X Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-graduação - SEPesq
Centro Universitário Ritter dos Reis
Estratégias para o ensino de Matemática para suprir defasagens
provenientes da educação básica e diminuir a evasão nas Instituições de
Ensino Superior
Nelson Elinton Fonseca Casarin
Mestre em Educação em Ciências e Matemática PUCRS
UNIRITTER
[email protected]
Geiseane Lacerda Rubi
Mestre em Educação em Ciências e Matemática PUCRS
UNIRITTER
[email protected]
Resumo: A Matemática é, em geral, considerada complexa. Essa percepção não é diferente no
ensino superior. Está cada vez mais comum, alunos ingressarem no ensino superior com
defasagens oriundas de uma educação básica fraca. Uma vez que o aluno está no ambiente de
educação superior, este deve buscar meios para suprir suas necessidades de conhecimentos,
sejam elas básicas ou não. Já o professor, em parceria com a Instituição de Ensino Superior
(IES), deve prover meios para o desenvolvimento individual desse aluno. Por esse ângulo, surge
a necessidade da ampliação de núcleos de ensino nas IES voltados ao preparo do aluno para o
bom desempenho no ambiente universitário, de maneira que o mesmo possa suprir suas
carências e projetar-se satisfatóriamente no curso superior. Considerando tal contexto e como
motivação, o presente trabalho objetiva apresentar estratégias para o ensino de matemática que
possibilitem a retomada de conceitos básicos, suprindo a defasagem da educação básica,
necessários ao bom desenvolvimento da Educação Superior. Além disso, são abordadas as
dificuldades enfrentadas por professores, especialmente daqueles que trabalham com alunos de
semestres iniciais, pois, por motivos dessa defasagem de conhecimento, levam, em alguns casos,
o aluno evadir. A evasão é uma fonte de ociosidade para as IES tanto em espaço físico quanto no
setor acadêmico, por isso, as estratégias são uma possibilidade de formação para alunos
ingressantes, seja presencial como Teste Nivelamento, Oficinas, Monitorias, Atividades Práticas,
ou, até mesmo, em ambiente virtual com Vídeo-aulas e Games Educacionais que visam um
ensino levando em conta a capacidade de investigação e desempenho pessoal do aluno. Para
que isso de fato aconteça, o professor é a fundamental partindo como pressuposto da Instituição
de Ensino Superior, ele é o principal articulador do conhecimento levando ao desenvolvimento de
uma base sólida visando ampliação de conhecimento e o fortalecimento do interesse pela
pesquisa.
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SEPesq – 20 a 24 de outubro de 2014
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Introdução
Temos presenciado, a aprendizagem de matemática, nos últimos tempos uma
enorme defasagem de conhecimento nos acadêmicos entrantes na Instituição de Ensino
Superior (IES). Agente transformador no processo de conhecimento, a IES possui papel
fundamental na reversão desse quadro, no sentido de oferecer as condições de
desenvolvimento de aprendizagem. Pensando de forma, quem, melhor que o professor,
poderia ser o agente transformador dos índices de aprendizagem em nossa educação?
Afinal, o professor está em um lugar privilegiado, pois parece que a sala de aula tem o
poder transformador no sentido da busca pelo conhecimento. Além disso, parece ser o
melhor lugar para mudança da realidade desenhada em relação ao desenvolvimento de
conhecimento no nível superior. Não cabe dimensionar o poder transformador que o
professor e a universidade naturalmente possuem, porém refletir sobre como se pode
auxiliar os alunos no aprendizado na prática é importante. Dessa forma, é sobre como
tornar o aprendizado atraente e prático que iremos discorrer.
Parece claro que precisamos tornar o ensino atraente que reflita o avanço
tecnológico e, que esse venha equilibrar o momento vivenciado pelo acadêmico, de maneira
que esse possa interessar-se pela aplicabilidade de seus estudos na sua atual realidade de
busca pelo conhecimento. É necessário ter atenção especial com os alunos de primeiros
semestres, com professores que sejam mediadores no processo de transição entre uma
estagnação aparente de desenvolvimento de conhecimento, gerado principalmente pelas
políticas públicas, e o novo ambiente nas IES.
