ICEB - Instituto de Cultura Espírita do Brasil / Rio de Janeiro ALEGRIA E “ALEGRIAS” Nadja do Couto Valle UM NOVO HOMEM PARA UM MUNDO MELHOR Lar Fabiano de Cristo Ano IV - no 47 - Fevereiro / 2013 - R$ 4,00 CONCEITO DE ESPÍRITA Deolindo Amorim "Eguct"Tgku"*TL+ Editorial arnaval… a festa surgiu ali pelo século XI, com a implantação da chamada semana santa pela igreja católica. Quarenta dias antes iniciava-se a quaresma, na quarta feira de cinzas. O tríduo momesco, portanto, tem sua datação dependente de uma comemoração religiosa. Muito interessante a integração de Momo com a prisão, o julgamento ignominioso e a crucificação de Jesus. Carnaval era para o deleite da carne porque viriam quarenta dias de jejum. Hoje não se faz jejum mas os deleites aí estão. Na Grécia, cerca de 550 antes de Cristo, havia uma festa agrária, cultos de agradecimento aos deuses por causa das colheitas . Como tudo que não sabiam explicar era atribuído aos deuses, esses deveriam ser agradados. Os romanos dominaram os gregos pelas armas mas assumiram muita coisa da cultura grega. Festa de colheita era bebida, comida, celebrações, busca de prazeres, quase todos ligados à satisfação dos instintos. Em Roma o carnaval era em dezembro, entre os dias 17 e 23. Depois vinha a festa do Zeus Invictus, em 25 de dezembro, coincidindo, no hemisfério norte, com o mais longo dia de inverno. Naqueles dias não havia negócios, os escravos ficavam livres temporariamente, misturavamse com os senhores, as restrições morais eram retiradas. Trocavam-se presentes, era eleito um rei que comandava o cortejo em homenagem ao deus Saturno. Tais festas eram protegidas por Baco, deus do vinho. Havia uma inversão de papéis. O rei Momo era escolhido dentre escravos mais atrasados e podia ordenar o que quisesse durante aqueles dias. Era como se fosse um grande teatro ao ar livre, pleno de libertinagens e grosserias. Por causa disso, com o tempo, já na Idade Média, as pessoas usam máscaras, oriundas do teatro grego. Com o fim do império romano, já no ano 325 de nossa era, a igreja definiu que os quarenta dias antes da Páscoa deveriam ser de orações e jejuns. Antes da quaresma vem o “adeus à carne” ou o “vale a carne”, traduções para a palavra “carnaval”. No Brasil, em certos lugares o carnaval dura bem mais do que uma semana. Transformou-se em empreendimento de conotações econômicas, de interesses folclóricos, de artes plásticas, música, turismo, uma indústria que movimenta fortunas e leva nossa imagem pelo mundo todo. Infelizmente, continua o domínio da carne, passa pela droga e muitas outras tragédias da criatura humana. Jamais esquecerei de dois espetáculos que me fizeram chorar: no aeroporto de Paris, preparando-me para voltar ao Brasil, ouvi grande algazarra. Todos voltaram-se para o escândalo. Eram brasileiros, exóticos, embriagados, afetando comportamentos voluptuosos, gritando vivas ao carnaval do Brasil. Outro momento difícil, também num aeroporto, dessa vez em São Luis do Maranhão. Chegamos de madrugada para um encontro espírita durante o carnaval. O aeroporto estava cheio. Meninas, 13, 14 anos, a comando, gritavam quase histéricas. Naquele mesmo momento chegava um voo fretado da Europa. Os alemães agarravam-se às nossas meninas brasileiras, prostituídas tão jovens pela ganância absurda. “É carnaval! É carnaval!” Ainda bem que temos Joanna, profundamente heróica, Auta, doente mas romântica e de extrema religiosidade, Victor e seu trabalho em favor dos miseráveis, seu desejo de tolerância em favor dos que erram muito, Peixotinho, sua asma e sua generosa mediunidade, Flammarion, sua visão e o relacionamento dos espíritos da Codificação com a astronomia. Grandes almas que inundam de luz nossa revista de fevereiro, onde não vale a carne, não vale a saturnália, não vale Momo. Queremos aqui festejar a colheita do bem, como nos mostram a página do Lar Fabiano, que comemora 55 anos de amor verdadeiro, o artigo de nossa coordenadora Nadja, levando-nos sempre à necessidade de transformar o Espiritismo naquilo que ele é: obra de nossa educação, cultivando a alegria legítima. Ai está nosso De Mario alertando sobre as vibrações do carnaval e propondo substituições efetivas e afetivas. Aí estão Ana Guimarães e o nosso permanente encontro com Jesus, com a delicadeza do Dr. Fabiano. Nossa festa do bem. Não temos confetes, serpentinas passageiras. Nossa festa é íntima e se passa no dia-a-dia, no grande esforço de renovação interior. Aproveite o carnaval com boa leitura. Referência http://pt.wikipedia.org/wiki/Carnaval t g x k u v c fevereiro 2013 / Cultura Espírita – 3 No 47 – ANO IV FEVEREIRO 2013 Diretor Cesar Reis Coordenação Geral Nadja do Couto Valle ÍNDICE Editorial Cesar Reis ................................................................................................................................................................................ 03 Revisão Teresa Costa Pelos Caminhos da Educação Jornalista Responsável Entrevista Marcelo José Gonçalves Sosinho Nadja do Couto Valle ................................................................................................................................................................ 05 Divaldo Pereira Franco – Entrevista sobre Joanna de Ângelis ................................................................................................ 06 Reg. RJ 22746 JP Lar Fabiano de Cristo Diagramação e capa Deolindo Amorim Rogério Mota Rogério Mota Conceito de Espírita ................................................................................................................................................................. 09 Colaboração Peixotinho Glória Magalhães Assaruhy Franco de Moraes Humberto Vasconcelos ............................................................................................................................................................11 Redação Rua dos Inválidos, 182 Centro - Rio de Janeiro/RJ Brasil Um Novo Homem para um Mundo Melhor ............................................................................................................................... 08 Crônicas de Família Ana Guimarães ......................................................................................................................................................................... 10 Victor Hugo e o Espiritismo Maria do Carmo Marino Schneider ........................................................................................................................................ 12 Victor Hugo kaj Spiritismo ESPERANTO – Versão: Saulo Wanderley ............................................................................................................................. 14 Encontro com Jesus Fabiano Nunes ........................................................................................................................................................................ 15 A Importância da Astronomia para a Doutrina Espírita Cláudio Lirange-Zanatta ......................................................................................................................................................... 16 E-mail: [email protected] Site: www.portaliceb.org.br Juventude Espírita / Certas Palavras Marcus De Mario / Cesar Reis .............................................................................................................................................. 17 Homenagem a Auta de Souza ................................................................................................................... 18 Distribuição Na edição no. 45, de dezembro/2012, na página 11, 2ª. coluna, onde se lê “Reconhece-se o verdadeiro espírita pelos esforços que emprega para domar as más inclinações” LEIA-SE: “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más.” Clube de Arte www.clubedearte.org.br Tiragem: 20 000 exemplares Reprodução: Gráfica e Editora Stamppa Ltda. Segunda — 12:00h - Despertar Espírita - Yasmin Madeira Terça — 12:00h - Cultura Espírita - Assaruhy Franco e Cesar Reis Quarta — 12:00h - Encontro com Jesus - Yasmin Madeira Quinta — 12:00h - Crônicas de Família - Ana Guimarães RÁDIO RIO DE JANEIRO — 1400 Khz - A emissora da fraternidade sintonize www.radioriodejaneiro.am.br "Pcflc"fq"Eqwvq"Xcnng"*TL+ e quando em vez, eis que somos constrangidos a “ser” felizes, porque convencionou-se que em algumas épocas do ano “temos” que ser alegres e felizes, como no carnaval, por po exemplo. po exem mpl p o Mas que alegria estão nos “impondo”? Esse cconceito, como o de felicidade, varia segundo o nível n evolutivo de cada um, e forja a escala de valores que determinam cada escolha individual, sobretudo nas horas muito importantes de transição moral da Terra e de seus habitantes, como nos informa o Espírito Manoel Philomeno de Miranda1. Os que estejam na faixa do exclusivo prazer sensível e sensual nessa época encontram, com o “aval social”, encorajamento para entregar-se às “alegrias” de superfície e de “consenso”, próprias desses dias. Mas logo descobrem que tais ilusões trazem decepções, e até tragédias pessoais e coletivas. Leitura obrigatória nessa época é Nas fronteiras da loucura, de Manoel Philomeno de Miranda2. A alegria foi considerada por muitos filósofos como uma das “paixões da alma”, contrapondo-se à tristeza, mas