GESTÃO RACIONAL DO USO DA ÁGUA E ENERGIA NOS PIVÔS CENTRAIS NO ESTADO DE GOIÁS¹ Romes de Paula Machado Junior ² Prof. Dr. Antônio Pasqualetto ³ RESUMO Em pesquisa realizada em propriedades rurais no Estado de Goiás, busca-se avaliar o potencial de redução do uso de energia nos pivôs centrais, e também o de utilização de água, baseado na necessidade de irrigação de cada tipo de cultura e da estimativa do uso, a origem do bombeamento, se do leito dos cursos d’água ou de represas. Conclui- se que durante o ciclo das culturas o volume de água empregado é compatível com o requerido, porém existe potencial de redução no consumo, necessidade de gerenciamento do uso da energia e de se evitar bombeamento de água do leito de córregos e rios, estimulando a construção de açudes e represas. Palavras-Chave: Pivô Central; Energia; Água. RATIONAL USE OF WATER AND ELECTRICITY IN THE PUMPS OF WATER IN THE STATE OF GOIÁS Abstract: Research in rural properties in the state of Goiás assesses the potential for reduction of energy consumption in the pumps of water, and the application of water, based on the need for irrigation of each type of crop and the estimate of use, source of water, whether from rivers or reservoirs. The results indicate that during the crop cycle the volume of water is compatible with the necessity , but there is potential to reduce the consumption of water, need to manage electricity consumption and to avoid pumping water from source of water, stimulating the built of reservoirs. Key words: Pump of water; Energy; Water _______________________________________________ ¹ - Art igo apresentado ao Senai-Goiás/UCG em 07/08/2004 como parte das exigências para obtenção do título de Especialista em Gestão Ambiental. ² - Engenheiro Eletricista, especializando em Gestão Ambiental. ³ - Orientador, Engenheiro Agrônomo, Dr. Professor UCG/CEFET Goiás/SENAI. [email protected] 2 1 INTRODUÇÃO Denominam-se recursos energéticos as reservas ou fluxos de energia disponíveis na natureza e que podem ser utilizados para atender as necessidades humanas. Podem ser classificados como recursos fósseis (carvão, petróleo, turfa, gás natural, xisto betuminoso, urânio e o tório) ou como recursos renováveis (fluxos naturais, como ocorre na energia hidráulica, eólica, na energia das ondas do mar e energia da biomassa). Conforme a posição da energia na seqüência de processos, pode-se defini- la como: energia primária, energia secundária e energia útil. Energia primária é a fornecida pela natureza, como a energia hidráulica, petróleo, lenha e cana-de-açúcar. Energia secundária corresponde à energia resultante de processos de conversão, visando aumentar sua densidade energética, facilitar o transporte, armazenamento e adequação ao uso, como a eletricidade, combustíveis derivados do petróleo, álcool, carvão vegetal, etc. A energia útil é a energia consumida pelo usuário, devendo ser de algum fluxo energético simples, como calor de alta e baixa temperatura, iluminação, potência mecânica, etc. A relação entre energia útil e a fornecida pela energia secundária depende da eficiência do equipamento de uso final, ou seja, existe margem considerável para redução do desperdício de energia. (NOGUEIRA, 2001) O estabelecimento de ações voltadas para a eficiência energética são instrumento s baratos e eficientes que permitem reduzir as demandas de energia, e conseqüentemente postergar investimentos na geração e transmissão, além de permitir melhor aproveitamento do sistema já existente. No Estado de Goiás, dentre as possibilidades para eficientização energética e uso racional de água destaca-se o pivô central. São equipamentos que demandam grande quantidade de energia e água, mas que carecem de mecanismos de monitoramento visando racionalizar o uso destes recursos. Quanto à energia, o irrigante tem incentivos na utilização. Existe a tarifa verde, que é um desconto oferecido para não utilizá- la no “horário de ponta” (18:00 às 21:00 h), além do chamado “desconto da madrugada”, que considera o período das 21:00 às 5:00 h, aos irrigantes que adquirem os equipamentos de medição. Assim, pode haver significativa redução no valor da fatura de energia. Estes incentivos, porém, podem estar levando a má 3 utilização dos recursos energéticos. Em conseqüência, a má utilização dos recursos hídricos. Neste trabalho objetiva-se amostrar pivôs instalados, o volume de água utilizada e o consumo de energia, com a finalidade de se traçar um perfil da possibilidade de racionalização nestes equipamentos, podendo servir de orientação para tomada de decisões na liberação de novas instalações de pivôs centrais, bem como da situação atual dos equipamentos em uso. