Revista EDUC-Faculdade de Duque de Caxias/Vol. 01- Nº 02/Jul-Dez 2014 O USO DAS TIC’s COMO FERRAMENTAS DE APOIO PARA O ENSINO DA MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO BÁSICA Jorge Dias Ferreira Mestrando em Ensino das Ciências na Educação Básica-UNIGRANRIO Especialista em Educação Matemática – UNISUAM/RJ Docente da Faculdade de Duque de Caxias e UCB E-mail: [email protected] Chang Kuo Rodrigues Doutora em Educação Matemática pela PUC/SP Docente do Mestrado Profissional em Ensino das Ciências na Educação Básica -UNIGRANRIO e do Mestrado Profissional em Educação Matemática da UFJF/MG E-mail: [email protected] Resumo: Considerando que, ao longo da história, a procura por novos conhecimentos sempre foi uma característica da existência humana e a Matemática é uma das ciências que não se furta a essa regra, este artigo objetiva enfocar o desenvolvimento da prática do ensino da Matemática na Educação Básica, com ênfase para o uso pedagógico das tecnologias de informática e telecomunicações e de materiais virtuais interativos que possam auxiliar o docente no processo ensino-aprendizagem. Palavras-chave: Informática na educação. Tecnologia de Informação e Comunicação. Prática docente. Abstract - Whereas, throughout history, the search for new knowledge has always been a feature of human existence and the Mathematics is a science that does not steal this rule, this article aims to focus on the development of the practice of the teaching of Mathematics in basic education, with emphasis on the educational use of computer and telecommunications technologies and virtual interactive materials that can help the teacher in the teaching- learning process. Keywords: Computing in education. (TIC). Teaching practice. Information and communication technology 82 Revista EDUC-Faculdade de Duque de Caxias/Vol. 01- Nº 02/Jul-Dez 2014 1- CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA MATEMÁTICA A busca por novos conhecimentos sempre foi uma característica da existência humana e a Matemática é uma das ciências que não se furta a esse princípio, ora atuando como ferramenta fundamental ou de base para outras ciências, ora presente no cotidiano do homem e de modo tão intrínseco e inseparável que ele não se dá conta do quanto esta ciência se faz presente tanto nas suas ações mais simples, quanto nas mais complexas. Questões básicas sobre o surgimento da Matemática, tais como: “quando, como e onde começou”, não encontram respostas simples ou objetivas. Segundo Garbi (2007, p.6), por volta de 9000 a.C. a agricultura passa a ser praticada pelo homem, tornando-o fixo na terra e forçando-o a se estruturar socialmente. Este começa, então, a observar o clico das estações e a estabelecer uma forma para a contagem do tempo (um calendário foi instituído por volta de 4500 a.C. por um povo pré-sumeriano). Garbi (2007, p. 6 e 7) acrescenta que, por volta do quarto milênio a.C., surge com os sumérios a primeira forma de escrita (escrita cuneiforme, ou seja, símbolos em forma de cunha), pois era necessário passar a efetuar os registros das transações comerciais, estoques, coleta de impostos etc. A partir deste fatores, surge a necessidade de se estabelecer assentamentos numéricos e, complementa Garbi (2007, p. 7), que alguns especialistas acreditavam que a escrita foi desenvolvida com o objetivo de proceder o registro de dados numéricos e, somente mais tarde, ela foi utilizada para outros fins, tais como o registro de relatos históricos. Afirma, ainda, Garbi (2007, p.7) que, com o surgimento da escrita e da representação numérica, ainda que de forma peculiar ou com especificidades voltadas para atender cada povo que as tenha desenvolvido, dá-se o registro escrito do conhecimento adquirido, que dessa forma é transmitido às gerações futuras, o que foi feito utilizando diversos materiais, tais como: pedra, papiro, barro, osso etc., embora não existisse ainda a ideia de se estudar os “números” de uma forma independente. Estudos linguísticos desenvolvidos no século XIX, dentre