Porto Alegre, setembro 2008 Ano VII nº. 52 (Edição Especial) Diferente da eleição anterior para Prefeito de Porto Alegre, o tema de Orçamento Participativo não tem sido central no discurso dos candidatos. Saúde, Educação, Transporte Público e muitos outros temas preenchem a propaganda eleitoral na televisão, no rádio e na internet, mas os candidates pouco falam sobre seus planos para o OP (OP). Contudo, existindo uma pesquisa de 2008 mostrando o apoio de 74% da população da cidade ao OP, os candidatos têm ao menos que comentar alguma coisa sobre o OP, nem que seja só para deixar claro seu apoio genérico ao processo. Abaixo, estão as opiniões e planos dos candidatos para Prefeito de Porto Alegre, recolhidos da propaganda eleitoral de cada um, da imprensa e de entrevistas com o pessoal dos comitês dos candidatos, realizada pelo estudante e pesquisador Trevor Lyons, da Universidade de Tulane, em New Orleans (USA). Os candidatos, a eleição e o Orçamento Participativo Trevor Lyons, cientista político . José Fogaça (PMDB, PDT, PTB e PSDC - Cidade Melhor Futuro Melhor) O argumento central feito por Fogaça, no seu tanto quanto limitado a referências à gestão anterior. discurso de campanha sobre o OP, utiliza a Faltam planos para o OP no seu segundo mandato continuidade do OP durante seu governo como um (caso ganhe a eleição). sinal de cumprimento de seus compromissos da No Programa de Governo, Fogaça cita ainda campanha anterior. Ele argumenta que herdou o OP pesquisa realizada pelo Banco Mundial, “Para um com muitas demandas atrasadas (segundo ele, 907). Orçamento Participativo Mais Inclusivo e Efetivo em Alega que seu governo executou muitas delas e Porto Alegre”, e diz que implementará as também bastante das demandas novas. Ele recomendações feitas na pesquisa, incluindo o menciona a participação de 14.500 pessoas nas incentivo à inclusão de outros grupos sociais no OP. Assembléias Regionais e Temáticas em 2008 como O carro chefe de sua política de democracia um indicador que ele ampliou a participação no OP, participativa, porém, é a Governança Solidária Local, dando-lhe maior credibilidade. Na propaganda um programa que começou durante seu governo e eleitoral, Fogaça fala sobre o OP significantemente que se baseia na busca de vínculos entres setores mais que qualquer outro candidato. De fato, OP fica privados e púbicos como forma de prover obras e na primeira parte da primeira seção de seu Programa serviços para o cidadão de Porto Alegre. de Governo. Entretanto, seu discurso sobre OP é um Maria do Rosário (PT e PRB - Frente Popular) Sem surpresa, a candidata do PT é a favor da Assim como no programa de Fogaça, o OP fica no conservação e a aprofundamento do OP. Ela critica início do Programa de Maria do Rosário, mas não Fogaça por não ter feito uma boa gestão do OP. Em oferece detalhes concretos das propostas de sua campanha, o PT reclama que Fogaça está melhoria do processo que apresenta. A proposta “esvaziando” o OP. Maria do Rosário disse à Zero central visa o uso de Tecnologia da Informação para Hora que “não é verdade que a atual gestão manteve ampliar a base de funcionamento do OP. Propõe, o OP como era, não priorizou o OP.” O PT quer também um aumento da participação de jovens no lembrar as pessoas de que OP foi uma criação dele OP, o aprofundamento da discussão do OP e um e que o crédito pelo funcionamento atual do OP “controle da execução dos Planos de Investimentos, pertence a ele e não ao Fogaça. Contudo, essa da despesa, da receita, das dívidas públicas e do critica não ficou saliente na propaganda eleitoral de financiamento do Município.” Além disso, ela quer Maria do Rosário. promover uma avaliação do Ciclo do OP, começando já em 2009. Manuela D’Ávila (PC do B, PPS, PSB, PR, PMN, PT do B e PTN - Porto Alegre é Mais) Dos três principais candidatos, com chances de Governança Solidária Local. Em seu comitê, uma vitória segundo as pesquisas, Manuela é quem pessoa afirmou que entre os planos de Manuela para menos fala em sua propaganda eleitoral sobre o OP. o OP se incluem a ampliação da participação da Coligada ao PPS, partido que integrou o Governo juventude e da classe média, assim como o uso de Fogaça (e em parte nele continua), ela não tem a OP como ferramenta de inclusão social e “não só mesma liberdade de Maria do Rosário para criticar a para fazer obra.” gestão atual do OP. Ela diz que “respeita e defende o Ela também se refere à necessidade de incluir a OP,” e que “a Prefeitura tem de dar seqüência às representação de dirigentes de associações prioridades escolhidas pelo povo.” Ela acredita que, comunitárias, de modo a evitar a sua representação lado a lado com o OP, deve ser mantida também a por “procuração” através dos Conselheiros no COP. Luciana Genro (PSOL e PV - Sol e Verde) Luciana Genro tem sido a candidata mais crítica ao também acredita que “muitas vezes, o OP acaba OP em sua forma atual, advogando mudanças mais sendo um espaço de disputa político-partidária e não radicais que os outros candidatos. Em entrevistas, resulta numa verdadeira democracia.” Para melhorar ela disse que “o Orçamento Participativo precisa ser a situação, Luciana Genro defende que, primeiro, o revitalizado, porque tem sido desrespeitado” e que “o governo tem que garantir um nível básico de OP tem um erro crucial”, embora ela “não ache que o serviços, para que necessidades básicas não tenham OP tenha que terminar.” Ela aponta que muitas das que passar pelo OP. obras aprovadas pelo OP não são realizadas e que Ela quer “definir o conjunto da estratégia da cidade demandas bem pequenas tem que passar pelo de forma mais democrática e de forma mais direta processo do OP (como cobertura de paradas de com a população, empoderando mais as pessoas ônibus, reformas das escolas), as quais não que vão às assembléias e o que elas decidem”. precisariam passar para um processo tão longe. Ela Onyx Lorenzoni (DEM, PP, PSC – Porto Futuro Alegre) Semelhante aos demais candidatos, Onyx afirma que públicas, uma critica que fez Fogaça acusar Onyx de “o OP é patrimônio de Porto Alegre, que deve ser desrespeitar o OP. preservado e ampliado”. Mas ele avalia que o OP Para melhorar o processo, Onyx propõe reuniões “lamentavelmente é usado como instrumento temáticas para “fazer a pré-seleção das obras”, partidário.” Ele criticou Fogaça por uma suposta ocorrendo “a definição final por região da cidade e a deferência ao OP na responsabilidade pelas obras votação por meio de cupom que irá para as residências na conta de água”. Nelson Marchezan Júnior (PSDB – Saúde, Porto Alegre!) qualidade ao processo decisório. Marchezan Júnior Marchezan também acha que “OP é uma conquista considera igualmente que o aperfeiçoamento da de Porto Alegre.” Contudo, ele disse que “há muito transparência também contribui para aprimorar o espaço para usar melhor esse fórum de participação processo deliberativo. popular”. Ele propõe a melhoria do sistema de informação utilizado pelo OP, de modo a dar mais Vera Guasso (PSTU e PCB - Frente de Esquerda) Vera Guasso acredita que OP deve ser transformado destino de 100% do orçamento do município”, uma em “conselhos populares, que decidirão sobre o proposta feita por Olívio Dutra, em 1988.