Literatura pode ser definida como a arte de criar e recriar textos, de compor ou estudar escritos artísticos; o exercício da eloquência e da poesia; o conjunto de produções literárias de um país ou de uma época; a carreira das letras. A palavra Literatura vem do latim "litteris" que significa "Letras", e possivelmente uma tradução do grego "grammatikee". Em latim, literatura significa uma instrução ou um conjunto de saberes ou habilidades de escrever e ler bem, e relaciona-se com as artes da gramática, da retórica e da poética. Por extensão, refere-se especificamente à arte ou ofício de escrever de forma artística. O termo Literatura também é usado como referência a um corpo ou um conjunto escolhido de textos como, por exemplo, a literatura médica, a literatura inglesa, literatura portuguesa, etc. "Arte Literária é mimese (imitação); é a arte que imita pela palavra." (Aristóteles, Grécia Clássica); A Literatura obedece a leis inflexíveis: a da herança, a do meio, a do momento." (Hipolite Taine, pensador determinista, metade do século XIX); "A Literatura é arte e só pode ser encarada como arte." (Doutrina da arte pela arte, fins do século XIX); "O poeta sente as palavras ou frases como coisas e não como sinais, e a sua obra como um fim e não como um meio; como uma arma de combate." (Jean-Paul Sartre, filósofo francês, século XX. O texto literário é, portanto, aquele que pretende emocionar e que, para isso, emprega a língua com liberdade e beleza, utilizando-se, muitas vezes, do sentido metafórico das palavras. Os textos literários exigem mais atenção e, necessariamente várias leituras para a sua compreensão. O texto científico tem uma linguagem objectiva, clara, de fácil entendimento, ao passo que a linguagem literária é conotativa, ou seja, uma palavra pode ter várias significações na frase, o que dificulta a sua interpretação. Exemplos de textos não-literários são: notícias e reportagens jornalísticas, textos de livros didácticos de História, Geografia, Ciências, textos científicos em geral, receitas culinárias, bulas de remédio. Exemplos de textos literários são: poemas, romances literários, contos, novelas. O género literário (mais amplamente conhecido como géneros literários) é geralmente dividido, desde a Antiguidade, em três grupos: narrativo ou épico, lírico e dramático. Essa divisão partiu dos filósofos da Grécia antiga, Platão e Aristóteles, quando iniciaram estudos para a problematização daquilo que representaria o literário e como essa representação seria produzida. Essas três classificações básicas fixadas pela tradição englobam inúmeras categorias menores, comummente denominadas subgéneros. O género lírico faz-se, na maioria das vezes, em versos e explora a musicalidade das palavras. Entretanto, os outros dois géneros — o narrativo e o dramático — também podem ser escritos nessa forma, embora modernamente prefira-se a prosa. Todos as modalidades literárias são influenciadas pelas personagens, pelo espaço e pelo tempo. Todos os géneros podem ser não-ficcionais ou ficcionais. Os não-ficcionais baseiam-se na realidade, e os ficcionais inventam um mundo, onde os acontecimentos ocorrem coerentemente com o que se passa no enredo da história. O género narrativo nada mais faz do que relatar um enredo, sendo ele imaginário ou não, situado num tempo e lugar determinados, envolvendo uma ou mais personagens, e assim o faz de diversas formas. As narrativas utilizam-se de diferentes linguagens: a verbal (oral ou escrita), a visual (por meio da imagem), a gestual (por meio de gestos), além de outras. Quanto à estrutura, ao conteúdo e à extensão, pode-se classificar as obras narrativas em romances, contos, novelas, poemas épicos, crónicas, fábulas e ensaios. Quanto à temática, as narrativas podem ser histórias policiais, de amor, de ficção, etc. Todo texto que tem foco narrativo, enredo, personagens, tempo e espaço, conflito, clímax e desfecho é classificado como narrativo. Romance: é um texto completo, com tempo, espaço e personagens bem definidos de carácter verosímil. Fábula: é um texto de carácter fantástico que procura ser inverosímil (não tem nenhuma semelhança com a realidade). As personagens principais são animais ou objectos, e a finalidade é transmitir alguma lição de moral. Epopeia ou Épico: é uma narrativa feita em versos, num longo poema que ressalta os feitos de um herói ou as aventuras de um povo. Quatro belos exemplos são O Senhor dos Anéis, de J. R. R. Tolkien, Os Lusíadas, de Luís de Camões, Ilíada e Odisseia, de Homero. Novela: é um texto caracterizado por ser intermediário entre a longevidade do romance e a brevidade do conto. O personagem se caracteriza existencialmente em poucas situações. Como exemplos de novelas, podem ser citadas as obras O Alienista, de Machado de Assis, e A Metamorfose, de Kafka. Conto: é um texto narrativo breve, e de ficção, geralmente em prosa, que conta situações rotineiras, anedotas e até folclores (conto popular). Caracteriza-se por personagens previamente retratados. Inicialmente, fazia parte da literatura oral. Crónica: é