não necessariamente à dor. Para Santo Agostinho trata-se de um estado da alma em que esta se encontra “preenchida”; Descartes disse que a consideração do bem presente suscita em nós a alegria, e a do mal, a tristeza, quando não se trata de um bem ou de mal que não é representado como pertencente a nós3. Já Spinoza define a alegria (laetitia) como “a paixão mediante a qual a mente passa a uma perfeição maior” e a tristeza “a paixão pela qual ela passa a uma perfeição menor”4. Leibniz lembra que a alegria é um estado em que predomina em nós o prazer, pois durante a mais profunda tristeza e em meio às mais amargas angústias se pode experimentar algum prazer, como beber ou escutar música, embora o desprazer predomine; e assim, também em meio às mais agudas dores, o espírito pode encontrar-se em estado de alegria, como acontecia com os mártires. Filósofos contemporâneos tendem a acompanhar Bergson, que considera a alegria como um anúncio de que a vida alcançou o seu propósito e a sua vitória, e Vladimir Jankélévitch, para quem a vida não tem limites, porque, como o amor, quer sempre ir mais além. Essa postura existencial-espiritualista contrapõe-se às “alegrias” dos dias carnavalescos, que buscam o artificialismo e a superficialidade dos comportamentos, afastados dos altos sentimentos, descambando para a satisfação da sofreguidão dos instintos. Essa inscrição da alegria no campo da moral provocou alguns debates sobre a função ICEB - Aulas e Palestras ou ausência de função da alegria na vida moral.5 Para Max Scheler, a alegria é fonte e necessário movimento concomitante, posto que não é um fim em si mesmo, mas acompanha a vida moral. Jesus assinalou isso categoricamente, em Seu Evangelho, que é alegria, e afirmou que a Sua alegria é fazer a vontade do Pai6. Em algumas traduções, o uso de “alimento”, em vez de “alegria”, alinha-se no campo da psiconeuroendocrinoimunologia, que está comprovando que esse tipo de alegria engendra saúde. Portanto, sem a consciência do sujeito moral, as alegrias fúteis próprias das solicitações, divertimentos e festas do mundo, como o carnaval, são “alegrias”, fumaça de ilusões que logo se esvai, geralmente em um lastro de tristeza, depressão, e até de enfermidades fatais e outros tipos e tragédias. Kant considera que o agir por amor ao dever e, em consequência, por puro respeito à lei prevaleça sobre qualquer outra consideração, incluindo a felicidade, e, com esta, possivelmente também a alegria. Mas não é preciso eliminar as duas últimas, porque a virtude, a felicidade, a alegria estão incluídas no sumo bem, ainda que a ele subordinadas. Num sentido existencial de alegria pode-se dizer que Kant chegou a admitir uma forte possibilidade de que a obediência à lei por um sujeito moral comporte uma “plenitude” que se parece muito com a verdadeira alegria. Como dito por Neemias: “(...) a alegria do SENHOR é a vossa força.”7 Muitos argumentam que seguem a filosofia de Epicuro: o prazer é o supremo bem, mas ele quer dizer que o homem não deve abandonar-se às voluptuosidades fáceis, e que a felicidade é a recompensa da sabedoria, da cultura do espírito e da prática da virtude. Para ele, cabe ao homem admitir os prazeres, favorecer os naturais mas não necessários, e fugir dos que não são naturais nem necessários. Assim cai por terra esse argumento, tão lembrado na época do carnaval e de outras festas mundanas ou tornadas mundanas pela voluptuosidade do homem. Joanna de Ângelis lembra que o homem não está impedido de “(...) vivenciar as alegrias transitórias das sensações e das emoções de cada momento, (...) [pois] qualquer castração no que diz respeito à busca de satisfações orgânicas e emocionais produz distúrbio nos conteúdos da vida. (...)”8; “A busca do prazer, em razão das necessidades mais imediatas e dos gozos mais fortes, tem sido dirigida para os divertimentos: os alcoólicos, o sexo, o tabaco, quando não as drogas aditivas e perturbadoras. Esses ingredientes levam a diversões variadas, extravagantes, fortes, mas não ao verdadeiro prazer, que pode ser encontrado em uma boa leitura, em uma paisagem repousante, em uma convivência relaxadora, em uma caminhada tranquila, ou em um jogging, em um momento de reflexão, de prece, numa ação de socorro fraternal, em uma recepção no lar proporcionada a alguém querido ou simplesmente a um convidado a quem se deseja distinguir...”9 “Quanto mais divertimentos, mais fugas psicológicas, menos prazeres reais. (...) As pessoas divertidas parecem felizes, mas não o são. (...) [são] aflitos-sorridentes, (...)”10. “No dicionário do pensamento cristão sucesso é vitória sobre si mesmo e sobre as paixões primitivas. (...) O sucesso sobre si mesmo acentua a harmonia e aumenta a alegria do ser, (...)”11 E o Mentor Espiritual Hammed nos lembra e aconselha12: “É muito bom vivenciar a alegria de encontrar o “tesouro escondido no campo da própria alma”13, isto é, reconhecer o Si-mesmo, a mais profunda realidade – a “vontade de Deus”, que sustenta, resguarda e inspira o ser humano a progredir de modo natural e sensato. (...) Quando nos identificarmos com o Criador, a alegria passará a ser presença marcante em toda e qualquer de nossas atitudes.” Referências 1 FRANCO, Divaldo. Nas fronteiras da loucura. Pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda. 9.ed. Salvador, BA: Liv. Espírita Alvorada, 1997. p. 139: “(...) legiões que se demoravam retidas nestas faixas, ainda assinaladas pela barbárie, portadoras de instintos agressivos em afloramento, vêm sendo trazidas à reencarnação em massa, obtendo a oportunidade de fazer a opção para a liberdade ou o exílio.” 2 Idem. 3 Les passions de l’âme, art. 61. 4 Ethica, III, prop. xi, esc. 5 Segundo Max Scheler, por exemplo, houve, no espírito moderno, e particularmente no espírito alemão, uma espécie de “traição à alegria”, consequência da entrega a um “falso heroísmo” ou a uma inumana “ideia do dever”, ensejando um “movimento ético-filosófico” de índole antieudemonista e heroicista, que é a expressão racional de certo tipo humano estrito, “burguês” e “prussiano”. 6 BÍBLIA. N.T. João. Cap. 4, vers. 34. 7 BÍBLIA. V.T. Neemias. Cap. 8. vers. 10. 8, 9, 10 FRANCO, Divaldo. Amor, imbatível amor. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 1.ed. Salvador, BA: Livr. Espírita Alvorada Editora, 1998. p. 57-58; 75-76; 78. 11 ____. Desperte e seja feliz. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 3.ed. Salvador, BA: Livr. Espírita Alvorada Editora, 1997. p. 91-92. 12 ESPÍRITO SANTO, NETO, Francisco. Os prazeres da alma. Pelo Espírito Hammed. 9.ed. Catanduva, SP: Boa Nova Editora, 2008. p. 26. 13 Referência a Mateus, cap. 13, vers. 44. Sábado - 13h30min às 17h15min. t g x k u v c fevereiro 2013 / Cultura Espírita – 5 Entrevista sobre JOANNA DE ÂNGELIS* Divaldo Pereira Franco (BA) é médium e orador espírita no Brasil e no exterior, fundador e dirigente da Casa do Caminho em Salvador (BA) Joanna de Ângelis RCE – Pode traçar uma linha do tempo identificando reencarnações desse generoso Espirito, caracterizando muito antiga adesão a Jesus ? DPF – Segundo informações dela mesma, viveu ao tempo de Jesus como sendo Joana de Cusa que, ao encontrar o Mestre, modificou completamente a sua existência, dedicando-se-Lhe com total abnegação até o momento da crucificação. Posteriormente, após a desencarnação do marido, permitiu-se queimar viva durante o reinado de Nero. Reencarnou-se diversas vezes, tornando-se conhecida em algumas como Clara de Assis, na Itália, Juana Inés de la Cruz, no México e Joana Angélica de Jesus, em Salvador. Divaldo Pereira Franco RCE – Em que medida Joanna dá uma nova dimensão à moderna Psicologia? DPF – Desde que ela começou a ditar-me mensagens que vem falando sobre a necessidade de ser elaborada a psicologia espírita. Recordava-me que Kardec, o insigne codificador, já se preocupava com a questão, quando, apresentando a Revue Spirite, esclareceu que se tratava de um Órgão de estudos psicológicos. Considerando Carl Gustav Jung, um dos pioneiros da psicologia transpessoal, também denominada como Quarta Força em Psicologia, ela propôs-se a demonstrar que o paradigma espírita é profundamente psicológico, com elementos que facultam solucionar os inumeráveis problemas Despertar Espírita na WEB - Sábado, 19h, na tv cei.com t g x k u v c Cultura Espírita – 6 / fevereiro 2013 do ser humano, abrindo-lhe espaços para a saúde integral, a individuação, o reino dos Céus. Ao mesmo tempo, amplia os horizontes da Psicologia, tradicionalmente unicista, levando-a além das conquistas em torno da psique, às origens reais da vida... RCE – Podemos dizer que Joanna oferece novos entendimentos sobre as conexões Espírito, perispírito e corpo somático? DPF – É exatamente o que vem pretendendo nos livros até então publicados, demonstrando que muitos conceitos junguianos e de outros estudiosos encontram-se no Espiritismo com outras denominações, como os arquétipos, a sincronicidade, as síndromes do ninho vazio, do poder, a culpa e etc., estudadas na Lei de Causa e Efeito. Ao mesmo tempo propõe valiosas psicoterapias para as problemáticas e tormentos emocionais, abrindo espaço para a aceitação da Logoterapia de Viktor Frankl, etc. e atualizando as lições soberanas do Evangelho de Jesus, especialmente nos seus processos psicoterapêuticos: a