Mapeamento de elementos químicos em zona industrial através da utilização de biomonitores TIAGO ALEXANDRE PEREIRA VELEZ RIBEIRO Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Química Júri Presidente: Prof. Doutor Sebastião Manuel Tavares da Silva Alves Orientador: Prof.ª Doutora Margarida Maria Portela Correia dos Santos Romão Orientador: Doutora Susana Marta Lopes Almeida Vogal: Doutora Maria do Carmo Moreira de Freitas Novembro de 2011 Agradecimentos Em primeiro lugar, tenho que agradecer à minha orientadora externa, a Doutora Marta Almeida, pois merece um agradecimento especial pelo profissionalismo e esforço incessante na ajuda que me deu para a realização deste trabalho, bem como pela simpatia, humildade e disponibilidade apresentadas. A Professora Margarida Romão foi muito importante no esclarecimento de dúvidas, para além disso, demonstrou um grande profissionalismo, simpatia, disponibilidade e ajuda na execução deste trabalho. Agradeço ao Instituto Tecnológico e Nuclear, em Sacavém, por me ter dado a oportunidade de enriquecer os meus conhecimentos: na área de protecção radiológica; na área de investigação; e em diferentes tipos de software. Dentro do ITN, efectuei o meu trabalho com a ajuda do Grupo NANE, incorporado na Unidade de Reactores e Segurança Nuclear (URSN). Agradeço a todos os meus colegas, dentro do grupo NANE, por toda a ajuda dada e pela simpatia, espírito de união e de equipa vividos nos longos meses passados no ITN, onde ganhei amigos, em especial à Ana Isabel Pedro, com quem compartilhei o meu trabalho. Os meus colegas Nuno Canha, Catarina Galinha, Alexandra Silva, Ana Cruz e Ho Dung, sendo mais velhos que eu, estiveram sempre disponíveis para me ajudar, com uma palavra mais sábia e experiente. A minha colega Marina Silva também sempre me ajudou e aconselhou. Um obrigado às minhas colegas Joana Lage e Carla Ramos, que também estiveram presentes na minha defesa e me apoiaram. Na parte laboratorial, agradeço à Isabel Dionísio e ao Timóteo Sitoe pelo auxílio. Alguns nomes deste grupo não foram mencionados e peço desculpa por isso, um obrigado a todos eles, por me ajudarem a enriquecer pessoal e profissionalmente. Num período complicado da minha vida, agradeço em especial à minha mãe, com quem vivo e que me apoia como pode. Um grande obrigado a todos os meus amigos que me têm sempre ajudado, numa altura em que também tirei a carta de condução. Em geral, agradeço a todas as pessoas que me ajudaram a realizar este trabalho, bem como à minha mãe e aos meus amigos. -1- 1. Resumo O impacto industrial numa região das Astúrias, Espanha, foi realizado através de técnicas de biomonitorização. Os biomonitores usados neste trabalho foram líquenes. Os líquenes foram colhidos em Montargil, por ser uma zona considerada limpa, em relação à qualidade do ar, em Abril de 2010. A sua exposição ocorreu entre Abril e Setembro do mesmo ano. Depois da exposição dos líquenes, o trabalho teve essencialmente três objectivos: 1) investigar padrões espaciais de condutividade dos líquenes por forma a identificar o impacto da área industrial estudada; 2) estudar a distribuição espacial das concentrações dos elementos químicos (Al, Br, Cl, Cu, I, Mn, Na e V) determinadas pela técnica INAA; 3) estabelecer uma relação entre a distribuição das condutividades e das concentrações medidas nos líquenes e as características das fontes locais. Os valores adquiridos confirmaram que os maiores valores de condutividade coincidiram com a maior zona industrial da zona de estudo. Observou-se que as distribuições dos elementos provenientes do mar (cloro, iodo e sódio) são idênticas entre si. As maiores concentrações elementares dos poluentes (cobre, manganês e vanádio) incidiram sobre a zona industrial, precisamente, na metalúrgica (fonte emissora). O alumínio não teve uma distribuição coerente com nenhum dos outros elementos, pois advém do solo. O bromo deriva de uma fonte natural (mar) e de duas fontes antropogénicas (siderurgia e veículos). Um dos elementos analisados (cálcio) só foi identificado num dos pontos da região, assim sendo, não se efectuou o seu mapeamento. Contudo, esse resultado foi importante para determinar uma fonte emissora (sinterização). Palavras – Chave: Biomonitorização; Líquenes; INAA; Poluentes; Fontes; Mapeamento -2- 1. Abstract The industrial impact in a region of Asturias, Spain, was made by biomonitoring techniques. The biomonitors used in this work have been lichens. The lichens were collected in Montargil, an area considered to be clean, in relation to air quality, in April 2010. Its exposure occurred between April and September of same year. After lichens exposure, the study had three objectives, essentially: 1) explore spatial patterns of lichens conductivity in order to identify the impact of the industrial studied area; 2) study the spatial distribution of chemical elements concentrations (Al, Br, Cl, Cu, I, Mn, Na e V) determined by INAA technique; 3) establish a relationship between the distribution of conductivity and the concentrations measured in lichens and the characteristics of local sources. The obtained values confirmed that the highest conductivity coincided with the largest industrial zone in the study area. It was observed that the distributions of elements from the sea (chlorine, iodine and sodium) are identical. The highest elemental concentrations of pollutants (copper, manganese and vanadium) have focused on the industrial zone, more precisely, in metallurgy (emission source). Aluminum did not have a consistent distribution with any of the other elements, because it comes from the soil. Bromine is derived from a natural source (sea) and two anthropogenic sources (metal production and vehicles). One of the analyzed elements (calcium) was only identified in one of the points in the region, therefore, it was not made its mapping. However, this result was important to determine an emission source (sintering). Keywords: Biomonitoring; Lichens; INAA; Pollutants; Sources; Mapping -3- Índice 1. Resumo ..................................................................................................................................... 2 1. Abstract ..................................................................................................................................... 3 2. Objectivos ................................................................................................................................ 10 3. Introdução................................................................................................................................ 11 3.1. Biomonitorização .............................................................................................................. 11 3.1.1. Importância ................................................................................................................ 11 3.1.2. Líquenes .................................................................................................................... 12 3.1.3. Condutividade e Elementos ...................................................................................... 15 3.1.4. Mapeamento ............................................................................................................. 16 3.2. Poluição Atmosférica ........................................................................................................ 17 3.2.1. Atmosfera .................................................................................................................. 17 3.2.2. Partículas e Elementos ............................................................................................. 18 3.2.3. Impacto da Exposição ............................................................................................... 19 3.2.4. Fontes ....................................................................................................................... 20 4. Método Experimental .............................................................................................................. 24 4.1. Local de Estudo ................................................................................................................ 24 4.2. Transplantes e Exposição ................................................................................................ 25 4.3. Preparação para Determinação de Condutividade .......................................................... 27 4.4. Preparação para Determinação de Concentrações Elementares ................................... 28 4.5. Análise Elementar ............................................................................................................ 29 4.5.1. RPI ............................................................................................................................ 29 4.5.2. INAA .......................................................................................................................... 31 4.5.3. Método do Factor k0 .................................................................................................. 32 4.5.4. Procedimento ............................................................................................................ 33 4.5.5. Sipra .......................................................................................................................... 34 4.6. Mapeamento - Geoestatística .......................................................................................... 35 5. Controlo de Qualidade dos Padrões ....................................................................................... 36 6. Resultados e Discussão .......................................................................................................... 38 6.1. Condutividade................................................................................................................... 39 6.2. Concentrações Elementares ............................................................................................ 42 6.2.1. Alumínio .................................................................................................................... 42 6.2.2. Bromo ........................................................................................................................ 45 6.2.3. Cálcio ........................................................................................................................ 48 6.2.4. Cloro, Iodo e Sódio.................................................................................................... 48 6.2.5. Cobre, Manganês e Vanádio .................................................................................... 54 6.3. Correlações ...................................................................................................................... 60 6.4. Qualidade do Ar na Zona de Estudo ................................................................................ 65 -4- 7. Conclusões .............................................................................................................................. 68 8. Referências Bibliográficas ....................................................................................................... 70 9. Anexos ..................................................................................................................................... 75 -5- Lista de Tabelas Tabela 3.2.1.1 – Composição Gasosa da Atmosfera seca [16] .................................................. 17 Tabela 3.2.2.1 – Valores limite para PM10 e PM2.5 (Adaptado [20]) ............................................ 19 Tabela 6.3.1 – Coeficiente de correlação linear, R, para as diferentes associações ................ 60 -6- Lista de Figuras Figura 3.1.1.1 – Musgos e Líquenes [3] ...................................................................................... 12 Figura 3.1.2.1 – Líquenes Incrustante (a), Foliar (b) e Arbustivo (c) [4] ..................................... 13 Figura 3.1.2.2 – Líquen Epifítico (a) [5] e Epilítico (b) [6] ............................................................ 14 Figura 3.1.2.3 – Líquen Parmelia sulcata Taylor [7] ................................................................... 