planejamento familiar e a
preparação de casais para gerar seus filhos de acordo com o poder
econômico, para que cada criança tenha direito de crescer tendo suas
necessidades básicas atendidas, desde a concepção até vida adulta,
contando com a ajuda do estado para isso.
A criança deve crescer e se desenvolver em um ambiente
sadio, ter uma boa educação, habitação adequada, entre outras
exigências para ser saudável, que não serão atendidas se a família não
tiver consciência da relação do tamanho da família e as condições de
vida (NERY; VANZIN, 2002).
2.4.1.3 Alimentação
Todas as pessoas têm direito à alimentação, por isso é dever
da união, dos estados, e municípios incentivar a produção, e até mesmo
subsidiar alimentos essenciais como o leite, feijão, arroz, carne, entre
outros, essenciais para o desenvolvimento das diversas faixas etárias,
principalmente em crianças, na qual uma alimentação adequada é
essencial para a formação óssea e muscular (NERY; VANZIN, 2002).
É
importante
que
os
alimentos
sejam
acessíveis
economicamente a todos, pois segundo Neny e Vanzin (2002), pessoas
com baixo poder aquisitivo ou desempregadas têm dificuldades em
obter uma alimentação saudável e balanceada.
2.4.1.4 Habitação/Convivência Familiar
A casa é um lugar onde todos se reúnem e tem certeza que
38
sempre estará lá quando precisar é o espaço da família, porém algumas
pessoas não desfrutam desse espaço, sendo um fator que leva à
destruição familiar. A família sem moradia acaba se submetendo à
situações de miséria, o que certamente afeta sua saúde.
Por este motivo é importante que o governo promova
programas para a construção de moradias e melhoria das condições do
ambiente através do saneamento básico (NERY; VANZIN, 2002).
Os
indicadores
de
saneamento
ambiental
mostram
as
condições de saneamento do município, ressaltando os indicadores de
abastecimento de água, esgoto sanitário, disposição dos resíduos
sólidos domiciliares. Com o sistema de indicadores, se consegue
estabelecer uma relação entre o fornecimento de saneamento nessa
população e o impacto dessas condições no bem estar dos indivíduos.
Essas variáveis proporcionam informações essenciais e de fácil
entendimento à conscientização da população quanto ao ambiente em
que estão vivendo, e na tomada de decisões por parte dos governantes
em relação ao planejamento e à definição de estratégias de formulação
de políticas públicas (LIMA, 2004).
2.4.1.5 Educação
Segundo o artigo 205 da CFB apud Nery e Vanzin, 2002, “a
educação, direito de todos e dever do estado e da família, será
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando
pleno desenvolvimento da pessoa, seu prepara para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho”. “Educar não é informar é
pensar com seus pensamentos e dos outros como mudar a trajetória da
vida” (PEREIRA, 2001, p. 6).
A educação implica uma busca realizada por um sujeito que é o
homem, o qual deve ser sujeito de sua própria educação, não podendo
39
ser o objeto dela (FREIRE,1999).
Sabe-se da importância de uma boa educação para melhorar a
qualidade de vida de uma sociedade, devido ao fato da escola ser, além
da família, uma referência para a formação do caráter e personalidade
dos alunos (NERY; VANZIN, 2002).
Segundo Figueiredo (2005), não é possível desvincular a
assistência à saúde do desenvolvimento de ações educativas junto a
profissionais e comunidade, compreendendo-a no seu total, uma
realidade mais global da realidade social.
2.4.1.6 Profissionalização e Trabalho
O desemprego é ainda um grande problema que está presente
na população brasileira. A profissionalização depois do ensino médio é
essencial para se ter um emprego melhor, porem deveria ser mais
acessível a todos os níveis econômicos da população (NERY; VANZIN,
2002).
No Brasil, a influência da escolaridade sobre as condições de
saúde foi evidenciada pelos resultados da Pesquisa sobre Padrões de
Vida, realizada em 1996/1997 pela Fundação Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). Analisando-se a importância das
variáveis socioeconômicas na percepção do estado de saúde de
indivíduos com vinte anos ou mais, como anos de estudo, ocupação e
renda mensal, observou-se que a variável "anos de estudo" foi a
segunda mais relevante, após a idade (FONSECA et al, 2003).
Dentre os indicadores mais importantes para verificar o nível
socioeconômico associado à saúde da população, cita-se o nível de
instrução, a renda e a ocupação. O nível educacional expressa
diferenças entre pessoas em termos de acesso à informação e
perspectivas e possibilidades de se beneficiar de novos conhecimentos,
40
a renda representa antes de tudo o acesso aos bens materiais, inclusive
aos serviços de saúde (GONÇALVES; GIGANTE 2006; HAIDAR, et al,
2001).
2.4.1.7 Lazer, Recreação, Cultura e Ciência
O lazer é uma necessidade que contribui muito para o
desenvolvimento e crescimento do ser humano devendo ser incentivada
desde cedo. Porém, as atividades de lazer estão limitadas às classes
sociais mais altas, pois geralmente, o lazer tem custos. Uma das formas
de se criar áreas de lazer e recreação é a sociedade se unir, juntos
poderiam criar espaços que beneficiariam a todos, desde o mais jovem
até o idoso (NERY; VANZIN, 2002).
Já a cultura refere-se aos valores e crenças, normas e modos
de vida praticados, que guiam pensamentos, decisões e ações os quais
foram apendidos, compartilhados e transmitidos por grupos particulares.
A cultura pode operar de diversas maneiras na vida das
pessoas. Na saúde, ela influencia em seu significado o valor, bem como
o cuidado. Os fatores culturais podem causar ou contribuir para o
surgimento de problemas de saúde assim como podem proteger desses
problemas (HELMAN, 2003).
Nery e Vanzin (2002), afirmam que a cultura contribui para o
desenvolvimento do conhecimento e do intelecto, o que constitui uma
necessidade humana básica. Destacam também que pessoas cultas
desejam saber cada vez mais, aumentando assim seu nível de
conhecimento e informação. Isso possibilita analisar questões de vários
ângulos e contribuí para o bem-estar social.
41
2.4.1.8 Religião
Atualmente existem vários tipos de religiões, na qual cada uma
crê em um ser superior, e por meio deste procura atender as
necessidades espirituais de seus seguidores. Muitas pessoas procuram
as religiões porque não acreditam mais em governantes, sendo que
cada uma tem poder de decidir qual seguir.
Assim como as pessoas têm livre arbítrio para a escolha de
qual religião seguir, elas devem também ter consciência de isso por si
só não solucionará seus problemas (NERY; VANZIN 2002).
2.4.1.9 Saúde
Para Nery e Vanzin (2002), a saúde de qualidade é reflexo do
atendimento das necessidades humanas básicas e das intervenções
feitas no ambiente em que as pessoas vivem. O enfermeiro tem papel
fundamental
no
desenvolvimento
de
ações
que
beneficiem
a
comunidade e melhorem sua qualidade de vida. Outro ponto citado
pelas autoras é a importância do incentivo para a formação de
associações de moradores, para reivindicar seus direitos de habitação,
saneamento básico, educação, trabalho, lazer, recreação, entre outros.
O artigo 196 da Constituição Federal Brasileira de 1988 estabelece que:
A saúde é direito de todos e dever do Estado,
garantindo
mediante
políticas
sociais
e
económicas que vise à redução do risco de
doença e de outros agravos e ao acesso universal
e igualitário as ações e serviços para a sua
promoção, proteção e recuperação. (BRASIL,
1988, p. 98).
A saúde é bem estar, temos saúde quando não sentimos dores,
42
quando
nada
em
nosso
corpo
indica
que
estamos
doentes
(FIGUEIREDO, 2005). Saúde pode ser entendida ainda como “... o
completo bem estar fìsio-psìco-social e não meramente a ausência de
doenças” (BRASIL, 2011).
2.5 ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
A atenção primária à saúde, também denominada cuidados
primários de saúde e atenção básica, foi definida pela Organização
Mundial da Saúde segundo Buss (2007) como:
Atenção essencial à saúde baseada em tecnologia
e métodos práticos, cientificamente comprovados
e socialmente aceitáveis, tornados universalmente
acessíveis a indivíduos e famílias na comunidade
por meios aceitáveis para eles e a um custo que
tanto a comunidade como o país possa arcar em
cada estágio de seu desenvolvimento, um espírito
de autoconfiança e autodeterminação. É parte
integral do sistema de saúde do país, do qual é
função central, sendo o enfoque principal do
desenvolvimento social e econômico global da
comunidade. É o primeiro nível de contato dos
indivíduos, da família e da comunidade com o
sistema nacional de saúde, levando a atenção à
saúde o mais próximo possível do local onde as
pessoas vivem e trabalham, constituindo o
primeiro elemento de um processo de atenção
continuada à saúde. (p.166).
A atenção primária é aquele nível de um sistema de serviço de
saúde que oferece a entrada no sistema para todas as novas
necessidades e problemas, fornece atenção sobre a pessoa (não
direcionada para a enfermidade) no decorrer do tempo, fornece atenção
para todas as condições, exceto as muito incomuns ou raras e coordena
ou integra a ação fornecida em algum outro lugar ou por terceiros
(STARFILD, 2002).
43
2.5.1 Visita Domiciliar
Os objetivos da visita domiciliar, de um modo geral a visita
domiciliar é uma atividade, simultaneamente educativa e assistencial
que permite uma interação mais efetiva da Equipe de Saúde, e da
enfermagem em particular, com o individuo, a família permitindo uma
continuidade da assistência desenvolvida na unidade básica de saúde
(NOGUEIRA; FONSECA, 2005).
Contudo para Nogueira e Fonseca (2005), a assistência
domiciliar possui algumas limitações como a de caracterizar-se por um
método relativamente caro, uma vez que necessita de pessoal
qualificado, meios de transporte e tempo do profissional. Além disso,
tem algumas limitações como: os resultados geralmente são obtidos a
longo prazo, horários incompatíveis de visitas, invasão de espaços,
entre outros.
Para que não haja invasão à privacidade do cliente, no que diz
respeito a ferir a ética profissional e tão pouco perda de tempo do
profissional, são usadas algumas metodologias para a realização das
visitas, na qual segue-se por planejamento, execução, registro de dados
e avaliação (NOGUEIRA; FONSECA, 2005).
A visita domiciliar é um instrumento de trabalho fundamental na
enfermagem,
no
âmbito
da
Estratégia
Saúde
da
Família,
o
conhecimento das condições do meio pertinente à saúde, como
saneamento e moradia, são essenciais no estabelecimento de medidas
de promoção da qualidade de vida do indivíduo, famílias e comunidades
(NOGUEIRA; FONSECA, 2005).
