Mães dignas de serem imitadas
Rev. Hernandes Dias Lopes
Pastor presbiteriano, professor e pesquisador do Programa de Pós-Graduação de Ciências da
Religião da Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP).
O grande estadista americano Abraham Lincoln disse que as mãos que embalam o berço dirigem
o mundo. As mães têm grande influência na formação do caráter de uma pessoa, na estruturação espiritual
da igreja e na formação da nação.
Mais do que ninguém, as mães convivem com seus filhos. Elas os carregam no ventre, no coração
e nos braços. Ninguém sonha tanto com o futuro dos seus filhos. Ninguém defende tanto os seus filhos.
Ninguém ora tanto pelos seus filhos.
Hoje vamos ver o exemplo de algumas mães:
I. UMA MULHER QUE NÃO DESISTE DE SER MÃE – 1Sm 1.1-20
1. Ana é amada, mas é estéril – v. 5,6
Ana tem um sonho legítimo, mas ele está sendo adiado. Ela quer ser mãe, mas não pode. Ela é amada pelo
marido, mas anseia por um filho. Ela pede a Deus, a resposta demora. Ana agarra-se ao seu sonho,
enquanto todos tentam demovê-la de esperar um milagre. Sua rival Penina a irritava, fazendo-a chorar.
Seu pastor, o sacerdote Eli, enquanto ela orava no templo, a chamou de bêbada porque não discerniu que
ela estava derramando sua alma diante de Deus. Seu marido, Elcana, instou-a a desistir do seu sonho de
ser mãe, dizendo que ele era melhor do que dez filhos para ela. Ana, porém, não desistiu e continuou
insistindo com Deus até que o milagre aconteceu na sua vida.
1 Ana foi vítima da hostilidade de Penina, do engano de Eli e da racionalização de Elcana. Mas ela não
desiste de esperar em Deus.
2. Ana é estéril, mas ora pelo filho antes dele nascer – v. 18-20
Ana orou por Samuel antes mesmo de ela conceber. Ela disse: “Por esse menino oro eu”. Antes de
Samuel ser gerado no seu ventre, ele foi gerado no seu coração. Antes de ela chorar pela dor do parto, ela
chorou diante de Deus pelo filho. Ana é estéril, mas ora; é estéril, mas espera um milagre; é estéril, mas
crê na Palavra e é curada emocional e fisicamente.
Mônica, mãe de Agostinho, orou por ele 30 anos. Ambrósio disse mais tarde que um filho de tantas
lágrimas, jamais podia perecer.
Hoje temos mães modernas, mães talentosas, mães intelectuais, mães ocupadas, mas poucas mães de
oração. A coisa mais importante que uma mãe pode fazer pelo seu filho é orar por ele. Minha mãe era
praticamente analfabeta. Ela aprendeu a ler sozinha. A coisa que mais me impactou a minha vida com
Deus foi ver inúmeras vezes minha mãe de joelhos chorando pelos filhos. Antes de ela morrer, ela me
chamou e me disse que durante todos os anos que passei no Seminário, ela se levantava e ia para o seu
quintal e clamava a Deus para eu fosse usado por Deus.
3. Ana recebeu de Deus um filho, e o consagrou de volta para Deus – v. 18-20
Ana não apresentou o seu filho como um troféu de sua vaidade pessoal. Ela sabia que Samuel veio de
Deus, era de Deus e devia ser consagrado de volta para Deus. Ela o prometeu a Deus e o devolveu a Deus.
Samuel não
foi apenas um grande filho, mas um grande homem, o maior da sua geração. Ele foi o maior profeta, o
maior sacerdote e o maior juiz da sua geração.
Precisamos de mães que ousem consagrar os seus filhos para Deus. Precisamos de mães que abram mão
de seus filhos para realizar os grandes projetos de Deus. Ana entendeu o Salmo 127. Os filhos são flechas
nas mãos do guerreiro: eles são carregados e depois lançados para longe, para o alvo.
Asbell Green Simonton era o nono filho, o caçula. Seu pai era deputado federal, médico e presbítero. Sua
mãe uma mulher fervorosa. Quando o menino nasceu, eles o consagraram para a obra de Deus. O Senhor
honrou o voto dos pais e o chamou para o ministério e para a obra missionária no Brasil.
2 Ana devolveu ao Senhor Samuel num tempo em que poderia ter justificadas desculpas: Eli estava velho
demais. Os dois filhos de Eli eram filhos de Belial. Essa mãe, entretanto, foi perseverante na busca e fiel
na entrega.
