O ENSINO DAS FUNÇÕES ATRAVÉS DO JOGO BINGO DE FUNÇÕES Marcos Aurélio Alves e Silva- UFPE/CAA Alcicleide Ramos da Silva- UFPE/CAA Jucélia Silva Santana- UFPE/CAA Edelweis José Tavares Barbosa- UFPE/CAA Resumo: Este trabalho tem o objetivo principal de expor o jogo bingo de funções, todavia também socializar uma experiência vivenciada com este no espaço do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à docência- PIBID/UFPE/Subprojeto: Matemática, onde os autores trabalharam o conteúdo de funções do 1° e 2° grau no Laboratório de Matemática com uma turma do 1° ano do ensino médio de uma escola pública da cidade de Caruaru-PE. O jogo bingo de funções tem o intuito de resgatar e fixar os conhecimentos abordados em sala de aula e assim perceber como os alunos criam estratégias para superar os possíveis entraves no processo de ensino-aprendizagem. A partir das análises dos erros dos alunos visto em rascunhos percebe-se a especificidade dos conteúdos e o quanto é necessário na Matemática se criar novos hábitos de aprendizagem que não só remeta a forma tradicional. Palavras chaves: Ensino de funções, Ludicidade, PIBID. Introdução A cada dia no ensino de Matemática é constante o descontentamento dos alunos em relação às especificidades que esta traz consigo, sobretudo quando os conteúdos abordados não aguçam vontade para o estudo e não trazem alguma conexão com a realidade do aluno. Segundo Grando e Marasini (2013) “Atualmente, para muitos estudantes da educação básica, a matemática reveste-se de uma imagem de disciplina complexa, ao mesmo tempo em que compõe um conjunto de conhecimentos essenciais para o ser humano”. O ensino de funções não é diferente, os alunos na maioria das vezes não aprendem os conceitos essenciais que embargam o conteúdo e daí ocorrem os conhecidos “traumas de compreensão” achando que tudo na matemática é difícil e impossível de solução, limitando-se somente em fixar o uso de fórmulas para resolver os problemas que são lançados. Na maioria das vezes as dificuldades que os alunos enfrentam em relação ao aprendizado na matemática dizem respeito à forma como professor trabalha estes conteúdos e como o mesmo atrela os conhecimentos adquiridos na sua formação específica com a realidade que vivi. Costa (2008), investigando o conhecimento do professor de Matemática sobre o conceito de função, verificou que este, quando confrontado com questões envolvendo funções que geralmente são abordadas no ensino básico, “apresenta um fraco desempenho, demonstrando limitações incompatíveis com o seu grau de formação, ora produzindo os erros dos alunos desta etapa da educação, ora reproduzindo em sala de aula erros de abordagem e de conceito”. Não obstante a matemática apresenta sua relevância na formação do individuo que perpassa os âmbitos escolares e vão além para afloramento da integralidade cultural e social. O conteúdo de funções é de importância fundamental, pois está relacionado à competência de modelar e resolver problemas que envolvam situações do cotidiano. Segundo o PCN+, O estudo das funções permite ao aluno adquirir a linguagem algébrica como a linguagem das ciências, necessária para expressar a relação entre grandezas e modelar situações-problema, construindo modelos descritivos de fenômenos e permitindo várias conexões dentro e fora da própria matemática (BRASIL 2006, p.121). Este trabalho tem o objetivo principal de expor o jogo bingo de funções, compartilhando assim uma experiência vivenciada pelos bolsistas do PIBID com alunos do 1° ano do Ensino Médio de uma escola estadual da cidade de Caruaru-PE, apresentando a abordagem lúdica do aprendizado trazido pelo jogo no conteúdo de funções do 1° e 2° grau no intuito de contribuir nas discussões que cercam o mesmo. Metodologia O jogo bingo de funções foi produzido pelos bolsistas do PIBID no espaço da escola. Trazemos o jogo na perspectiva de Silva e Ferreira (2010), que aborda o mesmo no intuito de promover o lúdico para o ensino da matemática. Segundo os mesmos autores o jogo tem por objetivo, tornar mais rápido o raciocínio dos alunos ao substituir o valor dos números na função e descobrir quais as possíveis imagens da função dada, além de estar também trabalhando com algumas operações, fixando assim o conceito de domínio e imagem de funções (SILVA e FERREIRA 2010, p.04). O intuito de apresentar o jogo foi de fazer com que esses alunos, aprendendo o conteúdo de funções na sala de aula pudessem revistar e, sobretudo fixar o que foi visto de uma forma que permitisse sair um pouco do tradicionalismo em que somente o quadro é utilizado. Para isto no momento da aplicação do jogo no laboratório de Matemática da escola, revisitamos em primeiro momento o conteúdo e conceitos importantes, explicitamos a ideia de domínio e imagem das funções afim (1° grau) e quadráticas (2° grau), retirando as dúvidas ainda existentes e logo após fizemos a intervenção. Assim prosseguimos com a realização do jogo onde o mesmo consistia em, [Sortear] um número do globo do bingo, e esse número será o valor de