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ESPAÇO ESCOLAR COMO AMBIENTE DE SAÚDE E ENSINO NO
DISCURSO DE ALUNOS
1. INTRODUÇÃO
[...] só existirá uma democracia no Brasil no dia em que
se montar, no Brasil, a máquina que prepara as
democracias. Essa máquina é a da escola pública. Mas,
não a escola pública sem prédios, sem asseio, sem
higiene e sem mestres devidamente preparados e, por
conseguinte, sem eficiência e sem resultados
(TEIXEIRA, 1935).
1.1. PENSANDO O PROBLEMA
O primeiro delineamento do objeto de estudo da pesquisa se deu sobre o tema
espaço vivido em sala de aula e outros ambientes por dois grupos de alunos de uma
escola pública de aplicação pedagógica localizada na Universidade Estadual de
Maringá. O objetivo foi compreender como jovens estudantes da 7ª e 8ª séries do
Ensino Fundamental e 1ª, 2ª e 3ª séries do Ensino Médio pensavam sua escola, no
caso o Colégio de Aplicação Pedagógica da Universidade Estadual de Maringá
(CAP), em termos de espaço e saúde, espaço e aprendizagem, ligando a ideia de
espaço vivido como ambiente traduzido em luminosidade, acústica e conforto
térmico. A hipótese era a de que estas dimensões seriam reconhecidas pelos alunos
como impeditivas ao bem-estar e aprendizagem na escola.
A elaboração desta hipótese foi sustentada na leitura de pesquisadores que
estudam as edificações escolares e seu cotidiano. Esses estudiosos demonstram
como as situações de conforto ambiental como a luz, a ventilação e a acústica
podem interferir nas condições de saúde e aprendizado dos estudantes. Pode-se ver
estas questões abordadas em Dayrell (1999), Kolowaltowski (1999), no Relatório da
Organização Mundial de Saúde (1999), Hathaway (2000), Bernardi, (2002), Viñao
(2005), Bertolotti (2007), para os quais o espaço pode ser fator de interferência no
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cotidiano escolar. A esse respeito Kowaltowski (2000 apud BERNARDI, 2001, p.2)
afirma:
Condições desfavoráveis de conforto em escolas, como temperaturas
elevadas, ruído excessivo, iluminação inadequada, densidade excessiva de
alunos na sala de aula, equipamentos inadequados à faixa etária atendida
podem influenciar negativamente no desempenho escolar dos alunos,
causando distúrbios de saúde.
Além das condições de saúde determinadas pelo espaço, Dayrell (1999) aponta
outro aspecto relevante na relação espaço/sujeito. Para este pesquisador a
organização do espaço escolar condiciona algumas atitudes e práticas no dia-a-dia
da escola, agindo de forma não-verbal no condicionamento dos sujeitos. Ou seja, a
disposição das salas, das carteiras, da mesa do professor e a localização da lousa
indicam os lugares da escola e, portanto, como se deve comportar nesse ambiente.
A arquitetura e a ocupação do espaço físico não são neutras. Desde a
forma da construção até a localização dos espaços, tudo é delimitado
formalmente, segundo princípios racionais, que expressam uma expectativa
de comportamento dos seus usuários. Nesse sentido, a arquitetura escolar
interfere na forma da circulação das pessoas, na definição das funções para
cada local. Salas, corredores, cantina, pátio, sala dos professores, cada um
destes locais tem uma função definida "a priori". O espaço arquitetônico
da escola expressa uma determinada concepção educativa (DAYRELL,
1999, p.13, grifo da autora).
De um outro ponto de vista, mas tomando o espaço da escola, Viñao (2005, p.17)
aponta a dimensão escola/estudante. A escola é um território que amplia a vivência
do aluno.
[...] Um lugar específico, com características determinadas, aonde se vai,
onde se permanece umas certas horas de certos dias, e de onde se vem.
Ao mesmo tempo, essa ocupação de espaço e sua conversão em lugar
escolar leva consigo sua vivência como território por aqueles que com ele
se relacionam.
17
O espaço escolar, na visão desses pesquisadores, deixa de ser somente uma
estrutura física e apresenta-se como construção social no momento em que se
estabelece uma relação deste com os sujeitos que o utilizam. Dessa forma, o
espaço escolar torna-se mais uma variável a ser analisada no processo ensinoaprendizagem e um possível fator que interfere nas condições de saúde e
aprendizagem dos estudantes.
Nesse caminho, os apontamentos desses estudiosos levaram a formular os
problemas de pesquisa: O que a escola representa para o aluno? Como este a
representa do ponto de vista de seu conforto corporal/ambiental? Os alunos
identificam a influência do espaço no processo de ensino-aprendizagem? Identificam
problemas nas condições dos ambientes destinados a atividades escolares?
Estes problemas levaram a optar por uma metodologia com abordagem empírica,
por entrevistas com o objetivo de explorar as dimensões espaço escolar, saúde e
aprendizagem na vida dos jovens. Entrevistaram dois grupos de estudantes. O
primeiro grupo com um total de 10 alunos, da 7ª série e 8ª série do Ensino
Fundamental. No segundo grupo um total de 15 alunos, da 1ª, 2ª e 3ª série do
Ensino Médio. Estes alunos estão matriculados no período diurno do Colégio de
Aplicação Pedagógica da Universidade Estadual de Maringá, localizado no Campus
da Universidade Estadual de Maringá.