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA O Brasil possui 1.319 empreendimentos de geração de energia em operação, totalizando 86.237.385 KW de potência. A maior parte desta geração (76,98%), corresponde a usinas hidrelétricas. O Estado de Goiás possui capacidade instalada de 8.042.298,60 KW, o que corresponde a 9,32% do total. (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA – ANEEL, 2004). Com a falta de investimentos no setor e a escassez de chuvas, no ano de 2001 houve racionamento de energia elétrica que atingiu todo o país, afetando seriamente o setor produtivo. Apesar deste problema ter sido foco de alerta anteriormente, foi só diante da crise que a população tomou conhecimento da situação e das medidas que poderiam ser adotadas para minimizá- lo. Desta forma, passou-se a dar maior atenção tanto para o setor de geração, transmissão e distribuição de energia quanto para a utilização dos recursos hídricos. Isto não foi diferente para o Estado de Goiás, mesmo com grande volume de água disponível. O Estado de Goiás é banhado por duas bacias: a Bacia do Tocantins e Araguaia (Bacia 2) e a Bacia dos rios Paraná e Paraguai (Bacia 6) (AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS – ANA, 2004). A bacia hidrográfica do Tocantins-Araguaia (Bacia 2), localiza-se quase que integralmente entre os paralelos 2º e 18º e os meridianos de longitude oeste 46º e 56º. Sua configuração alongada no sentido longitudinal, seguindo as diretrizes dos dois importantes eixos fluviais – o Tocantins e o Araguaia – que se unem no extremo setentrional da Bacia, formando o baixo Tocantins, que desemboca no Rio Pará, pertencente ao estuário do rio Amazonas. A bacia do rio Tocantins possui vazão média anual de 10.900m³/s, volume 4 médio anual de 344 Km³ e área de drenagem de 767.000Km², que representa 7,5% do território nacional; onde 83% da área da bacia distribue-se nos Estados de Tocantins e Goiás (58%), Mato Grosso (24%); Pará (13%) e Maranhão (4%), além do Distrito Federal (1%). Limita-se com bacias de alguns dos maiores rios do Brasil, ou seja, ao Sul com a do Paraná, a Oeste, com a do Xingu e a Leste, com a do São Francisco. Grande parte de sua área está na região Centro Oeste, desde as nascentes dos rios Araguaia e Tocantins até sua confluência, na divisa dos Estados de Goiás, Maranhão e Pará. Desse ponto para jusante a bacia hidrográfica entra na região Norte e se restringe a apenas um corredor formado pelas áreas marginais do rio Tocantins (ANEEL, 2004). A bacia do rio Paraná e Paraguai (Bacia 6), localiza-se quase que integralmente entre os paralelos 2º e 18º e os meridianos de longit ude oeste 46º e 56º. Possui vazão média anual de 15.620 m³/s, volume médio anual de 495 Km³ e área de drenagem de 1.237.000 Km², formada por 8 sub-bacias. A área da bacia abrange os territórios dos Estados de Mato Grosso, Paraná, São Paulo e partes dos territórios dos Estados de Minas Gerais e Goiás. Geograficamente limita-se com as seguintes bacias hidrográficas brasileiras: a Bacia Amazônica, ao Norte, Bacia do Tocantins-Araguaia, Bacia do Rio São Francisco, a Noroeste, Bacia do Atlântico Trecho Leste, a Sudeste, com a Bacia do Uruguai, ao Sul. Grande parte de sua área está na região sudeste do Brasil.(ANEEL, 2004). Esta rede hidrográfica, condições climáticas e relevo plano favorecem a implantação de lavouras irrigadas, predominando os pivôs centrais. O sistema de irrigação por pivô central tem grande aceitação, pois permite a atingir grandes áreas, tem facilidade de manejo, facilita a aplicação de agrotóxicos e de adubação, possibilidade do uso de pequenas lâminas a intervalos reduzidos, além da vantagem de estar no local exato após um ciclo de irrigação. O pivô consiste numa tubulação com vários aspersores ou bocais, devidamente espaçados, suspensos acima da cultura por pequenas torres, providas de rodas e dispositivo motor. O equipamento funciona girando em torno de um eixo central, o pivô, irrigando uma área determinada, ao alcance do seu raio. Tem custo de implantação alto e causa perdas no aproveitamento e não otimiza áreas irregulares, com formatos diferentes do círculo. Existem hoje em Goiás 1.800 pivôs centrais instalados (COMPANHIA ENERGÉTICA DE GOIÁS – CELG, 2004b). A cada ano aumenta a quantidade e com eles a necessidade de recursos hídricos para atender as demandas das culturas. Os irrigantes são 5 considerados consumidores horo-sazonais, em função da tarifação. Desta forma, são tarifados em função do horário em que utilizam a energia elétrica, e em função da época do ano. Com relação ao horário, podem ser faturados para um valor de energia no horário de ponta e outro para o horário fora de ponta. O horário de ponta, para a CELG, é compreendido entre as 18:00 e as 21:00 h. Neste período o valor do consumo de energia elétrica chega a ser dez vezes maior que para o período fora de ponta. Para o irrigante que adquire os equipamentos para a medição de energia elétrica, existe ainda o horário reservado, que é um benefício oferecido exclusivamente para o setor agrícola, e que concede ainda um desconto de 40% sobre a tarifa na qual está enquadrado (chamado desconto da madrugada). Os equipamentos de medição são: os transformadores de corrente e o medidor de energia, eletrônico. Todos doados para a concessionária de energia. Outro benefício que pode ser concedido é a chamada tarifa verde. Esta modalidade tarifária implica na não utilização de energia no horário de ponta. Já com relação a sazonalidade, compreende um valor para tarifa no período seco e outro para o período úmido. O período úmido compreende os meses de dezembro a março e o período seco de abril a novembro. 