UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA "LUIZ DE QUEIROZ" Piracicaba, 24 de abril de 2008 Neste arquivo: Preço em fevereiro é o maior dos últimos 10 anos Altas do leite garantem melhora no poder de compra Manejo eficiente no aleitamento artificial pode diminuir custos da bezerra Fosfato bicálcico encarece suplementação mineral Mercado PREÇO EM FEVEREIRO É O MAIOR DOS ÚLTIMOS 10 ANOS O preço médio pago aos produtores em fevereiro, referente à produção de janeiro, foi de R$ 0,686/litro bruto, sem descontar impostos e frete, o maior valor registrado pelo Cepea, da Esalq/USP, para o período nos últimos 10 anos. A média de fevereiro, com base 10 Estados pesquisados pelo Cepea – Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Bahia - esteve 43,1% maior que a registrada nos últimos 10 anos para o mês. Se comparado ao pagamento de janeiro, o preço médio de fevereiro subiu dois centavos por litro ou 2,9%. Entre as regiões pesquisadas, a maior alta, de três centavos por litro, foi observada em Goiás, com o preço médio bruto passando para R$ 0,7360/litro – o maior valor entre todos os Estados consultados pelo Cepea. A segunda maior alta ocorreu em São Paulo, com pouco mais de três centavos por litro, para R$ 0,6837/litro bruto em fevereiro. Em Minas Gerais, Estado que mais produz leite no País, o aumento foi de R$ 0,016, com a média passando para R$ 0,7221/litro, a segunda maior do levantamento. O volume de leite recebido pelas empresas em janeiro, segundo o Índice de Captação de Leite (ICAP-L/Cepea), ficou praticamente estável em comparação ao de dezembro, o maior do histórico Cepea, com recuo de apenas 0,12%. O fato de os preços internos do leite subirem mesmo com uma leve baixa na captação pode estar atrelada ao aquecimento das demandas interna e externa. Indicadores macroeconômicos mostram que a renda do consumidor brasileiro está aumentando. Em janeiro, por exemplo, foi registrada a menor taxa de desemprego para o mês dos últimos 10 anos. Tal fato também deu sustentação para que 68% dos agentes consultados pelo Cepea apostassem em novas altas nos preços do leite para março, enquanto 31% dos agentes acreditam em estabilidade e apenas 1% acha que os preços vão cair. CAIXA POSTAL 132 • 13400-970 • PIRACICABA - SP • BRASIL • TEL: 19 3429-8837 • FAX: 19 3429-8829 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA "LUIZ DE QUEIROZ" Piracicaba, 24 de abril de 2008 As exportações de lácteos também estão chamando a atenção neste início de ano. O volume embarcado nos dois primeiros meses de 2008 foi de 16,45 mil toneladas, com aumento de 24,6% sobre o mesmo período do ano passado, quando totalizou 13,2 mil toneladas. Já as importações vêm reduzindo nos últimos meses. A soma do volume de lácteos que entrou no País, em janeiro e fevereiro deste ano, foi 28,7% menor que o importado em igual período de 2007. Nos dois primeiros meses de 2007, chegaram aos portos brasileiros 16,36 mil toneladas de lácteos e, em 2008, apenas 11,68 mil toneladas. ICAP-L/Cepea - Índice de Captação de Leite - Janeiro/08 160 152,66 148,50 150 152,48 142,72 140 138,32 130 Patamar de janeiro de 2007 120 128,13 124,44 121,46 111,87 110 129,58 121,01 109,60 104,80 100 90 jun/04 jul/04 ago/04 set/04 out/04 nov/04 dez/04 jan/05 fev/05 mar/05 abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 abr/07 mai/07 jun/07 jul/07 ago/07 set/07 out/07 nov/07 dez/07 jan/08 80 ICAP-L/CEPEA-Esalq/USP IBGE - PTL Fonte: Cepea CAIXA POSTAL 