ANALISANDO O MEL DO MUNICÍPIO DE PRUDENTÓPOLIS
Maria Helena Ouchkevich Chiquito (Bolsista-SETI), Marino Kusma (BolsistaSETI), Simão Ternouski (Bolsisrta – SETI), Ana Lea Macohon Klosowski
(Orientador) e-mail: [email protected], Edson Roberto Macohon
(Orientador) e-mail: [email protected].
Projetos Associativismo Apícola no Município de Prudentópolis e Inovação
Tecnológica na Apicultura, Universidade Estadual do Centro-Oeste/ Setor de
Ciências Contábeis, Prudentópolis – Pr.
Palavras-chave: Apicultura, Qualidade.
Resumo:
O mel é um produto natural elaborado pelas abelhas e sofre transformações
físicas e químicas. O mel para ser comercializada necessita da realização de
análises fisico-químicas que assegurem seu valor nutricional e sua
qualidade exigida pela legislação. O município de Prudentópolis possui
apicultores, comerciantes de mel, havendo assim a necessidade da
realização de um projeto que fornecesse apoio para qualificar o produto.
Introdução
O objetivo geral do Projeto Associativismo Apícola no Município de
Prudentópolis consiste em fomentar o associativismo através da capacitação
dos pequenos produtores de mel e derivados. Um dos objetivos específicos
do projeto é o de realizar análise físico-química de méis com o intuito de
detectar possíveis fraudes.
Através das análises pode-se identificar um padrão de qualidade
destes méis, além de serem de fundamental importância para a
normatização da produção no município, criando um padrão que
corresponda às peculiaridades da região. Com as análises pode-se também
demonstrar aos apicultores a composição química e as transformações
químicas que podem ocorrer durante o manuseio do produto.
A legislação brasileira define, Instrução Normativa n.11, o mel é um
produto alimentício produzido pelas abelhas melíferas, a partir do néctar das
flores e sofrem transformações com substâncias específicas da abelha, é
armazenado e deixado madurar nos favos da colméia (BRASIL, 2000).
O mel pode ser classificado como unifloral ou monofloral quando o
produto procede da origem de uma única florada e multiflora ou polifloral
quando é obtido de diferentes origens florais (MARCHINI; SODRÉ; MORETI,
2004); (OLIVEIRA; REGINATTO, 2004).
Materiais e Métodos
Obtenção das Amostras
Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão
26 a 30 de outubro de 2009
As amostras foram obtidas diretamente dos apicultores no decorrer dos
meses outubro de 2008 a maio de 2009. Os apicultores do município de
Prudentópolis comercializam seu produto em entrepostos deixando uma
amostra do mel para a realização das análises.
Cada amostra foi identificada quanto à origem botânica, data de
colheita, de acordo com as informações obtidas junto aos apicultores. Cada
apicultor ou fornecedor recebeu um número de identificação.
Foram analisadas 39 amostras provenientes de toda a região de
Prudentópolis. As análises são realizadas no entreposto de mel Campollin e
Schmidt Ltda, um dos parceiros do projeto.
Análises Físico-Químicas dos Méis
Foram realizadas a seguintes análises qualitativas e quantitativas, utilizando
metodologias oficiais: umidade, cor, pH, acidez livre, reação de fiehe, reação
de lund, reação de lugol.
Para a realização das análises físico-químicas do mel utilizaram-se as
metodologias recomendadas pelo Ministério da Agricultura e Abastecimento
através da instrução Normativa de outubro de 2000, também se utilizou
metodologias obtidas em trabalhos e monografias sobre méis da região de
do Brasil, normas analíticas do INSTITUTO ADOLF LUTZ.
Resultados e Discussão
Tabela 1 – Resultados obtidos das análises fisico-químicas do mel da região
de Prudentópolis.
Nº
pH
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
4.9
4.8
4.1
4.9
4.4
4.8
4.8
5.6
4.8
4.9
6.3
4.7
4.9
4.6
4.4
4.8
4.6
4.7
4.6
4.7
umidade
(%)
21,2
20,2
22,3
19,2
19,2
20,2
18,6
19,2
19,2
18,6
19,6
20,2
19,7
18,6
19,7
19,2
21,2
20,7
19,2
20,2
Acidez
meq/kg
25,00
22,87
24,39
22,19
18,89
22,87
24,18
18,47
18,47
11,43
14,95
17,86
22,68
18,35
25,85
19,90
21,64
30,94
25,37
22,89
fiehe
cor
lugol
sabor
aroma
N
P
P
N
P
P
N
N
N
N
N
N
P
N
N
N
N
N
N
N
48
48
48
34
48
48
48
48
34
34
48
48
48
34
48
34
34
48
48
48
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
Característico
Suave
Suave
Característico
Característico
Suave
Suave
Suave
Suave
Característico
Suave
Característico
Fumaça
Suave
Suave
Fumaça
Suave
Característico
Suave
Suave
Característico
Suave
Suave
Característico
Característico
Suave
Suave
Suave
Suave
Característico
Suave
Forte
Forte
Suave
Suave
Fumaça
Suave
Característico
Suave
Suave
Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão
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29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
4.8
4.7
4.6
5.2
4.9
6.0
5.2
4.8
4.6
5.1
4.7
4.8
4.3
4.4
4.8
4.8
4.3
4.5
4.4
19,2
19,7
18,6
21,2
18,1
21,2
18,1
20,2
18,1
18,1
18,1
18,6
18,1
17,0
18,1
19,2
19,7
19,2
18,1
31,97
35,71
28,21
16,50
30,64
11,14
20,98
20,98
25,68
25,49
27,36
20,37
20,84
15,03
22,87
15,57
22,20
16,16
28,45
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
48
34
34
48
48
48
48
48
48
48
48
48
48
48
48
48
48
34
48
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
Suave
Suave
Suave
Maria-mole
Característico
Suave
Suave
Característico
Característico
Suave
Suave
Suave
Característico
Suave
Suave
Fumaça
Característico
Característico
Suave
Suave
Suave
Suave
Maria-mole
Característico
Suave
Suave
Característico
Característico
Suave
Suave
Suave
Característico
Suave
Suave
Fumaça
Característico
Característico
Característico
Observando a tabela podemos verificar que os valores obtidos não
ultrapassaram os limites que a legislação brasileira permite para o produto.