eles estão as teorias de Mikhail Bakhtin, um dos maiores estudiosos da linguagem humana, que afirmam que a linguagem escrita, sem negar a função comunicativa, se deduz da necessidade do 83 Revista EDUC-Faculdade de Duque de Caxias/Vol. 01- Nº 02/Jul-Dez 2014 homem de expressar-se, de exteriorizar-se. A essência da língua, de uma forma ou de outra, resume-se à criatividade espiritual do indivíduo (BAKHTIN, 2000, p. 291). Ressalta Garbi (2007, p. 14) que os antigos egípcios já empregavam símbolos para duas operações da Aritmética, ou seja, há registro de símbolos para a soma e subtração no papiro de Ahmes (1650 a.C.). Entretanto, é na Grécia (por volta de 600 a.C. a 300 a.C..) com os filósofos Tales, Pitágoras e Euclides que a Matemática demonstrativa começa a ser desenvolvida e transmitida para alguns “escolhidos”. Os chamados pitagóricos, seguidores de Pitágoras, foram os primeiros a enxergar a Matemática como algo abstrato, pairando acima da realidade física. Segundo Eves (2004, p. 289), a metade do século V até o século XI é conhecido como Baixa Idade Média. Durante esse período a civilização na Europa Ocidental atingiu níveis muito baixos: o ensino praticamente deixou de existir, quase todo o saber grego desapareceu e muitas das artes e dos ofícos legados pelo mundo antigo foram esquecidos. Afora a elaboração do calendário cristão, muito pouca Matemática se fez durante o meio milênio da Baixa Idade Média. Tendo por base o século XVII, Brito (2012) ressalta a importância da Matemática em diversas áreas, culminando sua presença com a formação educacional que transcende até os dias atuais: O sucesso das aplicações matemáticas nas explicações físicas, nas navegações, nas transações comerciais, etc.; o pressuposto de que a matemática seria o método para a resolução de qualquer problema; a adoção da ideia pitagórica de que o mundo teria sido criado a partir de um principio geométrico; a adoção do humanismo e, portanto, a leitura de obras clássicas gregas da Antiguidade que ressaltavam a matemática como verdadeiro conhecimento – Arquimedes (século II a.C.), Proclo (século V) e Galeno são citados por Jungius, em seu livro Geometria Empírica (1672) – trouxeram a baila a importância da matemática na formação educacional. (grifos meus) (BRITO, 2012, p. 29) O crescimento da Matemática como ciência passou, ao longo dos séculos seguintes, pelas mãos de estudiosos renomados como Newton, Huygens, Halley e Leibniz, que dedicaram suas vidas ao desenvolvimento da Física e da Matemática. Para a disseminação desses saberes, contaram com o surgimento de materiais interativos de 84 Revista EDUC-Faculdade de Duque de Caxias/Vol. 01- Nº 02/Jul-Dez 2014 suma importância utilizados amplamente até os nossos dias, como o papel e a imprensa, “mídias” que estavam disponíveis à época e que ajudaram a registrar e multiplicar esses conhecimentos. 2- O PROINFO E O USO PEDAGÓGICO DAS TIC’S Basicamente durante décadas o professor e os educadores de todas as áreas fizeram uso do giz e da lousa em sala de aula e em espaços educativos para promover a transmissão de conhecimentos. É necessário destacar que, apesar de todo o avanço tecnológico, financeiro e social existentes em nosso planeta no século XXI, milhões de alunos em todo o mundo ainda se utilizam essencialmente destes recursos didáticos e de alguns raros livros e jogos interativos para despertar e fixar a aprendizagem. No Brasil, esta realidade ainda está presente em um número significativo de escolas de cidades das Regiões Norte e Nordeste, como está ilustrado na Tabela 1: Tabela 1: Número de alunos por computador nas escolas de Educação Básica da rede pública 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste 163 162 83 55 85 127 115 65 45 66 87 72 52 35 45 60 53 42 26 36 51 45 37 23 32 48 42 35 21 30 Fonte: http://www.todospelaeducacao.org.br/> Pode-se observar que, embora estejamos distantes de uma educação que se utilize e disponibilize os recursos educacionais informáticos necessários, o Gráfico 1, apresentado a seguir, mostra