É importante analisar dados locais que identificam a evasão, em que época do
semestre acontece e as causas que levam a decisão de abandono. Essa análise precisa
gerar estratégias especiais para combater os motivos geradores da desistência com
programas permanentes de auxílio e orientação aos alunos. Parece evidente que o trabalho
de combate a evasão não é só do coordenador de curso ou mesmo do setor de apoio ao
estudante, mas de todos que compõe o quadro da Instituição de Ensino Superior.
Obviamente, sempre haverá estudantes que irão evadir, mas é necessário buscar
meios para diminuir este resultado extremamente negativo. O essencial na luta contra a
evasão é que os alunos não abandonem seus cursos por motivos que poderiam ser
evitados. Conforme levantamentos realizados, um dos motivos mais relevantes para
repensar o modelo tradicional de ensino e aprendizagem nas IES, principalmente nas
particulares, é a falta de disciplina para estudar. Muitos iniciam um curso achando que é
fácil se adaptar e, em função do tempo, não se adaptam facilmente.
A falta de tempo para o estudante de IES privada, geralmente, se dá pela
necessidade de trabalhar para conseguir manter seus estudos e, muitas vezes, suprir as
necessidades familiares. É importante que universidades e, principalmente, o professor
compreenda e procure meios para estimular esse aluno no desenvolvimento de critérios e
métodos de estudos evitando, com isso, a sua desistência.
Como percebe-se, existem muitos obstáculos a serem vencidos para que se possa
chegar a excelência no processo de ensino e aprendizagem.
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A importância de mecanismos que privilegiam o desenvolvimento da aprendizagem
de maneira atraente e clara atendendo demandas atuais.
O papel do professor é mediar e proporcionar meios para o desenvolvimento da
aprendizagem. Nos cursos de Engenharia e de outras áreas, muitos alunos apresentam
dificuldades, principalmente em matemática e áreas ligadas ao cálculo. Com isso, diversos
alunos não conseguem acompanhar ou não entendem a matéria estudada. Esses alunos
acabam evadindo do ensino superior, ou, trancando a disciplina, ou ainda, repetindo a
disciplina cursada.
Visamos ter um ambiente promotor do desenvolvimento da Aprendizagem
Matemática. Dessa forma, a prática através de instrumentos que estimulam a aprendizagem
nos parece o caminho mais adequado para o momento em que vivemos. A midiatização e
virtualização dos mecanismos de comunicação e aprendizagem podem ser um dos
causadores dessa problemática pois consomem boa parte do tempo de estudante.
Pensando assim, procuramos desenvolver ambientes presenciais e virtuais de
aprendizagem que venham atender as demandas necessárias ao desenvolvimento e
conhecimento.
As estratégias propostas para o desenvolvimento de aprendizagem percorrem o
desenvolvimento de (i) teste de diagnóstico que geram (ii) oficinas específicas de
aprendizagem ou encaminhamento a (iii) vídeo-aulas específicas que envolvem
necessidades particulares de aprendizagem; (iv) jogos digitais para conteúdos com
especificidades que privilegiam a consolidação do conhecimento desenvolvido em sala de
aula. Cabe destacar também a utilização de (v) atividades práticas que privilegiam a
visualização do cálculo até então puramente abstrato.
Nos tópicos a seguir são abordados de maneira detalhada cada um dos itens citados
acima.
Teste de diagnóstico
O Teste Diagnóstico é uma estratégia inicial para levantamento de conhecimentos
prévios dos alunos. Essa abordagem acontece entre a primeira e segunda semana de aula
da disciplina de Matemática Básica. É aplicado um trabalho individual, de preferência com a
orientação do professor para que não haja consulta, para que o desempenho do trabalho
possa nortear a melhor possibilidade de orientação para o desenvolvimento de
conhecimento em áreas específicas de defasagem de conhecimento matemático que esse
teste diagnóstico mostrará. O nivelamento possui como pressuposto indicador do tipo de
ambiente de aprendizagem a ser indicado ao aluno. Após a identificação das dificuldades
dos alunos são elaboradas diversas oficinas específica que agrupam estudantes de acordo
com a demanda de desenvolvimento de aprendizagem percebida no teste diagnóstico. Esse
teste se apresenta desde as operações mais elementares dentro do cálculo chegando a
conceitos os quais julgamos serem fundamentais para o bom desenvolvimento do aluno na
disciplina.