oração, a meditação, a ação do bem, a alegria de viver, a transformação moral para melhor... RCE – Joanna e educação. Que relações estabelece no sentido de referendar e aprofundar os ensinos das entidades que, juntamente com Kardec, caracterizaram o Espiritismo como obra de educação ? DPF – Confirmando o egrégio codificador, a Benfeitora assevera que educação é vida, especialmente educação moral, graças à qual o ser humano consegue atingir o mais elevado nível de consciência, denominado como cósmica. Sem a educação moral, o ser humano retornaria à barbárie. Por seu intermédio desenvolvem-se os valores éticos, mediante os quais a existência adquire sentido psicológico, avançando para o numinoso, para a autoconsciência. RCE – Com relação aos tempos novos, o que nos oferece Joanna quanto à integração ciência-filosofia-religião? DPF – Joanna de Ângelis elucida que a ciência investiga, a filosofia explica e a religião dignifica espiritualmente aproximando a criatura do seu Criador. Nestes novos tempos todos necessitamos de diretrizes que se firmem na ciência, na sua tecnologia, assim como numa filosofia idealista, para vitalizar o ânimo e as conquistas intelecto-morais, trabalhando-se em experiên- cias cristãs, realmente cristãs, transformadoras. O Espiritismo é doutrina perfeita por manter-se em equilíbrio nessas três vertentes do conhecimento terrestre. E a nova psicologia, aquela que vem sendo apresentada pela abnegada Mentora, igualmente sustenta-se nas pesquisas contínuas em torno do Espírito nas suas raízes mais remotas, oferecendo-lhe uma filosofia otimista, trabalhada nas diretrizes do bem fazer, do autoamor, do amor ao próximo, para, enfim, alcançar o amor a Deus, portanto, atingindo o momento culminante da religiosidade, que é a espiritualidade plena. Benidorm (Espanha), 06 de dezembro de 2012. Divaldo Pereira Franco Homenagem pela desencarnação da Madre Abadessa, Sóror Joana Angélica de Jesus (BA) em 20 de fevereiro de 1822 “Nestes novos tempos todos necessitamos de diretrizes que se firmem na ciência, na sua tecnologia, assim como numa filosofia idealista, para vitalizar o ânimo e as conquistas intelecto-morais, trabalhando-se em experiências cristãs, realmente cristãs, transformadoras.” t g x k u v c fevereiro 2013 / Cultura Espírita – 7 LAR FABIANO DE CRISTO UM NOVO HOMEM PARA UM MUNDO MELHOR Eduque-se o homem e teremos uma Terra verdadeiramente transformada e feliz! 1 Guillon Ribeiro, Espírito ós do Lar Fabiano de Cristo, temos por missão o ós, desenvolvimento da proteção social e da educação de transformadora, contribuindo para a construção de tra um mundo melhor. Nosso compromisso com a espiritualidade e com a sociedade é o de levar adiante rit a Obra Obra ddee FFa Fabiano abia de Cristo (conheça mais em www.lfc.org.br), reflexo da obra do d próprio Cristo. “Das ovelha ovelhas que meu pai me confiou nenhuma se perderá”2, afi rma Jesus. Temos como norte – dentro da nossa filosofia – o acoafirma Jesus Te lhimento, a educação, o acompanhamento e o direcionamento de cada coração que Deus nos confia. Educar é orientar na direção do bem. O Lar Fabiano visa desenvolver em seus coparticipantes a Educação do Ser Integral. Explicando melhor, buscamos permear todas as atividades que oferecemos aos nossos coparticipantes de valores humanos universais. Assim como Immanuel Kant, enxergamos a educação como ferramenta para desenvolver no indivíduo toda a perfeição da qual ele é suscetível3. Partilhamos com Kardec4 o ideal de que “É pela educação, mais do que pela instrução, que se transformará a Humanidade”. O Lar Fabiano de Cristo tem por foco a família. Sabemos que ninguém nasce por acaso numa família. A criança, o jovem, o adulto e o idoso estão biológica, social e psicologicamente inseridos na instituição familiar: seja por sua imersão, seja por sua ausência ou mesmo por seu desejo de pertencimento e socialização. Temos por convicção a obrigação de oferecermos o melhor possível para o trabalho da Obra de Fabiano de Cristo. Tomando emprestadas as palavras do Espírito Amélia Rodrigues, consideramos que “a criança é sementeira que aguarda, o jovem é campo fecundado, o adulto é seara em produção. Conforme a qualidade da semente, teremos a colheita”5. Temos por premissa oferecer a melhor semente, o melhor de nós. A educação que transforma é também a que assegura a durabilidade da proteção social, que oferecemos em primeira instância. Além da instrução complementar, o Lar Fabiano fundamenta seus passos pelos ideais de Fraternidade, Democracia, Consciência, Reforma Íntima, Caridade e Autotranscendência. Vamos muito além de Lineu, Nenê, Tuco, Bebel e Agostinho. Sabemos que a verdadeira Grande Família somos nós. Visamos despertar em nossos coparticipantes o reconhecimento de que somos verdadeiramente todos irmãos. Colocamos o respeito aos direitos como diretrizes do relacionamento humano. Provocamos a consciência de que o futuro ambiental e social do planeta depende exclusivamente de nós mesmos. Que para um mundo melhor é necessário que haja um homem sobriamente renovado no bem, verdadeiramente incomodado com a infelicidade que o cerca e disposto a doar-se para modificá-lo. Primamos por tirar os véus das vicissitudes sociais mais cruéis que acometem social e psicologicamente as famílias que mais necessitam de ajuda. Vislumbramos mudar paradigmas do espírito em estado de sucumbência, mostrando que somos também filhos de Deus, criados para a alegria, a saúde, a felicidade e o bem-estar. Você pode fazer parte desta obra de muitas formas. A primeira é se tornando um Associado Contribuinte do Lar Fabiano de Cristo. Para isso, acesse o site www.umgrao.com.br, ou entre em contato pelo e-mail ([email protected]) e pelo telefone (21) 3506-3606. A segunda forma é se tornando um voluntário do Lar Fabiano ([email protected]). A terceira é divulgando nosso trabalho: www.lfc.org.br e www.facebook.com/lfc.fabianodecristo. A sua participação realmente faz toda a diferença. Referências 1 Guillon Ribeiro, Espírito. Página recebida em 1963, durante o 1º Curso de Preparação de Evangelizadores – CIPE, realizado pela Federação Espírita do Estado do Espírito Santo, pelo médium Júlio Cézar Grandi Ribeiro. http:// www.dij.febnet.org.br/evangelizador/dicas-pedagogicas/dicas-pedagogicas-i-franco-10042012-1454-minutos/. Acesso em 14/01/2013. 2 BÍBLIA. N.T. Mateus. Cap. 18, vers. 14. Apud BOTELHO, Camilo Cândido; PEREIRA, YVONNE A. Memórias de um suicida. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1982. Versão digitalizada, p. 75. Versão digital disponível em: http://www.espiritismogi.com.br/livros/memorias_suicida.zip. Acesso em 14/01/2013. 3 KANT, Immanuel. In: DURKHEIM, E. Sociologia, educação e moral. Porto: Rés, 1984. p. 8. 4 KARDEC, Allan. Obras póstumas. Tradução de Guillon Ribeiro. 22.ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1987. p. 384. 5 Mensagem Evangelização. Pelo Espírito Amélia Rodrigues. In: FRANCO, Divaldo. Desafio de urgência, terapêutica de emergência. Salvador, BA: Ed. LEAL, 1983. p. 21-25. Apud Apostila Evangelização espírita espírito-juvenil: o que é?, da Federação Espírita Brasileira. http://www.dij.febnet. org.br/evangelizador/evangelizacao-espirita-para-criancas-e-jovens/quem-e-o-evangelizando/. Acesso em 14/01/2013. Cultura Espírita, com Assaruhy Franco e Cesar Reis – Terça-feira, 12h, na Rádio Rio de Janeiro 1400 AM t g x k u v c Cultura Espírita – 8 / fevereiro 2013 "Fgqnkpfq"Coqtko spírita, para falar com a necessária precisão, é quem aceita a doutrina integralmente, quem concorda com os seus princípios, quem qu uem se se submete s às normas morais que decorr decorrem desses princípios. Há muitas pes pessoas que são médiuns, colaboram em sessões mediúnicas, apreciam as comunicações do além, mas ainda não estudaram a doutrina ou, se já fizeram estudos, não concordam com a reencarnação e outros pontos básicos do Espiritismo. São espíritas? Doutrinariamente, não! O vulgo, no entanto, chama de espírita, indistintamente, a qualquer pessoa que se declare crente na influência dos espíritos ou seja médium. Por mera comodidade mental ou pela lei do menor esforço, é mais fácil generalizar do que entrar em pormenores doutrinários pouco interessantes para as pessoas que se não dedicam a esses assuntos. Diz-se comumente que é espírita quem se interessa pelos fenômenos do “outro mundo” ou pelas “coisas do astral”. É engano. O Espiritismo desaprova certos tipos de sessão mediúnica, notadamente quando destituídas de preocupação elevada, assim como exorcismos e outras práticas impróprias. O uso de incenso, velas, objetos mágicos, por exemplo, é observado frequentemente em diversas sessões, não de caráter espírita. A doutrina também repele as sessões espíritas espetaculares. O ambiente de uma sessão espírita não é um “santuário” nem velório, mas é um lugar de respeito e dignidade, condição imperiosa para se evitar a curiosidade. Não nos referimos à curiosidade intelectual ou científica, mas à curiosidade banal, sem qualquer noção de seriedade. Já se vê que NEM TODA SESSÃO MEDIÚNICA DEVE SER CHAMADA DE “SESSÃO ESPÍRITA”, ainda que haja fenômenos impressionantes. Onde não há moralidade, onde não há sentimento de caridade, onde se exige ou aceita pagamento de “trabalhos espirituais”, onde se usa o sacrifício de animais em função