Relatório da Investigação
sobre os Jovens de Rua de Macau e o Abuso de Drogas 2014
Sinopse
Gabinete Coordenador dos Serviços Sociais Sheng Kung Hui de Macau
Este estudo, iniciado em 2002 e que tem lugar de 4 em 4 anos, foi realizado pelo
Gabinete Coordenador dos Serviços Sociais Sheng Kung Hui de Macau, a pedido do Instituto
de Acção Social (IAS). Este éjáo 4ºestudo, que decorreu entre Julho e Dezembro de 2014,
com os seguintes objectivos: 1) obter informação sobre a situação da toxicodependência
entre os jovens de rua, em especial o grau e facilidade de acesso às drogas, bem como a sua
atitude em relação ao consumo de drogas em geral; 2) tentar compreender os factores de risco
subjacentes àtoxicodependência juvenil.
A exemplo das anteriores investigações, o grupo-alvo foi o dos jovens de rua, com
idades entre os 14 e os 24 anos. Em termos de amostragem foi adoptada a “amostragem
subjectiva”, um tipo de amostragem não aleatória, com os assistentes sociais a entrevistarem
directamente os inquiridos através de questionários, tendo sido apurados como válidos o total
de 215, dos quais 47 dos inquiridos (18,7%) revelaram que játinham experimentado drogas.
Caracterização dos inquiridos em geral: havia 74,1% de homens, quase três vezes mais
que as mulheres (25,9%). A idade média era de 17,02 anos de idade, 74,2% estavam a
estudar e 25,8% tinham interrompido os estudos e a maior parte (55%) possuí
a como
habilitações literárias o ensino secundário-geral.
Caracterização dos inquiridos que játinham experimentado drogas: havia 76,6% homens
e 23,4% mulheres. A idade média era de 18,68 anos de idade; 45,7% estavam a estudar e
54,3% tinham interrompido os estudos e a maior parte (51%) possuí
a como habilitações
literárias o ensino secundário-geral.
As conclusões do estudo foram as seguintes: 18,7% dos inquiridos já tinham
experimentado drogas, percentagem inferior à registada (23,6%) no estudo de 2006 e à
registada (20,8%) no estudo de 2010. No caso de abuso de metanfetaminas (ice), a
percentagem subiu significativamente, de 9,9% em 2010 para 23,4% em 2014, ao passo que a
a ketamina (K-chai) ocupou a maior percentagem em 2010 e passou a ocupar a segunda
maior percentagem em 2014 no que toca ao consumo apesar de não houver uma grande
diferença nos números de percentagem registados entre 2010 e 2014. Os inquiridos que
consumiram mais de 2 tipos de drogas ao mesmo tempo ocupam uma percentagem de 21,3%,
percentagem inferior àregistada em 2010. A maior parte dos inquiridos disse ter consumido
drogas por “curiosidade” (53,2%) ou “para fazer companhia a amigos” (51,1%), e a origem
das drogas foi em grande parte proveniente dos “amigos” (66%). A percentagem de
inquiridos que disse obter as drogas em Macau aumentou consideravelmente, de 33,3% (a
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segunda maior percentagem) em 2010 para 59,6% (a maior percentagem) em 2014,
mostrando uma infiltração do tráfico na sociedade ainda mais alarmante. Segundo o estudo de
2010, “discotecas/bares” e “karaokes” eram os principais locais públicos onde se consumiam
drogas, que foram substituídos por “casas de amigos” e “hotéis e pensões”, de acordo com o
estudo de 2014, denotando um consumo ainda mais camuflado do que anteriormente.
No que respeita aos factores de risco, os inquiridos que játinham experimentado drogas
tendem a ser de temperamento mais aventureiro, sem um correcto entendimento dos
malefí
cios que o consumo pode causar, mais tolerantes no abuso de drogas por terceiros e
com maior facilidade de relacionamento com outros consumidores. Neste grupo (que já
experimentou drogas) a idade média do primeiro consumo foi de 14,5 anos de idade. A maior
parte consumiu ketamina, sendo os locais preferidos de consumo as “casas de amigos” ou
“em companhia de amigos”. No geral, os inquiridos tendem a “recusar de imediato” quando
lhes são oferecidas drogas gratuitamente. As conclusões do estudo de 2014 são relativamente
encorajadoras em relação aos dados de 2010, indicando uma diminuição da percentagem de
toxicodependentes juvenis e um aumento significativo dos que procuram “ajuda das
instituições de tratamento” para abandonar a adição. A diminuição também se verifica na
percentagem dos “jovens que abandonam a droga sem recorrerem à ajuda de terceiros”
registada em 2014 em relação àpercentagem registada em 2010, o que mostra que os mesmos
precisam de recorrer àajuda de terceiros para diminuir o consumo da droga ou abandonar a
droga.
As conclusões apontam ser necessário reforçar as capacidades dos jovens para
enfrentarem as adversidades da vida, ao mesmo tempo que mostram claramente a influência
dos pares na indução ao consumo de drogas entre os jovens, e como tirar o melhor partido
possí
vel desta influência. As conclusões também propõem reforçar, entre os pais, a educação
sobre vida familiar e paternidade, o ensino da prevenção nas escolas e bem assim em todos os
diferentes estratos da sociedade, apoiar mais as iniciativas de tratamento da
toxicodependência e utilizar os vários media mais eficazmente para ‘educar para prevenir o
abuso’.
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