15 Figura 3.2.4.1 – Distribuição numérica (nºN), de superfície (nºS) e de volume (nºV) de um aerossol urbano, para diferentes granulometrias [17] ............................................................... 21 Figura 3.2.4.2 – Distribuição volumétrica, para diferentes granulometrias, de dois aerossóis urbanos: médio e próximo das fontes [17] ................................................................................. 22 Figura 4.1.1 – Área de estudo ..................................................................................................... 24 Figura 4.2.1 – Origem dos líquenes (1) e a sua área de exposição (2) (Adaptado [43]) ........... 25 Figura 4.2.2 – Recolha de líquenes, em Montargil ..................................................................... 26 Figura 4.2.3 – Exposição de líquenes, nas Astúrias, Espanha ................................................... 26 Figura 4.2.4 – Disposição dos líquenes transplantados para a zona de estudo: Grelha (preto); Industriais (vermelho); Estações (azul) ....................................................................................... 27 Figura 4.3.1 – Introdução de 1 g de líquen, em 100 mL de água destilada ............................... 28 Figura 4.3.2 – Medição da condutividade com o aparelho Conductometer Metrohm 712 ......... 28 Figura 4.5.1.1 – RPI visto de cima [46] ....................................................................................... 29 Figura 4.5.1.2 – Esquematização de um reactor nuclear do tipo piscina [46] ............................ 30 Figura 4.5.1.3 – Esquematização do núcleo do RPI: N – Elementos de combustível standard; C – Elementos de controlo; Be – Blocos de berílio; DA – Elementos fictícios [46] ........................ 30 Figura 4.5.2.1 – Captura de um neutrão, seguida de radiação gama [46] ................................. 31 Figura 4.5.5.1 – Representação do Sipra: introdução das células (1); armazenamento de células (2); carregador automático (3); reactor (4); foto detector F2 (5); controlador do sistema (6); foto detector F1 (7); detector G15 (8); carregador automático (9); armazenamento de células irradiadas (10); carregador manual (emergência) (11) (Adaptado [46]) ......................... 35 Figura 5.1 – Comparação dos valores experimentais com os certificados, para Citrus Leaves: valor médio do rácio (centro); desvio padrão (barras) (Anexo III) .............................................. 36 Figura 5.2 – Comparação dos valores experimentais com os certificados, para IAEA-336: valor médio do rácio (centro); desvio padrão (barras) (Anexo IV) ....................................................... 36 Figura 6.1 – Rosa-dos-ventos para o local e o período de exposição dos líquenes [43] ........... 38 Figura 6.1.1 – Comparação da condutividade eléctrica obtida para os líquenes expostos (azul) e não expostos, com desvio (verde) ........................................................................................... 40 Figura 6.1.2 – Mapeamento da condutividade eléctrica ............................................................. 41 Figura 6.1.3 – Relevo e condutividade na zona número 4 (Figura 4.2.4) (Adaptado [43]) ......... 42 Figura 6.2.1.1 – Comparação da concentração de alumínio obtida para os líquenes expostos (azul) e não expostos, com desvio (verde) ................................................................................. 43 Figura 6.2.1.2 – Mapeamento da concentração de alumínio ...................................................... 42 -7- Figura 6.2.2.1 – Comparação da concentração de bromo obtida para os líquenes expostos (azul) e não expostos, com desvio (verde) ................................................................................. 46 Figura 6.2.2.2 – Mapeamento da concentração de bromo ......................................................... 47 Figura 6.2.4.1 – Comparação da concentração de cloro obtida para os líquenes expostos (azul) e não expostos, com desvio (verde) ........................................................................................... 49 Figura 6.2.4.2 – Comparação da concentração de iodo obtida para os líquenes expostos (azul) e não expostos, com desvio (verde) ........................................................................................... 50 Figura 6.2.4.3 – Comparação da concentração de sódio obtida para os líquenes expostos (azul) e não expostos, com desvio (verde) ........................................................................................... 51 Figura 6.2.4.4 – Mapeamento da concentração de cloro ........................................................... 52 Figura 6.2.4.5 – Mapeamento da concentração de iodo............................................................. 52 Figura 6.2.4.6 – Mapeamento da concentração de sódio ........................................................... 53 Figura 6.2.5.1 – Comparação da concentração de cobre obtida para os líquenes expostos (azul) e não expostos, com desvio (verde) ................................................................................. 55 Figura 6.2.5.2 – Comparação da concentração de manganês obtida para os líquenes expostos (azul) e não expostos, com desvio (verde) ................................................................................. 56 Figura 6.2.5.3 – Comparação da concentração de vanádio obtida para os líquenes expostos (azul) e não expostos, com desvio (verde) ................................................................................. 57 Figura 6.2.5.4 – Mapeamento da concentração de cobre .......................................................... 58 Figura 6.2.5.5 – Mapeamento da concentração de manganês .................................................. 58 Figura 6.2.5.6 – Mapeamento da concentração de vanádio ....................................................... 59 Figura 6.3.1 – Relação entre sódio e cloro, R = 0,79 ................................................................. 61 Figura 6.3.2 – Relação entre iodo e cloro, R = 0,70 ................................................................... 61 Figura 6.3.3 – Relação entre sódio e iodo, R = 0,67 .................................................................. 62 Figura 6.3.4 – Relação entre manganês e cobre, R = 0,66 ........................................................ 62 Figura 6.3.5 – Relação entre vanádio e cobre, R =0,57 ............................................................. 63 Figura 6.3.6 – Relação entre vanádio e manganês, R = 0,73 .................................................... 63 Figura 6.3.7 – Relação entre bromo e condutividade, R = 0,25 ................................................. 64 Figura 6.3.8 – Relação entre manganês e condutividade .......................................................... 64 Figura 6.3.9 – Relação entre vanádio e condutividade ............................................................... 65 Figura 6.4.1 – Concentrações de PM10 medidas nas estações de monitorização da qualidade do ar presentes na região de estudo (Adaptado [43])................................................................. 66 3 Figura 6.4.2 – Rosas de poluição para PM10, em µg/m [43] ...................................................... 67 -8- Lista de Abreviaturas Conc - Concentração Cond – Condutividade Eléctrica DA – Diâmetro aerodinâmico En – Energia ε – erro absoluto IAEA - International Atomic Energy Agency – Agência Internacional de Energia Atómica INAA - Instrumental Neutron Activation Analysis – Análise por Activação de Neutrões Instrumental ITN – Instituto Tecnológico e Nuclear keV – quilo electrão-Volts. 1 keV ≈ 1,6 × 10 -16 J (Joules) NANE - Activação Neutrónica em Ambiente, Nutrição e Epidemiologia NIST - National Institute of Standards and Technology – Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia P – valor-P PM – Particulate Matter – Material Particulado ppm – partes por milhão (mg/kg) R – Coeficiente de correlação linear RPI – Reactor Português de Investigação RM – Reference Material – Material de Referência SD – Standard Deviation – Desvio Padrão Sipra – Sistema Pneumático Rápido SRM – Standard Reference Material - Material de Referência Padrão S.S. – sem significado T1/2 – tempo de semi-vida URSN - Unidade de Reactores e Segurança Nuclear -9- 2. Objectivos Este trabalho teve como objectivo geral avaliar a contribuição de uma zona industrial localizada nas Astúrias (Espanha) para a concentração de alguns elementos químicos na atmosfera, recorrendo a técnicas de biomonitorização. Numa primeira análise, teve-se como finalidade determinar o impacto da zona industrial através da medição prévia da condutividade eléctrica nos líquenes (biomonitores). Outro objectivo muito importante foi estudar a distribuição espacial da concentração de alguns elementos químicos nos líquenes. A última etapa foi estabelecer relações entre a distribuição das condutividades e das concentrações elementares medidas nos líquenes e as características das fontes locais. - 10 - 3. Introdução 3.1. Biomonitorização 3.1.1. Importância De um modo geral, a biomonitorização pode ser definida como o uso de organismos e de biomateriais para se obter informação quantitativa em determinadas características da biosfera [1,2]. Os biomonitores são organismos, ou conjuntos de organismos, usados para a determinação quantitativa de poluentes, enquanto os bioindicadores são organismos que podem ser usados para a identificação e determinação qualitativa de certos factores ambientais. De um modo simples, um biomonitor é sempre um bioindicador mas o oposto não se verifica. Nos biomonitores, a informação provém de alguns aspectos importantes na interpretação da qualidade do ambiente ou mudanças no mesmo [1]: Concentração de certos elementos e/ou compostos; Estrutura celular, histológica ou morfológica; Processos bioquímicos e metabólicos; Comportamento ou estrutura da população, incluindo mudanças nos parâmetros. O objectivo da monitorização é determinar tendências no espaço e no tempo em níveis e efeitos de poluentes que, comparados com as suas fontes, são depositados ou transportados para outros locais, por acção do vento, por exemplo [1]. A biomonitorização apresenta algumas vantagens importantes [1,2]: Ocorrência permanente e comum no campo, facilidade da amostragem e do grau de acumulação de elementos; Possível monitorização a longo prazo e em grande escala espacial, sem recorrer a equipamento sofisticado e caro, do qual resultaria mais custos de manutenção. Contudo, utilizar biomonitores também tem as suas desvantagens [1]: Os resultados obtidos referem-se apenas aos valores presentes nos biomonitores, não indicando os valores presentes na atmosfera; A biomonitorização é vista como uma ferramenta complementar dos sistemas físicos e não um substituto. - 11 - Existem protocolos experimentais para o trabalho com líquenes, que estão a ser desenvolvidos. Para o mesmo estudo, o mais importante é perceber e definir procedimentos uniformes para a biomonitorização [1]. As características principais e geralmente discutidas que os biomonitores apresentam são as seguintes [1]: Acumulação de poluentes, a um ritmo mais lento sob condições de precipitação e em climas secos; O excesso de poluição afecta de forma negativa a sua fixação e o seu desenvolvimento; Distribuição geográfica generalizada; Abundantes, sedentários ou de mobilidade escassa; Facilidade de serem encontrados, durante todo o ano; Colheita acessível. Os biomonitores mais usados, para o estudo da qualidade do ar, são musgos e líquenes (Figura 3.1.1.1), sendo os últimos os escolhidos para se efectuar este trabalho [1,2]. Figura 3.1.1.1 – Musgos e Líquenes [3] 3.1.2. Líquenes Estes seres vivos surgiram há 400 milhões de anos atrás e, foi estimado que existem actualmente cerca de 20 mil espécies [1]. Os líquenes são um dos biomonitores mais valiosos para a avaliação da poluição atmosférica, sendo sensíveis ao ozono troposférico, compostos de enxofre e metais pesados [1,2]. Estes organismos são o resultado de uma simbiose entre um fungo (ser microbionte) e uma ou mais algas e/ou cianobactérias (ser fotobionte) [1]. - 12 - Para a parte fotobionte dos líquenes, existem mais de 40 géneros de algas e cianobactérias, dos quais há três que são mais frequentes: Trebouxia, Trentepholia (estrutura eucariótica e são algas verdes) e Nostoc (cianobactérias ou bactéria fotossintética). O