Campanha eleitoral –JK/JG- Comitê
feminino da Gávea
(Eleições de 3 de outubro de 1955)
CAMPANHA -JK
• CENA DE CAMPANHA
GOVERNO JK – 1956-1961
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PRESIDENTE – JUSCELINO KUBITSCHECK DE OLIVEIRA - PSD
(OBTEVE= 3.077.411 VOTOS)
VICE-PRESIDENTE – JOÃO GOULART – PTB (OBTEVE 3.591.409
VOTOS)
___________________________________________
VOTAÇÃO % DOS CANDIDATOS:
•
JK – TEVE 36% DOS VOTOS (ALIANÇA PTB/PSD)
•
JUAREZ TÁVORA – 30%
•
ADEMAR DE BARROS – 26%
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•
PLÍNIO SALGADO – 8%
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Fonte: MARANHÃO, Ricardo. O Governo Juscelino Kubitschek. São
Paulo: Brasiliense, 1981, p. 22.
•
Observação: Juscelino foi eleito por apenas 36% dos votos válidos (contra os 49% de
Getúlio em 1950 e os 55% de Dutra em 1945 – BENEVIDES, Maria Victória. O governo
Kubitschek: a esperança como fator de desenvolvimento. In: GOMES,
Angel de Castro (Org.)O Brasil de JK. RJ: FGV/CPDOC. 1991, p. 15)
• DEPUTADOS FEDERAIS ELEITOS PELO PTB 1945-1962
• --------------------------------------------------------------• ENTRE OS PARTIDOS POLÍTICOS, O PTB APARECIA EM
FRANCO CRESCIMENTO. A CADA LEGISLATURA
EXPANDIA-SE*.
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1945 > 22 DEPUTADOS
1950 > 51 DEPUTADOS
1954 > 56 DEPUTADOS
1958 > 66 DEPUTADOS
1962 > 116 DEPUTADOS
• EM 1962 > O PTB SUPERA A UDN E PASSA A DISPUTAR COM O PSD
A LIDERANÇA DE MAIOR PARTIDO NACIONAL > É ESTIGMATIZADO >
E ACUSADO DE “ESQUERDISTA”.
• *Fonte: MARANHÃO, Ricardo. O Governo Juscelino Kubitschek. São
Paulo: Brasiliense, 1981, p. 22.
CENÁRIO POLÍTICO DA CONJUNTURA
• 2. cont.
• JK/JG > FORAM ELEITOS, EM 3 DE OUTUBRO/1955 PELA
COLIGAÇÃO PTB/PSD> TIVERAM DIFICULDADES DE
TOMAR POSSE EM DECORRÊNCIA DE
QUESTIONAMENTOS SOBRE A LEGITIMIDADE PARA
GOVERNAR.
• ¬
• HAVIAM SIDO OS MAIS VOTADOS, MAS NÃO ATINGIRAM
VOTAÇÃO MAJORITÁRIA (O QUE NÃO ERA EXIGIDO
PELA CONSTITUIÇÃO).
• ¬
• A UDN FEZ JOGO DE CENA > CONSPIROU COM FACÇÕES
MILITARES PARA IMPEDIR A POSSE, O QUE NÃO FOI
ACEITO POR PARTE DE OUTRA FACÇÃO MILITAR
LIDERADA PELO MARECHAL LOTT QUE, EM DEFESA DA
CONSTITUIÇÃO, GARANTIU A POSSE DOS ELEITOS.
• DIANTE DESSAS INFORMAÇÕES > QUAL É O PERFIL
DESSE GORVERNO?
MOUREIRA, Vânia Maria Lousada. Os anos JK:
industrialização e modelo oligárquico de desenvolvimento
rural. In: FERREIRA, J. ; DELGADO, Lucília. O Brasil
Republicano. RJ: Civilização Brasileira, 2003, v. 3.
• PARA ISSO, VAMOS APRESENTAR ALGUNS
TEXTOS QUE CARACTERIZAM O PERFIL DESSE
GOVERNO, EM DIFERENCIADOS ASPECTOS.
• INICIAREMOS COM VANIA LOUSADA, COM O
TEXTO “OS ANOS JK...”.