Para Souza; Lopes e Barbosa (2004), a visita domiciliar é um
dos instrumentos mais indicados à prestação de assistência à saúde,
seja do indivíduo, como também da família e comunidade. Devendo ser
realizada mediante processo racional, com objetivos definidos e
44
pautados nos princípios de eficiência. As autoras ainda postulam que
apesar de ser uma prática antiga, a visita domiciliar traz resultados
inovadores, uma vez que possibilitam conhecer as realidades do(s)
cliente(s) e sua família in loco, contribuindo para a redução de gastos
hospitalares, além de fortalecer os vínculos entre clientes, profissionais
e o tratamento a ser seguido.
A visita domiciliar para Souza e Barbosa (2004), também deve
fazer parte da rotina de trabalho do profissional: o planejamento, a
estruturação dos níveis de necessidade, execução ou direcionamento
para efetivação do alcance parcial ou total dessas necessidades
avaliação, que deverá ser contínua nesse processo, como forma de
analisar criteriosamente as ações desenvolvidas e planejar novamente,
se for o caso.
Dentre as principais causas de atendimento domiciliar podem
citar-se: a reorganização da assistência à saúde, substituir a assitência
hospitalar de acordo com a doença apresentada, centrar a atenção da
familia no paciente, ampliar a compreenção do significado saúde/
família, criar um vínculo com a população, trabalhar com Equipe
Multiprofissional e promover a saúde (SANTOS, 2005).
Esses parâmetros servem para tornar o cliente mais autônomo
e consciente de seus estado biofísico e social, necessitando de
planejamento, coordenação e apoio de outros serviços de saúde
(SANTOS, 2005).
Segundo Smeltzer e Bare (2007) é na visita domiciliar que a
profissional inicia ou continua o trabalho já iniciado no hospital ou em
outra instituição. Através dessa visita é possível colher todos os dados
do paciente por meio da efetivação do processo de enfermagem.
45
2.5.2 Imunização
Segundo Figueiredo (2005), as endemias e pandemias que
ocorreram no século XX, como por exemplo, a poliomielite, a caxumba,
a rubéola e o sarampo, despertaram as necessidades de criação de
uma forma de imunização que tornasse o homem resistente a estes,
com esse objetivo foi criado o Programa Nacional de Imunização,
formulado em 1973, com intuito de organizar a imunização nacional.
O programa nacional de imunização fornece vacinas contra
Tuberculose, Difteria, Hepatite B, Tétano, Coqueluche, Meningites
causadas por Hemofilos influenzae b, Sarampo, Caxumba e Rubéola.
Figueiredo, 2005, diz que as unidades de saúde são responsáveis por
desenvolver o programa de imunização em sua microrregião através de
estratégias para imunizar a população como: campanhas de vacinação,
dia nacional de combate à poliomielite, campanha contra a tuberculose,
enfim, maneiras de conscientizar a população a procurar a unidade de
saúde para vacinação.
2.5.3 Mapeamento da Comunidade
Para
se
obter
um
conhecimento
satisfatório
sobre
a
comunidade que será trabalhada é preciso ter um mapa da
comunidade. O mapa é um desenho que demonstra no papel, o que
existe nos lugares: as quadras, ruas, casas, prefeitura, escolas, serviços
de saúde, comércio, rios e outros pontos importantes. Esse mapa é
como se fosse uma foto ou um retrato de sua comunidade vista de cima
do plano observado (TUNES, 1995).
O mapa de uma região é dividido em áreas e microáreas,
facilitando o delineamento da comunidade, bem como a ação e o limite
para o trabalho do agente comunitário de saúde (ACS) e da ESF
46
(COSTA; CARBONE, 2004).
É através do mapeamento das áreas de risco, que se pode
determinar as áreas de maior foco de enfermidades e, através de
indicadores epidemiológicos, avaliar o efeito dessas enfermidades na
população.
2.5.4 Sistema de Informação de Atenção Básica
O Sistema de Informação de Atenção Básica (SIAB) é um
sistema de informação nacional, cujos dados são gerados por
profissionais de saúde das equipes da Estratégia Saúde da Família. As
informações são coletadas em âmbito domiciliar e em unidades básicas
nas áreas cobertas pelos Programas Saúde da Família e Agentes
Comunitários de Saúde (BRASIL, 2007).
O fato da coleta de dados se referir a populações bem
delimitadas possibilita a construção de indicadores populacionais
referentes às áreas de abrangência dos programas, que podem ser
agregadas em diversos níveis: a micro área do agente comunitário de
saúde; um município; estado; região e país (BRASIL, 2007).
A territorialização do sistema possibilita ainda a localização
espacial de problemas de saúde e a identificação de desigualdades,
constituindo-se em uma ferramenta importante para a implementação
de políticas de redução de iniqüidades, favorecendo, também, a
avaliação da efetividade das ações desenvolvidas pelos serviços de
saúde (BRASIL, 2007).
Os principais instrumentos de coleta do SIAB, segundo MS,
2007, são:
a)
Ficha de cadastro das famílias e levantamento de dados sóciosanitários, preenchida ACS no momento do cadastramento das
47
famílias, sendo atualizada permanentemente;
b)
Fichas de acompanhamento de grupos de risco e de problemas
de saúde prioritários, preenchidas mensalmente pelos agentes
comunitários de saúde, no momento de realização das visitas
domiciliares;
c)
Fichas de registro de atividades, procedimentos e notificações,
produzidas mensalmente por todos os profissionais das
equipes de saúde.
Os dados gerados por meio das fichas de coleta são, em
grande parte, agregados e alguns deles são consolidados antes de
serem lançados no programa informatizado. Uma vez processados os
dados, são produzidos os relatórios de indicadores do SIAB. São eles:
a)
Consolidado de Famílias Cadastradas: apresentam os
indicadores demográficos e sociossanitários por micro-área,
área, segmento territorial, zona (urbana/rural), município,
estado e região.
b)
Relatório de Situação de Saúde e Acompanhamento das
Famílias: que consolida mensalmente as informações sobre
situação de saúde das famílias acompanhadas por área,
segmento territorial, zona (urbana/rural), município, estado e
região.
c)
Relatório de Produção e Marcadores para Avaliação: que
consolida mensalmente as informações sobre produção de
serviços
e
a
ocorrência
de
doenças
e/ou
situações
consideradas como marcadoras por área, segmento territorial,
zona (urbana/rural), município, estado e região.
A agregação dos dados confere grande agilidade ao sistema,
48
gerando uma informação oportuna no processo de decisão em saúde. A
disponibilização da base de dados do SIAB na internet, faz parte das
ações estratégicas da política definida pelo MS com o objetivo de
fornecer informações que subsidiem a tomada de decisão pelos
gestores do SUS, e a instrumentalização pelas instâncias de Controle
Social, publicizando, assim, os dados para o uso de todos os atores
envolvidos na consolidação do SUS (BRASIL, 2007).
2.6 A FUNÇÃO DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
Segundo Andion e Fava (2002), o planejamento estratégico
consiste em um importante instrumento de gestão para as organizações
num geral, pois é uma ferramenta administrativa que fornece
informações importantes para a tomada decisão, ajudando-nos a atuar
de forma ativa, antecipando-se às mudanças que ocorrem no setor em
que atuam.
É através dele que o gestor e sua equipe estabelecem alguns
parâmetros para direcionar a organização da instituição, bem como o
controle das atividades. Para Levey e Loomba (1994) o planejamento é:
O processo de analisar e entender um sistema,
avaliar suas capacidades, formular suas metas e
objetivos, formular cursos alternativos de ação
para atingir essas metas e objetivos, avaliar a
efetividade dessas ações ou planos, escolher o(s)
plano(s) prioritário(s), iniciar as ações necessárias
para a sua implantação e estabelecer um
monitoramento contínuo do sistema, a fim de
atingir um nível ótimo de relacionamento entre o
plano e o sistema. (p. 13).
Ao saber utilizar o planejamento como um instrumento, e
adaptá-lo a realidade da instituição e às suas necessidades, ele pode
ser uma excelente arma para a resolução de problemas. Um
49
administrador que não exerce a sua função como planejador acaba por
atuar principalmente como uma espécie de “bombeiro”, que vive
apagando incêndios, sem enxergar onde está a sua causa (ANDION;
FAVA, 2011; TANCREDI; BARRIOS; FERREIRA, 1998).
Quando o planejamento é aplicado de forma coerente, faz com
que os atores interessados criem uma nova cultura de compromisso
com a instituição, seu processo deve ser permanente, pois com o
desenrolar da realidade ele vai rapidamente perdendo sua atualidade
(TANCREDI; BARRIOS, FERREIRA, 1998).
Assim, o processo de planejamento exige do gerente inúmeras
habilidades, as quais permitem soluções imediatas aos problemas
emergentes e em vários níveis de complexidade. Dentre estas
habilidades pode-se citar a criatividade, a flexibilidade, a visão, a
liderança, a autoridade, não ter medo de correr riscos e a ousadia de
inovação (TANCREDI; BARRIOS; FERREIRA, 1998).
Mas essas habilidades não devem estar separadas do
conhecimento específico em administração nem do conhecimento
técnico científico no caso dos profissionais da saúde (TANCREDI;
BARRIOS; FERREIRA, 1998). Ainda, segundo Rangel (2011), “difícil
não é planejar, montar o planejamento, o difícil é fazer com que as
pessoas envolvidas neste planejamento o entendam e efetivamente o
sigam.”
Hoje, o planejamento já não é mais tarefa apenas para
graduados na área da administração, ele deve ser feito pelos
profissionais envolvidos na ação. Na área da saúde, médicos e
enfermeiras são os que geralmente assumem o papel de gerente, estes
muitas vezes não são bons administradores, mas são necessários para
que este processo de planejamento não se torne ineficiente e
distanciado da prática (TANCREDI; BARRIOS; FERREIRA, 1998).
50
Quando os profissionais técnicos começarem a
entender como gerenciar o serviço de saúde,
estes terão maior efetividade. Hoje em algumas
situações, estes profissionais deixam para os
complexos reguladores desenvolverem algumas
funções do serviço de planejamento, como no
caso da avaliação dos encaminhamentos pelo
Sistema de Regulação – SISREG (RANGEL,
2011).
Para tanto, o que se deve ter sempre em mente, é que todo o
trabalho aplicado no planejamento do funcionamento dos serviços de
saúde deve voltar o seu olhar no sentido de gerar resultados e não
apenas produtos. Ou seja, ao se planejar a forma de funcionamento de
uma unidade do sistema municipal de saúde, com programas para
grupos de risco específicos, por exemplo, não se deve objetivar uma
grande produção de consultas, mas sim, o resultado que esses
procedimentos terão sobre a saúde dos indivíduos, além de observar
qual o impacto das ações planejadas sobre os indicadores de saúde da
população assistida (TANCREDI; BARRIOS; FERREIRA, 1998).