Dessa maneira, esperou-se que os entrevistados pudessem discursar sobre o
espaço do Colégio de Aplicação Pedagógica, CAP, cuja arquitetura é a dos Centros
de Atenção Integral à Criança, CAIC, que, embora distinguindo das outras escolas,
por ser uma escola de aplicação, mantém a forma usual de salas com alguns
problemas do cotidiano escolar: sol gerando reflexos na lousa, calor no verão, frio
nos dias de inverno, interferência de sons externos, etc. Esperava-se que os alunos
entrevistados levantassem os problemas gerados nesse espaço vivido e que, de
alguma forma, fizessem relação com a saúde e aprendizado.
No entanto, para surpresa, os jovens entrevistados fizeram da entrevista uma pauta
de debate da escola e sua função. Estes identificaram os problemas de ventilação,
luz excessiva, acústica ruim, quadra de esportes sem funcionalidade. Foram, porém,
18
além. Trataram os problemas do espaço vivido como as dimensões que consideram
empecilhos
para
aprendizagem
escolar.
Apontaram
como
obstáculos
à
escolarização a falta de professores; ausência de diálogo entre alunos e diretores,
alunos e professores, alunos e coordenação; a falta de aulas práticas em ciências,
química, física e a não integração da escola com a universidade e seus projetos de
ensino, pesquisa e extensão.
As dimensões pontuadas pelos alunos em seus relatos foram levadas à leitura sobre
o projeto arquitetônico de Anísio Teixeira; um projeto pedagógico pensado para a
escola brasileira desde a década de 30. Neste projeto, Anísio Teixeira pensou a
arquitetura escolar aliada às condições de um projeto pedagógico com inovações
curriculares e científicas.
Desta forma, este trabalho, primeiramente orientado para descobrir como os alunos
vivenciavam o espaço escolar, tornou-se uma reflexão sobre o discurso dos alunos
diante de uma escola modelo, o CAP, e seu projeto pedagógico. Em outras palavras,
os alunos foram capazes de desenhar uma escola remetendo às ideias de Anísio
Teixeira. Os jovens entrevistados pediam uma escola com aulas para além das
expositivas, queriam aulas complementares com laboratórios e, principalmente, uma
nova conformação do espaço físico e vivido do CAP.
Para apresentar esta dissertação optou-se por discutir na segunda seção, os
estudos que nortearam este trabalho. Na terceira seção foram descritos os
procedimentos metodológicos e o desenvolvimento da pesquisa de campo: as
observações e o registro em diário de campo, os registros fotográficos e as
entrevistas. Na quarta seção são apresentadas considerações e análises. Na quinta
seção encontra-se a conclusão com base nos dados obtidos na pesquisa de campo.
Após as referências, encerrou-se o texto com a apresentação dos anexos: as
entrevistas, a transcrição destas na íntegra e a transcrição do diário de campo, como
forma de auxiliar na compreensão do trabalho.
19
2. ALICERÇANDO A PESQUISA
Através de sua atividade, o ser humano cria-se a si
mesmo e exprime, espacial e temporalmente, a ação
recíproca entre a vida e o cenário onde ela se
desenvolve (Frank Svensson, 1999).
2.1. O ESPAÇO ESCOLAR COMO OBJETO DE ESTUDO
Para compreender o espaço escolar em sua dinâmica, faz-se necessário considerar
a ideia de Merleau - Ponty (1971 apud MALLARD, 2006, p.26-27) de que o espaço é
“[...] um mediador de existências, uma condição preliminar para que as coisas sejam
dispostas e conectadas, isto é, para que as coisas façam sentido”. Pensando deste
modo pode-se compreender as interações sujeito/objeto, representado por
alunos/espaço escolar, como forma de se estabelecer uma relação de significação
entre eles.
Moussatche et al (2000), ao analisarem a arquitetura de quatro prédios escolares
construídos em períodos diferentes na cidade do Rio de Janeiro, apresentam essas
edificações como ambientes psicossocialmente representados, ou seja, ambientes
que influem na relação afetiva da população com a escola. Para os autores, “como
ambientes físicos sociopoliticamente construídos, os prédios escolares, são
construídos num âmbito social complexo, em que alguns seres humanos criam
ambientes que serão vivenciados e, eventualmente, recriados por outros”
(MOUSSATCHE et al, 2000, p. 301).
Nesse mesmo sentido, Mallard (2006) apresenta o conceito do espaço vivido1, o
espaço no qual estão impregnadas as emoções, ou seja, o espaço de experiência
no mundo, pois, ao defrontar com tais lugares, experimenta-se possivelmente
sensações diversas. As experiências que tiveram em determinados espaços vão
1
Segundo Moussatche et al (2000) o espaço vivido é definido por sua tradição cultural, as
experiências cotidianas que já se vive no espaço.
20
remeter a sentimentos e emoções que podem favorecer ou inibir a relação com esse
espaço.
Na literatura, são encontrados vários estudiosos como França (1994), Mallard (2006)
e Hertzberger (1999) relatando as relações entre espaço/sujeito e mostrando a
influência do espaço na vida do sujeito.
Na escola, pode-se observar que o espaço escolar estabelece uma relação com os
estudantes, na forma de um espaço de experiências, como afirma Dayrell (1999, p.
02):
Apreender a escola como construção social implica, assim, compreendê-la
no seu fazer cotidiano, onde os sujeitos não são apenas agentes passivos
diante da estrutura. Ao contrário, trata-se de uma relação em contínua
construção de conflitos e negociações em função de circunstâncias
determinadas.
A estrutura física da escola, além de condicionar atitudes e comportamentos pode
também ser fator de influência na saúde dos estudantes. Hathaway (2000, p.24.), ao
tratar da iluminação em escolas, detectou a influência da iluminação na saúde e
desempenho dos estudantes. No trabalho “A Study Into the Effects of Types of Light
on Children: A Case of Daylight Robbery”, sua conclusão foi a de que os sistemas de
iluminação não são neutros, há presença de vários efeitos nos alunos desde
diferenças na taxa de crescimento, altura, ganho de gordura, diminuição da
incidência de cáries até diferenças no aproveitamento escolar.
