ICEB - Instituto de Cultura Espírita do Brasil / Rio de Janeiro
ALEGRIA E “ALEGRIAS”
Nadja do Couto Valle
UM NOVO HOMEM
PARA UM MUNDO MELHOR
Lar Fabiano de Cristo
Ano IV - no 47 - Fevereiro / 2013 - R$ 4,00
CONCEITO DE ESPÍRITA
Deolindo Amorim
"Eguct"Tgku"*TL+
Editorial
arnaval… a festa surgiu ali pelo século XI,
com a implantação da chamada semana
santa pela igreja católica. Quarenta dias
antes iniciava-se a quaresma, na quarta feira
de cinzas. O tríduo momesco, portanto, tem
sua datação dependente de uma comemoração religiosa.
Muito interessante a integração de Momo com a prisão, o
julgamento ignominioso e a crucificação de Jesus.
Carnaval era para o deleite da carne porque viriam
quarenta dias de jejum. Hoje não se faz jejum mas os
deleites aí estão.
Na Grécia, cerca de 550 antes de Cristo, havia uma
festa agrária, cultos de agradecimento aos deuses por
causa das colheitas . Como tudo que não sabiam explicar
era atribuído aos deuses, esses deveriam ser agradados.
Os romanos dominaram os gregos pelas armas mas
assumiram muita coisa da cultura grega. Festa de colheita
era bebida, comida, celebrações, busca de prazeres,
quase todos ligados à satisfação dos instintos.
Em Roma o carnaval era em dezembro, entre os dias
17 e 23. Depois vinha a festa do Zeus Invictus, em 25 de
dezembro, coincidindo, no hemisfério norte, com o mais
longo dia de inverno. Naqueles dias não havia negócios,
os escravos ficavam livres temporariamente, misturavamse com os senhores, as restrições morais eram retiradas.
Trocavam-se presentes, era eleito um rei que comandava
o cortejo em homenagem ao deus Saturno. Tais festas
eram protegidas por Baco, deus do vinho. Havia uma
inversão de papéis. O rei Momo era escolhido dentre
escravos mais atrasados e podia ordenar o que quisesse
durante aqueles dias. Era como se fosse um grande teatro
ao ar livre, pleno de libertinagens e grosserias. Por causa
disso, com o tempo, já na Idade Média, as pessoas usam
máscaras, oriundas do teatro grego.
Com o fim do império romano, já no ano 325 de nossa
era, a igreja definiu que os quarenta dias antes da Páscoa
deveriam ser de orações e jejuns. Antes da quaresma vem
o “adeus à carne” ou o “vale a carne”, traduções para a
palavra “carnaval”.
No Brasil, em certos lugares o carnaval dura bem
mais do que uma semana. Transformou-se em empreendimento de conotações econômicas, de interesses folclóricos, de artes plásticas, música, turismo, uma indústria
que movimenta fortunas e leva nossa imagem pelo mundo
todo. Infelizmente, continua o domínio da carne, passa
pela droga e muitas outras tragédias da criatura humana.
Jamais esquecerei de dois espetáculos que me fizeram chorar: no aeroporto de Paris, preparando-me para
voltar ao Brasil, ouvi grande algazarra. Todos voltaram-se
para o escândalo. Eram brasileiros, exóticos, embriagados, afetando comportamentos voluptuosos, gritando
vivas ao carnaval do Brasil.
Outro momento difícil, também num aeroporto, dessa
vez em São Luis do Maranhão. Chegamos de madrugada
para um encontro espírita durante o carnaval. O aeroporto
estava cheio. Meninas, 13, 14 anos, a comando, gritavam quase histéricas. Naquele mesmo momento chegava
um voo fretado da Europa. Os alemães agarravam-se às
nossas meninas brasileiras, prostituídas tão jovens pela
ganância absurda. “É carnaval! É carnaval!” Ainda bem
que temos Joanna, profundamente heróica, Auta, doente
mas romântica e de extrema religiosidade, Victor e seu
trabalho em favor dos miseráveis, seu desejo de tolerância
em favor dos que erram muito, Peixotinho, sua asma e sua
generosa mediunidade, Flammarion, sua visão e o relacionamento dos espíritos da Codificação com a astronomia.
Grandes almas que inundam de luz nossa revista de fevereiro, onde não vale a carne, não vale a saturnália, não vale
Momo. Queremos aqui festejar a colheita do bem, como
nos mostram a página do Lar Fabiano, que comemora 55
anos de amor verdadeiro, o artigo de nossa coordenadora
Nadja, levando-nos sempre à necessidade de transformar
o Espiritismo naquilo que ele é: obra de nossa educação,
cultivando a alegria legítima. Ai está nosso De Mario alertando sobre as vibrações do carnaval e propondo substituições efetivas e afetivas. Aí estão Ana Guimarães e o nosso
permanente encontro com Jesus, com a delicadeza do Dr.
Fabiano. Nossa festa do bem.
Não temos confetes, serpentinas passageiras. Nossa
festa é íntima e se passa no dia-a-dia, no grande esforço
de renovação interior. Aproveite o carnaval com boa leitura.
Referência
http://pt.wikipedia.org/wiki/Carnaval
t g x k u v c
fevereiro 2013 /
Cultura Espírita – 3
No 47 – ANO IV
FEVEREIRO 2013
Diretor
Cesar Reis
Coordenação Geral
Nadja do Couto Valle
ÍNDICE
Editorial
Cesar Reis ................................................................................................................................................................................ 03
Revisão
Teresa Costa
Pelos Caminhos da Educação
Jornalista Responsável
Entrevista
Marcelo José Gonçalves Sosinho
Nadja do Couto Valle ................................................................................................................................................................ 05
Divaldo Pereira Franco – Entrevista sobre Joanna de Ângelis ................................................................................................ 06
Reg. RJ 22746 JP
Lar Fabiano de Cristo
Diagramação e capa
Deolindo Amorim
Rogério Mota
Rogério Mota
Conceito de Espírita ................................................................................................................................................................. 09
Colaboração
Peixotinho
Glória Magalhães
Assaruhy Franco de Moraes
Humberto Vasconcelos ............................................................................................................................................................11
Redação
Rua dos Inválidos, 182
Centro - Rio de Janeiro/RJ
Brasil
Um Novo Homem para um Mundo Melhor ............................................................................................................................... 08
Crônicas de Família
Ana Guimarães ......................................................................................................................................................................... 10
Victor Hugo e o Espiritismo
Maria do Carmo Marino Schneider ........................................................................................................................................ 12
Victor Hugo kaj Spiritismo
ESPERANTO – Versão: Saulo Wanderley ............................................................................................................................. 14
Encontro com Jesus
Fabiano Nunes ........................................................................................................................................................................ 15
A Importância da Astronomia para a Doutrina Espírita
Cláudio Lirange-Zanatta ......................................................................................................................................................... 16
E-mail: [email protected]
Site: www.portaliceb.org.br
Juventude Espírita / Certas Palavras
Marcus De Mario / Cesar Reis .............................................................................................................................................. 17
Homenagem a Auta de Souza ................................................................................................................... 18
Distribuição
Na edição no. 45, de dezembro/2012, na página 11, 2ª. coluna, onde se lê “Reconhece-se o
verdadeiro espírita pelos esforços que emprega para domar as más inclinações” LEIA-SE: “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para
domar suas inclinações más.”
Clube de Arte
www.clubedearte.org.br
Tiragem: 20 000 exemplares
Reprodução:
Gráfica e Editora Stamppa Ltda.
Segunda — 12:00h - Despertar Espírita - Yasmin Madeira
Terça — 12:00h - Cultura Espírita - Assaruhy Franco e Cesar Reis
Quarta — 12:00h - Encontro com Jesus - Yasmin Madeira
Quinta — 12:00h - Crônicas de Família - Ana Guimarães
RÁDIO RIO DE JANEIRO — 1400 Khz - A emissora da fraternidade
sintonize
www.radioriodejaneiro.am.br
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e quando em vez, eis que somos
constrangidos a “ser” felizes, porque convencionou-se que em algumas épocas do ano “temos” que ser
alegres e felizes, como no carnaval,
por
po exemplo.
po
exem
mpl
p o Mas que alegria estão nos “impondo”? Esse cconceito, como o de felicidade, varia
segundo o nível
n evolutivo de cada um, e forja a
escala de valores que determinam cada escolha
individual, sobretudo nas horas muito importantes de transição moral da Terra e de seus habitantes, como nos informa o Espírito Manoel Philomeno de Miranda1. Os que estejam na faixa do
exclusivo prazer sensível e sensual nessa época
encontram, com o “aval social”, encorajamento
para entregar-se às “alegrias” de superfície e de
“consenso”, próprias desses dias. Mas logo descobrem que tais ilusões trazem decepções, e até
tragédias pessoais e coletivas. Leitura obrigatória nessa época é Nas fronteiras da loucura, de
Manoel Philomeno de Miranda2.
A alegria foi considerada por muitos filósofos como uma das “paixões da alma”, contrapondo-se à tristeza, mas não necessariamente à
dor. Para Santo Agostinho trata-se de um estado
da alma em que esta se encontra “preenchida”;
Descartes disse que a consideração do bem
presente suscita em nós a alegria, e a do mal,
a tristeza, quando não se trata de um bem ou de
mal que não é representado como pertencente a
nós3. Já Spinoza define a alegria (laetitia) como
“a paixão mediante a qual a mente passa a uma
perfeição maior” e a tristeza “a paixão pela qual
ela passa a uma perfeição menor”4. Leibniz lembra que a alegria é um estado em que predomina
em nós o prazer, pois durante a mais profunda
tristeza e em meio às mais amargas angústias se
pode experimentar algum prazer, como beber ou
escutar música, embora o desprazer predomine;
e assim, também em meio às mais agudas dores, o espírito pode encontrar-se em estado de
alegria, como acontecia com os mártires.