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Oficinas e monitorias específicas
A Matemática é geralmente considerada uma disciplina complexa pelos alunos. Seu
estudo provoca uma sensação conhecida como Matofobia (medo de Matemática)
(FELICETTI, 2007). Uma opção para ajudar a reduzir Matofobia é diversificar a maneira
como os indivíduos se relacionam com a Matemática.
Em pré cálculo, disciplina Matemática Básica, é comum encontrarmos alunos que
não recordam regras e operações básicas, como sinais, potências, fatoração, equações de
primeiro e segundo graus, etc. O teste diagnóstico pode identificar esses tipos de lacunas
na aprendizagem do aluno, permitindo que o mesmo seja encaminhado a oficina ou
monitoria específica. Essas oficinas e monitorias são desenvolvidas por professores
experientes na área ou por alunos mais adiantados no curso superior que são preparados
para atender e solucionar tipos específicos de dificuldade, a esse processo nomeamos
como monitoria orientada. Os resultados tem sido surpreendentes em relação ao
aprendizado.
Segundo os alunos participantes dessas oficinas, elas tem sido um fator motivador a
permanência no curso, pois muitos, declaram-se sem base para dar continuidade ao curso.
Vídeo-aulas
Essa é uma estratégia implantada desde o segundo semestre de 2011 nos cursos de
engenharia atendendo a disciplina de Cálculo, dentro do Núcleo de Matemática. É uma
ferramenta de ensino à distância que visa auxiliar, reforçar ou, até mesmo, sanar dúvidas
dos alunos. Esse recurso estimula o aluno, pois o mesmo pode acessar as vídeo-aulas em
qualquer local e horário, pois não é necessário que o aluno se encontre na IES no momento
do seu estudo particular.
As vídeo aulas são elaboradas e editadas por conteúdo específico com parte
conceitual e resolução de exercícios. O tempo de cada vídeo aula é de aproximadamente 5
minutos visando focar os principais tópicos de dificuldades. Os relatos têm sido satisfatórios,
existem excelentes resultados com muitos acessos e depoimentos dos alunos do quanto
esse tipo de ferramenta lhes tem auxiliado.
Jogos Digitais
Alunos que não dispõe de tempo e vontade para participar das oficinas e monitorias
ou assistir vídeo-aulas podem desenvolver cursos de nivelamento em ambiente virtual de
aprendizagem. Estamos em processo final de criação desses jogos de nivelamento em
EAD, os quais o aluno estuda e desenvolve suas atividades em hora que lhe for apropriada.
Esse mecanismo prevê a parte teórica animada com a utilização de softwares adequados
que privilegiam o aprendizado individual com ênfase no desenvolvimento gradual do
conteúdo de maneira interativa e estimulante, conforme apontado por diversos
pesquisadores da área de games e o ensino, tais como Gee (2004, 2005, 2007), Mattar
(2010), Prensky (2001, 2008, 2011), Veen e Vrakking (2009).
Em parceria com os cursos de TI, em especial o de Jogos Digitais, estão sendo
criadas mídias digitais (ver Figura 1) em que o aluno desenvolve etapas de conhecimento,
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tendo que atingir um nível satisfatório de aprendizagem para conseguir avançar a próxima
etapa. Não conseguindo o avanço o jogador é remetido a assistir uma vídeo-aula que lhe
fornece o embasamento para o desenvolvimento da etapa. Esse tipo de atividade além de
desafiadora utiliza meios tecnológicos que permite ao aluno, através de seu smartphone,
tablete ou computador, desenvolver as etapas do software onde e quando melhor lhe
convier. O perfil dos alunos de ensino médio é de um adolescente ligado em tecnologias
atuais, perfil que essa ferramenta vem atender, porém em nível superior.
Figura 1: Jogo digital em fase de desenvolvimento no Núcleo de Matemática do UniRitter
Atividades práticas com a Unidade Mestra de Matemática
Outra estratégia fundamental, em especial à alunos de Engenharia, é a realização de
atividades práticas, pois, muitas vezes, os professores ensinam os conteúdos de
matemática apenas explorando o cálculo e a abstração ocasionando um ensino mecânico e
descontextualizado. Essa postura, sem dúvida, é um fator desistimulante para a
aprendizagem matemática.