que houve melhorias nesse sentido, reduzindo o número de alunos por computador nas escolas de Educação Básica, a partir da criação de politicas públicas direcionadas para esse assunto, como o PROINFO: 85 Revista EDUC-Faculdade de Duque de Caxias/Vol. 01- Nº 02/Jul-Dez 2014 Com a publicação da Portaria Nº 522 de 9 de abril de 1997 do Ministério da Educação cria-se o PROINFO, inicialmente denominado Programa Nacional de Informática na Educação, com o objetivo de disseminar na rede pública de ensino brasileira (Fundamental e Médio) o uso pedagógico das tecnologias de informática e telecomunicações: Art. 1º Fica criado o Programa Nacional de Informática na Educação – PROINFO, com a finalidade de disseminar o uso pedagógico das tecnologias de informática e telecomunicações nas escolas públicas de ensino fundamental e médio pertencentes às redes estadual e municipal. Art 2º Os dados estatísticos necessários para planejamento e alocação de recursos do PROINFO, inclusive as estimativas de matrículas, terão como base o censo escolar realizado anualmente pelo MEC. Com este e outros instrumentos legais, retoma-se nas escolas públicas do Brasil a discussão sobre a informatização do ensino em todas as disciplinas da estrutura curricular da Educação Básica, que atuaria como um facilitador da aprendizagem tanto 86 Revista EDUC-Faculdade de Duque de Caxias/Vol. 01- Nº 02/Jul-Dez 2014 para professor quanto para o aluno. Entretanto e apesar disso, a implantação, utilização e aplicabilidade da TIC (Tecnologia de Informação e Comunicação), que no contexto deste artigo entendemos como as tecnologias usadas com fins pedagógicos para agregar, distribuir e compartilhar informações e materiais interativos virtuais em sala de aula e no ambiente escolar, caminharam em um ritmo muito menor que a expansão e a facilidade de acessibilidade aos novos recursos tecnológicos foram disponibilizadas para diversos segmentos da sociedade brasileira. Na rede pública da Educação Básica, apesar da evolução apresentada no Gráfico 1, este acesso foi mais tímido, principalmente para crianças e jovens das classes menos favorecidas, que, na sua maioria, também são privados do uso pessoal de computadores, laptops, tablets, smartphones, calculadoras (científicas ou não), aparelhos celulares com acesso à internet, softwares específicos etc. Apesar de a Matemática estar diretamente ligada ao crescimento da tecnologia e da informatização, há uma divisão de opiniões entre docentes quanto ao uso dessas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) pelos discentes. Essa discussão acerca da “informatização da educação” se arrasta antes mesmo da publicação da Portaria 522 (MEC, 1997), pois em julho de 1983, o Comitê Executivo da Comissão Especial n.11: Informática e Educação (CE-IE n.11/1983), formado por representantes de universidades como: UFRS, UFRJ, UFPE, UNICAMP entre outras, aprovou o Projeto Brasileiro de Informática na Educação – EDUCOM (COMputadores na EDUcação). À época da elaboração do projeto, coube a Eduardo Oscar Campos Chaves, professor da UNICAMP, formalizar a justificativa da aplicabilidade da informática na educação. Segundo Moraes (2002, p.63), os principais argumentos do Prof. Chaves foram: 1. O computador surge como um meio auxiliar alternativo, um recurso para diminuir as carências, em especial do 1º grau, quanto à evasão e à repetência. 2. As formas de utilização do computador na educação não se prestam a atingir todos os objetivos educacionais, sendo que há formas mais adequadas para certos objetivos do que para outros, mas, no geral, qualquer forma de utilização da informática na Educação pode trazer resultados pedagógicos. Tendo por base o EDUCOM, Moraes (2002, p.64) ressalta a posição de Chaves que afirma que as críticas, geralmente proferidas aos projetos de utilização de computadores na educação, podem ser divididas em três grupos principais: 87 Revista EDUC-Faculdade de Duque de Caxias/Vol. 01- Nº 02/Jul-Dez 2014 1. Os que não acreditam que o computador terá um efeito muito grande sobre a educação e, consequentemente, não se deve superdimensionar a questão. 