Filósofos contemporâneos tendem a acompanhar Bergson, que considera a alegria como
um anúncio de que a vida alcançou o seu propósito e a sua vitória, e Vladimir Jankélévitch,
para quem a vida não tem limites, porque, como
o amor, quer sempre ir mais além. Essa postura existencial-espiritualista contrapõe-se às
“alegrias” dos dias carnavalescos, que buscam
o artificialismo e a superficialidade dos comportamentos, afastados dos altos sentimentos, descambando para a satisfação da sofreguidão dos
instintos. Essa inscrição da alegria no campo da
moral provocou alguns debates sobre a função
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ou ausência de função da alegria na vida moral.5
Para Max Scheler, a alegria é fonte e necessário
movimento concomitante, posto que não é um
fim em si mesmo, mas acompanha a vida moral.
Jesus assinalou isso categoricamente, em
Seu Evangelho, que é alegria, e afirmou que a
Sua alegria é fazer a vontade do Pai6. Em algumas traduções, o uso de “alimento”, em vez de
“alegria”, alinha-se no campo da psiconeuroendocrinoimunologia, que está comprovando que esse
tipo de alegria engendra saúde. Portanto, sem
a consciência do sujeito moral, as alegrias fúteis
próprias das solicitações, divertimentos e festas
do mundo, como o carnaval, são “alegrias”, fumaça de ilusões que logo se esvai, geralmente em
um lastro de tristeza, depressão, e até de enfermidades fatais e outros tipos e tragédias.
Kant considera que o agir por amor ao dever e, em consequência, por puro respeito à lei
prevaleça sobre qualquer outra consideração,
incluindo a felicidade, e, com esta, possivelmente também a alegria. Mas não é preciso eliminar
as duas últimas, porque a virtude, a felicidade, a
alegria estão incluídas no sumo bem, ainda que
a ele subordinadas. Num sentido existencial de
alegria pode-se dizer que Kant chegou a admitir
uma forte possibilidade de que a obediência à lei
por um sujeito moral comporte uma “plenitude”
que se parece muito com a verdadeira alegria.
Como dito por Neemias: “(...) a alegria do SENHOR é a vossa força.”7
Muitos argumentam que seguem a filosofia
de Epicuro: o prazer é o supremo bem, mas ele
quer dizer que o homem não deve abandonar-se
às voluptuosidades fáceis, e que a felicidade é a
recompensa da sabedoria, da cultura do espírito
e da prática da virtude. Para ele, cabe ao homem admitir os prazeres, favorecer os naturais
mas não necessários, e fugir dos que não são
naturais nem necessários. Assim cai por terra
esse argumento, tão lembrado na época do carnaval e de outras festas mundanas ou tornadas
mundanas pela voluptuosidade do homem.
Joanna de Ângelis lembra que o homem
não está impedido de “(...) vivenciar as alegrias
transitórias das sensações e das emoções de
cada momento, (...) [pois] qualquer castração no
que diz respeito à busca de satisfações orgânicas e emocionais produz distúrbio nos conteúdos
da vida. (...)”8; “A busca do prazer, em razão das
necessidades mais imediatas e dos gozos mais
fortes, tem sido dirigida para os divertimentos: os
alcoólicos, o sexo, o tabaco, quando não as drogas aditivas e perturbadoras. Esses ingredientes levam a diversões variadas, extravagantes,
fortes, mas não ao verdadeiro prazer, que pode
ser encontrado em uma boa leitura, em uma paisagem repousante, em uma convivência relaxadora, em uma caminhada tranquila, ou em um
jogging, em um momento de reflexão, de prece,
numa ação de socorro fraternal, em uma recepção no lar proporcionada a alguém querido ou
simplesmente a um convidado a quem se deseja
distinguir...”9 “Quanto mais divertimentos, mais
fugas psicológicas, menos prazeres reais. (...) As
pessoas divertidas parecem felizes, mas não o
são. (...) [são] aflitos-sorridentes, (...)”10. “No dicionário do pensamento cristão sucesso é vitória
sobre si mesmo e sobre as paixões primitivas.
(...) O sucesso sobre si mesmo acentua a harmonia e aumenta a alegria do ser, (...)”11
E o Mentor Espiritual Hammed nos lembra
e aconselha12: “É muito bom vivenciar a alegria
de encontrar o “tesouro escondido no campo da
própria alma”13, isto é, reconhecer o Si-mesmo, a
mais profunda realidade – a “vontade de Deus”,
que sustenta, resguarda e inspira o ser humano a progredir de modo natural e sensato. (...)
Quando nos identificarmos com o Criador, a alegria passará a ser presença marcante em toda e
qualquer de nossas atitudes.”
Referências
1
FRANCO, Divaldo. Nas fronteiras da loucura. Pelo
Espírito Manoel Philomeno de Miranda. 9.ed. Salvador,
BA: Liv. Espírita Alvorada, 1997. p. 139: “(...) legiões que
se demoravam retidas nestas faixas, ainda assinaladas
pela barbárie, portadoras de instintos agressivos em afloramento, vêm sendo trazidas à reencarnação em massa,
obtendo a oportunidade de fazer a opção para a liberdade
ou o exílio.”
2
Idem.
3
Les passions de l’âme, art. 61.
4
Ethica, III, prop. xi, esc.
5
Segundo Max Scheler, por exemplo, houve, no espírito
moderno, e particularmente no espírito alemão, uma espécie de “traição à alegria”, consequência da entrega a
um “falso heroísmo” ou a uma inumana “ideia do dever”,
ensejando um “movimento ético-filosófico” de índole antieudemonista e heroicista, que é a expressão racional de
certo tipo humano estrito, “burguês” e “prussiano”.
6
BÍBLIA. N.T. João. Cap. 4, vers. 34.
7
BÍBLIA. V.T. Neemias. Cap. 8. vers. 10.
8, 9, 10
FRANCO, Divaldo. Amor, imbatível amor. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 1.ed. Salvador, BA: Livr. Espírita
Alvorada Editora, 1998. p. 57-58; 75-76; 78.
11
____. Desperte e seja feliz. Pelo Espírito Joanna de
Ângelis. 3.ed. Salvador, BA: Livr. Espírita Alvorada Editora, 1997. p. 91-92.
12
ESPÍRITO SANTO, NETO, Francisco. Os prazeres da
alma. Pelo Espírito Hammed. 9.ed. Catanduva, SP: Boa
Nova Editora, 2008. p. 26.
13
Referência a Mateus, cap. 13, vers. 44.
Sábado - 13h30min às 17h15min.
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fevereiro 2013 /
Cultura Espírita – 5
Entrevista sobre
JOANNA DE ÂNGELIS*
Divaldo Pereira Franco (BA) é médium e orador espírita no Brasil e no exterior,
fundador e dirigente da Casa do Caminho em Salvador (BA)
Joanna de Ângelis
RCE – Pode traçar uma
linha do tempo identificando
reencarnações desse generoso Espirito, caracterizando
muito antiga adesão a Jesus ?
DPF – Segundo informações
dela mesma, viveu ao tempo
de Jesus como sendo Joana
de Cusa que, ao encontrar o
Mestre, modificou completamente a sua existência, dedicando-se-Lhe com total abnegação até o momento da
crucificação.
Posteriormente, após a
desencarnação do marido, permitiu-se queimar viva durante o
reinado de Nero.
Reencarnou-se diversas
vezes, tornando-se conhecida em algumas como Clara
de Assis, na Itália, Juana
Inés de la Cruz, no México e
Joana Angélica de Jesus, em
Salvador.
Divaldo Pereira Franco
RCE – Em que medida
Joanna dá uma nova dimensão à moderna Psicologia?
DPF – Desde que ela começou a ditar-me mensagens que vem falando sobre
a necessidade de ser elaborada a psicologia espírita.
Recordava-me que Kardec,
o insigne codificador, já se
preocupava com a questão, quando, apresentando a
Revue Spirite, esclareceu que
se tratava de um Órgão de estudos psicológicos.
Considerando Carl Gustav
Jung, um dos pioneiros da psicologia transpessoal, também
denominada como Quarta
Força em Psicologia, ela propôs-se a demonstrar que o
paradigma espírita é profundamente psicológico, com elementos que facultam solucionar os inumeráveis problemas
Despertar Espírita na WEB - Sábado, 19h, na tv cei.com
t g x k u v c
Cultura Espírita – 6 / fevereiro 2013
do ser humano, abrindo-lhe
espaços para a saúde integral, a individuação, o reino
dos Céus.
Ao mesmo tempo, amplia
os horizontes da Psicologia,
tradicionalmente unicista, levando-a além das conquistas
em torno da psique, às origens
reais da vida...
RCE – Podemos dizer que
Joanna oferece novos entendimentos sobre as conexões
Espírito, perispírito e corpo
somático?
DPF – É exatamente o
que vem pretendendo nos livros até então publicados, demonstrando que muitos conceitos junguianos e de outros
estudiosos encontram-se no
Espiritismo com outras denominações, como os arquétipos, a sincronicidade, as
síndromes do ninho vazio, do
poder, a culpa e etc., estudadas na Lei de Causa e Efeito.
Ao mesmo tempo propõe valiosas psicoterapias para as problemáticas e tormentos emocionais, abrindo espaço para
a aceitação da Logoterapia
de Viktor Frankl, etc. e atualizando as lições soberanas do
Evangelho de Jesus, especialmente nos seus processos
psicoterapêuticos: a oração, a
meditação, a ação do bem, a
alegria de viver, a transformação moral para melhor...
RCE – Joanna e educação.
Que relações estabelece no
sentido de referendar e aprofundar os ensinos das entidades
que, juntamente com Kardec,
caracterizaram o Espiritismo
como obra de educação ?
DPF – Confirmando o egrégio codificador, a Benfeitora
assevera que educação é
vida, especialmente educação moral, graças à qual o
ser humano consegue atingir
o mais elevado nível de consciência, denominado como
cósmica.
Sem a educação moral, o
ser humano retornaria à barbárie. Por seu intermédio desenvolvem-se os valores éticos,
mediante os quais a existência
adquire sentido psicológico,
avançando para o numinoso,
para a autoconsciência.
RCE – Com relação aos
tempos novos, o que nos oferece Joanna quanto à integração ciência-filosofia-religião?
DPF – Joanna de Ângelis
elucida que a ciência investiga, a filosofia explica e a religião dignifica espiritualmente
aproximando a criatura do seu
Criador.
Nestes novos tempos todos necessitamos de diretrizes que se firmem na ciência, na sua tecnologia, assim
como numa filosofia idealista,
para vitalizar o ânimo e as
conquistas intelecto-morais,
trabalhando-se em experiên-
cias cristãs, realmente cristãs,
transformadoras.