• A AUTORA COMEÇA A DISCUSSÃO SOBRE O
ASSUNTO, IDENTIFICANDO CERTA
PECULIARIDADE DO GOVERNO JK > TER SIDO
UM HOMEM DE AÇÃO E O MAIS BEM SUCEDIDO
GOVERNO DE EXPERIÊNCIA DEMOCRÁTICA,
APÓS 1946.
MOUREIRA, Vânia Maria Lousada. Os anos JK:
industrialização e modelo oligárquico de desenvolvimento
rural. In: FERREIRA, J. ; DELGADO, Lucília. O Brasil
Republicano. RJ: Civilização Brasileira, 2003, v. 3.
• P. 158 > A AUTORA AFIRMA QUE O SEU
OBJETIVO NESTE TEXTO > É EXPLICAR O
GOVERNO JK A PARTIR DAS INTER-RELAÇÕES
POLÍTICAS ESTABELECIDAS ENTRE O SEU
PROJETO NACIONAL-DESENVOLVIMENTISTA >
CONTRAPOSTO AOS DOIS OUTROS PROJETOS À
DIREITA E À ESQUERDA: O RURALISTA
(CONSERVADOR E AUTORITÁRIO) E O
NACIONALISTA ECONÔMICO
(CRESCENTEMENTE REFORMISTA E
ABERTAMENTE POPULAR).
O nacional-desenvolvimentismo
• P. 159. O perfil desenvolvimentista de
Juscelino > configurou-se ainda quando era
Prefeito de Belo Horizonte. Foi em sua
campanha à presidência da República e,
sobretudo, em sua administração > que o
nacional-desenvolvimentismo consolidou-se
como estilo de governo e como um projeto
social e político para o Brasil.
• Traços desse projeto > 1). compromisso com a
democracia e com 2).o desenvolvimento
industrial de tipo capitalista.
O Programa de governo de JK –assumiu a
linguagem desenvolvimentista
• Para tanto, foi formulado o famoso
• “Plano de Metas” (programa de governo) > que
era um documento essencialmente econômico.
Esse programa dividiu-se em 30 metas,
distribuídas por setores, a saber:
• 1. setores de energia (metas 1 a 5);
• 2. transporte (metas 6 a 12);
• 3. alimentação (metas 13 a 18);
• 4. indústria de base (19 a 29);
• 5. educação (30).
• A construção de Brasília só foi incorporada ao
Plano de Metas durante a campanha e logo
tornou-se prioritário para Juscelino.
Plano de Metas - sustentáculo
• O plano de Metas > projetava um desenvolvimento
de 50 anos em 5 > tendo como sustentáculo a
industrialização do país. Porém, seu modelo de
industrialização > baseado na maior presença de
capital estrangeiro > o que não era uma novidade.
O mesmo padrão já estava em andamento desde o
Estado Novo. Essa produção voltava-se para itens
> classificados de substituição de importações.
Esse modelo teve apoio de setores nacionalistas>
parte deles nucleados no ISEB – Instituto Superior
de Estudos Brasileiros, ligado ao Ministério de
Educação.
Projeto do desenvolvimentismonacional
• Sustentação > movimento nacionalista,
notadamente os segmentos considerados
progressistas que se encontravam organizados
no ISEB ou nas Alas Progressistas dos
Partidos políticos, como o PSD (tinha um perfil
nitidamente ruralista e conservador), UDN
(partido de oposição que combatia a herança
ideológica de Vargas e tinha como bandeira a
“moralidade pública”) e o PTB, partido que
defendia os interesses trabalhistas.
• O que era o ISEB para esse governo?
ISEB – Instituto Superior de Estudos Brasileiros
• O ISEB > ERA CONSIDERADO UM DOS PRINCIPAIS CENTROS DE
PRODUÇÃO E DIFUSÃO DO IDEÁRIO NACIONALISTA DURANTE A
EXPERIÊNCIA DEMOCRÁTICA >E O SUSTENTÁCULO DESSE
PROJETO POLÍTICO-IDEOLÓGICO.
• COMPUNHAM OS SEUS QUADROS >INTELECTUAIS DE PRESTÍGIO, A
SABER: ROLAND CORBISIER, HÉLIO JAGUARIBE, NELSON
WERNECK SODRÉ, CÂNDIDO MENDES E OUTROS. A INSTITUIÇÃO
DEFENDEU ABERTAMENTE A PLATAFORMA NACIONALDESENVOLVIMENTISTA DE JK.