2. Os que acreditam que o computador terá um efeito muito poderoso sobre a educação e temem que este venha a ser desastroso. 3. Os que acreditam na importância dos efeitos do computador na educação, mas acham que sua introdução não é prioritária. Complementa Moraes (2002, p.64) que, passadas quase três décadas da apresentação do projeto EDUCOM, pode-se comprovar que ainda existem críticas atuais que se enquadram ou se assemelham às apresentadas por Chaves à época, que justificava desde então a necessidade da introdução da Informática na educação, alertando para o fato de que: - O processo de informatização da sociedade brasileira caminha com rapidez e parece irreversível. - Em vista da informatização da sociedade, muitas escolas particulares estão participando desse processo, e o poder público não pode ficar alheio a isso, distanciando ainda mais o ensino oferecido na escola pública do oferecido pela escola particular. - A necessidade de se ter autonomia cultural e tecnológica, diminuindo, assim a distância que separa o país das nações mais desenvolvidas onde a informática é, hoje, fator preponderante. - Uma experiência desenvolvida na Escola Estadual Marquês de São Vicente, de primeiro e segundo graus, comprovou que a repetência em classes da 1ª série do primeiro grau, quando usam o computador como auxiliar no processo de alfabetização, reduz a repetência para a ordem de 10% (contra a média nacional que é de 50%), portanto, quaisquer melhorias do processo educacional serão sempre bem-vindas. - Pesquisas feitas tanto no Brasil como no exterior mostram que a informática no ensino contribui para acelerar o desenvolvimento cognitivo do educando. 3- O DESAFIO DA INSERÇÃO DA INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO Esses relatos demonstram claramente que havia uma preocupação bastante acentuada de Chaves com a inserção da informática na educação, objetivando acompanhar o avanço tecnológico mundial, encurtando dessa forma as diferenças entre o Brasil e as nações desenvolvidas. Segundo Moraes (2002, p.65), conflitos políticos e ideológicos alteraram a composição de forças na base de sustentação científicoacadêmica da tecnoburocracia do MEC. Chaves foi afastado do processo decisório na 88 Revista EDUC-Faculdade de Duque de Caxias/Vol. 01- Nº 02/Jul-Dez 2014 segunda metade da década de 1980, tendo sido apontado como internacionalista e vinculado ao grupo que não se comprometia com o desenvolvimento da autosustentado em microinformática no país, sendo substituído pelos pesquisadores Léa Fernandes (UFRGS) e José Armando Valente (UNICAMP), que se tornaram referências importantes para o desenvolvimento educacional informático, com o envio de significativas proposta à Informática na Educação aos órgãos governamentais do país. Pode-se deduzir que, a partir dos fatos exposto no parágrafo anterior, a demora na implantação de uma educação auxiliada pela informática e pela tecnologia, a falta de politicas educacionais efetivas, condições de trabalho desfavoráveis e as interpretações equivocadas de concepções pedagógicas, contribuíram para o quadro atual do ensino de Matemática no Brasil, que se encontra carente de profissionais com formação profissional qualificada em TIC’s. Segundo Valente e Almeida (1997), nos Estados Unidos o uso de computadores na educação é descentralizado e independente das decisões governamentais. O uso do computador nas escolas é pressionado pelo desenvolvimento tecnológico e pela competição estabelecida pelo livre mercado das empresas que produzem software, das universidades e das escolas. As mudanças de ordem tecnológica são sensíveis, mas não têm correspondência com as mudanças pedagógicas. O uso de computadores na educação dos EUA teve início por volta de 1970 e com experiências muito parecidas com as do Brasil, inclusive os computadores utilizados eram do mesmo tipo. Prosseguindo o estudo comparativo entre paises, Valente e Almeida (1997) esclarecem que a França foi o primeiro país ocidental que se programou como nação para enfrentar e vencer o desafio da informática na educação e servir de modelo para o mundo.Os programas desenvolvidos na área de Informática para a Educação na França não tinham como objetivo mudanças pedagógicas, mas sim a preparação do aluno para ser capaz de usar a tecnologia da informática. Apesar disso, a França avançou em muitos aspectos da informática aplicada na educação, tornando-se uma referência no assunto. O uso das tecnologias da informação e comunicação impôs mudanças nos métodos de trabalho dos professores franceses, gerando alterações pedagógicas que não tinham sido planejadas. Entretanto, o que mais marcou o programa de informática na educação da França foi a preocupação com a formação dos professores. 89 Revista EDUC-Faculdade de Duque de Caxias/Vol. 01- Nº 02/Jul-Dez 2014 Comparando as estratégias utilizadas pela França com as políticas educacionais do Brasil, observa-se que de uma forma autônoma ou em grupos não numerosos, alguns professores brasileiros ligados à área de Matemática estão buscando ampliar seus conhecimentos, fazendo com que sejam desenvolvam práticas pedagógicas mais eficientes e/ou inovadoras para o ensino da Matemática. Contudo essa prática não se generaliza para todos os professores do país e, por conseguinte, não se percebe uma alteração significativa quanto à prática pedagógica para o ensino da Matemática no Brasil. Sem o apoio de políticas públicas voltadas para promover o aprimoramento formativo do docente, este ficará restrito basicamente aos livros didáticos, que geralmente são insuficientes para uma boa prática pedagógica do ensino da Matemática na Educação Básica. Se o mundo contemporâneo, em função do desenvolvimento das novas tecnologias, exige profissionais cada vez mais criativos, competitivos, dinâmicos e versáteis, fazendo com que estes estejam em um processo contínuo de formação e de atualização de conhecimentos, então, é inaceitável que o professor de Matemática esteja alheio a essas exigências e necessidades do mundo moderno, sem buscar permanentemente a melhoria de sua prática pedagógica e novas formas de apresentação e explanação de conteúdos, aspectos vitais para o fortalecimento de sua carreira docente e fomentação do interesse de seus discentes para a disciplina. Tendo por base a afirmativa de FREIRE (1987) que “o ser humano é inacabado”, confirma-se que inovar a prática cotidiana, quebrando paradigmas, é um caminho difícil e árduo, mas que pode conduzir o professor, se não à perfeição, a qualificar este profissional de modo que a cada dia ele se torne mais fortalecido e estimulado para o aprimoramento das atividades que envolvem a prática docente. Recriar “o comum” - o uso de quadro e giz -, apresentar uma aula mais dinâmica que utilize, por exemplo, um software específico, pode ser muito gratificante para o professor, pois com uma atividade bem elaborada, pensada e contextualizada, certamente estará facilitando a aprendizagem do conteúdo, fomentando em seus discípulos a criatividade, a iniciativa pessoal, o trabalho coletivo e, principalmente, a capacidade para enfrentar desafios. 90 Revista EDUC-Faculdade de Duque de Caxias/Vol. 01- Nº 02/Jul-Dez 2014 A prática pedagógica, consolidada no uso de recursos tecnológicos, é enfatizada nos Parâmetros Curriculares Nacionais (1998, p.53): Aulas e livros, contudo, em nenhuma hipótese resumem a enorme diversidade de recursos didáticos, meios e estratégias que podem ser utilizados no ensino da Matemática. O uso dessa diversidade é de fundamental importância para o aprendizado, porque tabelas, gráficos, desenhos, fotos, vídeos, câmeras, computadores e outros equipamentos não são só meios. Dominar seu manuseio é também um dos objetivos do próprio ensino das Ciências, Matemática e suas Tecnologias. Determinados aspectos exigem imagens e, mais vantajosamente, imagens dinâmicas; outros necessitam de cálculos ou de tabelas de gráfico; outros podem demandar expressões analíticas, sendo sempre vantajosa a redundância de meios para garantir confiabilidade de registro e/ou reforço no aprendizado. Entretanto, de um modo geral, o que se observa e é ratificado por BORBA (2012,p. 56), é que “alguns professores procuram caminhar numa zona de conforto onde, quase tudo é conhecido, previsível e controlável.”