O Espiritismo é doutrina
perfeita por manter-se em
equilíbrio nessas três vertentes do conhecimento terrestre.
E a nova psicologia, aquela
que vem sendo apresentada
pela abnegada Mentora, igualmente sustenta-se nas pesquisas contínuas em torno do
Espírito nas suas raízes mais
remotas, oferecendo-lhe uma
filosofia otimista, trabalhada
nas diretrizes do bem fazer,
do autoamor, do amor ao próximo, para, enfim, alcançar o
amor a Deus, portanto, atingindo o momento culminante
da religiosidade, que é a espiritualidade plena.
Benidorm (Espanha),
06 de dezembro de 2012.
Divaldo Pereira Franco
Homenagem pela desencarnação
da Madre Abadessa, Sóror Joana
Angélica de Jesus (BA) em 20 de fevereiro de 1822
“Nestes novos tempos todos necessitamos de diretrizes
que se firmem na ciência, na sua tecnologia, assim
como numa filosofia idealista, para vitalizar o ânimo
e as conquistas intelecto-morais, trabalhando-se em
experiências cristãs, realmente cristãs, transformadoras.”
t g x k u v c
fevereiro 2013 /
Cultura Espírita – 7
LAR FABIANO DE CRISTO
UM NOVO HOMEM PARA UM MUNDO MELHOR
Eduque-se o homem e teremos uma Terra
verdadeiramente transformada e feliz! 1
Guillon Ribeiro, Espírito
ós do Lar Fabiano de Cristo, temos por missão o
ós,
desenvolvimento da proteção social e da educação
de
transformadora, contribuindo para a construção de
tra
um mundo melhor. Nosso compromisso com a espiritualidade e com a sociedade é o de levar adiante
rit
a Obra
Obra ddee FFa
Fabiano
abia de Cristo (conheça mais em www.lfc.org.br),
reflexo da obra do
d próprio Cristo.
“Das ovelha
ovelhas que meu pai me confiou nenhuma se perderá”2,
afi
rma Jesus.
Temos como norte – dentro da nossa filosofia – o acoafirma
Jesus Te
lhimento, a educação, o acompanhamento e o direcionamento de
cada coração que Deus nos confia.
Educar é orientar na direção do bem. O Lar Fabiano visa
desenvolver em seus coparticipantes a Educação do Ser Integral.
Explicando melhor, buscamos permear todas as atividades que oferecemos aos nossos coparticipantes de valores humanos universais.
Assim como Immanuel Kant, enxergamos a educação como
ferramenta para desenvolver no indivíduo toda a perfeição da
qual ele é suscetível3. Partilhamos com Kardec4 o ideal de que “É
pela educação, mais do que pela instrução, que se transformará a
Humanidade”.
O Lar Fabiano de Cristo tem por foco a família. Sabemos que
ninguém nasce por acaso numa família. A criança, o jovem, o adulto
e o idoso estão biológica, social e psicologicamente inseridos na
instituição familiar: seja por sua imersão, seja por sua ausência ou
mesmo por seu desejo de pertencimento e socialização.
Temos por convicção a obrigação de oferecermos o melhor
possível para o trabalho da Obra de Fabiano de Cristo. Tomando
emprestadas as palavras do Espírito Amélia Rodrigues, consideramos que “a criança é sementeira que aguarda, o jovem é campo
fecundado, o adulto é seara em produção. Conforme a qualidade
da semente, teremos a colheita”5. Temos por premissa oferecer a
melhor semente, o melhor de nós.
A educação que transforma é também a que assegura a durabilidade da proteção social, que oferecemos em primeira instância.
Além da instrução complementar, o Lar Fabiano fundamenta seus
passos pelos ideais de Fraternidade, Democracia, Consciência,
Reforma Íntima, Caridade e Autotranscendência.
Vamos muito além de Lineu, Nenê, Tuco, Bebel e Agostinho.
Sabemos que a verdadeira Grande Família somos nós. Visamos
despertar em nossos coparticipantes o reconhecimento de que
somos verdadeiramente todos irmãos. Colocamos o respeito aos
direitos como diretrizes do relacionamento humano. Provocamos a
consciência de que o futuro ambiental e social do planeta depende
exclusivamente de nós mesmos. Que para um mundo melhor é
necessário que haja um homem sobriamente renovado no bem, verdadeiramente incomodado com a infelicidade que o cerca e disposto
a doar-se para modificá-lo.
Primamos por tirar os véus das vicissitudes sociais mais cruéis
que acometem social e psicologicamente as famílias que mais
necessitam de ajuda. Vislumbramos mudar paradigmas do espírito
em estado de sucumbência, mostrando que somos também filhos
de Deus, criados para a alegria, a saúde, a felicidade e o bem-estar.
Você pode fazer parte desta obra de muitas formas. A primeira
é se tornando um Associado Contribuinte do Lar Fabiano de Cristo.
Para isso, acesse o site www.umgrao.com.br, ou entre em contato
pelo e-mail ([email protected]) e pelo telefone (21) 3506-3606.
A segunda forma é se tornando um voluntário do Lar Fabiano ([email protected]). A terceira é divulgando nosso trabalho:
www.lfc.org.br e www.facebook.com/lfc.fabianodecristo. A sua participação realmente faz toda a diferença.
Referências
1
Guillon Ribeiro, Espírito. Página recebida em 1963, durante o 1º Curso de
Preparação de Evangelizadores – CIPE, realizado pela Federação Espírita
do Estado do Espírito Santo, pelo médium Júlio Cézar Grandi Ribeiro. http://
www.dij.febnet.org.br/evangelizador/dicas-pedagogicas/dicas-pedagogicas-i-franco-10042012-1454-minutos/. Acesso em 14/01/2013.
2
BÍBLIA. N.T. Mateus. Cap. 18, vers. 14. Apud BOTELHO, Camilo Cândido;
PEREIRA, YVONNE A. Memórias de um suicida. Rio de Janeiro: Federação
Espírita Brasileira, 1982. Versão digitalizada, p. 75. Versão digital disponível
em: http://www.espiritismogi.com.br/livros/memorias_suicida.zip. Acesso em
14/01/2013.
3
KANT, Immanuel. In: DURKHEIM, E. Sociologia, educação e moral. Porto:
Rés, 1984. p. 8.
4
KARDEC, Allan. Obras póstumas. Tradução de Guillon Ribeiro. 22.ed. Rio
de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1987. p. 384.
5
Mensagem Evangelização. Pelo Espírito Amélia Rodrigues. In: FRANCO,
Divaldo. Desafio de urgência, terapêutica de emergência. Salvador, BA:
Ed. LEAL, 1983. p. 21-25. Apud Apostila Evangelização espírita espírito-juvenil: o que é?, da Federação Espírita Brasileira. http://www.dij.febnet.
org.br/evangelizador/evangelizacao-espirita-para-criancas-e-jovens/quem-e-o-evangelizando/. Acesso em 14/01/2013.
Cultura Espírita, com Assaruhy Franco e Cesar Reis – Terça-feira, 12h, na Rádio Rio de Janeiro 1400 AM
t g x k u v c
Cultura Espírita – 8 / fevereiro 2013
"Fgqnkpfq"Coqtko
spírita, para falar com a necessária precisão, é quem
aceita a doutrina integralmente, quem concorda
com os seus princípios,
quem
qu
uem se
se submete
s
às normas morais
que decorr
decorrem desses princípios. Há
muitas pes
pessoas que são médiuns,
colaboram em sessões mediúnicas,
apreciam as comunicações do além,
mas ainda não estudaram a doutrina
ou, se já fizeram estudos, não concordam com a reencarnação e outros
pontos básicos do Espiritismo. São
espíritas? Doutrinariamente, não! O
vulgo, no entanto, chama de espírita,
indistintamente, a qualquer pessoa
que se declare crente na influência dos
espíritos ou seja médium. Por mera
comodidade mental ou pela lei do
menor esforço, é mais fácil generalizar
do que entrar em pormenores
doutrinários pouco interessantes para
as pessoas que se não dedicam a
esses assuntos. Diz-se comumente
que é espírita quem se interessa
pelos fenômenos do “outro mundo”
ou pelas “coisas do astral”. É engano.
O Espiritismo desaprova certos tipos
de sessão mediúnica, notadamente
quando destituídas de preocupação
elevada, assim como exorcismos e
outras práticas impróprias. O uso de
incenso, velas, objetos mágicos, por
exemplo, é observado frequentemente
em diversas sessões, não de caráter
espírita. A doutrina também repele as
sessões espíritas espetaculares. O
ambiente de uma sessão espírita não
é um “santuário” nem velório, mas
é um lugar de respeito e dignidade,
condição imperiosa para se evitar
a curiosidade. Não nos referimos à
curiosidade intelectual ou científica,
mas à curiosidade banal, sem qualquer
noção de seriedade. Já se vê que
NEM TODA SESSÃO MEDIÚNICA
DEVE SER CHAMADA DE “SESSÃO
ESPÍRITA”, ainda que haja fenômenos impressionantes. Onde não há
moralidade, onde não há sentimento
de caridade, onde se exige ou aceita
pagamento de “trabalhos espirituais”,
onde se usa o sacrifício de animais em
função de ritos exóticos, seja qual for
o pretexto de tais práticas, aí não há
Espiritismo!
Se, ainda hoje, fossem observadas, de um modo geral, as cautelas
de Allan Kardec, cujo zelo, a propósito
de sessões mediúnicas, chegava à intransigência, naturalmente não haveria a preocupação de encher a casa,
e já teríamos chegado àquele plano de
adiantamento que, para o Codificador,
seria o ideal do Espiritismo: A QUALIDADE ACIMA DA QUANTIDADE.
