ANAIS
XV CONGRESSO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO POPULAR
XXIV SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO POPULAR
II SEMINÁRIO INTERNACIONAL SINDICAL – 2º NÚCLEO DO CPERS SINDICATO
II SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DO INSTITUTO FEDERAL FARROUPILHA
“CONSTRUINDO CAMINHOS POSSÍVEIS PARA UMA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE”.
Santa Maria/RS, 27 a 30 de maio de 2015.
ISSN-1984-9397
O PAPEL DA GESTÃO FRENTE AO DESCOMPROMISSO DE
ALGUNS SERVIDORES
Cassiana Marques da Silva1
Márcia Rejane Kristiuk Zancan2
Resumo: Este artigo leva a uma reflexão sobre o papel da gestão perante a falta de
comprometimento apresentados por alguns servidores docentes e técnicos que
atuam em instituições escolares, frente às demandas de trabalhos que compõem o
leque de atividades de uma instituição escolar. O texto apresenta um estudo
reflexivo sobre o tema, e traz alguns questionamentos referentes à atuação da
gestão neste contexto. Dessa forma, questiona-se o que a equipe gestora
desenvolve ou deverá desenvolver para motivar este servidor e incluí-lo nas
atividades de maneira significativa sem causar transtornos ou situações negativas
com o grupo.
Palavras- chave: Gestão; Descomprometimento; Instituições escolares.
Introdução
O objetivo deste artigo é discutir e refletir as causas que levam o servidor a
apresentar certos comportamentos em ambiente de trabalho. Especialmente a não
participação e o desinteresse apresentados por alguns servidores em instituições
escolares, mesmo cientes de que a educação é um processo global. Junto a esse
processo há diversas atividades que fazem parte do contexto e exigem a presença
de toda comunidade escolar, em especial dos servidores docentes e técnicos.
Frente a esse desinteresse, busca-se entender de que forma a gestão escolar pode
atuar para resolver a questão de maneira a não gerar conflitos e criar desconforto
com o grupo de servidores que são comprometidos.
A reflexão sobre tal abordagem é bastante útil, para que seja possível analisar
meios de contribuir com a gestão escolar sobre possíveis formas de efetivar a
participação da equipe como um todo. Motivando-os e incluindo-os no contexto
escolar. Desvelando a importância que esses possuem frente ao processo, e
1 Pedagoga, Especialista em Gestão Escolar, Aluna do Mestrado Profissional em Gestão das
Organizações Públicas- UFSM.
2 Docente de Letras português/ Espanhol, doutoranda em Estudos de Linguagem - UNIRITER.
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ressaltando as vantagens qualitativas que podem aproveitar ao participar destas
atividades.
O texto apresentará um diálogo com diferentes autores da área de políticas e
gestão e também de formação de professores. A partir, de alguns questionamentos,
descrever-se-á, o papel da gestão e suas subdivisões nas quais se enquadram as
chefias imediatas. Conceituando o que é política, democracia e escola, partir-se-á
para questionamentos com os quais irá estruturar-se o texto.
Diante disso, busca-se a resposta para alguns importantes questionamentos,
fundamentais para a discussão da temática em questão. Qual o papel da gestão e
política na escola? Como acontece o trabalho e a distribuição de tarefas com a
equipe docente e técnica? Como é feito o diálogo frente às situações positivas e
negativas? Qual a política da instituição no que concerne ao papel dos servidores?
Esses são as indagações que irão orientar a escrita deste trabalho e também
apresentar algumas situações comuns entre as instituições escolares, possibilitando
esclarecer alternativas para uma possível organização dos recursos humanos em
uma instituição educacional.
Escola e Educação: Espaço Político De Interação, Integração e Debates
A escola é um espaço político no qual há a participação de toda uma
comunidade composta por alunos, professores, técnicos, pais e demais cidadãos
que contribuem de uma forma ou de outra, para que a educação aconteça. Essa
contribuição pode ser através do pagamento de impostos, como alunos egressos ou
qualquer outro vértice que norteie o espaço educacional.
Para iniciar o diálogo, faz-se necessário conceituar, mesmo que brevemente,
o que é Política.