ISEB – Instituto Superior de
Estudos Brasileiros
• O NACIONAL-DESENVOLVIMENTISMO>
DEFINIA O PROJETO DE INDUSTRIALIZAÇÃO
DO ISEB E DO GOVERNO JK. MAS,
“IDEOLOGIA DO DESENVOLVIMENTISMO
NACIONAL” > OCULTAVA A DIMENSÃO DE
CLASSE SUBJACENTE AO PROJETO
NACIONAL-DESENVOLVIMENTISTA.
• A AUTORA VAI EXAMINAR NOS TÓPICOS
SEGUINTES, A MOVIMENTAÇÃO DESSAS
FORÇAS POLÍTICAS A PARTIR DE SUAS
CONCEPÇÕES. INICIA SUA REFLEXÃO
CARACTERIZANDO O PERFIL DOS
PROGRESSISTAS.
OS PROGRESSISTAS E O MOVIMENTO NACIONALISTA
• P. 166 - Os Progressistas não eram apenas os
setores organizados no PTB que defendiam os
interesses trabalhistas e as reformas sociais. Eles
também encontravam-se nos partidos
conservadores como a “Ala Moça” do PSD e a
“Bossa Nova” da UDN.
• Para os progressistas as questões urgentes eram
a incorporação das exigências populares > voto
do analfabeto, a revisão da estrutura agrária, a
extensão da legislação social e trabalhista aos
trabalhadores rurais, o apoio à industrialização e a
reforma administrativa, entre outras.
Desenvolvimento nacional= industrialização
• Porém, entre os segmentos mais radicais > a
modernização da sociedade nacional > significava
reformas profundas no sistema político-eleitoral, na
administração do Estado, na estrutura agrária, na
educação e nas relações internacionais.
• Depois do colapso de 1929 > ficou claro para amplos
setores > a fragilidade da Nação > em decorrência de
um modelo de desenvolvimento dependente do
mercado externo, como era o agrário exportador.
Durante o governo JK as questões que mais
mobilizavam o movimento nacionalista > ERAM a
industrialização, a reforma agrária, a presença do
capital estrangeiro.
O nacionalismo econômico
• A plataforma industrialista e desenvolvimentista
>TINHA ampla penetração nos segmentos
nacionalistas e progressistas. Esse apoio não se
deu sem críticas. A implementação do plano de
Metas de JK > ocorreu com emissão recorrente de
papel moeda, instalação de multinacionais > Essa
opção provocou o aumento inflacionário e maior
presença de capital (K) internacional na economia
brasileira > A crítica contra a inversão direta de
capital estrangeiro > era recorrente entre os
setores nacionalistas: políticos, intelectuais,
estudantes e sindicalistas.
2. O projeto do nacionalismo econômico
• P. 172 - O projeto social dos nacionalistas
econômicos da Revista Brasiliense >era
bastante diverso daquele defendido pelo
nacional-desenvolvimentismo de JK e do ISEB.
• Pregavam a aliança entre os setores sociais
populares (proletários, camponeses e
progressistas) > na defesa da industrialização e
das reformas estruturais, sobretudo a agrária
para elevar o padrão social e econômico da
população brasileira.
Revista Brasiliense x ISEB
• O nacionalismo econômico > foi a perspectiva de
esquerda do período > aglutinada na Revista
Brasiliense que congregava os intelectuais afinados
com essa perspectiva. Embora a Revista tivesse
ligações com o Partido Comunista não era, contudo,
um periódico que refletisse a posição oficial do
partido. Dentre os intelectuais agregados à revista
destacam-se: Caio Prado Jr, Chaves Neto, Calil
Chade. Eles criticavam o “capital colonizador” e a
política desenvolvimentista de JK > justamente
porque criava novos laços de dependência
econômica.
Cont.- Revista Brasiliense x ISEB
• Para os Isebianos > a dependência econômica era
uma característica da economia baseada na
exportação de produtos agrícolas. Essa
dependência era o resultado da aliança dos
latifundiários agro-exportadores com o mercado
internacional.
• O movimento dos nacionalistas econômicos
.tornou-se ferrenho crítico do “entreguismo”
juscelinista, propondo uma plataforma política
abertamente reformista, antiimperialista, e
comprometida com as camadas populares.
