Aplicação da Eletrorresistividade na Avaliação Preliminar de Empreendimentos Imobiliários Introdução A aplicação de técnicas adequadas na investigação preliminar de empreendimentos imobiliários diminui os recursos envolvidos para a realização dos mesmos. O presente estudo demonstra uma das técnicas disponíveis no mercado para minimizar ou direcionar os locais mais adequados para as investigações geológicas diretas (sondagens). Os métodos geofísicos não invasivos têm apresentado excelentes resultados em diversas áreas, tais como: estudos de viabilidade geotécnica, projetos ambientais, estudos hidrológicos, projetos de engenharia e mapeamentos estruturais e geológicos. Neste contexto, o presente estudo de caso apresenta a aplicação da técnica de Eletrorresistividade para a caracterização do perfil geoelétrico de uma área localizada no município de Vinhedo, interior de São Paulo. A aplicação do caminhamento elétrico (CE) permite, através de técnicas indiretas, a delimitação de camadas estratigráficas, delimitação de topo rochoso, caracterização de blocos (matacões), delimitação de cavernas e zonas de falha/fraturas existentes na área. Figura 1: Mapa da área de estudo no município de Vinhedo-SP com a posição das linhas de Caminhamento elétrico (CE) da investigação preliminar. Métodos O método de resistividade foi aplicado ao longo de duas linhas: Linha A (595m , Figuras 1), Linha B (715m , Figuras 1). Em ambas as linhas de CE, utilizou-se o arranjo dipolo-dipolo (Figura 2), com oito níveis de investigação, espaçamento entre os eletrodos AB=MN= 5m, sendo as linhas dispostas para cobrir o terreno em uma investigação preliminar após levantamento geológico da área. Para a aquisição dos dados de eletrorresistividade foi utilizado o resistivímetro EEG- AL48, de fabricação italiana. Este equipamento consiste em um módulo único de transmissão e recepção de dados, com 350W de potência com uma variação de até 2A. O processamento dos dados foi realizado através dos softwares RES2DINV v.3.4 (GEOELECTRICAL IMAGING 2D & 3D, M. H. LOKE). Figura 2: Disposição inicial do arranjo dipolodipolo- (CE) (Modificada de Elis, 1999). Resultados e Discussões As figuras 3 e 4 trazem as pseudoseções de resistividade aparente, seções modeladas de resistividade dos perfis e suas interpretações. Estas formas de apresentação dos dados mostram os contrastes de resistividade que podem ser correlacionados a aspectos litológicos e/ou estruturais em subsuperfície. Figura 3: Pseudo-seção, seção modelada de resistividade e perfil geoelétrico interpretado da linha A. sendo o capeamento de solo superficial e rocha alterada. Para o modelo geoelétrico foram atribuídos valores de resistividades (ρ) menores que 800 Ω.m como sendo capeamento de solo ou rocha alterada e resistividades (ρ) maiores que 1500 Ω.m Figura 4: Pseudo-seção, seção modelada de resistividade e perfil geoelétrico interpretado da linha B. como sendo o topo rochoso em altas profundidades e matacões em subsuperfície (Figura 3 e 4). Nas duas A Figura 1 mostra a localização de todos os ensaios geofísicos presentes nesse trabalho e possíveis áreas de estruturas cársticas observadas em campo, sobreposto a imagem aérea obtida através do Google Earth. A área de estudo é de ocorrência de rochas ígneas (granitos) e o foco principal dessa prospecção geofísica é obter assinaturas geofísicas correlacionáveis a possíveis cavernas e matacões existentes na área de estudo. A rochas resistividade cristalinas são elétrica seções geofísicas realizadas na área de estudo foram determinados a presença de matacões em subsuperfície. As feições cársticas observadas em campo em subsuperfície estão ligadas a matacões, isso deve-se ao fato do modelo genético para formação de cavernas em rochas pouco solúveis (Figura 5). das normalmente altas, devido a vários fatores, como p.e. composição mineralógica e estrutura. No entanto se a rocha in situ estiver alterada, fraturada, ou ser submetida a qualquer tipo de intemperismo a resistividade tende a baixar. No presente trabalho, altas resistividades em profundidade são atribuídas a tendência estrutural do topo rochoso, e altas resistividades em subsuperfície do terreno são atribuídas aos matacões, que são blocos de rochas compactas, tendo sua origem por intemperismo físico e químico, sendo transportados ou não. As baixas resistividades são interpretadas como Figura 5: Classificação de cavernas carbonáticas proposto por Finlayson. não ZAMPAULO et. al. 2007, fizeram expedições a Serra dos Cocais em Valinhos, SP, e confirmaram a presença de grutas, classificadas como cavernas de blocos em canal, corroborando aos resultados obtidos geoelétricas A e B. nas seções Conclusões O método geofísico utilizado mostrou-se eficiente na delimitação dos substratos geológicos, fornecendo os atributos necessários para a classificação e interpretação geológica da área em estudo. Ao fornecer, de forma satisfatória e a baixos custos, o Caminhamento Elétrico mostrou-se uma excelente ferramenta para etapas preliminares de empreendimentos imobiliários ao fornecer subsídios às seguintes etapas do projeto. Referências EDWARDS, L. S. 1977. A modified pseudo-section for resistivity and induced-polarization. Geophysics, v.3, p.78-95. ELIS, V. R. 1999. Avaliação da aplicabilidade de métodos elétricos de prospecção geofísica no estudo de áreas (b) (a) CASTRO, G., CARVALHO, D. AND MACHADO, R. Thirteenth International Congress of the Brazilian Geophysical Society 5 utilizadas para disposição de resíduos. Tese de Doutorado, Instituto de Geociências e Ciências Exatas, UNESP, Campus de Rio Claro-SP. p 264. ESCH, L. 1991. Speleogenesis in the Lost Creek Wilderness Area, 2 Colorado. Geo, 18: 31-35. HALLOF, P. G. 1957. On the interpretation of resistivity and induced polarization measurements: Cambridge, MIT, Ph. D. thesis. LOKE, M.H. & BARKER, R.D., 1996a, Rapid least-squares inversion of apparent resistivity pseudosections by a quasi-Newton method. Geophysical Prospecting, 44, 131-152. LOKE, M.H. & BARKER, R.D., 1996b, Practical techniques for 3D resistivity surveys and data inversion. Geophysical Prospecting, 44, 499-523. ZAMPAULO, et. al., 2007. Impactos em grutas graníticas na Serra dos Cocais (Valinhos-SP): Patrimônio espeleológico desconhecido. Anais do XXIX Congresso Brasileiro de Espeleologia, 335-345.