3 METODOLOGIA A Companhia Energética de Goiás - CELG, disponibilizou as equipes técnicas da Divisão de Laboratórios e Medição para realização da pesquisa de campo. Os pivôs escolhidos fazem parte da rotina de instalação e manutenção de medidores eletrônicos, de forma aleatória e em todo o Estado de Goiás. Para tal elaborou-se um formulário de pesquisa contendo as seguintes características: número da fatura de energia; município em que se situa a propriedade; potência do transformador; potência do motor; rendimento do motor; área irrigada; tipo de lavoura; de onde é bombeada a água, se de represa ou do leito de rios. Foram pesquisadas 66 propriedades rurais, das quais obteve-se dados da área irrigada de 49, para cálculo do volume de água bombeado dos leitos d’água, de 21 para o cálculo do volume de água por cultura e de 58 para avaliação do uso inadequado de energia. Para o cálculo do volume de água por cultura, objetivando preservar a identidade do irrigante, as propriedades foram numeradas arabicamente de 1 a 21. 6 Os dados foram tabulados e organizados em tabelas para posterior avaliação. Com o número da fatura de energia, conseguiu-se um histórico do consumo de energia, permitindo avaliar quais os meses em que se irrigou e a quantidade de horas em que se utilizou o pivô, baseado nos dados de co nsumo do motor. Através das horas de uso do motor e do consumo de energia, pode-se estimar o volume de água bombeada. De posse dos dados do tipo de lavoura cultivada foi possível identificar se a quantidade de água está em conformidade com as demandas específicas para as culturas em estudo. O cálculo do volume estimado de água baseia-se no consumo de energia elétrica do histórico fornecido pela CELG e da informação de um volume médio de água por hectare. Este dado foi fornecido pelo engenheiro¹ da empresa PIVÔ, que instala equipamentos de irrigação no Estado. Para dados reais, seria necessário o levantamento da altura manométrica, perdas em tubulações, desnível de terreno. Mas uma estimativa média, segundo o engenheiro, e com grande aproximação, seria considerar a potência de 1,6 cv por hectare, com um bombeamento de 4 m³ de água por hora por hectare. A forma de bombeamento pode nos mostrar o tipo de impacto que é causado aos recursos hídricos. Um fazendeiro que possui represa própria impacta menos que um que bombeia diretamente do leito de rios e córregos. As represas podem captar a água não só de cursos de água como também a recebem da chuva. Cruzando todas as informações pode-se avaliar o potencial de redução do consumo de água e energia nos pivôs centrais do Estado de Goiás. 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES A Tabela 1 permite analisar a área irrigada por município visitado e a forma de captação da água, verificando-se quanto de área irrigada utiliza cursos d’água e quanto utiliza de represas. Na pesquisa de campo existem os nomes dos cursos d’água que abastecem as irrigações. Os dados obtidos contemplaram mais propriedades situadas em rios que deságuam no Paranaíba. Nesta região já ocorreram conflitos em relação ao uso da água entre o campo e a cidade. Nos municípios de Bom Jesus e Quirinópolis, houve desabastecimento devido ao bombeamento dos pivôs centrais, sendo necessária a abertura de poços artesianos para atender a demanda da população urbana. 7 TABELA 1 – FONTE DE RECURSOS HÍDRICOS E ÁREA IRRIGADA POR PIVÔ CENTRAL EM MUNICÍPIOS VISITADOS NO ESTADO DE GOIÁS Rio Principal Araguaia Araguaia Corumbá Corumbá Corumbá Corumbá Paraná Paraná Paraná Paranaíba Paranaíba Paranaíba Paranaíba Paranaíba Paranaíba Paranaíba Paranaíba Paranaíba Paranaíba Paranaíba Paranaíba Paranaíba Paranaíba Paranaíba Paranaíba São Marcos Fazendas Local de Captação dágua visitadas Curso dágua Área(ha) Represa Área(ha) Total(ha) Bom Jardim de Goiás 1 1 63,0 63,0 Itaberaí 1 1 58,0 58,0 Subtotal 2 2 121,0 0 0 121,0 Buriti Alegre 2 2 192,0 192,0 Morrinhos 1 1 100,0 100,0 Piracanjuba 1 1 94,0 94,0 Santa Cruz 2 1 100,0 1 126,0 226,0 Subtotal 6 1 100,0 5 512,0 612,0 Cabeceiras 1 1 60,0 60,0 Luziania 1 1 116,0 116,0 Planaltina 1 1 80,0 80,0 Subtotal 3 2 140,0 1 116,0 256,0 Acreúna 4 4 454,1 454,1 Bela Vista 1 1 110,4 110,4 Bom Jesus de Goiás 5 4 387,7 1 98,0 485,7 Cachoeira Dourada 1 1 50,0 50,0 Edealina 2 2 144,0 144,0 Hidrolândia 1 1 48,0 48,0 Itumbiara 3 1 45,0 2 196,8 241,8 