Projeto dos nacionalistas
econômicos
• O projeto nacionalista econômico > no final do
governo JK > era a perspectiva dominante,
contraposto ao nacional-desenvolvimentismo.
Defendiam um capitalismo tipo estatal >
voltado aos interesses populares do campo e
das cidades e na crítica às novas
dependências nascidas da industrialização.
Propugnavam pelas reformas de base, como
solução para os problemas do país.
3.O projeto ruralista
• Para a autora a implementação do plano de Metas
do governo JK > ERA voltado para um novo pacto
político > com o objetivo de orientar o processo
de desenvolvimento brasileiro, capaz de articular
e harmonizar os objetivos e reivindicações dos
setores ruralistas com os novos e grandes
interesses industriais.
• O sucesso do Plano de Metas de JK > construção
de Brasília e do “cruzeiro rodoviário” > QUE ERA
composto pelas rodovias Belém/Brasília,
Acre/Brasília, Fortaleza/Brasília, Belo
Horizonte/Brasília e Goiania/Brasília. Essa diretriz
política > cumpria um importante objetivo > de
integração nacional > tornava possível a
construção do mercado interno.
Estrangulamento do desenvolvimento
•
NA AVALIAÇÃO DA EQUIPE DE JK > ERA A FALTA DE COMUNICAÇÃO ENTRE AS
REGIÕES INDUSTRIALIZADAS E AS ZONAS AGRO-PRODUTORAS DO INTERIOR >
O MAIOR ENTRAVE AO DESENVOLVIMENTO DO PAÍS. A AMPLIAÇÃO DO
PARQUE INDUSTRIAL BRASILEIRO DEPENDIA > DE UMA MAIOR INTEGRAÇÃO
NACIONAL.
•
A POLÍTICA COLOCADA EM PRÁTICA POR JK, DE AMPLIAÇÃO DO MERCADO
INTERNO > NÃO ERA A ÚNICA PROPOSTA E NEM A MAIS RACIONAL DO PONTO
DE VISTA FINANCEIRO. A OPERAÇÃO VISAVA > FAVORECER A
INDUSTRIALIZAÇÃO SEM ENTRAR EM ROTA DE COLISÃO COM OS FORTES
INTERESSE DA OLIGARQUIA RURAL > E COSTURAR A ALIANÇA POLÍTICO E
SOCIAL COM ESSE SETOR >INTERESSADO EM AMPLIAR AS FRONTEIRAS
AGRÍCOLAS PARA REGIÕES AINDA APARTADAS DO PROCESSO DE
DESENVOLVIMENTO NACIONAL. NOVAMENTE FOI ACIONADA A CHAMADA
“NOVA MARCHA PARA OESTE” (P. 177) > QUE PRESSUPUNHA O PROCESSO DE
OCUPAÇÃO ESPONTÂNEA DA TERRA.
O setor agropecuário • Para a autora, embora os ruralistas tivessem interesses
próprios, o setor estava em franca reestruturação desde
1929. A partir desta data, o setor agropecuário > passou
por profundas transformações, decorrentes da crise
mundial e de transformações em sua estrutura.
• No plano mais global > a economia brasileira deixou de ser
predominantemente agrário-exportadora > ESTAVA
marcada por progressiva industrialização e a
reorganização do setor agrícola > QUE passou a crescer
para atender a demanda interna.
• Os setores ruralistas voltados para o mercado interno >
gostassem ou não da industrialização > perceberam que
essa alternativa era importante. Trataram de harmonizar-se
e garantir no pacto político mais amplo o atendimento de
seus interesses. O projeto social ruralista > não era
antiindustrialista.
Projeto ruralista
• O projeto social ruralista defendia > maior
integração entre indústria e agropecuária, a
modernização da agricultura e, finalmente a
manutenção da grande propriedade rural.
Excluía, contudo, a grande maioria da
população rural, formada por pequenos
posseiros e trabalhadores sem terra. Não
considerava que 70% da população brasileira
(formada por homens e mulheres), nesse
momento, ainda vivia no campo e em cidades
de menos de dois mil habitantes (p.181).
