Aspectos Técnicos Da Energia Eólica Aspectos Técnicos da Energia Eólica SENAI PETROBRÁS CTGÁS-ER Aspectos Técnicos da Energia Eólica Natal 2012 Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 2 Aspectos Técnicos da Energia Eólica © 2012 CTGÁS-ER Qualquer parte desta obra poderá ser reproduzida, desde que citada a fonte. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis– CTGÁS-ER Diretor Executivo Cândida Amália Aragão de Lima Diretor de Tecnologias Pedro Neto Nogueira Diógenes Diretor de Negócios José Geraldo Saraiva Pinto Unidade de Negócios de Educação – UNED Coordenação Elenita dos Santos Elaboração Daniel Faro Amaral Lemos Diagramação Akliz Juliana Batista Ventura FICHA CATALOGRÁFICA CENTRO DE TECNOLOGIAS DO GÁS E ENERGIAS RENOVÁVEIS – CTGÁS -ER AV: Cap. Mor Gouveia, 1480 – Lagoa Nova CEP: 59063-400 – Natal – RN Telefone: (84) 3204.8100 Fax: (84) 3204.8118 E-mail: [email protected] Site: www.ctgas.com.br Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 3 Aspectos Técnicos da Energia Eólica SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS..................................................................................................... 5 LISTA DE TABELAS .................................................................................................... 6 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 7 1 NORMALIZAÇÃO EM ENERGIA EÓLICA.............................................. 8 2 CERTIFICAÇÃO DE AEROGERADORES .............................................. 12 2.1 Introdução ....................................................................................................... 12 2.2 Certificação de Tipo ....................................................................................... 13 3 REQUISITOS DE PROJETO DE AEROGERADORES .......................... 17 3.1 Introdução ....................................................................................................... 17 3.2 Parâmetros Eólicos de Projeto ...................................................................... 17 3.3 Sistema de Controle e Segurança .................................................................. 21 4 MEDIÇÃO DO DESEMPENHO DOS AEROGERADORES .................. 22 4.1 Configuração do local de medição ................................................................ 23 4.2 Medição da velocidade do vento ................................................................... 25 4.3 Medição da direção do vento ......................................................................... 27 4.4 Medição da temperatura e pressão do ar ..................................................... 28 4.5 Ajuste dos dados para densidade padrão ..................................................... 31 4.6 Medição da potência elétrica ......................................................................... 33 4.7 A Curva de Potência ...................................................................................... 33 4.8 Produção Anual de Energia .......................................................................... 38 5 QUALIDADE DE ENERGIA ....................................................................... 39 5.1 Introdução ....................................................................................................... 39 5.2 Estudos de Impactos na Qualidade de Energia ........................................... 39 5.3 Parâmetros de medição .................................................................................. 41 5.4 Sistema de Medição ........................................................................................ 42 5.5 Ensaio de suportabilidade ao afundamento de tensão ................................ 43 6 EMISSÃO DE RUÍDOS POR AEROGERADORES ................................. 45 6.1 Introdução ....................................................................................................... 45 6.2 Fontes de Ruído .............................................................................................. 45 6.3 Medição e Avaliação do Ruído ...................................................................... 47 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 52 Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 4 Aspectos Técnicos da Energia Eólica LISTA DE FIGURAS Figura 1: Módulos da certificação de Tipo. ............................................................... 14 Figura 2: (a) Histograma de distribuição de velocidades com curva de densidade de probabilidade ajustada (b) Função de probabilidade cumulativa equivalente. ............................................... 19 Figura 3: Curvas de potência de aerogeradores de um mesmo fabricante. ............. 22 Figura 4: Estação de Testes de Aerogeradores do Risø em Høvsøre (RISØ, 2010). ................................................................................................ 23 Figura 5: Posição da torre anemométrica e área de influência da esteira. (IEC 61400-12, 2005) ................................................................................ 25 Figura 6: Exemplos de anemômetros de copos. ...................................................... 26 Figura 7: Exemplos de sensores de direção. ........................................................... 28 Figura 8: Esquema de ligação de um sensor de temperatura por termoresistência. ............................................................................... 30 Figura 9: Dados medidos e normalizados de potência elétrica versus velocidade do vento. .......................................................................... 34 Figura 10: Dados medidos e normalizados de potência elétrica versus velocidade do vento. .......................................................................... 37 Figura 11: Elementos para sistema de medição. ..................................................... 43 Figura 12: Tensão nos terminais dos aerogeradores (ONS, 2009). ......................... 43 Figura 13: Esquema do equipamento gerador de afundamento de tensão.............. 44 Figura 14: Esquema do escoamento de ar em torno de uma pá (Wagner, 1996). ................................................................................................ 47 Figura 15: Exemplos de nível de pressão sonora (Bruel and Kjaer Instruments). .... 49 Figura 16: Imagem do microfone sobre uma placa e esquema de sua posição em relação ao aerogerador, IEC 61400-11 (2006). ........................... 50 Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 5 Aspectos Técnicos da Energia Eólica LISTA DE TABELAS Tabela.1: Parâmetros eólicos para as classes de projeto. ....................................... 20 Tabela 2: Valores calculados por intervalo de velocidade. ....................................... 34 Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 6 Aspectos Técnicos da Energia Eólica INTRODUÇÃO O objetivo do presente curso é apresentar alguns dos principais aspectos técnicos dos aerogeradores que são tratados em normas técnicas. A presente apostila tem como objetivo complementar as informações apresentadas durante as aulas, informações mais detalhadas poderão ser encontradas nas referencias apresentadas no final da mesma. Caso haja necessidade de referenciar alguma informação apresentada nesta apostila, fazer referencia à fonte original. O primeiro capítulo apresenta a situação atual da normalização técnica na área de energia eólica e apresenta as principais normas técnicas internacionais vigentes atualmente. No segundo capítulo, é apresentado sistema de certificação de tipo de um aerogerador, quais os principais fases necessárias para se obter esta certificação e as normas empregadas. O terceiro capítulo traz as principais características do vento que devem ser consideradas no projeto de um aerogerador, bem como as quatro classes de projeto nas quais o equipamento deve ser classificado. No quarto capítulo será apresentada a metodologia para levantamento da curva de potência do aerogerador, os procedimentos de medição e análise dos dados registrados. A partir da curva calculada, será possível calcular a estimativa de geração anual de energia do aerogerador. O quinto capítulo abordará os princípios de medição da qualidade da energia gerada por um aerogerador e como se dá o teste de suportabilidade ao afundamento de tensão na rede elétrica. Finalmente, no capítulo seis serão apresentados aspectos referentes à emissão de ruídos por aerogeradores, como é feita esta medição e como as normas brasileiras tratam o assunto da exposição ao ruído. Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 7 Aspectos Técnicos da Energia Eólica 1 NORMALIZAÇÃO EM ENERGIA EÓLICA Normalização é uma atividade coletiva de elaboração de documentos contendo conhecimentos técnicos em forma de regras, diretrizes, ou características com um alto grau de ordenação que sejam destinados ao uso comum e repetitivo. O principal produto desta atividade é a norma, que deve ser estabelecida por consenso e aprovada por um organismo reconhecido. A normalização desenvolve-se fundamentalmente através de organismos nacionais, regionais e internacionais. Os organismos nacionais buscam a harmonização dos interesses do governo, indústria, consumidores e comunidade científica de seu país enquanto que os internacionais unem ações normativas resultantes de cooperações e acordos entre diferentes países. Há ainda algumas organizações e empresas que possuem seu sistema de normalização próprio. De uma forma geral, quanto mais restrito o âmbito de elaboração da norma, mais restritiva é a norma elaborada, por trazer mais especificidades locais. Normas internacionais tendem a ser mais genéricas. Na área de energia eólica, a Agência Internacional de Energia (International Energy Agency – IEA) publicou várias recomendações técnicas a partir dos anos 80 que tiveram grande influência nas práticas adotadas pela indústria e vieram a ser adotadas por normas desenvolvidas posteriormente. As principais recomendações técnicas da IEA voltadas para a indústria eólica são: 1. Desempenho de Geração (Power Performance), 1990 2. Custo da Energia de Aerogeradores (Cost of Energy from WECS), 1994 3. Carregamentos de Fadiga (Fatigue Loads), 1990 4. Medição da Emissão de Ruídos (Measurement of Noise Emission), 1994 5. Interferência Eletromagnética (Electromagnetic Interference), 1986 6. Segurança Estrutural (Structural Safety), 1988 7. Qualidade de Energia (Quality of Power), 1984 8. Glossário de Termos (Glossary of Terms), 1993 9. Proteção contra Raios (Lightning Protection), 1997 10. Medição da Exposição ao Ruído (Measurement of Noise Immision), 1997 11. Medição da velocidade do vento (Wind Speed Measurement), 1999 Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 8 Aspectos Técnicos da Energia Eólica Atualmente, as normas técnicas internacionais de energia eólica englobam requisitos de segurança, técnicas de medição e procedimentos de testes de equipamentos e são desenvolvidas pelo Comitê Técnico 88 da Comissão Eletrotécnica Internacional (International Electrotechnical Commission - IEC). Este comitê é formado por representantes de 25 países, tendo ainda a participação de 13 países observadores. O Brasil é um dos países observadores na IEC, sendo representado pelo COBEI, Comitê Brasileiro de Eletricidade, Eletrônica, Iluminação e Telecomunicações através de um acordo com a ABNT. As normas e especificações técnicas (TS) atualmente em vigor sob responsabilidade do TC 88 são: IEC 61400-1: Requisitos de projeto (Design requirements) - Edição 3.0, (2005). É a principal norma sobre o assunto, define os requisitos de projeto para aerogeradores de grande porte. IEC 61400-2: Requisitos de projeto para turbinas eólicas de pequeno porte (Design requirements for small wind turbines) - Edição 2.0, (2006). É equivalente a norma parte 1, porém voltada para aerogeradores de pequeno porte, ou seja, com raio do rotor inferior a 8m e nível de tensão de geração inferior a 1.000V em corrente alternada, ou 1.500V em corrente contínua. IEC 61400-3: Requisitos de projeto para turbinas eólicas offshore (Design requirements for offshore wind turbines) - Edição 1.0, (2009). Também é equivalente a norma parte 1, porém voltada para aerogeradores fabricados para serem instalados no mar. ISO 81400-4: Projeto e especificação de caixas de engrenagens (multiplicador de velocidade) (Design and specification of gearboxes) - Edição 1.0, (2006). Esta norma traz requisitos para projeto, fabricação e verificação de caixas de engrenagem com objetivo de garantir uma alta confiabilidade operacional. Sua elaboração foi iniciada em 1993, quando a Associação Americana de Fabricantes de Engrenagens – AGMA, tornou-se responsável pela secretaria do comitê técnico 60 da Organização Internacional de Normalização - ISO, sendo publicada inicialmente como a recomendação AGMA/AWEA 6006-A03 em 1996 e como uma norma nacional americana em 2003. Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 9 Aspectos Técnicos da Energia Eólica Apesar de normas internacionais sobre engrenagem serem normalmente escopo da ISO, por se tratar de um tema estratégico sobre aerogeradores, foi montado um grupo misto entre o TC60 da ISO e o TC88 da IEC, passando a ser adotada pela ISO a partir de 2005 de forma reconhecida pela IEC. Esta norma está em revisão deverá ser publicada como IEC 61400-4 a partir de 2012. IEC 61400-11: Técnicas de medição de ruído acústico (Acoustic noise measurement techniques) - Edição 2.1, (2006). Define a metodologia para medição da emissão de ruído acústico dos aerogeradores. IEC 61400-12-1: Medições de desempenho de geração (Power performance measurements of electricity producing wind turbines) - Edição 1.0, (2005). Define as técnicas para medição da potência de geração da turbina eólica e definição da sua curva de potência. IEC/TS 61400-13: Medição de carregamentos mecânicos (Measurement of mechanical loads) - Edição 1.0, (2001). Esta especificação técnica apresenta os procedimentos para medição dos carregamentos mecânicos com a finalidade de efetuar a validação dos cálculos de projeto e determinação da magnitude dos carregamentos atuantes no aerogerador sob condições específicas. O procedimento divide as condições de medição em duas categorias: regime permanente e eventos transientes, equivalentes às premissas de projeto definidas na IEC 61400-1 As medições dos principais esforços devem ser realizadas preferencialmente por extensômetros (“straingauges”) aplicados em locais adequados da pá, do eixo e da torre do aerogerador, os quais devem ser calibrados após instalação e suas grandezas medidas, verificadas. Além das medições de esforços, também devem ser medidas as condições do vento (velocidade, turbulência, direção e densidade) e os parâmetros operacionais do aerogerador (velocidade de rotação, erro de yaw, potência elétrica e ângulo de passo). Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 10 Aspectos Técnicos da Energia Eólica IEC/TS 61400-14: Declaração do nível de potência sonora aparente e dos valores de tonalidade (Declaration of apparent sound power level and tonality values) - Edição 1.0, (2005). Especificação técnica que define os métodos para a declaração do nível de potência sonora e os valores das componentes tonais emitidos pelas turbinas eólicas. IEC 61400-21: Medição e avaliação das características de qualidade de energia de aerogeradores conectados a rede (Measurement and assessment of power quality characteristics of grid connected wind turbines) - Edição 2.0, (2008). Define os métodos para medir a qualidade do sinal elétrico produzido por turbinas eólicas. IEC 61400-22: Ensaios de conformidade e certificação (Conformity testing and certification) - Edição 1.0, (2010). Define as regras e procedimentos para certificação de tipo da turbina eólica e para certificação de projetos de parque eólico instalado em terra ou no mar. IEC/TS 61400-23: Testes estruturais das pás do rotor em escala real (Full-scale structural testing of rotor blades) - Edição 1.0, (2001). Cada novo tipo de pá fabricado deve ser testado em escala real para verificação de seu projeto estrutural e da adequação dos processos de fabricação. Os testes descritos nesta especificação técnica têm como objetivo verificar se a pá resiste às tensões estáticas e de fadiga definidas em seu projeto. IEC/TR 61400-24: Proteção contra raios (Lightning protection) - Edição 1.0, (2010). Este relatório técnico da IEC traz vários aspectos sobre a proteção contra descargas atmosféricas em turbinas eólicas, desde o status atual do conhecimento sobre o fenômeno e seus impactos sobre aerogeradores, tendo como base o histórico de vários casos de equipamentos atingidos por raios. Até o procedimento para avaliação de risco e aplicação de métodos apropriados para proteção contra descargas atmosféricas. IEC 61400-25-1 a 6: Comunicações para monitoramento e controle de usinas eólicas (Communications for monitoring and control of wind power plants). Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 11 Aspectos Técnicos da Energia Eólica Conjunto de seis normas que definem os protocolos de comunicação para medição e controle remoto de parques eólicos. IEC/TS 61400-26-1: Disponibilidade baseada no tempo para para aerogeradoresParte inferior do formulário (Time-based availability for wind turbine generating systems) - Edição 1.0, (2011). Especificação técnica recente que define termos genéricos para descrever a disponibilidade do aerogerador e seus componentes, a expectativa de vida, reparos e critérios para determinar os intervalos de manutenção. Deve-se adicionar a este grupo de documentos, a norma IEC 60050-415: Vocabulário Eletrotécnico Internacional para Aerogeradores, elaborada pelo TC01, responsável por sancionar os termos e definições utilizados pelos diferentes comitês da IEC. Em 2005, o COBEI criou uma comissão técnica para elaborar as normas brasileiras na área de energia eólica e aproximar-se do comitê técnico 88 da IEC, aumentando a participação brasileira neste segmento. Atualmente, 3 normas do TC88 já foram traduzidas para o português e adotadas pela ABNT, são elas : ABNT NBR IEC 61400-1:2008, ABNT NBR IEC 61400-21:2010 e ABNT NBR IEC 6140012-1:2012. 2 2.1 CERTIFICAÇÃO DE AEROGERADORES Introdução Para que um aerogerador possa ser comercializado internacionalmente é necessário que ele possua certificados de conformidade a requisitos de projetos definidos e aceitos, esses certificados são normalmente emitidos por organizações independentes e compreendem a turbina eólica completa ou seus componentes, como pás, caixas de engrenagens ou torres (Woebbeking, M., 2010). A certificação de aerogeradores teve início na Dinamarca, Alemanha e Holanda há cerca de 30 anos, através da aplicação de procedimentos locais. Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 12 Aspectos Técnicos da Energia Eólica Com o desenvolvimento do mercado global de energia eólica, outros países, como China, Grécia, Índia, Espanha, Suécia e EUA também desenvolveram suas instituições de certificação para apoio ao desenvolvimento da indústria eólica local, com uma tendência à utilização das normas internacionais emitidas pela IEC. A IEC publicou em 2001 a norma WT 01 que trazia as regras e procedimentos para se obter a certificação de tipo para um aerogerador e a certificação de projeto para uma central eólica. Em 2010 esta norma foi revisada e recebeu a numeração 61400-22, passando a fazer parte da série de normas 61400. 