132 • 13400-970 • PIRACICABA - SP • BRASIL • TEL: 19 3429-8837 • FAX: 19 3429-8829 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA "LUIZ DE QUEIROZ" Piracicaba, 24 de abril de 2008 Série de preços médios pagos ao produtor - deflacionada pelo IPCA (média de RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA) 0,82 0,80 0,78 2007 0,76 0,74 0,72 0,70 0,68 2008 2004 2005 0,66 R$/litro 0,64 0,62 Média Histórica 2001 a 2007 0,60 0,58 0,56 2006 0,54 0,52 0,50 0,48 0,46 0,44 0,42 JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ Fonte: Cepea Relação de Troca ALTAS DO LEITE GARANTEM MELHORA NO PODER DE COMPRA O poder de compra do produtor de leite de São Paulo aumentou 17% em relação ao medicamento antiparasitário (princípio ativo levamisol), em fevereiro deste ano, se comparado a fevereiro de 2007. Enquanto os preços do insumo subiram 9% no período, o leite valorizou 32%, em termos nominais. Em fevereiro de 2008, foram necessários 21,3 litros para a compra de um frasco de 250 ml do antiparasitário, contra 25,8 litros/frasco em fevereiro de 2007. A relação de troca de leite por antibiótico (princípio ativo penicilina) também favoreceu o produtor em 23%, nos últimos 12 meses. Em fevereiro deste ano, foram necessários 15,1 litros para a CAIXA POSTAL 132 • 13400-970 • PIRACICABA - SP • BRASIL • TEL: 19 3429-8837 • FAX: 19 3429-8829 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA "LUIZ DE QUEIROZ" Piracicaba, 24 de abril de 2008 compra de 15 ml do insumo; em igual período do ano passado, a mesma troca correspondia a 19,6 litros/frasco. O item medicamentos costuma ter pouco peso no custo operacional total da pecuária leiteira, cerca de 3,5%. No entanto, quanto mais tecnificado o sistema de produção, maiores são os gastos com este item, devido à utilização de animais de melhor genética, mais produtivos, que geralmente demandam um uso intensivo de medicamentos. Com base nos painéis de custo de produção de leite realizados pelo Cepea/CNA, os principais medicamentos são as vacinas e os antibióticos. Enquanto em Goiás os antibióticos representam 40% do gasto com medicamentos, na região de Castro, no Paraná, esse percentual vai para 60%, dado o maior nível de tecnificação desta região do Estado. O gasto com vacinas abrange 27% dos medicamentos, em Goiás, e 15% do total desembolsado com a sanidade do rebanho no Paraná. Em São Paulo, os antibióticos representam 40% e as vacinas 30% do custo com medicamentos. Uma das principais causas do uso de medicamentos é a mastite ou inflamação do úbere do animal. Estudos mostram queda de produção de 25% a 42% nos quartos mamários de animais infectados. Nos Estados Unidos, o custo/vaca/ano chega a US$ 185 devido à presença de mastite, o que corresponde a um dispêndio anual de US$ 1,8 bilhão para o rebanho norte-americano. Relação de troca de litro de leite recebido pelo produtor por antiparasitário (frasco 250 ml) em São Paulo 30 25 Litros 20 15 10 5 0 Jan- Feb- Mar- Apr- May- Jun07 07 07 07 07 07 Jul- Aug- Sep- Oct- Nov- Dec- Jan- Feb07 07 07 07 07 07 08 08 Fonte: Cepea CAIXA POSTAL 132 • 13400-970 • PIRACICABA - SP • BRASIL • TEL: 19 3429-8837 • FAX: 19 3429-8829 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA "LUIZ DE QUEIROZ" Piracicaba, 24 de abril de 2008 Relação de troca de litro de leite recebido pelo produtor por antibiótico-penicilina (frasco 15 ml) em São Paulo 25 Litros 20 15 10 5 0 Jan- Feb- Mar- Apr- May- Jun07 07 07 07 07 07 