COLÉGIO GÊNESIS
Educação Infantil – Ensino Fundamental I
Lorena - SP
Quando corrigir, quando não corrigir.
Extraído de Weise, Telma e Sanches, Ana. O diálogo entre o ensino e a Aprendizagem. Ática, 2000.
Pode-se pensar a correção de várias formas. A tradição escolar normalmente
vê a correção que o professor realiza fora da sala de aula, longe dos olhos dos
alunos, como a principal. Compete-lhe marcar no trabalho realizado aquilo que o
aluno errou, para que o erro seja corrigido e não fique presente no produto do
trabalho do aluno. Essa forma de lidar com o erro responde a uma concepção que
supõe a percepção e a memória como núcleos na aprendizagem.
Outra visão de correção é a que gosto de chamar de informativa. Ela carrega
a ideia de que a correção deve informar o aluno e ser feita dentro da situação de
aprendizagem.
O professor realiza durante a própria situação de produção, levantando
questões que ajudem o aluno a perceber certas incorreções ou simplesmente
apontando diretamente uma incorreção que, segundo sua avaliação, o aluno possa
reconhecer, aproveitando a informação que lhe está sendo oferecida. Por exemplo:
numa classe onde os meninos já escrevem alfabeticamente, o professor passa e vê
uma criança que escreveu CUADO (quando). Ele pode simplesmente dizer: “Leia
para mim o que está escrito aqui”, ou “Preste atenção em como você escreveu essa
palavra, pense e me diga se é assim mesmo que se escreve”, ou “Procure essa
palavra no dicionário”, ou ainda “De que outras formas você poderia escrever isso?”.
Os erros devem ser corrigidos no momento certo. Que nem sempre é o
momento em que foram cometidos.
No caso da ortografia, que mobiliza tanto os professores (e pais), fica claro
que a correção se define pelo momento da aprendizagem em que os alunos estão.
Se a criança ainda nem escreve alfabeticamente, e para escrever cachorro usa
menos letras do que precisa KXO -, deve o professor insistir com ela que não é com
X que se escreve, mas com CH, ou que o K não é usado ela deveria escrever CA?
Certamente que não, pois isso não faz sentido ainda para ela. Além de inútil, poderá
deixá-la atônita, porque ela não sabe sequer do que o professor está falando. Para
essa criança, a intervenção adequada é aquela que a ajuda a transformar suas
ideias sobre a escrita, isto é, aquela em que o professor cria situações nas quais ela
possa pôr em jogo sua hipótese sobre a escrita, que nesse momento é silábica.
Muitos professores e mesmos pais consideram que o erro não corrigido ficará
para sempre na memória do aprendiz. Isso não é verdade. Se o menino escrever
CACHORO uma vez, não significa que ele nunca vá aprender que “cachorro” é
escrito com dois erres e não com um só, já que essa é uma ocorrência regular na
língua.
Por que haveríamos de crer que a criança vê repetidas vezes a forma certa e
não a fixa e, num rápido e eventual contato com o erra, fixa o erro?
Assim, entre o “tudo pode” e o “nada pode”, entre o “não se deve deixar nem a
sombra do erro” e o “agora não é mais para corrigir” existe um enorme espaço para a
atuação inteligente do professor (e dos pais).
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Quando corrigir, quando não corrigir.