2.2 Certificação de Tipo A certificação de tipo é uma confirmação da conformidade do aerogerador aos requisitos técnicos definidos por procedimentos reconhecidos emitida por um órgão certificador independente. De acordo com os procedimentos para certificação definidos na IEC 61400-22 (2008), a certificação de tipo para aerogeradores se subdivide em oito módulos, sendo cinco obrigatórios: avaliação das bases do projeto (projeto básico), avaliação do projeto, avaliação da fabricação, ensaios de tipo e avaliação final; e três opcionais: avaliação do projeto da fundação, avaliação da construção da fundação e medições das características de tipo, conforme figura 1. Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 13 Aspectos Técnicos da Energia Eólica Avaliação do Projeto Básico Módulos Opcionais Avaliação do Projeto Avaliação do Projeto da Fundação Avaliação da Fabricação Avaliação da Construção da Fundação Ensaios de Tipo Testes de segurança e função Desempenho de potência Medições das Características de Tipo Qualidade de Energia suportabilidade ao afundamento de tensão Cargas mecânicas Teste de pás Outros testes Ruído acústico Avaliação Final Certificação de Tipo Figura 1: Módulos da certificação de Tipo. Dos nove módulos citados, dois abrangem a realização de testes e ensaios, os ensaios de tipo e medições das características de tipo. O módulo de ensaios de tipo compreende os seguintes elementos: - Testes de segurança e função, cuja finalidade é verificar se o aerogerador em teste apresenta o comportamento previsto no projeto. As principais funções do controle para garantir a segurança do aerogerador são definidas na IEC 61400-1 (2005). No entanto, para a realização dos testes o guia de certificação da Germanicsher Loyd (2010) apresenta o procedimento detalhado a ser seguido. Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 14 Aspectos Técnicos da Energia Eólica - Medições de desempenho de geração, cujo objetivo é registrar uma curva de potência medida e a produção anual de energia prevista para o tipo de turbina eólica, conforme IEC 61400-12-1 (2005). Durante o levantamento da curva de potência registra-se uma nuvem de pontos que se espalham em volta da curva do valor médio da potência. Segundo (Pedersen, T.F. et al, 2011), a origem destes desvios pode ser devido à manutenção e operação do aerogerador, baixa correlação entre o vento medido e o incidente no rotor, incertezas de medição ou características do vento. Os autores investigaram a influência do gradiente vertical do vento sobre a potência gerada por uma turbina eólica utilizando o sistema de medição com tecnologia LiDAR (Light Detecting and Ranging). - Medições de Carregamentos Mecânicos, que têm como finalidade efetuar a validação dos cálculos e determinar a magnitude dos carregamentos no aerogerador sob condições específicas, de acordo com a IEC/TS 61400-13 (2001). - Cada novo tipo de pá fabricado deve ser testado em escala real para se verificar o projeto estrutural da pá e avaliar a adequação dos processos de fabricação. Os testes devem verificar se a pá resiste às tensões estáticas e de fadiga definidas em seu projeto (IEC TS 61400-23, 2001). O organismo de certificação pode exigir a realização de outros testes e/ou medições para inclusão no ensaio de tipo, esses testes podem incluir a medição das condições térmicas e mecânicas dos principais componentes mecânicos e elétricos, bem como testes ambientais dos conjuntos eletrônicos e testes de compatibilidade eletromagnética que são definidos na IEC TR 61400-24 (2002) e em outras versões da IEC como a série IEC 61000-4-X (2006). O ensaio de tipo para uma turbina eólica equipada com caixa de engrenagem deve incluir um teste de campo para a caixa de engrenagem. Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 15 Aspectos Técnicos da Energia Eólica Durante o teste, deve-se observar o desenvolvimento do padrão de contato com o aumento do carregamento no eixo e registrar a temperatrura dos rolamentos e do óleo lubrificante. Deve-se ainda monitorar a vibração e a emissão de ruído emitido pela caixa de engrenagem (ISO 81400-4, 2002). O módulo das Medições das características de tipo compreende os seguintes elementos: - Ensaio de Qualidade de Energia permite registrar as características de qualidade da energia gerada pelo tipo de turbina eólica, de acordo com a IEC 61400-21 (2001). Devido à variabilidade do vento e às características dinâmicas do aerogerador, a geração eólica pode ocasionar distúrbios na rede elétrica, que podem ser sentidos até mesmo pelo cintilar de uma lâmpada, fenômeno conhecido por Flicking (Rosas, P. A, 2003). - Ensaio de suportabilidade à subtensões deve registrar a capacidade do aerogerador em suportar o afundamento de tensão em uma ou mais fases no ponto de conexão (Ride Through Capabilities), de acordo com os Requisitos técnicos mínimos para a conexão à rede básica (ONS, 2009). O Operador Nacional do Sistema Elétrico define uma curva de afundamento tensão à qual a central eólica deve continuar operando se a tensão nos seus terminais permanecer acima desta curva. - Medições de ruído acústico devem ser realizadas de acordo com os procedimento definidos na norma IEC 61400-11 (2002) e fornecem as caracterísitcas de emissão de ruídos do aerogerador testado, permitindo realizar uma avaliação prévia do impacto causado por uma central eólica instalada próxima de uma comunidade (NBR 10151, 2000). Todos os ensaios citados acima devem ser, preferencialmente, realizados por instituições acreditadas, de acordo com a norma ISO/IEC 17025 (2005) que foi publicada primeiramente no início do ano 2000 para substituir a ISO/IEC Guia 25 e a EN 45001, utilizada na Europa. Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 16 Aspectos Técnicos da Energia Eólica A Coordenação Geral de Acreditação do Inmetro (Cgcre) é o organismo de acreditação de organismos de avaliação da conformidade reconhecido pelo Governo Brasileiro. 3 REQUISITOS DE PROJETO DE AEROGERADORES 3.1 Introdução Neste capítulo serão apresentados alguns dos principais requisitos técnicos definidos pela norma IEC-61400-1 para garantir a segurança do aerogerador e dos principais sistemas que o compõe, bem como as quatro classes de projeto nas quais o equipamento deve ser classificado. Os requisitos apresentados se aplicam à fase de projeto, fabricação, instalação e operação do aerogerador. 3.2 Parâmetros Eólicos de Projeto O vento é normalmente medido por um anemômetro de copo e registrado por um sistema de aquisição de dados que faz a leitura da velocidade a cada segundo e, em seguida, calcula a velocidade média e seu desvio padrão utilizando os 600 valores medidos a cada dez minutos. Ao longo de um ano, o sistema de aquisição pode gravar até 52.560 valores de velocidade média integrados a cada 10 minutos. A distribuição destas velocidades ao longo do ano é apresentada em forma de histograma, ou seja, um gráfico de barras apresentando o número de ocorrências para cada intervalo de velocidade, figura 2(a). A partir da distribuição da velocidade do vento é possível conhecer como o aerogerador irá funcionar durante sua vida útil e determinar, por exemplo, quantas vezes ele será submetido a uma condição de esforços específica, o que permite estimar o dano por fadiga esperado ao longo de sua vida útil. A distribuição de velocidades é representada por uma função estatística de distribuição de probabilidade. As funções freqüentemente utilizadas são a de Rayleigh, PR(V0), e Weibull, PW(V0). V0 k PW (V0 ) = 1 − exp− para a função de Weibull C Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER (1) 17 Aspectos Técnicos da Energia Eólica π V PR (V0 ) = 1 − exp − 0 4 Vmed 2 para a função de Rayleighl (2) e com π 1 Vmed = C ⋅ Γ1 + ou C ⋅ , se k = 2 2 k (3) Onde: P(V0) é a função de probabilidade cumulativa, ou seja, a probabilidade de que V<V0; V0 é a velocidade do vento (limite); Vmed é o valor médio de V; C é o parâmetro de escala da função de Weibull; k é o parâmetro de forma da função de Weibull; Γ é a função gama. As funções apresentadas acima são as de probabilidade cumulativa, ou seja, a probabilidade que a velocidade do vento seja menor que V0. Para se determinar a probabilidade que ocorram velocidades de vento entre um intervalo delimitado por V1 e V2, basta calcular a diferença das probabilidades cumulativas das duas velocidades P(V2) – P(V1), conforme apresentado na figura 2 (b). Função de Probabilidade Cumulativa Frequência Distribuição de Velocidades Frequência 10% 8% 80% 60% 6% 40% 4% 20% 2% 0% 0 100% 0% 0 5 V1 10 V2 15 Velocidade do vento (m/s) 20 25 5 V1 10 V2 15 20 25 Velocidade do vento (m/s) Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 18 Aspectos Técnicos da Energia Eólica Figura 2: (a) Histograma de distribuição de velocidades com curva de densidade de probabilidade ajustada (b) Função de probabilidade cumulativa equivalente. A IEC 61400-1 (2005) define a utilização da função de Rayleigh para modelagem das condições normais de vento, essa função pode ser considerada como um caso específico da função de Weibull onde o parâmetro de forma, k é igual a dois. Desta forma, diferentemente da função de Weibull que permite o ajuste da forma de sua curva através da variação do parâmetro k, a distribuição de Rayleigh é função apenas da velocidade média e não consegue representar distribuições de vento com grande concentração em torno da média, como as que ocorrem na região nordeste do Brasil. A IEC 61400-1 (2005) utiliza a velocidade de referência do