uma narrativa informal, ligada à vida quotidiana, com linguagem coloquial, breve, com um toque de humor e crítica. Ensaio: é um texto literário breve, situado entre o poético e o didáctico, expondo ideias, críticas e reflexões morais e filosóficas a respeito de certo tema. É menos formal e mais flexível que o tratado. Consiste também na defesa de um ponto de vista pessoal e subjectivo sobre um tema (humanístico, filosófico, político, social, cultural, moral, comportamental, literário, etc.), sem que se paute em formalidades como documentos ou provas empíricas ou dedutivas de carácter científico. Na maioria das vezes expresso pela poesia. Entretanto é de grande importância realçar que nem toda poesia pertence ao género lírico. Este género preocupa-se principalmente com o mundo interior de quem escreve o poema, o eu-lírico, que pode ser também chamado de sujeito lírico, voz lírica ou voz poética. Os acontecimentos exteriores funcionam como estímulo para o poeta escrever. Na poesia moderna encontram-se muitas manifestações poéticas que criticam a realidade social em que ela está inserida. A importância da palavra no poema é tão relevante que é possível aproveitar toda a riqueza fonética, morfológica e sintáctica da língua e, através dela, constroem-se várias maneiras de provocar sensações no íntimo do leitor. Devido a essa intensidade de expressão, as obras líricas tendem a ser breves e a acentuar o ritmo e a musicalidade da linguagem. Ode: é um texto de cunho entusiástico e melódico, em geral, uma música. Hino: é um texto de cunho glorificador ou até santificador. Os hinos de países e as músicas religiosas são exemplos de hinos. Soneto: é um texto em poesia com 14 versos, dividido em dois quartetos e dois tercetos, com rima geralmente em A-B-A-B A-B-B-A C-D-C D-C-D. É composto por textos que foram escritos para serem encenados em forma de peça de teatro. Para o texto dramático se tornar uma peça, ele deve primeiro ser transformado num roteiro, para depois poder ser transformado num texto do género dramático. A principal característica do texto dramático é a presença do chamado texto principal, composto pela parte do texto que deve ser dito pelos actores na peça e que, muitas vezes, é induzido pelas indicações cénicas ou didascálias, texto também chamado de secundário, que informa os actores e o leitor sobre a dinâmica do texto principal. Por exemplo, antes da fala de um personagem é colocada a expressão: «com voz baixa», indicando como o texto deve ser falado. Já que não existe narrador nesse tipo de texto, o texto é dividido em actos quando há mudança de cenário, que por sua vez se dividem em cenas quando entram novas personagem em palco. Elegia — é um texto de exaltação à morte de alguém, sendo que a morte é elevada como o ponto máximo do texto. Um bom exemplo é a peça Romeu e Julieta, de William Shakespeare. Sátira — é um texto de carácter ridicularizador, podendo ser também uma crítica indirecta a algum facto ou a alguém. Farsa — é um texto onde os personagens principais podem ser duas ou mais pessoas diferentes e não serem reconhecidos pelos feitos dessa pessoa. Tragédia — representa um facto trágico e tende a provocar compaixão e terror. Comédia - é o uso de humor nas artes cénicas. Também pode significar um espectáculo que recorre intensivamente ao humor. De forma geral, "comédia" é o que é engraçado, que faz rir. Denominamos Literatura de Portugal (doravante literatura portuguesa) a literatura escrita no idioma português por escritores portugueses. Os inícios da literatura portuguesa encontram-se na poesia galegoportuguesa medieval, desenvolvida originalmente na Galiza e no Norte de Portugal. A Idade de ouro situa-se no Renascimento, momento em que aparecem escritores como Gil Vicente, Bernardim Ribeiro, Sá de Miranda e sobretudo o grande poeta épico Luís de Camões. O século XVII ficou marcado pela introdução do Barroco em Portugal e é geralmente considerado como um século de decadência literária, não obstante a existência de escritores como o Padre António Vieira, o Padre Manuel Bernardes e Francisco Rodrigues Lobo. Os escritores do século XVIII, para contrariarem uma certa decadência da fase barroca, fizeram um esforço no sentido de recuperar o nível da idade dourada – o neoclassicismo, através da criação de Academias e Arcádias literárias. Com o século XIX, foram abandonados os ideais neoclássicos, Almeida Garrett introduziu o Romantismo, seguido por Alexandre Herculano e Rebelo da Silva. No campo da novela, na segunda metade do século XIX, desenvolveu-se o Realismo, de feição naturalista, cujos máximos representantes foram Eça de Queiroz, Ramalho Ortigão e Camilo Castelo Branco. As tendências literárias do século XX estão representadas, principalmente, por Fernando Pessoa, considerado como o grande poeta nacional a par de Camões, e já nos seus últimos anos pelo desenvolvimento da prosa de ficção, graças a autores como António Lobo Antunes e José Saramago, Prémio Nobel de Literatura. A princípios do século XX surgiu o grupo da "Renascença Portuguesa", em torno da