nome da espécie do líquen é dado pelo parceiro fúngico [1] e pelo autor da nomenclatura da espécie. O fungo recebe açúcar das algas que, sendo verdes, sintetizam açúcares através da fotossíntese. O açúcar é captado por hifas especiais (filamentos, denominados de appessoria ou haustoria) que contactam a parede celular das algas, cuja permeabilidade é aumentada por uma substância produzida pelos fungos. As algas perdem 80% do açúcar produzido, por difusão. As algas beneficiam de protecção que os fungos possuem, pois formam uma superfície exterior. A maior parte das vezes, esta defesa serve para proteger do clima, o que resulta numa maior estabilização e melhor crescimento das algas [1]. Os líquenes são altamente dependentes de nutrientes provenientes da atmosfera, o que faz com que absorvam também poluentes. A morfologia dos líquenes não muda com as estações do ano, sendo assim, a acumulação de contaminantes está sempre a ocorrer (embora a ritmos diferentes). Para além da atmosfera, os líquenes também trocam nutrientes com o substrato (por exemplo, Mn). Os líquenes, geralmente, têm uma longevidade considerável e estão presentes em áreas remotas e em áreas próximas a fontes de poluição. Estes organismos são indicadores bastante sensíveis para diferentes níveis de poluição (mesmo para níveis baixos) [2]. A classificação dos líquenes pode ser feita de acordo com dois atributos: a sua forma e o seu substrato [1]. Relativamente à forma, a maior parte das espécies de líquenes são incrustantes, estando em menor número as foliares e as arbustivas [1]. A Figura 3.1.2.1 ilustra as espécies de líquenes incrustante (a), foliar (b) e arbustivo (c). Figura 3.1.2.1 – Líquenes Incrustante (a), Foliar (b) e Arbustivo (c) [4] A morfologia dos líquenes é bastante específica e detém algumas características distintas. Uma das suas características mais óbvias é a existência do talo. A forma do talo é o resultado das espécies de fungos envolvidas. O talo representa a maior parte do corpo do líquen, juntamente com as suas partes reprodutivas. As hifas dos fungos ramificam, fundem (anastomose) e formam uma malha de filamentos. Na superfície superior está o córtex, uma - 13 - camada de muitos filamentos estreitados. Abaixo do córtex, está a camada de algas, onde reside a parte fotobionte do líquen. Por baixo da camada de algas está a medula, uma área de filamentos soltos, onde os nutrientes são armazenados. Em alguns casos, existe córtex inferior (líquenes foliares) e, noutros casos, o córtex inferior é substituído por um cone central [1]. Quanto ao substrato, existem espécies que crescem das árvores (epifíticas), em camadas de lixo e “tapetes” de musgos mortos (epígeas), em pedras (epilíticas) e em telhados (epígeas e epilíticas) [1]. A Figura 3.1.2.2 mostra as espécies de líquenes epifítica (a) e epilítica (b), respectivamente. Figura 3.1.2.2 – Líquen Epifítico (a) [5] e Epilítico (b) [6] Ao contrário das plantas “superiores”, os líquenes não possuem raízes ou alguma cutícula bem desenvolvida para as substituir. Como se referiu anteriormente, os líquenes dependem da atmosfera para obter os seus nutrientes e, têm como vantagem a sua estrutura e superfície rugosa que facilitam a intercepção e retenção de partículas [1]. O modo como os elementos químicos são absorvidos pelos líquenes pode ser efectuado pelas seguintes formas [1]: Permuta iónica extracelular – a permuta de catiões ocorre, principalmente, através de pontos de ligação (ácidos carboxílicos e proteínas) entre a parede celular e a superfície externa da membrana celular. Este é um processo físico-químico, regulado, rápido e reversível; Absorção intracelular – necessita da passagem de um elemento através da membrana plasmática. Este processo é mais lento que o anterior mas, para tempos mais longos, a sua velocidade de absorção permanece, aproximadamente, linear; Acumulação de partículas. - 14 - Para este trabalho, usou-se a espécie de líquen Parmelia sulcata Taylor (Figura 3.1.2.3), cuja classificação é a de um líquen foliar e epifítico, consoante a sua forma e substrato, respectivamente [1]. Taylor foi o autor da sua nomenclatura. Figura 3.1.2.3 – Líquen Parmelia sulcata Taylor [7] Este líquen tem origem em árvores de oliveira, tem córtex superior e inferior (córtex mais espesso) e a sua medula é difusa. Pode-se encontrar Parmelia sulcata nos dois hemisférios, desde as zonas polares até às regiões temperadas e em ambientes urbanos, sendo esta espécie bastante resistente a um índice moderado de poluição. A parte fotobionte deste líquen é a alga verde Trebouxia [1]. 3.1.3. Condutividade e Elementos Um parâmetro muito importante dos líquenes é a sua vitalidade, sendo esta analisada através da permeabilidade das membranas dos líquenes. As membranas organizam o interior das células em diferentes compartimentos que controlam a absorção, a libertação e a transferência de moléculas e iões. Um dos principais efeitos do aumento da poluição é a perturbação desta organização e, assim, muda a permeabilidade da membrana para os iões, no que se traduz na perda de catiões potássio e magnésio no líquen [1]. Há diversos procedimentos experimentais para avaliar o impacto da poluição ambiental na vitalidade do líquen [1]: + Medição da condutividade eléctrica ou dos catiões potássio (K ) numa solução aquosa, com o eléctrodo apropriado [1,2,8-13]; Determinação do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada, mais conhecido por NDVI – Normalised difference vegetation index [1,10-12]; Degradação da clorofila [1,2,8-12,14]; Produção de etileno nos líquenes [8,10]; - 15 - Solubilização de antioxidantes de massa molar reduzida em água e em lípidos [14]. A condutividade eléctrica é a propriedade mais fácil para se determinar a vitalidade dos biomonitores. A maior quantidade de poluentes na atmosfera resulta num aumento da permeabilidade das membranas celulares que, por sua vez, diminui a vitalidade e a integridade do líquen, ou seja, os valores de condutividade são superiores [1,2,8-13]. Diversos estudos mostram a existência de uma relação entre a condutividade e diversas concentrações de iões e de elementos presentes na atmosfera [8,10-13]. - - 2- Alguns iões como Cl , NO3 e SO4 , e elementos tais como Al, B, Ba, Cl, Cr, Cu, Fe, Mg, Mn, Na, Ni, Pb, S, Si, Sn, Ti, V e Zn, possuem uma relação positiva com a condutividade, ou seja, a concentrações superiores na atmosfera correspondem teores mais elevados nos líquenes e, consequentemente, condutividades superiores [1,8,10-13]. Um factor que também pode influenciar a vitalidade dos líquenes é o próprio clima (temperatura e humidade), ou seja, a integridade das membranas também dependem das estações do ano [2]. Alguns estudos mostram a relação da concentração de alguns elementos entre si, em biomonitores. Esta relação está associada com a composição das emissões provenientes das fontes de poluição e pode ser utilizada para a sua identificação [8,10,12,13,15]. As diferenças entre a resposta de um líquen nativo (origem) e de um líquen que tenha sido transplantado (retirado da sua origem e colocado noutro local para o papel de biomonitor) são escassas ou nenhumas, em relação à integridade do líquen. Ou seja, para o mesmo tempo de exposição e para a mesma zona, líquenes nativos e líquenes transplantados (iguais aos nativos) apresentam condutividades iguais [2]. Neste trabalho, usaram-se líquenes transplantados, pelo facto de não existirem líquenes nativos na região estudada. Quando se realiza um estudo usando líquenes transplantados, é necessário seleccionar uma amostra de líquenes não expostos aos quais deverão ser determinados os valores de condutividade e das concentrações elementares. A condutividade e as concentrações dos diversos elementos, antes da exposição dos biomonitores, são denominadas por valores de referência. É essencial que haja uma homogeneidade dos valores de referência para as várias amostras não expostas que são seleccionadas. 3.1.4. Mapeamento Um dos objectivos deste trabalho foi efectuar o mapeamento da distribuição de condutividade eléctrica e da concentração de elementos, por forma a avaliar o impacto de uma zona - 16 - industrial. Para alcançar este objectivo, recorreu-se à técnica de biomonitorização que apresenta vantagens comprovadas relativamente a técnicas clássicas instrumentais, quando se pretende efectuar mapeamento a longa escala. A técnica de biomonitorização apenas informa sobre a concentração dos poluentes no próprio biomonitor, não conseguindo definir a concentração de um elemento ou composto na atmosfera. No entanto, estas concentrações nos biomonitores estão associadas às concentrações atmosféricas de poluentes, permitindo criar mapas de distribuição dos mesmos. A determinação da concentração atmosférica de poluentes implica a aquisição de equipamentos muito dispendiosos, sendo necessário um investimento colossal para se realizar uma amostragem em grande escala e por grandes períodos de tempo [1,2,8]. Deste modo, a técnica de biomonitorização é a ideal para se efectuar o mapeamento de uma grande área, pois consegue avaliar o impacto e a distribuição de poluentes, bem como determinar a contribuição das diferentes fontes existentes [1,2,8]. 3.2. Poluição Atmosférica 3.2.1. Atmosfera A atmosfera é uma mistura de muitos gases, dos quais dois são maioritários, azoto e oxigénio. Na atmosfera, também se podem encontrar gases como dióxido de carbono, responsável pelo efeito de estufa, hidrogénio e gases raros. A composição gasosa da atmosfera, sem humidade, está representada na Tabela 3.2.1.1 [16]. Tabela 3.2.1.1 – Composição Gasosa da Atmosfera Seca (Adaptado [16]) Principais Composto % (v/v) N2 Azoto 78,1 O2 Oxigénio 20,9 CO2 Dióxido de Carbono 0,03-0,04 H2 Hidrogénio 0,01 He Hélio 0,0005 Ne Néon 0,0018 Ar Árgon 0,93 Kr Crípton 0,0001 Xe Xénon 0,000009 Gases-Raros - 17 - Para além dos gases presentes na Tabela 3.2.1.1, outros componentes estão presentes na atmosfera. Esses componentes podem ser outros gases, bem como líquidos suspensos e ainda partículas sólidas [16]. 3.2.2. Partículas atmosféricas As partículas sólidas ou líquidas suspensas na atmosfera (aerossol atmosférico) constituem um grande problema para o ambiente e, dependendo do seu tamanho, os seus efeitos sobre a saúde pública são diferentes. As partículas de menor dimensão representam um maior perigo para os seres humanos e os animais [16,17]. Uma característica extremamente importante nas partículas é a sua dimensão, pois está associada directamente a muitas propriedades relevantes, como o volume, a massa e a velocidade de deposição. O tamanho das partículas esféricas está relacionado com o seu diâmetro. Por outro lado, muitas partículas presentes na atmosfera são irregulares. Assim, a dimensão das partículas é avaliada com o diâmetro aerodinâmico (DA), que equivale ao -3 diâmetro de uma esfera com densidade de 1 g.cm e com uma velocidade de deposição igual à da partícula considerada [17]. As partículas dividem-se em duas classes, relativamente ao seu tamanho: com um DA inferior a 1 µm, as partículas são designadas por partículas finas; e para um DA superior a esse valor são denominadas por partículas grosseiras [17]. As partículas finas são formadas através: da condensação de gases emitidos a temperaturas elevadas em contacto com o ar atmosférico e à temperatura ambiente (metais pesados resultantes da indústria); de reacções de compostos gasosos (SO 2, NH3, NOx e produtos de combustão) com hidróxidos e ozono. Estas partículas podem aumentar de tamanho com a condensação de gases em partículas existentes ou com processos de coagulação de duas ou mais partículas. A sua constituição é feita principalmente por sulfatos, nitratos, amónia, carbono, metais resultantes de processos de combustão, contendo ainda fungos, bactérias e vírus. Estas partículas são muito solúveis e higroscópicas, percorrem centenas a milhares de quilómetros e podem ficar retidas algumas semanas [17]. A maior parte das partículas grosseiras formam-se por processos mecânicos, como por exemplo a erosão do solo, a movimentação de ondas ou a erupção de um vulcão. Estas partículas primárias reagem com gases, formando partículas secundárias. Os principais constituintes destas partículas são elementos com origem mineral e marinha (Si, Al, Ca, Fe, Na, Cl e K), contendo também pólen, esporos, cinzas e material de desgaste de pneus. Estas partículas são bastante insolúveis e não são higroscópicas, percorrendo dezenas a centenas de quilómetros e podem ficar retidas alguns dias [17]. - 18 - Geralmente, para o estudo da qualidade do ar, costumam-se avaliar dois parâmetros, relativamente ao tamanho e à concentração de partículas presentes na atmosfera. Esses parâmetros são denominados por PM2.5 e PM10, que representam as concentrações de partículas no ar com DA inferior a 2,5 e 10 µm, respectivamente. O aumento de mortes devido a doenças cancerígenas, cardiovasculares e respiratórias estão directamente relacionadas com o aumento dos dois parâmetros referidos, principalmente com o do PM 2.5 [18,19]. A legislação nacional apresenta valores limite para PM10 e PM2.5, como está apresentado na Tabela 3.2.2.1. Tabela 3.2.2.1 – Valores limite para PM10 e PM2.5 (Adaptado [20]) Poluente PM10 PM2.5 Período Valor limite Diário 50 µg/m 1) Tolerância Data limite 3 50% Desde 1 Janeiro 2005 20% Desde 1 Janeiro 2005 Anual 40 µg/m 3 Anual 25 µg/m 3 2) 1 Janeiro 2015 20 µg/m 3 3) 1 Janeiro 2020 Anual 1) Este valor não deve ser excedido 35 vezes por ano civil. 