Energias renováveis «precisam de legislação clara» «Se (os portugueses) querem dar um bom contributo para reduzirem a sua factura energética, gastarem menos dinheiro com o aquecimento da água, e se pretendem ainda dar um contributo para o seu país, para haver mais emprego e mais dinamismo económico, por favor instalem painéis solares nas suas casas, aproveitem este programa do Governo». As palavras foram proferidas, recentemente, por José Sócrates durante uma visita à empresa produtora de painéis solares termodinâmicos Energie, na Póvoa de Varzim. Mas a Associação dos Instaladores de Portugal (AIPOR) pede que o primeiroministro legisle de forma clara a introdução desse tipo de energias no mercado. Sócrates tem marcado presença, nos últimos meses, em inaugurações e/ou visitas a empresas que fabricam e comercializam plataformas de energias «alternativas», e tem sublinhado que o programa de incentivo à aquisição de painéis solares prevê a comparticipação, pelo Governo, de 50% do investimento. «Se o fizerem, estão a dar um estímulo para transformar Portugal num país melhor, estarão a dar mais oportunidade de emprego a compatriotas seus e estarão a dar mais oportunidades às empresas portuguesas e mais oportunidades de emprego e de actividade às micro-empresas a quem é subcontratada a instalação dos painéis solares», destaca o governante. Por outro lado, o aproveitamento da energia solar «é um excelente contributo para aumentar a eficiência e a autonomia energética do país», frisou. Apontando, claramente, a aposta do Governo nas energias renováveis como uma «forma de combate à crise». A AIPOR, que é o subsector da construção civil que emprega mais de 78 mil pessoas e que gera um volume de negócios de aproximadamente quatro mil milhões de euros, e é, simultaneamente, a entidade responsável pela colocação deste tipo de equipamentos no edifícios, diz que «não está contra o avanço das energias chamadas alternativas» mas quer «regras muito claras sobre a sua implementação», explica à «Vida Económica» o presidente do Conselho Geral da AIPOR, Monteiro Pinho. A associação entende que a «implementação rápida da medida, por parte do Governo, está, ligada a três níveis: as metas do Protocolo de Quioto, compromissos comunitários em matéria energética e o contributo para a redução da factura energética das famílias portuguesas», que querem «uma legislação clara que aponte os objectivos, os métodos e os meios. Qualquer estratégia obriga a isto». Para Monteiro Pinho, há, essencialmente, dois riscos perante a pressa de Sócrates em incentivar a este tipo de energias, sem as definir claramente: «o primeiro é ao nível da aquisição dos equipamentos por parte das famílias portuguesas. Quanta mais indefinição houver sobre a forma como podem adquirir o produto, mais atrasam a decisão de compra. O outro risco é ao nível da produção e distribuição. Todos os envolvidos têm que perceber em que condições se podem integrar neste projecto, que tem que ser claro e simples». A AIPOR tem por objectivos a defesa e a promoção dos interesses dos industriais do subsector de construção genericamente designado por Instalações Técnicas Especiais (electrotecnia, mecânica e electromecânica) e reclama «a simplificação, transparência e rapidez de procedimentos e uma maior responsabilidade de todos agentes públicos e privados envolvidos no processo, assim como uma mais eficiente gestão dos dinheiros públicos com vista a criar um melhor ambiente para a vida das empresas».