Jul- Aug- Sep- Oct- Nov- Dec- Jan- Feb07 07 07 07 07 07 08 08 Fonte: Cepea Manejo MANEJO EFICIENTE NO ALEITAMENTO ARTIFICIAL PODE DIMINUIR CUSTOS DA BEZERRA O custo de produção de uma novilha pronta para o primeiro parto aos 24 meses, pode ser reduzido com um manejo eficiente já no momento do aleitamento artificial. Para a produção de uma fêmea, nas condições tecnicamente ideais, o aleitamento é uma fase que exige bastante atenção. Qualquer falha nesse período poderá se refletir em outras etapas do desenvolvimento do animal. O tempo de aleitamento da bezerra varia muito de produtor para produtor. Há aqueles que trabalham com um tempo fixo para desmama, como 90 dias. Outros trabalham com o aleitamento somado ao alimento concentrado. A partir do momento em que a bezerra consumir 700g/dia, esse alimento continuará sendo oferecido por mais três dias e, então, é feita a desmama total. Há, ainda, produtores que fazem uma relação entre o peso ao nascimento e o consumo diário de concentrado. A partir do momento em que a bezerra estiver consumindo 1,5% do peso ao nascimento por pelo menos três dias consecutivos, será feita a desmama. Os resultados, segundo a CAIXA POSTAL 132 • 13400-970 • PIRACICABA - SP • BRASIL • TEL: 19 3429-8837 • FAX: 19 3429-8829 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA "LUIZ DE QUEIROZ" Piracicaba, 24 de abril de 2008 pesquisadora Carla Bittar, da Esalq/USP, em muitos casos, chegam a ser parecidos com aqueles observados em animais que foram desmamados por meio da quantidade de alimento consumido. Todas essas estratégias têm o objetivo de diminuir os custos na fase de aleitamento. Nessa etapa, a maior parte dos gastos vem basicamente da quantidade de leite destinado ao consumo do animal. Quanto menos dias a bezerra permanecer no aleitamento, menor será o custo ao produtor. Orientações técnicas indicam que a bezerra levará 60 dias para atingir um consumo de concentrado equivalente a 1,5% do seu peso ao nascimento ou 700g/dia. Se considerar que o animal será aleitado com quatro litros por dia, divididos em dois litros pela manhã e dois pela tarde, serão necessários 240 litros de leite até a desmama. Se tomar como base o preço médio do leite em fevereiro deste ano, de R$ 0,686/litro, seriam gastos R$ 164,64 por bezerra somente na fase de aleitamento. Seu sucedâneo, com o valor médio de R$ 0,435/litro, já convertido o preço do quilo do produto em litro para o fornecimento para os animais, resultaria num custo menor, de R$ 104,40 por bezerra. O diferencial entre as duas alternativas é de R$ 60,24 por bezerra no período de aleitamento. Numa propriedade com 10 bezerras em aleitamento todos os meses do ano, a economia seria de R$ 3.614,40 se o produtor trocasse o leite pelo sucedâneo. Nas próximas edições serão discutidos os custos de produção de uma fêmea nas etapas seguintes. Custo de aleitamento artificial de 10 bezerras 1.800,00 1.646,40 Leite de Vaca Sucedâneo de leite 1.600,00 1.400,00 1.200,00 1.044,00 R$ 1.000,00 800,00 600,00 400,00 200,00 0,00 CAIXA POSTAL 132 • 13400-970 • PIRACICABA - SP • BRASIL • TEL: 19 3429-8837 • FAX: 19 3429-8829 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA "LUIZ DE QUEIROZ" Piracicaba, 24 de abril de 2008 Insumos FOSFATO BICÁLCICO ENCARECE SUPLEMENTAÇÃO MINERAL As demandas interna e externa por ácido fosfórico estão bastante aquecidas, causando fortes reajustes nos preços da suplementação mineral. Vale lembrar que o ácido fosfórico é matéria-prima