de ritos exóticos, seja qual for o pretexto de tais práticas, aí não há Espiritismo! Se, ainda hoje, fossem observadas, de um modo geral, as cautelas de Allan Kardec, cujo zelo, a propósito de sessões mediúnicas, chegava à intransigência, naturalmente não haveria a preocupação de encher a casa, e já teríamos chegado àquele plano de adiantamento que, para o Codificador, seria o ideal do Espiritismo: A QUALIDADE ACIMA DA QUANTIDADE. Dolorosamente, em grande parte das sessões públicas, o que se verifica é a inversão dos termos: a quantidade, antes de tudo, porque é necessário fazer número, enquanto a qualidade é problema secundário. Não é isto o que ensina a doutrina. Lembremos, nesta oportunidade, que no Estatuto da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, fundada por Allan Kardec, no dia 1º. de abril de 1858 e por ele próprio dirigida nos primeiros anos, há exigências que, para os dias atuais, poderiam parecer superadas ou demasiadamente rigorosas. Entendemos, de nossa parte, que a mesma orientação deveria perdurar sempre nas Sociedades Espíritas. Veja-se o artigo 3º.: A Sociedade não admitirá senão as pessoas que simpatizarem com os seus princípios e com o objetivo de seus trabalhos, as que já se achem iniciadas nos princípios fundamentais da ciência espírita, ou que estejam seriamente animadas do desejo de nesta se instruírem. O movimento espírita, nessa época, ainda estava na fase de propaganda inicial, e Allan Kardec bem poderia, não fora o seu senso de responsabilidade, abrir as portas da Sociedade para quantos quisessem ver as sessões espíritas. Não o fez, porque era necessário evitar a vulgaridade, o espetáculo, a exploração. Seria uma propaganda de efeito negativo. Eram proibidas, na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, quaisquer perguntas aos espíritos, desde que tais perguntas não tivessem interesse para os estudos sérios. É o que diz o art. 18: São especialmente interdictas todas as perguntas fúteis, de interesse pessoal, de pura curiosidade, ou que tenham o objetivo de submeter os Espíritos a provas, assim como todas as que não tenham um fim útil geral, do ponto de vista de estudos. Ainda mais: Nenhuma comunicação espírita obtida fora da Sociedade (art. 20) pode ser lida, antes de submetida, seja ao Presidente, seja à Comissão, que podem admitir ou recusar a leitura. Leia-se o Estatuto da Sociedade, na parte final de O Livro dos Médiuns. O Espiritismo é muito diferente do que se pensa. Uma sessão espírita é uma escola de esclarecimento e de moral, mas é indispensável que haja conhecimento e noção de responsabilidade. (...) Referência AMORIM, Deolindo. O Espiritismo e as doutrinas espiritualistas. 3.ed. Rio de Janeiro: Centro Espírita Léon Denis Editora, 1988. Cap. IV, “Conceito de Espírita” (parte), p. 110-112. Encontro com Jesus, com Yasmin Madeira – Quarta-feira, 12h, na Rádio Rio de Janeiro 1400 AM t g x k u v c fevereiro 2013 / Cultura Espírita – 9 "Cpc"Iwkoctçgu"*TL+ s pessoas, atualmente ou talvez sempre, enxergam a vida por ótica bastante pessimista, arrolando acontecimentos deploráveis, como se fossem a marca da situação trris ste t em mq u se encontra a sociedade terrena, triste que me ergul ullhada ha em injustificáveis violências. mergulhada É certo q que, com as conquistas tecnológicas intelectua alcançadas pelo homem, podere intelectuais se-ia esperar uma melhor situação moral. Todavia esse fato não quer dizer que o Planeta não esteja muitas vezes melhor do que se encontrava no passado. Não resta dúvida de que o homem tem buscado caminhos para vencer o sofrimento, a dor, a doença, os inúmeros percalços que o acometem na sua jornada. Inobstante, tem também cultivado, ao longo de sua trajetória, as sementes de angústias, ansiedades, inseguranças e incertezas na alma dos que caminham com ele. É a obtusa situação de quem deseja ser feliz e se despreocupa com a felicidade dos outros. Desse ponto de vista, superar as situações de sofrimento é a meta principal: aproveitar a circunstância feliz fruindo toda a cota de gozos que a vida pode oferecer hoje, em detrimento da colheita de amanhã, ou seja, sem responsabilidade. Assim, é natural que, quando o efeito retroativo chega, encontra o indivíduo sem condição de enfrentá-lo ou compreendê-lo. Então, a visão pessimista... É o mundo que é mau. Conscientização é tarefa emergencial. Descobrir que o homem é o artífice de seu futuro, como o lavrador é o responsável pela sementeira, é trabalho de agora, prelibando um porvir mais equilibrado. Se lançarmos um rápido olhar ao passado remoto ou não, podemos perceber, sem sombra de dúvidas, o quanto o homem cresceu em termos de solidariedade, piedade e compaixão, sendo capaz de extremos em demonstração de fraternidade. E percebe-se, perfeitamente, a felicidade proveniente de seus atos de bondade. Entre o homem que se locupletava com o sofrimento, a dor, a morte de outras criaturas, que aplaudia os atos de selvageria, fechando-se em atroz egoísmo e o homem que trabalha pelo bem, pela paz, preocupando-se pela alimentação e vestimenta de seu próximo, a distância é brutal. Estamos em marcha progressiva, esta é a verdade. Este é o século da caridade. Juntemonos a ele e caminhemos intimoratos, em busca dos horizontes sem-fim do bem, deixando pegadas radiosas por onde passarmos. Paz e luz. Crônicas de Família, com Ana Guimarães – Quinta-feira, 12h, na Rádio Rio de Janeiro 1400 AM t g x k u v c Cultura Espírita – 10 / fevereiro 2013 "Jwodgtvq"Xcueqpegnqu"*RG+ PEIXOTINHO* into-me invadido por uma emoção suave sempre que retomo o tema Peixotinho. Experimento, ao mesmo tempo, uma sensação de plenitude, que não é ainda floração de mérito pessoal, mas a certeza de sua presença amiga junto a mim, como a evitar eviitar q ev que ue eu venha a sucumbir ao peso de minhas fragilidaue des. E o qu que mais me gratifica é a consciência de que, falando de Peixotin Peixotinho, falo de uma experiência pessoal, de momentos compartilhados, compartilha de conversas e reflexões que se mantiveram reservadas, mas que, ainda hoje, soam como lições marcantes e valiosas ao modesto trabalhador espírita que tenho procurado ser. Não posso, igualmente, deixar de referirme à copiosa matéria documental que sobre o médium e o homem inseri em meu livro Peixotinho – Materialização do Amor. Por que a referência? Porque, naquele trabalho, procurei reunir depoimentos sobre o médium, obtidos de pessoas que também com ele conviveram, trabalharam durante décadas, numa militância que representou um capítulo importante na expansão do pensamento espírita em nosso país. Daí que, neste artigo, que escrevo para atender à generosa convocação da querida Nadja do Couto Valle, peço permissão para transcrever alguns trechos daqueles depoimentos, certo de que, com isso, estarei atendendo ao propósito de recordar aspectos da vida do médium, mas, sobretudo, de revelar a presença do abnegado discípulo que esteve e estará sempre a serviço do resgate do Evangelho de Jesus, à luz prodigiosa da Doutrina Espírita; de um médium que conquistou autonomia, desdobrando, em vigília, os prodígios de amor fraterno que possibilitava quando em transe mediúnico. Médium múltiplo. 1. Do depoimento do médico, professor e escritor espírita Gilberto Perez Cardoso:1 “Nós, que chegamos a conviver com ele, sabemos que a obra de Peixotinho vai muito além das materializações. É preciso ainda contabilizar a quantidade enorme de fenômenos; o receituário mediúnico, exercido durante anos a fio, atendendo a pacientes até de madrugada; a caridosa hospedagem de pessoas necessitadas e obsidiadas em sua própria residência, para propiciar-lhes tratamento espiritual, isso tudo transcende em muito as materializações, aspecto da vida do médium que ficou mais conhecido, no Brasil inteiro e no mundo. 2. Do depoimento de nosso queridíssimo José Raul Teixeira:2 “Peixotinho era portador de múltiplas faculdades mediúnicas. Ainda que se tenha notabilizado como médium de efeitos físicos, o certo é que não foram menos eficientes seus trabalhos na área da psicofonia e da psicografia. Em vista disso, os Espíritos do bem utilizaram-se de sua faculdade proeminente para prestar socorro ao movimento espírita, não só no Estado do Rio de Janeiro, onde ele desenvolveu, à saciedade, essa tarefa, mas no Brasil inteiro.” No mesmo depoimento, Raul Teixeira revela o surgimento dos Espíritos Scheilla e Zé Grosso no movimento espírita, através de reuniões com Peixotinho, e episódios interessantíssimos relatados por Chico Xavier sobre suas experiências pessoais com o médium. Homem simples e sincero. Do depoimento da Professora Maria Amélia Ribeiro de Castro,3 notável trabalhadora da Doutrina Espírita, ainda hoje dirigente do Remanso – Instituição Cristã Amor ao Próximo, de São Gonçalo – RJ: “Antes de narrar os fenômenos maravilhosos que presenciei, através da mediunidade de Peixotinho, sinto-me na obrigação de falar da criatura que era o nosso irmão. Para aqueles que não tiveram a ventura de o conhecer, naquela época, é bom que se retrate o homem que era o médium. Simples e sincero. Jamais se queixou, alardeou seus dotes ou deixou transparecer vaidade ou orgulho. A seu lado, Baby, a companheira amiga, dedicada e esclarecida. Meu coração não pode separar um do outro. Ela era o esteio, o estímulo, a irmã amiga, compreensiva