Projeto ESTAL: Utilização de Fasores no Sistema Interligado Nacional do ONS Relatório 1 Avaliação dos Ganhos Econômicos com o Uso de Medições Fasoriais na Operação do Sistema Khoi Vu, Yi Hu, Bozidar Avramovic, Siri Varadan, Damir Novosel, Ralph Masiello, Celso Araújo 15 de Dezembro de 2006 http://www.kema.com Sumário Executivo Este relatório examina os potenciais ganhos econômicos que podem ser atingidos através da implantação da tecnologia de Medição Fasorial na operação do Sistema Interligado Nacional Brasileiro (SIN) pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). O relatório apresenta os potenciais benefícios qualitativos e quantitativos desta implantação. A descrição qualitativa dos benefícios é mais geral e aplicável a qualquer concessionária. Um exemplo de benefícios quantitativos foi especificamente analisado neste relatório a partir dos dados de operação do ONS. O relatório não inclui uma análise de custo-benefício, nem uma análise de Valor Presente Líquido (VPL). O relatório busca fornecer uma lista compreensível de benefícios e identificar ganhos econômicos tangíveis, onde possível. A operação do SIN representa um desafio único para o ONS, já que ela deve levar em conta considerações conflitantes, como: economia, segurança, confiabilidade e preocupações ambientais, além de, frequentemente, condições meteorológicas imprevisíveis. A adoção de tecnologia avançada é um dos modos de enfrentar este desafio. A tecnologia de Sistemas de Medição Fasorial (PMU) é uma mudança de paradigma tecnológico para a próxima geração que fornece uma plataforma para desenvolver e implantar várias aplicações que melhorem as operações do ONS. Um dos benefícios qualitativos de integrar medições fasoriais às operações do SIN é a melhora na precisão do Estimador de Estado, com base na premissa de que melhores entradas resultam em melhores saídas. A melhora na precisão do Estimador de Estado deve resultar em melhores níveis de precisão em aplicações avançadas de tempo real. Por exemplo: a precisão das aplicações existentes, como a determinação on-line de limites de estabilidade, avaliação de segurança, identificação de parâmetros, e detecção de dados potencialmente incorretos pode ser significativamente melhorada. Um bom exemplo de monitoração pro ativa e de detecção preventiva de desligamentos iminentes, o uso da tecnologia de PMU tem como principal vantagem financeira definir com maior precisão melhores e mais altos níveis para os limites inter-regionais e intra-regionais de transmissão de energia. Outro benefício importante de se usar a tecnologia PMU é que ela torna significativamente mais eficiente a análise para identificação da causa básica de ocorrências. Esta aplicação consome atualmente muito tempo devido à natureza assíncrona das medições, que devem ser sincronizadas para que se possa obter qualquer análise significativa. No ONS, a função pósoperação é tipicamente responsável pela análise pós-evento, podendo enfrentar atrasos devido a não existência de dados sincronizados para realizar sua análise eficientemente. Grandes benefícios quantitativos de se usar tecnologia de PMU na operação do SIN podem ser caracterizados em termos de alívios de congestões, obtidos com a utilização de limites de transmissão mais precisos para transferências de energia inter-regionais. Com a alta porcentagem de geração hidroelétrica no SIN e com um modelo impar de afluência de água nas diferentes Projeto ESTAL / ONS: Aplicações em Tempo Real do SMSF Relatório 1: Ganhos Econômicos com o uso de Medições Fasoriais no SIN KEMA Inc. / KEMA Brasil i Proprietário Revisão 2 15 de Dezembro de 2006 regiões, é bastante comum que grandes montantes de energia devam ser transferidos de uma região à outra, empurrando o uso dos principais corredores de transmissão para os seus limites. Se for possível rastrear dinamicamente os "verdadeiros" limites de transferência para tráfego interregional e intra-regional de energia, os ganhos econômicos podem ser obtidos de duas maneiras. Por um lado, se esses limites tiverem sido estabelecidos de forma demasiadamente conservadora, devido à natureza dos processos através dos quais os limites são determinados, pode-se chegar a um preço final mais alto para os usuários finais, porque não se está maximizando o uso da capacidade do corredor, dos recursos hídricos disponíveis e da capacidade de transmissão. Nesta situação, utilizar as PMU para rastrear de perto o limite "verdadeiro" pode permitir uma maior transferência. Por outro lado, se o corredor de transmissão estivesse, sem que ninguém soubesse, funcionando acima do limite "verdadeiro", o sistema estaria vulnerável a potenciais conseqüências severas, caso uma contingência acontecesse. Em ambos os casos, as tecnologias baseadas nas PMU oferecem a possibilidade de estabelecer os limites de transferência mais próximos de seus valores “verdadeiros”, e assim melhorar a utilização econômica do sistema sem arriscar sua confiabilidade. A tecnologia de Medição Fasorial também oferece a possibilidade de se refinar (ou de se implantar novos) esquemas de proteção especiais, que poderiam, em alguns casos, melhorar dramaticamente os limites de transferência de um corredor principal de transmissão. Em nossa análise, utilizamos os dados operacionais recentes do ONS para calcular os potenciais ganhos de se utilizar tecnologia PMU no alívio de congestões. Mais especificamente, selecionamos os dados referentes a Março de 2006, e o corredor Norte Nordeste (onde o limite de transmissão FNE é reforçado), que geralmente fica congestionada na primeira metade do ano devido à abundância de água na região Norte, que, se não utilizada, seria perdida através de vertimento. A nossa análise dos dados operacionais reais indica que um aumento entre 5% e 15% no limite de transferência com o uso tecnologia de PMU na mesma situação poderia se traduzir em uma economia de aproximadamente de R$ 500.000,00 a R$ 1.500.000,00 durante as três primeiras semanas do mês. Para uma suposta situação de desligamento imprevisto do sistema por duas semanas durante o mesmo período, melhoras de 20% a 25% nos limites de transferência de potência poderiam resultar em ganhos numa faixa de 3,5 a 4,4 milhões de reais. Se o mesmo método de análise for aplicado a todos os outros corredores inter-regionais e intra-regionais do SIN em um período de um ano, é razoável esperar que a utilização da tecnologia PMU traga ganhos econômicos anuais da ordem de dezenas de dezenas de milhões de reais. Os cálculos de ganhos econômicos são baseados em uma avaliação dos alívios de congestões pela tecnologia de PMU. Tais ganhos podem ser atingidos pela integração de medição mais Projeto ESTAL / ONS: Aplicações em Tempo Real do SMSF Relatório 1: Ganhos Econômicos com o uso de Medições Fasoriais no SIN KEMA Inc. / KEMA Brasil ii Proprietário Revisão 2 15 de Dezembro de 2006 precisa na determinação dos limites de transferência que tipicamente provam ser "gargalos" na transferência de energia de uma região à outra ou dentro de uma dada região. Este relatório somente analisou os ganhos econômicos resultantes do alívio de congestão. Todavia, há diversos outros potenciais ganhos econômicos a serem atingidos com a integração da tecnologia de PMU nas operações do ONS. Por exemplo, a mesma interconexão usada no nosso exemplo de Março de 2006 foi dramaticamente limitada (em comparação com uma situação normal) durante 3 primeiras semanas devido a perda de uma interconexão NE-SE principal. Se existisse um esquema de proteção especial, que é factível (baseado na tecnologia de PMU), o ganho poderia potencialmente ser de mais de R$ 6 milhões para cada semana em que o caminho paralelo estivesse interrompido. Com base nos resultados das análises neste relatório, pode ser concluído o seguinte: • A tecnologia de PMU poderá refinar as operações de sistema do ONS, com a melhor determinação de limite de transferência através de melhora na precisão das medições e na modelagem do sistema; avaliação de segurança em tempo real, incluindo avaliação dinâmica de segurança em adição às avaliações estáticas de segurança mais tradicionais, através do uso do Estimador de Estado com desempenho melhorado; suporte à tomada de decisão em tempo real, com novas informações e aplicações que se utilizam da nova informação que atualmente não estão disponíveis; e análise pós-evento com registro de eventos sincronizado. • Embora não seja possível quantificar todos os ganhos econômicos resultantes da utilização da tecnologia PMU nas operações do SIN, os resultados deste relatório mostram que, somente o alívio de congestionamentos poderia, potencialmente, levar a uma economia de dezenas de milhões de reais em um curto período de tempo. A análise deste relatório também mostra a importância de se utilizar totalmente a tecnologia PMU para maximizar o uso das capacidades de transmissão das linhas de transmissão existentes durante contingências do sistema e/ou períodos de pesadas congestões criadas por desligamentos não programados, já que este uso poderia ajudar a atingir substanciais ganhos econômicos durante esses períodos. Como não é economicamente justificável construir uma rede de transmissão de energia para atender todas as exigências de transferência de energia durante os curtos períodos de contingências de sistema e/ou desligamentos não programados, utilizar tecnologia avançada, como a tecnologia PMU, é o melhor modo de alcançar ganhos econômicos e evitar construção excessiva de linhas de transmissão. Em resumo, os ganhos econômicos estimados neste relatório são apenas uma pequena porção dos ganhos econômicos totais que podem ser atingidos através da integração da tecnologia de PMU nas operações do ONS. É importante observar que nenhuma outra tecnologia atualmente disponível oferece tanto em termos de um pacote de benefícios como a tecnologia de PMU. Projeto ESTAL / ONS: Aplicações em Tempo Real do SMSF Relatório 1: Ganhos Econômicos com o uso de Medições Fasoriais no SIN KEMA Inc. / KEMA Brasil iii Proprietário Revisão 2 15 de Dezembro de 2006 Conteúdo ! ! " " # # $ # % $ NOTA: Este documento contém segredos de negócio e/ou informações comerciais ou financeiras que de um modo geral não estão disponíveis publicamente. São consideradas informações privilegiadas e proprietárias e são submetidas pela KEMA Brasil com o entendimento que seu conteúdo está especificamente proibido de ser duplicado, utilizado ou distribuído a terceiros em seu todo ou parte, sem o expresso consentimento por escrito da KEMA Brasil, sendo utilizado apenas no contexto dos serviços ora contratados. Projeto ESTAL / ONS: Aplicações em Tempo Real do SMSF Relatório 1: Ganhos Econômicos com o uso de Medições Fasoriais no SIN KEMA Inc. / KEMA Brasil Proprietário Revisão 2 15 de Dezembro de 2006 Definições Esta seção apresenta a relação das definições dos termos usados no presente relatório, pertinentes aos dispositivos sincronizados por GPS, aos protocolos de comunicação e aos meios de comunicação. Termo Definição Anti-aliasing Processo de filtragem de um sinal quando da conversão para um formato amostrado (“sampled”) para remover os componentes desse sinal cuja freqüência seja igual ou maior do que ½ da taxa de Nyquist (taxa de amostra). Se não removidos, esses componentes do sinal podem aparecer como um componente de menor freqüência (um “alias”). Corredor de Energia Um grupo de linhas de transmissão onde um único limite de transmissão de potência é imposto. Na versão em português deste relatório, o termo “flowgate” é ocasionalmente substituído pelos termos "interconexão" e “interface”. EE Estimador de Estado. EMS Energy Management System (ou Sistema de Gerenciamento de Energia). Fasor sincronizado (Sincrofasor) Um fasor calculado a partir de amostras de dados usando um sinal de tempo padronizado como referência para a medida. Neste caso, os fasores de lugares remotos têm uma relação de mesma fase definida. GPS Global Positioning System (ou Sistema de