Cabe, então, perguntar: Quais as condições do espaço escolar?
Se pensar na escola como o local em que, segundo o Instituto Nacional de Estudos
e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira2, quase 56 milhões de crianças passam
cerca de cinco horas por dia, por mais de oito anos, torna-se necessário trazer o
espaço escolar ao debate educacional e compreendê-lo como fator interferente no
cotidiano escolar.
2
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira: último censo escolar
(2006), 55.942.047 alunos matriculados na Educação Básica em todo o país.
21
Mas que espaço está em discussão?
No decorrer da história o termo espaço recebeu diversas definições, desde o mundo
das ideias de Platão ao universo curvo de Einstein. O espaço é objeto de estudo em
diferentes campos do conhecimento. França (1994) mostra a dificuldade de
conceituar o termo espaço de uma forma abrangente e definitiva, uma vez que cada
definição está relacionada a questões de ordem epistemológica, no desenvolvimento
das ciências e a reorganização social do homem.
Dentre as principais definições de espaço, destacam-se a do espaço geométrico e
de espaço vivido. O primeiro é entendido como construção abstrata, eterna e
indestrutível, componente básico da realidade. Já o segundo é configurado por suas
características atribuídas, que reclama a presença e a ação do indivíduo para sua
existência. Uma vez relacionado à experiência humana, o conceito de espaço vivido,
também chamado de lugar, estabeleceria estreita relação com o conceito de
apropriação espacial. Segundo Montaner (2001, p. 31-32) é possível diferenciar
claramente os conceitos de espaço geométrico e espaço vivido.
O primeiro tem uma condição ideal, teórica, genérica e indefinida, e o
segundo possui um caráter concreto, empírico, existencial, articulado,
definido até os detalhes [...] o lugar é definido por substantivos, pelas
qualidades das coisas e dos elementos, pelos valores simbólicos e
históricos; é ambiental e está relacionado fenomenologicamente com o
corpo humano.
Mallard (2006), ao discutir a relação espaço/sujeito, apresenta a ideia de um espaço
socialmente produzido pelos usos e atividades de um determinado grupo. A
pesquisadora propõe que a produção da arquitetura seja compreendida como
espacialização3 dos eventos humanos. Propõe, ainda, que essas espacializações
devem ocorrem de forma dialética, construídas e reconstruídas a partir da presença
e da ação do indivíduo no espaço.
3
Para Mallard (2006, p.37), espacializações são “a expressão, no espaço, das interações entre os
eventos (formas sociais) e as coisas (formas físicas)”.
22
Após conformados no processo social, os lugares, por sua vez, influenciam
as relações sociais na medida em que interferem, facilitam, impedem, ou
mesmo condicionam eventos [...] Os lugares, uma vez apropriados,
influenciam as atividades e, consequentemente afetam a forma social
(MALLARD, 2006, p.46).
Dessa forma, ao mesmo tempo em que é impregnado de significados, o espaço os
produz. Esse é o espaço que comunica o espaço vivido, ou seja, constituído de
características que transcendem o significado geométrico, visto que:
O espaço vivido é o espaço da nossa experiência no mundo, das ações
empreendidas pelo nosso corpo ao tomar esse mundo. É o espaço que
comporta as espacializações que nos fizeram felizes, ansiosos, tristes ou
alegres, que nos trouxeram recompensas ou sofrimentos, que nos
engrandeceram ou castigaram (MALLARD, 2006, p. 30).
Assim, para França (1994) a percepção espacial acontece em dois níveis: um
resultante da ação de nossos receptores sensoriais e, outro, da experiência. Para a
pesquisadora as inquietações sociais estão representadas nas fachadas dos
edifícios e na disposição de seus interiores, ou seja, a arquitetura está relacionada
com a concepção de mundo de uma época, o que explica um padrão construtivo e
estético nas edificações em um mesmo período. A arquitetura é dotada de uma forte
capacidade comunicativa, nem sempre percebida, e reúne elementos estéticos e
funcionais que podem influenciar nas relações estabelecidas sob seus domínios.
França (1994, p.23) comenta:
A identidade de um espaço pode ser tão forte que fica difícil ignorá-la. Os
espaços para culto ou para a educação, por exemplo, são carregados de
signos e significações. Ao entrar num templo, as pessoas automaticamente
se modificam, baixam o tom de voz, assumem uma nova postura, com a
cabeça baixa e um ar constrito. [...] Na escola, essas atitudes ocorrem pela
invocação do rigor de uma disciplina que espera obediência, num sistema
de constantes reenvios que procuram legitimar uma estrutura.
23
Os diferentes valores e atitudes referentes às diferentes culturas fazem entender
que o espaço representa as relações sociais que ali se estabelecem. Como cita
França (1994, p. 24):
Na China a noção de espaço se liga às estações, à religião, à hierarquia
das classes. Dificilmente veríamos um ocidental voltar-se em direção ao
Vaticano e ajoelhar-se para orar, como fazem os muçulmanos em direção a
Meca [...] Morar num iglu pode se tornar uma experiência muito desgastante
para alguém que não tenha nascido na região nem tenha passado por um
período de adaptação.