Ainda, para os autores, a efetividade de um planejamento,
depende da qualidade das informações, para isso, deve-se saber quais
são os tipos de atendimentos prestados, bem como, quem são as
pessoas que o utilizam. Ele depende dos indicadores e técnicas para
estimar a quantidade de consultas, procedimentos, internações e
exames demandados ao sistema de saúde por uma determinada
clientela e calcular a capacidade instalada necessária dos serviços para
garantir aquele atendimento.
Para
tanto,
a
epidemiologia,
através
de
dados
como
indicadores demográficos, de morbidade, mortalidade, entre outros, tem
sido uma ferramenta muito utilizada na definição das necessidades de
saúde no auxilio do planejamento dos serviços e na tomada de decisões
pelo gestor. Mas para isso, o diagnóstico estratégico, ou diagnóstico
situacional, é a primeira etapa do processo de planejamento
51
(TANCREDI; BARRIOS; FERREIRA, 1998).
Os dados necessários para este diagnóstico são principalmente
informações que expressam as diferentes características de condições
de vida dessa população, sejam culturais, sociais, econômicas e
epidemiológicas. Estes geralmente estão disponíveis em sistemas de
informação dispersos, tornando difícil a sua coleta e avaliação
(TANCREDI; BARRIOS; FERREIRA, 1998).
Um exemplo são os dados do IBGE que apresentam dados de
um perfil demográfico e epidemiológico em uma idéia genérica em
relação ao total de indivíduos, mascarando as desigualdades, às vezes
gritantes, nas condições de vida e saúde da população, pois até mesmo
numa área geográfica pequena, como por exemplo, na de um bairro é
possível
verificar
a
existência
concomitante
de
favelas
e
de
condomínios de luxo (TANCREDI; BARRIOS; FERREIRA, 1998).
Não adianta fazer um planejamento onde o
profissional cria um acesso melhor para o usuário,
mas não conhecer os meios que este se utiliza
para chegar até o serviço, devendo assim
conhecer o território [...] O território não é apenas
um espaço geográfico, ele é vivo (RANGEL,
2011).
Assim, quanto ao nível de planejamento, o operacional referese ao desenvolvimento de ações (planos) os quais permitem organizar a
execução das estratégias já levantadas. Ele indica como colocar em
prática essas as ações previstas. No setor da saúde, esse tipo de
planejamento é utilizado na execução dos programas de assistência à
saúde, independentemente do modelo adotado para o planejamento
das políticas de saúde (TANCREDI; BARRIOS; FERREIRA, 1998).
52
2.7 MÉTODO ALTADIR DE PLANIFICAÇÃO POPULAR
O Método Altadir de Planificação Popular (MAPP) pelas suas
características operativas se constitui em um método para a eleição de
planejamento em um nível local, sendo muito simples e criativo. Foi
elaborado com o objetivo de viabilizar o comprometimento da
comunidade e de suas lideranças na análise e enfrentamento de seus
problemas, colocando estes como geradores de demandas e soluções,
bem como avaliadores (TANCREDI; BARRIOS; FERREIRA, 1998).
Ele pode, por vezes, estar limitado à natureza e complexidade
dos problemas, assim aplica-se à solução daqueles relacionados ao
espaço mais restrito do nível local, bem como, em redes de relações
não muito complexas. É um método muito coerente com os princípios
do SUS e recomendado como um instrumento a ser utilizado na
elaboração
do
planejamento
de
unidades
básicas
de
saúde
(TANCREDI; BARRIOS; FERREIRA, 1998).
2.7.1 Como Aplicar o Método
O processo de planejamento, segundo os autores Tancredi,
Barrios e Ferreira (1998), deve ser desenvolvido em oficinas de
trabalho, reunindo funcionários da unidade, membros da comunidade,
lideranças e monitores da Secretaria de Saúde. Onde se realiza uma
espécie de fórum pedagógico de trabalho, tendo por objetivo favorecer a
construção coletiva a partir do conhecimento de conceitos e técnicas.
A idéia é que os membros da Equipe sejam as pessoas que
pensam ativamente no processo de elaboração do planejamento. Cada
oficina tem como objetivo a elaboração de um produto, e ao seu término
algumas tarefas serão definidas para as oficinas seguintes. Segue a
definição dos passos a serem desenvolvidos durante a aplicação do
53
MAPP:
Passo 1 - Seleção dos Problemas do Plano
Onde é feita a avaliação dos resultados insatisfatórios que se
observam na realidade, feito através do senso comum, estes que são
passíveis de intervenção. Mas é necessário descrevê-lo para que não
se corra o risco de se ter mais de uma interpretação.
Os
problemas
selecionados
são
ordenados
segundo
a
importância e prioridade. A seleção dos problemas deve ser feita a partir
do momento em que se conhece a realidade local, daí a necessidade do
diagnóstico situacional.
Passo 2 - Descrição do Problema
É definido como os sintomas de um problema, não devendo ser
confundido com as causas ou consequências, para isso, deve-se
elencar um conjunto de descritores (d1, d2, d3, dn), este que é
entendido como o fato ou afirmação necessária e suficiente para
descrever o problema. Cada problema identificado no passo anterior
deve ser declarado e descrito. Estes são objetivos e mensuráveis,
permitindo criar indicadores locais de saúde, bem como, avaliar o
impacto do planejamento e os resultados alcançados.
Passo 3 - Explicação do Problema
A partir da identificação das causas do problema, deve-se
desenhar uma árvore explicativa denominada “Árvore de problemas”,
esta árvore deve ser elaborada de maneira clara, sintética e precisa,
elucidando de que forma as causas estão relacionadas entre si. Para a
construção desta árvore é necessário que se encontre a causa da
causa e assim sucessivamente, até que o grupo de trabalho se sinta
satisfeito com a explicação.
54
Na construção do gráfico, coloca-se o nome do problema e
identifica-se o ator que o declara. Isso deve ser feito da direita para a
esquerda a partir da identificação dos descritores.
Passo 4 - Desenho da situação objetivo
Momento em que se discutem os objetivos que podem ser
efetivados e a forma de torná-los viáveis, se faz necessário: avaliar o
prazo de maturação do plano, identificar as operações capazes de
produzir a mudança desejada, dimensionar o alcance e a natureza
dessas operações.
O Quadro 1 é construído em duas colunas. Na coluna da
esquerda transcreve-se o Vetor de Descrição do Problema (VDP) ou
metas, e na coluna da direita o Vetor de Descrição de Resultados
(VDR). Cada vetor de resultados deverá corresponder à modificação
que se pretende alcançar para cada vetor de descrição do problema,
estes devem ser todos descritos de que maneira pretende-se chegar a
determinado resultado.
VDP
d1: 40% da crianças são internadas
mais de uma vez ao ano por doenças
agudas infecto-contagiosas,
enquanto o padrão do município é de
5%;
d2: inexistência de UBS no Distrito
Norte, enquanto a OMS recomenda
uma unidade de atenção primária
para cada 20.000 a 30.000
habitantes.
Quadro 1: Árvore da situação objetivo.
Fonte: Tancredi; Barrios; Ferreira, 1998.
VDR
r1: índice de re-internação de 30% ao
fim do primeiro ano; 15% ao fim do
segundo ano, e 5% ao fim do terceiro
ano;
r2: uma unidade básica para 20.000
habitantes;
r3: programa de puericultura com
capacidade de cobertura para 100%
das crianças entre 0 e 5 anos.
Para a construção desta árvore de objetivos, se faz uma
reflexão sobre variáveis importantes na sua implementação: em quanto
tempo que se pretende alcançar esses objetivos; quais os recursos
55
necessários; uma análise do impacto que cada operação irá gerar sobre
os descritores do problema; e uma comparação da situação inicial com
aquela que se idealizou e se necessário reduzir as metas para que
sejam possíveis de realizar.
56
57
3 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo quantitativo e qualitativo exploratório,
realizado com dados epidemiológicos e demográficos referentes à
população dos bairros Jardim América, Parque das Palmeiras, Vila
Mantelli, Loteamento Vitório Rosa e Linha Barra do Rio dos Índios,
estas que compreendem a área atendida pelo Centro de Saúde da
Família (CSF) Jardim América.
A
metodologia
aplicada
na
identificação
das
principais
características da comunidade consiste em uma análise de dados
secundários.
Assim,
epidemiológicos
as
foram
informações
obtidas
através
referentes
do
aos
SIAB,
dados
relatórios
remanescentes da Vigilância Epidemiológica do município, bem como,
relatórios mensais extraídos do sistema municipal de prontuário
eletrônico.
Já as informações sobre os dados demográficos, foram
levantadas também a partir de fontes secundárias tais como registros
municipais. Ainda, serão extraídos alguns dados demográficos de fontes
primárias, tais como entrevista com as ACS e outros profissionais da
unidade de saúde.
Para tanto, optou-se por um tipo de estudo elaborado por
Thiollent que consiste em uma pesquisa – ação, onde os dados
pesquisados servirão de base para conhecer a comunidade, a partir
destes então levantadas as dificuldades e potencialidades da área para
posteriores ações em saúde, neste caso, objetivando a promoção em
saúde.
3.1 POPULAÇÃO-ALVO
Para o desenvolvimento desta pesquisa a população alvo
58
consiste nos 35 profissionais da Rede Municipal de Saúde que atuam
no CFS Jardim América, bem como moradores da comunidade.
3.1.1 Critério de Inclusão/Exclusão da Amostra
O critério de inclusão dos trabalhadores: ser integrante de uma
das Equipes de ESF ou da Equipe de NASF que compõem o CSF
Jardim América. Já para os integrantes da comunidade, o critério é ser
participante ativo do Conselho Local de Saúde.
3.2 MATERIAIS E MÉTODOS
Na etapa de diagnóstico, as informações quantitativas advindas
do SIAB são referentes à situação de saúde, as quais foram obtidas
através da coleta de dados provenientes da ficha A preenchida pelas
ACS, contendo informações que englobam: dados pessoais (idade,
sexo, ocupação e se frequenta a escola), doença ou condição
diagnosticada (hipertensão arterial, diabetes, deficiências, alcoolismo,
hanseníase, malária, tuberculose, chagas, epilepsia, distúrbio mental ou
gestação), situação de moradia (tipo de casa, número de cômodos e se
tem energia elétrica), saneamento (destino do lixo e destino do esgoto),
abastecimento de água (fonte e tipo de tratamento), plano de saúde
(número de pessoas cobertas), a quem procuram em caso de doença
(unidade de saúde, hospital, benzedeira, farmácia ou outros), meio de
comunicação (rádio, televisão ou outros), se participa de grupos
comunitários (cooperativa, grupo religioso, associações ou outros), além
dos meios de transporte (ônibus, caminhão, carro, carroça ou outros).