- o pH é um parâmetro importante para o controle de qualidade do mel.
Menor o valor do pH mais ácido é o mel. Temos as amostras 08, 11 e 26
apresentaram resultado um valor mais alto indicando que as três amostras
são menos ácidas que as demais.
- a quantidade de água existente no mel influi na viscosidade, sabor e
cristalização, podendo variar de 15 a 21%. Todos as amostras encontram-se
dentro do permitido pela legislação.
- o teor máximo permitido pela legislação para acidez é de 40 meq/kg. A
acidez indica a conservação do produto. Os resultados obtidos estão dentro
dos parâmetros estabelecidos pela legislação.
– a análise é realizada para verificar se houve adulteração do mel por
sacarose ou xarope. As 39 amostras apresentaram resultado negativo.
– segundo a tabela do aparato utilizado para a realização das análises podese observar que as amostras variam na sua coloração de 34 a 48, branco a
extra âmbar claro, predominando a coloração extra âmbar claro.
– a reação é fundamentada no fato do lugol reagir com as dextrinas e o
amido presente no mel dando uma coloração violeta-azul, a qual indica
adulteração do produto. Como mostra a tabela as 39 amostras
apresentaram resultado negativo.
– o sabor e o aroma são influenciados pela florada visitada pela abelha, mas
geralmente na região não temos apenas uma única florada, por isso temos o
sabor e aroma suave ou característico. No entanto a amostra de número 24
apresenta sabor e aroma de “Maria-mole” uma florada predominante nos
meses de outubro e novembro. As amostras 13, 16 e 36 apresentam
Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão
26 a 30 de outubro de 2009
“fumaça” como sabor e aroma isso ocorre devido ao excesso de fumigação
do apicultor na hora da colheita do mel.
Conclusões
Como pressuposto orientador do estudo, desenvolveram-se análises
físico-químicas do mel no município de Prudentópolis, foram coletadas 39
amostras de várias localidades e apicultores para detectar possíveis fraudes
ou falhas durante o manuseio do produto.
Uma possível falha que está ocorrendo é durante a colheita do mel. O
dia nublado ou chuvoso não é propício para realização da colheita, pois será
necessário usar mais fumaça e assim a fumaça adere ao mel fazendo com
que perca sua qualidade.
Outra maneira que o mel será estudado é verificar a florada predominante
no município de Prudentópolis
Referências
AZEREDO, M. A. A.; AZEREDO, L. da C.; DAMASCENO, J. G.;
Características Físico-Químicas do Mel do Rio de Janeiro. Disponível
em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010120611999000100003>. Acessado em 29/11/2007.
BREYER, Ernesto U. Abelhas e Saúde. Coleção Vale do Iguaçu, nº 40; 1º
edição, 1980; Uniporto Gráfica e Editora LTDA; Porto União – SC.
CRANE, E. O Livro Do Mel. São Paulo: Editora Nobel, 1983. 226p.
REGINATTO, A.; OLIVEIRA, T. C. Inspeção da Qualidade do Mel de
Guarapuava e Região Utilizando Análises Físico-Químicas e
Microbiológicas. Guarapuava. 2004.
LENGLER, Silvio. Inspeção e Controle de Qualidade do Mel. 2007.
Disponível
em:
http://www.sebraern.com.br/apicultura/pesquisas/inspecao_mel01>.
Acessado em 03/12/2007.
MARCHINI,Luis Carlos; SODRÉ, Geni da Silva; MORETI, Augusta Carolina
de C.C.. Mel Brasileiro – composição e normas. 2004.
OLIVEIRA, Thais Carneiro. REGINATTO, Andrigo. Inspeção da Qualidade
do Mel de Guarapuava e Região Utilizando Análises Físico-químicos e
Microbiológicos. 2004. 30f.. Relatório Final de Projeto de Pesquisa –
Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual do CentroOeste, Guarapuava, 2004.
VENTURINI, K. S. SARCINELLI, M. F. SILVA, L. C. Características do Mel;
Universidade
Federal
do
Espírito
Santo.
Disponível
em:
http://www.vidaperpetua.com.br>. Acessado em 18/08/2007.
WIRSE, Helmuth. Apicultura Novos Tempos, 2000; Livraria e Editora
Agropecuária; Guaíba – RS.
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