Por esse ângulo, objetivando um ensino de qualidade e uma aprendizagem
significativa ao aluno, busca-se o desenvolvimento de atividades práticas (ver Figura 2),
experimentos que podem ser realizados em sala de aula pelo professor, ou no laboratório
com os alunos que, de maneira contextualizada, possam visualizar conceitos matemáticos.
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Figura 2: Prática utilizando sólido de revolução
A Unidade Mestra de Matemática (ver Figura 3) é um conjunto de instrumentos e
sensores que possibilitam realizar diversos experimentos envolvendo a matemática
(geometria, álgebra, aritmética, ...). Com uso dos instrumentos e sensores é possível, ao
aluno, perceber e significar a Matemática visualizada na prática, tornando a aprendizagem
instigadora, interessante e significativa.
Figura 3: Unidade Mestra de Matemática
Fonte: http://www.cidepe.com.br/pt/produtos/matematica/unidade-mestra-de-matematica-com-sensores-software-e-interface-para-o-professor-eq129f
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Conclusões
Entendemos que essas estratégias podem auxiliar na redução da evasão, além de
diminuir a defasagem de aprendizagem gerando gosto pelo estudo. Essas estratégias
apresentadas estimulam a aprendizagem, para a partir dos recursos aprender e sanar
dificuldades em termos de defasagem de conhecimento, utilizando esses meios para suprir
carências.
Situações de defasagens, nos levaram a criar o Núcleo de Matemática para as
Engenharias, um espaço que visa sanar as dificuldades dos alunos, ou seja, é um programa
que visa sanar lacunas existentes na aprendizagem, sendo um trabalho árduo, porém
extremamente gratificante quando os resultados aparecem.
Atualmente, o Núcleo de Matemática atende vários alunos e os resultados são
facilmente percebidos, principalmente através das vídeo aulas que já estão em pleno
andamento com excelentes resultados. Iniciativas como esta podem auxiliar muitos no seu
fazer pedagógico, utilizar a tecnologia e temas de contexto atual pode estimular o desejo
pelo aprendizado tornando-o prazeroso.
Levitt (1990, p. 34) destaca que para manter alunos é importante lembrá-los
regularmente o que estão recebendo. Se isso não for feito, eles não ficarão sabendo.
Sabemos que muito é feito para manter o aluno, porém a formação de Núcleos que
proporcione a aproximação dos mecanismos que privilegiam a permanência dele nas IES
pode ser visto como um fator determinante.
A educação precisa de agentes transformadores, como professores, precisamos
estar aptos e, certamente, trabalhamos para que esse sonho seja real. Exige meios capazes
de proporcionar desenvolvimento da aprendizagem e que utilizem as tecnologias existentes.
Alguns educadores ainda continuam cobrando memorizações que não fazem sentido para o
aluno, como casos algebristas sem contexto, ou seja, uma aprendizagem sem significado
que podemos chamar de mecânica. Tal importância, às vezes sem conotação e
aplicabilidade, faz com que o aluno não perceba necessidade em estudar temas
aparentemente sem importância útil. Os tópicos citados além de proporcionar agilidade ao
processo de ensino e aprendizagem podem ser agentes de aplicabilidade de conceitos na
vida prática, afinal esses não estão restringidos apenas a fatores algébricos, eles buscam a
formação de um conceito de aplicabilidade real.
A educação básica no Brasil precisa ser revista e articulada de tal maneira que possa
cumprir o seu verdadeiro papel na vida dos cidadãos. A sociedade de maneira geral precisa
estar envolvida nesse processo, pois o educador que traz para a sala de aula situações com
as quais o educando se identifica, consegue excelentes condições para o aprendizado. As
IES, em especial as privadas, precisam manter os alunos em seus bancos, para tanto
precisam promover meios para diminuir a evasão.
O encantamento pelo conhecimento é um papel do professor e a IES parece ser o
veículo transformador que propicia esse desenvolvimento, por isso, não deve medir
esforços para o que o aluno não desista de seu objetivo. Proporcionar mecanismos que
auxiliam o desenvolvimento acadêmico desse a aluno é garantir a ele o sucesso na
continuidade acadêmica, além de uma formação significativa e de qualidade.
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X Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-graduação - SEPesq
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