Joviânia 3 1 97,0 2 149,0 246,0 Marcianópolis 1 1 94,0 94,0 Pontalina 3 3 248,0 248,0 Porteirão 1 1 70,0 70,0 Quirinópolis 1 1 124,8 124,8 Santa Helena 1 1 96,0 96,0 S. Miguel Passa Quatro 1 1 50,0 50,0 Turvânia 1 1 67,2 67,2 Vicentinópolis 4 4 345,6 345,6 Subtotal 33 10 983,8 23 1891,8 2875,6 Catalão 5 2 270,0 3 434,0 704,0 Subtotal 5 2 3 704,0 Total 49 17 1344,8 32 2519,8 4568,6 Município FONTE: CELG, 2004a. Das propriedades pesquisadas, 17 (ou 34,69%) apresentam o bombeamento direto do leito de rios ou córregos. Do total da área pesquisada de 4.568,60 ha (Tabela 1) estas propriedades representam 29,44%. Não existe preocupação com o armazenamento de água, do qual poderiam se beneficiar do período chuvoso para o enchimento de represas. Cabe ressaltar que o Estado de Goiás possui uma estação chuvosa bem definida, com ausência de chuvas no período de irrigação, momento este em que a vazão dos rios e córregos tende a 8 diminuir. Considerando uma utilização de 10 horas e cerca de 120 dias de ciclo em média para as culturas dos pivôs estudados, a informação do uso de 4 m³ e a área de 1344,8 ha (Tabela 1) utilizando água diretamente do leito de córregos ou rios, concluímos que para as propriedades estudadas são bombeados 6.455.040 m³ de água, no período seco. Daí a importância de se utilizar o represamento de água para irrigação das lavouras. O volume estimado bombeado dos leitos d’água só para as propriedades estudadas corresponde a aproximadamente 7 minutos de vazão média de toda a bacia do Paraná, que é de 15.620 m³/s (ANEEL, 2004). Comparado com uma cidade como Goiânia, onde se bombeia para abastecimento de água 2 m³/s do Rio Meia Ponte, e com a conclusão da nova barragem do ribeirão João Leite, que passará a 6m³ 2, este volume corresponde a aproximadamente 9 dias de fornecimento de água. As tabelas 2 a 11 mostram o tipo de cultura que foi encontrada em campo, a área cultivada, o volume estimado de água e o que seria necessário para todo seu ciclo. Separouse por propriedade visitada para que se fizesse a avaliação por cultura específica. Considera-se para efeito de cálculo necessário a média da água por cultura e para o cálculo estimado o volume médio de 4m³ por hora por ha. Para cada cultura gerou-se uma tabela com a estimativa de consumo de água para todo o ciclo e outra com a estimativa de consumo no mês de maior utilização do pivô. Esta comparação se torna interessante à medida que permite visualizar o uso no mês crítico, ou seja, em que tenha ocorrido pouca ou nenhuma precipitação pluviométrica, eliminando o cálculo baseado em média por ciclo da cultura. Este seria o mês ideal para que se avalie a eficientização do uso da água e conseqüentemente o de energia, pois se pode repetir com mais intensidade em um ano de pouca chuva. Neste caso, o abastecimento de água e de energia se torna crítico, e medidas preventivas poderiam ser tomadas. Da necessidade de água para uma cultura com dispêndio médio de 2mm de “chuva”, equivaleria a 20 m³ /dia/ hectare. Para uma cultura de 50 hectares e com uso de água por 150 dias, ter-se ia a necessidade de 150.000 m³ de água (TIBAU, 1977). Na tabela 2 percebe-se que para a cultura do café a diferença entre o necessário e o estimado é de -32,5%. O uso de bombeamento, aliado às chuvas fica claro. Como é uma cultura perene, observa -se que a irrigação correspondeu a 67,85% da necessidade de água. Neste caso, a análise foi de um ano. Todavia, na tabela 3, quando se 2 Engenheiro Agrônomo, Dr. Antônio Pasqualetto 9 considera o mês de maior consumo, pode-se perceber um va lor estimado superior ao necessário de 42,47%, indicando desperdício de água e energia, com espaço para possível eficientização. TABELA 2 – VOLUME DE ÁGUA ESTIMADO E NECESSÁRIO A CULTURA IRRIGADA DO CAFÉ POR PIVÔ CENTRAL NO ESTADO DE GOIÁS, DURANTE O CICLO. Propriedade Área Cultivada (ha) 1 250 Água Necessária por cultura (mm)/ciclo * 800-1.200 Volume de Água m³ / ciclo Horas de trabalho do Diferença em Necessário motor (h) Estimado relação ao necessário (%) 1696,2 1696200 2500000 -32,15 FONTE: * BERNARDO, 1995. TABELA 3 – VOLUME DE ÁGUA ESTIMADO E NECESSÁRIO A CULTURA IRRIGADA DE CAFÉ POR PIVÔ CENTRAL EM GOIÁS, NO MÊS DE MAIOR CONSUMO DE ÁGUA. Propriedade 1 Hora Água trabalho Necessária por motor mês cultura maior (mm)/Mês * consumo 250 83,3 296,7 Área Cultivada (ha) Volume de Água m³ / Mês Diferença em Estimado Necessário relação ao necessário (%) 296700 208250 42,47 FONTE: * BERNARDO, 1995. Na tabela 4, para a cultura do milho, considerando seu ciclo completo, percebe-se que as propriedades 3, 12 e 14, embora com valores próximos do necessário, apresentam desperdício de água. Estas propriedades situam-se nos municípios de Itumbiara, Luziânia e Joviânia. Em contrapartida, a propriedade 17 apresenta necessidade de irrigação de aproximadamente 50% da demanda da cultura. Quando se faz o estudo para o mês de maior consumo (tabela 5), verifica-se que as propriedades 2, 3, 4, 9, 12 e 16 tem uso hídrico além do necessário , sendo a propriedade 3 36,91% acima e a 12 chega a 42,96%. As propriedades 13 e 17 merecem um maior acompanhamento, pois mesmo considerando o pior caso de uso da irrigação, ainda apresentam valores muito abaixo do necessário. Pode ser feita uma visita ao local para inspeção nas condições de uso do equipamento, buscar explicação técnica sobre as demandas da cultura para a região e a disponibilidade de precipitação pluviométrica que justifiquem. Caso contrário, pode estar havendo mascaramento do consumo de energia. 