2) Até 11 de Junho de 2008, a tolerância é de 20%, a reduzir até 1 Janeiro 2009 e em cada período de 12 meses, em percentagem anual idêntica, até atingir 0% em 1 Janeiro 2015. 3) Rever pela Comissão em 2013. Na Tabela 3.2.2.1, os valores anuais representados são uma média das médias anuais de três anos civis consecutivos. Os valores diários são determinados a partir das médias horárias. Quanto aos valores anuais, estes são calculados com as médias horárias ou, em caso de estas não estarem disponíveis, com as médias diárias, ao longo do ano. Esta legislação está de acordo com a directiva da União Europeia [21], pelo mesmo modo, estes valores são aplicados na zona de estudo - Espanha [20]. 3.2.3. Impacto à Exposição de Elementos Os elementos estudados neste trabalho foram os seguintes: Al, Br, Ca, Cl, Cu, I, Mn, Na e V. Esta escolha deveu-se sobretudo ao facto de ter sido utilizada a técnica INAA para a determinação das concentrações elementares e, de apenas terem sido efectuadas medições dos elementos com tempos de semi-vida curtos (horas ou dias). Na população humana, um dos principais efeitos da elevada exposição ao Alumínio é a doença de Alzheimer, pois este elemento diminui o crescimento das células cerebrais [22,23]. Para além disso, o Alumínio afecta o crescimento e formação dos ossos [24]. No grupo dos Halogénios, o Bromo é o único elemento que está em estado líquido à temperatura ambiente (20-25 °C). Este elemento é bastante tóxico para as vias respiratórias e para os olhos. Uma exposição prolongada pode provocar tonturas, dores de cabeça e tosse. - 19 - Se a exposição continuar, os sintomas serão mais acentuados, podendo chegar a provocar pneumonia [25]. Aparentemente, sendo um elemento tão importante para a constituição óssea, nos seres humanos e nos animais, o Cálcio pode representar um perigo para pessoas que recorram a hemodiálise, pois existe o perigo de ocorrer calcificação [26]. O Cloro é muito usado como desinfectante nas redes de água canalizada e em piscinas, pois elimina muitas bactérias, que poderiam ter o organismo humano como destino final. Nos seres humanos, o Cloro, em concentrações elevadas, pode irritar a pele, os olhos e sobretudo, as vias respiratórias. Estudos em animais revelam que a exposição ao Cloro afecta as vias sanguíneas e respiratórias. Este elemento é extremamente reactivo, tanto no ar como na água, interagindo com compostos orgânicos e inorgânicos [27]. Um dos poluentes estudados neste trabalho é o Cobre, que sendo um elemento essencial torna-se tóxico para concentrações elevadas, tanto no ar como na água. A longo prazo, o cobre causa irritações no nariz, boca e olhos, bem como dores de cabeça e estômago, tonturas, vómitos e diarreias. Elevadas concentrações de Cobre leva a problemas de fígado e de rins, podendo levar até à morte. O envenenamento crónico por este elemento resulta em cirrose hepática e danos cerebrais [27,28]. As grávidas e os recém-nascidos são bastante sensíveis à exposição ao Iodo. O uso em excesso deste desinfectante provoca hipotiroidismo [29,30]. O Manganês é um elemento químico que, ao ser inalado, chega ao cérebro por vias sanguíneas e se acumula nos gânglios da base, afectando as acções motoras e cognitivas [31]. Tal como o cobre, este poluente é necessário ao organismo em baixas concentrações, mas torna-se tóxico para teores mais elevados. A exposição elevada ao Manganês está associada à doença de Parkinson [32]. Grandes quantidades de Sódio podem causar problemas nos rins e aumentar a tensão arterial. Para além disto, este elemento apresenta enormes perigos quando misturado com água, resultando Hidróxido de Sódio (NaOH), sendo esta reacção extremamente exotérmica [27]. Por último, elevadas concentrações de Vanádio, nos estados de oxidação V 4+ 5+ e V , afectam directamente a reprodução e o desenvolvimento embrionário [33]. Para além disto, a exposição ao Vanádio causa irritação nos olhos, na pele e nas vias respiratórias [34]. 3.2.4. Fontes Existem dois tipos de fontes de aerossóis que estão relacionadas com as suas características físicas e químicas: as fontes antropogénicas e as fontes naturais. As fontes antropogénicas - 20 - estão relacionadas com as partículas finas e a emissão de substâncias tóxicas provenientes, essencialmente, da indústria e do tráfego automóvel. As principais fontes naturais são o mar, o solo e os vulcões, estando associadas à formação de partículas grosseiras [17,35]. Detalhadamente, as origens distintas das partículas estão explicadas na composição e na caracterização dos diferentes tipos de aerossóis: urbano, marinho, remoto continental e do deserto [17]. O aerossol urbano é constituído por partículas provenientes das emissões industriais, dos transportes e de fontes naturais. A maior parte das partículas existentes no aerossol urbano têm um DA inferior a 0,1 μm. Por outro lado, a distribuição volumétrica é dominada por partículas grosseiras. Ou seja, as partículas de maior diâmetro apresentam um volume muito 3 maior (volume α DA ). A Figura 3.2.4.1 apresenta a distribuição granulométrica do aerossol urbano. Figura 3.2.4.1 – Distribuição numérica (nºN), de superfície (nºS) e de volume (nºV) de um aerossol urbano, para diferentes granulometrias [17] - 21 - Perto de fontes antropogénicas, como por exemplo auto-estradas, as concentrações de partículas com um DA inferior a 0,1 μm são mais elevadas, e diminuem rapidamente com a distância às mesmas. Estas partículas estão associadas aos veículos, pois surgem com maior consistência durante o maior tráfego automóvel [17]. A Figura 3.2.4.2 representa a diferença entre a distribuição de um aerossol urbano médio e outro localizado perto de fontes. Figura 3.2.4.2 – Distribuição volumétrica, para diferentes granulometrias, de dois aerossóis urbanos: médio e próximo das fontes [17] O aerossol natural contém partículas, essencialmente, de origem marinha. Estas partículas resultam do spray marinho produzido pelas movimentações das ondas e pela acção do vento nestas. Por acção do vento, também pode conter partículas de origem continental. As partículas grosseiras correspondem a 95% da massa total de partículas, mas apenas 5 a 10% em número, pelas razões apontadas anteriormente [17]. Os principais componentes do aerossol remoto continental são partículas primárias, como por exemplo o pólen, e produtos secundários resultantes da oxidação de gases na atmosfera. A distribuição numérica do aerossol remoto continental acentua-se em três diâmetros distintos: 0,02, 0,1 e 2 μm [17]. Tal como o aerossol anterior, a distribuição numérica do aerossol do deserto também se incide em três diâmetros: 0,01, 0,05 e 10 μm. A velocidade do vento é um factor determinante na - 22 - distribuição das partículas. O deserto do Saara é uma grande fonte de partículas no Hemisfério Norte, sendo metade da sua massa proveniente deste deserto [17]. - 23 - 4. Método Experimental Apesar de estarem contemplados no método experimental, alguns dos seus conteúdos tinham sido efectuados antes da realização deste trabalho. Essas partes foram: a recolha e a exposição de líquenes (capítulo 4.2); a preparação para medição da condutividade eléctrica dos líquenes (capítulo 4.3); e a preparação para a determinação das concentrações elementares, nos líquenes (capítulo 4.4). O trabalho efectuado está descrito nos capítulos 4.5 e 4.6, correspondendo à irradiação das amostras e ao mapeamento dos parâmetros (condutividade eléctrica e concentrações elementares), respectivamente. 4.1. Local de Estudo Neste trabalho, estudou-se a dispersão de alguns elementos numa área que está localizada na região das Astúrias. O interesse de estudo nesta área é porque é uma zona turisticamente atractiva mas, em contrapartida, existe um considerável impacto industrial (uma central termoeléctrica, uma cimenteira e uma siderúrgica), como está ilustrado na Figura 4.1.1. Figura 4.1.1 – Área de estudo - 24 - 4.2. Transplantes e Exposição O local de estudo não possui líquenes nativos (não se desenvolveram devido à poluição da região), o que implica fazer um transplante de líquenes de outro local. Assim, foi escolhida a espécie de líquenes Parmelia sulcata, provenientes de Montargil, distrito de Portalegre, uma zona rural considerada limpa, em relação à qualidade do ar, como se constatou num estudo a nível nacional [16]. A Figura 4.2.1 assinala o local de onde foram recolhidos os líquenes e para onde foram transplantados. Figura 4.2.1 – Origem dos Líquenes (1) e a sua área de exposição (2) (Adaptado [43]) Os líquenes foram retirados de oliveiras a 1,5 m acima do solo, em Abril de 2010. Antes de se transplantar os líquenes para o local a estudar, 10 amostras de líquenes foram separados dos restantes para servirem de referência. A Figura 4.2.2 ilustra a recolha de líquenes de uma oliveira. - 25 - Figura 4.2.2 – Recolha de Líquenes, em Montargil Após uma semana, os líquenes (com uma massa média de 3,3 g) foram transplantados. Os líquenes foram pendurados a 1,5 m do solo com um fio de Nylon, e ainda agarrados à casca de oliveira. A Figura 4.2.3 mostra a exposição de líquenes, em Espanha. A exposição dos líquenes teve início a 27 de Abril de 2010 e terminou a 14 de Setembro do mesmo ano, num período de aproximadamente 5 meses. Figura 4.2.3 – Exposição de líquenes, nas Astúrias, Espanha A Figura 4.2.4 apresenta a distribuição dos 68 líquenes transplantados (Anexo I), na área estudada. Das 68 amostras, 61 constituíram uma grelha regular com 18 por 21 km, apresentando uma distância entre si de, aproximadamente, 2,5 km. Os restantes líquenes foram expostos perto das principais fontes emissoras: siderurgia, central termoeléctrica e cimenteira. - 26 - Figura 4.2.4 – Disposição dos líquenes transplantados para a zona de estudo: Grelha (preto); Industriais (vermelho); Estações (azul) A Figura 4.2.4 apresenta também a localização de 7 estações de monitorização da qualidade do ar existentes na região de estudo. As estações de monitorização da qualidade do ar pertencem ao governo regional das Astúrias e a indústrias locais. Estas estações forneceram informações importantes, como as concentrações dos poluentes PM10, dióxido de enxofre, e ozono troposférico. Estas concentrações foram medidas de uma forma horária, nos respectivos locais. 4.3. Preparação dos Líquenes para Determinação da Condutividade Depois de expostos, os líquenes foram preparados no laboratório, com o objectivo de se avaliar a sua condutividade. Para isso, seguiu-se a metodologia, de acordo com as referências [10,12]: 1. Foi efectuada a remoção de pó, de restos de folhas e de material degradado; 2. O material dos líquenes foi lavado, rapidamente, com água destilada, 2 a 3 vezes durante 5 segundos, deixando depois secar durante 12 horas, aproximadamente; - 27 - 3. Depois de seco, cerca de 1 g de material foi imerso em 100 mL de água destilada durante, exactamente, 1 hora (Figura 4.3.1); 4. Depois de se remover os líquenes, mediu-se a condutividade da solução aquosa com o aparelho Conductometer Metrohm 712 (Figura 4.3.2). Figura 4.3.1 – Introdução de 1 g de líquen, em 100 mL de água destilada Figura 4.3.2 – Medição da condutividade com o aparelho Conductometer Metrohm 712 A condutividade da água desionizada foi sempre analisada antes das medições de condutividade da solução aquosa, tendo sido obtido o valor médio de 0.200 ± 0.059 mSm -1 (n=27) [43]. Este valor foi subtraído ao valor obtido para cada solução. 