Deve ser levado em consideração que tanto a política como as políticas
públicas estão relacionadas como poder social. Mas enquanto a política é
um conceito amplo, relacionado com o poder de modo geral, as políticas
públicas correspondem às soluções específicas de como manejar assuntos
públicos. (DIAS e MATOS, 2002, p. 1).
Frente ao exposto, entende-se que escola é um local político-democrático no
qual há um projeto que orienta suas ações e definem os caminhos pelos quais se
pretende seguir na instituição. Este planejamento deve estar contemplado num
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espaço democrático, onde a participação da comunidade escolar deve se fazer
presente. Este local é o projeto político pedagógico, onde deve estar definidas as
diretrizes pedagógicas e educacionais bem como a atuação da gestão frente aos
objetivos que se almeja conquistar, assim como a gestão dos contratempos que
deverão surgir.
Dentre os problemas, focar-se-á na questão da dificuldade em
trabalhar com os servidores que desempenham suas atividades em instituições
escolares.
Os servidores em educação constituem-se de todo cidadão concursado ou
terceirizado que por ora estão lotados e desempenham suas tarefas em prol da
instituição.
Quando se fala em organizar, logo faz-se a ligação da palavra com Gestão, e
transfere-se toda a responsabilidade para a equipe que coordena, administra e
controla a escola em sua totalidade.
A cobrança aos gestores, por parte dos
diferentes segmentos é abundante quando algo não sai conforme o esperado, ou
quando falta algum tipo de recurso para o desenvolvimento dos trabalhos, entre
outros fatores, que rodeiam diariamente o ambiente escolar.
Perante isso, é impossível abordar as questões pertinentes ao âmbito escolar
e não associá-las ao compromisso político, cultural e formativo, uma vez que a
escola é espaço de socialização, troca de saberes e de trabalho onde a
interdisciplinaridade deve transitar nos diferentes espaços e categorias que
contemplam a educação. Como se pode constatar, a afirmativa política e social da
escola não admitem contextos fora do padrão da realidade que a rodeia, pois ela é
uma organização que está subordinada a compromissos inerentes para seu
desenvolvimento. A fim de que isso aconteça, não poderão ser ignorados por
nenhum segmento. Deve haver medidas políticas que valorizem a importância do
papel da escola como função formadora e de compartilhamento onde todos devem
interagir para que haja o crescimento e os objetivos sejam alcançados.
A participação dos servidores e o comprometimento com a instituição escolar
Frente a realidade pela qual passa a educação, onde vivencia-se um debate
sobre o modo de pensá-la dentro das perspectivas de organização curricular,
discussões sobre o piso salarial dos docentes, greve em algumas instâncias na
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busca por melhor qualidade de trabalho entre outras reivindicações; é normal que a
configuração das competências que cabem aos servidores passe por fragilidades.
Por vezes, levando à desmotivação, encaminhando-se para um descompromisso
com a instituição escolar. Nessa perspectiva, surgem alguns elementos que
destoam do grupo. Tornando perceptível a sua negação perante aos compromissos
escolares, e também, sua ausência enquanto membro de uma equipe. Para
contornar tal situação e aperfeiçoar os trabalhos, a equipe gestora deve ter um
alicerce, uma base sólida e madura, tendo em vista, que o trabalho em educação
requer constante vigilância e liderança efetiva para que o foco das atividades não se
perca, pois o gestor deve estar atento sobre tudo que acontece na instituição.
Essas situações, são corriqueiras em diversas instituições de ensino e, com
certeza, tornam-se motivo de comentários desgastantes que podem gerar conflitos.
Por vezes, torna-se pauta que movimenta os debates entre os educadores que
questionam de que forma agir em busca de soluções para esses impasses.
Segundo Saviani (1994), na antiguidade grega, vamos verificar que, em
verdade, a filosofia da essência não implicava maiores problemas. Sendo assim, a
pedagogia decorrente dessa filosofia, por sua vez, não implicava problemas políticos
muito sérios, uma vez que o homem, o ser humano, era identificado como “ homem
livre”. Não tendo responsabilidade com seus afazeres. Este homem livre na
atualidade não pode estar inserido em um meio em que o comprometimento é o
alicerce para a realização de um bom trabalho. Conhecer a realidade do ambiente
que se trabalha e ter um adequado relacionamento interpessoal facilita o processo e
torna mais agradável o ambiente de trabalho.