Posicionamento Global). Um sistema baseado em satélite que provê posição e tempo. A exatidão de relógios com base no GPS pode ser melhor que 1 microssegundo. IEEE C37.118 O novo protocolo IEEE para dados de fasores, que substituiu os protocolos IEEE 1344 e o BPA/PDC Stream. Dados típicos são enviados nesse formato sobre UDP/IP ou através de um link série. IRIG-B Formatos de transmissão de tempo desenvolvidos pelo Inter-Range Instrumentation Group (IRIG). A versão mais comum é a IRIG-B, que transmite dia do ano, hora, minuto e segundo uma vez por segundo, sobre um sinal portador de 1 kHz. Projeto ESTAL / ONS: Aplicações em Tempo Real do SMSF Relatório 1: Ganhos Econômicos com o uso de Medições Fasoriais no SIN KEMA Inc. / KEMA Brasil 1 Proprietário Revisão 2 15 de Dezembro de 2006 Termo Definição Multicast Transmissão de dados de um dispositivo para vários. Os dados são transmitidos ao endereço IP de um grupo. Qualquer membro do grupo pode acessar o endereço para receber os dados. Qualquer um pode então se juntar a este grupo multicast, e quando um servidor envia ao grupo, todos do grupo receberão os dados. A vantagem é que este protocolo é roteável e não sobrecarrega todos os computadores na subrede local. PDC Phasor Data Concentrator (ou Concentrador de Dados Fasoriais). Uma unidade lógica que coleta dados fasoriais e de eventos discretos das PMU (e possivelmente de outros PDC), e transmite os dados para outras aplicações. Os PDC podem guardar os dados por um curto período (buffer), mas não podem armazenar os dados. Fasor Um equivalente complexo de uma quantidade de onda co-seno simples tal que o módulo do complexo é a amplitude da onda co-seno e o ângulo do complexo (na forma polar) é o ângulo de fase da onda co-seno. PPS Pulso por Segundo. Um sinal consistindo de um trem de pulsos retangulares ocorrendo a uma freqüência de 1 Hz, com a borda crescente sincronizada com segundos UTC (coordenada universal de tempo). Este sinal é tipicamente gerado por receptores GPS. PMU Phasor Measurement Unit (ou Unidade de Medição Fasorial). Um dispositivo que amostra dados de tensão e de corrente analógica em sincronismo com um relógio GPS. As amostras são usadas para calcular os fasores correspondentes. Os fasores são calculados com base em uma referência absoluta de tempo (UTC), tipicamente derivada de um receptor GPS interno. RS 232 (Recommended Standard 232) – É uma norma de telecomunicação para interconexão de dados binários seriais entre um DTE (Data terminal equipment – Equipamento terminal de dados) e um DCE (Data communication equipment – Equipamento de comunicação de dados). RS 485 (Recommended Standard 485) – (Agora EIA-485) é uma especificação elétrica para uma conexão a dois fios serial multiponto, semi-duplex (OSI Model). SAGE Sistema EMS / SCADA usado pelo Centro Nacional de Controle do ONS (CNOS) para monitorar o SIN. Projeto ESTAL / ONS: Aplicações em Tempo Real do SMSF Relatório 1: Ganhos Econômicos com o uso de Medições Fasoriais no SIN KEMA Inc. / KEMA Brasil 2 Proprietário Revisão 2 15 de Dezembro de 2006 Termo Definição SCADA Supervisory Control And Data Acquisition (ou Controle Supervisório e Aquisição de Dados). SIN Sistema Elétrico Interligado Nacional Brasileiro. SOC Second of Century (ou Segundo do Século), número definido de acordo com o protocolo de tempo da rede (Network Time Protocol - NTP). O número SOC é o tempo UTC em segundos calculado a partir da meianoite de 1º de janeiro de 1900. Sincronismo O estado em que sistemas conectados de corrente alternada, máquinas ou suas combinações operam a mesma freqüência e onde o defasamento de ângulos de fase entre tensões é constante, ou varia com valor médio constante e estável. Taxa de amostragem O número de amostras (medições) por segundo feitas por um conversor analógico/digital. Taxa de Nyquist Uma taxa que é duas vezes o mais alto componente de freqüência em um sinal analógico de entrada. O sinal analógico deve ser amostrado (“sampled”) a uma taxa maior do que a taxa de Nyquist para ser representada corretamente em forma digital. TCP/IP TCP/IP é um protocolo de nível baixo para uso principalmente em Ethernet ou redes relacionadas, usado pela maioria dos protocolos de alto nível para transportar os dados. TCP/IP provê uma conexão altamente confiável em redes não confiáveis, usando somas de verificação, controle de congestão e reenvio automático de dados (ruins ou perdidos). Limite de Transmissão A máxima potência que pode ser transferida por uma linha de transmissão, por um corredor ou por um “flowgate”. Tal limite é determinado ou pelas capacidades do equipamento ou pelas exigências de operação confiável do sistema. TVE Total Vector Error (ou Erro Total do Vetor) – Medida de erro entre o valor teórico do fasor do sinal sendo medido e o fasor estimado Projeto ESTAL / ONS: Aplicações em Tempo Real do SMSF Relatório 1: Ganhos Econômicos com o uso de Medições Fasoriais no SIN KEMA Inc. / KEMA Brasil 3 Proprietário Revisão 2 15 de Dezembro de 2006 Termo Definição UDP/IP UDP/IP é um protocolo de IP de nível baixo que provê comunicação de baixa latência através da Ethernet ou redes relacionadas. UDP/IP não provê qualquer controle de erro ou reenvio de dados ruins ou perdidos. O dispositivo ou software de aplicação precisará verificar a correção dos dados. Todavia, o UDP/IP não requer tempo de reconhecimento (“handshaking”) e não bloqueará, tornando-se ideal para comunicações de dados em tempo real. UTC Coordinated Universal Time (ou Tempo Universal Coordenado). O UTC representa a hora do dia no meridiano primal da Terra (0° de longitude). TSA Transient Stability Assessment ou Avaliação de Estabilidade Transitória. VSA Voltage Stability Assessment ou Avaliação de Estabilidade de Tensão. WAMPAC Wide-Area Monitoring, Protection, Automation and Control ou Projeto de Monitoração, Proteção, Automação e Controle em Grandes Áreas. Projeto ESTAL / ONS: Aplicações em Tempo Real do SMSF Relatório 1: Ganhos Econômicos com o uso de Medições Fasoriais no SIN KEMA Inc. / KEMA Brasil 4 Proprietário Revisão 2 15 de Dezembro de 2006 1. Introdução Este é o Relatório 1 do Projeto ESTAL / ONS, cujos Serviços de Consultoria foram contratados ao Consórcio KEMA, pelo Ministério de Minas e Energia do Brasil (MME), por meio do Programa ESTAL, em associação com o Banco Mundial, através do Contrato ESTAL/SBQC/001/2006, envolvendo a “Utilização de Fasores no Sistema Interligado”. O presente relatório, primeiro dos dois relatórios da Fase 1 do Projeto, apresenta uma análise dos potenciais ganhos econômicos que podem ser atingidos com o uso da Tecnologia de Medição Fasorial (PMU) em operações de sistema do ONS. Os ganhos são descritos de forma qualitativa e quantitativa. As análises quantitativas não consideram incertezas nos retornos esperados, nem realiza uma análise de Valor Presente Líquido (VPL) para examinar o valor monetário dos custos e benefícios. O relatório procura fornecer uma lista abrangente de benefícios e identificar ganhos econômicos tangíveis, sem se preocupar em fazer uma análise de custo benefício. É importante observar que não é propósito deste relatório fazer um estudo amplo de previsão de todos os benefícios monetários potenciais às operações de sistema do ONS que podem ser obtidos com o uso da tecnologia de PMU. Também não é objetivo do relatório servir como um estudo de caso de negócios, ao comparar o custo estimado de um sistema PMU com os benefícios TOTAIS previstos. O foco deste relatório, como mencionado acima, é de identificar e analisar alguns dos potenciais ganhos econômicos que podem ser alcançados pelo uso da Tecnologia de PMU nas operações de sistema do ONS que é o principal objetivo do Departamento de Operação do ONS levar os seguintes fatores em consideração: • A aceitação da tecnologia PMU tem sido acelerada conforme o custo de se implantar funções de PMU continuar a cair. Existem muitos dispositivos que já incluem as funções de PMU, como relés, medidores, registradores de falta, etc., e mais estão a caminho. Este desenvolvimento em breve levará à alta disponibilidade de dados de PMU por toda a extensão dos sistemas de potência. Uma vez que isto tenha acontecido, justificar o custo de se utilizar tecnologia PMU não será uma grande questão. Como melhor utilizar esta tecnologia para atingir maiores benefícios se tornará, então, o foco principal. • O ONS implantará um sistema de PMU nos próximos dois anos para registro de dinâmica de longo prazo do sistema. Ele concluiu um projeto (ver descrição resumida do projeto no fim desta seção) para projetar e especificar o sistema PMU com esta finalidade. A Diretoria de Operação do ONS está interessada em identificar os benefícios potenciais de se usar dados de PMU que poderiam ser gerados por este sistema e unidades adicionais instaladas pelos Agentes, assim como de PMU que possam ser necessárias para melhorar as operações do sistema. Projeto ESTAL / ONS: Aplicações em Tempo Real do SMSF Relatório 1: Ganhos Econômicos com o uso de Medições Fasoriais no SIN KEMA Inc. / KEMA Brasil 5 Proprietário Revisão 2 15 de Dezembro de 2006 O Projeto ESTAL / ONS envolve diversas atividades integrantes do Projeto 11.11 do Plano de Ação do ONS no triênio 2006-2008, o qual foi aprovado pela ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica. O Projeto ESTAL / ONS está dividido em oito fases, abaixo indicadas, com as principais tarefas associadas. • Fase 1: Avaliar os impactos econômicos do uso da tecnologia de PMU. Identificar cenários onde a utilização desta tecnologia poderá gerar lucros econômicos. Propor indicadores de desempenho a serem controlados pelos Centros de Controle do ONS. • Fase 2: Rever o Projeto do Sistema de Medição Sincronizada Fasorial (SMSF) e os documentos e especificações do Projeto 6.2 do ONS - “Implementação de um Sistema de Oscilografia de Duração Longa”, em função dos requisitos e do escopo do atual projeto, para validar ou identificar ajustes/adições ao projeto e às especificações, levando em conta: (1) os aspectos de precisão relacionados ao uso de transformadores para instrumentos de medição ou de proteção e a redundância dos dispositivos de PMU; (2) os requisitos do sistema para atingir os ganhos econômicos desejados identificados na Fase 1; e (3) o estado da arte da tecnologia de medição fasorial. • Fase 3: Identificar e avaliar as PMU já instaladas no SIN, inclusive os IED com funções de PMU, para determinar se o seu uso satisfaz as condições deste projeto, levando em consideração o desenvolvimento da tecnologia de medição fasorial no mundo. • Fase 4: Efetuar simulações de localização das PMU e estudos para determinar o número mínimo de PMU e sua distribuição no sistema para garantir a observabilidade requerida e a redundância necessária para manter esta observabilidade requerida (até três perdas de unidades de PMU) e a localizações dos concentradores de dados dos Agentes. • Fase 5: Avaliar opções, a partir das considerações de custo mínimo, à implementação mais adequada do SMSF, e apresentar um plano estratégico de implementação da tecnologia. Para cada opção, identificar suas vantagens e desvantagens, e as considerações de funcionalidade dos softwares requeridos, considerando: (1) infraestrutura de telecomunicações de apoio; (2) produtos disponíveis para cada opção; e (3) impacto em instalações dos Agentes. • Fase 6: Analisar o sistema EMS/SCADA existente no ONS e seu Estimador de Estado e trabalhar com os fornecedores destes produtos para determinar os tipos de adaptação necessárias ao uso de dados de medição fasorial, seja por atualização do sistema ou por desenvolvimento customizado. A adaptação deve levar em conta: (1) a infra-estrutura de Projeto ESTAL / ONS: Aplicações em Tempo Real do SMSF Relatório 1: Ganhos Econômicos com o uso de Medições Fasoriais no SIN KEMA Inc. / KEMA Brasil 6 Proprietário Revisão 2 15 de Dezembro de 2006 telecomunicação de apoio; (2) os produtos disponíveis identificados na Fase 5; e (3) as possíveis dificuldades para implementar os mesmos nas instalações dos Agentes. • Fase 7: Avaliar as aplicações que usam dados de medição fasorial que possam ser utilizadas pelo ONS para apoiar a tomada de decisão em tempo real. As aplicações devem ser identificadas considerando sua integração com o SAGE e com o EMP do Sistema EMS do ONS, levando em conta: (1) os preços e prazos de implantação, e (2) os ganhos da integração dos produtos identificados para a operação de ONS. • Fase 8: Desenvolver/integrar/customizar pelo menos duas aplicações ou produtos de medição fasorial para operações de tempo real, levando em consideração: (1) o tempo de entrega; e (2) a preparação da documentação técnica. O objetivo principal deste projeto, conforme descrito nos Termos de Referência, é o de conduzir “estudos e desenvolvimento, no futuro próximo, de medições fasoriais em tempo real no Sistema Elétrico Brasileiro, para aumentar o nível sistêmico da segurança operacional, seja através da mitigação de grandes perturbações ou através do alívio de uma variada gama de restrições operacionais. Além disso, o objetivo é também aumentar os atuais limites de intercâmbio de energia presentes entre as áreas e regiões do Sistema, devido à maior precisão oferecida pelas novas medições e, assim, reduzir futuros reforços e custos de expansão necessários ao sistema elétrico.”