4.4. Preparação dos Líquenes para Determinação das Concentrações Elementares Depois da sua lavagem e secagem, os restantes líquenes, que não tiveram utilização na medição da condutividade, foram preparados no laboratório, para se determinar as suas concentrações elementares. A metodologia aplicada foi a seguinte [44,45]: - 28 - 1. Efectuou-se a liofilização e a moagem dos líquenes num moinho de bolas de Teflon, arrefecido com azoto líquido; 2. Depois de se homogeneizar o material, foram preparados para irradiação 100 a 150 mg de amostra, em pequenos contentores ultrapuros de polietileno. As irradiações foram realizadas no Sistema Pneumático Rápido (Sipra), associado ao Reactor Português de Investigação (RPI). As concentrações elementares foram determinadas recorrendo à Análise Instrumental por Activação com Neutrões (INAA), usando o método k0. 4.5. Análise Elementar 4.5.1. RPI O RPI (Figura 4.5.1.1) encontra-se nas instalações do Instituto Tecnológico e Nuclear (ITN), em Sacavém. Na Península Ibérica, só existe um reactor nuclear do tipo piscina, tendo o RPI essa distinção [46]. Figura 4.5.1.1 – RPI visto de cima [46] Um reactor nuclear deste género tem o seu núcleo submerso numa piscina com água, o do RPI está a uma profundidade de 9 metros. A água da piscina é usada para as seguintes aplicações: moderar a velocidade dos neutrões produzidos nas cisões, refrigeração e protecção radiológica. A Figura 4.5.1.2 representa o esquema de um reactor nuclear do tipo piscina [46]. - 29 - Figura 4.5.1.2 – Esquematização de um reactor nuclear do tipo piscina [46] O núcleo do RPI, como se verifica pela Figura 4.5.1.2, está suspenso por uma ponte móvel, o que possibilita o seu uso e deslocação entre dois compartimentos existentes na piscina. O combustível usado para o RPI, que faz parte do núcleo, é urânio pouco enriquecido (19,8% 235 U) e é colocado sob a forma de barras. A Figura 4.5.1.3 esquematiza a organização do núcleo do RPI, constituído por uma grelha de 6 linhas por 9 colunas [46]. Figura 4.5.1.3 – Esquematização do núcleo do RPI: N – Elementos de combustível standard; C – Elementos de Controlo; Be – Blocos de Berílio; DA – Elementos Fictícios [46] - 30 - Segundo a Figura 4.5.1.3, a posição de irradiação utilizada neste trabalho foi a posição 26, que está ligada a uma sala de comando onde se encontra o Sipra e se realizou uma grande parte do procedimento experimental. 4.5.2. INAA A análise por activação com neutrões é um método qualitativo e quantitativo de alta eficiência na determinação de um vasto número de elementos químicos, tanto maioritários como vestigiais, em diferentes tipos de amostras, como por exemplo, aerossóis, material geológico ou como neste trabalho, material biológico [46]. A INAA permite determinar em simultâneo cerca de 25 a 30 elementos químicos, na ordem de grandeza de µg.kg -1 -1 – g.kg . Para a determinação da concentração dos elementos de interesse, esta técnica usa espectrometria de radiação gama [46]. O fundamento desta técnica é uma reacção nuclear entre os neutrões e o núcleo alvo. De uma maneira geral, a INAA baseia-se na absorção de neutrões pelo núcleo dos isótopos naturais do elemento alvo. O núcleo torna-se instável, pois contém excesso de partículas, ou seja, fica radioactivo. Quando um radionuclido se torna instável, tende a transformar-se noutro com maior estabilidade. Esta transformação consiste na mudança da proporção entre o número de protões e neutrões dos núcleos, do qual ocorre emissão de radiações [47]. A Figura 4.5.2.1 ilustra o processo de activação com neutrões. Figura 4.5.2.1 – Captura de um neutrão, seguida de radiação gama [46] O último processo representado na Figura 4.5.2.1 tem o nome de decaimento (ou desintegração). Durante o decaimento, os isótopos emitem radiação gama com uma determinada energia, o que permite identificar o devido isótopo e, consequentemente, o respectivo elemento químico [17]. O decaimento é um processo que ocorre logo após a irradiação dos isótopos. Cada radionuclido tem uma constante de desintegração (λ) associada, - 31 - que é inversamente proporcional ao tempo de semi-vida (T1/2), como está apresentado na equação (4.5.2.1), em que as incógnitas estão a seguir representadas [47]: N é o número de núcleos instáveis existentes na fonte ao fim do intervalo de tempo t; N (t) é o número de núcleos instáveis no instante t; N0 é o número de núcleos instáveis no instante inicial (t=0). (4.5.2.1) O T1/2 é longo para radionuclidos pouco instáveis (fraca probabilidade de desintegração), e curto para radionuclidos muito instáveis (elevada probabilidade de desintegração). É de salientar que existem espécies com um tempo de semi-vida muito curto (fracções de segundo) e outras com idade superior à da terra [47]. Simultaneamente com a energia de radiação gama emitida, o T1/2 identifica um isótopo e o elemento respectivo [46]. Neste trabalho, os radionuclidos estudados têm valores de t1/2 entre 2,2 minutos e 15 horas [48] (Anexo II). Comparativamente a outras técnicas, a INAA apresenta vantagens e desvantagens. As vantagens da INAA estão a seguir apresentadas [17,46,47]: Determinação de diversos elementos químicos, sem recorrer a separações químicas; É uma técnica não destrutiva (não se perdem elementos alvo, nem a amostra é contaminada), logo, pode-se voltar a reanalisar a amostra; Para determinados elementos, A INAA possui alta sensibilidade, precisão e exactidão. Os inconvenientes da INAA estão a seguir assinalados [17,46,47]: Os utilizadores necessitam de ter um elevado grau de especialização; É necessário ter instalações com uma estrutura complexa, para se efectuar as irradiações neutrónicas com segurança e eficácia; Para os casos em que se usam nuclidos com tempo de semi-vida longo (na ordem de semanas, meses ou até anos), a espera de resultados será demorada, pois só poderão ser analisados depois do decaimento total ou parcial dos nuclidos de semi-vida média (na ordem de algumas horas ou dias). 4.5.3. Método do Factor k0 Para se determinar a concentração elementar nos líquenes, foi utilizado o método do factor k0. Este método começou a ser desenvolvido em 1975 por Frans de Corte e Andras Simonits e, juntamente com a técnica INAA, foi implementado no RPI em 1987 e, até hoje, tem sido - 32 - optimizado e usado na análise de amostras ambientais, biológicas, geológicas e em alimentos [17]. O método do factor k0 é absoluto e utiliza um elemento comparador, que é sempre irradiado no mesmo dia das amostras. É com base nesse comparador que se consegue determinar as concentrações na amostra. O ouro foi o comparador utilizado neste trabalho, pois os seus dados nucleares são conhecidos e favoráveis como sendo isótopo de referência [17,46,47]. Dois institutos independentes (Instituto de Ciências Nucleares, da Bélgica e Instituto Central de Investigação Física, da Hungria) determinaram experimentalmente os valores do factor k0 do ouro, relativamente a cada elemento X, k0,Au(X). Estes factores foram determinados com irradiação em simultâneo de cada elemento X e o ouro (ambos com concentrações conhecidas). Os valores foram aprovados, pois o erro experimental foi menor que 1% [17,46,47]. Conhecendo os valores dos respectivos factores, foi possível determinar a concentração elementar nas amostras analisadas. Esta metodologia apresenta uma vantagem muito importante em relação ao método relativo: não necessita de padrões multi-elementares para se determinar as concentrações dos respectivos elementos [17,46,47]. Os dois padrões multi-elementares irradiados neste estudo e cuja composição é conhecida, NIST-SRM-1572 Citrus Leaves [49] e o líquen IAEA-RM-336 [50], foram apenas utilizados para se efectuar o controlo de qualidade. Foi utilizado um programa informático, o software k0, que permitiu quantificar os elementos químicos existentes nas amostras. Assim, o método do factor k 0 é bastante prático, para este trabalho, como para outra análise multi-elementar. 4.5.4. Procedimento As amostras foram irradiadas no RPI durante 30 segundos, com um fluxo médio de neutrões de 2 x 10 16 -2 -1 m s . Depois de irradiados, foram medidas num detector de germânio hiperpuro [17,46,47]. Para as amostras irradiadas, obtiveram-se dois espectros, isto é, fizeram-se duas medições. A 1ª medição teve uma duração de 5 minutos e foi realizada 5 minutos após a irradiação, com o objectivo de se determinar a concentração dos elementos Al, Ca, Cu e V (tempos de semi-vida entre 2 e 9 minutos [48]). Entre 30 a 60 minutos depois da irradiação, efectuou-se a 2ª medição, durante 10 minutos, com a finalidade de se obter a quantificação dos restantes elementos estudados (tempos de semi-vida entre 17 minutos e 15 horas [48]). É importante salientar que se irradiaram três réplicas por cada uma das 68 amostras. - 33 - Por forma a utilizar-se o método k0, em cada dia de trabalho foi irradiado durante 30 segundos um comparador, sendo que neste trabalho se utilizou uma liga metálica de ouro e alumínio (IRMM-530RA [51]). Algumas horas depois de o comparador ter sido irradiado (tempo de semivida 2,7 dias [48]), efectuou-se uma única medição com uma duração de 5 minutos. Esta medição foi efectuada ou no final do mesmo dia de irradiação, ou no dia seguinte. Os tempos de semi-vida de interesse relevante neste trabalho estão apresentados em Anexo (Anexo II). Com o objectivo de se efectuar um controlo de qualidade do processo, recorreu-se ao uso de dois padrões multi-elementares – o Citrus Leaves [49] e o IAEA-336 [50]. O procedimento adoptado para estes dois padrões foi exactamente igual ao adoptado com as amostras. Em cada dia de trabalho, de uma forma geral, foram irradiados três padrões: no início; no meio; e no fim do dia. Com estas medições, conseguiram-se obter espectros de radiação gama, que foram introduzidos no software k0 e, assim, determinaram-se as desejadas concentrações elementares. 4.5.5. Sipra Os elementos estudados neste trabalho, possuem radionuclidos com tempo de semi-vida curto. Como tal, foi necessário realizar o transporte da amostra entre a irradiação e a medição, num curto período de tempo. Para isso, recorreu-se a um sistema de transporte de alta velocidade e bastante preciso, o Sipra, representado na Figura 4.5.5.1. O Sipra está incorporado no RPI e, encontra-se nas instalações do ITN desde o final dos anos 80, fornecido pela Agência Internacional de Energia Atómica (IAEA). O tempo de transporte da amostra do reactor ao detector pelo Sipra é de, aproximadamente, 3 segundos, e permite a análise de um grande número de amostras [46]. - 34 - Figura 4.5.5.1 – Representação do Sipra: introdução das células (1); armazenamento de células (2); carregador automático (3); reactor (4); foto detector F2 (5); controlador do sistema (6); foto detector F1 (7); detector G15 (8); carregador automático (9); armazenamento de células irradiadas (10); carregador manual (emergência) (11) (Adaptado [46]) Segundo a Figura 4.5.5.1, o funcionamento no Sipra foi o seguinte. As amostras foram introduzidas no sistema (1), que as dirigiu ao reactor onde foram irradiadas (4). Neste trabalho, depois de irradiadas, as amostras foram conduzidas a um local de armazenamento próprio (10) sem antes terem sido medidas no detector G15 (8), presente na imagem, uma vez que este estudo utilizou um detector não associado directamente ao sistema, o detector G18. 