Dolorosamente, em grande parte das
sessões públicas, o que se verifica é
a inversão dos termos: a quantidade,
antes de tudo, porque é necessário
fazer número, enquanto a qualidade é
problema secundário. Não é isto o que
ensina a doutrina. Lembremos, nesta
oportunidade, que no Estatuto da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, fundada por Allan Kardec, no dia
1º. de abril de 1858 e por ele próprio
dirigida nos primeiros anos, há exigências que, para os dias atuais, poderiam
parecer superadas ou demasiadamente rigorosas. Entendemos, de nossa
parte, que a mesma orientação deveria
perdurar sempre nas Sociedades Espíritas. Veja-se o artigo 3º.: A Sociedade não admitirá senão as pessoas que
simpatizarem com os seus princípios e
com o objetivo de seus trabalhos, as
que já se achem iniciadas nos princípios fundamentais da ciência espírita,
ou que estejam seriamente animadas
do desejo de nesta se instruírem. O
movimento espírita, nessa época, ainda estava na fase de propaganda inicial, e Allan Kardec bem poderia, não
fora o seu senso de responsabilidade,
abrir as portas da Sociedade para
quantos quisessem ver as sessões espíritas. Não o fez, porque era necessário evitar a vulgaridade, o espetáculo, a
exploração. Seria uma propaganda de
efeito negativo. Eram proibidas, na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, quaisquer perguntas aos espíritos,
desde que tais perguntas não tivessem
interesse para os estudos sérios. É o
que diz o art. 18: São especialmente
interdictas todas as perguntas fúteis,
de interesse pessoal, de pura curiosidade, ou que tenham o objetivo de
submeter os Espíritos a provas, assim
como todas as que não tenham um fim
útil geral, do ponto de vista de estudos.
Ainda mais: Nenhuma comunicação
espírita obtida fora da Sociedade (art.
20) pode ser lida, antes de submetida,
seja ao Presidente, seja à Comissão,
que podem admitir ou recusar a leitura.
Leia-se o Estatuto da Sociedade, na
parte final de O Livro dos Médiuns.
O Espiritismo é muito diferente do
que se pensa. Uma sessão espírita é
uma escola de esclarecimento e de
moral, mas é indispensável que haja
conhecimento e noção de responsabilidade. (...)
Referência
AMORIM, Deolindo. O Espiritismo e as doutrinas espiritualistas. 3.ed. Rio de Janeiro:
Centro Espírita Léon Denis Editora, 1988.
Cap. IV, “Conceito de Espírita” (parte),
p. 110-112.
Encontro com Jesus, com Yasmin Madeira – Quarta-feira, 12h, na Rádio Rio de Janeiro 1400 AM
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fevereiro 2013 / Cultura Espírita – 9
"Cpc"Iwkoctçgu"*TL+
s pessoas, atualmente ou talvez
sempre, enxergam a vida por ótica
bastante pessimista, arrolando
acontecimentos deploráveis, como
se fossem a marca da situação
trris
ste
t em
mq
u se encontra a sociedade terrena,
triste
que
me
ergul
ullhada
ha em injustificáveis violências.
mergulhada
É certo q
que, com as conquistas tecnológicas
intelectua alcançadas pelo homem, podere intelectuais
se-ia esperar uma melhor situação moral.
Todavia esse fato não quer dizer que o Planeta
não esteja muitas vezes melhor do que se
encontrava no passado.
Não resta dúvida de que o homem tem
buscado caminhos para vencer o sofrimento,
a dor, a doença, os inúmeros percalços que
o acometem na sua jornada. Inobstante, tem
também cultivado, ao longo de sua trajetória,
as sementes de angústias, ansiedades,
inseguranças e incertezas na alma dos que
caminham com ele. É a obtusa situação de
quem deseja ser feliz e se despreocupa com a
felicidade dos outros.
Desse ponto de vista, superar as situações
de sofrimento é a meta principal: aproveitar
a circunstância feliz fruindo toda a cota de
gozos que a vida pode oferecer hoje, em
detrimento da colheita de amanhã, ou seja,
sem responsabilidade. Assim, é natural que,
quando o efeito retroativo chega, encontra
o indivíduo sem condição de enfrentá-lo ou
compreendê-lo. Então, a visão pessimista... É
o mundo que é mau.
Conscientização é tarefa emergencial.
Descobrir que o homem é o artífice de seu
futuro, como o lavrador é o responsável pela
sementeira, é trabalho de agora, prelibando
um porvir mais equilibrado.
Se lançarmos um rápido olhar ao passado
remoto ou não, podemos perceber, sem
sombra de dúvidas, o quanto o homem
cresceu em termos de solidariedade, piedade
e compaixão, sendo capaz de extremos em
demonstração de fraternidade. E percebe-se,
perfeitamente, a felicidade proveniente de
seus atos de bondade.
Entre o homem que se locupletava
com o sofrimento, a dor, a morte de outras
criaturas, que aplaudia os atos de selvageria,
fechando-se em atroz egoísmo e o homem que
trabalha pelo bem, pela paz, preocupando-se
pela alimentação e vestimenta de seu próximo,
a distância é brutal.
Estamos em marcha progressiva, esta é a
verdade. Este é o século da caridade. Juntemonos a ele e caminhemos intimoratos, em busca
dos horizontes sem-fim do bem, deixando
pegadas radiosas por onde passarmos. Paz e
luz.
Crônicas de Família, com Ana Guimarães – Quinta-feira, 12h, na Rádio Rio de Janeiro 1400 AM
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Cultura Espírita – 10 / fevereiro 2013
"Jwodgtvq"Xcueqpegnqu"*RG+
PEIXOTINHO*
into-me invadido por uma emoção suave sempre
que retomo o tema Peixotinho. Experimento, ao
mesmo tempo, uma sensação de plenitude, que
não é ainda floração de mérito pessoal, mas a certeza de sua presença amiga junto a mim, como a
evitar
eviitar q
ev
que
ue eu venha a sucumbir ao peso de minhas fragilidaue
des. E o qu
que mais me gratifica é a consciência de que, falando
de Peixotin
Peixotinho, falo de uma experiência pessoal, de momentos
compartilhados,
compartilha
de conversas e reflexões que se mantiveram
reservadas, mas que, ainda hoje, soam como lições
marcantes e valiosas ao modesto trabalhador espírita que tenho procurado ser.
Não posso, igualmente, deixar de referirme à copiosa matéria documental que sobre
o médium e o homem inseri em meu livro
Peixotinho – Materialização do Amor. Por que
a referência? Porque, naquele trabalho, procurei reunir depoimentos sobre o médium,
obtidos de pessoas que também com ele
conviveram, trabalharam durante décadas,
numa militância que representou um capítulo
importante na expansão do pensamento espírita em nosso país.
Daí que, neste artigo, que escrevo para
atender à generosa convocação da querida
Nadja do Couto Valle, peço permissão para transcrever alguns trechos daqueles depoimentos, certo de
que, com isso, estarei atendendo ao propósito de recordar
aspectos da vida do médium, mas, sobretudo, de revelar a presença do abnegado discípulo que esteve e estará sempre a
serviço do resgate do Evangelho de Jesus, à luz prodigiosa da
Doutrina Espírita; de um médium que conquistou autonomia,
desdobrando, em vigília, os prodígios de amor fraterno que
possibilitava quando em transe mediúnico.
Médium múltiplo. 1. Do depoimento do médico, professor
e escritor espírita Gilberto Perez Cardoso:1 “Nós, que chegamos a conviver com ele, sabemos que a obra de Peixotinho vai
muito além das materializações. É preciso ainda contabilizar
a quantidade enorme de fenômenos; o receituário mediúnico,
exercido durante anos a fio, atendendo a pacientes até de
madrugada; a caridosa hospedagem de pessoas necessitadas
e obsidiadas em sua própria residência, para propiciar-lhes
tratamento espiritual, isso tudo transcende em muito as materializações, aspecto da vida do médium que ficou mais conhecido, no Brasil inteiro e no mundo. 2. Do depoimento de nosso
queridíssimo José Raul Teixeira:2 “Peixotinho era portador de
múltiplas faculdades mediúnicas. Ainda que se tenha notabilizado como médium de efeitos físicos, o certo é que não foram
menos eficientes seus trabalhos na área da psicofonia e da
psicografia. Em vista disso, os Espíritos do bem utilizaram-se
de sua faculdade proeminente para prestar socorro ao movimento espírita, não só no Estado do Rio de Janeiro, onde ele
desenvolveu, à saciedade, essa tarefa, mas no Brasil inteiro.”
No mesmo depoimento, Raul Teixeira revela o surgimento dos
Espíritos Scheilla e Zé Grosso no movimento espírita, através
de reuniões com Peixotinho, e episódios interessantíssimos
relatados por Chico Xavier sobre suas experiências pessoais
com o médium.
Homem simples e sincero. Do depoimento da
Professora Maria Amélia Ribeiro de Castro,3 notável trabalhadora da Doutrina Espírita, ainda hoje dirigente do Remanso
– Instituição Cristã Amor ao Próximo, de São Gonçalo – RJ:
“Antes de narrar os fenômenos maravilhosos que presenciei,
através da mediunidade de Peixotinho, sinto-me na obrigação
de falar da criatura que era o nosso irmão. Para aqueles
que não tiveram a ventura de o conhecer, naquela
época, é bom que se retrate o homem que era o
médium. Simples e sincero. Jamais se queixou,
alardeou seus dotes ou deixou transparecer
vaidade ou orgulho. A seu lado, Baby, a companheira amiga, dedicada e esclarecida. Meu
coração não pode separar um do outro. Ela
era o esteio, o estímulo, a irmã amiga, compreensiva e encorajadora”.
Peixotinho – Francisco Peixoto Lins nasceu em Pacatuba, Ceará, em 1º de fevereiro
de 1905. A partir dos 15 anos, começam a
manifestar-se seus dons mediúnicos, com
alguns episódios traumáticos. Em socorro do
jovem, surge aquele que viria a ser seu primeiro
orientador, o Major do Exército Manuel Vianna de
Carvalho, então comandante de unidade militar em
Fortaleza e dirigente da casa espírita que daria origem à
Federação Espírita do Estado do Ceará. Com 19 anos, migra
para o Rio de Janeiro. Convocado para o Exército, inicia uma
carreira militar que o conduz ao posto de Capitão, quando de
sua reforma, em 1952. Sua longa militância mediúnica tem início na cidade de Macaé, onde participa da fundação do Grupo
Espírita Pedro e constitui família. A partir de então, consolidada sua atividade mediúnica, passa por várias transferências,
o que lhe permite incentivar o movimento espírita em diversas
localidades do Sul e do Centro-Sul, até retornar definitivamente ao Rio e fixar-se, no final da carreira militar, na cidade
de Campos dos Goytacazes, onde desencarna em 16 de junho
de 1966. Entre as casas espíritas de cuja instalação participou
está o André Luiz, do Rio, formado para abrigar sua mediunidade, quando foi transferido para a antiga Capital Federal; e o
Grupo Espírita Aracy, de Campos dos Goytacazes, onde atuou
até a desencarnação.