revista A Águia, e ao redor do qual se integrava o movimento conhecido como Saudosismo, nostálgico e subjectivo, e cujo máximo representante era o poeta Teixeira de Pascoaes. Outro poeta desta época, que compartilhou páginas com Pessoa na revista modernista Orpheu foi Mário de Sá-Carneiro, poeta que se suicidou em Paris em 1916. Também José Régio sobressaiu como poeta e dramaturgo. Em meados do século, surgem duas tendências opostas na literatura portuguesa: uma delas em torno da revista Presença, mais próxima ao vanguardismo, e a outra, próximo do neorrealismo, em torno da colecção Novo Cancioneiro, com figuras como Álvaro Feijó, João José Cochofel, Carlos de Oliveira ou Manuel da Fonseca. Também nesta época existia o grupo surrealista de Lisboa, cujas figuras principais eram António Pedro, Mário Cesariny de Vasconcelos e Alexandre O'Neill. No caso do teatro, e também em meados do século XX cabe destacar as figuras de Júlio Dantas, Raul Brandão e José Régio. O contexto político da ditadura fomentou posteriormente uma nova literatura "de intervenção", que se popularizou graças a nomes como Bernardo Santareno, Luís Francisco Rebelo, José Cardoso Pires ou Luís de Sttau Monteiro. A princípios dos anos 1970, em plena ditadura, publicaram-se uma série de obras em prosa e em verso de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa que publicaram uma grande polémica, devido ao seu conteúdo erótico e feminista; a sua publicação foi proibida, e só puderam reimprimir-se depois da queda da ditadura. Outra poetisa destacada desta mesma época foi Sophia de Mello Breyner Andresen, autora de uma ampla obra poética. Nos últimos anos do século XX, e a começos do XXI, a literatura portuguesa em prosa tem demonstrado uma grande vitalidade, graças a escritores como António Lobo Antunes e sobretudo o Prémio Nobel de Literatura José Saramago, autor de romances como Ensaio sobre a cegueira, O Evangelho segundo Jesus Cristo ou A caverna. A transição do séc. XX para o séc. XXI testemunha também o aparecimento duma literatura leve (é frequentemente chamada de "light"), fenómeno algo recente em Portugal mas desde há décadas bastante comum noutras latitudes (com designações como, por exemplo, "literatura de aeroporto") e que, se bem que recebida, no mínimo, com reticências por parte dos círculos mais literatos, trouxe, pelo menos, a vantagem de ter conseguido atingir assinaláveis volumes de vendas. O desenvolvimento de outras formas de comunicação social ao longo do séc. XX tornou alguns escritores nomes familiares do chamado grande público, o que nem sempre, todavia, significava que a sua produção literária se tornasse substancialmente mais lida, uma vez que não se foram desenvolvendo hábitos de leitura na população. Vitorino Nemésio (1901-1978), por exemplo, tornou-se especialmente conhecido por aparições semanais na televisão nos anos 70, em que evidenciava um estilo coloquial cativante que não escondia uma vasta cultura. Atrás de si tinha, porém, décadas de actividade como escritor e professor de literatura. Foi poeta, romancista e ensaísta e deixou vincada na sua obra a origem açoriana e um sentido apego a tradições populares. Mau Tempo no Canal (1944) reflecte bem a consciência social e literária dum escritor fisicamente ausente da sua terra natal, mas que a ela recorre como tema inesgotável. Nos anos 60 o cinema foi veículo divulgador de parte da obra de Fernando Namora (1919-1989), médico de profissão, que passou do Neo-realismo ao Existencialismo à medida que, no desempenho dessa actividade, se afastou dos meios rurais e se radicou nos centros urbanos. Retalhos da Vida dum Médico, com um primeiro volume lançado em 1949, relatando experiências vividas no interior do país, e outro publicado em 1963, já com referências ao exercício da Medicina na capital, permitem, por si só, acompanhar a transformação do escritor e foram adaptados ao cinema, tal como Domingo à Tarde (1961), em que formula já questões de ordem metafísica. A reflexão sobre a natureza humana foi praticamente o tema (mas com diferentes abordagens) de quase toda a produção literária de Vergílio Ferreira (1916-1996), exemplo mais claro do Existencialismo. Também graças a uma conseguida adaptação cinematográfica, Manhã Submersa, um dos seus primeiros livros (1944), tornou-se um êxito literário muito após a sua primeira edição. Escritor dos mais premiados a nível nacional e internacional, Vergílio Ferreira deixou num diário publicado desde 1981, Conta-Corrente, um contributo para o entendimento das mudanças sociais operadas no Portugal pós-25 de Abril. A Aparição é um dos seus livros estudados nas escolas. ACTIVIDADE: Elabore uma pesquisa sobre a relação da literatura portuguesa do séc. XX com outras formas de expressão artística, como televisão, teatro, pintura, cinema, música, etc… Pode pesquisar sobre um destes escritores: › Agustina Bessa Luís › António Lobo Antunes › David Mourão Ferreira › Dinis Machado › José Cardoso Pires › José Saramago › Lídia Jorge › Manuel Alegre › › Sophia de Mello Breyner Andersen Vergílio Ferreira