O problema de se determinar a especificidade da educação coincide com o
problema do desvendamento da natureza própria do fenômeno educativo.
Trata-se de uma questão nodal que vem ocupando o centro de minhas
reflexões nos últimos anos. Penso que é necessário enfrentá-la e acredito
dispor de algumas evidências que me indicam a direção por onde tal
questão pode ser elucidada. Tal tarefa implica, porém um projeto mais
ambicioso, impossível de ser desenvolvido a curto prazo (SAVIANI, 1994, p.
92).
A inquietação, direta ou indiretamente, vai espalhando-se pelo ambiente
escolar e contaminando, aos poucos, a estrutura que ainda mantém-se firme, não se
pode permitir que os servidores da instituição caiam na concepção de simples
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técnicos, reprodutores ou monitores de algo já elaborado. O que fazer e como fazer,
repensar a formação da equipe como um todo? É necessária a mediação do gestor
no processo de construtivismo da cidadania escolar.
Repensar formas de desenvolver a equipe de servidores, partindo da análise
das práticas pedagógicas que vêm ocorrendo oferece o suporte para analisar o
porquê de tais comportamentos apresentados por alguns servidores na escola. Isso
vai colaborar para que o exercício das atividades exercidas pelos profissionais que
podemos chamar de “corpo e alma” da escola contribuam para o processo de
ensino-aprendizagem e de gestão. Que possam realmente construir sua identidade
profissional e rever constantemente suas práticas.
Política e Democracia: O papel do gestor nas situações de conflito na
instituição escolar
Estudos comprovam que a qualidade da educação passa sem dúvida pelos
seus profissionais. Para termos um sistema coeso, é necessário comprometimento,
competência e dedicação de todos que estão inseridos no processo. Ampliar
continuamente a competência profissional constitui-se em desafio a ser assumido
pelos profissionais e a base desta motivação e incentivo para que tudo ocorra
adequadamente é uma boa gestão junto aos servidores, aliada a uma política
participativa dos sujeitos que estão inseridos no processo. A gestão de pessoas
configura o coração do trabalho no ambiente escolar.
Educação é processo humano de relacionamento interpessoal e, sobretudo,
determinado pela atuação de pessoas. Isso porque são as pessoas que
fazem diferença em educação, como em qualquer outro empreendimento
humano, pelas ações que promovem, pelas atitudes que assumem, pelo
uso que fazem dos recursos disponíveis, pelo esforço que dedicam na
produção e alcance de novos recursos e pelas estratégias que aplicam na
resolução de problemas, no enfrentamento de desafios e promoção do
desenvolvimento (LÜCK, 2009, p. 82).
Basicamente a competência e o bom desempenho da escola versam pela
qualidade de sua equipe sob a ótica da competência no fazer pedagógico,
disseminando os elementos primordiais para busca de efetividade na educação.
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A administração da escola, a supervisão escolar e a orientação educacional
se constituem em três áreas de atuação decisiva no processo educativo,
tendo em vista sua posição de influência e liderança sobre todas as
atividades desenvolvidas na escola. O clima emocional de trabalho, o
estabelecimento de prioridades de ação, o tipo de relacionamento
professores-professores, professores-alunos, escola-comunidade, dentre
outros aspectos importantes da vida escolar, dependem, sobremaneira,
da atuação dos elementos que ocupam aquelas posições (IDEM, 2008, p.
78).
Para tudo correr conforme o exposto é imprescindível à efetiva liderança da
gestão em colaboração com os demais membros da equipe gestora, em especial no
que se refere aos servidores. O gestor deve ter habilidade e competência para estar
à frente dos diversos acontecimentos que norteiam a instituição e também ter a
visão crítica – construtiva quando refere-se ao quadro profissional. Deve saber
delegar tarefas, contornar conflitos, impor respeito e responsabilidades e, acima de
tudo, procurar caminhos para aparar as arestas que diariamente surgem no
ambiente de trabalho. Essas atitudes são essenciais no ambiente educativo.