"Humberto Vasconcelos é escritor e expositor espírita
Referências
Peixotinho – materialização do amor. 3.ed. São Paulo: Casa
Editora O Nazareno Ltda. 2011. p. 236.
2
Idem. p. 255 e seguintes.
3
Idem. p. 179-180.
1
* Homenagem pelo nascimento de Peixotinho em 01 de fevereiro de 1905.
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fevereiro 2013 / Cultura Espírita – 11
ste trabalho não tem como objetivo descrever a vida e a obra de
Victor Hugo. Numerosas biografias realizadas por historiadores
de todas as nacionalidades já o
fizeram. Coloca-se aqui em evidê
ência o esc
dência
escritor como um dos precursores do
Espiritismo, e o relato de seus primeiros contatos
com os postu
postulados espíritas e as manifestações
mediúnicas através das mesas girantes.
Poucos sabem que V. Hugo é um dos precursores do Espiritismo na França. De fato, ele
entrou em contato com as mesas girantes ou
falantes antes de Kardec, uma vez que suas
experiências de intercâmbio com o mundo espiritual datam de1853, do seu exílio em Jersey
quando, graças ao intermédio de Mme de
Girardin, durante sua permanência em Jersey, de
7 a 14 de setembro de 1853, Hugo e seus familiares, bem como os demais exilados, são iniciados no intercâmbio com os espíritos. As longas
sessões de Espiritismo continuaram durante dois
anos, até outubro de 1855. Os processos verbais
das mesas girantes proporcionaram diálogos
com personagens diversos como Maquiavel,
Rousseau, Marat, Molière, Shakespeare, Galileu,
Ésquilo e outros que se apresentaram como a
“Sombra do Sepulcro”, “Drama” e “Morte”, dentre
outros. Emannuel Godo, no livro Victor Hugo et
Dieu, afirma que o contato de Victor Hugo com
as mesas girantes trouxe-lhe a certeza não só
da existência como da presença tangível dos
espíritos, e que essa crença o acompanhou até
a morte. Em Guernsey, a partir de 1855, em
Bruxelas, em Paris, após o retorno de 1870,
fenômenos sobrenaturais fizeram-se presentes
na vida do grande escritor sob múltiplos aspectos: ruídos, pancadas de espíritos nas paredes,
visões, premonições, ou seja, ele era dotado de
várias faculdades mediúnicas, como o comprovam suas anotações pessoais em agendas que
descrevem as “intervenções do desconhecido”,
conservadas atualmente na Biblioteca Nacional
de Paris (Les Carnets de Victor Hugo).1
Desses dons mediúnicos, a vidência foi um
dos mais determinantes na experiência de Victor
Hugo com as mesas. Graham Robb, um dos
mais conceituados biógrafos contemporâneos
de Victor Hugo, afirma que o espírito que se
nominava “A Dama Branca” visitava Hugo em
seu quarto e veio a ser a inspiradora de alguns
de seus incomuns poemas de amor – “Àquela
que está velada” e “Horror” (Les Contemplations,
1856). O historiador diz, inclusive, que foi a sua
presença mais que constante junto a Victor
Hugo um dos motivos que contribuíram para
que as sessões mediúnicas tivessem fim em
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Cultura Espírita – 12 / fevereiro 2013
e o
Marine-Terrace, uma vez que Mme Hugo se
recusava a dividir sua casa com tão estranhos
visitantes.2
Uma carta, enviada por Victor Hugo à Mme
de Girardin, em 4/1/1855, prova a continuidade
dessas experiências: “As mesas nos dizem, com
efeito, coisas surpreendentes. Eu gostaria tanto
de falar com a senhora, Mme, beijar suas mãos,
seus pés, suas asas. Paul Meurice contou-lhe que
todo um sistema quase cosmogônico de palavras
ocultas, escritas pela metade, há 20 anos, foi confirmado pelas mesas com explicações? Nós vivemos em um horizonte misterioso, que muda as
perspectivas do exílio e pensamos na senhora, a
quem devemos esta janela aberta.”3
Hugo improvisava estrofes e parágrafos,
realizando um extraordinário diálogo com o
mundo espiritual que se caracterizava ora por
páginas da mais alta e consoladora filosofia, ora
por respostas de franca ironia. As afirmações
dos espíritos eram em geral relativas, parciais e
com uma linguagem adaptada ao nível de conhecimento e compreensão dos homens. Como
exigisse que essa comunicação fosse transcendental, igualando-se ao divino, seus desejos eram frequentemente contrariados, o poeta
se aborrecia, o que levou um dia o espírito de
Galileu a admoestá-lo: “Se imperioso fosse que
a mesa falasse, não a linguagem humana, mas
uma linguagem celeste, não a compreenderíeis;
não há alfabeto do incriado; não há gramática do
céu; não se aprende o divino como o hebreu; o
celeste não é um dialeto do terrestre (...)”.4
Apesar de sua preocupação em não se deixar influenciar por essas experiências, a comunicação permanente com os mortos influenciou
sensivelmente as obras escritas por Hugo nos
anos que se seguiram a 1853. Um dos espíritos
comunicantes, o espírito Morte, convida-o a dar
uma outra dimensão à sua obra e à sua vida :“
Vem realizar tua outra obra, vem olhar o inabordável, vem contemplar o invisível, vem achar o
improvável, vem transpor o intransponível, vem
justificar o injustificável, vem realizar o não-real,
vem provar o improvável”.5 É um convite para
não mais se prender ao status de poeta, mas
para entrar no conhecimento íntimo de Deus e
do mundo além-túmulo.
Referindo-se também a essa influência,
Camille Flammarion afirma em Les Annales
Politiques et Littéraires, de 7/5/1899: “Victor
Hugo, alguns anos antes de sua morte, conversou pessoalmente comigo; ele jamais deixou de
acreditar nas manifestações dos espíritos. Esta
crença inquebrantável, cujas raízes remontam às
experiências de Jersey, por ocasião das frequentes sessões com as mesas falantes, foi, para o
gigante da literatura do século XIX, a motivação
"Maria do Carmo Marino Schneider (ES)
Espiritismo *
para a vida, para o trabalho e para o amor a seus
semelhantes.”6
Acreditando plenamente nas manifestações
dos mortos através das mesas, testemunhou sua
crença nas palavras que escreve, quando da
realização de seus estudos sobre Shakespeare,
em 1867: “A mesa girante ou falante foi bastante
ridicularizada. Esta zombaria é injustificável.
Substituir o exame pelo menosprezo é cômodo,
mas pouco científico. Acreditamos que o dever
restrito da ciência é verificar todos os fenômenos,
pois a ciência, se os ignora, não tem o direito de
rir deles. Um sábio que ri do possível está bem
perto de ser um idiota. (...) Sejamos respeitosos
ante o possível, cujo limite ninguém conhece,
sejamos atentos e sérios diante do extra-humano
de onde saímos e que nos espera.”7
A comunhão permanente com os mortos
no seu exílio, em Jersey, exerceu sensível
influência nas obras do escritor, sobretudo
nos principais poemas do sexto livro de Les
Contemplations (1856), intitulada Ce qui c´est
la mort, ele dedica estes versos aos incrédulos:“Não diga morrer; diga nascer. Acredite!”8.
Ainda em Les Contemplations, canta a submissão do homem à vontade de Deus, face
às dores que afetam a humanidade no poema
À Villequier: “Eu digo que o túmulo que sobre
os mortos se fecha/abre o firmamento;/e o que
nós aqui embaixo tomamos como término/ é o
começo.”9
Sobre a imortalidade da alma, a progressão
dos espíritos, a pluralidade dos mundos, faz, em
Post-Scriptum de ma vie (1901), as seguintes
considerações que marcam a influência dos postulados espíritas no seu pensamento filosófico:
“Deus é eterno. A alma é imortal; (...) A criação é
uma ascensão perpétua do bruto para o homem,
do homem para Deus. Despojar cada vez mais
a matéria, revestir cada vez mais o espírito,
tal é a lei. A cada vez que se morre, ganha-se
mais vida. As almas passam de uma esfera para
outra, sem perder seu EGO, tornam-se cada vez
mais luz, se aproximam sem cessar de Deus. (...)
É esta ascensão sem fim, esta perpétua procura
de Deus que para a alma é a imortalidade. (...)
A morte é uma troca de roupas. Alma! Estáveis
vestida de sombras, ide agora vos revestir de luz!
(...) Sou uma alma. Sinto bem que o que levarei
para a tumba não será o meu EU. Este EGO irá
além. Terra, tu não és o meu abismo.”10
É com as palavras que constituíram
sua verdadeira profissão de fé espírita que
encerramos este artigo: “Sinto dentro de mim toda
uma vida nova, toda uma vida futura. Sou como
uma floresta que por várias vezes foi abatida: os
rebentos novos são mais e mais fortes e vivazes.
Subo, subo para o infinito! Tudo é radiante em
meu espírito. (...) Dizeis que a alma é apenas a
expressão das forças corporais. Então, por que
minha alma é mais luminosa, quando essas
forças corporais vão em breve abandonar-me?
O inverno jaz sobre minha cabeça, mas a
primavera eterna invade minha alma! (...) Quanto
mais me aproximo do fim, mais escuto em torno
de mim as imortais sinfonias dos mundos que me
chamam! É maravilhoso e é simples. Há meio
século que escrevo meu pensamento em prosa
e em verso: história, filosofia, drama, romances,
lendas, sátiras, odes, canções etc. Tudo tenho
tentado, mas sinto que não disse a milésima
parte do que está em mim. Quando me curvar
para o túmulo, não direi como tantos outros:
terminei minha jornada. Não, a sepultura não é
um beco sem saída, é uma avenida; ela se fecha
no crepúsculo e vem se reabrir novamente na
aurora! Besançon, 22/5/1885.” 11
" Maria do Carmo Marino Schneider é professora
universitária, escritora e expositora espírita
em um jornal. Todavia, em 8/9, na véspera, publica
uma nota na folha Pyrenées, em que diz: “Na noite
da minha chegada em Oléron, encontrava-me vencido de tristeza... Tinha a morte na alma. Parecia-me
que esta ilha era um caixão mortuário deitado sobre o
mar e que a luz era ali uma vela.” (WANTUIL, Zêus.