No entanto, para a coleta de dados retirados das fichas A de
cadastro das famílias, o critério de avaliação consiste nas famílias que
residem atualmente na área de abrangência da ESF, para isso, será
59
utilizado o Apêndice A. Vale lembrar que todos os demais dados
coletados correspondem do período de janeiro a dezembro do ano de
2010.
Ainda, outras informações referentes ao SIAB puderam ser
obtidas através do “Relatório de Produção e de Marcadores para
Avaliação”, estas que estarão contidas no Apêndice B. Sendo que as
informações neste contidas como marcadores são: Número de
atendimento a pessoas residentes em outro município; consulta médica
por faixa etária; total geral de consultas; número de puericulturas;
atendimentos de pré-natal; prevenção de câncer cérvico uterino;
consulta para paciente com Doença Sexualmente Transmissível (DST)/
Doença da Imunodeficiência Adquirida (Aids); consulta para diabetes;
consulta para hipertensão arterial; consulta para tuberculose; solicitação
de exames complementares por médico para: patologia clínica,
radiodiagnóstico, citopatológico, ultrassonografia obstétrica e outros;
solicitação
de
exames
encaminhamento
médico
complementares
para
pela
atendimento
enfermeira;
especializado;
encaminhamento médico para internação hospitalar; encaminhamento
médico para atendimento de urgência e emergência; atendimento
individual de enfermeiro; procedimentos de enfermagem (curativos,
inalações, injeções, retirada de pontos, verificação de sinais, terapia de
reidratação oral); sutura; atendimento em grupo para educação em
saúde/ promoção da saúde; procedimentos coletivos; reuniões para
planejamento.
No que se refere as informações contidas no “Relatório de
Produção e de Marcadores para Avaliação”, as utilizadas como
marcadores são: Acidente Vascular Cerebral; Infarto Agudo do
Miocárdio; NIC III; RN com peso menor do que 2500g; gravidez em
menor de 20 anos; hospitalização em menor de 5 anos por pneumonia;
hospitalização em menor de 5 anos por desidratação; hospitalização por
60
abuso de álcool; hospitalização por complicações do diabetes;
hospitalização por qualquer causa; internação em hospital psiquiátrico;
óbitos em menor de 1 ano por todas as causas; óbitos em menor de 1
ano por infecção diarreica; óbitos em menor de 1 ano por infecção
respiratória; óbitos de adolescentes por violência (entre 10 e 19 anos);
visitas domiciliares pelo enfermeiro; visitas domiciliares pelo dentista;
visitas domiciliares pelo médico; visitas domiciliares por profissional de
nível médio; visitas domiciliares pelo ACS.
Já com os dados provenientes dos relatórios mensais extraídos
do sistema municipal de prontuário eletrônico será elaborado o
Instrumento de Coleta de Dados (Apêndice C), os dados levantados
foram: número de gestantes cadastradas; mulheres em programa de
planejamento familiar; que programas são do Ministério da Saúde estão
sendo efetivados nesta unidade; quais os grupos que existem na
unidade, a quanto tempo estão funcionando e número médio de
participantes; quais os tipos de atividades estratégicas utilizadas na
prevenção de doenças e promoção da saúde; número de escolares
atendidos em atividades de educação em saúde e promoção da saúde,
com suas respectivas e faixa etárias.
Dentre as informações levantadas a partir dos relatórios das
Vigilâncias Epidemiológica e Sanitária do município, as quais serviram
de base para ser montado o Apêndice D, estão: cobertura vacinal;
doses utilizadas X doses aplicadas; números de focos do mosquito da
dengue na área; número de nascidos vivos; óbito fetal; óbitos menor de
1 ano; óbitos de mulher em idade fértil; óbito por qualquer causa; casos
de diarréia; casos de tuberculose; casos de hanseníase; casos
diagnosticados de HIV/Aids; casos de Hepatite A; casos de Hepatite B;
casos de Hepatite C; Gestantes novas e em acompanhamento com
HIV, total de casos de HIV; acidente com animais peçonhentos;
atendimento anti rábico; doenças exantemáticas; meningites; varicela;
61
caxumba;
leptospirose;
hantavirose;
dengue;
malária;
teníase/cisticercose; rotavírus; evento adverso pós- vacinal; sífilis em
gestante;
demais
casos
de
sífilis;
coqueluche;
toxoplasmose;
desnutrição grave; intoxicação exógena; condiloma acuminado; herpes.
Ao ser feito o levantamento demográfico os pontos pesquisados
consistiram no conhecimento o clima, extensão territorial, rios e
mananciais existentes, principais ruas e avenidas, áreas de vegetação e
áreas de preservação, ainda levantado a rede de assistência à saúde
que os pacientes desta área também podem estar se utilizando.
No que se diz respeito à observação do território (dados
qualitativos) desta comunidade, o levantamento destes dados feito
pelas Equipes de ESF, onde foram coletadas informações referentes
aos aspectos socioeconômicos, educação e laser, estas que estarão
obtidas a partir do apêndice E, onde foram levantados dados de todas
as empresas existentes no bairro, escolas (municipal ou estadual),
Centros de Educação Infantil Municipal (CEIM), praças e locais de laser,
de que natureza é a renda dos moradores, grupos religiosos,
cooperativas, associações, entidades filantrópicas ou independentes
existentes na área de abrangência, quais as religiões predominantes, e
ainda, onde são as áreas de risco e irregulares que possam existir na
área de atuação deste CSF.
A partir deste levantamento, após os dados tabulados, então
serão selecionados os problemas mediante a avaliação dos resultados
insatisfatórios. Com estes, descritos os “sintomas” e posteriormente
encontradas as causas, quantas forem necessárias até que se chegue á
raiz do problema, este que é denominado como nó crítico, o qual
quando modificado pode alterar toda a cadeia explicativa do problema.
Em um segundo momento feito um levantados os problemas os
prioritários a serem trabalhados, os quais a Equipe do CSF entender
serem passíveis de mudança, podendo ou não, estarem associados à
62
educação em saúde.
Este projeto não contemplará o MAPP na sua íntegra, uma vez
que, não há tempo hábil nem recursos para tanto, assim a sua
colaboração vai até a proposta das ações a serem implementadas,
quando entra a participação da comunidade, onde a Equipe levará as
propostas aos Conselhos Locais de Saúde. Para propostas aceitas,
então serão definidos os papéis tanto da equipe quanto da comunidade
no que se diz respeito a implementação efetiva dessas propostas.
3.3 ANÁLISE DOS DADOS
Inicialmente os dados epidemiológicos e demográficos foram
colocados em um banco de dados Excel, e com isso, elaborados
gráficos, tais expressos em números percentuais e/ou absolutos, de
modo a facilitar sua análise quando atrelados às demais informações
coletadas através dos instrumentos de coleta de dados com perguntas
abertas.
Os
dados
levantados
na
primeira
etapa
serviram
de
embasamento para a segunda etapa, esta que consiste na análise de
dados qualitativos a partir do método MAPP. Dados estes que foram
descritos e analisados, conforme a literatura, chegando apenas até a
etapa de seleção dos nós críticos.
Para as propostas aceitas, inicialmente foram elencadas as
prioridades em comum acordo de todos os envolvidos, posteriormente a
equipe do CSF juntamente a estes irá definir os meios e fins pelos quais
o planejamento será aplicado de forma interdisciplinar e/ou intersetorial.
A fase de análise dos dados, no que se diz respeito a aplicação
do MAPP, só será apresentada até a quinta etapa, onde os nós críticos
são identificados, mas fica o compromisso em levar a idéia de
63
planejamento até o final, mesmo sem estar presente no relatório final
com fins acadêmicos.
3.4 PROCEDIMENTOS
A primeira etapa da pesquisa consiste na coleta de dados nos
bancos referidos anteriormente, após isso, feito o agrupamento e
análise preliminar dos dados até então coletados. Depois, se realizará a
análise destes dados primários, o qual inclui a observação territorial,
avaliando sempre, se os dados encontrados conferem com a realidade
encontrada.
Na segunda etapa, com base nos resultados obtidos será
traçado o perfil epidemiológico para esta comunidade, a partir deste
feito o diagnóstico de saúde desta comunidade, e então, elaborado o
planejamento estratégico tendo como modelo o MAPP, para as ações a
serem desenvolvidas pela Equipe multiprofissional.
3.5 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS
Os riscos potenciais para as pessoas no desenvolvimento da
pesquisa praticamente não existem, uma vez que não serão utilizados
prontuários dos pacientes. Além o que, não haverá fichas para
entrevista e/ou coleta de dados, onde poderia haver informações
específicas passíveis de identificação dos pacientes.
Ainda, as ações a serem desenvolvidas serão pensadas na
coletividade, onde não serão beneficiados a penas as pessoas que já
desenvolveram alguma doença ou agravo a saúde, mas sim as pessoas
que necessitam de ações que possam evitar essas doenças e ao
mesmo tempo promover a melhoria da qualidade de vida da população,
64
utilizando-se para isso, dos artifícios da educação em saúde
preferencialmente para alcançar aos objetivos levantados.
65
4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
Na tentativa de identificar e explicar os problemas que
interferem na efetivação da Promoção da Saúde da população assistida
pelas Equipes de ESF correspondente ao bairro Jardim América, as
variáveis estudadas devem inicialmente identificar como é o perfil
epidemiológico desta população, e a partir desta poder então elaborar
um plano de ação para combater as suas principais causas.
4.1 ANÁLISE SITUACIONAL DA COMUNIDADE
Conforme demonstrado no gráfico 2 - Sexo X Idade - das
10049 pessoas cadastradas, a maior demanda populacional se
concentra na faixa etária entre 20 e 59 anos, onde de acordo com o
encontrado na pesquisa do perfil epidemiológico 97,83% dos maiores
de 15 anos são alfabetizados.
Gráfico 2: Sexo X Idade.
Fonte: SIAB, 2010.
66
Ainda, na análise de dados do consolidado, da população entre
7 e 14 anos, 90,4% estão frequentando a escola, sendo que o maior
êxodo escolar é presente na área rural. Já os dados levantados a partir
de entrevista com as instituições de ensino, das 3464 crianças e
adolescentes entre 0 a 19 anos 1638 estudam nos 3 Centros de
Educação Infantil (CEIM) municipais, 2 Escolas Básicas municipais e 1
Escola Estadual que abrange até o ensino médio.