vento, Vref, como parâmetro básico para definir as classes de projeto de aerogeradores. Ela é definida como a velocidade máxima medida em 10 minutos com período de recorrência de 50 anos. Para as condições normais definidas pela norma (distribuição de velocidades segundo a função de Rayleigh), a velocidade de referência é definida como: (4) Vref = 5 Vmed Para o cálculo da velocidade que o aerogerador deve suportar, também conhecidas como velocidade de “sobrevivência”, duas velocidades extremas com tempo de integração de 3 segundos são definidas: Ve50 , com período de recorrência de 50 anos, e Ve1 com período de recorrência de 1 ano. Ambas são calculadas em função da velocidade de referência, da seguinte forma: z Ve50 ( z ) = 1,4 ⋅ Vref z cubo 0 ,11 Ve1 ( z ) = 0,8 ⋅ Ve50 ( z ) Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER (5) (6) 19 Aspectos Técnicos da Energia Eólica O desvio padrão da velocidade, σ1, utilizado para o cálculo da intensidade de turbulência é encontrado em função de um valor de Intensidade de turbulência de referência, Iref, de acordo com a equação abaixo: (7) σ1= Iref (0,75Vcubo + 5,6) Os principais esforços aos quais um aerogerador é submetido são fortemente dependentes da intensidade e turbulência do vento onde ele será instalado, desta forma são definidas três condições padrões a serem adotadas para três classes de projeto, onde a primeira classe é associada a maior velocidade de vento. Cada classe ainda pode ser associada a três categorias de turbulência diferentes, A, B e C, definidas pelo valor de Iref, conforme tabela 1. Tabela.1: Parâmetros eólicos para as classes de projeto. Parâmetro de Projeto Classe I Classe Classe II III Velocidade de referência 50 42,5 37,5 Velocidade média anual 10 8,5 7,5 59,5 52,5 Rajada de 1s com recorrência de 70 50 anos Classe S Definidos Rajada de 1s com recorrência de 52,5 44,6 39,4 pelo 1 ano projetista Categoria A para turbulência alta, 0,16 do Iref aerogera Categoria B para turbulência 0,14 dor média, Iref Categoria C para turbulência alta, 0,12 Iref Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 20 Aspectos Técnicos da Energia Eólica As primeiras versões da norma traziam uma quarta classe de projeto com velocidade inferior à da classe III, mas a partir da terceira edição publicada em 2005, a quarta classe foi substituída pela classe S, voltada para condições específicas do vento definidas pelo projetista do aerogerador. Para projetos classe S, a distribuição de Rayleigh pode ser substituída pela distribuição de Weibull. 3.3 Sistema de Controle e Segurança A principal função do sistema de controle é manter os parâmetros operacionais da máquina dentro dos seus limites normais. Os principais parâmetros a serem controlados são: • Potência de geração; • Velocidade rotacional da turbina; • Conexão à rede elétrica; • Procedimentos de partida e parada do equipamento; • Torção dos cabos que se conectam à nacele; • Alinhamento do rotor ao vento incidente. O objetivo do sistema de proteção é assegurar que o equipamento se mantenha numa condição segura mesmo que um parâmetro operacional crítico exceda seu limite normal após a ocorrência de uma falha no aerogerador. O sistema de segurança deve ser ativado nos seguintes casos: • Sobrevelocidade; • Sobrecarga ou falha no gerador; • Vibração excessiva; • Torção excessiva dos cabos da nacele. Para cada parâmetro é necessário configurar um nível de ativação que o sistema de segurança seja acionado. O limite máximo da velocidade rotacional que ativa o sistema de segurança é um parâmetro chave para o projeto estrutural da máquina, uma vez que os carregamentos no aerogerador aumentam muito com o aumento da velocidade de rotação. Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 21 Aspectos Técnicos da Energia Eólica 4 MEDIÇÃO DO DESEMPENHO DOS AEROGERADORES O principal objetivo do ensaio de desempenho de um aerogerador é a definição de sua curva de potência para permitir sua comercialização. A curva de potência apresenta a relação entre a velocidade do vento incidente sobre o rotor, medida através de uma torre anemométrica instalada em suas proximidades, e a potência elétrica gerada pelo aerogerador, figura 3. Curva de Potência 2500 Potência (kW) 2000 1500 1000 S88–2.1 MW S95-2.1 MW 500 S97-2.1 MW 0 0 5 10 15 20 25 Velocidade do Vento (m/s) Figura 3: Curvas de potência de aerogeradores de um mesmo fabricante. Os procedimentos para realizar a medição da curva de potência foram publicados inicialmente pela IEA em 1982, sendo apenas recomendações sem valor normativo. Em 1993 o comitê técnico 88 da IEC iniciou a elaboração da primeira norma internacional, tendo como referência a segunda edição das recomendações da IEA, em 1990 e as recomendações elaboradas por institutos de pesquisa europeus, como a ECN, em 1989, e Risø, em 1993, o que culminou com a publicação da norma IEC 61400-12 em 1998 (BURTON, 2001). Atualmente a IEC 61400-12 está em sua segunda edição (IEC 61400-12, 2005) e é a norma aceita internacionalmente para o levantamento da curva de potência de aerogeradores. Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 22 Aspectos Técnicos da Energia Eólica Durante o levantamento da curva de potência registra-se uma nuvem de pontos que se espalham em volta da curva do valor médio da potência. Segundo (Pedersen, T.F. et al, 2011), a origem destes desvios pode ser devido à manutenção e operação do aerogerador, baixa correlação entre o vento medido e o incidente no rotor, incertezas de medição ou características do vento. 4.1 Configuração do local de medição Alguns fabricantes instalam seus aerogeradores em áreas próximas às suas instalações devido à facilidade em acompanhar os ensaios, mas na maioria dos casos os aerogeradores são instalados em áreas projetadas especificamente para a realização de ensaios em aerogeradores e que pertencem a centros de pesquisa ou empresas de serviço de medição, figura 4. Figura 4: Estação de Testes de Aerogeradores do Risø em Høvsøre (RISØ, 2010). Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 23 Aspectos Técnicos da Energia Eólica A área de testes deve apresentar relevo simples, com baixa declividade e ser livre de obstáculos. Caso o relevo do local possa causar uma variação na velocidade do vento entre a torre de medição e o aerogerador superior a 1%, deve-se realizar a calibração do local, que consiste na instalação de duas torres anemométricas, uma no local do aerogerador e outra no ponto definitivo onde será mantida a medição anemométrica. O objetivo é levantar uma tabela com os coeficientes de correção e incertezas entre os dois pontos para diferentes direções de incidência do vento. A IEC define os critérios para verificação da necessidade de realização da calibração da área. De forma simplificada, a inclinação do terreno não pode ser superior a 3% na área definida pelo círculo em volta do aerogerador com raio de duas vezes a distância, L entre o aerogerador e a torre de medição, aumentando este limite para 5% e 10% entre as áreas delimitadas entre 2L a 4L e 4L a 8L, respectivamente. Também se deve verificar a máxima variação de altitude do terreno em relação ao plano. A torre de medição não deve ser instalada muito próxima ao aerogerador para não causar interferência no vento, nem muito longe, pois diminui a correlação entre a medição da velocidade do vento e da eletricidade gerada. A torre de medição deve ser instalada a uma distância entre 2 a 4 vezes o diâmetro do rotor, D, recomendase utilizar a distância de 2,5D. Uma vez instalada, as medições não são validas para qualquer direção do vento, pois caso a torre anemométrica fique posicionada atrás do aerogerador em relação à incidência do vento, a velocidade será perturbada pela esteira aerodinâmica formada atrás do aerogerador. Desta forma, foram definidos setores, que variam com a distância da torre, onde as medições não são válidas e devem ser descartadas. A figura 5 apresenta os limites de distâncias recomendadas e respectivos setores onde as medições são válidas. Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 24 Aspectos Técnicos da Energia Eólica Figura 5: Posição da torre anemométrica e área de influência da esteira. (IEC 61400-12, 2005) 4.2 Medição da velocidade do vento A velocidade do vento é o parâmetro mais crítico a ser medido e geralmente apresenta várias fontes de incerteza. A IEC define a velocidade do vento como a média (em 10 minutos) dos módulos da componente horizontal dos vetores de velocidade instantâneas (a cada 1 segundo), incluindo apenas as componentes lateral e longitudinal da turbulência, sem considerar a componente vertical. Atualmente, apesar de existirem vários tipos de anemômetros e equipamentos alternativos, como o LIDAR e SODAR, que utilizam a emissão e recepção de luz e som, respectivamente para a quantificação da velocidade do vento, apenas o anemômetro de copos é aceito para este tipo de medição. No entanto, devem-se verificar suas principais características e configurações de montagem para garantir a máxima exatidão da medição. Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 25 Aspectos Técnicos da Energia Eólica Figura 6: Exemplos de anemômetros de copos. Apesar de não ser definido um limite mínimo de exatidão, o anemômetro deve ser calibrado antes e recalibrado após a campanha de medição e a diferença entre a as curvas de regressão linear não podem apresentar diferença superior a 0,1 m/s entre as velocidades de 6 m/s e 12 m/s. Além disso, vários requisitos são exigidos dos laboratórios que realizam a calibração do anemômetro, inclusive provar que seus resultados estão coerentes com os de outros laboratórios através de testes de intercambiabilidade, onde os valores devem estar dentro de uma faixa de desvio de 1% do valor médio encontrado entre os laboratórios para o intervalo de velocidades entre 4 m/s a 16 m/s. Quanto à suas características operacionais, o anemômetro de copos é classificado de acordo com a influência dos fatores externos sobre sua medição. Os parâmetros avaliados que influenciam os anemômetros de copos são a turbulência, a temperatura do ar, a densidade do ar e o ângulo de inclinação média do fluxo. Para a medição da curva de potência, o anemômetro deve apresentar classificação melhor que 2,5B ou 1,7A, onde “1,7” é o número de classe e está associado com o máximo desvio da medição devido à variação dos fatores de influência e “A” é o tipo de classe avaliada e depende das características do terreno onde serão realizadas as medições. Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 26 Aspectos Técnicos da Energia Eólica Para que um anemômetro registre apenas a componente horizontal do vento, ele deve apresentar uma resposta angular do tipo cossenoidal, ou seja, a variação do valor medido deve variar em função do ângulo de incidência do vento o mais próximo possível da curva do cosseno. Caso o anemômetro seja insensível à variação do ângulo de incidência, o que não é desejável para a medição da curva de potência do aerogerador, a medida realizada pelo instrumento é a da velocidade de vento total A (u 2 + v 2 + w 2 ) montagem dos . instrumentos na torre de medição deve seguir rigorosamente as recomendações da IEC, inclusive em relação à posição e tamanho das hastes que suportam os equipamentos para evitar os distúrbios causados ao escoamento do ar em torno da torre. O anemômetro deve ser instalado na altura do eixo do aerogerador, podendo variar em mais ou menos 2,5%. 4.3 Medição da direção do vento A direção do vento deve ser medida com um sensor de direção, também conhecido como cata-vento ou biruta e tem como principal finalidade permitir a exclusão das medições realizadas dentro da região de influência do aerogerador, ou no caso de montagem de dois anemômetros na mesma altura, definir quando deve ser considerada a medição de cada um. O sensor geralmente é construído com uma resistência circular onde um dos terminais é variado de acordo com a posição do vento, o valor registrado é a relação entre a resistência parcial com um dos terminais variáveis sobre o valor da resistência total circular. O sensor deve apresentar o menor espaço possível (“gap”) entre o início e o fim da resistência, equivalente aos valores de 0° e 360°. Além disso, o sistema de aquisição deve ser configurado para fazer a média vetorial, de forma que se evite que, para direções instantâneas entre 350° e 10°, o valor médio encontrado seja de 180°. A norma define que sua inc erteza total devido à calibração, orientação e operação, seja inferior a 5°. Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 27 Aspectos Técnicos da Energia Eólica O sensor de direção deve ser montado na altura do cubo, a uma distância inferior a 2,5 m do anemômetro, porém não se deve instalá-lo a muito próximo (distância inferior a 1,5 m), para evitar que ele perturbe o fluxo de ar incidente no anemômetro. Figura 7: Exemplos de sensores de direção. 4.4 Medição da temperatura e pressão do ar A energia disponível no vento é diretamente proporcional à densidade do ar. Desta forma, é imprescindível sua definição de forma precisa para permitir a correção da velocidade do vento para uma velocidade equivalente em uma densidade padrão. Para o cálculo da densidade, é necessária a medição da temperatura e da pressão do ar conforme apresentado pela equação 8. ρ10 min = B10 min R 0 ⋅T10 min (8) Onde: ρ10min é a densidade do ar calculada média, em 10 minutos [Kg/m3]; T10min é a temperatura do ar medida média, em 10 minutos [K]; B10min é a pressão do ar medida média, em 10 minutos [Pa]; R0 é a constante do gás para o ar seco, 287,05 [J/kg.K] Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 28 Aspectos Técnicos da Energia Eólica Para locais que apresentem altas temperaturas, como no Nordeste do Brasil, é recomendado que o cálculo da densidade leve em consideração o efeito da umidade relativa do ar, φ, conforme apresentado na equação 9. ρ10 min = 1 T10 min B 1 1 ⋅ 10 min − φ10 min PW − R0 RW R0 (9) Onde: φ10min é a umidade relativa (entre 0 a 1). RW é a constante do gás para o vapor d’água, 461,5 J/(kg.K). PW é a pressão de vapor da água em Pa, para a temperatura T10min. Os sensores de temperatura e umidade devem ser instalados a no máximo 10 m da altura do cubo do aerogerador. O sensor de pressão deve seguir a recomendação, mas caso não seja possível, as medições de pressão devem ser corrigidas para a altura do cubo conforme equação 10, definida na norma ISO 2533 (1975). Bcubo β = Bb 1 + ( H cubo − H b ) Tb − g n / β RW (10) Onde: β é o gradiente vertical da temperatura, -0.0065 [K/m]. H é a altura em metros. gn é a aceleração gravitacional, 9,806 [m/s2]. Os índices “cubo” e “b” indicam as propriedades na altura do cubo e na altura da medição da pressão, respectivamente. Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 29 Aspectos Técnicos da Energia Eólica Deve-se verificar que a equação utiliza a temperatura na altura da medição da pressão, o que indica que é desejável que exista uma segunda medição de temperatura na altura da medição de pressão, caso a pressão não seja medida na altura do cubo. Além disso, a medição da temperatura nas duas alturas permite o cálculo do gradiente vertical real da temperatura. O sensor mais utilizado para medição da temperatura em torres anemométricas é do tipo termorresistência ou RTD, (do inglês Resistance Temperature Detector) que permite conhecer a temperatura do meio ambiente, recorrendo à relação entre a resistência elétrica de um material e a sua temperatura. As termoresistências geralmente são feitas de platina, níquel ou cobre, sendo a platina mais utilizada por ser disponível em alto grau de pureza e ser resistente à oxidação (Ribeiro, 1999). Uma termorresistência é identificada pelo material que a constitui e pela resistência que apresenta a 0 °C. Por exemplo, uma Pt-100 será uma termorresistência de platina que a 0 °C apresen ta uma resistência de 100 Ω. Para se evitar a influência da resistência das soldas dos conectores, medição da resistência é feita de forma indireta através da aplicação de uma pequena tensão em uma ponte de Wheatstone, onde se utiliza um terceiro fio para compensar as variações da resistência dos fios de transmissão do sinal provocadas pela temperatura ambiente variável, conforme esquema da figura 8. Caso as resistências dos fios A e B sejam iguais, elas se anulam por estarem nos lados opostos da RTD. Figura 8: Esquema de ligação de um sensor de temperatura por termoresistência. Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 30 Aspectos Técnicos da Energia Eólica Os sensores de pressão mais utilizados são eletrônicos do tipo passivo, que varia a resistência, capacitância ou indutância em função da pressão aplicada. Ele necessita de uma tensão de alimentação para funcionar. 4.5 Ajuste dos dados para densidade padrão A curva de potência do aerogerador varia de acordo com a densidade em que ele está operando. Por isso, ela deve ser definida para a densidade média do local de testes e para a densidade definida pela ISO para a atmosfera padrão ao nível do mar, cujo valor é de 1,225 kg/m3. Como a potência gerada por um aerogerador é o produto do Coeficiente de potência, CP, pela energia disponível no vento (equação 11), para o ajuste da curva de potência, basta calcular o valor da energia resultante disponível para a nova densidade do ar desejada. 1 P = C P ⋅ ρAV 3 2 (11) Onde: P Potência Elétrica de Geração [W]; CP Coeficiente de potência; ρ é a densidade do ar [Kg/m3]; A é a área varrida pelo rotor [m2]; V é a velocidade do vento na altura do eixo [m/s]. Como o coeficiente de potência é uma característica aerodinâmica definida para cada condição de operação do rotor, para aerogeradores com controle de potência passivo, onde a velocidade de rotação e o ângulo das pás são normalmente fixos, como os do tipo estol, basta realizar uma regra de três simples considerando a densidade medida e a densidade de referência, conforme equação 12. Isso só é possível porque, apesar de haver variação na energia disponível no vento por causa da variação de densidade, as condições aerodinâmicas permanecem semelhantes para as mesmas velocidades de vento. Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 31 Aspectos Técnicos da Energia Eólica Pn = P10 min ⋅ ρ0 (12) ρ10 min Onde: Pn é a potência elétrica normalizada [W]; P10min é a potência elétrica medida média, em 10 minutos [W]; ρ10min é a densidade do ar calculada média, em 10 minutos [Kg/m3]; ρ0 é a densidade do ar de referência [Kg/m3]; Desta forma, a potência nominal do aerogerador varia de acordo com a variação da densidade do ar em que o aerogerador irá operar. Caso seja necessário ajustar a curva de potência do equipamento para uma densidade de ar específica, é possível alterar o ângulo de passo da pá durante a instalação da pá no cubo do rotor. Alguns aerogeradores com controle por estol possuem pequenos “rasgos” em forma de arco circular, ao invés de furos, para facilitar o ajuste do ângulo da pá no momento da instalação. Vale salientar que neste caso, a equação fornecida para ajuste da curva de potência não é mais válida por se tratar de outra configuração do rotor. Para aerogeradores com controle ativo, onde o ângulo das pás é variável, como nos aerogeradores com controle do ângulo de passo, as condições operacionais do equipamento dependem da energia fornecida pelo vento e não apenas de sua velocidade. Por exemplo, um aerogerador irá iniciar o ajuste do ângulo de passo da pá para limitar a potência no gerador em uma velocidade de vento mais baixa, caso a densidade do ar seja maior. Neste caso, a potência medida deve ser associada a essa velocidade mais baixa. Por isso, para os equipamentos de controle ativo, o ajuste da curva de potência para diferentes densidades deve ser realizado sobre a velocidade do vento e não sobre a potência, como apresentado na equação abaixo. ρ 1 1 ρ o AVn3 = ρ10 min AV103 min ⇒ Vn = V10 min 10 min 2 2 ρ0 1/ 3 (13) Onde: Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 32 Aspectos Técnicos da Energia Eólica Vn é a velocidade do vento normalizada [m/s]; V10min é a velocidade do vento medida média, em 10 minutos [m/s]; 4.6 Medição da potência elétrica A medição da potência do aerogerador deve ser realizada através de um dispositivo de medição que se baseie na medição da corrente e tensão em cada fase e que seja instalado após as cargas auxiliares do aerogerador, uma vez que se deseja saber a potência líquida disponibilizada. Geralmente a saída elétrica será trifásica, com freqüência de 50 ou 60 Hz, e tensão na faixa de 380-415 V. As abordagens recomendadas são os métodos dos 3 wattímetros, ou dos 2 wattímetros quando não se tem neutro. Ambos permitem a medição de uma carga trifásica balanceada ou desbalanceada, conectada em Y ou ∆. O transdutor deve atender aos requisitos exigidos pela IEC 60688 e deve ser de classe 0,5 ou melhor. 4.7 A Curva de Potência Os dados climáticos e elétricos devem ser medidos continuamente numa taxa de amostragem de 1Hz e terem suas principais informações estatísticas registradas a cada intervalo de 10 minutos, ou seja: valor médio, valor máximo, valor mínimo e desvio padrão. Após a realização de uma campanha de medição e geração de uma base de dados, deve-se primeiramente realizar as verificações de consistência, normalização e possíveis ajustes necessários para se obter a base de dados, conforme figura 9. Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 33 Aspectos Técnicos da Energia Eólica Figura 9: Dados medidos e normalizados de potência elétrica versus velocidade do vento. Em seguida, os dados devem se divididos em intervalos de 0,5 m/s centralizados em múltiplos de 0,5. Para cada intervalo, é calculada a média dos valores de velocidade e dos valores de potência elétrica. A partir dos dados de velocidade e potência deve-se calcular o valor do coeficiente de potência, CP, para cada intervalo de acordo com a equação 11. A tabela 2 apresenta o resumo dos cálculos realizados para a base de dados apresentada na figura 9. Tabela 1: Valores calculados por intervalo de velocidade. Velocidade Coeficiente Número do Intervalo média Potência Intervalo em (m/s) (m/s) média (kW) Potência dados 1 0 a 0,75 0,44 0,0 0,00 49 2 0,75 a 1,25 1,05 0,0 0,00 123 3 1,25 a 1,75 1,55 0,0 0,00 357 de Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER Número de 34 Aspectos Técnicos da Energia Eólica 4 1,75 a 2,25 2,01 0,0 0,00 513 5 2,25 a 2,75 2,52 1,4 0,03 782 6 2,75 a 3,25 3,02 10,0 0,14 1154 7 3,25 a 3,75 3,52 29,1 0,25 1999 8 3,75 a 4,25 4,01 58,2 0,34 2674 9 4,25 a 4,75 4,50 92,8 0,39 2957 10 4,75 a 5,25 5,01 134,9 0,41 3167 11 5,25 a 5,75 5,50 185,8 0,42 3102 12 5,75 a 6,25 6,00 248,2 0,44 2987 13 6,25 a 6,75 6,49 318,6 0,44 2633 14 6,75 a 7,25 6,99 400,8 0,44 2401 15 7,25 a 7,75 7,50 498,4 0,45 2211 16 7,75 a 8,25 7,99 607,9 0,45 2093 17 8,25 a 8,75 8,50 727,1 0,45 1711 18 8,75 a 9,25 8,99 853,9 0,45 1429 19 9,25 a 9,75 9,49 982,4 0,44 1091 9,99 1099,5 0,42 837 10,50 1213,7 0,40 699 11,00 1325,3 0,38 566 11,49 1407,0 0,35 448 11,97 1462,2 0,32 315 12,48 1494,3 0,29 208 12,98 1496,5 0,26 113 9,75 20 10,25 10,25 21 a 12,75 12,75 26 a 12,25 12,25 25 a 11,75 11,75 24 a 11,25 11,25 23 a 10,75 10,75 22 a a 13,25 13,25 a 27 13,75 13,47 1497,3 0,23 45 28 13,75 a 14,02 1496,6 0,21 31 Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 35 Aspectos Técnicos da Energia Eólica 14,25 14,25 29 14,75 14,75 30 32 33 34 35 17,75 15,07 1497,5 0,17 7 15,46 1497,5 0,15 10 16,01 1497,5 0,14 14 16,46 1497,5 0,13 5 16,85 1497,5 0,12 2 17,40 1497,5 0,11 4 a 17,25 17,25 20 a 16,75 16,75 0,19 a 16,25 16,25 1496,4 a 15,75 15,75 14,46 a 15,25 15,25 31 a a Para ser considerada completa, a base de dados medidos deve atender aos seguintes requisitos mínimos: 1 – Os dados devem pelo menos iniciar na velocidade de partida menos 1 m/s (3 – 1 = 2 m/s) e se estender até 1,5 vezes a velocidade que alcança 85% da potência nominal (85% de 1.500 kW = 1.275 kW; P(V=10,5m/s) = 1.214 kW; 1,5 x 10,5 = 15,75 m/s). No exemplo dado, os dados vão de 0,44 m/s a 17,4 m/s. 2 – Cada intervalo deve possuir ao menos 30 minutos de dados registrados. O intervalo 34 apresenta apenas 20 minutos de dados e não pode ser considerado válido. No entanto como trata-se de apenas um intervalo entre dois intervalos válidos, a potência média deste intervalo pode ser calculado por interpolação linear entre os dois valores vizinhos. 3 - O total de dados não deve ser inferior a 180 horas. O exemplo anterior totaliza mais de 6 mil horas registradas. Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 36 Aspectos Técnicos da Energia Eólica A curva de potência é o gráfico que apresenta a potência elétrica média em função da velocidade de vento média, normalmente apresentada para a densidade padrão de 1,225 kg/m3. Desta forma, para sua utilização, deve-se verificar qual a densidade do ar do local de interesse e fazer o ajuste da curva para esta densidade. Outra informação normalmente apresentada junto com a curva de potência é a curva de coeficiente de potência do aerogerador, que pode ser traduzido como o coeficiente de eficiência da conversão da energia encontrada no vento para energia elétrica. Apesar de calcular-se um valor médio para cada ponto da curva de potência, estes valores encontrados apresentam incertezas que podem ser decorrentes de várias causas, como: medição da potência elétrica, da velocidade do vento, da temperatura e pressão do ar, ou do próprio sistema de aquisição de dados. Estas incertezas devem ser calculadas e apresentadas no gráfico da curva de potência em forma de desvios da média encontrada para cada intervalo de velocidade do vento. A figura 10 é um gráfico no formato normalmente apresentado em um certificado de desempenho de um aerogerador, onde todas as informações mencionadas acima são apresentadas. Curva de Potência e Coeficiente de Potência 1600 0,60 1200 0,45 1000 800 0,30 600 400 0,15 Coeficiente de Potência, Cp Potência Elétrica (kW) 1400 200 0 0,00 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 Velocidade do Vento (m/s) Figura 10: Dados medidos e normalizados de potência elétrica versus velocidade do vento. Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 37 Aspectos Técnicos da Energia Eólica 4.8 Produção Anual de Energia Para o cálculo da estimativa de energia produzida pelo aerogerador deve-se utilizar a curva de probabilidade de ocorrência da velocidade de vento. A Norma recomenda a utilização da função de Rayleigh, porém para representar uma condição específica, deve-se dar preferência a função de Weibull que consegue representar diferentes comportamentos através da variação dos fatores de forma, k, e de escala, C da função O cálculo consiste em determinar a frequência de cada intervalo de velocidade de vento f(Vi < V < Vi+1,), sendo a velocidade de vento V igual ao valor médio do intervalo, e multiplicar pelo número total de horas de um ano e pela potência média de geração, em kW, associada a esta velocidade através da curva de potência. O resultado é a quantidade de energia, em kWh, que o aerogerador é capaz de produzir em um ano neste intervalo de velocidade. Este procedimento deve ser repetido para todas as velocidades de vento no intervalo de geração do aerogerador e, em seguida, somado. Para simplificação do cálculo, a potência, P(V), associada ao intervalo de frequência f(Vi < V < Vi+1,) é igual à média aritmética das potências P(Vi) e P(Vi+1). A frequência de ocorrência do intervalo, é calculado através da diferença entre as probabilidades acumuladas das velocidades que limitam o intervalo f(Vi < V < Vi+1,) = F(Vi+1,)- F(Vi,). Desta forma, a energia anual bruta pode ser calculada pela seguinte equação: P (U i +1 ) + P(U i ) E = 8760 ⋅ ∑ ⋅ [F (U i +1 ) − F (U i )] 2 i =1 N −1 (14) Onde a função de probabilidade acumulada é: F (Vi ) = 1 − e V k − i C para a função de Weibull (15) e F (Vi ) = 1 − e π V − i 4V MED 2 para a função de Rayleighl Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER (16) 38 Aspectos Técnicos da Energia Eólica O fato de capacidade pode ser calculado pela razão da energia total gerada sobre a energia que o aerogerador geraria caso funcionasse em potência nominal durante todo o período. 5 5.1 QUALIDADE DE ENERGIA Introdução Devido à variabilidade do vento e às características dinâmicas do aerogerador, a instalação de centrais geradoras eólicas em uma rede elétrica pode afetar a qualidade da energia fornecida por esta rede, que pode ser sentida até mesmo pelo cintilar de uma lâmpada, fenômeno conhecido por Flicker (Rosas, P. A., 2003). O principal parâmetro avaliado da rede é a tensão, que deve estar dentro dos limites impostos pelos procedimentos de rede. Desta forma, antes de se instalar uma central eólica, deve-se avaliar o seu impacto na qualidade da energia fornecida pela rede elétrica considerando as características do aerogerador utilizado. Devido à necessidade de uma padronização do levantamento das características de qualidade de energia dos aerogeradores, a IEC começou a trabalhar com o tema em 1996, lançando em 2001 a norma IEC 61400-21 (IEC, 2001) que tornou-se bastante popular entre os fabricantes de aerogeradores para o levantamento e informação das características de qualidade de energia de seus equipamentos. As medições são realizadas separadamente para harmônicos, flicker, transientes, fator de potência, consumo de potência reativa e picos de potência. 