França (1994) argumenta ainda que, na maioria das vezes, as complexas interrelações corpo/mente/meio ambiente passam despercebidamente e comprometem o
equilíbrio do homem. A escola, entendida por sua dimensão física - arquitetura -,
apresenta
características
condicionadoras
e
disciplinadoras
implícitas
na
organização do espaço e dos objetos dispostos em seu interior que podem afetar a
relação aluno/ aprendizagem/ saúde.
Para Mallard (2006, p.38) como para França (1994) a espacialização de uma sala de
aula com carteiras em filas e voltadas para o professor, não significa apenas “aula
expositiva”:
Nela estão impressos alguns significados: todas as carteiras estão voltadas
para um mesmo lado, o que sugere que a atenção daquelas pessoas estará
para ali dirigida; na parede desse lado há um quadro de escrever,
mostrando que escritos e gráficos fazem parte da atividade; em frente às
carteiras e ao lado do quadro fica uma escrivaninha onde se sentará a
pessoa a qual estarão todos atentos; essa escrivaninha é maior do que as
carteiras e ocupa uma área relativa também maior, o que significa que a
pessoa a ocupá-la tem posição de destaque naquele contexto; se há
alguém em que todos os outros prestam atenção, essa pessoa é
decididamente mais importante do que as outras, nesse grupo. Enfim uma
espacialização revela não somente a estrutura organizacional da atividade
como a estrutura de poder da comunidade.
Ao tratar da influência da estrutura física da escola como forma de delimitar o
espaço da educação, França (1994, p.98-99) comenta que, o despreparo da escola
para compreender comunicações não usuais contribui para a automatização de
24
comportamentos e para a instituição de uma visão parcial de realidade. França
(1994, p.99) critica o mobiliário e sua disposição ao dizer:
[...] O desconforto dessas instalações se estende ao mobiliário. Este, de
design antigo, inadequado, é responsável também por um mal-estar físico,
consequência de carteiras indiferenciadas, feitas para atender ao mesmo
tempo crianças e adultos, destros e canhotos e aos mais variados biótipos.
A distribuição desse mobiliário constrói uma configuração que empobrece
as interações e não estimula a criatividade, fazendo com que tudo ocorra
dentro de um planejamento pré-concebido e de um padrão desejado.
Uma vez proposta a discussão da relação do espaço escolar com o processo
educativo e a saúde dos estudantes, identificou-se, neste trabalho, a necessidade de
aprofundar teoricamente as relações estabelecidas entre a arquitetura escolar, a
saúde e a aprendizagem neste espaço.
2.2. ARQUITETURA ESCOLAR, SAÚDE E APRENDIZAGEM
Como foi dito anteriormente, o espaço escolar é um espaço vivido. Nele os corpos
se orientam para caminhar, sentar, levantar, enxergar e escrever na lousa, ler textos,
e se relacionar com os demais. As interferências que impedem a leitura, os
movimentos podem também, restringir a saúde e aprendizado.
Para entender o motivo das restrições e intervenções na escola, será feito um breve
panorama histórico, mostrando marcos importantes que influenciaram a distribuição,
a arquitetura e atitudes no espaço escolar.
Para iniciar este debate do ponto de vista da arquitetura, Segre (2006) afirma que,
na Grécia, Platão e seus discípulos se reuniam em pátios e jardins iniciando uma
cultura filosófica integrada a paisagem natural.
25
A escola sofreu algumas modificações na Idade Média. Os mestres por não
disporem de instalações amplas, estabeleciam-se nas igrejas, o que forçava uma
educação mais rígida com vigias e regras. Nesse período as salas de aula passam a
se confundir com a hierarquia e rituais dos templos. Como salienta França (1994, p.
62):
A forma da sala de aula se confundiu com a hierarquia dos templos, com
seu ritual de celebração, onde um mestre assumia a posição central, como
detentor de uma verdade única, e os fiéis se sentavam para aceitar
passivamente os conhecimentos apresentados. [...] Ainda hoje podemos
notar que a mesa do professor é sempre maior, algumas vezes disposta
sobre um tablado, elevada em relação aos demais.
Com a Revolução Industrial, no século XVIII, a escola, mais do que isolar a criança,
precisou incorporar valores provenientes do regime capitalista que se instalava. Na
escola as novas carteiras individuais foram criadas como forma de dificultar a
comunicação entre os colegas e a interação da classe (FRANÇA, 1994).
O aumento da população no século 19, fez com os governos construíssem escolas
para todas as camadas sociais. Segre (2006) refere-se às escolas desse século
como lugares sem qualidade arquitetônica, funcionando em locais sujos e obscuros.
O autor (2006, p. 81) argumenta que:
Como a função da escola não mudou ao longo da história, ficaram
estabelecidos os atributos básicos que caracterizam sua edificação: uma
sala retangular ou quadrada, com assentos para os alunos e um pódio para
o professor; uma parede com janelas, para receber a iluminação e a
ventilação externas; um corredor de comunicação entre as classes; um
espaço aberto de convívio e relaxamento.
A descrição das escolas do século XIX feita por Segre ainda condiz com o modelo
arquitetônico e de divisão do espaço das escolas em pleno século XXI, assim como
a disposição das carteiras individualizadas em filas, herança da Revolução Industrial
como apontou França (1994).