Contudo, de acordo com Nery e Vanzin (2002), uma boa
educação ajuda a melhorar a qualidade de vida de uma sociedade, isso
se deve ao fato de que a escola auxilia a família na formação do caráter
e personalidade dos indivíduos.
Outro dado observado no gráfico 1, é o fato de os 831 idosos
correspondem a 8,27% da população da área de abrangência da ESF
Jardim América, e segundo o IBGE (2002), com base no Censo deste
mesmo ano, os idosos somavam 8,6% da população total do País.
Ainda cita que o envelhecimento da população brasileira é
reflexo do aumento da expectativa de vida, devido à redução da taxa de
natalidade e aos avanços no campo da saúde, prova disso é a
participação dos idosos com 75 anos ou mais no total da população que
em 1991 eram 2,4 milhões (1,6%) e, em 2000, 3,6 milhões (2,1%).
No gráfico 3 – Doença ou condição referida - estão elencadas
as doenças ou condição referidas no consolidado obtido a partir da ficha
A, preenchida pelas ACSs. Dentre as condições de maior prevalência
estão a hipertensão arterial, o diabetes e gestação.
67
Gráfico 3: Doença ou condição referida.
Fonte: SIAB, 2010.
No que se refere á gestação, das 134 gestantes cadastradas no
ano de 2010, apenas 16 eram menores de 19 anos, correspondendo a
3,8% das adolescentes. E das 181 as mulheres em período fértil
participam do programa de planejamento familiar, correspondem
orrespondem à 5%
das mulheres entre 15 e 59 anos, este dado é bastante semelhante ao
número de gestantes, o que significa que apesar de poucas mulheres
estarem inscritas no programa de planejamento familiar não há uma
relação significativa com a taxa de natalidade
atalidade pois ambas se mantém.
Nery e Vanzin (2002) tratam sobre o planejamento familiar,
onde os casais devem gerar seus filhos de acordo com o poder
econômico para que cada criança tenha direito de crescer tendo suas
necessidades básicas atendidas desde a concepção até vida adulta,
contando com a ajuda do estado para isso.
No que se diz respeito aos hipertensos os 828 correspondem a
8,24% da população total da área citada, sendo que se fossem apenas
idosos os hipertensos, seriam praticamente todos. Mas se observou nos
68
relatórios do programa Sistema de Cadastramento e Acompanhamento
de Hipertensos e Diabéticos (HIPERDIA) que muitos pacientes
hipertensos estão na idade adulta e que associado a hipertensão há
geralmente os problemas decorrentes da dislipidemia e obesidade, o
que demandou no ano de 2010 um número de 4968 consultas médicas
e principalmente de enfermagem.
Em uma pesquisa realizada pelo MS, demonstrou-se que a
proporção de brasileiros diagnosticados com hipertensão arterial
aumentou nos últimos cinco anos, passando de 21,6%, em 2006, para
23,3%, em 2010. Esse aumento é devido ao fato de a população estar
sendo diagnosticada mais precocemente na atenção primária de saúde
(BRASIL, 2011). Com isso, pelo fato de a população descrita ter um
índice muito abaixo dos valores nacionais fica a dúvida, a promoção e
prevenção estão sendo mais efetiva ou os casos não estão sendo
diagnosticados?
Já os usuários diabéticos são 152 adultos e 1 criança, estes
correspondem a 1,5% da população total cadastrada para a área no
período de 2010 e acumularam 912 consultas, incluindo as médicas de
enfermagem.
Segundo dados do Ministério da Saúde em 2010, a prevalência
da diabetes está aumentando sendo que aproximadamente 7% da
população adulta brasileira acometida por esse problema. A diabetes
lidera como causa de cegueira, doença renal e amputação e expõe a
um
aumento
de
mortalidade,
principalmente
por
eventos
cardiovasculares, além de estar frequentemente acompanhada pela
hipertensão arterial.
Ainda segundo este, não se conseguiu provar que o controle
rigoroso
da
glicemia
reduz
significativamente
as
complicações
macrovasculares, tais como infarto do miocárdio e derrames, mas sabese que a dieta rigorosa e a atividade física com orientação profissional
69
ajuda a minimizar os efeitos degradantes do diabetes no organismo do
indivíduo (BRASIL, 2010b).
Assim, com o intuito de tentar evitar que mais usuários
desenvolvam, devido ao excesso de peso, a hipertensão e/ou diabetes,
e complicações em decorrência destas, foi criado o Grupo de
Reeducação Alimentar. O grupo tem em média 20 participantes,
conduzido pela Nutricionista do NASF, geralmente com o apoio de outro
integrante do NASF, bem como de um ou mais membros da ESF
(médico, enfermeira, dentista ou ACS).
Atrelado aos grupos de reeducação alimentar e o de
hipertensos e diabéticos, os pacientes ainda são convidados a
participarem de um grupo de caminhada que acontece na área verde
denominada “Parque das Palmeiras”. Geralmente participam entre
jovens e idosos, cerca de 30 usuários, o grupo é conduzido pela
educadora física do NASF, geralmente com o apoio de outro integrante
do NASF ou de um dos demais membros da ESF (médico, enfermeira,
dentista, auxiliar de enfermagem ou ACS).
E ainda, com o objetivo de melhorar a promoção da saúde e
educação em saúde da população de maior demanda dentro da
unidade, foram criados os Grupos de Hipertensos e Diabéticos,
participam em média 10 usuários, conduzido por uma enfermeira,
geralmente com o apoio de um dos integrantes do NASF e agentes
comunitários de saúde.
No gráfico 4 – Destino do Lixo - Com relação ao destino do
lixo por ser um local onde há área rural, apenas um pequeno percentual
de lixo não é coletado. Apesar de haver coleta de lixo em praticamente
100% dos bairros, ainda há muito lixo espalhado pelas ruas,
especialmente nas áreas em que há catadores de lixo reciclável. Isso se
deve ao fato de que estes não têm onde armazenar adequadamente o
material que coletam, bem como, muitos não tem como descartar
70
materiais coletados que não são recicláveis.
Gráfico 4: Destino do Lixo.
Fonte: Sistema de Informação da Atenção Básica, 2010.
Assim, esse material acaba por ficar algumas vezes espalhado
pelas ruas do bairro, e nestes, geralmente há possibilidade de acúmulo
de água. Mesmo assim, apenas 10 focos do mosquito da dengue foram
encontrados nessa região no ano de 2010, contudo, nenhum caso foi
diagnosticado na área de abrangência do CSF, apenas 3 casos foram
detectados no município, sendo todos ele importados de fora do
município.
Outro dado obtido foi o de que, juntamente com esse acúmulo
de lixo ocorre a proliferação de animais peçonhentos,, ocasionando
muitos acidentes. Ainda ocorrem muitas mordidas por cães que se
multiplicam desordenadamente nestes locais, sendo estes o vetor de
parasitose e outras zoonoses.
Neste sentido, de acordo com Oliveira et al (2004), o acúmulo
dos resíduos sólidos em vias públicas é responsável por uma série de
problemas saúde da população, por poluir as águas, o ar, e favorecer a
proliferação de insetos e roedores. Além de auxiliar no surgimento de
vetores como moscas, ratos, urubus e animais
nimais peçonhentos que se
71
instalam no local e se espalham pelas residências (LIMA, 1995).
No gráfico 5 – Abastecimento de Água - Nas 2949 residências
da área 95,95% recebem água da rede pública, 3,82% bebem água de
poço e 0,23% de outras fontes, o que se sabe é que muitos dos poços
perfurados na região não são potáveis para o consumo humano. Isso se
deve ao fato de que há alguns anos existia um lixão na área de
abrangência da unidade de saúde, sendo que assim, o solo foi
contaminado pelo chorrume, quase que
e impossibilitando o consumo da
água de poços artesianos.
Gráfico 5: Abastecimento de Água.
Fonte: SIAB, 2010.
De acordo com Lima (1995), uma das consequências
marcantes do lixo depositado a céu aberto é a produção de chorrume,
líquido escuro resultante
e da decomposição de material orgânico
presente no lixo, e que ao ser absorvido pelo solo atinge diretamente os
lençóis
freáticos,
contaminando-os
os
com
os
mais
variados
microorganismos patológicos.
Conforme observado no gráfico 6 – Destino das fezes e urina
72
- na área de abrangência da unidade de saúde 88,40% das residências
tem fossa como meio para desprezar os resíduos humanos, 10,80% já
tem suas casas ligadas á rede de esgoto e 0,80% este está á céu
aberto. E mesmo não havendo uma rede adequada de esgoto foram
f
notificados apenas 79 casos de diarréia à Vigilância Epidemiológica no
ano de 2010.
Gráfico 6: Destino das fezes e urina.
Fonte: SIAB, 2010.
Mas um problema que vem se arrastando a mais de um ano, é
o fato de em mais da metade das residências dos bairros Jardim
América e Parque das Palmeiras, principalmente no verão volta para
dentro das residências um odor do esgoto proveniente da tubulação que
qu
liga o esgoto na rede geral. Em uma das ruas a situação é tão grave
que alguns dos moradores já tiveram crises alérgicas, principalmente
respiratórias que pode estar associado ao contato direto com este gás.
Por este motivo que segundo Nery e Vanzin (2002), é
importante que o governo promova programas para a construção de
moradias
e
melhoria
das
condições
do
ambiente
através
do
73
saneamento básico. Pois se pode perceber a relação entre o
fornecimento de saneamento para a população e o impacto dessas
condições no bem estar dos indivíduos.
No gráfico 7 – Grupos comunitários – segundo as
informações coletadas, existem cerca de doze grupos comunitários,
uma
associação
de
moradores
e
nenhuma
cooperativa
nesta
comunidade.
Gráfico 7: Grupos comunitários.
Fonte: SIAB, 2010.
Dentre os grupos comunitários e/ou religiosos, cooperativas,
associações, entidades filantrópicas ou independentes existentes na
área de abrangência da ESF estão: Pastoral da Criança; Lions; Grupo
de Mães; Grupo de Idosos (Católico e Assembléia);
sembléia); Grupo de Mulheres
(Clube de Mães e Ginástica); Grupo de Jovens; Grupo de Crianças da
Comunidade Barra do Rio dos Índios; estes espaços são provedores de
atividades de lazer e cultura.
Para Nery e Vanzin (2002), o lazer faz parte das necessidades
humanas básicas e contribui muito para o desenvolvimento e
74
crescimento do ser humano devendo ser incentivado desde cedo.
Porém, as atividades de lazer estão limitadas às classes sociais mais
altas, pois geralmente, o lazer tem custos.
Já a cultura refere-se aos valores e crenças, normas e modos
de vida praticados. Na saúde ela influencia em seu valor e significado,
bem como o cuidado. Podendo contribuir para o surgimento de
problemas de saúde ou proteger desses problemas (HELMAN, 2003).