4.6. Mapeamento - Geoestatística Foi efectuado o mapeamento das condutividades e das concentrações elementares obtidas para os líquenes expostos. O programa GeoMS 24 foi o software utilizado para realizar os mapeamentos pretendidos [52]. É de notar que, em todos os mapeamentos efectuados, se introduziram as maiores indústrias na zona, bem como o Mar Cantábrico e as principais auto-estradas, com o objectivo de se estabelecerem relações entre as concentrações dos diferentes elementos e as fontes emissoras. - 35 - 5. Controlo de Qualidade dos Padrões Como já havia sido referido, para a análise elementar dos líquenes, não foi necessário a utilização de padrões. Contudo, por forma a validar os resultados experimentais, analisaram-se os padrões Citrus Leaves e IAEA-336, e os resultados obtidos foram comparados com os respectivos valores certificados [49,50], calculando a sua razão. Na totalidade, usaram-se 29 padrões Citrus Leaves e 28 padrões do líquen IAEA-336, cujos resultados do controlo de qualidade estão apresentados nas Figuras 5.1 e 5.2. Experimental / Certificado 1,600 1,400 1,200 rácio 1,000 Cerfificado 0,800 0,600 0,400 Al Br** Ca Cl** Cu I Mn Na V** ** - Valores consensuais [53] Figura 5.1 – Comparação dos valores experimentais com os certificados, para Citrus Leaves: valor médio do rácio (centro); desvio padrão (barras) (Anexo III) Experimental / Certificado 1,600 1,400 1,200 rácio 1,000 Certificado 0,800 0,600 0,400 Al* Br Cl* Mn Na V* * - Valores informativos [50] Figura 5.2 – Comparação dos valores experimentais com os certificados, para IAEA-336, valor médio do rácio (centro); desvio padrão (barras) (Anexo IV) - 36 - Para a Figura 5.1, para além dos valores apresentados no certificado de Citrus Leaves [49], foram usados valores consensuais do mesmo padrão, provenientes de outra bibliografia [53]. No controlo de qualidade do padrão IAEA-336, só foi utilizado o respectivo certificado [50], usando alguns valores informativos (que não são certificados). Três dos elementos estudados (Ca, Cu e I) não estão certificados no líquen IAEA-336. Os resultados foram válidos para um desvio máximo de 25%, o que se confirmou. As concentrações elementares dos padrões foram determinadas no software k0, calculou-se a respectiva média e desvio padrão. Assim, foram determinados os rácios para os diferentes elementos e padrões, bem como os respectivos erros (Anexos III e IV). Para os cálculos dos rácios, teve-se em conta a perda de água dos respectivos padrões (Anexos V e VI). Em relação ao Citrus Leaves, para os elementos Al, Br, Ca e Cl, o rácio obtido foi inferior a 1, ou seja, a concentração média destes elementos, nos líquenes, foi inferior ao respectivo certificado. Para o IAEA-336, isto só se verificou para o elemento Br. Para os restantes rácios, os valores obtidos foram superiores a 1. No padrão Citrus Leaves, o elemento que apresentou um maior desvio, em relação ao respectivo certificado, foi o sódio. A razão média para este elemento foi de 1,25. Para este elemento, os resultados foram melhores para o padrão IAEA-336, apresentando uma razão de 1,02. O desvio do vanádio em relação aos dois padrões foi o mesmo (razão de 1,2). Os resultados para o manganês, em relação ao Citrus Leaves, apresentaram uma razão de 1,12. Para o IAEA-336, o manganês teve um rácio de 1,04. O rácio para o alumínio, em relação ao Citrus Leaves, tem um valor de 0,86. Para o líquen IAEA-336, o rácio foi superior a 1 com um valor de 1,04. Para ambos os padrões, o bromo apresentou um rácio inferior a 1, cujos valores foram 1,07 e 1,08 para Citrus Leaves e IAEA-336, respectivamente. O rácio para o elemento cloro para o padrão Citrus Leaves foi de 1,12. Em relação ao líquen IAEA-336, o rácio teve um valor de 1,05. Em relação ao Citrus Leaves, os valores dos rácios foram 0,95, 1,09 e 1,08 para os elementos Ca, Cu e I. - 37 - 6. Resultados e Discussão Para este trabalho, alguns dos resultados foram obtidos e tratados anteriormente, como as Figuras 6.1, 6.1.3, 6.4.1 e 6.4.2. As Figuras 6.1 e 6.1.3 foram usadas para justificar e perceber os resultados obtidos para a condutividade eléctrica e para as concentrações elementares. As Figuras 6.4.1 e 6.4.2 mostram a análise da qualidade do ar, com as medições de PM 10. Os resultados para a condutividade eléctrica e as distintas concentrações elementares estão apresentados nos capítulos 6.1 e 6.2. Para se determinar estes resultados, efectuou-se a média de três réplicas analisadas a cada ponto da Figura 4.2.4, tendo em conta a perda de água (Anexo VI). No capítulo 6.2, foram determinadas as concentrações de seis líquenes não expostos. Por forma a caracterizar-se a concentração de partículas na zona de estudo, recorreu-se aos dados fornecidos pelas estações de monitorização da qualidade do ar, que se encontram nesta zona. Com isto, estabeleceu-se uma relação com a direcção dos ventos e com a localização das fontes emissoras. Figura 6.1 – Rosa-dos-ventos para o local e o período de exposição dos líquenes [43] O vento é um factor muito importante, pois influencia grandemente a dispersão dos poluentes. A direcção do vento foi predominante de 1º e 4º quadrante, destacando-se mais os ventos de leste. - 38 - 6.1. Condutividade A análise da condutividade eléctrica nos líquenes é importante para perceber a distribuição geográfica de poluentes, pois o aumento de poluição danifica a membrana celular destes biomonitores, resultando num aumento das condutividades. Primeiramente, é importante efectuar-se uma comparação entre os valores de condutividade obtidos para os líquenes expostos e para os 10 líquenes não expostos (referência). A Figura 6.1.1 apresenta a comparação mencionada. - 39 - 120 100 Condutividade (mS.m-1.g-1) 80 60 40 0 A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 B1 B2 B3 B4 B5 B6 B7 C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 F3 F4 F5 F6 F7 F8 G3 G4 G5 G6 G7 G8 H3 H4 H5 H6 H7 H8 I3 I4 I5 I6 I8 PS1 PS2 AMCoq AMsint AMPort AMmin AMabo 20 Líquenes expostos, SD entre 3 e 137% Figura 6.1.1 – Comparação da condutividade eléctrica obtida para os líquenes expostos (azul) e não expostos, com desvio (verde) - 40 - Como se observa pela Figura 6.1.1, a condutividade dos líquenes expostos apresenta uma grande variabilidade conforme o local de exposição mas, na grande maioria dos casos, a condutividade foi maior do que nos líquenes não expostos. Os maiores valores de condutividade foram medidos nos líquenes expostos perto das indústrias (AMsint e PS1) e nos pontos E4 e F4 da Figura 4.2.4, localizados perto da indústria metalúrgica, com os respectivos -1 -1 24 valores 107, 98, 97 e 83 mS.m .g . Com o software GeoMS , fez-se o mapeamento da condutividade eléctrica, que está ilustrado na Figura 6.1.2. 18 15 Latitude (km) 12 9 6 3 0 0 3 6 9 12 15 18 21 Longitude (km) Figura 6.1.2 – Mapeamento da condutividade eléctrica A Figura 6.1.2, mostra que a condutividade foi significativamente superior na grande zona industrial, onde atingiu níveis 10 vezes superiores relativamente aos valores de referência e aos valores medidos na periferia da grelha. Como o vento teve uma maior predominância de este para oeste, esperava-se que o local de maior impacto se localizasse à esquerda da zona industrial. Por forma a explicar-se este fenómeno, efectuou-se um corte no local onde as condutividades foram superiores, e para esse corte analisaram-se: as condutividades, para os diferentes pontos localizados no corte; e as altitudes dos locais onde os líquenes estiveram expostos. - 41 - Figura 6.1.3 – Relevo e condutividade na zona número 4 (Figura 4.2.4) (Adaptado [43]) Como se constata da Figura 6.2.3, o relevo neste local pode explicar a existência de uma maior dispersão de poluentes para leste, uma vez que as altitudes para oeste são maiores. 6.2. Concentrações Elementares Para cada um dos elementos determinados, efectuou-se o respectivo mapeamento com o objectivo de se estudar a distribuição espacial das concentrações bem como estabelecer-se uma relação entre os níveis encontrados e as fontes locais. Os elementos K, Mg e Ti não foram analisados neste trabalho devido ao facto das concentrações obtidas serem inferiores ao limite de detecção da técnica para os respectivos 5 6 elementos (10 – 10 µg/g). 6.2.1. Alumínio A Figura 6.2.1.1 apresenta a comparação dos valores obtidos, para a concentração de alumínio, nos líquenes expostos e nos não expostos. - 42 - 6000 5000 Concentração Al (ppm) 4000 3000 2000 0 A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 B1 B2 B3 B4 B5 B6 B7 C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 F3 F4 F5 F6 F7 F8 G3 G4 G5 G6 G7 G8 H3 H4 H5 H6 H7 H8 I3 I4 I5 I6 I8 PS1 PS2 AMCoq AMsint AMPort AMmin AMabo 1000 Líquenes expostos, SD entre 1 e 42% Figura 6.2.1.1 - Comparação da concentração de alumínio obtida para os líquenes expostos (azul) e não expostos, com desvio (verde) - 43 - Uma das principais fontes de alumínio é o solo (fonte natural), ou seja, a sua concentração depende grandemente da geologia de cada local. O ponto B6 da Figura 6.2.1.1 destaca-se com a maior concentração (4868 µg/g no líquen). O mapeamento da concentração de Alumínio nos líquenes expostos está apresentado na Figura 6.2.1.2. 18 15 Latitude (km) 12 9 6 3 0 0 3 6 9 12 15 18 21 Longitude (km) Figura 6.2.1.2 – Mapeamento da concentração de alumínio De facto, o alumínio é um elemento proveniente do solo e, com isso, a concentração deste elemento altera-se de acordo a influência desta fonte no líquen, sendo expectável uma distribuição aproximadamente uniforme deste elemento. Por exemplo, um local onde haja uma componente elevada de “ressuspensão” do solo poderá dar origem a concentrações altas de alumínio. A mancha vermelha que sobressai da Figura 6.2.1.2 pode ser explicada por duas grandes razões: a existência de uma fábrica de produção de alumínio em Avilés (a oeste, fora do mapa); e a presença de um aterro sanitário próximo do local, onde há grandes deposições de solo e, consequentemente, libertação de partículas na atmosfera. Contudo, é importante referir que, naquele local também há um polígono industrial, denominado por polígono de Silvota. - 44 - 6.2.2. Bromo O bromo é um elemento químico característico de dois tipos de fontes: industriais, pois é usado na indústria metalúrgica; e naturais com origem no mar. A Figura 6.2.2.1 apresenta as diferenças entre as concentrações obtidas nos líquenes expostos e não expostos. - 45 - 30 25 Concentração Br (ppm) 20 15 10 0 A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 B1 B2 B3 B4 B5 B6 B7 C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 F3 F4 F5 F6 F7 F8 G3 G4 G5 G6 G7 G8 H3 H4 H5 H6 H7 H8 I3 I4 I5 I6 I8 PS1 PS2 AMCoq AMsint AMPort AMmin AMabo 5 Líquenes expostos, SD entre 0,5 e 60% Figura 6.3.2.1 - Comparação da concentração de bromo obtida para os líquenes expostos (azul) e não expostos, com desvio (verde) - 46 - Na Figura 6.2.2.1, o valor de um dos pontos industriais (AMCoq) destaca-se dos restantes, com uma concentração em bromo de 28 µg/g. Para além do ponto AMCoq, mais três pontos tiveram concentrações superiores a 20 µg/g: AMmin, AMsint e C4. A Figura 6.2.2.2 apresenta o mapeamento do elemento bromo. 18 15 Latitude (km) 12 9 6 3 0 0 3 6 9 12 15 18 21 Longitude (km) Figura 6.2.2.2 – Mapeamento da concentração de bromo Para este caso, a maior fonte do elemento bromo é a siderurgia, onde os combustíveis têm uma grande contribuição. Os combustíveis usados na metalúrgica são, na sua maioria: Sólidos - coque e carvão mineral; Gasosos – gás de Coque, gás de aquecimento de caldeiras e gás da produção de aço. Para além da mancha vermelha sobre a metalúrgica, observam-se algumas manchas amarelas ligeiras perto das auto-estradas (fonte antropogénica) presentes na área de estudo. Uma das manchas amarelas corresponde ao ponto C4, localizado na intersecção das auto-estradas A8 e A66. - 47 - 6.2.3. Cálcio Para o elemento cálcio, não se fez mapeamento devido ao facto de só se ter obtido valores para um dos pontos. Isto sucedeu-se porque as concentrações se encontraram abaixo dos 5 6 limites de detecção da técnica (10 – 10 µg/g). O ponto onde se determinou cálcio foi na sinterização (ponto AMsint), onde é usado calcário no processo. Para além disso, o líquen foi exposto ao lado dum depósito de calcário e, quando foi retirado, estava branco. A concentração de cálcio neste líquen foi de 11,9%, ou seja, 119000 2 3 µg deste elemento por grama de líquen (limite de detecção entre 10 – 10 µg/g), em que o desvio padrão foi de 12%. 