10 TABELA 4 – VOLUME DE ÁGUA ESTIMADO E NECESSÁRIO A CULTURA IRRIGADA DO MILHO POR PIVÔ CENTRAL NO ESTADO DE GOIÁS, DURANTE O CICLO. Volume de Água m³ / ciclo Água Horas de Área Necessária trabalho do Propriedade Cultivada (ha) por cultura Diferença em Necessário motor (h) Estimado relação ao (mm)/ciclo * necessário (%) 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 94,0 96,0 45,0 134,4 96,0 120,0 150,0 120,0 104,0 80,0 116,0 36,0 93,0 97,0 65,0 58,0 400-800 400-800 400-800 400-800 400-800 400-800 400-800 400-800 400-800 400-800 400-800 400-800 400-800 400-800 400-800 400-800 1401,0 1582,0 1425,0 1245,3 1465,0 1028,6 1172,2 1405,3 1313,2 1213,3 1529,6 1128,9 1549,7 1136,3 1485,0 718,9 526776,0 607488,0 256500,0 669473,3 562560,0 493728,0 703320,0 674544,0 546291,2 388256,0 709734,4 162561,6 576488,4 440884,4 386100,0 166784,8 564000 576000 270000 806400 576000 720000 900000 720000 624000 480000 696000 216000 558000 582000 390000 348000 -6,60 5,47 -5,00 -16,98 -2,33 -31,43 -21,85 -6,31 -12,45 -19,11 1,97 -24,74 3,31 -24,25 -1,00 -52,07 FONTE: * BERNARDO, 1995. TABELA 5 – VOLUME DE ÁGUA ESTIMADO E NECESSÁRIO A CULTURA IRRIGADA DO MILHO POR PIVÔ CENTRAL EM GOIÁS NO MÊS DE MAIOR CONSUMO DE ÁGUA Propriedade 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 Área Cultivada (ha) 94,0 96,0 45,0 134,4 96,0 120,0 150,0 120,0 104,0 80,0 116,0 36,0 93,0 97,0 65,0 58,0 Água Necessária por cultura (mm)/Mês * 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 Hora trabalho motor mês maior consumo 393,8 513,4 375,7 357,7 307,5 323,5 319,3 400,6 337,1 347,9 536,1 270,0 342,7 345,0 399,4 258,1 Volume de Água m³ / Mês Estimado 148068,8 197145,6 67626,0 192299,5 118080,0 155280,0 191580,0 192288,0 140233,6 111328,0 248750,4 38880,0 127484,4 133860,0 103844,0 59879,2 Necessário 141000 144000 67500 201600 144000 180000 225000 180000 156000 120000 174000 54000 139500 145500 97500 87000 Diferença em relação ao necessário (%) 5,01 36,91 0,19 -4,61 -18,00 -13,73 -14,85 6,83 -10,11 -7,23 42,96 -28,00 -8,61 -8,00 6,51 -31,17 11 FONTE: * BERNARDO, 1995. Nas tabelas 6 e 7, os dados são referentes à cultura da soja. Percebe-se na propriedade 19, na tabela 6, consumo por ciclo acima do necessário, de 3,3 % e a propriedade 18 de consumo cerca de 50% da demanda necessária. Já na tabela 7, a propriedade 19 tem consumo acima do necessário de 17,29% e a propriedade 18 apresenta um valor de 26,04% abaixo, necessitando também de maior acompanhamento do histórico de consumo, para que se verifique a variação ocorrida. A influência da irrigação é fundamental não apenas para o sucesso da cultura, mas traz economia de recursos naturais. De acordo com Vanzella et.al (2001), há metodologias de ensaio descritas nas normas da ABNT que permitem garantir a otimização do equipamento. TABELA 6 – VOLUME DE ÁGUA ESTIMADO E NECESSÁRIO A CULTURA IRRIGADA DE SOJA POR PIVÔ CENTRAL NO ESTADO DE GOIÁS, DURANTE O CICLO. Propriedade 18 19 Área Cultivada (ha) 94,0 100,8 Água Necessária por cultura (mm)/ciclo * 400-800 400-800 Volume de Água m³ / ciclo Horas de Diferença em trabalho do relação ao Estimado Necessário motor (h) necessário (%) 772,3 1549,5 290384,8 624758,4 564000 604800 -48,51 3,30 FONTE: *BERNARDO, 1995. TABELA 7 – VOLUME DE ÁGUA ESTIMADO E NECESSÁRIO A CULTURA IRRIGADA DA SOJA POR PIVO CENTRAL EM GOIÁS, DURANTE O MÊS DE MAIOR CONSUMO. Propriedade Área Cultivada (ha) 18 19 94,0 100,8 Água Necessária por cultura (mm)/Mês * 138,46 138,46 Hora trabalho motor mês maior consumo 256 406 Volume de Água m³ / Mês Diferença em Estimado Necessário relação ao necessário (%) 96256,0 163699,2 130152,4 139567,7 -26,04 17,29 FONTE: *BERNARDO, 1995. Para a cultura do sorgo, tabelas 8 e 9, não são perceptíveis exageros no uso do pivô central. Há que se considerar que esta cultura é uma das menos exigentes em demanda hídrica, sendo cultivada em muitas situações como cultura de safrinha (cultivo feito após a colheita da cultura principal de verão). Esta característica pode contribuir para evitar 12 exageros na oferta de água por pivô central e deixar o produtor em menor risco de perdas na colheita. A cultura para esta propriedade apresenta valores entre o estimado e o necessário muito próximos, quando se considera o mês de maior consumo. Cabe ressaltar