As praças e locais de lazer existentes na área compreendem: o
Complexo Esportivo do Verdão (quadras poliesportivas, pista de skate,
pista de corrida, campo de futebol e local apropriado para modalidades
de arremesso de peso e dardo, campo de areia, ginásio de esportes,
academia para atletas, praça para crianças e área verde); o Parque das
Palmeiras
(área
verde,
pista
de
caminhada,
praça
infantil,
churrasqueiras e quiosques); a Sede dos Servidores Públicos
Municipais (ASSEMCHAP); Centro de Tradição Gaúcha (CTG) Herança
Gaúcha, localizado no bairro Vitório Rosa; além de cinco salões
comunitários nas comunidades, apenas o Vitório Rosa não tem. Todas
as áreas, com exceção da ASSEMCHAP, são bastante utilizadas pela
população.
Outro dado quantitativo levantado na pesquisa foi o fato de as
religiões predominantes na área serem: Católica, Quadrangular e
Assembléia de Deus. E segundo Nery e Vanzin (2002), atualmente
existem vários tipos de religiões, onde cada uma crê em um ser
superior, e por meio deste procura atender as necessidades espirituais
de seus seguidores.
Ainda para as autoras, muitas pessoas procuram as religiões e
cada uma tem poder de decidir qual seguir. Mas deve-se ter consciência
de que esta por si só não solucionará seus problemas, também no caso
da saúde, pois muitos acreditam que por si só deus solucionará seus
problemas de saúde, podendo prejudicar o tratamento e, por vezes, por
75
em risco a vida do fiel.
Com relação a qualidade de vida da população na área de
abrangência da ESF algumas áreas de maior risco social, estas estão
distribuídas
da
seguinte
maneira:
Jardim
América
uma
área
denominada “Baixada dos Fortes”, esta que é uma área considerada
irregular, onde os terrenos são da prefeitura e foram invadidos; No
Parque das Palmeiras há uma área industrial e onde se localiza uma
distribuidora de energia, havendo bastante poluição sonora; No
loteamento Vitório Rosa e Vila Mantelli existem muitos matos pois o
local está em processo de urbanização, mas já muitos trabalhadores da
agroindústria tem que passar por estes locais para ir ou voltar para o
trabalho, geralmente na madrugada; e a Barra do Rio dos Índios fica na
área rural bem como localizado atrás de uma penitenciária, servindo de
refúgio para eventuais fugitivos.
Assim, segundo Tunes (1995), para se obter um conhecimento
satisfatório sobre a comunidade é preciso ter um mapa da comunidade,
facilitando o delineamento da mesma, bem como a ação e o limite para
o trabalho do ACS e da Equipe de ESF. Sendo que, através do
mapeamento das áreas de risco, é possível determinar as áreas de
maior foco de enfermidades e condições que afetam a saúde da
população.
De acordo com o gráfico 8 – Consulta médica por faixa etária
– em 2010 os idosos entre 60 e 100 anos, utilizaram o correspondente a
8,27% das consultas. Inicialmente pensava-se que eram os idosos
quem demandavam o maior número de consultas, mas conforme
observado no gráfico anterior os usuários da faixa etária entre 20 e 59
anos são os que têm ocupado o maior número de consultas ocupando
57,25% das mesmas.
76
Gráfico 8: Consulta médica por faixa etária.
Fonte: SIAB, 2010.
Dentre as 9756 consultas médicas realizadas no ano de 2010
foram solicitados 3202 exames complementares para patologia clínica,
292 exames de radiodiagnóstico, 157 exames de ultrassonografia
obstétrica e 216 outros exames em geral.
uantidade de consultas médicas,
Ainda devido a grande quantidade
odontológicas
e
de
enfermagem,
foram
realizados
28668
os
procedimentos individuais de enfermagem, dentre estes se pode citar:
curativos, inalações, injeções, retirada de pontos, verificação de sinais,
sondagem e terapia de reidratação oral.
Observou-se
se que devido à grande demanda dentro da unidade
de saúde foram realizados poucos atendimentos em grupo para
educação em saúde e promoção da saúde foram cerca de 60, incluindo
os grupos de hipertensos, caminhada orientada, grupo de reeducação
alimentar, teatro da Estrelinha Azul (educação em higiene corporal e
oral para criança dos CEIM e escolas), Rua do Lazer e Natal Solidário
(distribuição de brinquedos e doces para crianças das áreas mais
carentes).
77
Dentre as atividades de prevenção e educação em saúde mais
desenvolvidas, são as de prevenção em Saúde Bucal, geralmente
realizado com as turmas até 7ª série das escolas e os CEIM da área de
abrangência do CSF, conduzido pelos dentistas das respectivas áreas
com o apoio das ACS e esporadicamente pelos demais profissionais da
sua ESF ou NASF.
Segundo dados do Ministério da Saúde em Brasil (2008), a
inserção de ações em Saúde Bucal na ESF, regulamentada em
dezembro de 2000, proporcionou um espaço de práticas voltadas para a
reorientação do processo de trabalho e atuação dentro da própria
Saúde Bucal no âmbito dos serviços de saúde.
Entre 2001 e 2003 uma equipe de Saúde Bucal estava
vinculada a duas equipes de ESF, mas o número elevado de
procedimentos curativos comprometia a realização das ações de
promoção e prevenção em saúde. A partir de 2003, o MS aumentou o
financiamento em cerca de 60% o incentivo financeiro, atrelando uma
equipe de Saúde Bucal a apenas uma Equipe de ESF, melhorando com
isso as ações de prevenção e educação em saúde.
Com
relação
ao
número
de
reuniões
internas
para
planejamento, no ano de 2010 foram realizadas 52 reuniões, sendo
intercaladas as reuniões por equipe de ESF com a geral do CSF. Já as
reuniões com o Conselho Local de Saúde foram 6, estas realizadas a
cada 2 meses na primeira ou segunda quinta feira de cada mês.
O gráfico 9 – Encaminhamentos – demonstra as consultas
médicas ou odontológicas de especialidades mais solicitados. No total
foram feitos 2182 encaminhamentos nas 9756 consultas, isso
corresponde a cerca de 22% das consultas que não tem sua causa
resolvida na atenção básica, estando dentro do preconizado pelo MS de
acordo com a portaria n.º 1101/GM Em 12 de junho de 2002.
78
Gráfico 9: Encaminhamentos.
Fonte: SIAB, 2010.
Apesar de o total geral dos encaminhamentos estarem de
acordo com o considerado adequado, as suas subdivisões não estão
dentro do preconizado, isso porque, de acordo com a portaria
anteriormente citada a traumatologia (ortopedista e fisioterapia) estaria
em primeiro lugar entre os encaminhamentos mais frequentes,
frequentes
oftalmologista em segundo lugar e cirurgia geral em terceiro.
Na análise dos dados levantados, o encontrado foi a maior
demanda para oftalmologista seguido dos encaminhamentos para o
CEO, já os encaminhamentos
aminhamentos para ortopedista ocupam o terceiro lugar.
Contudo, foram encontrados uma diversidade menor de especialidades
do que as descritas na portaria, porém com percentuais bem mais
elevados do que o preconizado, como por exemplo oftalmologista que o
ideal
deal seria 2,8% dos encaminhamentos e o encontrado foi 19,15%; o
ortopedista ideal 2,9%, encontrado 13,10%; dermatologista ideal 1,1%,
encontrado 5,68%.
Assim, tem-se
se uma falsa idéia de que se está conseguindo
79
manter a resolutividade da atenção básica, pois
is não há profissionais o
suficiente para atender a todos esses encaminhamentos, criando com
isso uma demanda reprimida e gerando uma espera prolongada até a
consulta.
No gráfico 10 – Visitas domiciliares – pode-se
se observar neste
gráfico que foram realizadas
as 453 visitas domiciliares pelo dentista, 247
pelo médico, 574 pelos profissionais de nível médio (auxiliares ou
técnicos de enfermagem) e 96 pelas enfermeiras. Já as ACS não
aparecem no gráfico, mas foram 17379 visitas.
Gráfico 10: Visitas domiciliares.
Fonte: SIAB, 2010.
Segundo Nogueira e Fonseca (2005), a visita domiciliar é uma
atividade, simultaneamente educativa e assistencial a qual permite uma
melhor interação entre a equipe de saúde, e da enfermagem em
particular, com o individuo e a família, permitindo uma continuidade da
assistência desenvolvida na unidade básica de saúde.
Outro dado encontrado na pesquisa foi o de que, o atendimento
individual de enfermeiro totalizou 7358 consultas, sendo que entre estas
estão inclusas o atendimento
nto ao hipertenso, diabético, puericultura,
preventivo e consulta de atendimento à saúde da mulher. Diariamente
80
são em média de 25 a 30 consultas de enfermagem, ficando a
enfermeira sobrecarregada com o atendimento individual, reduzindo
consideravelmente as atividades de prevenção e educação em saúde,
bem como as visitas domiciliares pela demanda da unidade.
Assim, no ano de 2010 foram realizadas apenas 96 visitas
domiciliares pelas enfermeiras da unidade de saúde, também pelo fato
de se ter demanda espontânea e por vários períodos a unidade contar
com apenas uma enfermeira assistencial, ficando esta restrita ao
atendimento dentro da unidade de saúde.
Por este motivo foi elaborado um cronograma de atendimento
para a enfermagem, onde existem dias da semana para o atendimento
ao hipertenso, diabético, puericultura, preventivo, Planejamento de
ESF/Visita domiciliar, Grupos de educação em saúde (hipertensos e
reeducação alimentar) e consulta de atendimento à saúde da mulher.
Este cronograma por si só já é uma forma de educar a
população, aliado a isso, há maior possibilidade de organização e
planejamento das ações de promoção e educação em saúde, as quais a
enfermeira participa. Isso se deve ao fato de existirem grupos que não
tem muito acesso à unidade de saúde para este tipo de ações,
restringindo-se em apenas consultar após a doença instalada.
Uma forma de permitir que tanto a enfermeira quanto o médico
tenha participação mais ativa nas ações anteriormente citadas, seria a
diminuição da população atendida pelas Equipes, aumentando em mais
uma Equipe de ESF, pois para as instaladas já passa de 5 mil
habitantes para cada uma.
Um dos grupos onde não há nenhum tipo de ação de promoção
e prevenção é o grupo da população denominada economicamente
ativa. E conforme encontrado na pesquisa existem muitas empresas
bairro, são elas: supermercados; mini mercados; laticínio; metalúrgica;
transportadoras; lojas de roupas, calçados, materiais de construção,
81
produtos automotivos; distribuidora de frios; distribuidora de energia
elétrica; pequenas mecânicas e oficinas automotivas; bazares; salões
de beleza; escritórios de contabilidade; gráficas; chaveiro; construtora;
estúdio de fotografia, sapateiro; panificadoras; dentistas; farmácias; loja
de noivas; revendedora de caminhões. Assim, a renda dos moradores
é, na sua maioria, proveniente da agroindústria, indústria de metais,
comércio formal e informal, bem como, da coleta de material reciclável.