As mesas girantes e o espiritismo. Rio de Janeiro:
FEB,1994. p.94; pensamento profético – sua filha,
Adèle Hugo, registra o pensamento de Hugo com
relação às experiências espíritas: “As revelações
feitas pela mesa, publicadas após a morte dos exilados, fundariam uma nova religião que abrangeria o
cristianismo, ampliando-o, como o cristianismo abrangera o judaísmo.” (HUGO, Adèle. La revue de Paris,
1950. p.42-4; audiência – Louis Barthou afirma que no
período de 1871-1873, o poeta ouvia nitidamente pancadas noturnas em seu quarto de dormir, nas paredes, nas portas, na cabeceira da cama, registrados
pelo autor como manifestações do outro mundo. Eis
uma anotação feita pelo próprio Hugo sobre as “inesperadas visitas”: “Esta noite – escreveu ele – lá pelas
duas horas, batidas em minha porta, muito fortes e de
tal maneira prolongadas, levaram-me a abri-la. Aí não
havia ninguém, e evidentemente havia alguém. Credo
in Deum et in animam immortalem.” (BARTHOU,
Louis, apud WANTUIL, Zêus. Op.cit, p.154; visões
oníricas – na página Un songe (1887), Hugo narra,
com minuciosa descrição, um estranho tête-à-tête com
o duque de Orléans e outros mortos, o que, na realidade, demonstra ser uma experiência vivida por seu
espírito, por ocasião de seu desprendimento enquanto
o corpo repousava. (HUGO, Victor. Obras completas. Tradução de Hilário Correia. SãoPaulo:Américas,
1958, 44 v. V.21, p.111: Coisas que eu vi.)
2
ROBB, Graham. Victor Hugo – A biography.
London: Picador, 1997. p.341.
3
HUGO,Victor. Obras completas. Tradução de
Hilário Correia. São Paulo: Américas, 1959,44 v.V.37,
tomo 2, p.91:Correspondência:1815-1882.
4
HUGO,Victor apud MALGRAS, J. Les pionniers du
spiritisme en France. Paris: (s.n.), 1906, p.43-44.
5
MASSIN,Jean. Victor Hugo. Oeuvres complètes.
Édition chronologique. Paris: Le Club Français du
Livre, 1967- 1970.18 v. V. IX, p.1444-1445.
6
FLAMMARION, Camille. Les expériences de Victor
Hugo à Jersey et du groupe fouriériste à Paris. Les
Annalles Politiques et Littéraires, Paris, mai.1899. p.
291.
7
HUGO, Victor. Obras completas. Op.cit.1958, V.24,
tomo1, p.1183, William Shakespeare.
8; 9
HUGO,Victor. Les Contemplations. Paris: Nelson
Éditeurs, 1856. p. 412; 255.
10
HUGO,Victor. Obras completas. Op.cit.1959. v.32,
tomo 2, p.91: Pós-escrito de minha vida.
11
HUGO,Victor, apud DUPOUY, Edmond. L’au-de-là
de la vie. Paris: [s.n.], 1917. p.216-217.
* Homenagem pelo nascimento de Victor Hugo em 26
de fevereiro de 1802
Referências
Farta documentação comprova que Hugo apresentou diferentes dons mediúnicos ao longo de sua
vida, dentre os quais destacam-se: premonição – em
9/9/1843, lê a notícia da morte de sua filha Léopoldine
1
Imagens:
1. Charles Gallot – Victor Hugo (12.04.1885)
2. Le Livre des Tables (1855)
Les plus beaux manuscrits de Victor Hugo, Perrin, 2001
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fevereiro 2013 / Cultura Espírita – 13
GURGTCPVQ
almulte inter ni scias ke
Victor Hugo estas unu el
la pioniroj de Spiritismo
en Francujo. Lia kontakto
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tabloj komencis en
1853
18
1853,
53, dum
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m llia ekzilejo, en Jersey, kie
li frekventis spiritismajn sesiojn, ekde
lla 7a
7 øis
øi la
l 14a de septembro, danke
al interveno de Mme. De Girardin;
tiuj longaj sesioj daýris dum la du
sekvantaj jaroj, øis oktobro, 1855. La
turnantaj tabloj faciligis la okazigon
de dialogoj inter spiritismuloj kaj
Maquiavel, Rousseau, Marat, Molière,
Shakespeare, Galileu, Ésquilo kaj aliaj
spiritoj kiu prezentiøis kiel la “Ombro
de la Tombo”, “Dramo” kaj “Morto”,
inter aliaj pli. En Guernsey, ekde 1855,
Bruxelas kaj Paris, ekde lia reveno,
en 1870, supernaturaj fenomenoj
okazis en la vivo de la granda verkisto,
diversaspekte: bruoj, batado de spiritoj
sur la muroj, vizioj, antaývidoj; tio
signifas ke Victor Hugo havis diversajn
mediumajn kapablojn, kiel antaývido,
profeta penso, spiritisma vidado kaj
aýdado, sonøvizioj. Graham Robb, unu
el la plej elstaraj biografiistoj modernaj
de Victor Hugo, asertas ke la spirito “La
Blanka Damo” vizitadis Victor Hugo en
lia æambro, kaj inspiris kelke da liaj belaj
amopoemoj. Tiaj konstantaj æeestoj,
apud li, estis unu el la motivoj kiuj finis la
mediumajn sesiojn de Marine-Terrace,
æar Mme. Hugo rifuzis dividi sian domon
kun tiaj nekomunaj vizitantoj.1
La komunikado inter vivantoj kaj
mortintoj ekzercis signifan influon sur
la verkoj de Victor Hugo dum La jaroj
postaj al 1853. Unu inter La spiritoj tiam
komunikiøantaj, la spirito kiu sin nomis
Morte, sugestas al li doni alian dimension
al lia verko kaj vivo: “Venu realigi vian
mision, rigardi la nepritrakteblajn, admiri
la nevideblajn, renkonti la neeblajn,
transpaþi la netranspaþeblajn, pravigi la
nepravigeblajn, realigi la nerealigeblajn,
pruvi la nepruveblajn aferojn”.2
Ankaý parolante pri tiu influo,
Camille Flammarion – grava homa figuro
Vtcfwmq<"Ucwnq"Ycpfgtng{"*TL+
de la naskiøanta spiritismo – asertas
je la 7a de majo, dum 1899: “Victor
Hugo, kelke da jaroj antaý lia morto,
konversaciis kun mi; li neniam malkredis
je la manifestacio de la spiritoj. Tiu
nevenkebla kredo, kies radikoj estas en
la eksperimentoj de Jersey, dum la oftaj
sesioj æirkaý la parolantaj tabloj, estis
por li (...) stimulado al la vivo, laboro kaj
amo al liaj samuloj.“3
Dum la jaro 1867 Victor Hugo
skribis: “Turnantaj aý parolantaj tabloj
estis ege ridindigataj. Tia mokado,
tamen, estas nejustebla. Anstataýi
analizo por malestimo estas komforta
sed neniel scienca sinteno. Ni kredas
ke la specifa scienca devo estas analizi
fenomenojn; se la scienco ilin ignoras,
ne rajtas ridi pri ili. Saøulo kiu ridas
pri aferoj eblaj estas proksime de la
malsaøeco. (...) Ni estu respektemaj
antaý la aferoj eblaj, kies limon neniu
konas; ni estu atentaj kaj seriozaj antaý
la ekstrahomaj aferoj, æar ni devenas el
kaj reiros al tia superhoma kondiæo”.4
Senmorteco de la animo, progreso
de la spiritoj, plureco de la loøataj
mondoj, rivelas en Post-Scriptum de
mavie (1901), la influon de la spiritismaj
propozicioj sur la filozofa pensado
de Victor Hugo: “Dio estas eterna. La
animo estas senmorteca; (...) La Dia
Kreado estas supreniro konstanta, el
la kruda kreita¼o al la homo, el la homo
al Dio. Seniøi, pli-kaj-plu, de la materio,
ankaý adopti la spiritan kondiæon,
tia estas la leøo. Plurfoje mortante,
ni pli da vivo gajnas. Animoj iras elprogresnivelo-al-alia-progresnivelo, sen
perdi øian egoon, pli fariøantaj lumo,
pli alproksimiøantaj al Dio. (...) Tia
konstanta supreniro, konstanta diseræo,
estas la senmorteco. (...) Morto estas
kiel þanøi veston. Animo! Vi estis vestita
de ombroj, iru nun sin vesti per lumo! (...)
Mi estas animo. Mi ja komprenas ke al la
tombo ne iros mia egoo; tiu æi egoo iros
transe. Tero, vi ne estas mia abismo!”5
Menciante la veran spiritisman
fidkonfeson de Victor Hugo, ni fermas
ICEB – Aulas de Esperanto – Sábado, 10h30min às 12h
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Cultura Espírita – 14 / fevereiro 2013
tiun æi artikolon: “Mi sentas en mia
eno tutan novan vivon, tutan estontan
vivon. (...) Mi supreniras, supreniras al
la senfino! Æio en mi – spirito mi estas
– estas radianta. (...) Vi diras ke animo
estas nur esprimo de korpaj fortoj. Do,
respondu: kial mi, animo, estas pli luma,
øuste tiam, kiam miaj fortoj korpaj estas
abandonontaj min. Vintro surkuþas mian
kapon, sed eterna printempo invadas
mian animon! (...) Ju pli mi marþas al
mia vivo-fino, des pli mi aýdas, æirkaý
mi la simfoniojn senmortaj de la mondoj
kiuj vokas min! Tio estas simpla kaj
mirinda. (...) mi sentas ke mi ne diris la
milonan parton de æio, kio estas en mi.