26
Também podem ser
identificadas escolas
que ainda utilizam o
sistema
fundamentado no Panóptico de Bentham (Figura 1), que data do século XVIII,
descrito por Foucault. Em Vigiar e Punir, Foucault (2000) descreve a relação da
escola com a disciplina realizando comparações com prisões e demonstra com
imagens e explicações detalhadas o sistema, que por meio de sua arquitetura, incita
a ordem e disciplina. No Capítulo Panoptismo de Foucault explica a arquitetura e os
propósitos do Panóptipo:
O princípio é conhecido: na periferia uma construção em anel; no centro,
uma torre; esta é vazada de largas janelas que se abrem sobre a face
interna do anel; a construção periférica é dividida em celas, cada uma
atravessando toda a espessura da construção; elas têm duas janelas, uma
para o interior, correspondendo às janelas da torre; outra, que dá para o
exterior, permite que a luz atravesse a cela de lado. Basta então colocar um
vigia na torre central, e em cada sela trancar um louco, um doente, um
condenado, um operário ou um escolar. Pelo efeito da contraluz, pode-se
perceber da torre, recortando-se exatamente sobre a claridade, as
pequenas silhuetas cativas nas celas da periferia. Tantas jaulas, tantos
pequenos teatros, em que cada ator está sozinho, perfeitamente
individualizado e constantemente visível. O dispositivo panóptico organiza
unidades espaciais que permitem ver sem parar e reconhecer
imediatamente. Em suma, o princípio da masmorra é invertido; ou antes, de
suas três funções — trancar, privar de luz e esconder — só se conserva a
primeira e suprimem-se as outras duas. A plena luz e o olhar de um vigia
captam melhor que a sombra, que finalmente protegia. A visibilidade é uma
armadilha (FOUCAULT, 2000:165).
27
Figura 1 - Planta e esquema vertical do Panóptico, de Jeremy Bentham, 1787 (imagem de
domínio público). Fonte: Wikimedia Commons; Disponível em:
<commons.wikimedia.org/wiki/Image:Panopticon.jpg> Acesso em: 20 de nov. 2008.
Para Foucault (2000, p. 166):
[...] o efeito mais importante do Panóptico: induzir no detento um estado
consciente e permanente de visibilidade que assegura o funcionamento
automático do poder. Fazer com que a vigilância seja permanente em seus
efeitos, mesmo se é descontínua sua ação; [...].
Da forma proposta pelo Panóptico há indução da vigia e ordem de forma automática,
sem a necessidade de “recorrer à força para obrigar o condenado ao bom
comportamento, o louco à calma, o operário ao trabalho, o escolar a aplicação”
(FOUCAULT, 2007, p. 167).
Com esse breve histórico pode-se entender que as escolas ocidentais se
apropriaram de vários períodos da história para criarem seus sistemas de ensino e
sua arquitetura. Essas escolas foram construídas, na maioria das vezes, com
grandes muros ou grades para isolar os alunos; janelas altas impedindo o contato
28
com o lado de fora ou grandes demais para a vigia; as portas não ficavam de frente
para outras, para dificultar a visualização fora da sala e dificultavam a ventilação. As
carteiras em filas restringiam a interação e a movimentação na sala de aula. Os
professores em tablados o que dificultava a interação com o aluno. Tudo em nome
do controle, da ordem e da disciplina.
Com isso a escola tornou-se também um lugar de “esquecimentos” dos sujeitos e
das condições favoráveis às suas existências como: temperatura, iluminação,
ventilação, acústica e fatores estimulantes para a aprendizagem. Esse espaço
escolar, sem essas condições, não pode favorecer os alunos, uma vez que, para
manter a escola como ambiente fechado e controlado, fica quase impossível pensar
o estudante e suas necessidades em primeiro plano.
Bertolotti (2007, p.17) discutindo a influência da iluminação na realização de tarefas
aponta que:
O principal efeito das más condições de iluminação sobre a saúde do
sistema visual é a fadiga visual. Os sintomas mais comuns são olhos
congestionados, visão embaçada, lacrimejar constante, dificuldade de visão
e dor de cabeça. Esses sintomas são temporários, mas se repetidos
constantemente trazem perturbações à saúde e ao desempenho das
pessoas. Esses sintomas podem ser causados por nível inadequado de
iluminação, tanto naturais quanto artificiais, pelas condições das tarefas a
serem executadas e seu entorno ambiental e por problemas no sistema
visual do indivíduo. Condições ou tarefas que requerem o olhar fixo por
longos períodos podem afetar o sistema muscular que controla a fixação, a
acomodação, a convergência e o tamanho da abertura da pupila.
As atividades realizadas, hoje, na escola podem se caracterizar como uma dessas
tarefas indicadas por Bertolotti (2007), em que há necessidade de olhar fixo por
longos períodos. Isso significa que, se o aluno somente dispõe de condições
desfavoráveis de iluminação, como janelas muito pequenas, mal localizadas ou
grandes demais, de forma a provocar ofuscamento, desconforto e aquecimento
excessivo, este estudante pode vir ter problemas de visão e, por extensão, de
aprendizagem.
29
Situações de desconforto causadas por altas temperaturas no ambiente, falta de
ventilação adequada, umidade excessiva combinada com temperaturas elevadas,
radiação térmica devida a superfícies aquecidas podem ser prejudiciais à saúde. A
maioria das escolas é considerada quente no verão e fria no inverno, resultado
relacionado com a orientação das aberturas e a inadequação dos elementos de
proteção solar (BERNARDI, 2001; KOWALTOWSKI, 2001).
Ainda pensando nas interferências do ambiente escolar na vida dos alunos, foram
destacados os problemas causados pelos ruídos internos e externos à sala de aula.
Segundo o Relatório da Organização Mundial de Saúde (1999) além do prejuízo ao
desempenho humano, o ambiente ruidoso também acarreta danos à saúde,
causando fadiga, nervosismo, reações de estresse, falta de memória, cansaço,
irritação e problemas de relacionamento com outras pessoas. Na escola esses
ruídos podem resultar falta de concentração, dores de cabeça, dificuldade em
entender o professor e, consequentemente, desinteresse entre outros fatores.