. Adicionalmente, o ONS concluiu recentemente outro projeto relacionado ao SMSF (o Projeto 6.2, de seu Plano de Ação 2006-2008, “Implantação de um Sistema de Oscilografia de Longa Duração”). O principal objetivo do Projeto 6.2 é o de implantar um Sistema de Medição Sincronizada Fasorial para capturar e registrar a dinâmica de longo prazo do sistema para análise pós-evento, para melhorar o modelo do sistema e avaliação (e melhora de desempenho) dos sistemas especiais de proteção. O projeto incluiu a definição da arquitetura do sistema, e a especificação de seus principais componentes: as PMU, os Concentradores de Dados Fasoriais das Subestações (SPDC) e o Concentrador Central de Dados (CDC) do ONS. A fase de implantação do projeto 6.2 terá início em 2007. O projeto do sistema e as especificações dos seus principais componentes também levaram em consideração os requisitos preliminares das aplicações em tempo real do Projeto ESTAL, que serão revistos e finalizados com base nos requisitos finais de sistema para aplicações deste Projeto. Projeto ESTAL / ONS: Aplicações em Tempo Real do SMSF Relatório 1: Ganhos Econômicos com o uso de Medições Fasoriais no SIN KEMA Inc. / KEMA Brasil 7 Proprietário Revisão 2 15 de Dezembro de 2006 2. Desafios Operacionais do SIN A operação do Sistema Interligado Nacional Brasileiro (SIN) apresenta alguns desafios especiais. Esses desafios resultam das características únicas do sistema (Figura 1), quais sejam: Figura 1 Sistema Interligado Nacional Brasileiro (SIN) • a grande dependência de geração hidráulica (mais de 85% da capacidade instalada); • a concentração dos centros de carga longe das principais fontes de geração, levando ao conseqüente uso de linhas de transmissão longas; e Projeto ESTAL / ONS: Aplicações em Tempo Real do SMSF Relatório 1: Ganhos Econômicos com o uso de Medições Fasoriais no SIN KEMA Inc. / KEMA Brasil 8 Proprietário Revisão 2 15 de Dezembro de 2006 • a necessidade de uma geração local para grupos de carga selecionados, para operações confiáveis do sistema e para o gerenciamento de contratos de geração térmica na modalidade “take or pay” O SIN engloba grande parte do continente sul-americano. Figuradamente, a distância entre as extremidades do sistema brasileiro é aproximadamente equivalente à distância entre Lisboa e Moscou, na Europa (aproximadamente 3.900 km). Para propósitos operacionais, o SIN é dividido em quatro regiões – Sul (S), Sudeste/Centro-Oeste (SE/CO), Norte (N) e Nordeste (NE), com uma grande rede de transmissão de mais de 75.000 km de linhas de transmissão AC de 230, 345, 440, 500, 525 e 765 kV, uma rede de transmissão DC de 600 kV e 351 subestações. O ONS é o responsável pela operação econômica e confiável do SIN Atualmente, o ONS opera o SIN através de um Centro de Controle principal (CNOS) e quatro centros de controle regionais, para cada uma das regiões acima mencionadas, de forma hierárquica. Isto é, qualquer comunicação entre centros regionais é facilitada pelo CNOS. Os Centros de controle regionais são responsáveis pelo controle das operações dentro de suas regiões, enquanto o CNOS é responsável por coordenar os fluxos de energia inter-regionais e por monitorar as condições da rede em nível nacional. O SIN é caracterizado pela geração hidrelétrica predominante (mais de 85 % da capacidade instalada – 85.000 MW – de usinas hidráulicas), e por transmissões de energia de longa distância, dos parques de geração para os centros de carga. Os parques de geração são compostos por usinas com formação em cascata, localizadas entre as 12 principais bacias hidrográficas do Brasil, sendo que muitas delas não estão localizadas próximas aos principais centros de carga nas regiões Sul e Sudeste. A pluviometria e, consequentemente, os fluxos de entrada de água nos reservatórios são distintos entre as regiões e variam significativamente ao longo do ano, para cada região, assim como entre anos secos e úmidos. A Figura 2 ilustra diferenças regionais de entrada de água, assim como grandes variações de entradas de água ao longo de um ano, o que, por sua vez, resulta em grandes variações dos recursos hídricos disponíveis para geração hidroelétrica em cada região, Projeto ESTAL / ONS: Aplicações em Tempo Real do SMSF Relatório 1: Ganhos Econômicos com o uso de Medições Fasoriais no SIN KEMA Inc. / KEMA Brasil 9 Proprietário Revisão 2 15 de Dezembro de 2006 Figura 2 Padrão de entrada prevista para 2006 para cada região, com base em dados históricos. Um dos princípios da criação do ONS é o de ajudar a se atingir os ganhos econômicos resultantes das transmissões inter-regionais de potência, tirando proveito do fluxo sazonal de água pluvial cada região de operação. O ONS adere a este princípio conduzindo a otimização da geração hidráulica e a coordenação hidro-térmica, que tem um impacto direto no custo total de operação do sistema e no preço final aos usuários. Além disto, o ONS deve obedecer à lei (Lei 9.433, aprovada em 1997), quanto ao uso de recursos aqüíferos. Considerando que os recursos hídricos são também usados para outros objetivos, tais como: abastecimento, irrigação, navegação, recreação e assim por diante. A Lei 9.433 concedeu direitos iguais de uso dos recursos hídricos a todos os usuários, em condições normais. É dada prioridade aos seres humanos e aos animais durante períodos de seca. Isto cria restrições adicionais à operação do ONS e aos despachos das hidroelétricas. A escala geográfica do sistema, a necessidade de cumprir com leis de uso de recursos hídricos e a alta imprevisibilidade da geração hidráulica, as complicações resultantes dos contratos de gás “take or pay”, e complexos tratados internacionais com seus vizinhos, isto tudo torna a operação do SIN ainda mais desafiante. Ainda que a minimização dos custos da operação do SIN seja um objetivo importante do ONS, operar o SIN com altos níveis de confiabilidade e segurança de sistema é ainda mais importante. Frequentemente o ONS mantém geradores térmicos de alto custo rodando como geradores “must run” para atender a norma necessária de confiabilidade do sistema. Com base em lições aprendidas do blecaute de 11 de Março de 1999, o ONS está bem preparado para realizar Projeto ESTAL / ONS: Aplicações em Tempo Real do SMSF Relatório 1: Ganhos Econômicos com o uso de Medições Fasoriais no SIN KEMA Inc. / KEMA Brasil 10 Proprietário Revisão 2 15 de Dezembro de 2006 melhorias operacionais com o intuito de evitar situações similares que teriam enormes impactos sociais e financeiros para o Brasil. Para um grande sistema como o SIN, perturbações resultantes de contingências do sistema e de faltas podem causar grandes desequilíbrios entre geração e carga, o que pode ocasionar variações excessivas na freqüência do sistema, instabilidade da tensão e transitórios e perda de importantes centros de carga e separação do sistema (ilhamento) de certas partes da rede. Portanto, a operação do SIN deve cumprir com os limites de segurança para evitar desligamentos em cascata no sistema, que poderiam causar blecautes de larga escala. Consequentemente, o principal desafio operacional do SIN para o ONS deve ser aperfeiçoar o uso de seus recursos de geração hidráulica e térmica durante um período do tempo, levando em consideração as condições de segurança da rede e as restrições para determinar os limites de transferência de seus principais corredores de linhas de transmissão. As grandes quantidades de energia elétrica que frequentemente têm de ser transportados de uma região para outra para atender à demanda de potência das regiões com uso mais econômico de água, frequentemente fazem com que as principais interfaces de transmissão operem no limite de sua capacidade de transmissão. Esta capacidade de transmissão é estabelecida de acordo com o chamado critério de segurança "N-1", que significa que nenhum desligamento de um único equipamento no sistema deve resultar em violação do critério de operação pós-contingência do ONS. No caso do ONS, às vezes os limites das interfaces de transmissão são estabelecidos com base na capacidade dos equipamentos das linhas que compõem a interface. Mais frequentemente, no entanto, os limites das interfaces são estabelecidos para assegurar que o sistema permaneça transitoriamente estável e longe de um ponto de colapso de tensão durante e após a ocorrência de uma contingência simples de sistema. Enquanto os limites dos equipamentos são essencialmente constantes para várias condições operacionais, os limites de estabilidade relacionados são altamente dependentes das condições na rede, tanto da topologia da rede como da geração e dos perfis de carga. Conforme essas condições mudam, os limites correspondentes devem ser avaliados e modificados também, se possível em tempo real, para refletir as condições prevalecentes de sistema. Contudo, devido à natureza demorada do processo de determinação de limite dinâmico, que requer uma simulação de tempo detalhada com uma resposta do sistema de potência para cada contingência simulada, o ONS estabelece esses limites com dias de antecedência da operação para as condições de carga pesada, média e leve, com base na configuração assumida do sistema, na geração planejada e nos perfis típicos de carga que consideram o cenário de pior caso para cada uma das condições de carga. O ONS então atualiza as informações para os Agentes, periodicamente, conforme situações não planejadas assim o determinem. A situação e a prática no cálculo de limite estático na indústria em geral, no Brasil, são semelhantes. No momento, o ONS está avaliando uma ferramenta de estudo de segurança dinâmica on-line, Projeto ESTAL / ONS: Aplicações em Tempo Real do SMSF Relatório 1: Ganhos Econômicos com o uso de Medições Fasoriais no SIN KEMA Inc. / KEMA Brasil 11 Proprietário Revisão 2 15 de Dezembro de 2006 ORGANON, que deveria, quando adequado, ajudar a retirar parte do conservadorismo na definição dos limites determinados pela estabilidade dinâmica. Os limites de transmissão que o ONS atualmente usa têm uma margem incorporada para considerar as diferenças que são inevitáveis entre o estado real do sistema e aquele que foi assumido. Adicionalmente, a margem tem que considerar o fato de que há imprecisões nos dispositivos de medição, e que os modelos usados na simulação são apenas uma aproximação do sistema físico, com a qualidade da aproximação dependendo da disponibilidade de dados de alta precisão do sistema para sintonizá-los. Como o Sistema Elétrico Brasileiro vivencia desligamentos inesperados durante sua operação diária, a capacidade de recalcular rapidamente os limites de transferência com base na