4. Ana compreendeu que Deus é soberano na realização da sua vontadeem relação aos nossos filhos –
2.6-8
Precisamos de mães que insistam com Deus em oração, mas que descansem na providência de Deus em
relação aos seus filhos. Ana entendeu que Deus é quem dá a vida e tira a vida; Deus é quem exalta e quem
rebaixa. Deus faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade.
Elcana pensou que o tempo dos milagres havia acabado e encorajou sua mulher a desistir de crer na sua
cura. Mas a última palavra não é da ciência, mas de Deus. Ele pode intervir. Ele ainda faz com a que a
mulher estéril seja alegre mãe de filhos. Deus não abdicou do seu poder. Ele ainda nos diz: “Se creres,
verás a glória de Deus”.
Todos diziam para Ana desistir, mas ela continuou crendo. Todos tocavam as trombetas da
impossibilidade, mas ela continuou crendo que se Deus quiser, Deus pode. Às vezes, nós desistimos cedo
demais. Desistimos no limiar da vitória. Recuamos com o pé na terra da promessa. Exemplo: meu
primeiro livro. Um pastor disse que aquele livro não era digno de ser lido e que iria escrever uma obra
para reduzi-lo a cinzas.
Não abra mão de esperar coisas grandes e novas na sua vida e na vida dos seus filhos. Ele pode fazer com
que a mulher estéril seja alegre mãe de filhos. Ele pode converter vales em mananciais, lágrimas em
cânticos de júbilo, solidão em festa, derrota em retumbantes vitórias.
Samuel foi uma bênção nas mãos de Deus num tempo de crise política e espiritual. Ele foi o homem que
ensinou a Palavra de Deus e orou pela nação.
Ana foi uma mulher que celebrou as suas vitórias e glorificou a Deus pelos seus sonhos realizados (1.20).
Ela adorou a Deus e ergueu a ele um cântico (2.1-10).
II. UMA MULHER QUE NÃO DESISTE DE ENSINAR O FILHO – 2Tm 1.5; 3.14,15
1. Eunice, uma mãe que compreende que o ser vem antes do ensinar – v. 5
3 Eunice aprendeu com sua mãe Lóide e agora passa ao seu filho Timóteo. Primeiro ela é, depois ela faz.
Primeiro ela demonstra, depois ela ensina. Primeiro ela testemunha, depois ela transmite o ensino. A fé
sincera que habitou em Timóteo primeiro habitou em sua mãe.
A educação cristã começa no lar. Deuteronômio 6.1-9 nos revela que os pais primeiro amam a Deus e
depois transmitem isso aos seus filhos.
Provérbios 22.6 revela que precisamos ensinar não o caminho que a criança quer andar, nem o caminho
que a criança deve andar, mas no caminho.
Albert Schweitzer disse que o exemplo não é apenas uma forma de ensinar, mas a única forma eficaz.
As mães são como espelho para os filhos. O espelho não grita, ele revela. Há quatro marcas do espelho:
•
Primeiro, o espelho é mudo. Ela não fala, demonstra. Ele não grita aos ouvidos, apela aos olhos.
•
Segundo, o espelho deve ser limpo. Um espelho sujo embaça a visão. É como o reflexo da lua
numa poça de águas turvas. A lua está lá, mas não conseguimos vê-la com nitidez.
•
Terceiro, o espelho deve ser plano. Um espelho côncavo ou convexo distorce a imagem. As mães
precisam ter vida irrepreensível se querem ensinar com eficácia.
•
Quarto, o espelho deve ter luz. Sem luz podemos ter olhos, mas não enxergamos. Sem a luz da
Palavra, não podemos ensinar os nossos filhos.
2. Eunice ensinava Timóteo desde a meninice – 3.14,15
O ensino começa na vida intrauterina. Os filhos estão absolutamente antenados. As mães precisam
aproveitar as oportunidades e ensinar seus filhos desde a mais tenra idade. O mundo está ensinando
nossos filhos, a televisão está ensinando nossos filhos, a MTV está ensinando nossos filhos, a escola está
ensinando nossos filhos. Eles estão expostos a muitos mestres, a muitas influências. As mães precisam
trabalhar com muita consciência para instilar no coração dos filhos as sagradas letras. Eunice fez isso e
seu filho tornou-se um pastor de almas, um homem poderoso nas mãos de Deus.
Joquebede, mãe de Moisés é um dos maiores exemplos que temos na Bíblia de investimento no ensino.