5.2 Estudos de Impactos na Qualidade de Energia Os principais problemas causados à qualidade da energia podem ser classificados de acordo com o tempo de resposta: Variações lentas: também chamadas variações em regime permanente, são relacionadas com variações lentas dos ventos e devem ser avaliadas através de estudos de fluxo de carga observando o nível de tensão ao longo da rede, os perfis de carga no ramal de conexão e a regulação de tensão na subestação da concessionária. Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 39 Aspectos Técnicos da Energia Eólica O programa computacional normalmente utilizado para este estudo é o ANAREDE, que permite a realização do estudo de fluxo de potência, análise de contingências, análise de sensibilidade de tensão e fluxo, análise de segurança de tensão e simulação de equivalente de redes (CEPEL, 2012). Os estudos podem indicar a necessidade de realização de algumas ações para adequar o sistema, como ajuste da potência reativa fornecida localmente, reforço da rede elétrica ou até mesmo o desligamento da central eólica em condições especiais. Variações dinâmicas: são relacionadas com as características dinâmica das máquinas e com a turbulência do vento. Esse impacto é observado através das flutuações e afundamentos momentâneos de tensão e pela emissão de componentes harmônicas (A. B. Fernandes et al., 2011). Há duas formas de abordar o problema, a primeira, mais complexa, é através de simulações dinâmicas da operação das turbinas eólicas. Para isso, é necessário modelar o comportamento dinâmico do vento turbulento e do equipamento. A segunda abordagem é a partir do calculo dos parâmetros estabelecidos na IEC 61400–21, onde é feita a interpolação dos coeficientes definidos pela norma para encontrar o valor representativo para o local da instalação. Para esse método, necessita-se das características do aerogerador e do local de instalação: Principais características da instalação: • Curto circuito no ponto de conexão; • Ângulo da impedância de curto circuito; • Velocidade média anual de vento. Principais características do aerogerador: • Coeficiente de emissão de flicker em operação contínua e operação de chaveamento • Coeficiente de afundamento de tensão devido a operação de chaveamento; • Correntes harmônicas durante operação contínua (causadas por conversores eletrônicos, independente do vento e da rede elétrica); • Números máximos de chaveamento em 10 minutos e 120 minutos. Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 40 Aspectos Técnicos da Energia Eólica Esses estudos são normalmente realizados com o programa de Análise de Transitórios Eletromecânicos (ANATEM) que é uma aplicação computacional para estudos de estabilidade transitória de sistemas elétricos de potência. Seu foco é dirigido para a simulação no domínio do tempo para a análise dinâmica do sistema elétrico de potência, visando a avaliação da estabilidade eletromecânica. Por conseguinte, todos os equipamentos do sistema que desempenham papel relevante no processo transitório, após ocorrência de distúrbios ou perturbações no sistema, têm seus modelos disponibilizados no ANATEM (CEPEL, 2012). Variações transitórias: são relacionadas com as faltas e para seu levantamento deve-e avaliar a estabilidade e a operação integrada das centrais eólicas com o sistema elétrico durante e após condições que resultem em bruscas variações nas condições normais de operação tais como: operação das turbinas durante e após curtos circuitos; partida, troca de geradores e chaveamento de capacitores; e desligamento em ventos de alta velocidade. Depois de isolada a falta, com o restabelecimento da tensão nominal, os equipamentos elétricos (geradores e transformadores) demandam uma elevada corrente de re-magnetização. Para os estudos deve ser realizada a simulação da operação elétrica das turbinas eólicas e rede elétrica durante e após os curtos circuitos. Esses estudos são normalmente realizados com o programa de simulação de transitórios eletromagnéticos (acima de 20 Hz) em sistemas de energia elétrica, o ATP (Alternative Transients Program), que aplica o método baseado na utilização da matriz de admitância de barras. O ATP sofreu várias modificações ao longo do tempo permitindo atualmente que a entrada de dados seja feita por meio de uma interface gráfica, a essa versão deu-se o nome de ATPDraw. 5.3 Parâmetros de medição Um pico de potência é definido como o maior valor médio de potência ativa registrado nos terminais de um aerogerador durante operação contínua (sem parada) sobre um determinado intervalo de integração. Para o intervalo de 10 minutos, a IEC define-o como potência máxima permitida pelo sistema de controle, Pmc, devendo ser informada pelo fabricante. Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 41 Aspectos Técnicos da Energia Eólica Para os intervalos de integração de 0,2s e 60s, os picos são definidos como potência máxima medida e são representados por P0,2 e P60 respectivamente. As medições devem incluir no mínimo 5 intervalos de 10 minutos para os valores médios de velocidade de vento a cada 1m/s entre a velocidade de partida e 15 m/s. A freqüência mínima de amostragem deve ser de 5 Hz. A potência reativa deve ser medida como o valor médio em um intervalo de integração de 10 minutos sobre todo o intervalo de potência da turbina eólica e apresentado em uma tabela relacionado-o com o respectivo valor de potência ativa entre 0 a 100% a cada passo de 10%. Devem ser adotados os mesmos procedimentos definidos no item 2.6.1 e também devem ser definidos os valores de potência reativa para as potências Pmc, P0,2 e P60. 5.4 Sistema de Medição De acordo com a IEC 61400-21 (IEC, 2008), a medição da velocidade do vento deve ser realizada idealmente na altura do cubo do aerogerador através de um anemômetro com exatadidão de 0,5 m/s e taxa de amostragem de 1 Hz. Para as variáveis elétricas, deve-se utilizar transdutores de corrente e de tensão com exatidão classe 1, sendo recomendada a taxa de amostragem por canal de 2 kHz, para as medidas de potência ativa e reativa e tensão RMS, e de 20 kHz para as medições de harmônicos. O sinal deve ser conduzido por circuitos de condicionamento até os filtros anti-aliasing passa baixas usados para atenuar as componentes de alta freqüência do sinal. Em seguida, caso utilize-se um sistema de aquisição digital de dados, o conversor de sinal de analógico para digital (A/D) deve ter resolução de pelo menos 12 bits, conforme figura 11. Conversor A/D Filtro passa baixas Condicionador de sinal Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 42 Aspectos Técnicos da Energia Eólica Figura 11: Elementos para sistema de medição. Fonte: IEC 61400-21 2ª Ed. 5.5 Ensaio de suportabilidade ao afundamento de tensão O ensaio de suportabilidade a subtensões tem como objetivo verificar a capacidade do aerogerador em se manter em operação diante de um afundamento de tensão em uma ou mais fases no ponto de conexão (“Low Voltage Ride Through – LVRT”) devido a uma falha na rede elétrica. No Brasil, o Operador Nacional do Sistema define os requisitos técnicos mínimos para a conexão à rede básica (ONS, 2009) onde é apresentada uma curva de afundamento tensão à qual a central eólica deve suportar caso a tensão nos seus terminais permaneça acima desta curva. A curva é apresentada na figura 12. Figura 12: Tensão nos terminais dos aerogeradores (ONS, 2009). Para o estudo do comportamento do aerogerador submetido a afundamentos de tensão, devem ser realizados testes em campo no equipamento e analises de simulações de transientes para permitir a compreensão dos efeitos dos distúrbios da rede sobre o aerogerador e a verificação do atende aos requisitos da rede local. Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 43 Aspectos Técnicos da Energia Eólica Os testes devem ser realizados entre 10% e 30% e acima de 90% da potência nominal e necessitam de um equipamento caro, que isole o gerador da rede por meio de uma impedância que permitida produzir valores controlados de quedas de tensão no lado da média tensão do transformador, normalmente 34,5 kV. O procedimento de testes é apresentado na segunda edição da IEC 61400-21 (IEC, 2008), assim como um esquema básico sugerido para o dispositivo gerador de afundamento de tensão através de um curto circuito controlado, como apresentado na figura 13. Z1 Sk, Ψk Z2 S Figura 13: Esquema do equipamento gerador de afundamento de tensão. A impedância Z2 simula a impedância de falta. O afundamento inicia quando o disjuntor S é fechado e termina quando o disjuntor abre e elimina a corrente de falta. As impedâncias normalmente são indutores, pois eles apresentam perdas menores do que os resistores. Além disso, impedância de falta indutiva é mais utilizada especialmente para geradores duplamente alimentados (Niiranen, J. et al, 2011). A impedância Z1 é necessária para limitar as influências da queda de tensão na rede elétrica. Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 44 Aspectos Técnicos da Energia Eólica 6 6.1 EMISSÃO DE RUÍDOS POR AEROGERADORES Introdução O som é a propagação de uma onda de pressão que pode ser detectada pelo ouvido humano, ou seja, quando emitida no intervalo de freqüência entre 20 Hz e 20 kHz. Quando o som é considerado indesejado, é definido como ruído e, apesar da subjetividade relacionada à sensibilidade de cada indivíduo, há vários regulamentos que limitam o nível máximo de ruído que um indivíduo pode ser exposto. Os aerogeradores emitem sons de origem mecânica e aerodinâmica que são responsáveis por um dos impactos ambientais mais estudados na implantação de parques eólicos, sendo um importante critério de posicionamento dos equipamentos. A Norma IEC 61400-11 (2006) define procedimentos que podem ser facilmente replicados para medição da emissão de ruído acústico dos aerogeradores. Os procedimentos para medição do ruído no receptor são descritos na recomendação 10 da IEA (1997). 6.2 Fontes de Ruído Os ruídos emitidos por um aerogerador têm origem no escoamento de ar em torno das pás ou são causados pela interação dos componentes mecânicos. Os sons de origem mecânica são geralmente emitidos pelos seguintes componentes: caixa de engrenagem, gerador, sistema de posicionamento (yaw), ventiladores de arrefecimento e equipamentos auxiliares tais como sistemas hidráulicos. Os ruídos emitidos pelos componentes do aerogerador podem ser transmitidos diretamente pelo ar ou através da estrutura do equipamento, como rotor, cubo e torre que funcionam como uma caixa de som, captando o som emitido pelo componente dentro da nacele e transmitindo-o diretamente para o ar com intensidade superior à percebida pela emissão direta do componente. Dentre os componentes mecânicos, a caixa de engrenagens é normalmente a principal responsável pela emissão de ruídos. Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 45 Aspectos Técnicos da Energia Eólica Alguns cuidados durante a fase de projeto ou ajustes durante a montagem levam a uma redução do ruído emitido por componentes mecânicos, tais como a aplicação de: engrenagens com melhor qualidade dimensional e acabamento superficial, ventiladores de baixa rotação, isolamentos acústicos na nacele, isoladores de vibração (tais como coxins) para montagem dos equipamentos. Podese ainda dar preferência à montagem de equipamentos na nacele do que na parte de baixo da torre e ter um cuidado especial na lubrificação dos componentes. Os sons de origem aerodinâmica são atualmente os maiores responsáveis pela emissão de ruídos de um aerogerador. A emissão de ruído aerodinâmico aumenta aproximadamente proporcional à quinta potência da velocidade da ponta da pá, conseqüentemente, fabricantes limitam essa velocidade a 65 m/s para projetos de aerogeradores a serem instalados em terra sob condições normais (Burton et al, 2001). Os principais mecanismos de geração de ruídos aerodinâmicos podem se divididos em três grupos e podem ser observados na figura 14 (Wagner el al., 1996): - Som de baixa freqüência: produzido pela alta rotação da pá, ou quando a pá encontra variações no escoamento de ar provenientes da passagem em volta da torre (principalmente para rotores sotavento - downwind) . - Som devido à turbulência incidente: proveniente da interação entre as pás e a turbulência atmosférica. - Ruído próprio do aerofólio: este é o principal grupo de ruídos aerodinâmicos e inclui os ruídos gerados no bordo de fuga e na ponta da pá, causados pela interação da camada limite com a superfície da pá, pelo descolamento do fluxo devido ao fenômeno de estol e devido à imperfeições na superfície da pá. Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 46 Aspectos Técnicos da Energia Eólica Figura 14: Esquema do escoamento de ar em torno de uma pá (Wagner, 1996). Existem várias estratégias para mitigar o ruído emitido pelas pás, as principais estão relacionadas à redução da velocidade da ponta da pá, seja pela diminuição da velocidade rotacional ou pela utilização de pás menores. Outras estão diretamente ligadas ao projeto aerodinâmico da pá através da alteração da forma da ponta ou do bordo de fuga, utilização de ângulos de ataque menores e velocidade de rotação variável (Rogers, A. et al., 2006). 6.3 Medição e Avaliação do Ruído O som é caracterizado pela sua amplitude (altura) e freqüência (de agudo a grave). Os sons normalmente encontrados no nosso dia a dia não possuem apenas uma freqüência e sim uma combinação de várias frequências. A velocidade do som depende do meio de propagação, sendo de aproximadamente 340 m/s no ar em condições normais de pressão e pode ser calculada pela multiplicação de sua frequência, f, pelo comprimento de onda, λ. O ouvido humano consegue perceber um vasto intervalo de pressão sonora, mas não de forma linear, mas aproximadamente numa escala logarítmica. Desta forma, a intensidade do som, I, que é definida como a potência do som por unidade de área (watt/m2) é medida em decibéis, tendo como referência, I0, o valor limiar da audição a 1000 Hz, que é de 10-12W/m2. I = 10 log10 (-I/I0) Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER (17) 47 Aspectos Técnicos da Energia Eólica Como o som consiste em ondas de pressão, a potência sonora utilizada para caracterizar a potência total emitida por uma fonte também é quantificada pela sua relação com uma potência de referência, P0, onde P0 é igual a 2 x 10-5 N/m2. O nível de potência sonora, LW, medido em decibéis (dB) é dado por: LW = 10 log10 (P/P0) (18) O nível de pressão sonora, LP, que pode ser medido por um microfone para caracterizar o som em um determinado ponto, é definido em decibéis da seguinte forma: LP = 20 log10 (p/p0) (19) Onde p é a pressão sonora eficaz (RMS) e p0 a pressão sonora efetiva de referência (normalmente 2 x 10-5 Pa) Apesar da escala logarítmica representar bem a forma de percepção do ouvido humano, o sistema de decibéis é frequentemente mal interpretado. Um nível sonoro de 100 dB, por exemplo, contém duas vezes a energia de um nível sonoro de 97 dB. Uma turbina eólica com capacidade superior a 1 megawatt tem normalmente um nível de potência sonora entre 100 dB a 106 dB. A instalação de uma segunda turbina com o mesmo nível de potência sonora só irá causar um aumento de 3 dB. O aumento de 26% na energia de um som aumenta o nível de potência sonora em apenas 1 dB, enquanto triplicar a energia de um som produz um aumento de 5dBa. Se reduzirmos a distância do receptor à fonte de emissão pela metade, tem-se um aumento de 6 dB no nível de pressão sonora. A figura 15 apresenta a ordem de grandeza de sons comuns encontrados no nosso dia a dia. Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 48 Aspectos Técnicos da Energia Eólica Figura 15: Exemplos de nível de pressão sonora (Bruel and Kjaer Instruments). A medição de níveis sonoros que combine várias freqüências em um único valor ponderado é definida como nível sonoro equivalente. Os níveis sonoros são normalmente medidos com filtros que permite dar um menor peso para as baixas freqüências. A escala mais comum de ponderação é a escala “A” que se aproxima da resposta do ouvido humano para sons de intensidade média e possui unidade dB(A). Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 49 Aspectos Técnicos da Energia Eólica A medição dos ruídos acústicos emitidos por um aerogerador deve ser realizada de acordo com os procedimentos definidos na norma IEC 61400-11 (2006). Estes procedimentos definem a posição dos instrumentos de medição, os requisitos para o microfone, o calibrador acústico e o sistema de gravação, requisitos para aquisição dos dados acústicos, meteorológicos e operacionais do aerogerador, a forma de análise dos dados e a definição dos parâmetros acústicos a serem considerados. Os resultados da medição permitem a caracterização das emissões de ruídos do aerogerador para determinadas velocidades e direções do vento, o que permite realizar previamente a avaliação do impacto sonoro causado por um aerogerador instalado sozinho ou redondezas nas redondezas de uma central eólica. Normalmente, os programas computacionais utilizados para fazer o micro posicionamento (micrositing) dos aerogeradores, são capazes de calcular as isolinhas de níveis sonoros nas vizinhanças da central eólica, considerando a contribuição de todos os aerogeradores instalados. A medição para caracterização do aerogerador deve ser realizada com medidor de nível de pressão sonora que atenda aos requisitos da norma IEC 60804 para o tipo 1 e que permita a avaliação por bandas de um terço de oitava e por bandas estreitas. O microfone deve montado no chão sobre uma placa plana de 1m de diâmetro numa posição à jusante do vento e distância R0 que deve ser igual à altura do cubo adicionada ao raio do rotor, conforme apresentado na figura 16. Figura 16: Imagem do microfone sobre uma placa e esquema de sua posição em relação ao aerogerador, IEC 61400-11 (2006). Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 50 Aspectos Técnicos da Energia Eólica O relatório deve trazer os valores do nível de potência sonora ponderado, LWA, em dB(A) para as velocidades de vento de 6 a 10 m/s. No Brasil, a Lei n.º 1.065 de maio de 1996 estabelece as normas de preservação ambiental quanto à poluição sonora, sendo recomendadas as condições exigíveis para avaliação da aceitabilidade e o método medição de ruído definidos na Norma NBR 10.151 (ABNT, 2000) e os níveis de ruído compatíveis com o conforto acústico em ambientes diversos definidos pela NBR 10.152 (ABNT, 1987). De acordo com a NBR 10.152, o nível de ruído de conforto no dormitório de uma residência é de 35 dB(A), enquanto o nível aceitável é de 45 dB(A). Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis –CTGÁS -ER 51 Aspectos Técnicos da Energia Eólica 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A. B. Fernandes, P. A. C. Rosas & C. C. 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