topologia modificada do sistema e nas condições de fluxo de potência é muito importante. A abordagem convencional baseada no uso de limites conservadores e modelos preditivos, apesar de prudente, se consideradas as tecnologias atuais, leva à subutilização dos recursos de transmissão. Uma vez que evitar blecautes de sistema é uma preocupação constante do Operador, os operadores do sistema precisarão de ferramentas adicionais às que existem atualmente para monitoração das condições do sistema para grandes áreas e para apresentação de informações que permitirão que eles tomem as ações de controle de sistema pró-ativas corretas. Este tipo de monitoração e ferramentas de apresentação de informações avançadas, que ainda serão completamente desenvolvidas pela indústria, auxiliará os operadores tomar decisões antes que a situação atinja um estágio onde a redução de carga é a única opção para salvar o sistema de um blecaute. A chave é liberar toda a informação correta disponível ao operador para permitir decisões eficazes e rápidas na tomada de ações corretivas apropriadas. Da perspectiva pós-operacional do ONS, a falta da disponibilidade de dados síncronos da rede com a amplitude apropriada pode afetar a eficácia na análise pós-evento de operações de tempo real. Isto resulta em atrasos caros em algumas avaliações de operações pós-evento. Projeto ESTAL / ONS: Aplicações em Tempo Real do SMSF Relatório 1: Ganhos Econômicos com o uso de Medições Fasoriais no SIN KEMA Inc. / KEMA Brasil 12 Proprietário Revisão 2 15 de Dezembro de 2006 3. Tecnologia de PMU e seus Potenciais Benefícios para a Operação do SIN A tecnologia de Medição Fasorial, ou de forma mais abrangente, a tecnologia de Medição Sincronizada de alta precisão, é uma mudança de paradigma tecnológico para a próxima geração. Atualmente, a tecnologia GPS permite a sincronização de medições tomadas em uma extensa região geográfica com uma precisão de 1µs. Isto permite medir o verdadeiro estado de um sistema elétrico, que inclui medições síncronas em tempo real de tensões de barramentos (magnitude e ângulo) e correntes de linha (magnitude e ângulo), assim como freqüências, potência ativa e reativa, harmônicos, e assim por diante. As vantagens de se usar tecnologia de Medição Fasorial (PMU) foram demonstradas em vários sistemas elétricos por todo o mundo [1, 5, 6]. Seus benefícios foram demonstrados em termos de melhor controle pro ativo, prevenção de blecautes e capacidades aumentadas de transmissão inter-regional de potência [5, 6]. A experiência operacional em uma grande concessionária / operadora no Noroeste do Pacífico (BPA), que é eletricamente semelhante ao ONS – linhas de 500 kV longas e altamente dependentes de recursos hídricos – mostram que o uso da tecnologia PMU pode resultar em um aumento de aproximadamente 15 % na capacidade de transmissão inter-regional [5]. Outras concessionárias de diferentes partes do mundo (Hydro Quebec, China Light and Power, etc.) registraram afirmações semelhantes [1, 6]. Embora existam múltiplos benefícios de se usar tecnologia de Medição Fasorial em sistemas de potência [1], estes benefícios não são fáceis a quantificar. Contudo, foi reconhecido que existem múltiplos benefícios ao se integrar a tecnologia PMU na operação, proteção e controle de sistemas de potência. Este relatório apresenta uma descrição qualitativa dos benefícios e, onde possível, resultados quantitativos serão apresentados. Além disso, é importante observar que os ganhos econômicos que resultam do uso da tecnologia PMU dentro do escopo deste projeto (e avaliados neste relatório) formam apenas uma pequena fração dos ganhos totais que podem ser atingidos. As áreas que potencialmente poderiam se beneficiar do uso da tecnologia PMU nas operações do ONS incluem as seguintes: • Melhoras na determinação do limite de transferência. Após a implantação do sistema PMU para o projeto 6.2 e para o projeto ESTAL, a tecnologia PMU poderá ser utilizada pelo ONS para melhorar seus modelos de sistema que são usados nos atuais estudos de sistema para planejamento, programação diária e operações on-line. A melhora na precisão dos modelos de sistema, juntamente com medição mais precisa propiciada pelo SMSF, permitirá uma redução no conservadorismo dos limites de transferência. Isto permitirá que mais potência seja transmitida pelo mesmo corredor de linhas sem arriscar a segurança do sistema, já que os limites determinados a Projeto ESTAL / ONS: Aplicações em Tempo Real do SMSF Relatório 1: Ganhos Econômicos com o uso de Medições Fasoriais no SIN KEMA Inc. / KEMA Brasil 13 Proprietário Revisão 2 15 de Dezembro de 2006 partir de modelos de sistema mais precisos serão geralmente mais altos do que aqueles determinados com base em modelos preditivos. • Melhoras na avaliação de segurança do sistema em tempo real on-line, principalmente através da melhora da precisão de Estimação de Estado [1, 7]. A exatidão da Estimação de Estado atual é impactada pela precisão dos modelos de sistema, pela precisão dos componentes de medição e pelas diferenças entre as suposições usadas na implantação dos sistemas EMS/SCADA, onde o programa de Estimação de Estado aquisita seus dados de medição, e as condições reais do sistema. As suposições básicas de sistemas EMS/SCADA são de que um sistema elétrico de potência está em regime permanente, significando que não há nenhuma modificação durante o período entre duas execuções do estimador de estado, e de que um sistema elétrico CA trifásico é sempre perfeitamente equilibrado. Na verdade, um sistema trifásico elétrico de potência está sempre se modificando e, tipicamente, a magnitude das tensões e correntes de fase não é a mesma entre as fases. A utilização da tecnologia PMU removeria a necessidade de se fazer essas duas suposições e ajudaria a melhorar os resultados da Estimação de Estado. Como as ferramentas de Análise de Contingência on-line, incluindo Avaliação de Estabilidade Transitória (TSA) e Avaliação de Estabilidade de Tensão (VSA), utilizam os resultados do Estimador de Estado (EE) – topologia do sistema e solução de fluxo de carga inicial, melhoras de precisão no Estimador de Estado se traduziriam diretamente em melhores resultados na detecção de dados com erro, na identificação de parâmetros e na determinação de topologia. Isto, por sua vez, poderia contribuir para cálculo e utilização mais precisos dos limites de transferência determinados pela estabilidade do sistema, utilizando estes instrumentos de Análise de Contingência on-line. A melhora na precisão dos resultados do EE para uso prático por instrumentos de Análise de Contingência on-line é crítico para operações de sistema garantidas e seguras. • Melhoras na tomada de decisão em tempo real através da implantação e aplicação de novas ferramentas de avaliação de segurança do sistema. Com sua alta taxa de dados e medição de ângulo fasorial, a tecnologia PMU permitirá que toda uma gama de novas ferramentas de avaliação de segurança em tempo real on-line seja desenvolvida e implantada. Por exemplo, nos cálculos dos limites de transferência relacionados à estabilidade angular realizados pelo ONS, são utilizadas as diferenças entre os ângulos de fase de tensão entre determinados geradores selecionados para determinar se o sistema será estável entre regiões ou não, após uma perturbação no sistema ou uma contingência. O ONS seleciona um gerador em cada região no seu cálculo do limite. A diferença do ângulo de fase entre dois geradores selecionados em resposta às contingências especificadas é usada como critério para determinar os limites de transferência dos principais corredores de linhas de transmissão, expressando estes valores em MW / MVA. Projeto ESTAL / ONS: Aplicações em Tempo Real do SMSF Relatório 1: Ganhos Econômicos com o uso de Medições Fasoriais no SIN KEMA Inc. / KEMA Brasil 14 Proprietário Revisão 2 15 de Dezembro de 2006 Com a implantação do SMSF, passa a ser possível monitorar diretamente as diferenças de ângulo de fase em tempo real dos geradores selecionados para avaliar as condições do sistema. O SMSF também pode permitir que outras ferramentas sejam usadas para prever o estado iminente do sistema e para calcular a proximidade do ponto de colapso operacional [5]. Tal ferramenta pode ser um complemento (e funcionar em paralelo com) a ferramenta de avaliação de segurança dinâmica de tempo real que o ONS está preparando para o uso. A natureza complementar vem do fato de que a nova ferramenta passará a utilizar medições PMU diretamente, e no intervalo de tempo antes da próxima execução da ferramenta de avaliação de segurança dinâmica on-line após um grande corredor de linhas. Isto poderá levar a uma detecção antecipada de condições em desenvolvimento no sistema, como um princípio de oscilações de baixa freqüência, uma separação do sistema ou ilhamento, e assim por diante, permitindo, portanto, que as ações corretivas preditivas / pró-ativas sejam tomadas nas operações do sistema [5] para impedir que ocorra separação do sistema ou ilhamento. As novas ferramentas baseadas em tecnologia PMU ajudarão, portanto, ainda mais o ONS a enfrentar seu principal desafio operacional do SIN – utilizar totalmente a capacidade de transferência do sistema, assegurando ao mesmo tempo a mais alta segurança ao sistema. • Melhoras nas análises pós-evento. O SMSF permitirá ao ONS capturar e armazenar a dinâmica do sistema de longa duração, perturbações principais e eventos com marcações temporais muito precisas (melhor que 1µS de UTC). Isto não apenas tornará a análise pós-evento muito mais eficiente – não haverá mais consumo de tempo e processo impreciso de alinhamento de eventos, mas também permitirá ao ONS rapidamente identificar e determinar as causas básicas dos problemas ocorridos e tomar as ações corretivas apropriadas. Tal melhora poderá ter um impacto direto na operação do ONS, já que, tipicamente, a operação do sistema e os limites de transferência poderão ser restringidos com grande margem de segurança até a causa básica de qualquer grande problema ser determinada. Se o limite de transmissão de um corredor de linhas principal tiver que ser reduzido durante um período de crescente necessidade de transmissão inter-regional, haverá um custo direto à sociedade como um todo. • Melhoras na identificação de erros nos dados de modelagem de sistema e no ajuste em modelos do sistema de potência. O SMSF permitirá ao ONS melhor identificação de eventuais erros em dados de modelagem de sistema e no ajuste em modelos do sistema de potência, tanto para aplicações on-line como para aplicações off-line (fluxo de potência, estabilidade, curtocircuito, avaliação de segurança, gerência de congestão, resposta de freqüência modal, etc.). Tais melhoras terão ligação direta com a precisão e com os potenciais ganhos de aplicações avançadas de tempo real – Estimador de Estado, Análise de Contingência, Fluxo de Potência Ótimo, etc. Os ganhos econômicos que poderão ser atingidos pelo uso da tecnologia PMU podem ser classificados em duas grandes categorias – Prevenção de Blecautes / Análise Pós-Evento, e Operações de Sistema / Mercado [1]. O impacto econômico de longo alcance da aplicação da Projeto ESTAL / ONS: Aplicações em Tempo Real do SMSF Relatório 1: Ganhos Econômicos com o uso de Medições Fasoriais no SIN KEMA Inc. / KEMA Brasil 15 Proprietário Revisão 2 15 de Dezembro de 2006 tecnologia PMU nessas duas grandes categorias é apoiado pelos seguintes fatos financeiros significantes: • O custo do blecaute experimentado pelo Nordeste dos Estados Unidos e pelo Canadá (14 de Agosto de 2003) foi estimado, conservadoramente, em 6 bilhões de dólares americanos nos EUA e em 1 bilhão de dólares americanos no Canadá. • A causa do blecaute acima mencionado foi determinada por uma equipe de mais de 20 engenheiros experientes que levaram mais de seis meses para apontar exatamente a origem do evento catastrófico. Isto leva a uma estimativa conservadora de 5 milhões de dólares americanos