Devido ao fato de não existir atendimento específico voltado
para esse grupo de pessoas, aliado a falta de tempo para participar
destas atividades, além da sobrecarga da equipe de consultas
curativas, esses pacientes acabam por procurar mais os serviços do
SUS de pronto atendimento na Unidade de Saúde do bairro Efapi,
pronto atendimento do Centro da cidade ou Hospital Regional do Oeste,
ficando a procura pela unidade de saúde apenas quando as doenças já
instaladas ou o seu problema já crônico, como no caso dos problemas
ortopédicos.
Assim, conforme Brêtas (2011) localizar unidades de saúde ou
pontos de atenção próximos de onde mora ou trabalha a população é
um dos pressupostos da Atenção Primária em Saúde formulada na
Conferência Mundial de Saúde de Alma-Ata, podendo isso garantir um
melhor acesso.
No gráfico 11 – Vacinas – estão dispostas as doses de vacinas
utilizadas, doses aplicadas, bem como a perda técnica durante o ano de
2010. Segundo os relatórios da Vigilância Epidemiológica as metas de
vacinação sempre são alcançadas, mas para isso são perdidas muitas
doses de vacinas, as quais acabam sendo desprezadas pela pouca
procura da população adulta para atualização do seu esquema vacinal.
82
Gráfico 11: Vacinas.
Fonte: SIAB, 2010.
Assim, percebe-se
se a necessidade de investir em ações que
possam estar colocando em dia as vacinas
cinas da população adulta, além
de orientar e conscientizar a população da importância das vacinas para
sua faixa etária, sendo as principais a dupla adulto, Hepatite B e Febre
Amarela.
4.2 APLICAÇÃO DO MAPP
Para a aplicação do MAPP foram realizadas duas oficinas. Uma
delas com os profissionais do CSF Jardim América durante uma reunião
de equipe, outra com a população em uma reunião do Conselho local
de saúde (CLS).
Em ambas as reuniões inicialmente foram apresentados os
dados descritos na seção anterior, após isso, foi solicitado para que as
pessoas relatassem a partir desses dados o que estas entendiam que
estavam interferindo na promoção da saúde da comunidade.
83
Passo 1 - Seleção dos problemas do plano
a)
Falta de ações da Equipe como um todo para a promoção e
educação em saúde na comunidade;
b)
Desinformação dos usuários/pacientes sobre a atenção básica;
c)
Falta de local adequado para abrigo do usuário, no sentido de
protegê-los da chuva, sol e frio;
d)
Grupo da caminhada cada vez menor.
Passo 2 - Descrição do problema
d1 - Na reunião interna da equipe ficou entendido que os maiores
problemas que acabam por interferir na promoção em saúde é a
sobrecarga da equipe com as atividades rotineiras dentro da unidade de
saúde, estas que geralmente estão ligadas á visão curativa.
d2 - Outro fator é a falta de orientação dos pacientes do sentido de
como funciona a atenção básica, uma vez que estes estão muito
voltados para o olhar curativo.
d3 - Já para os usuários os fatores que influenciam negativamente na
promoção da saúde não é a falta de atividades educativas ou de
promoção em saúde propriamente ditas. Estes entendem que a falta de
um lugar na frente na unidade de saúde, para que os mesmos fiquem
abrigados da chuva e sol enquanto aguardam a unidade abrir, faz com
que estes se sintam menosprezados.
d4 - Outro ponto levantado e de comum acordo a todos, é o fato de que
o grupo da caminhada orientada diminui após a troca do profissional
responsável (orientador físico), onde os pacientes não têm muita
afinidade pela forma como o grupo está sendo conduzido e relata que
gostariam de ter novamente à frente do grupo a profissional anterior a
84
esta.
Passo 3 - Explicação do problema
d1 – equipe atendendo a um número elevado de usuários – elevado
número de consultas e procedimentos – falta de tempo para planejar e
desenvolver ações de promoção e educação em saúde.
d2 – muitas pessoas trabalham ou estudam, muitas vezes não
recebendo as ACS em casa para serem orientados - só procuram a
unidade de saúde quando a já estão dentes, onde as orientações então
repassadas ficam voltadas para a reabilitação ou manutenção da
doença, assim, as orientações de prevenção só acontecem no sentido
de prevenir agravos referentes a doença já instalada.
d3 – unidade de saúde tem muitos computadores e a frente é toda de
vidro, assim na madrugada os portões ficam chaveados tendo apenas
um local coberto na parte interna do pátio – quando chove ou é frio, não
há local adequado para os pacientes se abrigarem na madrugada, pois
durante o dia este portão fica aberto.
d4 – o grupo de caminhada existe a pelo menos dois anos, os pacientes
já tinham vínculo com a profissional anterior, o profissional atual não
segue a mesma linha metodológica de trabalho e assim, os pacientes
começaram a participar cada vez menos desta atividade.
85
Passo 4 - Desenho da situação objetivo
VDP - VETOR DE DESCRIÇÃO DO
PROBLEMA
d1: Falta de ações da equipe como
um todo para a promoção e
educação em saúde na comunidade;
d2: Desinformação dos pacientes
sobre a atenção básica;
d3: Falta de local adequado para
abrigo do pacientes da chuva e frio;
d4: Grupo da caminhada cada vez
menor.
VDR - VETOR DE DESCRIÇÃO DE
RESULTADO
r1 – Diminuir a demanda dentro da
unidade de saúde para ações
curativas, aproveitando melhor o
tempo reservado para estas ações e
solicitando a colaboração da equipe do
NASF;
r2 – Elaborar um material informativo
que possa ser deixado na casa dos
usuários
onde
as
ACSs
não
conseguem fazer visita por não ter
ninguém em casa, esse material terá a
cada período um tema diferente;
r3 – Buscar com a secretaria de saúde
a possibilidade de se construir um
toldo para que os pacientes possam
ficar na espera pelo posto abrir, mas
acima disso, trabalhar a orientação de
que não é necessário ficar de
madrugada para aguardar consulta;
r4 – Estimular a população para que
participem da caminhada, para isso
pose ser realizado atividades como
gincanas e danças, como já realizado
em outros momentos; Realizar um
aconselhamento do profissional sobre
o objetivo do grupo e orientá-la da
forma como o mesmo deve ser
conduzido
para
estimular
a
participação da população.
Quadro 12: Desenho da situação objetivo.
Fonte: Dados do autor, 2012.
r1: O NASF, como organismo vinculado a ESF, deve compartilhar os
desafios e contribuir para o aumento da resolutividade e da efetivação
da coordenação do cuidado na Atenção Primária (BRASIL, 2010a).
Ainda, de acordo com Horta et al (2008), a redução de demanda por
consultas na unidade de saúde, por meio da implementação de grupos,
86
pode configurar-se como uma possibilidade interessante quando
orientada por uma abordagem de integralidade, cuidadora e resolutiva
frente às necessidades de saúde dos usuários.
Ainda para as autoras, é importante refletir se essa redução é
proporcional ao cuidado e à cor-responsabilidade dos usuários com seu
processo saúde-doença ou se acontece somente porque os mesmos
passam a ter as suas receitas “em dia”, mas mantêm condições de
saúde ruins e são expostos a complicações e agravos.
r2: De acordo com dados do MS em Brasil (2010b), apesar da Atenção
Básica ser usualmente denominada como a “porta de entrada” dos
usuários ao SUS, por vezes, ela parece ser apenas mais um setor do
SUS, onde as ações em algumas cidades e estados ainda estão
atrelados ao modelo curativo, deixando de lado as ações norteadoras
de sua política. Isso ocorre devido ao fato de que a população ainda
não entende como funciona esse processo, uma vez que os falta
orientação, e assim, estes acabam por procurar assistência à saúde
apenas quando a doença já está instalada e em um estado já bastante
avançado.
Apesar disso, em alguns lugares ela já funciona de acordo com
as diretrizes do Ministério da Saúde, claro que com algumas ressalvas
devido as diferenças culturais das mais diferentes regiões do país, onde
as ações de promoção e prevenção já conseguem fazer uma diferença
significativa na qualidade de vida da população.
r3: A educação em saúde constitui um conjunto de saberes e práticas
orientados para a promoção da saúde e prevenção de doenças. Tratase de um recurso por meio do qual o conhecimento cientificamente
produzido no campo da saúde, intermediado pelos profissionais de
saúde, atinge a vida cotidiana das pessoas, uma vez que a
87
compreensão dos condicionantes do processo saúde-doença oferece
subsídios para a adoção de novos hábitos e condutas de saúde.
No âmbito da ESF, a educação em saúde figura como uma
prática comum a todos os profissionais, espera-se que estes sejam
capacitados para assistência integral e contínua às famílias da área
adscrita, desenvolvendo processos educativos para a saúde, voltados à
melhoria do autocuidado dos indivíduos (BRASIL,1997 apud ALVES,
2005).
r4: Segundo dados do MS em Brasil (2010b), a assimetria entre o
conhecimento sistematizado da atividade física e o conhecimento local
podem ser evidenciadas, pois quando não há aderência da comunidade
nas práticas esportivas, o educador físico, bem como os demais
membros da equipe, podem valorizar as manifestações culturais, as
quais podem envolverem a dança, jogos esportivos e populares, artes
cênicas e até brincadeiras que podem ser constituídas ou adaptadas
pela comunidade, na tentativa de estimular a adesão dos mesmos.
88
89
5 CONCLUSÕES
Conhecer o MAPP como instrumento utilizado na elaboração do
planejamento para a unidade básica de saúde, fez com que houvesse
uma melhor compreensão de que algumas vezes o diagnóstico
situacional pode sim demonstrar muitas necessidades referentes a
melhoria da saúde da população, mas que este por si só não garante a
melhoria da qualidade de vida da mesma. Isso se deve ao fato de que a
esta estão relacionados inúmeros fatores, principalmente sociais, e
sendo o método muito coerente com os princípios do SUS, talvez seja
uma forma de efetivamente aplicá-los.
Dentre os objetivos almejados foi conseguido através do MAPP
identificar o perfil epidemiológico da população, para com este poder
identificar e explicar os problemas que afetam a efetivação da
Promoção da Saúde nesta população. A elaboração do planejamento
estratégico só foi possível uma vez que a população entendeu a
importância de uma construção dos projetos juntamente com a equipe e
a partir daí a perspectiva de estimular o aumento da resolutividade nas
ações de Promoção da Saúde fica mais próximo da realidade.