que para este caso, o histórico estudado apresenta poucos dados, sendo interessante acompanhamento mais ciclos da cultura. O ano seguinte ao do estudo apresenta histórico irregular, com pouco consumo de energia, que pode caracterizar a não utilização do pivô. TABELA 8 – VOLUME DE ÁGUA ESTIMADO E NECESSÁRIO A CULTURA IRRIGADA DO SORGO POR PIVÔ CENTRAL NO ESTADO DE GOIÁS, DURANTE O CICLO. Área Propriedade Cultivada (ha) Volume de Água m³ / ciclo Água Horas de Necessária trabalho do por cultura Diferença em Necessário motor (h) Estimado (mm)/ciclo * relação ao necessário (%) 20 97 300-600 531,6 206260,8 436500 -52,75 FONTE: * BERNARDO, 1995. TABELA 9 – VOLUME DE ÁGUA ESTIMADO E NECESSÁRIO A CULTURA IRRIGADA DE SORGO POR PIVO CENTRAL NO ESTADO DE GOIÁS, DURANTE O MÊS DE MAIOR CONSUMO DE ÁGUA. Propriedade Área Cultivada (ha) 20 97 Água Necessária por cultura (mm)/Mês * 112,5 Hora Volume de Água m³ / Mês trabalho Diferença em motor mês relação ao Estimado Necessário maior consumo necessário (%) 282 109416 109125 0,27 FONTE: *BERNARDO, 1995. No caso de culturas hortículas, as tabelas 10 e 11 trazem dados para o tomate. Observa-se que na propriedade 21, a água estimada para o ciclo completo (tabela 10) fica abaixo do necessário em 13,84%. Porém, quando se observa o uso para o mês de maior consumo, este valor passa a ser 13,27% acima da demanda da cultura, mostrando possibilidade de otimização do sistema para o período crítico. O tomate é uma cultura muito susceptível a doenças e sempre que possível deve-se evitar o uso de sistemas de irrigação por aspersão. Muito embora o pivô cumpra a função de distribuir produtos químicos, a demanda de água e energia é exageradamente superior a sistemas de irrigação por gotejamento. Experiência recente foi vivida pelos produtores de 13 tomate da região de Patrocínio, MG, que para atenderem a capacidade ociosa de uma indústria local viram-se impedidos de ampliar a área de plantio caso mantivessem o sistema de irrigação por aspersão, dada a pouca oferta hídrica. O problema foi solucionado mudando o sistema de irr igação para gotejamento. Além de suprir a capacidade de operação da indústria, obteve-se tomate de melhor qualidade. 3 TABELA 10 – VOLUME DE ÁGUA ESTIMADO E NECESSÁRIO A CULTURA IRRIGADA DO TOMATE, POR PIVO CENTRAL NO ESTADO DE GOIÁS, DURANTE O CICLO. Volume de Água m³ / ciclo Água Horas de Diferença em Área Necessária Propriedade trabalho do Cultivada (ha) por cultura relação ao motor (h) Estimado Necessário (mm)/ciclo * necessário (%) 21 67,2 300-600 969,3 260547,8 302400 -13,84 FONTE: *BERNARDO, 1995. TABELA 11 – VOLUME DE ÁGUA ESTIMADO E NECESSÁRIO DA CULTURA IRRIGADA DO TOMATE, POR PIVÔ CENTRAL NO ESTADO DE GOIÁS, DURANTE O MÊS DE MAIOR CONSUMO DE ÁGUA. Propriedade Área Cultivada (ha) 21 67,2 Água Necessária por cultura (mm)/Mês * 135 Hora Volume de Água m³ / Mês trabalho Diferença em motor mês Estimado Necessário relação ao maior consumo necessário (%) 382,3 102762,2 90720 13,27 FONTE: BERNARDO, 1995. Verifica-se que a utilização de água pelos pivôs durante o ciclo da cultura, algumas vezes, se encontra até abaixo da necessidade. A explicação reside no fato dos pivôs serem desligados quando da ocorrência de chuvas. Para maior avaliação da possibilidade de redução do desperdício, avalia-se cada pivô por mês, pois se observa pelo histórico que em alguns meses o consumo de energia aumenta, refletindo maior bombeamento de água, especialmente no mês mais seco. No caso da cultura da soja, avaliou-se apenas duas propriedades, sendo que uma delas apresenta pequeno desperdício em relação ao que seria necessário, tornando-se significativo quando do estudo para um mês específico. No caso do sorgo havia consumo muito irregular do pivô, não só no período estudado como nos subseqüentes. No caso do tomate, de um valor inferior ao 3 Engenheiro Agrônomo, Dr. Antônio Pasqualetto 14 necessário, considerando-se a média, passa-se a um valor superior, para o mês de maior consumo de água. Ao se analisar o histórico de consumo, observou-se o uso do pivô no horário de ponta (18:00 às 21:00 h). A tabela 12 é um resumo destes históricos, a partir do mês de junho de 2002 até o mês de maio de 2004, onde se colocou os consumos mais significativos no horário de ponta. Pode-se observar a utilização dos pivôs neste horário, onde o custo da energia é mais elevado, bem como o pagamento de demandas de ultrapassagem. O custo atual do KWh, período seco, tarifa verde, subgrupo A4, no horário de ponta é de R$ 0,77309, enquanto o KWh no horário fora de ponta é de R$ 0,08861. O valor da demanda de ultrapassagem é de R$ 26,36 o KW (CELG 2004b). Uma outra observação feita a partir do histórico, é que existem pequenos consumos em meses de não utilização do pivô, para vários irrigantes. Mostra que houve acionamento do motor por um curto intervalo de tempo, após a leitura mensal. Este fato ocorre muitas vezes