O ensino de matemática: propostas e reflexões Natanael Bobsin Strasburg1 Resumo: A proposta deste trabalho consiste em fornecer alguns elementos básicos para professores que têm a responsabilidade de mostrar a matemática que nos rodeia, que faz dar sentido as coisas. Apresentam-se alguns softwares matemáticos, um pouco sobre a origem de algumas teorias, fórmulas e seus autores, que visa tornar significativo o conteúdo estudado, por isso propõem-se inserir a história da matemática na elaboração de atividades, usando-se de tecnologias pouco exploradas, que possibilitam uma busca rápida, completa e atualizada de assuntos interessantes, provocando a curiosidade e, a partir disso, construam o cálculo de modo a ser significativo para a vida de cada um. Palavras-chave: Ensino de Matemática. Curiosidades. Tecnologias. História da Matemática Abstract: The purpose of this study is to provide some basic elements for teachers who have the responsibility to show the mathematics that surrounds us, that it does make to give sense to things. It presents some mathematical software, a little about the origin of some theories, formulas, and its authors, it will make significant content studied therefore propose to insert the history of mathematics in developing activities, using technology exploited bit, where they allow a quick search, full of interesting and updated that provoke curiosity, and so, the people can build the calculation in order to be significant for the life of each one. Keywords: Teaching of Mathematics, technology, curiosities, Mathematics' History Introdução No âmbito escolar, depara-se com questionamentos do tipo “por que estudar matemática?” ou ainda, “quem inventou a matemática?”. Resposta a esses questionamentos podem ser muito importantes para uma reflexão de elementos fundamentais que serão usados para desenvolver habilidade de relacionar, e quebrar paradigmas como “a matemática é difícil”. Uma pesquisa detalhada, com ferramentas que hoje estão à nossa disposição, de curiosidades sobre a história dos matemáticos que vieram a dar surgimento do conteúdo estudado poderá fazer a diferença ao dar sentido ao tema abordado. Apresentam-se algumas ferramentas que podem tanto auxiliar, como complementar a prática do professor em suas atividades, dentre estas, o uso da internet na busca informações referentes à origem da matemática. 1 Graduação em Licenciatura Plena em Matemática e Especialização no Ensino de Matemática pela Faculdade Cenecista de Osório. Professor Área II no município de Osório. 82 O que é importante na matemática, o conteúdo ou a sua origem? Segundo Oliveira (2009) “A Matemática é uma construção humana. Ela foi sendo desenvolvida ao longo do tempo. Esse processo evolutivo pode ser visto através de sua história, cujo conhecimento permite compreender a origem das ideias que deram forma à cultura matemática.” A importância de mostrar para o aluno que a Matemática está muito além de, simplesmente, fazer continhas, equações, gráficos etc., deve-se ao papel do professor, o qual deve mudar a maneira de dar aula e buscar respostas às perguntas que nem mesmo é capaz de responder, para que isto seja possível. Segundo Branco e Scherer, “muitos professores reconhecem que a forma como estão atuando, não favorece a aprendizagem dos alunos, eles se encontram insatisfeitos com sua prática, mas não têm coragem de se movimentar a territórios desconhecidos” (2008, p. 4). E Borba e Penteado afirmam que “alguns professores procuram caminhar numa zona de conforto, onde quase tudo é conhecido, previsível e controlável” (2003, p.56). xxx A importância de estudar a origem dá-se, simplesmente, ao responder perguntas que, muitas vezes, irritam os professores, “por que estudar isso?” ou ainda “onde vou usar isso?”. Ao entender, onde, quando e por quem foi usado pela primeira vez, possibilita relacionar a história com a aprendizagem e dar um fundamento para serem usados no dia-a-dia. Conforme Mendes, Fossa e Valdez: não conhecer a história resulta em erros como: uma visão linear e acumulativa do desenvolvimento da matemática que não aceita mudanças, desconsidera a contribuição de diversas gerações para o conhecimento matemático, tomando como base gênios alienados, apresenta o trabalho científico como um trabalho reservado a minorias, especialmente dotadas, ignora os problemas do mundo e a ligação com outras ciências, entre outros fatores. (2006) Entende-se que os conteúdos matemáticos, apresentam-se de modo fragmentado para os alunos, não tendo significado válido para o uso cotidiano, servindo, apenas, para contexto de avaliação escolar, não exercendo sua função que é a de resolver 83 problemas reais. A matemática que veicula nas classes populares e em ambientes não escolares, construída no dia a dia por trabalhadores em suas práticas, quando trazida para os espaços escolares pode ser legitimada como forma de saber e, a partir dessa, far-se-á a problematização desses conhecimentos aperfeiçoando-se através, da matemática acadêmica, as práticas de ensino. Diante disso, percebe-se que os saberes de modo geral e, em especial, os matemáticos, nascem da prática e a teorização dessa possibilita o aprimoramento, dando sentido aos conteúdos veiculados no espaço escolar. Não se dá conteúdo sem trabalhar a origem, pois esse nasce de uma prática humana num contexto histórico. Isso torna significativo para o aluno, conforme Miguel e Miorin (2004, apud DCE, 2006, p.45) visto que a história deve ser o fio condutor que direciona as explicações dadas aos porquês da matemática. Também, consideram que a história pode promover o ensino-aprendizagem da matemática escolar, por meio da compreensão e da significação. Assim, propicia ao estudante entender também que o conhecimento matemático é construído historicamente. Então, estudar a história da matemática e, a origem, pode ser o eixo motivador para o início da compreensão