fundamental para a produção do fosfato bicálcico, principal fonte de fósforo nos sais minerais. A supressão desses insumos acaba comprometendo o desempenho da produção. A fonte de fósforo é um dos ingredientes mais importantes para a mistura de minerais (sal mineral) utilizados para complementar a nutrição dos bovinos. A quantidade deste elemento nos solos brasileiros é relativamente baixa e, portanto, pouco disponível às plantas. Além do mais, a forma de fósforo presente nas plantas não é tão bem absorvida pelos animais quanto a encontrada no sal mineral. Entre as fontes de fosfatos presentes na natureza, o fosfato bicálcico é o mais facilmente disponível para a absorção dos animais. A importância do fósforo no sal mineral pode ser dimensionada pelo fato de ser um dos principais critérios de diferenciação dos produtos disponíveis no mercado: o sal com 60g de fósforo (P), com 130g P, entre outros. Além de ser usado em misturas minerais, o fosfato é matéria-prima também de fertilizantes. Entre os grandes consumidores, estão Brasil, China, Índia e as gigantescas lavouras de milho norte-americanas. Nos últimos anos, o uso da suplementação mineral em bovinos apresentou expressivo crescimento devido a grandes campanhas comerciais que incentivaram a utilização do produto. Se considerada a média dos seis Estados onde foram realizados painéis de custo de produção pelo Cepea/CNA - Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Goiás -, o sal mineral impacta em praticamente 3% dos Custos Operacionais Efetivos (COE) e cerca de 2% dos Custos Operacionais Totais. O COE representa as despesas diretas da atividade, como alimentação, medicamentos, mão-de-obra contratada, energia elétrica e combustível e reparos em máquinas e benfeitorias. O COT engloba, além do COE, as depreciações e o pró-labore do produtor. Nos levantamentos realizados pelo Cepea/CNA nos seis Estados para o custo de produção de leite, o preço do sal mineral subiu 36% de outubro de 2007 para fevereiro de 2008. O sal com maior teor de fósforo, agrupando aqueles que têm entre 130 e 160g de P, apresentou aumento médio de 43% no mesmo período, enquanto a alta foi de 33% para os sais com teor de P entre 45 e 60g e de 32% para os sais com cerca de 90g de P. CAIXA POSTAL 132 • 13400-970 • PIRACICABA - SP • BRASIL • TEL: 19 3429-8837 • FAX: 19 3429-8829 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA "LUIZ DE QUEIROZ" Piracicaba, 24 de abril de 2008 Somente de janeiro para fevereiro, o preço do sal teve aumento de 19% na média dos três grupos de sais minerais – na média dos seis Estados. Os valores recebidos por produtores pelo leite subiram 2,81% em fevereiro. Nesse cenário, o poder de compra do produtor frente ao sal mineral diminuiu 16% em fevereiro. Altas semelhantes às dos sais minerais estão previstas pelos agentes para os fertilizantes a base de fósforo. Participação da mineralização no COE e no COT 7,00% 6,06% 6,00% Participação no COE Participação no COT 4,96% 5,00% 3,84% 4,00% 3,70% 3,11% 3,00% 2,68% 2,65% 2,00% 1,77% 1,16% 0,97% 1,00% 0,77% 0,80% 0,00% Goiás Minas Gerais Santa Catarina Paraná Rio Grande do Sul São Paulo Outras informações sobre o mercado lácteo: www.cepea.esalq.usp.br/leite e através do Laboratório de Informação do Cepea, com o pesquisador Gustavo Beduschi e prof. Sergio De Zen: 19-3429-8837 / 8836 e [email protected] CAIXA POSTAL 132 • 13400-970 • PIRACICABA - SP • BRASIL • TEL: 19 3429-8837 • FAX: 19 3429-8829