Kiam mi kurbiøos al la tombo, mi ne diros
tiel kiel multaj aliaj: mi finis mian vivomarþadon. Ne, tombo ne estas senelira
vojo, sed avenuo; øi estas fermata je
la vesperkrepusko sed malfermiøas
denove je la matenkrepusko! Besançon,
22/05/1885.” 6”
" Maria do Carmo Marino Schneider
(Þtato Espírito Santo – Brazilo) estas
universitata profesorino, spiritisma verkistino kaj prelegistino.
* Omaøo al Victor Hugo pro lia naskiødato:
februaro la 26an, 1802
Referencoj
1
ROBB, Graham. Victor Hugo – Biografio.
Londono: Picador, 1997. pø.341.
2
MASSIN,Jean. Victor Hugo. Verkoj
kompletaj. Kronologia. Eld. Parizo: La
franca klubo de libroj, 1967- 1970.18 v. V. IX,
pø.1444-1445.
3
FLAMMARION, Camille. La eksperimentoj
de Victor Hugo en Jersey kaj du grupoj en
Paris. La Analoj Politikaj kaj Literaturaj, Paris,
1899. pø. 291.
4
HUGO,Victor. Verkoj kompletaj. Verko
citita,1958, V.24, Volumo1, pø.1183,William
Shakespeare.
5
HUGO,Victor. Verkoj kompletaj. Verko
citita.1959. v.32, Volumo 2, pø.91: Skriba¼o
post mia vivo.
6
HUGO,Victor, apudDUPOUY, Edmond.
L’au-de-là de la vie. Paris: [s.n.], 1917.
pø.216-217.
"Fabiano Nunes (RJ)
Eu estou convosco, e meu apóstolo vos ensina.
O Espírito de Verdade1. Paris, 1861.
suíço Johann H. Pestalozzi foi o
grande arauto da moderna pedagogia. No célebre Instituto de Yverdun, na Suíça, o mestre Pestalozzi
lançou as bases para a reforma da
Ciência
Ci
doo Ensino.
En
Dentre os seus mais eminentes discípulos
discípulo destacou-se um moço, destinado a ser o Codifi
C cador do Espiritismo, o jovem
Hippolyte Léon Denizard Rivail, que Pestalozzi
estimava como a um filho, e em quem reconhecia uma inteligência fora do comum, ao ponto de
delegar ao adolescente Rivail, com 14 anos, a
responsabilidade de substituí-lo na condução
dos cursos, por ocasião das suas viagens.
Pois foi sob a aura do Mestre Pestalozzi
que o professor H. L.D. Rivail transformou-se
num dos mais notáveis pedagogo, linguista e
cientista da história da França, publicando mais
de 20 livros didáticos, versando sobre educação
pública, matemática, história, física, química, fisiologia, astronomia, língua francesa e outros
idiomas, assim como célebres traduções, livros
esses que em sua maioria foram premiados
pelas principais sociedades de ciências e artes
da sua época, alguns deles ainda editados até
a atualidade. O Governo Francês disponibilizou
obras do insigne Mestre de Lyon na internet, digitalizadas no acervo virtual da Bibliothèque Nationale de France2.
O professor Rivail adotou o pseudônimo
Allan Kardec para a autoria de suas obras espíritas, para que as pessoas analisassem as ideias
contidas nos livros espíritas sem levar em consideração seu enorme prestígio pessoal, e a excelente reputação de suas publicações anteriores. Foram cerca de 30 livros espíritas no idioma
francês, e hoje contamos com mais de 22 obras
Kardecianas em português.
O professor Allan Kardec era portador de
uma raríssima capacidade de trabalho, de uma
genial antevisão, e de uma férrea determinação
em solucionar todas as questões relativas à interpretação dos Evangelhos de Jesus. Por isso
dedicou mais de uma década ao trabalho de estudar os Textos Sagrados, a fim de descobrir o
significado original das máximas de Jesus, anelando interpretar as palavras do Cristo conforme
os destinatários originais devem tê-la ouvido,
possibilitando desvendar qual era a intenção original do Nazareno ao pronunciá-las, imergindo
no mais profundo do seu significado.
Graças à sua elevadíssima estatura espiritual, ao seu agudo senso de professor detentor de enciclopédico conhecimento linguístico e
científico, mas, sobretudo, graças também a intensa e constante assistência de O Espírito de
Verdade e Sua Equipe Espiritual, Allan Kardec
realizou a mais excelente hermenêutica para
O Novo Testamento, desvelando o sentido e o
significado essenciais dos ensinos de Jesus,
desenvolvendo a mais abrangente interpretação
das Sagradas Escrituras, sempre à luz das Leis
de Deus ou Leis Naturais.
Como exemplo, poder-se-ia observar a qualidade didática do legado do Codificador no texto
contido em O Evangelho segundo o Espiritismo3,
em que o Apóstolo de O Espírito de Verdade elucida-nos que as matérias contidas nos Evangelhos
podem ser divididas em cinco partes: os milagres;
as predições; as palavras que serviram para o
estabelecimento dos dogmas da Igreja; o ensinamento moral; e os atos comuns da vida do Cristo.
Essas divisões são corajosamente estudadas permeando todas as obras publicadas pelo
Codificador do Espiritismo. Nada obstante, para
fins didáticos, poder-se-ia atribuir uma obra Kardeciana para o estudo de cada parte, a saber:
a) Os milagres de Jesus: são analisados e
elucidados na obra A gênese: Os milagres e as
predições segundo o Espiritismo;
b) As predições ou profecias dos evangelhos: avaliadas e explicadas na obra A
gênese: Os milagres e as predições segundo o
Espiritismo;
c) As palavras que serviram para o
estabelecimento dos dogmas da Igreja: criticadas
e esclarecidas na obra O céu e o inferno ou a
justiça divina segundo o Espiritismo;
d) O ensinamento moral: desenvolvido no
livro O Evangelho segundo o Espiritismo;
e) Os atos comuns da vida do Cristo: não
por acaso, Allan Kardec não desenvolveu
os aspectos históricos e historiográficos da
vida de Jesus de Nazaré, em nenhuma de suas
obras. Pedimos licença ao querido leitor para
só desenvolver o item “e” posteriormente em
oportuno artigo, adiantando, porém, que não é
objetivo essencial do Espiritismo concorrer com
as ciências, mormente as ciências históricas.
Caberá à própria ciência desvelar os fatos
históricos da vida do Cristo.
Reflitamos, portanto, sobre a missão
do Espiritismo na sua condição de doutrina
científica e filosófica, com consequências morais
e religiosas: restabelecer o cristianismo em seu
sentido puramente espiritualista4. Nas obras
de Allan Kardec encontram-se as magistrais
dissertações filosóficas e morais para as
máximas e ensinos evangélicos. E na busca das
mais excelentes exegese e hermenêutica para
os evangelhos, lembremo-nos das palavras do
Espírito João, o evangelista: [...] “Meus bemamados, eis chegados os tempos em que os
erros, explicados, se tornarão verdades; nós
vos ensinaremos o sentido exato das parábolas,
e vos mostraremos a correlação poderosa que
une o que foi ao que é. Em verdade, vos digo: a
manifestação espírita vai crescer no horizonte, e
eis aqui o seu enviado [Allan Kardec] que vai
resplandecer como o Sol sobre o cume das
montanhas.5”
Referências
1
KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo.
Tradução de Albertina Escudeiro Sêco. 5. ed. Rio de Janeiro:
CELD Ed, 2010. Cap. VI, item 6, p. 135.
2
O prezado leitor poderá fazer o download de algumas obras
escrevendo o nome “H. L. D. Rivail” no espaço para busca do
site da Bibliothèque Nationale de France, em < http://gallica.
bnf.fr/?lang=PT >
3
KARDEC, Allan. Op. cit. Introdução, item 1. p. 19-22.
4
____. Revista Espírita: Jornal de estudos psicológicos. Ano
sexto, novembro de 1863. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. p. 476.
5
____. O Evangelho segundo o Espiritismo. Ibidem. Cap.
VIII, item 18, p. 161.
ICEB – Curso sobre Doutrina Espírita – Sábado, 10h30min às 12h
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fevereiro 2013 /
Cultura Espírita – 15
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RCTC"C"FQWVTKPC"GUR¯TKVC ,
esde tempos imemoriais contemplamos
maravilhados os céus, com o seu cortejo
magnífico de estrelas. Allan Kardec, à
frente das conquistas intelectuais e tecnológicas do seu tempo, também voltou a sua
atenção
a
ate
at
tenção para
pa
ara
a as questões astronômicas, que à época
entre outras, o desvendamento do mistério
envolviam, e
nebulosas, a natureza da então chamada fotosfera
das nebulosa
solar, a identificação da substância das estrelas,
bem como a mensuração das distâncias que
medeiam entre nós e os demais astros.
O Codificador desde logo concluiu
que, no âmbito da nascente Doutrina
Espírita, a Astronomia e as demais
ciências emprestariam o necessário
respaldo científico para a consolidação
de conceitos basilares, como o da
pluralidade dos mundos habitados,
da unidade do princípio no fluido
cósmico universal que se transmuta na
diversidade de todas as manifestações
materiais, da infinitude do espaço e da
eternidade do tempo.
À luz dessas conquistas, que se
desenvolveram a largos passos desde que
Galileu Galilei apontou o seu telescópio para os céus,
descobrindo as manchas solares, os mares lunares e
os satélites de Júpiter, vamos encontrar nos Capítulos
II e III de O Livro dos Espíritos - Elementos Gerais do
Universo e Criação, questões sobre a origem do cosmo,
das propriedades da matéria, do espaço universal e da
formação dos mundos.
Respaldado ainda na Astronomia, vamos aprender
no Capítulo III de O Evangelho segundo o Espiritismo
- Há Muitas Moradas na Casa de Meu Pai, os importantes conceitos que nos levam a meditar sobre a progressão dos mundos e das humanidades que os habitam, aí
incluída a nossa Terra.