França (1994, p.53) lembra de outro problema enfrentado pelo aluno no cotidiano
escolar: a inadequação da mobília.
[...] o espécime humano nunca foi projetado para sentar: Os milhares de
anos que demorou para chegar a posição ereta precisaram de uma série de
adaptações a nível biológico. Para sentar, a coluna precisaria de outras
tantas acomodações. Mas a civilização parece ter resolvido pagar o preço
dessas horas e horas sentadas, convivendo com vários problemas de
coluna. Caso a mobília seja inadequada, essa carga sobre a coluna
vertebral aumenta, agravando ainda mais os potenciais problemas.
O mobiliário escolar é mais uma dimensão importante a ser discutida. Em sua
maioria, este é inadequado à faixa etária e não oferece conforto tendo em vista o
tempo em que os alunos passam sentados. Dessa forma, para se adaptar à carteira
e cadeira, é necessário que o aluno se contorça e se curve para frente inclinando o
corpo, predispondo-se ao surgimento de alterações posturais e dores na coluna, que
poderão se tornar permanentes (PEREZ, 2002; MORO, 2005).
30
Um dos pontos a que se propõe esta dissertação é um olhar mais atento às relações
que se estabelecem na escola bem como a influência de sua arquitetura, divisões de
espaço e condicionamento de comportamentos, que afetam a qualidade do ensino e
da saúde dos estudantes nesse ambiente.
2.3. ANÍSIO TEIXEIRA E A ESCOLA BRASILEIRA
Ao ler livros e artigos a respeito de Anísio Spínola Teixeira (1900-1971) descobriu-se
que a paixão pela educação aliada à inteligência pode resultar. Este educador teve
sua vida dedicada a lutas e ações sustentando a ideia de uma escola democrática e
de qualidade. Essa escola não ficou só no mundo das ideias de Anísio, mas ganhou
vida nos projetos e administrações do educador.
Em nosso trabalho, a inclusão das ideias de Anísio Teixeira tem um papel
fundamental de justificar a necessidade, apontada por ele, desde a década de 30, de
que as edificações escolares sejam fatores primordiais para que o processo
educativo se concretize com êxito. Para isso Anísio sustentava a ideia de que era
necessário:
[...] que o prédio escolar e as suas instalações atendam, pelo menos, aos
padrões médios da vida civilizada e que o magistério tenha a educação, a
visão e o preparo necessários a quem não vai apenas ser a máquina de
ensinar intensivamente a ler, a escrever e a contar, mas vai ser o mestre da
arte difícil de bem viver (TEIXEIRA, 1935 apud DOREA, 2000, p.153).
As preocupações com as instalações da escola, com a formação do professor e as
reformas educacionais são marcos nas gestões públicas de Anísio Teixeira. Para o
educador “sem instalações adequadas não poderia haver trabalho educativo, e o
prédio, base física e preliminar para qualquer programa educacional, tornava-se
indispensável para a realização de todos os demais planos de ensino” (TEIXEIRA,
1935 apud DOREA, 2000, p. 151).
31
Como Inspetor Geral do Ensino da Bahia (1924-1928) Anísio Teixeira realizou uma
série de reformas educacionais no Estado. Nesse período visitou sistemas de ensino
de outros países para programar o sistema educacional baiano. Em 1929 terminou
sua pós-graduação em Nova York, onde conheceu o filósofo e educador John
Dewey4. O conhecimento que Anísio construiu alicerçado nas ideias de Dewey:
[...] fez dele um defensor da descentralização (referindo-se a escola pública)
aliada à ideia de projetar a sede da escola como um edifício rigorosamente
subordinado a um programa arquitetônico em consonância com a cultura
local, mas também, com um projeto pedagógico referenciado ao momento
mundial de contínuas e cada vez mais rápidas transformações (ROCHA et
al, 1992, p. 96).
Para Cunha (2001, p. 90), “Anísio Teixeira tinha em mente o conceito deweyano de
democracia, que implicava, segundo ele, em um movimento constante. O ambiente
social em que se davam as novas concepções pedagógicas era a vida democrática”.
Dessa forma, para Anísio Teixeira “a educação não era apenas um fenômeno
escolar, mas um fenômeno social que se processava permanentemente em toda a
sociedade” (DOREA, 2000, p. 151).
Anísio entendia que tanto a escola como o sistema pedagógico da época
precisavam de reformulações. Em um dos trechos do artigo A crise educacional
brasileira, publicado originalmente em 1953 e reimpresso, em 1999, pela Revista
Brasileira de Estudos Pedagógicos, Anísio critica o sistema educacional:
Com efeito, para que a escola pudesse reduzir as suas atividades ao tempo
escasso com que conta e conformar-se com o professor apressado e
assoberbado que a serve, foi necessária a adoção de objetivos os mais
simplificados possíveis. A escola, assim, visa tão somente, inculcar alguns
conhecimentos teóricos ou noções simploriamente práticas. Não forma
hábitos, não disciplina relações, não edifica atitudes, não ensina técnicas e
habilidades, não molda o caráter, não estimula ideais ou aspirações, não
educa para conviver ou para trabalhar, não transmite sequer sumárias, mas
4
John Dewey (1859-1952) filósofo e educador americano e um dos fundadores do pragmatismo.
Segundo essa perspectiva, qualquer campo do conhecimento pode vir a se tornar científico na
medida em que adote certos procedimentos e se afaste dos julgamentos puramente empíricos.
Assim, uma das principais pesquisas no campo educacional seria exatamente transformar ações
rotineiras, tornando os educadores mais esclarecidos em suas práticas e de suas práticas.
