519 ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A HISTÓRIA DO ENSINO DE MATEMÁTICA EM FRANCA Rodrigo Morais Santos1 (Uni-FACEF) Orientadora: Silvia Regina Viel Rodrigues2 (Uni-FACEF) INTRODUÇÃO Sabe-se que a perspectiva histórica, numa análise crítica do cotidiano escolar é muito importante, já que pode destacar aspectos muitas vezes esquecidos dentro do panorama atual, mas que deram origens a vários problemas e dificuldades. Uma pesquisa histórica de um caso delimitado pode, através de levantamentos de documentos e relatos, suscitar novas perspectivas de atitudes para o agora. É assim que têm surgido inúmeros trabalhos e grandes possibilidades com a utilização da história da Matemática. Estar trabalhando com os alunos para mostrar a construção de uma teoria ou conteúdo, reconstruindo as idéias das descobertas dos grandes matemáticos e retomando todos os questionamentos e dificuldades que esses tiveram para chegar à fórmulas e teoremas que são utilizados hoje desperta geralmente uma certa curiosidade. Miguel (2004, p.) acrescenta: “... que o que se perdem tempo energia, ganha-se em significado, sentido e criatividade. Isso porque no caminho histórico, estaria o mundo real de idéias, visto em gênese, desenvolvendo-se e deteriorando-se, mais do que uma imitação 1 2 Estudante do Uni-FACEF Mestre em educação matemática e docente do Uni-FACEF 520 artificial no qual o problema central é removido. Este é o sentido em que a aprendizagem é ‘mais fácil’: um sentido pessoal no qual o estudante põe em relevo o trabalho criativo e imita a descoberta individual dos resultados. (apud. GRATTAN-GUINNESS,1973) Desde a descoberta do Brasil, vários foram os perfis de nossos professores, mesmo por que as mudanças na educação também foram grandes, inclusive é claro, no ensino de Matemática. No caso particular da cidade de Franca, essa história do ensino de Matemática ainda precisa ser contada e analisada e passa a ser o objetivo do trabalho de Santos. (Projeto de Iniciação Cientifica em desenvolvimento junto ao Centro Universitário de Franca, desde 2008) e será parte deste artigo. Historia da Cidade de Franca Franca foi fundada há mais de 150 anos, tendo sua origem num antigo pouso de tropeiros que demandavam as províncias de Minas Gerais e Goiás.O arraial foi assentado em uma colina entre dois córregos: Bagres e Cubatão, em terrenos da Fazenda Santa Bárbara, doadas para este fim em 03 de dezembro de 1805, por Antônio Antunes de Almeida e seu irmão Vicente Ferreira Antunes de Almeida e esposa Maria Francisca Barbosa. O novo povoado foi progredindo rapidamente, tanto assim que em 1804, tendo a sua população aumentada consideravelmente, foi elevado a distrito de paz com o nome de “Arraial Bonito do Capim Mimoso”. Em 1821, por portaria datada de 31 de outubro, foi o arraial elevado à categoria de Vila, cuja instalação somente se verificou em 1824, como “Vila Franca do Imperador”. E foi tal o progresso da vila, que, de 1279 almas que contava em 1809, passou a ter em 1829 a respeitável população de 9247 indivíduos, sendo 5026 do sexo masculino e 4221 do sexo feminino. 521 Em 1852, a Assembléia Legislativa houve por bem eleva-la à categoria de cidade, com todas as prerrogativas, constituídas em Cabeça de Comarca de primeira entrância. Em 1901, Franca, ainda de costumes sertanejos, tinha uma população urbana de 5000 habitantes e era sede de uma comarca de 20 a 25 mil jurisdicionados sendo os seus destinos jurídicos confiados ao íntegro magistrado Dr. Manoel Policarpo Moreira de Azevedo Júnior, que foi mais tarde elevado ao cargo de Desembargador do nosso Tribunal de Justiça. Por essa época, a instrução pública era confiada inteiramente aos cuidados da municipalidade e de particulares. Não existiam escolas públicas primárias mantidas pelo Governo, sob a regência de professores normalista. Somente na primeira década do século XX é que foram criadas as primeiras escolas primárias estaduais sendo, em seguida instalo no “Velho Casarão da Cadeia de Franca” o primeiro Grupo Escolar que recebeu com muita justiça o nome do prestante cidadão francano “Coronel Franscisco Martins”. Mais tarde foi criado o segundo Grupo Escolar, bem como foram instaladas algumas escolas urbanas no distrito. Por essa época, já existiam na cidade algumas escolas de grau secundário, como o Ginásio “Champagnat”, o “Colégio Nossa Senhora de Lourdes” e a Escola profissional “Dr Júlio Cardoso”, mas faltavam os professores públicos primários, não havendo nem sequer um professor normalista francano. Assim começaram então a chegar os primeiros professores normalistas, vindos de outras cidades paulistas, destacando-se entre eles os nomes dos senhores Edmundo Dantes, David Carneio Ewbank, Olívio Peixoto, Eduardo Nunes, Benedito Siqueira Abreu, Walfrido Maciel e outros. Daí por diante Franca cresce em seu meio educacional surgindo novas escolas e dentro desse contexto se inicia o ensino de Matemática Considerações preliminares 522 Verificado o passado dos professores francanos notou-se que o ensino da matemática na cidade passou por várias transformações, tanto no que tange a parte pedagógica como na relação professor-aluno. Vários foram os fatores que influenciaram essas mudanças como, por exemplo, a evolução sóciopolitica-economica-tecnologica. O que se observa é que mesmo com o ensino tradicional, na história recente de Franca os alunos aprendiam muito e que esses tinham maiores oportunidades de passar para um nível superior de ensino com maior facilidade. Notou-se também uma mudança com relação aos pais que antes eram muito preocupados com a educação dos filhos. Hoje a presença dos pais na escola é muito menor e o interesse pelo rendimento escolar é apenas com as notas e não com o conhecimento, a escola passou a assumir a educação geral das crianças, principalmente com relação aos limites, já que a grande maioria dos pais trabalham o dia todo e dispõe de pouco tempo de convivência com as crianças. Referência Bibliográfica: BOYER, Carl B. História da matemática. Tradução de Elza F. Gomide. 2. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 1996. CASTRO, F.M.O. A matemática no Brasil. São Paulo: Unicamp, 1999. EVES, H. Introdução à história da matemática. São Paulo: Unicamp, 2002. FIORENTINI, D.; JIMÉNEZ, A. (org.). História das aulas de matemática: compartilhando saberes profissionais. São Paulo: Graf. FE; CEMPEM, 2003. 523 MIGUEL, A.; MIORIM, M.A. História na educação matemática: propostas e desafios. Belo Horizonte: Autentica, 2004. (Coleção Tendências em Educação Matemática) MIORIM, M. A. Introdução da história da educação matemática. 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