Industrialização e expansão do modelo
oligárquico de apropriação territorial
• Na interpretação da autora, as aspirações
ruralistas não eram contraditórias ou
incompatíveis com o programa
desenvolvimentista de Jk. A oligarquia rural não
se posicionava contra a industrialização como
imaginavam os isebianos. Juscelino tampouco
excluía a oligarquia rural do grupo de apoio ao
seu governo e também não combatia seus
interesses “arcaicos”.
• Juscelino ao contrário > em seu Plano de Metas
(setor de alimentos e rodovias ) > promoveu a
expansão e modernização do setor agromercantil.
Houve a intensificação do uso de fertilizantes e
tratores, bem como a construção de estradas,
armazens e frigoríficos (p. 182).
Industrialização e expansão do modelo
oligárquico de apropriação territorial
• A expansão do modelo oligárquico de
apropriação territorial nas fronteiras
agrícolas > trouxe graves
conseqüências, a saber: o acirramento
do conflito de interesses no campo; o
aumento de especulação fundiária; a
grilagem e formação de novos
latifundios e conflitos inter-etnicos e
sociais, envolvendo os pequenos
proprietários e índios.
Cidadania e nacional-desenvolvimentismo
Conclusões
• Na avaliação final feita pela autora sobre o bem
sucedido governo JK > ela afirma que tal governo não
alcançou os diversos segmentos da sociedade. A
maior parte da população continuou à margem dos
benefícios gerados pelo desenvolvimento e
crescimento da economia.
• JK deixou de cumprir as promessas de
desenvolvimento social que via de regra, estavam
associadas à idéia de aceleração da prosperidade
econômica. Não conseguiu elevar o nível de vida da
população sertaneja. E, também, não foi bem
sucedido em duas outras promessas: os desníveis do
desenvolvimento regional e o “subdesenvolvimento”
nacional.
2. BENEVIDES, MARIA VICTÓRIA. O governo Kubitschek: a
esperança como fator de desenvolvimento. In: GOMES, Angel
de Castro (Org.)O Brasil de JK. RJ: FGV/CPDOC. 1991, p. 922.
• A cientista política M. V. Benevides, estudiosa do
governo JK, afirma que teria ficado para adversários e
admiradores a imagem de seu espírito otimista e
criador, iluminado por inegável tolerância política.
• Esse fascínio estaria associado a proposição de “50
anos em 5” > que “ousou duvidar da eterna vocação
agrícola do país e que aliou ao desenvolvimento
acelerado uma experiência bem sucedida de governo
democrático. Tão democrático quanto possível nos
limites óbvios de uma democracia de elites, com forte
tradição oligárquica, militarista e mesmo golpista”
(p.9).
O modelo desenvolvimentista e a persona
• Para tratar do assunto ela relembra a comoção
causada pela sua morte. E a multidão que
chorava e ao mesmo tempo cantava “Peixe
vivo” em seu enterro e pedia democracia,
desafiando a ditadura.
• A autora ao discutir essa associação entre
desenvolvimentismo e Juscelino >indaga até
que ponto o juscelinismo estaria associado a
outros “ismos” do período, como populismo e
nacionalismo, ou em plano mais pessoal ao
getulismo?
A singularidade do governo JK
• Para Benevides, a questão central é > Como explicar
a aparente estabilidade política do governo, cujo
chefe foi o único presidente civil, depois de 1930, a
assumir a presidência da República e a transferi-la ao
sucessor no dia marcado pela Constituição?
• Kubitschek e seu vice João Goulart > assumiram o
governo sob forte contestação de setores antigetulistas e por civis ligados à conservadora União
Democrática Nacional – UDN. A posse de ambos foi
garantida pelo “contragolpe preventivo” do então
Ministro da Guerra, general Lott que garantiu a
Constituição.