X da função dada na cartela. O aluno então efetua a operação e verifica o valor da imagem da função para o número sorteado. O valor dessa imagem é o número que ele deve procurar em sua cartela. Vence o jogo quem completar toda a cartela e gritar a palavra BINGO (SILVA e FERREIRA 2010, p.04). Teremos os números a serem sorteados em um globo: -14,-13,-12,-11,-10,-9,-8,7,-6,-5,-4,-3,-2,-1,0,1,2,3,4,5,6,7,8,9,10,11,12,13,14 que são os valores do domínio da função, ou seja os valores x, aos quais deverão ser substituídos na função distribuída, a resposta da substituição serão os valores da imagem, ou seja os valores de y, que deverão ser marcados, se houver, em um dos valores fixados na tabela. Como exemplo na função f(x)= 2x+1, se o número sorteado for 1, substituímos f(1)= 2.1+1= 3, marcaremos o 3 na tabela. E assim sucessivamente até um jogador preencher todos os números. Figura 1: Cartela utilizada no jogo Distribuímos a cada jogador um rascunho para os cálculos que servirá para a analise dos erros cometidos pelos mesmos. Dividimos os alunos em duplas e em outras o jogo foi aplicado individualmente. Resultados Nosso intuito foi de apresentar de forma mais contextualizada, os conteúdos de função de 1° e 2° grau vivenciado pelos alunos no espaço da sala de aula com o professor. Sendo assim como dito anteriormente no momento do jogo entregamos aos alunos rascunhos, que servirão para análise dos possíveis erros cometidos e também de alguma forma apontar contribuições do jogo no desenvolvimento do aprendizado. No decorrer da aplicação e no momento da análise percebemos que grande parte dos erros diz respeito à questão do jogo de sinal. Na função: f(x)= x²+2x+1. Quando sorteamos -6. O aluno substitui de forma correta no valor de x, porém ao resolver a potência ao quadrado, mantêm negativo o valor e faz o jogo de sinal errado. A figura abaixo mostra a resolução feita pelo aluno: f(x)= x²+2x+6 x= -6 Figura 2: Rascunho do aluno 1 O exemplo abaixo mostra uma semelhança com o exemplo anterior. O aluno neste caso faz o jogo de sinal da potência 2 correto, mas esquece que existe o sinal negativo que acompanha o x². f(x)= -x²-x-1 x= -1 Figura 3: Rascunho do aluno 2 O rascunho abaixo mostra mais uma vez erros com relação ao jogo de sinal, fazendo uma comparação. Desta vez o aluno tem dificuldade quando o valor de x é um número negativo o que difere quando o número é positivo. f(x)= x²-6 x= -10, x= 9, x= -6, x= 5 Figura 4: Rascunho do aluno 3 Outro erro notado foi a resolução da expressão numérica. O aluno resolve a potenciação de forma errada e assim erra todo processo seguinte. f(x)= 3x²-2 x= -1 Figura 5: Rascunho do aluno 4 Conclusões A cada é possível observar que a matemática possui suas especificidades quanto ao processo de ensino- aprendizagem. Não basta somente ensinar os alunos de um modo tradicional e que não traga para si questionamentos e discussões, isso faz com que se tenha a impressão de uma ciência acabada que não traz algo novo para se discutir. O lúdico se torna uma nova tendência no ensino da matemática assim como as novas tecnologias, resolução de problemas e entre outros. Nisto o ensino tradicional vai sendo moldado e o aprendizado do aluno mais satisfatório. Trazer esta ludicidade aos alunos foi uma forma de fazer com que a matemática seja de fato interessante na sua vida e tenha conexão com a realidade que vivem. O jogo bingo de funções foi uma alternativa para consolidar esta ideia, pois ainda os conteúdos que envolvem incógnitas associadas a números, remetem medo e insegurança dos alunos. Foi possível constatar na experiência com os alunos que apesar dos mesmos terem dificuldades em relação aos conteúdos trabalhados, essa dificuldade parte de operações básicas como a multiplicação e potenciação o que atesta uma precarização na formação inicial. Contudo a experiência permitiu almejar novos espaços de discussões acerca de funções do 1° e 2° grau e ao mesmo tempo permitiu a criação de experiências na formação de futuros docentes propostos pelo PIBID. Referências BRASIL, Secretaria de Educação Média e Tecnológica. PCN+ Ensino Médio: Orientações Educacionais complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Ciências da natureza, Matemática e suas tecnologias. Brasília: Ministério da Educação/Secretaria de Educação Média e Tecnológica, 2002. 144 p. COSTA, C. B. de J. da. O conhecimento do professor de matemática sobre o conceito de função. 2008. 96 f. Dissertacao (Mestrado em Ensino de Matematica) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008. GRANDO, N. I.; MARASINI, S. M. Representações gráficas de funções de 1º e 2º graus na 8ª série do ensino fundamental: potencialidades e fragilidades. Espaço pedagógico v. 20, n. 1, Passo Fundo, p. 105-118, jan./jun. 2013. Disponível em http://www.upf.br/seer/index.php/rep SILVA, A. C.; FERREIRA, A. P. F. Bingo das funções In: VI ENCONTRO PARAIBANO DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA. 2010. Monteiro. Anais do VI Encontro Paraibano de Educação Matemática. Monteiro: 2010.