E, numa verdadeira apoteose intelectual, o
Codificador dedica à Astronomia parcelas consideráveis
da sua última obra, A gênese: Os Milagres e as Predições,
segundo o Espiritismo, onde, no Capítulo V – Antigos e
Modernos Sistemas do Mundo, discorre sobre a evolução
da nossa cosmovisão, desde as ideações mais simples
de uma Terra plana sustentada por elefantes, passando
pelo pensamento copernicano de um Universo centrado
no nosso Sol, até o conceito atual de que não estamos
no centro de nada, nem mesmo da nossa galáxia, esta
também uma entre milhões de milhões, preparando o
ambiente para o espetacular Capítulo VI – Astronomia
Geral, no qual, em um texto repleto de informações revolucionárias que só mais recentemente puderam ser
confirmadas, vemos o Espírito que se denominou Galileu, intuir o médium Camille
Flammarion todo um encadeamento de
conceitos sobre o espaço e o tempo, a
matéria, as leis e as forças, a criação
primária e universal, os sois e os planetas, os satélites, os cometas, a Via
Láctea, as estrelas fixas, os desertos
do espaço, a eterna sucessão dos
mundos, a vida universal, encerrando
com a diversidade dos mundos.
Hoje, às voltas com a teoria
criacionista do Big Bang, estamos
descobrindo com o auxílio de telescópios espaciais como o Hubble e o Kepler,
dezenas de planetas como a nossa Terra
em sistemas solares alienígenas, preparandonos para, num futuro próximo, termos o merecimento
do contato com outras humanidades da família universal.
Camille Flammarion, astrônomo, escritor, divulgador
da Ciência, amigo e colaborador de Allan Kardec, contribuiu assim para inserir, em grande estilo, a Astronomia
no seio da Doutrina Espírita, perenizando o seu nome
como um dos pioneiros no desenvolvimento e na consolidação do Espiritismo.
Quando da desencarnação do Codificador, foi
convidado a proferir o discurso nas exéquias do Mestre, exaltando suas qualidades inquestionáveis, e encerrando-o com um afetuoso “Au Revoir, Mon Ami”.
" Cláudio Lirange-Zanatta é engenheiro, expositor espírita e
revisor de A gênese, com o objetivo de divulgar a obra revisada
* Homenagem pelo nascimento de Camille Flammarion em 26
de fevereiro de 1842
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Cultura Espírita – 16 / fevereiro 2013
"Marcus De Mario (RJ)
período carnavalesco, que oficialmente perdura quatro dias, mas que dependendo da região do país pode
variar até ocupar todos os fins de semana do mês
ou se estender por até quinze dias, considerando-se uma semana antes e mais uma semana após,
req
re
quer de nós,
nós
nó
ós espíritas, profunda orientação aos jovens, pois é
requer
um engano aacreditar que tudo vale e que as consequências não
devem ser lev
levadas a sério, pois o problema seria do outro. Não,
isso é ilusão.
É igualmente um equívoco dos mais graves considerar que o
uso de bebida alcoólica e drogas seja apenas ocasional, só para
manter a alegria e o pique para as comemorações carnavalescas,
mas é justamente quando se experimenta a droga que o vício tem
início, até porque, no início, bebidas e drogas provocam euforia,
uma falsa sensação de bem-estar, e depois aprisionam na dependência ao mesmo tempo em que danificam o organismo físico e o
perispiritual, ou seja, é um dano duplamente perigoso, que pode
levar à morte.
Outro alerta, muito importante, é quanto à sexualidade. Sexo é
energia concedida por Deus para utilizarmos com responsabilidade,
controlando os impulsos da atração física e procurando realmente
respeitar e amar aquele ou aquela que se tornará nosso parceiro
ou parceira. Alguns jovens alegam que se previnem, fazem sexo
seguro, estocando camisinhas (protetores) para a ocasião do carnaval. Entretanto, isso não nos diferencia muito de certas espécies
animais que vivem sexualmente por puro instinto. Acontece que
não somos animais, somos seres humanos, e muito menos somos
objeto descartável que depois de usado é jogado fora. Temos inteligência e sentimento, e isso deve nos caracterizar no uso do sexo,
lembrando que sexualidade irresponsável é sinônimo de doença
sexualmente transmissível, gravidez indesejada, aborto, entre
outras consequências que sinalizam nossa inferioridade espiritual.
E aqui entramos em outra questão de profundidade: nossa realidade espiritual. Os descontroles e os excessos cometidos durante
o carnaval são responsáveis pela manutenção de uma atmosfera
psíquica muito ruim, negativa, fazendo a festa para os desencarna-
dos que se encontram em estado moral inferior, ainda se comprazendo com os mais variados vícios. Casos de obsessão podem ter
início nos ambientes frequentados, assim como as vampirizações,
quando o espírito sintoniza com a pessoa que está entregue apenas ao prazer sem controle, sugando então suas energias. Nada
disso é ficção, bem pelo contrário, como os fatos observados e
estudados comprovam.
Então, se você é jovem, cuidado. Se você é um jovem espírita, isso não o isenta de nada, a não ser que se utilize dos ensinos espíritas para transformar seu viver, procurando nessa época,
e em todos os dias, pautar seus pensamentos, suas falas e suas
ações na bondade, no amor e na autotransformação moral. Isso
de dizer que vai apenas dar uma olhadinha, que não tem nada
demais só assistir, atesta nossa ignorância da realidade espiritual
da vida, colocando-nos perigosamente no patamar de espíritos que
já sabem se controlar, que não correm risco de sintonizar com o
mal, quando na verdade somos espíritos imperfeitos e sujeitos a
todas as vicissitudes.
Procure, meu jovem, neste carnaval e em outras ocasiões
semelhantes, priorizar a participação em eventos de jovens espíritas, como as confraternizações de mocidades espíritas realizadas em várias localidades, em ambientes alegres de estudo, de
solidariedade e vibrações positivas, ambientes esses protegidos
pelos benfeitores espirituais e que se tornam postos de socorro às
vítimas do rei momo.
Se preferir ficar em casa ou viajar a descanso, cerque-se de
bons livros, e a literatura espírita aí está, de boas músicas, de bons
vídeos e de boas companhias, aproveitando utilmente esses dias,
descansando o corpo, renovando energias e fortalecendo-se espiritualmente. Esse é o melhor conselho que podemos lhe dar, fruto
do estudo e da experiência, para que amanhã, não mais jovem, não
venha a se arrepender daqueles dias que já se foram.
" Marcus De Mario é escritor e expositor espírita, diretor do
Instituto Brasileiro de Educação Moral ([email protected])
Certas Palavras
TEOREMA – vem do grego e significa um resultado que, observado, é ou pode ser provado. Tem a mesma raiz de “teatro”,
com o sentido de “olhar para” ou “contemplar”.
Referência
CREASE, P. Robert. As grandes equações. Tradução de Alexandre Cherman. Rio de Janeiro: Ed. Zahar, 2011. p. 17.
ICEB – Tels.: 0XX(21) 2224-1060 / 2224-0736 – [email protected] / [email protected]
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fevereiro 2013 /
Cultura Espírita – 17
Homenagem a
Auta de Souza
uta de Souza nasceu em 12 de
setembro de 1876, na pequena
cidade de Macaíba, no Rio
Grande do Norte, e desencarnou, vítima de tuberculose,
ao
aos
os 24 a
anos,
nos em 7 de fevereiro de 1901, em
Natal, RN. Ó
Órfã em tenra idade, foi criada pela
materna, analfabeta, que lhe deu educaavó materna
ção em escola católica, que lhe possibilitou ler,
no original, as obras de Victor Hugo, Lamartine,
Chateaubriand e Fénelon.
Poeta da segunda geração romântica, com alguma
influência simbolista, deixou apenas um livro, Horto, lançado em 1900, com prefácio de Olavo Bilac, o poeta
mais reconhecido à época, e de Alceu Amoroso Lima,
o Tristão de Ataíde, na edição de 1936. Luís Câmara
Cascudo considerou-a “a maior poetisa mística do Brasil”,
principalmente devido a seus poemas românticos, de alto
valor estético. Tornou-se a poetisa norterriograndense
mais conhecida no Brasil.
Colaborou em vários jornais e revistas, inclusive
em O Paiz, do Rio de Janeiro, além de A Gazetinha, no
Recife, do jornal religioso Oito de Setembro, de Natal, e
da Revista do Rio Grande do Norte, neste a única mulher
entre os colaboradores. Entre 1899 e 1900, usou pseudônimos, prática comum na época, assinando seus poemas como Ida Salúcio e Hilário das Neves. Em 1936 a
Academia Norte-Riograndense de Letras dedicou-lhe a
cadeira XX, em reconhecimento por sua obra.
Do plano espiritual tem inspirado várias obras de
caridade, emprestando seu nome e sua vibração a várias
instituições espíritas, em vários estados brasileiros, e à
Campanha de Fraternidade Auta de Souza, realizada por
vários centros espíritas no Brasil e no exterior.
Na primeira obra psicografada por Chico Xavier, participou da plêiade de poetas que constituíram o Parnaso
de além-túmulo, de 1932, na qual constam os seguintes
poemas1:
1
PRECE
Estendei vossa mão bondosa e pura,
Mãe querida dos fracos pecadores,
Aos corações dos pobres sofredores
Mergulhados nos prantos da amargura.
Derramai vossa luz, toda esplendores,
Da imensidade, da radiosa altura,
Da região ditosa da ventura,
Sobre a sombra dos cárceres das dores!
Ó Mãe ! excelsa Mãe de anjos celestes,
Mais amor, desse amor que já nos destes,
Queremos nós em cada novo dia;
Vós que mudais em flores os espinhos,
Transformai toda a treva dos caminhos
Em clarões refulgentes de alegria.
O SENHOR VEM...
E eis que Ele chega sempre de mansinho,
Haja sol, faça frio ou tempestade ;
Veste o manto do amor e da verdade,
E percorre o silêncio do caminho.
Vem ao nosso amargoso torvelinho,
Traz às sombras da vida a claridade,
E os próprios sofrimentos da impiedade
São as bênçãos de luz do seu carinho.
Como o Sol que dá vida sem alarde,
Vem o Senhor que nunca chega tarde,
E protege a miséria mais sombria.
Ele chega. E o amor se perpetua...
É por isso que o homem continua
Ressurgindo da treva a cada dia.
Referências
1
Dados biográficos colhidos na internet /Wikipedia.
2
XAVIER, Francisco Cândido. Parnaso de além-túmulo. 19.ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2010. Poemas
“Prece”, p. 228-229; “E o Senhor vem”, p. 234.
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Cultura Espírita – 18 / fevereiro 2013
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Fev/2013 - Instituto de Cultura Espírita do Brasil