para conduzir esta análise da causa básica. • Os custos de congestão no sistema elétrico da Califórnia custam ao contribuinte acima de 250 milhões de dólares americanos a cada ano. Deve ser observado que o uso da tecnologia PMU para determinação precisa de limites – de estabilidade ou, de outra forma, usada para determinar a máxima capacidade de transferência inter-regional – apresenta vantagens, independente do fato dos limites calculados serem mais altos ou mais baixos do que aqueles que são atualmente usados. No caso do limite calculado obtido pelo uso da tecnologia PMU ser mais alto do que o que está sendo usado atualmente, as concessionárias ganham por poder transferir muita energia extra. Isto se traduzirá em maiores receitas para a concessionária e economias em termos sócioeconômicos, já que a energia mais barata de uma região está agora sendo colocada à disposição em outra região onde a energia é mais cara – típico alívio de congestionamento. No caso em que o limite calculado obtido do uso da tecnologia PMU ser mais baixo do que o que está sendo usado atualmente, as concessionárias ganham em termos de risco evitado. Isto é, a concessionária ganhará por tomar uma posição menos arriscada, não transmitindo mais energia do que é seguramente possível. Este último benefício é potencialmente maior que o anterior, porque o preço de um blecaute é tipicamente muito maior do que o de um congestionamento, caso o mesmo venha a ocorrer. Dadas as considerações de benefícios acima mencionadas, é apenas razoável esperar que a utilização da tecnologia de Medição Fasorial na estrutura deste projeto resulte em resultados financeiros tangíveis na operação do SIN. A quantificação dos benefícios econômicos na operação do sistema nacional brasileiro pelo uso da tecnologia PMU será o foco das duas próximas seções. Projeto ESTAL / ONS: Aplicações em Tempo Real do SMSF Relatório 1: Ganhos Econômicos com o uso de Medições Fasoriais no SIN KEMA Inc. / KEMA Brasil 16 Proprietário Revisão 2 15 de Dezembro de 2006 4. Abordagem de Análise de Ganhos Econômicos 4.1 Considerações gerais É fácil entender a dificuldade de se prever todos os benefícios financeiros a serem alcançados através da implantação da tecnologia de PMU por várias razões: • Não é possível determinar exatamente o que acontecerá no futuro do SIN, devido a incertezas em muitas áreas. Por exemplo, é difícil predizer a carga/demanda exata devido a incertezas no crescimento do sistema. Também é difícil prever exatamente a pluviometria e os fluxos de entrada de água em cada região do SIN para anos futuros. Adicionalmente, eventos inesperados, como desligamentos não programados devido a falhas de equipamentos no SIN, também modificariam drasticamente as condições assumidas. • A tecnologia PMU é uma tecnologia fundamental, sobre a qual podem ser desenvolvidas muitas aplicações e ferramentas off-line e de tempo real. Hoje, a tecnologia PMU é ainda relativamente nova. Como tal, boa parte das aplicações que poderiam utilizar a tecnologia ainda não foi desenvolvida e, consequentemente, seus potenciais benefícios ainda não podem ser estimados. • Não existe um caminho universal para se determinar com precisão os benefícios de cada aplicação PMU. Por exemplo, um avanço freqüentemente citado é o potencial de se utilizar medições sincronizadas para reduzir a probabilidade de um blecaute. Para estimar as vantagens deste avanço, os analistas tipicamente associam o blecaute com uma redução do PIB (Produto Interno Bruto). Esta abordagem, no entanto, considera que a sociedade analisada, em particular, seja fortemente dependente da eletricidade para fazer girar a máquina de sua economia. • As melhorias que podem ser conseguidas utilizando-se a tecnologia PMU dependem muito de como o Sistema de Medição Sincronizada Fasorial é implantado, de quantas PMU são instaladas, e de onde essas PMU estão localizadas. Considerando os motivos acima e a dificuldade de se estabelecer um conjunto comum de indicadores que permitam avaliar todos os benefícios da utilização de tecnologia de PMU para as operações do SIN, este relatório vai se concentrar na quantificação dos benefícios de se utilizar a tecnologia de PMU em uma área específica – os custos de congestão de sistema. Isto é, examinaremos a influência de limites de transmissão crescentes em corredores de energia congestionados e os ganhos financeiros resultantes, devido à mitigação dos custos de redespacho do sistema, que se refletem nos preços diferenciais de eletricidade entre cada região participante da transmissão. Independentemente da solução escolhida para o alívio da congestão, o ganho econômico pode ser quantificado, já que a área com déficit de geração poderá importar mais potência do que antes. A capacidade de se importar mais potência de fontes remotas baratas, ao invés de gerar a Projeto ESTAL / ONS: Aplicações em Tempo Real do SMSF Relatório 1: Ganhos Econômicos com o uso de Medições Fasoriais no SIN KEMA Inc. / KEMA Brasil 17 Proprietário Revisão 2 15 de Dezembro de 2006 mesma localmente, a um preço mais alto, representa um ganho econômico para a sociedade e uma conta mais baixa para os consumidores. Este ganho socioeconômico é o objetivo da análise neste relatório. Para quantificar os benefícios da inclusão de medições mais precisas no alívio de congestão, examinaremos dados históricos durante um dado período e os limites operacionais usados, que freqüentemente reduzem o montante de potência que pode ser efetivamente transmitido de uma região à outra. A congestão ocorre no sistema de potência quando uma área geográfica tem excesso de energia de baixo custo que não pode ser transmitida a uma área de déficit de energia, onde o custo de geração é alto, pelo fato de as linhas de transmissão entre as duas áreas estarem operando próximo de seus limites. Existem várias soluções para permitir que mais energia flua entre as duas áreas. Uma alternativa é construir uma nova linha de transmissão, ou melhorar uma linha existente para que ela possa transmitir mais potência. Outra opção é baseada em se perceber que os limites de transmissão da linha não estavam definidos apropriadamente (tipicamente, os limites definidos são mais conservadores do que seriam necessários) e no fato de que as medições sincronizadas e aplicações associadas podem permitir às linhas operar em um limite ainda mais alto, sem comprometer sua confiabilidade. A capacidade de importar mais potência de fontes remotas, ao invés de gerar potência localmente com um custo mais alto, representa um ganho econômico para a sociedade e uma conta mais baixa para os consumidores, conforme já mencionado. É importante indicar que o ganho econômico total, independente dos métodos de quantificação acima mencionados, pode ser muitas vezes maior do que o ganho econômico calculado neste relatório. Há efeitos que não são considerados na nossa análise. Primeiro, na área de déficit de potência, a probabilidade da corte de carga pode representar uma grande perda econômica, já que o custo de se cortar 1MWh (usado para produzir mercadorias e serviços) é geralmente muito maior do que o custo de se comprar 1MWh. Em segundo lugar, quando a área excedente de potência é dominada pela geração hidroelétrica como no Brasil, a potência não entregue ou retida resulta no desperdício de água dos reservatórios. Através do alívio da congestão do sistema, os recursos naturais podem ser usados de forma mais eficiente e ao mesmo tempo pode-se reduzir o consumo de combustíveis fósseis (mais caros e poluentes). Em terceiro lugar, uma maior eficiência no gerenciamento de contratos de gás “take-or-pay” e de operação de geradores operando no sistema apenas com fins de confiabilidade – típico das operações do ONS – através do relaxamento dos limites de transmissão, não é considerada nesta análise. Embora não passível de fácil quantificação, o uso de limites de transmissão maiores através das melhoras trazidas pela utilização da tecnologia de PMU aumentaria o índice de utilização das instalações existentes de transmissão, o que por sua vez retardaria a necessidade de se construir novas linhas para acomodar o crescimento da carga e da necessidade de transmissão. Projeto ESTAL / ONS: Aplicações em Tempo Real do SMSF Relatório 1: Ganhos Econômicos com o uso de Medições Fasoriais no SIN KEMA Inc. / KEMA Brasil 18 Proprietário Revisão 2 15 de Dezembro de 2006 4.2 Determinação dos ganhos potenciais através do alívio do congestionamento A seguir é feita uma descrição geral para ilustrar como a utilização de PMU, para determinar com precisão os limites operacionais de transmissão, pode ajudar no alívio de congestão e, consequentemente, resultar na criação de benefícios financeiros nas operações do SIN. Considere um exemplo simples de duas áreas, conforme mostrado na Figura 3. As duas áreas são marcadas como Área 1 e Área 2, respectivamente. A Área 1 tem abundância da geração barata, ao passo que a Área 2 tem pouca geração a um custo mais alto e tem carga que precisa ser atendida pela transferência de energia oriunda da Área 1. As duas áreas são conectadas por um corredor de transmissão que tem restrições em termos de transferência total de potência, definidas na forma de vários limites – limites térmicos, limites de estabilidade, etc. Transf. Potência Área 1 Geração cara (e limitada). Geração barata, Carga leve. Figura 3 Área 2 Centro de carga. Exemplo de Duas Áreas de Sistema de Potência A Figura 4 ilustra a relação entre vários limites associados com o corredor de energia da Figura 3. A curva 1 é típica da prática atual das concessionárias, onde o limite é estabelecido (“limite forçado”) por um período fixo. A curva 2 representa o limite teórico da interconexão; este limite modifica-se conforme mudam a topologia do sistema, o status dos equipamentos e a condição de carga. O limite teórico existe, mas na vida real não pode ser facilmente rastreado devido a limitações de medição e das tecnologias computacionais. Presumivelmente, se for possível obter um modelo dinâmico muito preciso do sistema de potência e informações em tempo real, tal limite pode ser rastreado com boa precisão para cada instante tempo. O espaço entre Curva 1 e Curva 2 representa o conservadorismo dos operadores do sistema e dos engenheiros de planejamento, que resulta de várias razões, incluindo: • Soluções tradicionais só permitem que o limite seja ajustado em uma base periódica, para a qual o engenheiro precisa contabilizar para tantas “condições de pior caso” quantas Projeto ESTAL / ONS: Aplicações em Tempo Real do SMSF Relatório 1: Ganhos Econômicos com o uso de Medições Fasoriais no SIN KEMA Inc. / KEMA Brasil 19 Proprietário Revisão 2 15 de Dezembro de 2006 possam ser encontradas durante aquele período. Como resultado, um valor "mínimo" de limite será escolhido para assegurar uma operação confiável em todas estas condições. A Curva 1 da Figura 4 usa um período de 3 meses para fins ilustrativos. • Imprecisões nas medições (como distorção temporal, medição monofásica usada como base para quantidades trifásicas, imprecisões do hardware de instrumentação, etc.) combinadas com imprecisões dos modelos matemáticos usados em aplicações de sistemas de potência, forçam os engenheiros a "agir com cautela", ficando abaixo do limite mencionado acima, por uma margem de segurança. O uso da tecnologia PMU para melhorar a precisão do modelo de sistema e das medições pode assim ajudar a retirar, em parte, o conservadorismo praticado atualmente. Isto pode permitir que uma curva como a Curva 1’ seja utilizada, assumindo que o mesmo processo de determinação do limite continue a ser utilizado. Figura 4 Visão conceitual dos vários limites para um corredor. Curva 1: Limite forçado de acordo com a época (com tecnologia tradicional). Curva 2: limite teórico. Curvas 1’ e 3: Limites menos conservadores obtidos via sistemas baseados em PMU. A Curva 3 da Figura 4 ilustra outra possibilidade. Mesmo não atingindo o objetivo de se rastrear