6.2.4. Cloro, Iodo e Sódio Maioritariamente, os elementos cloro, iodo e sódio têm origem no mar. Os resultados obtidos para estes três elementos foram coincidentes, pois têm origem na mesma fonte natural. As comparações entre as concentrações de cloro, iodo e sódio nos líquenes expostos e não expostos estão apresentadas nas Figuras 6.2.4.1 a 6.2.4.3, respectivamente. As Figuras 6.2.4.4 – 6.2.4.6 ilustram os mapeamentos dos elementos cloro, iodo e sódio, pela ordem correspondente. - 48 - 2500 Concentração Cl (ppm) 2000 1500 1000 0 A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 B1 B2 B3 B4 B5 B6 B7 C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 F3 F4 F5 F6 F7 F8 G3 G4 G5 G6 G7 G8 H3 H4 H5 H6 H7 H8 I3 I4 I5 I6 I8 PS1 PS2 AMCoq AMsint AMPort AMmin AMabo 500 Líquenes expostos, SD entre 2 e 55% Figura 6.2.4.1 - Comparação da concentração de cloro obtida para os líquenes expostos (azul) e não expostos, com desvio (verde) - 49 - 10 9 8 Concentração I (ppm) 7 6 5 4 3 2 0 A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 B1 B2 B3 B4 B5 B6 B7 C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 F3 F4 F5 F6 F7 F8 G3 G4 G5 G6 G7 G8 H3 H4 H5 H6 H7 H8 I3 I4 I5 I6 I8 PS1 PS2 AMCoq AMsint AMPort AMmin AMabo 1 Líquenes expostos, SD entre 1 e 46% Figura 6.2.4.2 - Comparação da concentração de iodo obtida para os líquenes expostos (azul) e não expostos, com desvio (verde) - 50 - 1000 900 800 Concentração Na (ppm) 700 600 500 400 300 200 0 A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 B1 B2 B3 B4 B5 B6 B7 C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 F3 F4 F5 F6 F7 F8 G3 G4 G5 G6 G7 G8 H3 H4 H5 H6 H7 H8 I3 I4 I5 I6 I8 PS1 PS2 AMCoq AMsint AMPort AMmin AMabo 100 Líquenes expostos, SD entre 1 e 24% Figura 6.2.4.3 - Comparação da concentração de sódio obtida para os líquenes expostos (azul) e não expostos, com desvio (verde) - 51 - 18 15 Latitude (km) 12 9 6 3 0 0 3 6 9 12 15 18 21 Longitude (km) Figura 6.2.4.4 - Mapeamento da concentração de cloro 18 15 Latitude (km) 12 9 6 3 0 0 3 6 9 12 15 18 Longitude (km) Figura 6.2.4.5 - Mapeamento da concentração de iodo - 52 - 21 18 15 Latitude (km) 12 9 6 3 0 0 3 6 9 12 15 18 21 Longitude (km) Figura 6.2.4.6 - Mapeamento da concentração de sódio A Figura 6.2.4.1 e 6.2.4.3 mostram que as maiores concentrações de cloro (2007 µg/g no líquen) e sódio (944 µg/g no líquen), respectivamente, foram coincidentes no ponto C4. Um dos pontos mais elevados de iodo também coincidiu com C4, cujo valor foi de 9,38 µg/g, sendo o mais alto de 9,91 µg/g, localizado no AMCoq. O valor mais alto no ponto AMCoq, para o iodo, justifica que este elemento provém tanto do mar como de uma fonte antropogénica. Algumas concentrações de sódio respectivas aos líquenes expostos foram inferiores aos não expostos (361 µg/g de líquen), sendo o mais baixo de 278 ppm. As manchas vermelhas comuns aos três elementos não eram esperadas, tendo em conta a respectiva fonte natural, o Mar da Cantábria. O relevo da região e a predominância do vento (Anexo IV) podem justificar essas manchas encontradas. Ainda assim, ao largo da costa marítima, as respectivas concentrações elementares são significativas, representadas por manchas verde claras (para o iodo, há uma mancha vermelha perto da costa). As altas concentrações perto da zona industrial mostram que estes elementos podem advir dos combustíveis sólidos e produtos reutilizados na indústria. - 53 - 6.2.5. Cobre, Manganês e Vanádio As Figuras 6.2.5.1 – 6.2.5.3 apresentam as concentrações de cobre, manganês e vanádio para os líquenes expostos e não expostos, respectivamente. Para uma melhor visualização, as Figuras 6.2.5.4 – 6.2.5.6 mostram a distribuição geográfica destes poluentes no local de estudo, pela ordem correspondente. - 54 - 100 90 80 Concentração Cu (ppm) 70 60 50 40 30 20 0 A1 A2 A3 A4 A6 A7 B1 B2 B4 B5 B6 B7 C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 F3 F4 F5 F6 F7 F8 G4 G5 G6 G7 G8 H3 H4 H5 H6 H7 I3 I4 I5 I6 I8 PS1 PS2 AMCoq AMsint AMPort AMmin AMabo 10 Líquenes expostos, SD entre 2 e 104% Figura 6.2.5.1 - Comparação da concentração de cobre obtida para os líquenes expostos (azul) e não expostos, com desvio (verde) - 55 - 600 500 Concentração Mn (ppm) 400 300 200 0 A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 B1 B2 B3 B4 B5 B6 B7 C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 F3 F4 F5 F6 F7 F8 G3 G4 G5 G6 G7 G8 H3 H4 H5 H6 H7 H8 I3 I4 I5 I6 I8 PS1 PS2 AMCoq AMsint AMPort AMmin AMabo 100 Líquenes expostos, SD entre 0,1 e 79% Figura 6.2.5.2 - Comparação da concentração de manganês obtida para os líquenes expostos (azul) e não expostos, com desvio (verde) - 56 - 30 25 Concentração V (ppm) 20 15 10 0 A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 B1 B2 B3 B4 B5 B6 B7 C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 F3 F4 F5 F6 F7 F8 G3 G4 G5 G6 G7 G8 H3 H4 H5 H6 H7 H8 I3 I4 I5 I6 I8 PS1 PS2 AMCoq AMsint AMPort AMmin AMabo 5 Líquenes expostos, SD entre 3 e 48% Figura 6.2.5.3 - Comparação da concentração de vanádio obtida para os líquenes expostos (azul) e não expostos, com desvio (verde) - 57 - 18 15 Latitude (km) 12 9 6 3 0 0 3 6 9 12 15 18 21 Longitude (km) Figura 6.2.5.4 - Mapeamento da concentração de cobre 18 15 Latitude (km) 12 9 6 3 0 0 3 6 9 12 15 18 21 Longitude (km) Figura 6.2.5.5 - Mapeamento da concentração de manganês - 58 - 18 15 Latitude (km) 12 9 6 3 0 0 3 6 9 12 15 18 21 Longitude (km) Figura 6.2.5.6 - Mapeamento da concentração de vanádio As Figuras 6.2.5.1 – 6.2.5.3 destacam as concentrações nos líquenes dos elementos num dos pontos industriais (AMCoq), cujos valores são 97, 548 e 25 µg/g. As Figuras 6.2.5.4 – 6.2.5.6 têm uma mancha vermelha em comum sobre a siderurgia, correspondente ao ponto AMCoq. Obviamente que a fonte antropogénica comum destes poluentes é a indústria metalúrgica. Não foi detectado cobre para cinco pontos da área de estudo (A5, A8, B3, G3 e H8). Dos 6 líquenes não expostos, só se obteve valores para o elemento cobre em um dos líquenes. Através da Figura 6.2.5.4, pode-se observar uma mancha verde clara coincidente com o polígono de Silvota, já relatado. As restantes manchas verde claras podem dever-se ao relevo da região e à incidência do vento. O manganês resulta dos processos industriais presentes na siderurgia. Como se observa nas Figuras 6.2.5.2 e 6.2.5.5, a concentração deste elemento foi aproximadamente constante em toda a área de estudo, à excepção da siderurgia, cujo valor é 10 vezes superior, e arredores. O vanádio deriva da queima de combustível, um processo efectuado na metalúrgica e, como é óbvio, na central termoeléctrica. Para além da metalúrgica, o líquen referente ao ponto E2 (perto da central termoeléctrica) apresenta um teor elevado de vanádio (22,5 ppm). Assim sendo, as manchas vermelhas presentes na Figura 6.2.5.6 eram esperadas, mostrando que a central termoeléctrica e a siderurgia são as fontes antropogénicas deste poluente. A distribuição deste elemento foi uniforme, à excepção das zonas referidas com valores 5 vezes mais altos. Observa-se ainda, na Figura 6.2.5.6, - 59 - uma mancha verde clara, coincidente com o polígono de Silvota, e outras manchas idênticas, resultantes do relevo e da incidência do vento, na zona. 6.3. Correlações Analisando os resultados obtidos, verificou-se que algumas concentrações elementares estão associadas entre si. A Tabela 6.3.1 apresenta o coeficiente de correlação linear, R, para as variações de todos os resultados adquiridos neste trabalho. Tabela 6.3.1 – Coeficiente de correlação linear, R, para as diferentes associações R Cond Al Br Cond 1 Al S.S. 1 Br 0.25* S.S. 1 Cl 0.34** S.S 0.46*** Cu S.S. I 0.28* S.S. 0.55*** 0.70*** 0.40** Mn S.S. 0.26* 0.61*** Na 0.44*** S.S. 0.43*** 0.79*** V S.S. 0.37** 0.47*** 0.40*** 0.50*** Cl Cu I Mn Na V 1 S.S. 0.28* S.S. 1 1 0.66*** 0.52*** S.S. 1 0.67*** 0.35** 1 0.57*** 0.44*** 0.73*** 0.33** 1 * P <0,05 ** P <0,01 *** P <0,001 O alumínio, sendo um elemento proveniente do solo, não se correlaciona com quase nenhum dos outros elementos, à excepção do cobre, manganês e vanádio (R entre 0,26 e 0,40). Os valores de alumínio têm significado com os três elementos referidos devido ao polígono de Silvota. Dos elementos provenientes do mar, o iodo também se associa ligeiramente aos poluentes, principalmente com o bromo (R = 0,55). O iodo e o bromo podem ter origem no mar como em fontes antropogénicas, como foi referido anteriormente. Observando os valores da correlação para o bromo, só com a condutividade e com o alumínio, o R tem um valor reduzido e sem significado, respectivamente. Os três elementos provenientes do mar (cloro, iodo e sódio) estão claramente associados entre si, como mostram as Figuras 6.3.1 – 6.3.3. - 60 - Concentração Na (ppm) 1000 800 600 400 200 0 0 500 1000 1500 2000 2500 Concentração Cl (ppm) Figura 6.3.1 – Relação entre sódio e cloro, R = 0,79 Concentração I (ppm) 12 10 8 6 4 2 0 0 500 1000 1500 2000 Concentração Cl (ppm) Figura 6.3.2 – Relação entre iodo e cloro, R = 0,70 - 61 - 2500 Concentração Na (ppm) 1000 800 600 400 200 0 0 2 4 6 8 10 12 Concentração I (ppm) Figura 6.3.3 – Relação entre sódio e iodo, R = 0,67 Para além dos elementos provenientes das fontes naturais, os três elementos poluentes estudados neste trabalho (cobre, manganês e vanádio) também se correlacionam, como havia sido visto nos mapeamentos. Por outro lado, as Figuras 6.3.4 – 6.3.6 mostram que as regressões lineares não foram assim tão boas. Concentração Mn (ppm) 600 AMCoq 500 400 AMPort 300 AMsint AMmin 200 100 0 0 20 40 60 80 100 120 Concentração Cu (ppm) Figura 6.3.4 – Relação entre manganês e cobre, R = 0,66 À excepção dos pontos assinalados na Figura 6.3.4, os restantes pontos não tiveram qualquer correlação. Sem o AMCoq, o valor de R passaria de 0,66 (P <0,001) para 0,29 (P <0,05). Sem os quatro pontos referidos, a regressão não teria significado, cujo valor de R seria 0,05. - 62 - 30 Concentração V (ppm) E2 AMCoq 25 20 AMabo 15 10 5 0 0 20 40 60 80 100 120 Concentração Cu (ppm) Figura 6.3.5 – Relação entre vanádio e cobre, R = 0,57 Os pontos assinalados na Figura 6.3.5 influenciam bastante a correlação da respectiva recta. Sem o AMCoq, o R passaria de 0,57 (P <0,001) para 0,28 (P <0,05), ou seja, a recta não seria tão boa. Sem o ponto AMabo ou sem o ponto E2, ou mesmo sem ambos, a recta teria um R superior e P <0,001, cujos valores seriam 0,59, 0,64, e 0,67, respectivamente. Sem os três pontos sinalizados, a recta teria um R de 0,35 (P <0,01). Os pontos E2 e AMabo estão próximos da central termoeléctrica, onde os teores em vanádio foram superiores, o que não se sucedeu com o cobre. Concentração V (ppm) 30 25 AMPort 20 15 10 5 AMsint 0 0 100 200 300 400 500 600 Concentração Mn (ppm) Figura 6.3.6 – Relação entre vanádio e manganês, R = 0,73 Sem os pontos denominados AMPort, AMmin e AMsint, a correlação linear não sofreria grandes alterações, passando o R de 0,73 para 0,71. Como observado nas duas últimas relações, o ponto AMCoq foi a “base” de ambos os poluentes, pois sem esse valor, a recta passaria a ter um R de 0,44 (P <0,001), o que mesmo assim, indica que a correlação continuaria boa. Sem os pontos E2 e - 63 - AMabo, o valor de R aumentaria para 0,90 e isto aconteceu porque as concentrações de vanádio são mais altas perto da central termoeléctrica, o que não ocorreu com o manganês. A condutividade eléctrica varia positivamente com alguns elementos. Esperavam-se valores de R na relação da condutividade com os poluentes Cu, Mn e V, mas isso não aconteceu porque os pontos com maiores valores não são coincidentes. As Figuras 6.3.7 a 6.3.9 mostram as relações da condutividade eléctrica com bromo, manganês e vanádio, respectivamente. Concentração Br (ppm) 30 25 20 PS1 15 10 E4 5 G8 0 0 20 40 60 80 100 120 Condutividade (mS.m-1.g-1) Figura 6.3.7 - Relação entre bromo e condutividade, R = 0,25 Para a relação entre a condutividade eléctrica e a concentração de bromo, os pontos assinalados influenciam a recta de regressão linear. Ao retirar-se os quatro pontos, o R da recta subiria para um valor de 0,44 (P <0,001). Concentração Mn (ppm) 600 500 400 300 AMPort AMmin 200 100 0 0 20 40 60 80 Condutividade (mS.m-1.g-1) 100 Figura 6.3.8 - Relação entre manganês e condutividade - 64 - 120 A Figura 6.3.8 apresenta uma relação linear sem significado mas, caso se retire os três pontos assinalados, a recta de regressão linear passaria a ter um R de 0,51 (P <0,001). Concentração V (ppm) 30 25 20 E2 AMabo 15 10 5 0 0 20 40 60 80 Condutividade (mS.m-1.g-1) 100 120 Figura 6.3.9 - Relação entre vanádio e condutividade Como já se constatou anteriormente, a concentração de vanádio aumenta com a maior proximidade à siderurgia (AMCoq) e à central termoeléctrica (E2 e AMabo). Ao eliminar-se os três pontos referidos, a recta da regressão teria um valor de R de 0,34 (P <0,01). Sem alguns pontos, conseguiu-se relacionar a condutividade eléctrica com os poluentes manganês e vanádio, bem como melhorar a relação da condutividade com bromo. Não se conseguiu relacionar o elemento cobre e a condutividade, pois os valores entre ambos foram muito diferentes. 