Ela não desistiu de amar nem de sonhar mesmo num tempo de terrorismo contra a família. Os egípcios
agiram com astúcia (Ex 1.10), sistema sócio-econômico opressor (1.11), sistema político despótico (1.13),
agonia social profunda (1.14), sistema manipulador da vida (1.15,16,22). Deus é o dono e o Senhor das
circunstâncias. Deus estava à frente daquela história. Ele se importa com a família, com o nascimento de
uma criança. Deus resolveu quatro problemas:
4 •
Em primeiro lugar, o problema sentimental. O filho seria criado pela própria mãe. Deu-lhe todo o
afeto. Num tempo de terrível perseguição Joquebede pode criar e cuidar do seu filho abertamente
sem sentir-se ameaçada.
•
Em segundo lugar, o problema econômico. Joquebede foi paga regiamente para cuidar do seu
próprio filho, e isso, pela filha do homem que tinha tentado matá-lo. Chama-se a isso de humor
divino.
•
Em terceiro lugar, o problema da educação religiosa. Os poucos anos que Moisés passou junto de
sua mãe ajudaram-no a determinar o seu futuro. Deixaram marcas indeléveis em sua mente.
Hebreus 11.24-27 revela que a educação recebida na infância não se desfez com anos de estudos
na Universidade do Egito.
•
Em quarto lugar, o problema da formação cultural e científica. Moisés como filho de uma família
escrava está agora estudando nas melhores universidades do Egito, como filho do rei, tendo uma
educação como príncipe. Deus estava preparando Moisés para libertar o seu povo.
Joquebede concebeu seu filho e não desistiu dele. Os anos que ela passou com Moisés foram suficientes
para plantar no coração dele as prioridades de Deus. Joquebede foi uma mãe bem-sucedida. Ela teve três
filhos: Arão, Miriam e Moisés. Todos os três foram influentes. Todos os três foram grandes diante do
povo. Todos os três foram líderes que conduziram o povo.
Invista na educação espiritual de seus filhos. Leia a Bíblia com eles, ore com eles, reparta sua experiência
com eles.
Muitos pais hoje deixam os filhos crescerem para depois eles escolherem o caminho que querem seguir.
Nós escolhemos o nome, as roupas, a comida, a escola para os filhos. Não escolheremos o mais
importante? Josué, o líder do povo de Deus, disse: “Eu e a minha casa serviremos ao Senhor”. Eunice
ensinou Timóteo desde a sua infância.
3. Eunice ensinou Timóteo para a salvação – v. 15
Eunice entendeu que seu filho precisava de salvação. Ela não queria apenas transmitir conhecimento. Ela
sabia que seu filho precisava mais do que simplesmente um verniz religioso; ele precisava de vida.
Nossos filhos podem ter casa, roupa, comida, escola, mas se nós não os levarmos a Cristo, estarão
perdidos com educação e tudo.
5 A maior necessidade dos nossos filhos não é o sucesso é a salvação. Hoje o sonho dos pais para os filhos
é que eles sejam grandes, ricos, famosos, bem sucedidos profissionalmente. Creio que esse pode até ser
um sonho legítimo, mas a maior necessidade dos filhos é serem filhos de Deus, é terem vida eterna, é
serem servos do Deus Altíssimo.
4. Eunice acreditava na eficácia da Palavra de Deus para levar seu filho à conversão – v. 14,15
Eunice ensinava as sagradas letras. Ela confiava na eficácia da Palavra de Deus para levar seu filho à
conversão. Hoje estamos vendo uma geração analfabeta da Bíblia. Os pais não conhecem Bíblia. Os filhos
estudam nas melhores escolas, mas são analfabetos da Bíblia. Não tem mais ambiente nem espaço na
maioria dos lares para estudar a Bíblia com os filhos.
Mãe, estude a Bíblia com seus filhos. A Palavra de Deus é mais preciosa do que o ouro depurado. A
Palavra de
Deus é mais gostosa do que o mel e o destilar dos favos. Ensine andando pelo caminho, ao levantar e ao
deitar.
5. Eunice ensina seu filho a ter uma fé salvadora centradana Pessoa de Cristo – v. 15
Eunice sabia claramente que a salvação não é uma questão de mérito, de obras, de virtudes granjeadas.
Ela sabia que a salvação vem pela fé em Cristo Jesus. Precisamos levar nossos filhos a Cristo. Precisamos
dar a eles não apenas o pão que perece, mas o Pão da Vida. Nossos filhos precisam mais de Jesus do que
de roupa nova, roupa de grife, ir ao cinema, estudar nas melhores escolas. Podemos dar tudo para os
filhos, se não os levarmos a Jesus, teremos fracasso como pais.
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