precisamente o limite teórico em tempo real, o limite pode ser ajustado com uma maior freqüência do que atualmente com a ajuda da tecnologia PMU (possivelmente em base diária, ou mesmo em base horária com o uso das ferramentas TSA e VSA on-line com EE melhorado). A definição do limite para preparar-se para “condições de pior caso” que pudessem ocorrer em um intervalo de tempo mais curto (horas ou dias, ao invés de semanas ou meses) significa que menos “condições de pior caso” precisam ser consideradas, e o limite resultante pode ser consideravelmente mais alto do que antes. Ademais, sistemas baseados em PMU podem reduzir os erros associados à instrumentação, erros em modelos de sistema e em aplicações de alto nível, resultando em maior confiabilidade dos dados de saída dessas aplicações. Uma maior confiabilidade resulta em menos conservadorismo na escolha da margem de erro. Projeto ESTAL / ONS: Aplicações em Tempo Real do SMSF Relatório 1: Ganhos Econômicos com o uso de Medições Fasoriais no SIN KEMA Inc. / KEMA Brasil 20 Proprietário Revisão 2 15 de Dezembro de 2006 O espaço entre a Curva 3 (limite do corredor de transmissão conseguido com um sistema Baseado em PMU) e Curva 1 (limite tradicional) indica o potencial benefício de se utilizar a nova tecnologia para rastrear o limite do mesmo corredor. Tal benefício potencial, embora freqüentemente enfatizado por proponentes de tecnologia, não necessariamente significa o ganho econômico real que pode ser atingido. Para chegar a ganhos econômicos, deve-se analisar como o benefício pode ser atingido. Este ponto pode ser ilustrado por meio da Figura 5. Esta figura expõe uma nova curva, a Curva 4, que representa a “transmissão econômica de energia”. A transmissão econômica de energia é o montante de fluxo de potência não restrito através do corredor especificado (em diferentes condições de disponibilidade de fornecimento) para atender a demanda de carga com o custo mais baixo possível. Intuitivamente, se a transmissão econômica estiver sempre abaixo do limite observado na Curva 1 (tradicional), então instalar as PMU para obter alívio de congestão não traria nenhum ganho econômico, já que, neste caso, não existe congestão. Só durante instâncias onde a transmissão econômica exceder o limite forçado pela Curva 1, isto é, no caso de existir e uma condição de congestão, a utilização do sistema baseado em PMU traria ganhos econômicos. Ver Figura 6. Figura 5 Visão conceitual dos limites e da transmissão econômica. Curva 1 (limite tradicional) e Curva 3 (limite com o uso de PMU) estão como na Figura 4; a Curva 4 é a transmissão econômica. Gain due to use of PMU P o w e r J J F M A M J J A S O N D Month Figura 6: Energia adicional transferida pela interligação (em função do tempo), obtida dos dados da Fig.5. Projeto ESTAL / ONS: Aplicações em Tempo Real do SMSF Relatório 1: Ganhos Econômicos com o uso de Medições Fasoriais no SIN KEMA Inc. / KEMA Brasil 21 Proprietário Revisão 2 15 de Dezembro de 2006 Uma análise de ganhos econômicos, por isso, teria de considerar como o corredor de energia é utilizado atualmente. A Figura 6 expõe a energia adicional que fluiria pelo corredor com a implantação da nova tecnologia. O objetivo da nossa análise é de converter este ganho de MW em valor monetário, usando uma técnica descrita em [2] - [3]. O método é baseado no fato de que, enquanto o limite de transmissão econômica não é atingido, uma diferença de preços entre as duas regiões existe. Como esta diferença de preço forma a base para a transferência de energia, nenhum benefício financeiro adicional é obtido uma vez que o limite econômico tenha sido atingido. O preço é tal que é mais alto na área onde é mais caro gerar energia. Isto é, a potência flui da região de preço mais baixo para a região de preço mais alto. Para mostrar como a abordagem nas referências [2]-[3] é usada aqui, consideramos um exemplo simples, composto de duas áreas que apresentam um limite de 1000MW de capacidade de transmissão de energia por um determinado período de tempo. Neste período, existe um diferencial de preço, ou seja, é mais barato produzir a energia em uma área e transportá-la para a outra, já que a transmissão de potência atual (limitada a, no máximo, 1000MW) está abaixo do limite econômico (assumido como 1800MW neste exemplo). Ao utilizar este sistema hipotético, estamos interessados em observar o efeito de se aumentar este limite nos ganhos potenciais a serem atingidos conforme a energia mais barata é transmitida pela interconexão. Com fins de ilustração, usamos a Figura 7 (note que o valor em Reais na figura tem somente fins de ilustração). A Figura 7 mostra a relação entre ganhos econômicos e o aumento no limite de capacidade de transmissão, onde o ganho econômico é igual a zero quando a transmissão real é igual a 1000MW. Apesar deste aumento pode ser trazido por vários métodos – uso de tecnologia PMU, melhorias das linhas, modificações operacionais, etc. – as seguintes observações se destacam: • Os ganhos econômicos aumentam conforme o limite de transmissão original (1000 neste exemplo) é relaxado. Isto indica que existem potenciais ganhos econômicos a serem alcançados com a implantação de qualquer método que ajude a aliviar este limite. • Os ganhos econômicos aumentam de forma rápida e então se estabilizam. Isto é, a inclinação da curva começa grande e positiva, e termina se aproximando de zero. Assumindo que o limite do ganho econômico esteja em 1800MW neste exemplo, vemos que a inclinação fica igual ao zero neste limite. Este comportamento é apoiado pela lei popular da teoria econômica que afirma que, conforme se aumenta o investimento, menor fica a taxa de retorno. Projeto ESTAL / ONS: Aplicações em Tempo Real do SMSF Relatório 1: Ganhos Econômicos com o uso de Medições Fasoriais no SIN KEMA Inc. / KEMA Brasil 22 Proprietário Revisão 2 15 de Dezembro de 2006 Economic gain R$ 14,000,000 R$ 12,000,000 R$ 10,000,000 R$ 8,000,000 R$ 6,000,000 R$ 4,000,000 3,600,000 R$ 2,000,000 R$ 1000 1100 1200 1300 1400 1500 1600 1700 1800 MW transfer 5% 10% Figura 7 Ganho monetário ilustrativo pelo aumento do limite de transmissão para um sistema hipotético de duas áreas O exemplo ilustrado na Figura 7 precisa ser mais bem esclarecido com respeito ao cálculo de ganhos econômicos a partir de diferenciais de preço entre as regiões que trocam energia. Usando o exemplo acima, consideremos a transferência de energia da área de preço baixo (Área 1) à área de preço alto (Área 2). As curvas de preço das duas áreas exibem um comportamento de escada, como ilustrado na Figura 8. No limite forçado Plim, a Área 1 tem o preço C1 e a Área 2 tem o preço C2. Se o limite de transmissão de potência fosse relaxado, então os dois preços se aproximariam um do outro e ficariam iguais (market-clearing price, ou Cclearing) conforme o limite aproxima do ponto de transmissão econômica de energia Pecon. O custo de congestão é a área sombreada entre as duas curvas de preço. Projeto ESTAL / ONS: Aplicações em Tempo Real do SMSF Relatório 1: Ganhos Econômicos com o uso de Medições Fasoriais no SIN KEMA Inc. / KEMA Brasil 23 Proprietário Revisão 2 15 de Dezembro de 2006 A R E A 2 price curve (T R U E ) C2 C clearing C1 A R E A 1 price curve (T R U E ) P ower T ransfer (MW ) P lim P econ (P resent lim it) (E conom ic transfer) Figura 8 Ilustração da variação do preço para troca da energia entre duas regiões O cálculo do custo da congestão (a área sombreada entre duas curvas de preço) na Figura 8 é difícil na prática. Conseqüentemente, as curvas em escada são linearizadas como mostrado na Figura 9. O resultado é que temos uma área triangular para a qual a área pode ser facilmente calculada. Usando este método de "triângulo", os custos de congestão dependem de quatro pontos de dados: C1, C2, Plim e Pecon (Note que o valor real de Cclearing, que deveria estar entre C1 e C2, não tem o efeito no cálculo do custo de congestão neste método de triângulo, já que a área do triângulo não é dependente do conhecimento exato do Cclearing). Os três primeiros parâmetros são conhecidos (dados arquivados), ao passo que o quarto (Pecon) é desconhecido. Em uma análise geral, Pecon pode ser tratado como desconhecido dentro de uma margem razoável (p.ex., Pecon é de 10 % a 60 % maior que Plim). Isto facilita o cálculo do custo de congestão para uma variedade de limites de transferência econômica de energia para o corredor de energia. O valor de Pecon é considerado como 1800MW na Figura 9 Projeto ESTAL / ONS: Aplicações em Tempo Real do SMSF Relatório 1: Ganhos Econômicos com o uso de Medições Fasoriais no SIN KEMA Inc. / KEMA Brasil 24 Proprietário Revisão 2 15 de Dezembro de 2006 R$ A R E A 2 price curve (approx.) C2 C clearin g C1 A R E A 1 price curve (approx.) P ower T ransfer (MW ) P lim P econ (P resent lim it) (E conom ic transfer) Figura 9 Aproximação linear da variação do cálculo do custo O ganho econômico é calculado com base em como os custos de congestão mudam com o aumento no limite de transferência da interconexão. Conforme o limite de transferência aumenta, geralmente o preço marginal da região de energia mais barata, que envia energia, aumenta (Supondo que não esteja ocorrendo vertimento de água aproveitável. Se fosse este o caso, o preço marginal desta região se manteria em zero, levando a um ganho econômico muito maior), e o preço marginal da região que recebe (região de preço alto) diminui, como ilustrado nas Figuras 8 e 9. Quando o limite de transferência econômica máximo, Pecon, é atingido, os preços ficam iguais nas duas regiões. Conforme o limite é aumentado além do valor de Plim, o tamanho do triângulo diminui, chegando a zero quando a interconexão chega ao ponto de transferência econômica, Pecon. Calculando repetidamente a área conforme o limite de transmissão aumenta de Plim até Pecon, o custo de congestão (como função do limite da interconexão) pode ser obtido. Nesta análise, o ganho econômico a ser atingido é a redução dos custos de congestão. A diferença dos custos de congestão, isto é, o custo de congestão para o limite atual (Plim) menos o custo de congestão para o limite aumentado é igual ao ganho econômico de se aumentar o limite. Em geral, conforme o limite se aproxima do ponto de transmissão econômica de energia, os custos de congestão decaem a zero e o ganho atinge seu valor máximo. Qualquer tentativa de aumentar o limite além deste valor não traria nenhum ganho extra (se a Figura 9 for traçada além de 1800MW, ficará plana, já que não haverá mais nenhum ganho econômico pelo aumento do limite de transferência). Projeto ESTAL / ONS: Aplicações em Tempo Real do SMSF Relatório 1: Ganhos Econômicos com o uso de Medições Fasoriais no SIN KEMA Inc. / KEMA Brasil 25 Proprietário Revisão 2 15 de Dezembro de 2006 Na verdade, não se espera que a utilização da Tecnologia PMU melhore a utilização do limite de transmissão do corredor de energia em uma grande porcentagem. Por exemplo, pode-se supor que uma análise técnica conclua que o limite do corredor pode ser aumentado de 5 % a 10 % além do limite atualmente usado. Esta informação pode ser usada com o exemplo ilustrado na Figura 9 para se chegar a uma estimativa do ganho econômico pelo uso da tecnologia de PMU. Uma melhora de 5%-10% sobre o limite existente, de 1000MW, colocaria o limite entre 1050 e 1100 MW, o que corresponderia a um ganho econômico na faixa de R$2,00 a R$3,60 milhões, conforme mostrado na Figura 7 para o caso hipotético. A ilustração anterior explora apenas uma dimensão dos potenciais ganhos econômicos – do ponto de vista do alívio de congestão. A tecnologia de PMU, no entanto, é usada em várias outras aplicações, como em Monitoração de Grandes Áreas, Proteção, Sistemas de Automação e Controle (WAMPAC), os quais fornecem benefícios econômicos que são consideravelmente mais difíceis de quantificar. Por exemplo, se um sistema WAMPAC baseado em PMU for usado para desligar geradores hidráulicos na região com excedente de