Singularidade do governo JK
• O GOVERNO JK “ENCRAVA-SE NUM PERÍODO CRÍTICO,
ENTRE O SUICÍDIO DE VARGAS (AGOSTO DE 1954) E A
RENÚNCIA DE JÂNIO QUADROS. NO ENTANTO, ESSA
EXPERIÊNCIA RESULTOU NUM GOVERNO
POLITICAMENTE ESTÁVEL, APESAR DE MARCADO POR
CRISES MILITARES NO COMEÇO E NO FIM DO PERÍODO,
COMO:
• OS LEVANTES DE JACAREACANGA E DE ARAGARÇAS;
PELAS CRISES PROVOCADAS POR CONFLITOS ENTRE
AS TRÊS ARMAS MILITARES;
• POR UMA INTENSA ATIVIDADE SINDICAL E PARTIDÁRIA;
PELA ASCENSÃO DOS MOVIMENTOS CAMPONESES E
PELA CRESCENTE INTERVENÇÃO DA IGREJA NA ÁREA
POLÍTICO-SOCIAL, SOBRETUDO NO NORDESTE” (P.10),
AO LADO DOS DOMINADOS, DIFERENTEMENTE DOS
PERÍODOS HISTÓRICOS ANTERIORES.
Singularidade do governo JK
• NO ENTANTO, DIGO EU, ESSE SEGUNDO MARCO NÃO PODE SER
CONSIDERADO RELEVANTE COMO QUER A AUTORA PORQUE
AINDA NÃO OCORREU E NÃO EXPLICA A CARACTERÍSTICA
PRINCIPAL ATRIBUÍDA A JK , QUE É RESPONSÁVEL PELA MARCA
DA ESTABILIDADE POLÍTICA DE SEU GOVERNO > QUE É
CONSEGUIR “ADMINISTRAR” E SUPERAR ESSAS CRISES.
• BENEVIDES CONSIDERA QUE O PAPEL DA IGREJA NA
CONJUNTURA TEM SIDO NEGLIGENCIADO PELAS ANÁLISES
POLÍTICAS DO PERÍODO; OBSERVA A AUTORA CHAMANDO A
ATENÇÃO PARA A ESTREITA RELAÇÃO QUE JUSCELINO
ESTABELECEU COM OS BISPOS DO NORDESTE PARTICIPANDO DE
SEUS ENCONTROS EM 1956 E 1959.
O governo JK > negociação e conciliação política
• NO ÂMBITO DAS CONFIGURAÇÕES POLÍTICAS DA CONJUNTUR,
PERGUNTA BENEVIDES, COMO OPERAVAM SUAS BASES POLÍTICAS
DE SUSTENTAÇÃO?
• A AUTORA OBSERVA QUE, TANTO OS AMIGOS QUANTO OS
INIMIGOS, IDENTIFICAVAM JUSCELINO COMO “HERDEIRO” DE
GETÚLIO (INDEPENDENTE DO AFASTAMENTO DO PSD MINEIRO
DAQUELE PRESIDENTE). EM ENTREVISTA CONCEDIDA A AUTORA
JUSCELINO REAFIRMOU QUE A APROXIMAÇÃO DO TRABALHISMOGETULISTA ERA FUNDAMENTAL PARA ANGARIAR O APOIO
POPULAR.
O governo JK > negociação e conciliação política
• POR ISSO, INSISTIU NA ALIANÇA COM O PTB E NO NOME DE JOÃO
GOULART PARA VICE-PRESIDENTE, APESAR DE SABER QUE
ENFRENTARIA FORTE OPOSIÇÃO UDENISTA E DOS MILITARES.
• NA SUA AVALIAÇÃO, SOMENTE QUEM BUSCASSE A
RECONCILIAÇÃO ENTRE O VOTO RURAL DO PSD COM O VOTO
URBANO DO PTB CONSEGUIRIA ENFRENTAR A OPOSIÇÃO E SE
ELEGER. ASSIM, SEGUNDO A AUTORA, “JUSCELINO E JANGO,
PERSONIFICANDO A HERANÇA GETULISTA, CONSEGUIRAM O
“PONTO ÓTIMO” DA ALIANÇA PSD/PTB, SOLIDAMENTE
REINSTALADA NO PODER”.
A oposição udenista
• Tal aliança, embora sólida sofreu os seus
revezes, como previa JK. Além das crises
militares, deve ser enfatizado que, apesar de
contar com confortável maioria parlamentar
(fruto da histórica aliança PSD-PTB), o
governo era alvo constante da virulenta
oposição udenista que se especializou na
denúncia dos “escândalos” da
administração e na obstrução aos projetos
do Executivo.