Conclusão
As pesquisas em torno das questões referentes às instituições escolares e
recursos humanos que compõem suas estruturas, é um estudo que não deve
resumir-se a poucas páginas de um artigo. Necessita ser desenvolvida com mais
profundidade de pesquisa, observação e trabalho de campo, ouvindo vozes de
gestores, servidores e demais elementos da comunidade escolar que estão
diretamente ligados ao ambiente escolar. Possuem conhecimento de causa e tem
propriedade para ponderar a atuação deles enquanto profissionais, desenvolvendo
caminhos para que iniciemos um trabalho de harmonização e prevenção com novos
servidores. Possibilitar oportunidades que favoreçam a qualidade do trabalho e dos
trabalhadores,
inibindo
situações
desagradáveis
relacionadas
ao
descomprometimento de alguns membros da equipe. Transformando essas
circunstâncias em momentos de reflexão sobre o objetivo de trabalhar pela
educação, despertando o comprometimento da equipe como um todo.
Política e democracia são indissociáveis quando se trata de escola como um
todo. No ambiente escolar, a união das categorias é a principal atitude
política/democrática que norteia a eficácia do ensino e o bom andamento dos
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trabalhos frente ao objetivo almejado que é a boa qualidade da educação e
formação do cidadão.
Desunião e individualismo não devem pertencer ao ambiente educacional. O
qual se trabalha com o conjunto, objetivando resultados positivos e de conquistas. A
acomodação dos membros que fazem parte desse processo impede que a ação
tenha fluência e harmonia, causando desconforto com os demais servidores, fato
este que é o objeto de pesquisa em questão.
Organizar, este é o papel social da gestão, zelar pela participação de todos
trabalhando com democracia e não com autoritarismo, ouvindo as vozes que estão
dentro e fora do processo educacional, como os servidores e a comunidade escolar.
Sendo assim, vai-se evitar muitas vezes melindres é uma forma de converter as
questões negativas e as que envolvem o descompromisso de alguns servidores em
um trabalho positivo com bons resultados.
A administração da escola e de toda equipe de gestão, supervisão e
orientação possuem a responsabilidade de orientar e promover o processo
educativo. Tendo em vista a missão confiada durante o período em que
responderem pelas atividades escolares. A gestão dos recursos humanos que
compõem o quadro escolar é de responsabilidade da gestão que deve gerenciar de
maneira eficiente e eficaz tal processo, conduzindo de maneira que as atividades
não sofram interferência possam ocorrer para o bom desempenho da escola.
Este reforço técnico-pedagógico integrado fortifica o trabalho da gestão no
desenvolvimento de suas atividades nos diferentes âmbitos da escola. Oferecendo
suporte e contornando os obstáculos que vierem surgir, e acima de tudo integrando
os servidores da instituição visto que, todos estão envolvidos com o processo
educacional, e tal processo não se faz distintamente.
Referências
DIAS, R; MATOS, F. O conceito de Política Pública. In: DIAS, R; MATOS, F.
Políticas Públicas: princípios, propósitos e processos. São Paulo: Atlas, 2012
PERRENAUD, Philippe. A Escola de a a z 26 Maneias de Repensar a Educação.
Porto Alegre: |Artmed, 2005.
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LUCK, Heloísa. Ação
Integrada:
Administração, Supervisão e Orientação
Educacional. 26. Ed. – RJ: Vozes, 2008.
LUCK, Heloísa. Série Cadernos de Gestão vol: II – Concepções e Processos
Democráticos de Gestão Educacional, III- A Gestão Participativa na Escola, IV–
Liderança em Gestão Escolar. 4. ed. RJ: Vozes, 2008.
TRINDADE Rui, COSME Ariana. Escola, Educação e Aprendizagem – Desafios e
Respostas Pedagógicas. Portugal, Fundação Manuel Leão. Versão Brasileira –
wak editora.
SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia: teorias da educação, curvatura da vara,
onze teses sobre educação e política. 33. ed. revisada. Campinas: Autores
Associados, 2000.
KRONBAUER, Selenir Corrêa Gonçalves e SIMIONATO, Margareth Fadanelli.
Formação de Professores – Abordagens Contemporâneas. São Paulo: Paulinas,
2008.
PIMENTA, Selma Garrido. Saberes Pedagógicos e Atividade Docente -7ª ed- São
Paulo: Cortez, 2009.
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