e encorajadora”. Peixotinho – Francisco Peixoto Lins nasceu em Pacatuba, Ceará, em 1º de fevereiro de 1905. A partir dos 15 anos, começam a manifestar-se seus dons mediúnicos, com alguns episódios traumáticos. Em socorro do jovem, surge aquele que viria a ser seu primeiro orientador, o Major do Exército Manuel Vianna de Carvalho, então comandante de unidade militar em Fortaleza e dirigente da casa espírita que daria origem à Federação Espírita do Estado do Ceará. Com 19 anos, migra para o Rio de Janeiro. Convocado para o Exército, inicia uma carreira militar que o conduz ao posto de Capitão, quando de sua reforma, em 1952. Sua longa militância mediúnica tem início na cidade de Macaé, onde participa da fundação do Grupo Espírita Pedro e constitui família. A partir de então, consolidada sua atividade mediúnica, passa por várias transferências, o que lhe permite incentivar o movimento espírita em diversas localidades do Sul e do Centro-Sul, até retornar definitivamente ao Rio e fixar-se, no final da carreira militar, na cidade de Campos dos Goytacazes, onde desencarna em 16 de junho de 1966. Entre as casas espíritas de cuja instalação participou está o André Luiz, do Rio, formado para abrigar sua mediunidade, quando foi transferido para a antiga Capital Federal; e o Grupo Espírita Aracy, de Campos dos Goytacazes, onde atuou até a desencarnação. "Humberto Vasconcelos é escritor e expositor espírita Referências Peixotinho – materialização do amor. 3.ed. São Paulo: Casa Editora O Nazareno Ltda. 2011. p. 236. 2 Idem. p. 255 e seguintes. 3 Idem. p. 179-180. 1 * Homenagem pelo nascimento de Peixotinho em 01 de fevereiro de 1905. t g x k u v c fevereiro 2013 / Cultura Espírita – 11 ste trabalho não tem como objetivo descrever a vida e a obra de Victor Hugo. Numerosas biografias realizadas por historiadores de todas as nacionalidades já o fizeram. Coloca-se aqui em evidê ência o esc dência escritor como um dos precursores do Espiritismo, e o relato de seus primeiros contatos com os postu postulados espíritas e as manifestações mediúnicas através das mesas girantes. Poucos sabem que V. Hugo é um dos precursores do Espiritismo na França. De fato, ele entrou em contato com as mesas girantes ou falantes antes de Kardec, uma vez que suas experiências de intercâmbio com o mundo espiritual datam de1853, do seu exílio em Jersey quando, graças ao intermédio de Mme de Girardin, durante sua permanência em Jersey, de 7 a 14 de setembro de 1853, Hugo e seus familiares, bem como os demais exilados, são iniciados no intercâmbio com os espíritos. As longas sessões de Espiritismo continuaram durante dois anos, até outubro de 1855. Os processos verbais das mesas girantes proporcionaram diálogos com personagens diversos como Maquiavel, Rousseau, Marat, Molière, Shakespeare, Galileu, Ésquilo e outros que se apresentaram como a “Sombra do Sepulcro”, “Drama” e “Morte”, dentre outros. Emannuel Godo, no livro Victor Hugo et Dieu, afirma que o contato de Victor Hugo com as mesas girantes trouxe-lhe a certeza não só da existência como da presença tangível dos espíritos, e que essa crença o acompanhou até a morte. Em Guernsey, a partir de 1855, em Bruxelas, em Paris, após o retorno de 1870, fenômenos sobrenaturais fizeram-se presentes na vida do grande escritor sob múltiplos aspectos: ruídos, pancadas de espíritos nas paredes, visões, premonições, ou seja, ele era dotado de várias faculdades mediúnicas, como o comprovam suas anotações pessoais em agendas que descrevem as “intervenções do desconhecido”, conservadas atualmente na Biblioteca Nacional de Paris (Les Carnets de Victor Hugo).1 Desses dons mediúnicos, a vidência foi um dos mais determinantes na experiência de Victor Hugo com as mesas. Graham Robb, um dos mais conceituados biógrafos contemporâneos de Victor Hugo, afirma que o espírito que se nominava “A Dama Branca” visitava Hugo em seu quarto e veio a ser a inspiradora de alguns de seus incomuns poemas de amor – “Àquela que está velada” e “Horror” (Les Contemplations, 1856). O historiador diz, inclusive, que foi a sua presença mais que constante junto a Victor Hugo um dos motivos que contribuíram para que as sessões mediúnicas tivessem fim em t g x k u v c Cultura Espírita – 12 / fevereiro 2013 e o Marine-Terrace, uma vez que Mme Hugo se recusava a dividir sua casa com tão estranhos visitantes.2 Uma carta, enviada por Victor Hugo à Mme de Girardin, em 4/1/1855, prova a continuidade dessas experiências: “As mesas nos dizem, com efeito, coisas surpreendentes. Eu gostaria tanto de falar com a senhora, Mme, beijar suas mãos, seus pés, suas asas. Paul Meurice contou-lhe que todo um sistema quase cosmogônico de palavras ocultas, escritas pela metade, há 20 anos, foi confirmado pelas mesas com explicações? Nós vivemos em um horizonte misterioso, que muda as perspectivas do exílio e pensamos na senhora, a quem devemos esta janela aberta.”3 Hugo improvisava estrofes e parágrafos, realizando um extraordinário diálogo com o mundo espiritual que se caracterizava ora por páginas da mais alta e consoladora filosofia, ora por respostas de franca ironia. As afirmações dos espíritos eram em geral relativas, parciais e com uma linguagem adaptada ao nível de conhecimento e compreensão dos homens. Como exigisse que essa comunicação fosse transcendental, igualando-se ao divino, seus desejos eram frequentemente contrariados, o poeta se aborrecia, o que levou um dia o espírito de Galileu a admoestá-lo: “Se imperioso fosse que a mesa falasse, não a linguagem humana, mas uma linguagem celeste, não a compreenderíeis; não há alfabeto do incriado; não há gramática do céu; não se aprende o divino como o hebreu; o celeste não é um dialeto do terrestre (...)”.4 Apesar de sua preocupação em não se deixar influenciar por essas experiências, a comunicação permanente com os mortos influenciou sensivelmente as obras escritas por Hugo nos anos que se seguiram a 1853. Um dos espíritos comunicantes, o espírito Morte, convida-o a dar uma outra dimensão à sua obra e à sua vida :“ Vem realizar tua outra obra, vem olhar o inabordável, vem contemplar o invisível, vem achar o improvável, vem transpor o intransponível, vem justificar o injustificável, vem realizar o não-real, vem provar o improvável”.5 É um convite para não mais se prender ao status de poeta, mas para entrar no conhecimento íntimo de Deus e do mundo além-túmulo. Referindo-se também a essa influência, Camille Flammarion afirma em Les Annales Politiques et Littéraires, de 7/5/1899: “Victor Hugo, alguns anos antes de sua morte, conversou pessoalmente comigo; ele jamais deixou de acreditar nas manifestações dos espíritos. Esta crença inquebrantável, cujas raízes remontam às experiências de Jersey, por ocasião das frequentes sessões com as mesas falantes, foi, para o gigante da literatura do século XIX, a motivação "Maria do Carmo Marino Schneider (ES) Espiritismo * para a vida, para o trabalho e para o amor a seus semelhantes.”6 Acreditando plenamente nas manifestações dos mortos através das mesas, testemunhou sua crença nas palavras que escreve, quando da realização de seus estudos sobre Shakespeare, em 1867: “A mesa girante ou falante foi bastante ridicularizada. Esta zombaria é injustificável. Substituir o exame pelo menosprezo é cômodo, mas pouco científico. Acreditamos que o dever restrito da ciência é verificar todos os fenômenos, pois a ciência, se os ignora, não tem o direito de rir deles. Um sábio que ri do possível está bem perto de ser um idiota. (...) Sejamos respeitosos ante o possível, cujo limite ninguém conhece, sejamos atentos e sérios diante do extra-humano de onde saímos e que nos espera.”7 A comunhão permanente com os mortos no seu exílio, em Jersey, exerceu sensível influência nas obras do escritor, sobretudo nos principais poemas do sexto livro de Les Contemplations (1856), intitulada Ce qui c´est la mort, ele dedica estes versos aos incrédulos:“Não diga morrer; diga nascer. Acredite!”8. Ainda em Les Contemplations, canta a submissão do homem à vontade de Deus, face às dores que afetam a humanidade no poema À Villequier: “Eu digo que o túmulo que sobre os mortos se fecha/abre o firmamento;/e o que nós aqui embaixo tomamos como término/ é o começo.”9 Sobre a imortalidade da alma, a progressão dos espíritos, a pluralidade dos mundos, faz, em Post-Scriptum de ma vie (1901), as seguintes considerações que marcam a influência dos postulados espíritas no seu pensamento filosófico: “Deus é eterno. A alma é imortal; (...) A criação é uma ascensão perpétua do bruto para o homem, do homem para Deus. Despojar cada vez mais a matéria, revestir cada vez mais o espírito, tal é a lei. A cada vez que se morre, ganha-se mais vida. As almas passam de uma esfera para outra, sem perder seu EGO, tornam-se cada vez mais luz, se aproximam sem cessar de Deus. (...) É esta ascensão sem fim, esta perpétua procura de Deus que para a alma é a imortalidade. (...) A morte é uma troca de roupas. Alma! Estáveis vestida de sombras, ide agora vos revestir de luz! (...) Sou uma alma. Sinto bem que o que levarei para a tumba não será o meu EU. Este EGO irá além. Terra, tu não és o meu abismo.”10 É com as palavras que constituíram sua verdadeira profissão de fé espírita que encerramos este artigo: “Sinto dentro de mim toda uma vida nova, toda uma vida futura. Sou como uma floresta que por várias vezes foi abatida: os rebentos novos são mais e mais fortes e vivazes. Subo, subo para o infinito! Tudo é radiante em meu espírito. (...) Dizeis que a alma é apenas a expressão das forças corporais. Então, por que minha alma é mais luminosa, quando essas forças corporais vão em breve abandonar-me? O inverno jaz sobre minha cabeça, mas a primavera eterna invade minha alma! (...) Quanto mais me aproximo do fim, mais escuto em torno de mim as imortais sinfonias dos mundos que me chamam! É maravilhoso e é simples. Há meio século que escrevo meu pensamento em prosa e em verso: história, filosofia, drama, romances, lendas, sátiras, odes, canções etc. Tudo tenho tentado, mas sinto que não disse a milésima parte do que está em mim. Quando me curvar para o túmulo, não direi como tantos outros: terminei minha jornada. Não, a sepultura não é um beco sem saída, é uma avenida; ela se fecha no crepúsculo e vem se reabrir novamente na aurora! Besançon, 22/5/1885.” 