geração e para cortar algumas cargas na região de déficit de geração, sob condições de contingência de sistema, isto permitiria que o mesmo corredor de transmissão transmitisse potência a um limite muito mais alto, desde que abaixo do limite do equipamento (limite térmico, por exemplo). Projeto ESTAL / ONS: Aplicações em Tempo Real do SMSF Relatório 1: Ganhos Econômicos com o uso de Medições Fasoriais no SIN KEMA Inc. / KEMA Brasil 26 Proprietário Revisão 2 15 de Dezembro de 2006 5. Análise do Ganho Econômico para o SIN Para analisar os ganhos econômicos devidos ao alívio de congestionamento no SIN, o mês de Março de 2006 será usado para análise dos dados fornecidos pelo ONS. A análise concentrou-se na interconexão N-NE, que liga as regiões Norte e Nordeste na direção mostrada como FNE na Figura 10, já que esta interligação freqüentemente fica congestionada durante o período de Janeiro a Maio, todo ano, quando a região Norte tem recursos hídricos abundantes, que serão vertidos se não forem usados para geração de energia. Este congestionamento fica evidente pela diferença de preço entre o Norte e o Nordeste, como mostrado na Tabela 1. Quando o corredor de transmissão está congestionado, está transferindo energia em seu limite forçado como mostrado, de acordo com ONS. SE Imperatriz Norte Nordeste FNE SE Colinas FCOMC SE Miracema Lajeado FNS Anel 230kV RNE FSENE SE Serra da Mesa Sudeste Elo CC RSE FIPU FSE FIBA IPU 50Hz SE Ivaiporã LT 500kV Ibiúna - Bateias IPU 60Hz RSUL ANDE Interligação S/SE 230kV FSUL Sul Figura 10 Diagrama de interligação das regiões do SIN e os limites de transmissão forçados (mostrados em flechas azuis) dos principais corredores de transmissão Observe que a congestão ocorre também em outros meses, e em outros corredores do sistema. Por exemplo, durante os mesmos períodos do ano, o corredor de transmissão entre N-NE e SE frequentemente fica congestionado (O corredor de transmissão é operado no limite do FCOMC e FNS). A abordagem utilizada para os ganhos econômicos estimados também pode ser aplicada àquele corredor de transmissão e também para outros corredores de transmissão para outros Projeto ESTAL / ONS: Aplicações em Tempo Real do SMSF Relatório 1: Ganhos Econômicos com o uso de Medições Fasoriais no SIN KEMA Inc. / KEMA Brasil 27 Proprietário Revisão 2 15 de Dezembro de 2006 períodos de tempo. Neste relatório, analisamos este único corredor sobre este período de um mês em particular, para identificar o potencial de ganho econômico pela aplicação da tecnologia PMU. Para este período de congestionamento a Tabela 1 mostra os preços nas duas regiões para vários casos de carga para cada semana de março de 2006. A Tabela 2 mostra o limite forçado para o mesmo período. Custo Marginal de Operação (R$/MWh) - Março/06 Pesada Média Leve Pesada Média Leve NE N Tabela 1. 25/02 - 03/03 04/03 - 10/03 11/03 - 17/03 18/03 - 24/03 25/03 - 31/03 39.11 39.48 38.94 32.32 30,77 39.11 39.48 38.94 32.32 30,77 39.11 39.22 38.94 32.32 30,77 0.00 0.00 0.00 0.00 30,77 0.00 0.00 0.00 0.00 0,00 0.00 0.00 0.00 0.00 0,00 Preço semanal (CMO de Condição de Carga Pesada, Média e Leve) para Março de 2006. A diferença de preços entre Nordeste (NE) e Norte (N) é devida ao fato de o corredor FNE estar congestionado (ver Figura 9). Observe que quando um preço de R$0.00 para uma região é usado, ele indica que há uma sobra de potência naquela região que não pode ser usada para gerar energia elétrica para transferir para outras regiões, e o excesso de água tem que ser vertida (desperdiçada). Limites considerados na elaboração do PMO e suas Revisões (MWmed) - Março/06 Heavy FNE (D) Medium Light Tabela 2 25/02 - 03/03 04/03 - 10/03 11/03 - 17/03 18/03 - 24/03 25/03 - 31/03 600 600 600 1,700 1,700 600 600 650 1,561 1,539 600 600 861 1,477 1,507 Limite forçado do FNE para a interconexão N-NE durante o mês do Março de 2006. Os dados da Tabela 1 e da Tabela 2 indicam o seguinte (a discussão seguinte usará somente o limite de carga pesada): • Durante a 1a semana de Março de 2006, o preço médio foi $39,11 para o NE e de $0.00 para o Norte. O preço nulo significa que a Região Norte teve de verter a água sem convertê-la em energia elétrica e transferi-la para a região NE. Se a interligação N-NE não estivesse congestionada pelo limite do FNE, aquela água poderia ter sido usada para gerar Projeto ESTAL / ONS: Aplicações em Tempo Real do SMSF Relatório 1: Ganhos Econômicos com o uso de Medições Fasoriais no SIN KEMA Inc. / KEMA Brasil 28 Proprietário Revisão 2 15 de Dezembro de 2006 potência a ser fornecida ao NE. Esta interligação foi operada em seu limite, com um típico limite forçado de FNE em 600MW (ver a Tabela 2) durante aquela semana. Este limite é substancialmente menor do que o limite típico do FNE (aproximadamente 1700MW), devido a desligamentos não programados, que deixaram menos linhas do corredor em operação. Como a região NE possui um sistema fraco, com inércia pequena, a perda de outras duas linhas resultou em um limite de estabilidade mais baixo a ser usado. O limite do equipamento do corredor durante aquele período é maior do que o limite de estabilidade de mais de 800 MW. • Da 2ª até a 4ª semana de Março de 2006, o preço continuou alto na Região NE, enquanto a região Norte continuou vertendo água. O fluxo na interconexão estava em seu limite. Observe que o limite cresceu de 600MW para 1700MW sob condições de carga pesada na quarta semana; devido a mudanças nas condições do sistema (as linhas daquele corredor, que não estavam em funcionamento no início do mês, foram restabelecidas). Observe que o limite do FNE, de 1700 MW, é ainda um limite determinado pela estabilidade para aquele corredor; o limite do equipamento do mesmo corredor com todas as linhas em serviço está em 2400 MW. • Durante a 5ª semana do Março de 2006, o N ainda desperdiçava água para as condições média e leve de carga. Não houve congestão durante a condição pesada de carga, e isto refletiu no mesmo preço (R$30.77) nas duas áreas. Nossa análise será aplicada aos períodos de tempo em Março de 2006, onde houve uma diferença de preço entre as duas regiões para a maior parte do tempo exceto durante a condição de carga pesada na 5a semana. A situação da interligação N-NE durante o mês de Março de 2006 fornece uma oportunidade única para se estimar os ganhos econômicos relativos ao alívio de congestão. Dados analisados para este período também revelam o seguinte: • Está claro que durante as três primeiras semanas de março, a conexão N-NE fica muito congestionada com o limite de transferência reduzido. Isto é ocasionado pelo fato do corredor estar congestionado a maior parte do tempo quando o limite de transferência volta para os valores típicos das duas últimas semanas do mês. • Comparando os dados das três primeiras semanas e das duas últimas semanas, aproximadamente entre 616 MW (3a semana com condição de carga leve) e 1100 MW (condição de carga pesada para todas as três semanas) potência adicional poderia ter sido transportada do Norte para o Nordeste economicamente durante as três primeiras semanas do mês se as cargas leves do SIN pudessem ser assumidas no mesmo nível ao longo do mês. • Mesmo nos níveis normais do limite de transferência, existem alguns benefícios a serem obtidos elevando mais os limites, já que o corredor ficou congestionado ainda na maioria das vezes nas últimas duas semanas. Embora os dados parecessem sugerir que o nível Projeto ESTAL / ONS: Aplicações em Tempo Real do SMSF Relatório 1: Ganhos Econômicos com o uso de Medições Fasoriais no SIN KEMA Inc. / KEMA Brasil 29 Proprietário Revisão 2 15 de Dezembro de 2006 econômico de transferência pudesse ser alcançado em algum lugar perto de 1700 MW para a condição de sistema de Março 2006, poderia haver outras condições de sistema que levassem ao uso do limite cheio de equipamento de 2400 MW do corredor. Há dois corredores principais para que a Região Norte transfira sua energia ao Nordeste e às regiões do Sudeste (Figura 10). A capacidade instalada no Norte é de 8000 MW, e tipicamente até 4500MW poderia estar disponível para ser transferido durante o período de janeiro e de maio cada ano em que há um período de chuvas normal. Há duas linhas de 500 kV com os capacitores de série na seção do corredor de N-SE onde o limite de 2500MW do FCOMC (Figura 9) é reforçado devido ao limite do equipamento do capacitor série. Se todo o desligamento não programado daquele corredor de equipamentos, tais como linhas fora de serviço, desligamento do capacitor série, etc., ocorrer durante o período de janeiro e de maio, poderá haver a necessidade de transferir uma quantidade muito elevada de energia através do corredor de N-NE no limite do equipamento e então ao SE. Por exemplo, se uma linha do corredor N-SE sair de serviço, o limite de transferência de FCOMC será reduzido para 1250MW, e aumentado o limite de FNE para o limite do equipamento de 2400MW poderia parcialmente compensar a potencialidade de transferência de 1250MW que é perdida, e permitir que a energia máxima seja transportada economicamente sob tal circunstância. A seguinte análise deve estimar os ganhos econômicos potenciais com o uso da tecnologia de PMU durante o mês de março 2006 para o corredor de N-NE para dois cenários diferentes. Embora a abordagem geral descrita na seção precedente pudesse ser usada para calcular os ganhos econômicos para estes dois cenários, a estimativa dos ganhos potenciais é mais simples para obter um resultado mais conservador usando os dados disponíveis, que serão descritos em detalhe na análise seguinte. Cenário 1: Utilização da tecnologia de PMU para melhor uso do limite de transferência de fluxo A medição por PMU, como foi mencionado, fornece os melhores resultados de medição, que podem ser usados para aprimorar a exatidão do modelo do sistema e dos resultados do Estimador de Estado. Com resultados mais exatos de medição e um modelo de sistema melhorado, é razoável esperar que um limite mais exato de transferência possa ser determinado e uma margem de segurança menos conservadora possa ser usada. Isto, no geral, deve conduzir a um limite mais elevado de transferência a ser usado. Embora o nível exato da melhoria dependa das situações reais do sistema, a implantação de um Sistema de Medição Sincronizada Fasorial e o adequado uso dos dados de PMU, segundo a literatura disponível, resultam em uma melhoria de 15% na determinação do limite de transferência conseguida com o uso da tecnologia PMU [Ver referência 5]. Projeto ESTAL / ONS: Aplicações em Tempo Real do SMSF Relatório 1: Ganhos Econômicos com o uso de Medições Fasoriais no SIN KEMA Inc. / KEMA Brasil 30 Proprietário Revisão 2 15 de Dezembro de 2006 Embora não seja normalmente possível saber as curvas da mudança do preço real das duas regiões conforme o limite de transferência seja incrementado, e o ponto econômico exato de transferência de energia em que os preços em ambas as regiões se tornam iguais, os dados para o mês de Março de 2006 forneceram algum esclarecimento adicional. Para Março de 2006, os dados sugeriram que antes de alcançar o nível econômico de transferência de energia de aproximadamente 1700MW (baseado na condição de carga pesada na 5a semana), o preço na região Norte decresceu até R$ 0,00 (como outros dados nas últimas três semanas exceto o mostrado na condição de carga pesada da 5a semana), e o preço depois que o nível econômico de transferência de energia é alcançado está aproximadamente em R$ 31,00 (baseado outra vez na condição de carga pesada na 5a semana). Assim, sem saber exatamente como o preço diminuiria na região Nordeste aproximadamente de R$ 39,00 a R$ 31,00, quando a transferência de energia é aumentada de 600 MW ao nível econômico de transferência de energia de aproximadamente 1700 MW, nós poderíamos com segurança usar R$ 31,00 como um preço marginal conservador para a estimativa econômica do ganho, porque o preço marginal em qualquer escala de limite de transferência seria mais