(MENDONÇA; BRANDÃO et al, 1997, p. 144)
32
esclarecidas noções sobre as nossas instituições políticas e a prática da
cidadania. A escola ministra em regra conhecimentos verbais, aprendidos
por meio de notas, que se decoram para a reprodução nas provas e
exames, revive até a apostila ou a "sebenta” (TEIXEIRA, 1999, p. 321).
Anísio Teixeira acreditava que a escola precisava assumir novos papéis, mas, para
isso, deveria sofrer transformações. A escola precisaria formar cidadãos,
Do ponto de vista social, mais amplo ou mais elevado, temos que dar à
escola a função de formar hábitos e atitudes indispensáveis ao cidadão de
uma democracia e, portanto, estender-lhe os períodos letivos, para se
tornarem possíveis em escorreito e saudável ambiente escolar, as
influências formadoras adequadas. A escola tem de se fazer prática e
ativa, e não passiva e expositiva, formadora e não formalista. Não será a
instituição decorativa pretensamente destinada à ilustração dos seus
alunos, mas a casa que ensine a ganhar a vida e a participar inteligente e
adequadamente da sociedade (TEIXEIRA, 1999, p. 325, grifo da autora).
Como diretor da Instrução Pública do Distrito Federal, RJ (1931-1935), Anísio criou
um novo sistema escolar compreendido nas escolas nucleares, ou escolas-classe, e
os parques escolares, devendo as crianças frequentar regularmente as duas
instalações em turnos diferentes (escola em tempo integral). Na escola-classe a
criança receberia, em prédio adequado e econômico, o ensino propriamente dito, e
na escola-parque, seriam desenvolvidas as atividades de educação física, educação
musical, educação sanitária, assistência alimentar e o uso da leitura, ou seja, a
educação social (DOREA, 2000, p. 155).
Rocha et al (1992, p. 98) citam uma avaliação de Helio Duarte5 em relação ao novo
sistema escolar implantado por Anísio Teixeira no Rio de Janeiro:
Temia-se que uma excessiva especialização dos assuntos fosse nociva a
unidade indispensável ao curso primário, que fosse demasiado fatigante
para o professor e que, finalmente houvesse muita confusão e desordem no
revezamento de atividades. Nada disso aconteceu.
5
Hélio Duarte, arquiteto que trabalhou com Anísio Teixeira. Ver: Escola-Classe, Escola-Parque, uma
Experiência Educacional, São Paulo, FAUUSP, 1973.
33
Em 1932 Anísio Teixeira assinou o Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova6,
reafirmando as ideias que a educação deveria ser pensada em um novo sistema
educacional, uma escola de qualidade e para todos.
A escola, que antes visava apenas formar alguns indivíduos em
especialidades, assumia agora a função de educar todos os indivíduos para
a participação numa nova sociedade, intelectual e técnica. Dessa forma, a
educação primária elementar deveria estar na base desse sistema e deveria
ser ministrada, inevitavelmente, a todos os cidadãos. Tratava-se, portanto,
de uma educação para todos e não de uma educação para alguns bem
dotados (DOREA, 200, p. 152).
Ao final de 1935, Anísio foi forçado a afastar-se, da Secretaria de Educação do Rio
de Janeiro, então Distrito Federal, que já contava com 25 novos prédios escolares
construídos de acordo com o plano diretor instituído, pois, foi perseguido pelo
governo Getúlio Vargas. (DOREA, 2000; ROCHA et al, 1992).
Após a demissão do Rio de Janeiro, Anísio Teixeira afastou - se da vida pública no
período de 1935 a 1946, quando então foi convidado a ser Secretário Executivo em
Londres pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura UNESCO. Em 1947 assumiu a Secretaria de Educação e Saúde do Estado da
Bahia, e permaneceu nesse cargo até 1951.
Como Secretário de Educação e Saúde do Estado da Bahia, Anísio planejou a
implantação de escolas descentralizadas em todo Estado. Para isso, ele contou com
a colaboração dos arquitetos Diógenes Rebouças e Hélio Duarte na criação de um
audacioso projeto. O Centro educacional por eles planejado teria capacidade de
atender a 4.000 alunos. No complexo foram construídas quatro escolas-classe, com
capacidade para 1.000 alunos e uma escola-parque para 2.000 alunos, ambas em
dois turnos. As escolas-classe compreendiam as salas de aula e dependências para
o professor já a escola-parque era composta por salas de música, dança, teatro,
educação artística e social, salas de desenho e artes industriais, ginásio de
6
Um documento redigido por Fernando de Azevedo e assinado por vários intelectuais da época,
entre eles Anísio Teixeira. Um dos princípios do Manifesto é criar vínculo da escola com o meio
social. Algumas das reflexões propostas indicam a necessidade de mudanças no modelo educacional
vigente, tendo em vista as transformações sociais, políticas e econômicas que se passava a
sociedade brasileira (MENDONÇA; BRANDÃO et al, 1997, p. 160).
34
educação física, biblioteca, restaurante, serviços gerais e residência ou internato
para as chamadas crianças abandonadas (DOREA, 2000, p. 157).
A escola foi reformulada para que houvesse um estímulo a uma nova pedagogia.
Para isso foi necessário, também, pensar o edifício escolar como lugares vividos.
Hélio Duarte, indagava sobre tendências de organização, necessidades de
alunos e professores, o ambiente físico e o meio subjetivo mais favorável, a
proximidade entre escola e mentalidade infantil, indagações cujas respostas
exigiam o contato entre arquitetos, pedagogos, serviço médico-pedagógico.