11 " Maria do Carmo Marino Schneider é professora universitária, escritora e expositora espírita em um jornal. Todavia, em 8/9, na véspera, publica uma nota na folha Pyrenées, em que diz: “Na noite da minha chegada em Oléron, encontrava-me vencido de tristeza... Tinha a morte na alma. Parecia-me que esta ilha era um caixão mortuário deitado sobre o mar e que a luz era ali uma vela.” (WANTUIL, Zêus. As mesas girantes e o espiritismo. Rio de Janeiro: FEB,1994. p.94; pensamento profético – sua filha, Adèle Hugo, registra o pensamento de Hugo com relação às experiências espíritas: “As revelações feitas pela mesa, publicadas após a morte dos exilados, fundariam uma nova religião que abrangeria o cristianismo, ampliando-o, como o cristianismo abrangera o judaísmo.” (HUGO, Adèle. La revue de Paris, 1950. p.42-4; audiência – Louis Barthou afirma que no período de 1871-1873, o poeta ouvia nitidamente pancadas noturnas em seu quarto de dormir, nas paredes, nas portas, na cabeceira da cama, registrados pelo autor como manifestações do outro mundo. Eis uma anotação feita pelo próprio Hugo sobre as “inesperadas visitas”: “Esta noite – escreveu ele – lá pelas duas horas, batidas em minha porta, muito fortes e de tal maneira prolongadas, levaram-me a abri-la. Aí não havia ninguém, e evidentemente havia alguém. Credo in Deum et in animam immortalem.” (BARTHOU, Louis, apud WANTUIL, Zêus. Op.cit, p.154; visões oníricas – na página Un songe (1887), Hugo narra, com minuciosa descrição, um estranho tête-à-tête com o duque de Orléans e outros mortos, o que, na realidade, demonstra ser uma experiência vivida por seu espírito, por ocasião de seu desprendimento enquanto o corpo repousava. (HUGO, Victor. Obras completas. Tradução de Hilário Correia. SãoPaulo:Américas, 1958, 44 v. V.21, p.111: Coisas que eu vi.) 2 ROBB, Graham. Victor Hugo – A biography. London: Picador, 1997. p.341. 3 HUGO,Victor. Obras completas. Tradução de Hilário Correia. São Paulo: Américas, 1959,44 v.V.37, tomo 2, p.91:Correspondência:1815-1882. 4 HUGO,Victor apud MALGRAS, J. Les pionniers du spiritisme en France. Paris: (s.n.), 1906, p.43-44. 5 MASSIN,Jean. Victor Hugo. Oeuvres complètes. Édition chronologique. Paris: Le Club Français du Livre, 1967- 1970.18 v. V. IX, p.1444-1445. 6 FLAMMARION, Camille. Les expériences de Victor Hugo à Jersey et du groupe fouriériste à Paris. Les Annalles Politiques et Littéraires, Paris, mai.1899. p. 291. 7 HUGO, Victor. Obras completas. Op.cit.1958, V.24, tomo1, p.1183, William Shakespeare. 8; 9 HUGO,Victor. Les Contemplations. Paris: Nelson Éditeurs, 1856. p. 412; 255. 10 HUGO,Victor. Obras completas. Op.cit.1959. v.32, tomo 2, p.91: Pós-escrito de minha vida. 11 HUGO,Victor, apud DUPOUY, Edmond. L’au-de-là de la vie. Paris: [s.n.], 1917. p.216-217. * Homenagem pelo nascimento de Victor Hugo em 26 de fevereiro de 1802 Referências Farta documentação comprova que Hugo apresentou diferentes dons mediúnicos ao longo de sua vida, dentre os quais destacam-se: premonição – em 9/9/1843, lê a notícia da morte de sua filha Léopoldine 1 Imagens: 1. Charles Gallot – Victor Hugo (12.04.1885) 2. Le Livre des Tables (1855) Les plus beaux manuscrits de Victor Hugo, Perrin, 2001 t g x k u v c fevereiro 2013 / Cultura Espírita – 13 GURGTCPVQ almulte inter ni scias ke Victor Hugo estas unu el la pioniroj de Spiritismo en Francujo. Lia kontakto kkun ku un la la tu tturnantaj urn rna n tabloj komencis en 1853 18 1853, 53, dum dum m llia ekzilejo, en Jersey, kie li frekventis spiritismajn sesiojn, ekde lla 7a 7 øis øi la l 14a de septembro, danke al interveno de Mme. De Girardin; tiuj longaj sesioj daýris dum la du sekvantaj jaroj, øis oktobro, 1855. La turnantaj tabloj faciligis la okazigon de dialogoj inter spiritismuloj kaj Maquiavel, Rousseau, Marat, Molière, Shakespeare, Galileu, Ésquilo kaj aliaj spiritoj kiu prezentiøis kiel la “Ombro de la Tombo”, “Dramo” kaj “Morto”, inter aliaj pli. En Guernsey, ekde 1855, Bruxelas kaj Paris, ekde lia reveno, en 1870, supernaturaj fenomenoj okazis en la vivo de la granda verkisto, diversaspekte: bruoj, batado de spiritoj sur la muroj, vizioj, antaývidoj; tio signifas ke Victor Hugo havis diversajn mediumajn kapablojn, kiel antaývido, profeta penso, spiritisma vidado kaj aýdado, sonøvizioj. Graham Robb, unu el la plej elstaraj biografiistoj modernaj de Victor Hugo, asertas ke la spirito “La Blanka Damo” vizitadis Victor Hugo en lia æambro, kaj inspiris kelke da liaj belaj amopoemoj. Tiaj konstantaj æeestoj, apud li, estis unu el la motivoj kiuj finis la mediumajn sesiojn de Marine-Terrace, æar Mme. Hugo rifuzis dividi sian domon kun tiaj nekomunaj vizitantoj.1 La komunikado inter vivantoj kaj mortintoj ekzercis signifan influon sur la verkoj de Victor Hugo dum La jaroj postaj al 1853. Unu inter La spiritoj tiam komunikiøantaj, la spirito kiu sin nomis Morte, sugestas al li doni alian dimension al lia verko kaj vivo: “Venu realigi vian mision, rigardi la nepritrakteblajn, admiri la nevideblajn, renkonti la neeblajn, transpaþi la netranspaþeblajn, pravigi la nepravigeblajn, realigi la nerealigeblajn, pruvi la nepruveblajn aferojn”.2 Ankaý parolante pri tiu influo, Camille Flammarion – grava homa figuro Vtcfwmq<"Ucwnq"Ycpfgtng{"*TL+ de la naskiøanta spiritismo – asertas je la 7a de majo, dum 1899: “Victor Hugo, kelke da jaroj antaý lia morto, konversaciis kun mi; li neniam malkredis je la manifestacio de la spiritoj. Tiu nevenkebla kredo, kies radikoj estas en la eksperimentoj de Jersey, dum la oftaj sesioj æirkaý la parolantaj tabloj, estis por li (...) stimulado al la vivo, laboro kaj amo al liaj samuloj.“3 Dum la jaro 1867 Victor Hugo skribis: “Turnantaj aý parolantaj tabloj estis ege ridindigataj. Tia mokado, tamen, estas nejustebla. Anstataýi analizo por malestimo estas komforta sed neniel scienca sinteno. Ni kredas ke la specifa scienca devo estas analizi fenomenojn; se la scienco ilin ignoras, ne rajtas ridi pri ili. Saøulo kiu ridas pri aferoj eblaj estas proksime de la malsaøeco. (...) Ni estu respektemaj antaý la aferoj eblaj, kies limon neniu konas; ni estu atentaj kaj seriozaj antaý la ekstrahomaj aferoj, æar ni devenas el kaj reiros al tia superhoma kondiæo”.4 Senmorteco de la animo, progreso de la spiritoj, plureco de la loøataj mondoj, rivelas en Post-Scriptum de mavie (1901), la influon de la spiritismaj propozicioj sur la filozofa pensado de Victor Hugo: “Dio estas eterna. La animo estas senmorteca; (...) La Dia Kreado estas supreniro konstanta, el la kruda kreita¼o al la homo, el la homo al Dio. Seniøi, pli-kaj-plu, de la materio, ankaý adopti la spiritan kondiæon, tia estas la leøo. Plurfoje mortante, ni pli da vivo gajnas. Animoj iras elprogresnivelo-al-alia-progresnivelo, sen perdi øian egoon, pli fariøantaj lumo, pli alproksimiøantaj al Dio. (...) Tia konstanta supreniro, konstanta diseræo, estas la senmorteco. (...) Morto estas kiel þanøi veston. Animo! Vi estis vestita de ombroj, iru nun sin vesti per lumo! (...) Mi estas animo. Mi ja komprenas ke al la tombo ne iros mia egoo; tiu æi egoo iros transe. Tero, vi ne estas mia abismo!”5 Menciante la veran spiritisman fidkonfeson de Victor Hugo, ni fermas ICEB – Aulas de Esperanto – Sábado, 10h30min às 12h t g x k u v c Cultura Espírita – 14 / fevereiro 2013 tiun æi artikolon: “Mi sentas en mia eno tutan novan vivon, tutan estontan vivon. (...) Mi supreniras, supreniras al la senfino! Æio en mi – spirito mi estas – estas radianta. (...) Vi diras ke animo estas nur esprimo de korpaj fortoj. Do, respondu: kial mi, animo, estas pli luma, øuste tiam, kiam miaj fortoj korpaj estas abandonontaj min. Vintro surkuþas mian kapon, sed eterna printempo invadas mian animon! (...) Ju pli mi marþas al mia vivo-fino, des pli mi aýdas, æirkaý mi la simfoniojn senmortaj de la mondoj kiuj vokas min! Tio estas simpla kaj mirinda. (...) mi sentas ke mi ne diris la milonan parton de æio, kio estas en mi. Kiam mi kurbiøos al la tombo, mi ne diros tiel kiel multaj aliaj: mi finis mian vivomarþadon. Ne, tombo ne estas senelira vojo, sed avenuo; øi estas fermata je la vesperkrepusko sed malfermiøas denove je la matenkrepusko! Besançon, 22/05/1885.” 