entrevista José Manoel Cordeiro e Ronaldo Amorim Teixeira Dois olhares texto e fotos Leonardo Cunha N este mês em que a Empresa comemora 52 anos, a Revista FURNAS inova o formato de sua seção Entrevista promovendo um bate-papo entre o motorista José Manoel Cordeiro, 63 anos de idade e prestes a completar 40 de casa, e o assistente de administração Ronaldo Amorim Teixeira, 48 anos, com apenas cinco meses de FURNAS. O encontro, que reuniu experiência e espírito de descoberta teve lugar na Usina de Furnas (MG), berço da Empresa e local de trabalho de nossos personagens. De forma descontraída, a conversa abordou curiosidades do passado e expectativas quanto ao futuro. 4 sobre Ronaldo Amorim Teixeira: Como sa. Naquele tempo eu não tinha nada, você ingressou na Empresa? nada mesmo. E você, Ronaldo, de que José Manoel Cordeiro: Vim de forma chegou a FURNAS? Belo Horizonte para a Usina de Furnas Ronaldo: Eu moro em Itaú de Minas, em 1969, por indicação de meu irmão aqui na região da usina, e, por isso, tinha mais velho, que trabalhava na Cemig uma boa referência da Empresa. Em (Centrais Energéticas de Minas Gerais). 2005, fiquei sabendo do concurso por Fiz um teste de direção e, empolgado meio de um amigo e me inscrevi, mas com a vista da usina, algo que não co- achando que não passaria. Classifiquei- nhecia, entrei numa contramão. Pensei me dentro do número de vagas. Possuía que seria reprovado, mas para a minha dois empregos públicos e tive de pesar felicidade o examinador percebeu que muito se valia à pena deixá-los. Mas eu estava um pouco nervoso. No dia 14 devido a fama de FURNAS de ser uma de julho de 1969 fui fichado na Empre- Empresa que valoriza seus emprega- Revista FURNAS - Ano XXXV - Nº 361 - Fevereiro 2009 “Percebo que há uma tentativa de modernização da Empresa. Que ela não ficou parada no tempo” Ronaldo Amorim Teixeira FURNAS dos, optei por largar meus antigos Naquela época, não havia o sistema Sempre em movimento. Lembro que, empregos. Estou aqui há cinco meses de micro-ondas. Para falar com o Rio em 1972, com o início da montagem do e bastante satisfeito com o que tenho de Janeiro, por exemplo, usávamos o sistema de micro-ondas, passava 15 dias recebido. O ambiente de trabalho é rádio-telégrafo. E, quando viajávamos, em casa e um mês fora para atender muito bom. Mas, Cordeiro, fale de como era por carta que nos comunicávamos aos americanos que trabalhavam no era a Empresa nos seus primeiros anos com a família. projeto. As estradas eram muito ruins, de casa. Ela já tinha a imagem de um bom lugar para se trabalhar? Cordeiro: As pessoas achavam que você havia recebido um prêmio da loteria por ser empregado de FURNAS. A Empresa era uma mãe. Eu mesmo, quando me casei, ganhei uma casa funcional toda mobiliada, com rou- Ronaldo: De que maneira você participou da construção do Sistema FURNAS? de terra e mal sinalizadas. Era comum, quando um motorista retornava de viagem, a esposa reunir as vizinhas para rezar o terço e agradecer pela Cordeiro: Havia muito serviço na- volta do marido. Mas consegui ter uma quela época. Nós motoristas estávamos paz muito grande em viagens. Passava sempre levando materiais e técnicos rápido. Era gostoso, sadio. entre os empreendimentos e escritórios. pa de cama, botijão de gás, fogão... Tudo. Minha filha nasceu prematura, e tinha uma saúde frágil. Quando via- “As pessoas achavam java a trabalho, sabia que FURNAS se que você havia recebido encarregaria de garantir a assistência necessária à minha família. Isso fazia um prêmio da loteria por toda a diferença. ser empregado Ronaldo: Você acompanhou de perto de FURNAS” a expansão de FURNAS, não? Cordeiro: A estrutura da Empresa José Manoel Cordeiro cresceu muito nesses 40 anos. Quando cheguei, havia apenas a Usina de Furnas. A Usina Luiz Carlos Barreto de Carvalho (MG/SP) estava em construção. No Rio de Janeiro, a sede ficava num pequeno escritório, na esquina da rua São José com avenida Rio Branco, no Centro. Revista FURNAS - Ano XXXV - Nº 361 - Fevereiro 2009 5 entrevista José Manoel Cordeiro e Ronaldo Amorim Teixeira Ronaldo: Conte-nos alguma história pessoas sabem o que é FURNAS. Antes, de transmissão, por exemplo. Assim peculiar de suas viagens. não. Mas quem a conhecia mostrava ad- que entrei, parecia que FURNAS não miração e consciência de que se tratava estava conseguindo acompanhar esse de uma excelente Empresa. Acho que novo processo e vencer as licitações. você, Ronaldo, pode nos dizer qual a Mas, nos últimos meses, tivemos boas visão que tinha de FURNAS e como ela notícias, como a conquista do sistema mudou ao se tornar empregado. de transmissão do rio Madeira (LT Cordeiro: Certa vez fui levar um engenheiro a São João Batista do Glória (MG, cidade no entorno do Lago da Usina de Furnas). Como disse, as estradas eram muito precárias. Atolamos num lamaçal e tivemos de passar a noite Ronaldo: Sabia que era uma Empresa no carro. Não havia rádio, telefone, grande, mas não imaginava com clareza qualquer forma de comunicação. Só a dimensão da sua estrutura. Nós, que no dia seguinte foi que um leiteiro nos moramos aqui na região, pensamos encontrou. muito em FURNAS apenas como esta Ronaldo: Quando você ingressou na a gente a certeza de que a Empresa vai crescer ainda mais. Cordeiro: O que você espera de FURNAS nos próximos 10, 15 anos? Sistema FURNAS. Nesse pouco tempo Ronaldo: Que confirme sua lideran- como empregado, percebo que há ça no setor elétrico do Brasil. A gente uma tentativa de modernização por não faz idéia, como usuário final, da Cordeiro: Sim. Desde os primeiros parte da Empresa. Que ela não ficou importância que tem a energia para engenheiros, técnicos e auxiliares, o paralisada no tempo e está investindo movimentar o país. Não existirão quadro de FURNAS sempre foi visto tanto em equipamentos e técnicas novas empresas e novos empregos como selecionado e capacitado. Um como também no aprimoramento de sem um parque elétrico bem estru- quadro em que você pode confiar. Hoje, sua gestão. A questão das concorrên- turado. Espero que FURNAS lidere até mesmo em lugares pequenos, as cias para construção de novas linhas esse processo. Empresa ela já era reconhecida por sua capacidade técnica? 6 usina. Não temos a noção do que é o Porto-Velho Araraquara). Isso dá para Revista FURNAS - Ano XXXV - Nº 361 - Fevereiro 2009