após o término de uma cultura, onde se liga o equipamento por descuido, teste ou manutenção. O motor, acionado por um período de 15 minutos, gera um valor de demanda que poderia ser evitado. Só para exemplificar, o valor de demanda para a tarifa verde é de R$ 8,38 (CELG, 2004b). Uma demanda de 100 KW gera pagamento de R$ 838,00 só pelo acionamento de 15 minutos ao longo do mês. Uma forma simples de se evitar este gasto seria observar a passagem do leiturista e se evitar o acionamento do pivô após a leitura dos dados do medidor, pois neste momento o equipamento é zerado para um novo ciclo de faturamento, que vai de 28 a 33 dias. Um acompanhamento das faturas, com a observação correta das demandas utilizadas, também auxiliaria a evitar o pagamento de demandas de ultrapassagem e acionamentos indevidos, e conseqüentemente redução de despesas com energia elétrica. O aumento de demanda pode inclusive ser interpretado como problemas no uso ou funcionamento do motor. Caso houvesse necessidade de maior demanda, seria necessária a revisão do contrato de fornecimento junto à concessionária de energia, pois existe uma tolerância de apenas 10% para a ultrapassagem deste valor. Quando se excede este valor, se paga a demanda de ultrapassagem citada, acarretando aumento considerável na fatura de energia. Estes valores refletem no custo final do produto, ou na redução da margem de lucro do produtor rural e poderiam estar sendo utilizados na melhoria da produção. O irrigante de número 357-908 (tabela 12) que teve uma demanda de 45 KW de ultrapassagem pagou R$ 1.051,20 de 15 multa, que poderia ser evitada ou reduzida. No total de utilização no horário de ponta, no intervalo de tempo da pesquisa, para todos os pivôs, chegou-se a um valor de 85.438 kWh. Assim, para todos estes irrigantes, no período da pesquisa, houve pagamento desnecessário de R$ 66.051,26. Pode-se afirmar que falta gerenciamento do equipamento, evitando a utilização neste horário, o que traria redução nas faturas de energia elétrica. Dos dados levantados podem ainda ser feitos outros estudos. Correção de fator de potência, que eficientiza ainda mais o uso de energia elétrica, através do uso de capacitores e eliminação de reativos que geram multas. A redução da energia reativa libera carga para o sistema, permitindo que outros consumidores sejam ligados sem a necessidade de novos investimentos na geração e transmissão de eletricidade. Como se pode observar que existem falhas no acompanhamento do funcionamento do pivô, este trabalho de eliminação de reativos pode se tornar muito interessante ao sistema elétrico. A gestão racional do uso de energia envolve também um estudo do local da instalação dos equipamentos, para se saber se na região comporta o aumento de carga. Em algumas regiões do Estado já foi necessário remanejar o horário de funcionamento dos pivôs. A tarifa verde libera o uso na ponta nos finais de semana (18:00 às 21:00 h) e com a entrada da carga destes equipamentos às subestações não comportavam a demanda de energia. Houve a necessidade do des locamento deste incentivo para dias da semana, visando readequar o uso da energia. Logo, a instalação de um pivô passa por questões do uso da água e também de energia. Um mapeamento dos pivôs, com monitoramento dos recursos hídricos, disponibilidade energé tica da região e também da produção passa a ser interessante por diversos aspectos: questões ambientais, como uso da água, uso de agrotóxicos, desmatamentos; planejamento do setor elétrico, para expansão de redes, controle de desvio de energia; dados da produção, facilitando projeções de arrecadação de impostos, investimentos no setor. Faz-se necessário , também, eliminar o bombeamento direto de cursos d’água. A água utilizada pelos pivôs no período seco já por diversas vezes comprometeu o abastecimento de pequenas cidades no interior de Goiás, causando o secamento do leito de pequenos riachos e obrigando a companhia de saneamento a abrir poços artesianos. 16 TABELA 12 – CONSUMO NO HORÁRIO DE PONTA E DEMANDA DE ULTRAPASSAGEM MAIS SIGNIFICATIVAS NOS PIVÔS ESTUDADOS Local 197 197 197 69 69 188 188 197 958 958 958 42 42 357 12 125 125 125 125 125 244 244 244 244 244 244 244 244 244 244 244 244 57 57 57 57 57 57 57 57 57 57 86 Cliente 1246 1246 1246 21935 21935 3153 3153 1093 275 275 290 3587 3839 908 29537 4863 4863 4863 4863 4863 4282 4282 4282 4282 4282 4282 4283 4283 4283 4283 4283 4283 1797 1797 1797 1797 1898 1898 1898 1898 2290 2290 1776 FONTE: CELG, 2004b. Data 2002/07 2003/07 2004/05 2002/08 2002/10 2003/08 2003/09 2003/06 2004/01 2004/02 2002/06 2002/07 2002/07 2002/07 2004/01 2003/01 2003/07 2003/09 2003/10 2003/11 2002/06 2003/06 2003/07 2003/08 2003/09 2003/10 2002/06 2003/06 2003/07 2003/08 2003/09 2003/10 2002/09 2003/05 2003/06 2003/08 2002/09 2003/08 2003/09 2003/10 2003/06 2003/09 2002/06 Consumo Consumo Consumo Consumo Demanda Ponta Fora Ponta