6” " Maria do Carmo Marino Schneider (Þtato Espírito Santo – Brazilo) estas universitata profesorino, spiritisma verkistino kaj prelegistino. * Omaøo al Victor Hugo pro lia naskiødato: februaro la 26an, 1802 Referencoj 1 ROBB, Graham. Victor Hugo – Biografio. Londono: Picador, 1997. pø.341. 2 MASSIN,Jean. Victor Hugo. Verkoj kompletaj. Kronologia. Eld. Parizo: La franca klubo de libroj, 1967- 1970.18 v. V. IX, pø.1444-1445. 3 FLAMMARION, Camille. La eksperimentoj de Victor Hugo en Jersey kaj du grupoj en Paris. La Analoj Politikaj kaj Literaturaj, Paris, 1899. pø. 291. 4 HUGO,Victor. Verkoj kompletaj. Verko citita,1958, V.24, Volumo1, pø.1183,William Shakespeare. 5 HUGO,Victor. Verkoj kompletaj. Verko citita.1959. v.32, Volumo 2, pø.91: Skriba¼o post mia vivo. 6 HUGO,Victor, apudDUPOUY, Edmond. L’au-de-là de la vie. Paris: [s.n.], 1917. pø.216-217. "Fabiano Nunes (RJ) Eu estou convosco, e meu apóstolo vos ensina. O Espírito de Verdade1. Paris, 1861. suíço Johann H. Pestalozzi foi o grande arauto da moderna pedagogia. No célebre Instituto de Yverdun, na Suíça, o mestre Pestalozzi lançou as bases para a reforma da Ciência Ci doo Ensino. En Dentre os seus mais eminentes discípulos discípulo destacou-se um moço, destinado a ser o Codifi C cador do Espiritismo, o jovem Hippolyte Léon Denizard Rivail, que Pestalozzi estimava como a um filho, e em quem reconhecia uma inteligência fora do comum, ao ponto de delegar ao adolescente Rivail, com 14 anos, a responsabilidade de substituí-lo na condução dos cursos, por ocasião das suas viagens. Pois foi sob a aura do Mestre Pestalozzi que o professor H. L.D. Rivail transformou-se num dos mais notáveis pedagogo, linguista e cientista da história da França, publicando mais de 20 livros didáticos, versando sobre educação pública, matemática, história, física, química, fisiologia, astronomia, língua francesa e outros idiomas, assim como célebres traduções, livros esses que em sua maioria foram premiados pelas principais sociedades de ciências e artes da sua época, alguns deles ainda editados até a atualidade. O Governo Francês disponibilizou obras do insigne Mestre de Lyon na internet, digitalizadas no acervo virtual da Bibliothèque Nationale de France2. O professor Rivail adotou o pseudônimo Allan Kardec para a autoria de suas obras espíritas, para que as pessoas analisassem as ideias contidas nos livros espíritas sem levar em consideração seu enorme prestígio pessoal, e a excelente reputação de suas publicações anteriores. Foram cerca de 30 livros espíritas no idioma francês, e hoje contamos com mais de 22 obras Kardecianas em português. O professor Allan Kardec era portador de uma raríssima capacidade de trabalho, de uma genial antevisão, e de uma férrea determinação em solucionar todas as questões relativas à interpretação dos Evangelhos de Jesus. Por isso dedicou mais de uma década ao trabalho de estudar os Textos Sagrados, a fim de descobrir o significado original das máximas de Jesus, anelando interpretar as palavras do Cristo conforme os destinatários originais devem tê-la ouvido, possibilitando desvendar qual era a intenção original do Nazareno ao pronunciá-las, imergindo no mais profundo do seu significado. Graças à sua elevadíssima estatura espiritual, ao seu agudo senso de professor detentor de enciclopédico conhecimento linguístico e científico, mas, sobretudo, graças também a intensa e constante assistência de O Espírito de Verdade e Sua Equipe Espiritual, Allan Kardec realizou a mais excelente hermenêutica para O Novo Testamento, desvelando o sentido e o significado essenciais dos ensinos de Jesus, desenvolvendo a mais abrangente interpretação das Sagradas Escrituras, sempre à luz das Leis de Deus ou Leis Naturais. Como exemplo, poder-se-ia observar a qualidade didática do legado do Codificador no texto contido em O Evangelho segundo o Espiritismo3, em que o Apóstolo de O Espírito de Verdade elucida-nos que as matérias contidas nos Evangelhos podem ser divididas em cinco partes: os milagres; as predições; as palavras que serviram para o estabelecimento dos dogmas da Igreja; o ensinamento moral; e os atos comuns da vida do Cristo. Essas divisões são corajosamente estudadas permeando todas as obras publicadas pelo Codificador do Espiritismo. Nada obstante, para fins didáticos, poder-se-ia atribuir uma obra Kardeciana para o estudo de cada parte, a saber: a) Os milagres de Jesus: são analisados e elucidados na obra A gênese: Os milagres e as predições segundo o Espiritismo; b) As predições ou profecias dos evangelhos: avaliadas e explicadas na obra A gênese: Os milagres e as predições segundo o Espiritismo; c) As palavras que serviram para o estabelecimento dos dogmas da Igreja: criticadas e esclarecidas na obra O céu e o inferno ou a justiça divina segundo o Espiritismo; d) O ensinamento moral: desenvolvido no livro O Evangelho segundo o Espiritismo; e) Os atos comuns da vida do Cristo: não por acaso, Allan Kardec não desenvolveu os aspectos históricos e historiográficos da vida de Jesus de Nazaré, em nenhuma de suas obras. Pedimos licença ao querido leitor para só desenvolver o item “e” posteriormente em oportuno artigo, adiantando, porém, que não é objetivo essencial do Espiritismo concorrer com as ciências, mormente as ciências históricas. Caberá à própria ciência desvelar os fatos históricos da vida do Cristo. Reflitamos, portanto, sobre a missão do Espiritismo na sua condição de doutrina científica e filosófica, com consequências morais e religiosas: restabelecer o cristianismo em seu sentido puramente espiritualista4. Nas obras de Allan Kardec encontram-se as magistrais dissertações filosóficas e morais para as máximas e ensinos evangélicos. E na busca das mais excelentes exegese e hermenêutica para os evangelhos, lembremo-nos das palavras do Espírito João, o evangelista: [...] “Meus bemamados, eis chegados os tempos em que os erros, explicados, se tornarão verdades; nós vos ensinaremos o sentido exato das parábolas, e vos mostraremos a correlação poderosa que une o que foi ao que é. Em verdade, vos digo: a manifestação espírita vai crescer no horizonte, e eis aqui o seu enviado [Allan Kardec] que vai resplandecer como o Sol sobre o cume das montanhas.5” Referências 1 KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Albertina Escudeiro Sêco. 5. ed. Rio de Janeiro: CELD Ed, 2010. Cap. VI, item 6, p. 135. 2 O prezado leitor poderá fazer o download de algumas obras escrevendo o nome “H. L. D. Rivail” no espaço para busca do site da Bibliothèque Nationale de France, em < http://gallica. bnf.fr/?lang=PT > 3 KARDEC, Allan. Op. cit. Introdução, item 1. p. 19-22. 4 ____. Revista Espírita: Jornal de estudos psicológicos. Ano sexto, novembro de 1863. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. p. 476. 5 ____. O Evangelho segundo o Espiritismo. Ibidem. Cap. VIII, item 18, p. 161. ICEB – Curso sobre Doutrina Espírita – Sábado, 10h30min às 12h t g x k u v c fevereiro 2013 / Cultura Espírita – 15 "Enâwfkq"Nktcpig/\cpcvvc"*UR+ C"K C"KORQTVÛPEKC"FC"CUVTQPQOKC RCTC"C"FQWVTKPC"GUR¯TKVC , esde tempos imemoriais contemplamos maravilhados os céus, com o seu cortejo magnífico de estrelas. Allan Kardec, à frente das conquistas intelectuais e tecnológicas do seu tempo, também voltou a sua atenção a ate at tenção para pa ara a as questões astronômicas, que à época entre outras, o desvendamento do mistério envolviam, e nebulosas, a natureza da então chamada fotosfera das nebulosa solar, a identificação da substância das estrelas, bem como a mensuração das distâncias que medeiam entre nós e os demais astros. O Codificador desde logo concluiu que, no âmbito da nascente Doutrina Espírita, a Astronomia e as demais ciências emprestariam o necessário respaldo científico para a consolidação de conceitos basilares, como o da pluralidade dos mundos habitados, da unidade do princípio no fluido cósmico universal que se transmuta na diversidade de todas as manifestações materiais, da infinitude do espaço e da eternidade do tempo. À luz dessas conquistas, que se desenvolveram a largos passos desde que Galileu Galilei apontou o seu telescópio para os céus, descobrindo as manchas solares, os mares lunares e os satélites de Júpiter, vamos encontrar nos Capítulos II e III de O Livro dos Espíritos - Elementos Gerais do Universo e Criação, questões sobre a origem do cosmo, das propriedades da matéria, do espaço universal e da formação dos mundos. Respaldado ainda na Astronomia, vamos aprender no Capítulo III de O Evangelho segundo o Espiritismo - Há Muitas Moradas na Casa de Meu Pai, os importantes conceitos que nos levam a meditar sobre a progressão dos mundos e das humanidades que os habitam, aí incluída a nossa Terra. E, numa verdadeira apoteose intelectual, o Codificador dedica à Astronomia parcelas consideráveis da sua última obra, A gênese: Os Milagres e as Predições, segundo o Espiritismo, onde, no Capítulo V – Antigos e Modernos Sistemas do Mundo, discorre sobre a evolução da nossa cosmovisão, desde as ideações mais simples de uma Terra plana sustentada por elefantes, passando pelo pensamento copernicano de um Universo centrado no nosso Sol, até o conceito atual de que não estamos no centro de nada, nem mesmo da nossa galáxia, esta também uma entre milhões de milhões, preparando o ambiente para o espetacular Capítulo VI – Astronomia Geral, no qual, em um texto repleto de informações revolucionárias que só mais