Evidenciou-se que a necessidade de conhecer a comunidade
vai muito além do esperado, uma vez que ao desenvolver o diagnóstico
situacional foram levantadas inúmeras dificuldades e pontos a serem
melhorados. Também observado, que muitas destas dificuldades já
estão sendo sanadas mesmo que empiricamente, mas de suma
importância serem melhoradas de forma a aumentar a sua efetividade.
Ao aplicar o método juntamente com a comunidade não se
fazia idéia de que estes fariam uso do mesmo de forma a reivindicar
melhorias nas ações de promoção em saúde, conforme observado na
situação da caminhada. Uma vez, em que a cada reunião do Conselho
Local de Saúde muitos dos participantes atribuíam as reivindicações à
90
problemas pontuais e pessoais, os quais poderiam ser resolvidos
diretamente com a Equipe.
A solicitação de um espaço para abrigar-se enquanto aguardam
a unidade abrir, se for olhado pelo lado curativo, não há razão de ser,
pois se entende que não há necessidade de se chegar tão cedo uma
vez que poucas vezes não se consegue atender a todos os pacientes
que ali chegam, bem como, o atendimento é anteriormente agendado.
Mas quando levado em conta a questão cultural, por hora,
pouco pode ser mudado, visto que a população seguidamente é
orientada pela equipe que não é necessário vir tão cedo para aguardar
consulta, mas sem grandes resultados. Talvez efetivando as demais
atividades de promoção em saúde, pode-se então ter melhores
resultados neste sentido. Enquanto isso, na concepção da população,
para melhorar a qualidade do atendimento e para que se sintam melhor
acolhidos, a construção deste espaço é um fator muito significativo.
Quando desenvolvida a oficina com a Equipe do CSF, chegouse a conclusão de que um dos fatores que interfere na promoção em
saúde, em grande parte se deve a restrição do tempo demandada pela
rotina, aliado a falta de recursos humanos e planejamento condizente
para que esta efetivamente ocorra. Talvez a Equipe ainda deva ser
trabalhada no sentido de que devemos sim realizar atividades
educativas e curativas, mas que estas têm seu resultado maximizado
quando associadas a atividades de promoção em saúde, uma vez que,
quando a população gosta, ela ajuda a construir, assim, melhorar a
promoção em saúde é sinônimo de melhorar o vínculo com a
comunidade.
Contudo, uma das principais contribuições deste projeto foi o
auxílio no entendimento da própria Equipe, bem como da pesquisadora,
sobre a importância de se escutar os anseios e necessidades da
população. Uma vez que, a Equipe pode até fazer planejamento do que
91
na sua visão é necessário, mas que nem sempre na prática é aplicável.
Além disso, seria um tanto audacioso dizer que apenas estes
fatores levantados são causadores na não efetivação da promoção da
saúde, devido ao fado do processo saúde-doença ser muito complexo.
Assim, estes, por hora são entendidos como um dos fatores negativos,
e sabendo da necessidade em avaliá-los de tempo em tempo. Ainda
sugere-se que trabalhos com outros setores ou secretarias municipais
seja desenvolvidos para poder alcançar os novos objetivos que possam
surgir.
92
93
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97
APÊNDICES
98
APÊNDICE A – Roteiro de Coleta de Dados da Ficha A
Este instrumento servirá de base para a coleta de dados que servirão
de base a um diagnóstico prévio para o conhecimento situacional da
comunidade a que se dirige esta pesquisa, sendo este bem abrangente
e sem intenção de serem analisados isoladamente.
IDADE
SEXO
QUANTIDADE
ALFABETIZADO
IDADE
SEXO
ALCOOLISMO
CHAGAS
DEFICIÊNCIAS
DIABETES
DISTÚRBIO
MENTAL
EPILEPSIA
GESTAÇÃO
HIPERTENSÃO
ARTERIAL
HANSENÍASE
MALÁRIA
TUBERCULOSE
DESTINO DO LIXO
Coletado
Céu aberto
Queimado
0-5
DADOS PESSOAIS
6-12
15-19
20-59
60 OU +
DOENÇA OU CONDIÇÃO REFERIDA
0-5
6-12
15-19
20-59
60 OU +
QUANTIDADE
99
TRATAMENTO DE ÁGUA NO DOMICÍLIO
Filtrada
Fervida
Coloração
Sem tratamento
QUANTIDADE
ABASTECIMENTO DE ÁGUA
Rede Pública
Poço/ Nascente
Outros
DESTINO DAS FEZES E URINA
Rede de esgoto
Céu aberto
Fossa
PARTICIPAÇÃO EM GRUPOS COMUNITÁRIOS
Cooperativa
Grupo Religioso
Associações
Outros
Tijolo
Taipa
revestida
TIPO DE CASA
Taipa não
Madeira
revestida
Quantas possuem energia elétrica
Número total de residências
QUANTIDADE
QUANTIDADE
Especificar
Material
aproveitado
Outros
100
APÊNDICE B – Roteiro para Coleta de Dados do “Relatório de
Produção e de Marcadores para Avaliação
Os dados remanescentes deste instrumento de coleta
irão
complementar
os
obtidos
com
o
apêndice
A,
conhecimento prévio da comunidade.
Relatórios de produção:
Número
de
atendimento
a
pessoas residentes em outro
município
Consulta médica por faixa etária
Total geral de consultas
Consulta para paciente com
Doença
Sexualmente
Transmissível (DST)/ Doença da
Imunodeficiência Adquirida (AIDS)
Encaminhamento médico para
atendimento
de
urgência
e
emergência
Prevenção de câncer cérvico
uterino
Número de puericulturas
Consulta para diabetes
Consulta para hipertensão arterial
Consulta para tuberculose
Encaminhamento médico para
internação hospitalar
Atendimento
individual
de
enfermeiro
Solicitação
de
exames
complementares pela enfermeira
Laboratoriais
Mamografia
Procedimentos de enfermagem
(curativos, inalações, injeções,
retirada de pontos, verificação
de sinais, terapia de reidratação
oral)
Sutura
Procedimentos coletivos (PCI)
Reuniões para planejamento
Atendimento em grupo para
educação em saúde/ promoção
da saúde
Solicitação
de
exames
complementares por médico
para:
Patologia clínica
Radiodiagnóstico
Citopatológico
Ultra-sonografia obstétrica
Outros
Atendimentos de pré-natal
Encaminhamento médico para
atendimento
especializado
Descrever todos os encontrados
no
101
Marcadores:
Acidente Vascular Carebral
Infarto Agudo do Miocárdio
NIC III
RN com peso menor do que
2500g
Gravidez em menor de 20 anos
Hospitalização em menor de 5
anos por pneumonia
Hospitalização em menor de 5
anos por desidratação
Hospitalização por abuso de álcool
Hospitalização por complicações
do diabetes
Hospitalização por qualquer causa
Internação
em
hospital
psiquiátrico
Óbitos em menor de 1 ano por
todas as causas
Óbitos em menor de 1 ano por
infecção diarréica
Óbitos em menor de 1 ano por
infecção respiratória
Óbitos de adolescentes por
violência (entre 10 e 19 anos)
Visitas
domiciliares
pelo
enfermeiro
Visitas
domiciliares
pelo
dentista
Visitas domiciliares pelo médico
Visitas
domiciliares
por
profissional de nível médio
Visitas domiciliares pelo ASC
102
APÊNDICE C – Roteiro de Coleta de Dados dos Relatórios
Mensais Extraídos do Sistema Municipal de Prontuário Eletrônico
Com este instrumento, a intenção é de conhecer a comunidade
no que se diz respeito a como, e para que fins utilizam a unidade de
saúde, buscando entender melhor o que é mais importante e necessário
para ela.
Número de gestantes cadastradas
___________________________________
Mulheres em programa de planejamento familiar
________________________
Quais programas são do Ministério da Saúde são efetivados nesta
unidade?
_________________________________________________________
_________________________________________________________
Quais os grupos que existem na unidade, a quanto tempo estão
funcionando, número médio de participantes, forma como é conduzido,
quem o conduz?
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
Quais os tipos de atividades estratégicas utilizadas na prevenção de
doenças e promoção da saúde
_________________________________________________________
_________________________________________________________
Número de escolares atendidos em atividades de educação em saúde e
promoção da saúde por faixa etária
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
103
APÊNDICE D - Instrumento de coleta de dados dos relatórios
provenientes da Vigilância Epidemiológica e Sanitária do
município Quanto a Cobertura Vacinal - Doses Utilizadas X
Doses Aplicadas
Este instrumento de coleta de dados irá fornecer informações
acerca de como o município vê a comunidade que está sendo
pesquisada, uma vez que as necessidades, pessoas e situações são
passadas a alguns setores em forma de números, que não
necessariamente equivalem a realidade vivenciada na prática do dia a
dia.
Números de focos do mosquito da dengue na área
Número de nascidos vivos
Óbito fetal
Óbitos menor de 1 ano
Óbitos de mulher em idade fértil
Óbito por qualquer causa
Casos de diarréia
Casos de tuberculose
Casos de hanseníase
Casos diagnosticados de HIV/AIDS
Casos de Hepatite A
Casos de Hepatite B
Casos de Hepatite C
Gestantes novas
Gestantes em acompanhamento com HIV
Total de casos de HIV
Acidente com animais peçonhentos
Atendimento anti-rábico
Doenças exantemáticas
Meningite
Varicela
Caxumba
Hantavirose
Dengue
Teníase
Cisticercose
Rotavírus
Evento adverso pós-vacinal
Sífilis em gestante
Continua...
104
Continuação
Demais casos de sífilis
Coqueluche
Toxoplasmose
Desnutrição grave
Intoxicação exógena
Condiloma acuminado
Herpes genital
105
APÊNDICE E - Instrumento de Coleta de Dados a partir da
Observação do Território
Neste instrumento, serão levantadas informações que podem
nos trazer a resposta para algumas inquietações cotidianas, que muitas
vezes ficam no abstrato por não se conhecer o território em que a
unidade de saúde está inserida.
Quais as empresas existentes no bairro:
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
Quais as escolas e respectivo número de alunos:
Municipal:
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
Estadual
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
CEIM e outras instituições de ensino:
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
Quais as praças e locais de lazer existentes?
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
106
De que natureza é a renda dos moradores (indústria, comércio ou
informal, por exemplo):
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
Existem que grupos religiosos, cooperativas, associações, entidades
filantrópicas ou independentes:
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
Quais as religiões predominantes:
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
Onde se localizam as igrejas e que religiões pertencem:
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
Quais são as áreas de risco e irregulares:
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
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método altadir de planificação popular como instrumento para