6.4. Qualidade do Ar na Zona de Estudo As concentrações de PM10, medidas em cada estação de monitorização, estão representadas na Figura 6.4.1, bem como os valores limite diário e anual, estabelecidos pela legislação europeia [21] para PM10. - 65 - Figura 6.4.1 – Concentrações de PM10 medidas nas estações de monitorização da qualidade do ar presentes na região de estudo (Adaptado [43]) O gráfico apresentado na Figura 6.4.1 mostra os respectivos valores: o mínimo, os quadris Q1, Q25, Q50 (mediana), Q75, Q99, o máximo e a média. As estações S1, S2 e S3 foram locais que 3 apresentaram concentrações médias mais elevadas cujos valores foram 45, 40 e 48 µg/m , respectivamente. Comparando estes valores com a legislação [21], verifica-se que o limite anual foi excedido nas estações S1 e S3, pois estão mais próximas da zona industrial estudada. Com estes resultados, realizou-se uma rosa de poluição para cada estação de monitorização com o objectivo de se estabelecer uma ligação entre a qualidade do ar, a direcção dos ventos e as fontes emissoras. - 66 - 3 Figura 6.4.2 – Rosas de poluição para PM10, em µg/m [43] Os resultados apresentados na Figura 6.4.2 mostram uma vez mais que as estações S1, S2 e S3 apresentam as maiores concentrações de PM10. Para além disto, verifica-se que nas estações S1 e S2 as concentrações de PM10 são significativamente superiores quando os ventos provêm de leste e, que na estação S3 as concentrações são maiores quando os ventos provêm de noroeste. Este facto indica a importância desta zona industrial para as concentrações de PM 10. Nas restantes estações não se verificam diferenças significativas entre as concentrações medidas para as diferentes direcções do vento. - 67 - 7. Conclusões Os líquenes são biomonitores bastante sensíveis e resistentes às concentrações de partículas presentes na atmosfera e, com isso, podem também ser transplantados para outros locais, com o objectivo de se estudar a qualidade do ar. Para além disso, são “ferramentas” práticas e baratas de se usar, podendo realizar uma biomonitorização em grande escala (uma região, um país ou até mesmo a um continente) e a longo prazo (na ordem dos meses ou anos). A biomonitorização tem um grande inconveniente, não se determina a concentração do elemento X na atmosfera, apenas se determina a concentração do elemento X no biomonitor, neste caso, líquen. O relevo (altitude) de uma determinada região e o vento incidente são dois factores importantes na distribuição geográfica de partículas na atmosfera. A natureza do solo é outro factor importante, bem como o conhecimento da região. Estes dados ajudaram na percepção da distribuição dos diferentes elementos. Os líquenes foram colhidos em Montargil, uns foram expostos e outros foram analisados para se obter uma referência de comparação. Os líquenes que não foram expostos apresentaram, na sua maioria, valores inferiores de condutividade e de concentrações elementares. Para o alumínio, esta situação não foi tão linear, por ser dependente essencialmente da natureza do solo. O resultado obtido nos mapeamentos foi minimamente expectável, mostrando que os poluentes estudados derivaram de uma fonte antropogénica em comum, a siderurgia. Um elemento ao qual não se efectuou mapeamento foi o cálcio, por apenas se ter detectado num dos pontos. Foi determinado cálcio num ponto industrial, a sinterização, que utiliza calcário no processo. Para além do cálcio, não se detectaram concentrações de magnésio, potássio e titânio, pois os valores obtidos foram inferiores ao limite de detecção. O alumínio, como provém do solo, a sua distribuição não coincide com nenhum dos outros elementos. No mapeamento, houve uma zona que se destacou, por ter um aterro sanitário nas redondezas, onde existe a deposição de solos e, com isso, a suspensão de partículas na atmosfera. Mas salienta-se que estes valores mais elevados de alumínio correspondem a uns valores significativos de cobre, numa zona industrial conhecida por polígono de Silvota. O sódio, o cloro e o iodo são elementos que advêm essencialmente do mar, sendo que, as devidas distribuições sejam idênticas. Do mesmo modo, os poluentes cobre, manganês e vanádio têm distribuições semelhantes entre si, na medida que a metalúrgica é a fonte comum. O vanádio como tem origem na queima de combustível, a central termoeléctrica é outra fonte emissora deste elemento. A distribuição de bromo consegue ser semelhante ou ligeiramente semelhante a qualquer um dos outros elementos, à excepção de alumínio pelas razões mencionadas. Este trabalho determinou que o bromo advém de dois tipos de fontes: naturais (mar) e antropogénicas (siderurgia). - 68 - A condutividade, nos líquenes, variou de maneira positiva com os elementos bromo, cloro, iodo e sódio. Através do mapeamento efectuado para a condutividade (Figura 6.1.2), verifica-se que as manchas vermelhas encontram-se na zona da siderurgia e da central termoeléctrica, mas em pontos diferentes dos elementos cobre, manganês e vanádio. De forma geral, verificou-se que a condutividade eléctrica é um forte indicador de poluição. O ponto AMCoq obteve o valor mais elevado para vários elementos (Br, I, Cu, Mn e V). Os elementos Cl e Na tiveram como valor mais alto o ponto C4. O maior valor de condutividade eléctrica coincidiu com o único local onde se mediu Ca, o ponto AMsint. O Al teve como valor mais elevado o ponto B6. Sendo o AMsint e o AMCoq associados à metalúrgica e, para os elementos estudados, mostra-se que esta é a principal fonte emissora desta área. As concentrações de PM10 foram mais elevadas para a grande zona industrial, bem como os valores da condutividade eléctrica nos líquenes. As PM10 foram medidas nas estações de monitorização e mostraram maiores valores perto das indústrias, o que coincide com os resultados do estudo efectuado. Está comprovado que a biomonitorização é um método prático e barato, contudo este estudo deverá ter continuidade com a determinação de outros elementos que contribuíram para a melhor identificação das fontes emissoras. - 69 - 8. Referências Bibliográficas [1] Marques, A.P.V. (2008); Positional Responses in Lichen Transplant Biomonitoring of Trace Element Air Pollution; PhD Thesis; Delft University, Department of Radiation, Radionuclides & Reactors; Delft [2] Godinho, R.M. 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(2006); Geoestatística para as ciências da terra e do ambiente; 2ª edição, IST Press, Instituto Superior Técnico, Lisboa - 73 - [53] Roelandts, I; Gladney, ES (1998); Consensus values for NIST biological and environmental Standard Reference Materials; Fresenius Journal Analytical Chemistry, 360, 327-338 - 74 - Anexos Anexo I – Distribuição das 68 amostras, em coordenadas polares, latitude norte, longitude oeste Ponto A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 B1 B2 B3 B4 B5 B6 B7 C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 E2 E3 E4 Latitude Longitude 43°34'51" 5°50'39" 43°33'36" 5°51'05" 43°32'10" 5°51'03" 43°30'47" 5°51'13" 43°29'38" 5°51'00" 43°28'00" 5°51'01" 43°26'38" 5°51'06" 43°25'14" 5°51'06" 43°34'58" 5°49'00" 43°33'43" 5°49'10" 43°32'15" 5°49'09 43°30'45" 5°49'09" 43°29'49" 5°48'47" 43°28'07" 5°49'10" 43°26'44'' 5°49'09" 43°34'53" 5°47'25" 43°33'30" 5°47'14" 43°32'08" 5°47'09" 43°30'40" 5°47'27" 43°29'33" 5°47'16" 43°28'07" 5°47'19" 43°26'32" 5°47'30" 43°25'21" 5°47'26" 43°34'55" 5°45'30" 43°33'35" 5°45'33" 43°32'17" 5°45'49" 43°30'54" 5°45'35" 43°29'29" 5°45'29" 43°28'16" 5°45'34" 43°26'44" 5°45'33" 43°25'19" 5°45'04" 43°33'29" 5°43'28" 43°32'28" 5°43'26" 43°30'58" 5°43'27" Ponto E5 E6 E7 E8 F3 F4 F5 F6 F7 F8 G3 G4 G5 G6 G7 G8 H3 H4 H5 H6 H7 H8 I3 I4 I5 I6 I8 PS1 PS2 AMCoque AMsint AMPort AMmin AMabo - 75 - Latitude Longitude 43°29'33" 5°43'24" 43°28'07" 5°43'34" 43°27'04" 5°44'09" 43°25'14" 5°42'28" 43°32'20" 5°41'17" 43°30'57" 5°41'49" 43°29'26" 5°41'46" 43°28'05" 5°41'41" 43°27'02" 5°41'43" 43°25'30" 5°41'32" 43°32'07" 5°39'35" 43°30'59" 5°39'31" 43°29'33" 5°40'01" 43°28'01" 5°39'39" 43°26'35" 5°40'08" 43°25'27" 5°39'40" 43°32'15" 5°37'53" 43°30'48" 5°37'59" 43°29'37" 5°37'20" 43°28'09" 5°37'57" 43°26'41" 5°37'33" 43°25'25" 5°37'45" 43°32'09" 5°36'05" 43°30'49" 5°35'51" 43°29'54" 5°36'07" 43°28'12" 5°36'41" 43°25'17" 5°35'52" 43°33'02" 5°43'46" 43°33'20" 5°43'23" 43°31'27" 5°43'33" 43°32'03" 5°43'25" 43°31'07" 5°43'52" 43°32'22" 5°43'34" 43°33'34" 5°42'48" Anexo II – Isótopos analisados neste trabalho Elemento En (keV) Titânio 320,1 51 Ouro 411,8 198 Iodo Bromo Magnésio Manganês Cobre Sódio Isótopo T1/2 Ti 5,8 min Au 2,7 dias 442,9 128 617,0 80 843,8 27 846,8 56 1039,0 66 Cu 5,1 min 1369,0 24 Na 15 h I 25 min Br 17,7 min Mg 9,5 min Mn 2,6 h Vanádio 1434,1 52 Potássio 1524,7 42 K 12,4 h 1778,9 28 Al 2,2 min 2168,0 38 Cl 37,2 min 3084,4 49 Ca 8,7 min Alumínio Cloro Cálcio - 76 - V 3,8 min Anexo III – Controlo de qualidade para o padrão NIST-SRM-1572 Citrus Leaves Elemento 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 Al Conc (µg/g) 80,6 80,5 69,5 85,7 74,3 73,3 80,8 80,0 83,0 66,6 96,9 81,0 77,6 77,9 80,5 83,3 82,4 75,3 Br** Conc (µg/g) 6,85 8,03 8,48 6,52 6,51 6,57 5,90 6,01 7,28 7,36 7,53 6,68 7,63 6,95 6,85 6,28 6,89 8,29 7,51 8,18 6,66 10,98 10,15 8,42 9,48 7,80 8,31 7,29 8,71 Ca Conc (µg/g) 28973 30922 30127 Cl** Conc (µg/g) 395 388 486 378 374 452 367 413 442 452 403 395 450 430 453 438 318 501 481 469 404 480 439 444 467 444 457 432 433 Cu Conc (µg/g) 14,2 14,0 20,2 14,4 14,0 15,4 16,5 17,2 15,7 17,2 14,7 15,4 17,0 16,7 17,7 21,2 12,2 20,3 19,4 18,7 14,4 I Conc (µg/g) 1,94 1,88 2,44 1,65 1,69 1,81 1,71 1,81 1,96 1,97 1,92 2,43 1,71 1,50 1,92 1,85 1,49 2,09 2,16 2,09 Mn Conc (µg/g) 26,5 19,8 29,3 14,9 26,3 23,1 19,0 35,4 23,3 30,1 33,9 20,9 27,3 21,6 19,8 33,6 12,8 24,2 29,2 31,4 13,9 26,2 29,7 20,1 20,1 21,6 20,2 20,1 2,58 2,37 1,68 2,00 2,18 2,03 2,11 2,72 27,5 31,3 35,9 36,2 29,9 20,9 Na Conc (µg/g) 185 169 222 171 174 203 177 192 V** Conc (µg/g) 0,262 0,361 0,235 0,221 0,304 0,213 0,333 0,311 0,283 0,276 0,278 0,306 0,317 0,309 0,329 0,211 0,327 0,377 0,351 0,208 0,352 0,275 0,311 215 188 191 215 210 206 208 146 230 223 219 188 222 207 207 216 211 212 193 200 0,285 0,398 0,328 0,306 média 79,4 7,59 30007 431 18,0 1,99 25,9 200 0,299 SDmédia 6,6 1,2 979,8 41,3 3,8 0,3 6,8 19,9 0,1 certificado 92,0 8,20 31500 490 16,5 1,84 23,0 160 0,247 εcertificado 15,0 0,40 1000 90 1,0 0,03 2,0 20 0,013 rácio 0,863 0,926 0,953 0,879 1,092 1,080 1,124 1,250 1,210 εrácio rácio + ε rácio - ε 0,158 1,021 0,705 0,153 1,079 0,772 0,043 0,996 0,909 0,182 1,061 0,697 0,242 1,335 0,850 0,169 1,249 0,912 0,310 1,434 0,815 0,200 1,449 1,050 0,215 1,425 0,995 (I) - 77 - Anexo IV – Controlo de qualidade para o padrão IAEA-RM-336 Cl* Conc (µg/g) 1763 2076 2081 2167 2310 1865 1847 1757 1727 1982 1854 1865 2119 2089 2170 1599 1510 2304 2265 706 Br Conc (µg/g) 9,1 11,1 11,5 10,7 13,5 10,8 9,9 9,0 9,9 10,3 8,9 10,8 11,5 11,2 10,9 9,7 9,7 12,7 14,0 15,0 10,6 15,9 12,5 14,3 14,5 13,3 16,4 13,9 11,8 Na Conc (µg/g) 280 330 336 354 379 305 299 274 281 321 300 305 342 341 358 267 250 385 374 340 331 349 345 329 346 352 354 345 328 V* Conc (µg/g) 1,52 1,77 1,95 1,91 2,12 1,64 1,68 1,39 1,81 1,94 1,70 1,64 1,77 1,79 2,02 1,33 1,29 2,03 1,88 1973 2136 2079 2043 2057 2125 2165 2000 1997 Mn Conc (µg/g) 54,9 82,1 64,7 74,3 76,4 60,3 57,6 56,3 57,3 60,3 56,8 60,3 90,5 65,2 66,4 46,3 45,8 69,9 70,4 81,8 61,3 86,0 66,0 62,2 66,6 75,0 59,6 66,6 65,7 SDmédia 121 2,2 205 10,9 35 0,21 certificado 680 12,9 1900 63,0 320 1,47 εcertificado 110 1,7 300 7,0 40 0,22 rácio 1,038 0,918 1,051 1,044 1,024 1,202 εrácio 0,244 0,206 0,198 0,209 0,168 0,229 rácio + ε rácio - ε 1,282 0,794 1,125 0,712 1,249 0,853 1,252 0,835 1,192 0,856 1,431 0,973 Elemento 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 média Al* Conc (µg/g) 713 786 932 725 721 689 633 799 684 725 841 756 513 514 748 658 455 816 1,67 1,92 1,80 1,83 1,90 1,79 1,85 1,77 (II) - 78 - Anexo V – Certificado do padrão NIST-SRM-1572 Citrus Leaves - 79 - - 80 - - 81 - - 82 - - 83 - - 84 - Anexo VI – Certificado do padrão IAEA-RM-336 - 85 - - 86 - - 87 - - 88 -