Reservado Total Ultrapassagem (KWh) (KWh) (KWh) (KWh) (KW) 437 46789 13930 61156 0 430 44537 26813 71780 0 536 32226 18042 50804 0 744 51442 20869 73055 0 607 44903 25409 70919 0 554 11042 17863 29459 15 447 12723 15417 28587 14 645 31610 16704 48959 0 598 21411 15057 37066 0 612 11120 6293 18025 0 614 28884 10818 40316 0 595 30883 31613 63091 0 601 40463 27139 68203 0 742 39214 18446 58402 45 442 16618 12038 29098 0 664 149 1594 2407 0 653 5640 23222 29515 0 1055 11165 7814 20034 0 2646 42706 31718 77070 0 858 6053 13310 20221 0 745 13104 1483 15332 0 834 5897 4671 11402 0 2495 24160 17587 44242 0 2509 26997 14323 43829 0 1947 29462 15902 47311 0 1169 23264 6606 31039 0 751 13238 1491 15480 0 814 6797 5901 13512 0 2896 24742 17898 45536 0 2502 27078 14349 43929 0 1952 29664 15920 47536 0 1174 23491 6554 31219 0 1996 28758 11592 42346 0 1415 14778 10086 26279 0 438 18402 12444 31284 0 1105 12696 9639 23440 0 498 33165 10794 44457 0 435 25878 14169 40482 0 623 32064 16494 49181 0 809 27027 17271 45107 0 699 9769 7924 18392 0 754 32681 20819 54254 0 647 49267 16234 66148 0 17 Outro fato que deve ser levado em consideração neste resultado é a característica pluviométrica do ano em estudo. Pode se observar para um mesmo pivô uma variação de consumo entre dois anos distintos, advinda do volume de chuvas. Em várias propriedades visitadas, quando do período de irrigação, observa-se no final do pivô locais onde os veículos atolam no barro formado pelo excesso de água lançada. A melhoria do controle da água nas lavouras leva também a redução do consumo de energia elétrica. A energia elétrica tem vários subsídios incorporados, com um custo muito menor para o irrigante. Por desconhecimento ou descuido as faturas de energia não são acompanhadas. Campanhas de esclarecimento junto aos irrigantes poderiam ser feitas, mostrando quais dados poderiam ser interpretados. Dados que são colocados nas contas, com nomes como UFER e DMCR indicam pagamento de multas devido a baixo fator de potência. Demandas de ultrapassagem indicam um contrato que necessita de revisão. Utilização no horário de ponta mostram desconhecimento do valor de tarifa para este período. Todos estes dados podem se tornar confusos para o proprietário rural, que deixa passar oportunidades de reduzir sua conta de energia e causam prejuízos ao sistema elétrico. Energia que poderia estar sendo liberada para outros consumidores acaba desperdiçada no uso inadequado do equipamento. Os resultados podem ser extrapolados para todos os pivôs existentes, bastando para tanto conhecer o tipo de lavoura, potência do motor instalado, área irrigada e o histórico de consumo. Um dos dados da pesquisa de campo que não foi utilizado é de qual curso d’água se dá o bombeamento, que permitiria estudar se o volume de água utilizado é compatível com o do curso d’água no período de seca. Informações sobre estes volumes médios de água dos ribeirões goianos não estão ainda disponíveis, mas são dados que se tornam importantes para a gestão dos recursos hídricos. A localização dos pivôs, a vazão dos cursos d’água que os servem e a precipitação pluviométrica do ano auxiliariam na tomada de decisões para evitar o desabastecimento de água. 5 CONCLUSÕES Para a abrangência da pesquisa realizada, conclui-se que: A – Há desperdício de água e energia; 18 B – Há técnicas de gerenciamento do uso da água e energia, que permitem racionalizar o uso; C – Os órgãos gestores devem gerenciar os cursos hídricos para não comprometer o uso múltiplo da água. 6 REFERÊNCIAS AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. ANA. Bacias Hidrográficas. Disponível em <htpp:// www.ana.gov.br> acesso em: 19 fev. 2004. AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. ANEEL. Capacidade de Energia. Disponível em: <htpp:// www.aneel.gov.br/aplicações/capacidadebrasil.asp> acesso em: 17 fev. 2004. AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. ANEEL. Resolução 456. Nov. 2000. AMBIENTE BRASIL. Mapa Geral. Disponível <htpp://www.ambientebrasil.com.br/estadual/go.html> acesso em: 22 jun. 2004. em: AMBIENTE BRASIL. Mapa Hidrografia. Disponível <htpp://www.ambientebrasil.com.br/estadual/go.html> acesso em: 22 jun. 2004. em: BERNARDO, S. Manual de Irrigação 6ª. ed. Viçosa: UFV, Impr. Univ. 1995. COMPANHIA ENERGÉTICA DE GOIÁS S.A. CELG. Divisão de Medição de Energia. 2004a. COMPANHIA ENERGÉTICA DE GOIÁS S.A. CELG. Divisão de Faturamento. 2004b. NOGUEIRA, L. Conservação de Energia: Eficiência Energética de Instalações e Equipamentos. Itajubá, MG: FUPAI, 2001. TIBAU, A. Técnicas Modernas de Irrigação – 2ª. Ed. São Paulo, Nobel, 1977. VANZELA, L. S., CÉSAR, L. E. V., ZOCOLER, G. L. Efeito da Linha Lateral de um Equipamento de Irrigação do Tipo Pivô Central na Uniformidade de Distribuição de Água e Eficiência de Irrigação. In Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola, 3 p, 2001. Foz do Iguaçu, 2001.