de sua real utilidade na disciplina, deixando de fazer, simplesmente, cálculos mecânicos sem contribuição válida para o uso diário. Professor atualizado, aluno informado Talvez o grande desafio seja sensibilizar o professor para a desacomodação, saber que é importante continuar aprendendo, já que é inerente aos seres humanos o constante processo de adaptação. Os seres humanos nascem com poucos recursos e ao longo do desenvolvimento, constroem habilidades que tornam possível a sobrevivência. O nascimento das Tecnologias da Informação e da Comunicação, como uma das ferramentas, faz-se necessário e, permite outra visão dos conteúdos e facilita o acesso às novas descobertas. Conforme opinião de Silva (2000) não se pode viver sem as tecnologias porque estas já fazem parte do “ser” humano. Constrói-se tecnologia a partir das que já existem e essas exigem- nos processos de abstração cada vez 84 mais complexos. Somos um ciborgue porque utilizamos tecnologias mesmo antes de nascermos e nos afastarmos delas é quase impossível na atualidade. O uso da internet pode facilitar o aprendizado, visto que o professor tem à sua disposição um acervo de informações que podem ser encontradas num tempo muito menor que olhar o sumário de um livro, isto se o livro estiver em suas mãos. O uso deste recurso pode nos tirar simples dúvidas em apenas alguns segundos, tanto os professores quanto os alunos poderiam usar mais esta tecnologia. Um dos desafios é reconhecer que o uso de tecnologias pode ajudar no planejamento. Para Kenski (2003), “é preciso que a prática docente também se oriente nesse sentido. A apreensão do conhecimento na perspectiva das tecnologias digitais, em especial o computador e a internet, precisam ser assumidas como possibilidades didáticas.” Hoje, existem muitas maneiras que podem auxiliar o professor em sua prática. O material pedagógico é o principal instrumento usado e, também, em alguns casos, o mais caro, salvo quando o professor, junto com seus alunos, confeccionam estes jogos. Os livros que possibilitam ao professor desenvolver essas atividades também, em alguns casos, podem não ser um atrativo para que o docente adquira e aperfeiçoe sua prática, devido ao custo. Outra ferramenta, talvez a mais barata de todas, mas pouco usada pelos educadores é o uso de tecnologias (internet, softwares e jogos). Essas têm que ser usadas, exploradas com maior potencial, utilizando como fonte de pesquisa e busca de programas que complementem suas atividades. Para isso, o professor precisa dar-se conta do que realmente é significativo para o aluno. A partir daí, organizar o tempo e ter coragem de encarar o desafio de lidar com o novo, enfrentar o mundo virtual na busca destas ferramentas. Valente afirma que: não se trata de criar condições para o professor dominar o computador ou o software, mas sim auxiliá-lo a desenvolver conhecimento sobre o próprio conteúdo e sobre como o computador pode ser integrado no desenvolvimento desse conteúdo. Mais uma vez, a questão da formação do professor mostra-se de fundamental importância no processo de introdução da informática na educação, exigindo soluções inovadoras e novas abordagens que fundamentem os cursos de formação. (1997, p.14). Para que isso se torne possível o profissional deve reconhecer que novos caminhos são sinônimos de desafios e este de situações diferentes, podendo levar à 85 sentimentos como medo, insegurança, sendo minimizados se, para o educador, for oferecido condições apropriadas em cursos de aperfeiçoamento sobre o uso deste recurso. Considerações finais Diante de tantas mudanças na contemporaneidade o professor está, cada vez mais, em busca de novos conhecimentos, visando ao novo, ao diferente a fim de proporcionar ao seu aluno atividades mais prazerosas e com vínculos à realidade circundante. O prazer de buscar o desconhecido e experimentá-lo no espaço escolar, mesmo que, num primeiro momento, não tenho obtido bons êxitos, certamente, terá valido a pena. Indiferente da disciplina curricular, tem especial, aqui, a Matemática, não se pode dissociá-la da realidade, pois o ser humano vive diariamente a matemática, várias imagens e situações apontam para isso. Segundo Scherer (2005): “Ao ser consciente, nos tornamos seres de práxis, de ação e reflexão, pois constatando, reflete-se para mudar, não para nos adaptarmos. A mudança implica rupturas, lentas ou bruscas do que parece acabado e pronto”. Então, primeiramente, reconhece-se a necessidade da mudança, em seguida, buscam-se meios para encontrar o aperfeiçoamento. Já no que diz respeito a utilizar a internet como meio para atrair a atenção dos estudantes, Arnaud salienta que não basta prender a atenção dos estudantes com a tecnologia, porque isto já acontece naturalmente, em virtude das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) exercerem fascínio nas novas gerações. Os recursos tecnológicos farão a diferença no ensino da disciplina e o professor deve perceber que: a Matemática precisa ser uma ferramenta utilizada na busca por novos gênios, e a principal pessoa capaz de colocar esse objeto em prática é o professor de Matemática, através de aulas dinâmicas, interessantes, objetivas, claras, informativas, persuasivas e convincentes.” NOÉ (2011) O professor de Matemática em práticas diárias vai percebendo que o estudo de alguns conteúdos não são vistos como necessidade para os alunos, portanto cabe uma reflexão do fazer enquanto docente e da proposta de tornar a escola um 86 ambiente onde possa formar cidadãos atuantes na sociedade e que possam fazer o novo, na busca de alternativas melhores para sua vida e para a sociedade. Referências BORBA, M. C. & PENTEADO, M. G. Informática e Educação Matemática. Belo Horizonte: Autêntica, 2003. BRANCO, Eguimara Selma; SCHERER, Suely. Tecnologias e Professores de Matemática: usos e desafios. 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