elevado do que R$ 31,00. Este preço será usado a seguir para estimar como o aumento do limite com o uso da tecnologia de PMU poderia ter ajudado a situação para este corredor congestionado e conseguido certos ganhos econômicos. Usando o preço marginal conservativo de R$ 31,00/MWh, um incremento de 1% durante este período de três semanas resultaria em um ganho econômico de: 7 (dias/semana)*24 (horas/dia) *3 (semanas) *6 (MW) *31 (R$/MWh) = R$ 93.744,00 Se nós supusermos que a melhoria advinda da utilização da tecnologia de PMU poderia resultar em um aumento do limite de transferência em uma escala de 5% a 15%, o ganho econômico que o período de três semanas estaria entre R$ 468.720,00 a R$ 1.406.160,00. Observe que R$ 31,00/MWh é um valor conservador de preço marginal usado para o aumento do limite de transferência na escala de 600MW até 690MW. O mesmo tipo de ganho poderia ser também obtido nas últimas duas semanas com a utilização da tecnologia de PMU porque o limite de transferência de duas semanas ainda está abaixo do limite de equipamento de 2400MW para o corredor que estava congestionado durante a maior parte do tempo daquele período. Cenário 2: Utilização de tecnologia PMU para melhor explorar o potencial de limite de transferência. A utilização da tecnologia de PMU poderia ajudar a melhorar a confiabilidade e a exatidão dos resultados do Estimador de Estado, como foi discutido. Isto, por sua vez, permitiria que um conjunto de ferramentas on-line de avaliação da segurança, tais como TSA (por exemplo, o Organon, do ONS) e VSA, fosse usado para determinar o limite verdadeiro de transferência do sistema sob uma circunstância próxima do tempo real. Isto poderia permitir o ajuste on-line do limite de transferência para ser mais alinhado com as condições prevalentes do sistema, em lugar de condições baseadas nos piores cenários por um período muito mais longo para explorar Projeto ESTAL / ONS: Aplicações em Tempo Real do SMSF Relatório 1: Ganhos Econômicos com o uso de Medições Fasoriais no SIN KEMA Inc. / KEMA Brasil 31 Proprietário Revisão 2 15 de Dezembro de 2006 melhor a capacidade potencial de transferência. Isto, combinado com a melhoria descrita no Cenário 1, permitiria que mais energia fosse transferida. Vale a pena ressaltar que apesar dos melhores esforços de uma concessionária para aliviar os congestionamentos crônicos instalando novas linhas da transmissão, os desligamentos não programados e os eventos inesperados podem repentinamente forçar um corredor que normalmente não estaria congestionado a se tornar muito congestionado. Usando o corredor Norte/Nordeste e Sudeste, como exemplo: Se o limite de transferência do corredor N-NE ficasse constante em todo o mês de Março de 2006 no limite normal de transferência em torno de 1700MW (considerando não haver desligamento diminuindo o limite do corredor), e ele já estivesse transferindo energia em valor próximo ao seu limite como nas duas últimas semanas de Março de 2006. Além disso, considerando a ocorrência de um desligamento não programado no corredor de 500 kV N-SE – uma linha fora de serviço por duas semanas no corredor onde o limite forçado do equipamento capacitor série é de 2500 MW (FCOMC) – haverá redução imediata do limite FCOMC de 1250MW no corredor – potência que poderia ser economicamente transferida da Região Norte. Neste caso, mesmo se o limite do corredor N-NE for aumentado para 2400MW (limite do equipamento), apenas compensaria parcialmente a redução de transferência da potência no corredor de N-SE, havendo ainda 550MW de potência que poderia ser economicamente transferida (2400 – 1700 = 700MW potência adicional, e 1250 – 700 = 550MW deixada). Isto levará o corredor N-NE a tornar-se pesadamente congestionado. Ocorrendo o cenário acima, é razoável esperar que os preços em regiões do NE e do SE se tornem mais elevados do que eram durante as primeiras três semanas de Março de 2006. O limite combinado de transferência de N-NE e de N-SE era 3.100MW (2.500 + 600), enquanto no cenário suposto seria 2.950MW (1.250 + 1.700). Haveria 150MW a menos de potência hidroelétrica de custo R$ 0,00 que poderia ser transferida economicamente às regiões do NE e do SE, para ajudar a abaixar os preços nestas duas regiões. Assim o R$ 31,00/MWh seria ainda um preço marginal muito conservador a usar-se para estimar os ganhos potenciais se este cenário ocorrer. Se a média combinada de aumento de limite, incluindo melhoria do modelo do sistema, aperfeiçoamento da exatidão das medidas e cálculo e ajuste on-line, pelo uso da tecnologia PMU, resultar em 20% a 25% de aumento de limite sob esta situação considerada, então o ganho econômico durante este assumido curto período de duas semanas de desligamento poderia ser entre: 7 (dias/semana) * 24 (horas/dia) * 2 (semanas) * 340 (MW) * 31 (R$/MWh) = R$ 3.541.440,00 para um aumento de 20%, e 7 (dias/semana) * 24 (horas/dia) * 2 (semanas) * 425 (MW) * 31 (R$/MWh) = R$ 4.426.800,00 para um aumento de 25%. Projeto ESTAL / ONS: Aplicações em Tempo Real do SMSF Relatório 1: Ganhos Econômicos com o uso de Medições Fasoriais no SIN KEMA Inc. / KEMA Brasil 32 Proprietário Revisão 2 15 de Dezembro de 2006 Os resultados da análise acima são significativos, já que foi apenas analisado um corredor de transmissão durante o período de um mês, e foi usado um preço marginal muito conservativo na estimativa de ganho. O ganho econômico total poderia ser muito maior se: • Todos os corredores inter-regionais forem avaliados para as condições de operação normais e anormais. • Todos os corredores intra-regionais forem avaliados para as condições de operação normais e anormais (entrevistas com o pessoal dos centros de controle do ONS indicaram haver situações que causam congestão em algumas linhas de transmissão intra-regionais). Considerando-se o tamanho do SIN (75.000 km de linhas de transmissão de 230 kV até 765 kV e 351 subestações), é razoável esperar que um potencial ganho econômico médio da ordem de dezenas de milhões de reais por ano, poderia ser conseguido com a utilização da tecnologia de PMU apenas pelo alívio de congestionamentos no sistema. É importante notar as implicações das premissas no Cenário 2. Embora não seja uma condição real de operação ocorrida durante o mês de Março de 2006, experiências anteriores mostram que tal cenário é bem possível de ocorrer devido a várias razões (falha de equipamento, vandalismo, condições severas de tempo, etc.). Se tal cenário ocorrer, o ganho econômico em um período muito curto poderia ser enorme. Ainda mais importante, não é economicamente justificável construir um sistema de transmissão com grande limite de transferência e redundância capaz de mitigar todas as condições de operação anormais ou contingências concebíveis que poderão ocorrer em períodos muito pequenos de tempo (uns poucos dias a poucas semanas ou alguns poucos meses). Utilizar tecnologia avançada, como a tecnologia de PMU, para explorar em profundidade a capacidade de transferência das instalações de transmissão existentes pode ajudar a concretizar ganhos econômicos substanciais. Ganhos econômicos potenciais de outras aplicações que utilizem tecnologia de PMU, embora difíceis de quantificar, poderiam adicionar ganhos econômicos ainda maiores. Projeto ESTAL / ONS: Aplicações em Tempo Real do SMSF Relatório 1: Ganhos Econômicos com o uso de Medições Fasoriais no SIN KEMA Inc. / KEMA Brasil 33 Proprietário Revisão 2 15 de Dezembro de 2006 6. Conclusões A integração da tecnologia de PMU pode fornecer um impulso às operações dos sistemas de potência traduzindo-se em ganhos econômicos significativos. Os benefícios gerais podem ser notados qualitativamente, entre outros, na forma de melhoramentos na exatidão das medidas, na capacidade de executar ações pro ativas de controle antes da ocorrência de um colapso do sistema ou blecaute, nos melhores resultados do estimador do estado, na facilidade para as análises pós-evento, e no cálculo on-line dos limites da estabilidade entre subsistemas. Por outro lado, quantificar todos estes benefícios é mais difícil e normalmente específico para o sistema. Com base na abordagem apresentada e no uso dos dados operacionais do ONS, nossa análise neste relatório focalizou as melhoras quantificáveis no perfil de congestões que pode ser conseguido através do aumento dos limites de transmissão dos principais corredores de energia inter e intra-regionais com a utilização da tecnologia de PMU. Especificamente, analisamos dois possíveis cenários para a interconexão entre as regiões Norte e Nordeste do SIN para o mês de Março de 2006. Os resultados mostram que, para o cenário 1, se a tecnologia de PMU tivesse sido utilizada (resultando em um melhor modelo do sistema e em medições mais precisas) para aumentar o limite de transmissão em uma porcentagem de 5% a 15%, os ganhos econômicos no mesmo mês teriam sido de entre R$ 500.000 e R$ 1.500.000, com base em cálculos muito conservadores. No cenário 2, com o suposto desligamento não programado, por duas semanas, da principal linha N-SE, se a tecnologia de PMU fosse tivesse sido utilizada para aumentar o limite de transmissão em uma porcentagem de 20% a 25%, através de ajuste e rastreamento on-line do limite real de transferência, juntamente com a melhora do modelo de sistema e as medições mais precisas, então o ganho econômico para o suposto incidente teria ficado entre aproximadamente R$ 4,.50 e R$ 5,.40 milhões. Com base nas análises presentes neste relatório, pode-se concluir o seguinte: • A tecnologia de PMU fornecerá diversas melhorias às operações de sistema do ONS, tais como uma melhor determinação do limite de transmissão (através da melhora na precisão das medições e da modelagem do sistema), avaliação de segurança em tempo real on-line com o uso do Estimador de Estado com desempenho melhorado, tomada de decisão em tempo real com novas informações que atualmente não estão disponíveis, e análise pós-evento com registro de eventos sincronizados. • Embora não seja possível quantificar todos os ganhos econômicos nas operações do SIN resultantes da utilização da tecnologia de PMU, os resultados deste relatório mostram que somente o alívio dos congestionamentos poderia potencialmente levar a economias de dezenas de milhões de reais em um curto período de tempo. • A análise deste relatório também mostra a importância de se utilizar completamente a tecnologia de PMU para maximizar o uso das capacidades de transmissão das linhas de transmissão existentes durante contingências do sistema e/ou curtos períodos de pesados Projeto ESTAL / ONS: Aplicações em Tempo Real do SMSF Relatório 1: Ganhos Econômicos com o uso de Medições Fasoriais no SIN KEMA Inc. / KEMA Brasil 34 Proprietário Revisão 2 15 de Dezembro de 2006 congestionamentos devidos a desligamentos não programados, já que esta tecnologia poderia contribuir para que ganhos econômicos substanciais fossem alcançados durante estes períodos. Como não é economicamente justificável construir uma rede de transmissão de energia para atender às necessidades de transmissão durante períodos curtos de contingências do sistema e/ou de desligamentos não programados, a melhor maneira de se alcançar ganhos econômicos e evitar o super-dimensionamento na construção de linhas de transmissão é utilizar tecnologia avançada, tal como a tecnologia de PMU. Resumidamente, deve-se observar que os ganhos econômicos calculados neste relatório formam apenas uma pequena parcela dos ganhos econômicos totais que poderiam ser obtidos com a integração da tecnologia de PMU às operações do ONS. É importante ressaltar ainda que nenhuma outra tecnologia atualmente disponível oferece tanto em termos de um pacote de benefícios quanto a tecnologia de PMU. Projeto ESTAL / ONS: Aplicações em Tempo Real do SMSF Relatório 1: Ganhos Econômicos com o uso de Medições Fasoriais no SIN KEMA Inc. / KEMA Brasil 35 Proprietário Revisão 2 15 de Dezembro de 2006 7. 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