. Ao sairmos desta comodidade que nos estagna e nos aprisiona e passarmos a buscar maior diversidade de recursos didáticos para as práticas pedagógicas, reformulando-as periodicamente de acordo com o público-alvo que estamos atendendo, certamente a interação da relação alunoprofessor-conteúdo será muito mais proveitosa e gratificante. É importante, contudo, respeitar a escolha do professor, mas sempre que possível, oportunizar a apresentação de metodologias para educar com o uso do computador bem como de outras tecnologias, conscientizando-o da importância destas como ferramentas indispensáveis para a aprendizagem na era contemporânea. Os gestores da área educacional, de todos os níveis, não podem se furtar a promover uma capacitação docente que promova a apresentação dos recursos de aprendizagem que facilitem o ensino da Matemática, pois estes encontros motivam os professores e reduzem as possíveis dúvidas que possam surgir na aplicação dessas ferramentas em sala de aula. Percebe-se no contato diário com o corpo docente, principalmente na rede pública de ensino do RJ, que o estudo individualizado e/ou a distância muitas vezes 91 Revista EDUC-Faculdade de Duque de Caxias/Vol. 01- Nº 02/Jul-Dez 2014 desestimulam os docentes, principalmente aqueles que têm idade avançada e que não têm acesso à informatização. Borba (2012, p. 87) enfatiza a utilização da informática na educação matemática e afirma: (...) No momento em que os computadores, enquanto artefato cultural e enquanto técnica, ficam cada vez mais presentes em todos os domínios da atividade humana, é fundamental que eles estejam presentes nas atividades escolares. Na escola, a alfabetização informática precisa ser considerada como algo tão importante quanto a alfabetização na língua materna e em matemática. Percebe-se que o jovem aprendiz já nasce, nos dias atuais, mergulhado em um mundo globalizado onde o acesso às bibliotecas, museus e culturas distantes não se constituem mais em uma barreira devido à tecnologia vigente e disponível. Vivemos cercados e envolvidos pela internet e pelas diversas redes sociais, disponíveis em laptops, tablet’s, celulares de alto desempenho e calculadoras (científicas ou não) e em função dessas facilidades tecnológicas é de se esperar que o ambiente escolar propicie aulas compatíveis com as tecnologias existentes. Uma escola que oferece aulas moldadas em modelos tradicionais, limitadas ao uso do giz e da lousa em sala de aula e que não viabilize a utilização de materiais virtuais interativos, provavelmente terá menos chance de despertar o interesse de seu alunado pelos conteúdos programáticos, tendo em vista que eles estão acostumados a interagir com um mundo mais amplo e informatizado (chamado Ciberespaço). No contexto das tecnologias da informação e comunicação encontramos os conceitos de ciberespaço, cibercultura e inteligência coletiva (Lévy, 1999, 2000, 2001). O termo “cyberspace” foi cunhado pelo escritor de ficção científica Willian Gibson em seu romance Neuromancer, escrito em 1984. Para Lévy (1999), o ciberespaço “é um espaço não físico ou territorial, que se compõe de um conjunto de redes de computadores através das quais todas as informações (...) circulam”. De acordo com Silva (2004) o ciberespaço é a “MATRIX”, uma região abstrata invisível que permite a circulação de informações na forma de imagens, sons, textos etc. 92 Revista EDUC-Faculdade de Duque de Caxias/Vol. 01- Nº 02/Jul-Dez 2014 Este espaço virtual está em vias de globalização planetária e já constitui um espaço social de trocas simbólicas entre pessoas dos mais diversos locais do planeta. 