recentemente puderam ser confirmadas, vemos o Espírito que se denominou Galileu, intuir o médium Camille Flammarion todo um encadeamento de conceitos sobre o espaço e o tempo, a matéria, as leis e as forças, a criação primária e universal, os sois e os planetas, os satélites, os cometas, a Via Láctea, as estrelas fixas, os desertos do espaço, a eterna sucessão dos mundos, a vida universal, encerrando com a diversidade dos mundos. Hoje, às voltas com a teoria criacionista do Big Bang, estamos descobrindo com o auxílio de telescópios espaciais como o Hubble e o Kepler, dezenas de planetas como a nossa Terra em sistemas solares alienígenas, preparandonos para, num futuro próximo, termos o merecimento do contato com outras humanidades da família universal. Camille Flammarion, astrônomo, escritor, divulgador da Ciência, amigo e colaborador de Allan Kardec, contribuiu assim para inserir, em grande estilo, a Astronomia no seio da Doutrina Espírita, perenizando o seu nome como um dos pioneiros no desenvolvimento e na consolidação do Espiritismo. Quando da desencarnação do Codificador, foi convidado a proferir o discurso nas exéquias do Mestre, exaltando suas qualidades inquestionáveis, e encerrando-o com um afetuoso “Au Revoir, Mon Ami”. " Cláudio Lirange-Zanatta é engenheiro, expositor espírita e revisor de A gênese, com o objetivo de divulgar a obra revisada * Homenagem pelo nascimento de Camille Flammarion em 26 de fevereiro de 1842 ICEB – Revista Cultura Espírita – Fale conosco: [email protected] t g x k u v c Cultura Espírita – 16 / fevereiro 2013 "Marcus De Mario (RJ) período carnavalesco, que oficialmente perdura quatro dias, mas que dependendo da região do país pode variar até ocupar todos os fins de semana do mês ou se estender por até quinze dias, considerando-se uma semana antes e mais uma semana após, req re quer de nós, nós nó ós espíritas, profunda orientação aos jovens, pois é requer um engano aacreditar que tudo vale e que as consequências não devem ser lev levadas a sério, pois o problema seria do outro. Não, isso é ilusão. É igualmente um equívoco dos mais graves considerar que o uso de bebida alcoólica e drogas seja apenas ocasional, só para manter a alegria e o pique para as comemorações carnavalescas, mas é justamente quando se experimenta a droga que o vício tem início, até porque, no início, bebidas e drogas provocam euforia, uma falsa sensação de bem-estar, e depois aprisionam na dependência ao mesmo tempo em que danificam o organismo físico e o perispiritual, ou seja, é um dano duplamente perigoso, que pode levar à morte. Outro alerta, muito importante, é quanto à sexualidade. Sexo é energia concedida por Deus para utilizarmos com responsabilidade, controlando os impulsos da atração física e procurando realmente respeitar e amar aquele ou aquela que se tornará nosso parceiro ou parceira. Alguns jovens alegam que se previnem, fazem sexo seguro, estocando camisinhas (protetores) para a ocasião do carnaval. Entretanto, isso não nos diferencia muito de certas espécies animais que vivem sexualmente por puro instinto. Acontece que não somos animais, somos seres humanos, e muito menos somos objeto descartável que depois de usado é jogado fora. Temos inteligência e sentimento, e isso deve nos caracterizar no uso do sexo, lembrando que sexualidade irresponsável é sinônimo de doença sexualmente transmissível, gravidez indesejada, aborto, entre outras consequências que sinalizam nossa inferioridade espiritual. E aqui entramos em outra questão de profundidade: nossa realidade espiritual. Os descontroles e os excessos cometidos durante o carnaval são responsáveis pela manutenção de uma atmosfera psíquica muito ruim, negativa, fazendo a festa para os desencarna- dos que se encontram em estado moral inferior, ainda se comprazendo com os mais variados vícios. Casos de obsessão podem ter início nos ambientes frequentados, assim como as vampirizações, quando o espírito sintoniza com a pessoa que está entregue apenas ao prazer sem controle, sugando então suas energias. Nada disso é ficção, bem pelo contrário, como os fatos observados e estudados comprovam. Então, se você é jovem, cuidado. Se você é um jovem espírita, isso não o isenta de nada, a não ser que se utilize dos ensinos espíritas para transformar seu viver, procurando nessa época, e em todos os dias, pautar seus pensamentos, suas falas e suas ações na bondade, no amor e na autotransformação moral. Isso de dizer que vai apenas dar uma olhadinha, que não tem nada demais só assistir, atesta nossa ignorância da realidade espiritual da vida, colocando-nos perigosamente no patamar de espíritos que já sabem se controlar, que não correm risco de sintonizar com o mal, quando na verdade somos espíritos imperfeitos e sujeitos a todas as vicissitudes. Procure, meu jovem, neste carnaval e em outras ocasiões semelhantes, priorizar a participação em eventos de jovens espíritas, como as confraternizações de mocidades espíritas realizadas em várias localidades, em ambientes alegres de estudo, de solidariedade e vibrações positivas, ambientes esses protegidos pelos benfeitores espirituais e que se tornam postos de socorro às vítimas do rei momo. Se preferir ficar em casa ou viajar a descanso, cerque-se de bons livros, e a literatura espírita aí está, de boas músicas, de bons vídeos e de boas companhias, aproveitando utilmente esses dias, descansando o corpo, renovando energias e fortalecendo-se espiritualmente. Esse é o melhor conselho que podemos lhe dar, fruto do estudo e da experiência, para que amanhã, não mais jovem, não venha a se arrepender daqueles dias que já se foram. " Marcus De Mario é escritor e expositor espírita, diretor do Instituto Brasileiro de Educação Moral ([email protected]) Certas Palavras TEOREMA – vem do grego e significa um resultado que, observado, é ou pode ser provado. Tem a mesma raiz de “teatro”, com o sentido de “olhar para” ou “contemplar”. Referência CREASE, P. Robert. As grandes equações. Tradução de Alexandre Cherman. Rio de Janeiro: Ed. Zahar, 2011. p. 17. ICEB – Tels.: 0XX(21) 2224-1060 / 2224-0736 – [email protected] / [email protected] t g x k u v c fevereiro 2013 / Cultura Espírita – 17 Homenagem a Auta de Souza uta de Souza nasceu em 12 de setembro de 1876, na pequena cidade de Macaíba, no Rio Grande do Norte, e desencarnou, vítima de tuberculose, ao aos os 24 a anos, nos em 7 de fevereiro de 1901, em Natal, RN. Ó Órfã em tenra idade, foi criada pela materna, analfabeta, que lhe deu educaavó materna ção em escola católica, que lhe possibilitou ler, no original, as obras de Victor Hugo, Lamartine, Chateaubriand e Fénelon. Poeta da segunda geração romântica, com alguma influência simbolista, deixou apenas um livro, Horto, lançado em 1900, com prefácio de Olavo Bilac, o poeta mais reconhecido à época, e de Alceu Amoroso Lima, o Tristão de Ataíde, na edição de 1936. Luís Câmara Cascudo considerou-a “a maior poetisa mística do Brasil”, principalmente devido a seus poemas românticos, de alto valor estético. Tornou-se a poetisa norterriograndense mais conhecida no Brasil. Colaborou em vários jornais e revistas, inclusive em O Paiz, do Rio de Janeiro, além de A Gazetinha, no Recife, do jornal religioso Oito de Setembro, de Natal, e da Revista do Rio Grande do Norte, neste a única mulher entre os colaboradores. Entre 1899 e 1900, usou pseudônimos, prática comum na época, assinando seus poemas como Ida Salúcio e Hilário das Neves. Em 1936 a Academia Norte-Riograndense de Letras dedicou-lhe a cadeira XX, em reconhecimento por sua obra. Do plano espiritual tem inspirado várias obras de caridade, emprestando seu nome e sua vibração a várias instituições espíritas, em vários estados brasileiros, e à Campanha de Fraternidade Auta de Souza, realizada por vários centros espíritas no Brasil e no exterior. Na primeira obra psicografada por Chico Xavier, participou da plêiade de poetas que constituíram o Parnaso de além-túmulo, de 1932, na qual constam os seguintes poemas1: 1 PRECE Estendei vossa mão bondosa e pura, Mãe querida dos fracos pecadores, Aos corações dos pobres sofredores Mergulhados nos prantos da amargura. Derramai vossa luz, toda esplendores, Da imensidade, da radiosa altura, Da região ditosa da ventura, Sobre a sombra dos cárceres das dores! Ó Mãe ! excelsa Mãe de anjos celestes, Mais amor, desse amor que já nos destes, Queremos nós em cada novo dia; Vós que mudais em flores os espinhos, Transformai toda a treva dos caminhos Em clarões refulgentes de alegria. O SENHOR VEM... E eis que Ele chega sempre de mansinho, Haja sol, faça frio ou tempestade ; Veste o manto do amor e da verdade, E percorre o silêncio do caminho. Vem ao nosso amargoso torvelinho, Traz às sombras da vida a claridade, E os próprios sofrimentos da impiedade São as bênçãos de luz do seu carinho. Como o Sol que dá vida sem alarde, Vem o Senhor que nunca chega tarde, E protege a miséria mais sombria. Ele chega. E o amor se perpetua... É por isso que o homem continua Ressurgindo da treva a cada dia. Referências 1 Dados biográficos colhidos na internet /Wikipedia. 2 XAVIER, Francisco Cândido. Parnaso de além-túmulo. 19.ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2010. Poemas “Prece”, p. 228-229; “E o Senhor vem”, p. 234. t g x k u v c Cultura Espírita – 18 / fevereiro 2013