O populismo de Jk
• A AUTORA SE PERGUNTA ATÉ QUE PONTO É POSSÍVEL
ASSOCIAR POPULISMO A JUSCELINISMO E
CONSIDERAR JUSCELINO KUBITSCHEK UM LÍDER
POPULISTA? EM SUA INTERPRETAÇÃO FOI O
PRESIDENTE QUE LEVOU AO MÁXIMO A VIRTUALIDADE
POPULISTA, EMBORA NÃO EXIBISSE AS
CARACTERÍSTICAS “TRADICIONAIS” DO POPULISTA APELO AO TRABALHISMO (JOÃO GOULART), SENTIDO
PATERNALISTA, COM ASPECTOS REACIONÁRIOS
(ADEMAR DE BARROS), OU A VERSÃO MORALISTAAUTORITÁRIO, DE JÂNIO QUADROS.
O populismo de Jk
• NO “DISCURSO JUSCELINISTA” > NÃO HÁ UMA
CARACTERÍSTICA QUE REMETA AO PENSAMENTO
REACIONÁRIO, NO SENTIDO DE QUE ESTE DISTINGUESE, SOB QUALQUER VERTENTE POLÍTICA OU
IDEOLÓGICA, PELA VONTADE EXPLÍCITA DE VOLTA Á
SITUAÇÃO ANTERIOR, DE EXALTAÇÃO AO PASSADO.
PELO CONTRÁRIO, O FUTURO É SEMPRE A REFERÊNCIA
MAIOR DE JK E SEU DISCURSO.
O populismo de Jk
• SE NÃO ERA “TRADICIONALMENTE” POPULISTA,
ERA POSSÍVEL FALAR DE “IDEOLOGIA DO
JUSCELINISMO”?
• NAS ANÁLISES SOBRE “IDEOLOGIAS”
INTERESSA O CONFRONTO DAS AMBIGÜIDADES
E DAS CONTRADIÇÕES > PARTES INTEGRANTES
DE QUALQUER DISCURSO POLÍTICO – COMO,
ALIÁS, DE QUALQUER LINGUAGEM SIMBÓLICA.
O populismo de Jk
• Para a autora a ambigüidade mais visível
nos discursos juscelinistas refere-se, de
início, a conjugação entre o nacionalismo
de herança varguista e um novo modelo de
desenvolvimento amarrado ao capital
estrangeiro.
• No juscelinismo está clara a proposta para o
futuro, em termos ideológicos da
“construção do novo” – país, estado, Nação
– e uma proposta prática de mudança na
administração.
O populismo de Jk
• É ASSIM QUE O POPULISMO TOMA OUTRO
SENTIDO COM JUSCELINO, ALÉM DE SER A
EXPRESSÃO DE UMA ALIANÇA VITORIOSA E
VIRTUALMENTE CONTRADITÓRIA ENTRE UM
PARTIDO CONSERVADOR DE BASE RURAL,
COMO O PSD, E UMA AGREMIAÇÃO DE BASE
URBANA, COMO O PTB (P.15).
O populismo de Jk
• Isso significava dimensionar a ampliação da
participação política através do voto conseqüência da carta de 1946. Ou seja, “Jk
compreendeu, se o voto era necessário para
conferir legitimidade ao sistema e ao seu
governo, a contrapartida do governante, para
canalizar o apoio dos grupos e classes
emergentes, era justamente a maciça criação
de empregos.
O populismo de Jk
• A EUFORIA DESENVOLVIMENTISTA E, ESPECIFICAMENTE, A
FUNDAÇÃO DE BRASÍLIA E A IMPLANTAÇÃO DA INDÚSTRIA
AUTOMOBILÍSTICA NO ÂMBITO DO PLANO DE METAS,
CONVERTERAM-SE NA RESPOSTA DE UM NOVO E “MODERNO”
POPULISMO” (P. 16).
• BENEVIDES ASSIM CONCLUI:
• “RESUMINDO, O POPULISMO JUSCELINISTA PODE SER VISTO COMO
UM TIPO DE CONCILIAÇÃO, AO MESMO TEMPO MODERNIZANTE E
CONSERVADORA, E COMO UM “NOVO” NACIONALISMO VOLTADO
PARA AS EXPERIÊNCIAS DE UM CAPITALISMO PERIFÉRICO E
DEPENDENTE DO CAPITAL ESTRANGEIRO” (P. 16).
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Governo JK-texto de Vania