4- CONSIDERAÇÕES FINAIS O registro e a disseminação do conhecimento ao longo da história se processaram de diversas maneiras, até a invenção do papel e lápis, mídias essas que facilitaram em muito o aprendizado, auxiliados pelo giz e a lousa que reinaram durante décadas. Entretanto, considerando as exigências do mundo contemporâneo, percebe-se que somente esses recursos não são suficientes para suprir as atuais necessidades da área educacional, que precisa estar atrelada a um mundo altamente tecnológico e globalizado, que vive em crescente e veloz mudança a todo instante, em que o surgimento de novas tecnologias acontece de forma muito rápida, ou seja, quando uma tecnologia está quase sendo absorvida, surge outra mais confiável e mais precisa que a anterior. Diante deste quadro, não pode a educação ficar à margem da evolução tecnológica que vivenciamos em pleno crescimento, ao preço de nos distanciarmos cada vez mais dos países desenvolvidos, que já, há bastante tempo, inseriram em seus currículos educacionais as TIC’s, estreitando dessa forma o caminho para integração social do ser ao mundo informatizado e tecnológico, característica de nosso tempo. Faz-se necessário, portanto, uma reflexão por parte dos órgãos governamentais e Instituições de Educação Superior sobre o processo de formação dos futuros professores, principalmente os que buscam as áreas das Ciências Exatas e da Terra, de modo que, ao encerrarem a licenciatura, estejam capacitados para utilizar estes recursos tecnológicos de modo satisfatório. É importante, também, construir estratégias de conscientização para o uso de materiais virtuais interativos nos espaços escolares, voltadas para os docentes que hoje estão atuando em sala de aula, capacitando-os para as mudanças tecnológicas existentes e que há muito se apresentam como ferramentas pedagógicas, mas não estão sendo utilizadas na sua íntegra no cotidiano escolar. Ações como essas promovem a inclusão tecnológica tanto do professor quanto do aluno, e assim é possível atingirmos, com maior qualidade, o principal objetivo da educação, que é a inclusão social do homem. 93 Revista EDUC-Faculdade de Duque de Caxias/Vol. 01- Nº 02/Jul-Dez 2014 5- REFERÊNCIAS 5.1 Bibliográficas: BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília/DF: MEC/SEF, 1998. BAKHTIN, M. Estética da Criação Verbal. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000. BORBA, M. C.; PENTEADO, M. G. Informática e educação matemática. Belo Horizonte: Autêntica, 2007. EVES, H. Introdução à História da Matemática/ Howard Eves; tradução: Hygino H. Domingues. – Campinas, SP: Editora UNICAMP, 2004. FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. GARBI, G. G. A Rainha das Ciências. 2. ed ver. E ampl. – São Paulo: Editora Livraria da Física, 2007. LEVY, P. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34. 1999. MARTINS, G. A. Estudo de Caso: uma estratégia de pesquisa. 2 ed. Rio de Janeiro: Atlas, 2008. MORAES, R. A. Informática na Educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. SILVA, M. Sala de aula interativa. Rio de Janeiro: Quartet. 2000. 5.2 Artigos de Periódicos: BRITO, A. J. O ensino da matemática no século XVII: entre a religião e as disputas político-econômicas. Zetetiké – FE/UNICAMP – v.20,n.38-jul/dez 2012. ISSN 21761744. MERLO, C. A.; ASSIS, R. T. O uso da informática no ensino da matemática. REUNI - Revista Unijales/Edição 4/nº 4/ano V/2010. ISSN 1980-8925. OLIVEIRA, E. M. Metodologia para o uso da informática na educação. Educação Matemática em Revista.SBEM. Ano 13 – nº 23, Dezembro de 2007. ISSN 1517-3941. 94 Revista EDUC-Faculdade de Duque de Caxias/Vol. 01- Nº 02/Jul-Dez 2014 5.3 Eletrônicas: http://www.nied.unicamp.br/ojs/index.php/memos/article/view/57/56 http://combatespelahistoria.wordpress.com/2008/01/17/as-escolas- na-grecia-antiga/ http://reuni.unijales.edu.br/unijales/arquivos/20120507213912_242.pdf http://www.todospelaeducacao.org.br/reportagens-tpe/30852/48-das-escolas-publicasbrasileiras-nao-tem-computadores-para-os-alunos/ http://www.fnde.gov.br/programas/programa-nacional-de-tecnologia-educacionalproinfo 95