Enfim, uma arquitetura que “se colocou ao serviço do escolar e do professor
para resolver-lhes os problemas”, através do sistema escolas-classe/escolaparque (ALVES, 2008, p. 181-182).
Inicialmente foi planejada a construção de dez centros populares, mas somente o
Centro Educacional Carneiro Ribeiro (em Salvador – Figura 02) foi concluído. Isso
só foi possível porque Anísio Teixeira, como diretor do Instituto Nacional de Estudos
Pedagógicos (1952), realizou uma parceria com a Secretaria de Educação da Bahia
permitindo, assim, que a obra fosse concluída (DOREA, 2000, p. 157).
Dórea (2000) apresenta parte de um discurso de Anísio, durante a inauguração de
salas no Centro Educacional Carneiro Ribeiro, mostrando como o educador
idealizava os Centros de Educação Popular:
[...] A escola primária seria dividida em dois setores, o da instrução,
propriamente dita, ou seja, o da antiga escola de letras, e o da educação,
propriamente dita, ou seja, o da escola ativa. No setor instrução, manter-seia o trabalho convencional da classe, o ensino de leitura, escrita e aritmética
e mais ciências físicas e sociais, e no setor educação as atividades
socializantes, a educação artística, o trabalho manual e as artes industriais
e a educação física A escola seria construída em pavilhões, num conjunto
de edifícios que melhor se ajustassem as suas diversas funções [...].
Fixada, assim, a população escolar a ser atendida em cada centro,
localizamos quatro pavilhões, como este, para as escolas que chamamos
de escolas-classe, isto é, escolas de ensino de letras e ciências, e um
conjunto de edifícios centrais que designamos de escola-parque, onde se
distribuiriam as outras funções do centro, isto é, as atividades sociais e
artísticas, as atividades de trabalho e as atividades de educação física
(TEIXEIRA, 1977apud DOREA, 2000, p. 157).
35
Figura 02 – Vista do pavilhão principal do Centro Popular de Educação Carneiro Ribeiro.
Fonte: Rocha et al (1992, p. 106).
Para uma educação democrática, a serviço de todos, Anísio Teixeira propunha o
ensino em tempo integral; a escola desempenharia o papel social de integração
além de ter uma estrutura adequada para tal função.
Opção por uma arquitetura moderna para as edificações escolares. Nesse
sentido, Anísio Teixeira pode ser considerado como "o arquiteto da
educação brasileira" tal era o seu empenho em prover a escola de um
espaço especificamente planejado para educar. Em suas administrações,
as escolas foram projetadas por arquitetos com base nos princípios da
racionalidade e da funcionalidade, próprios da arquitetura moderna, que
determinaram a concepção de programas arquitetônicos distintos (Tipo
Mínimo, Nuclear, Platoon de 12, 16 e 25 classes e Escola Parque), de
acordo com a localização e as necessidades de cada escola. Esses
programas buscavam dar conta de uma melhor organização do espaço para
atender às exigências das modernas conquistas pedagógicas e dos novos
hábitos de higiene, tudo isso, aliado à economia das construções escolares
(DOREA, 2000, p. 158).
O projeto de Anísio Teixeira foi o primeiro, no Brasil, ao aliar o espaço físico com o
espaço vivido. Esta aliança seria feita por meio de um projeto pedagógico que
36
atenderia as crianças na escola de tempo integral seguindo um currículo
cientificamente atual para a época.
2.4. A RETÓRICA COMO INSTRUMENTO DE ANÁLISE
Para entender os argumentos dos alunos, embasamo-nos na análise retórica dos
discursos coletados pelas entrevistas. Foram utilizados, como fonte de análise, os
estudos de Perelman e Albrechts-Tyteca (1996), Lakoff e Johnson (2002), Breton
(2003) e Reboul (2004). Para estes pensadores os discursos podem ser analisados
por meio das figuras de retórica. São estas figuras que produzem a dinâmica da
comunicação.
Para Breton (2003) a argumentação está na base de nossa atividade social, é de
natureza discursiva e um meio poderoso para fazer partilhar uma opinião.
A retórica apresenta quatro funções: a persuasiva, a hermenêutica, a heurística e a
pedagógica (BRETON, 2004).
A função persuasiva talvez seja a função mais conhecida. Está relacionada à
argumentação e à oratória. Os meios para a persuasão podem ser de ordem afetiva
ou racional (REBOUL, 2004).
Para Reboul (2004) no gênero persuasivo, as figuras de retórica como as metáforas,
as metonímias, as hipérboles podem ser utilizadas na oratória para agradar,
comover, ou ser um dos elementos argumentativos.
A função hermenêutica está relacionada á interpretação de textos. O bom orador
precisa saber falar, mas precisa saber a quem discursa, precisa compreender o
discurso do outro. Um discurso nem sempre é feito de forma explícita, é preciso
captar o não-dito.
37
A terceira função é a heurística, do grego euro que significa encontrar. Reboul
(2004, p.XIX), diz que “na realidade, quando se utiliza a retórica não se faz só para
obter certo poder; é também para saber, para encontrar alguma coisa”.
A quarta função é a pedagógica. Para Reboul (2004, p XXII) a função pedagógica da
retórica é “[...] ensinar a compor segundo um plano, a encadear os argumentos de
modo coerente e eficaz, a cuidar do estilo, a encontrar as construções apropriadas e
as figuras exatas, a falar distintamente e com vivacidade”.
A argumentação é um dos elementos que compõem a retórica e “só pode ser
entendida em oposição a outra totalidade: a demonstração”. A argumentação tem o
papel de convencer um auditório de uma determinada opinião, ou seja, é uma ação
de comunicação. Reboul caracteriza o orador (ethos), o argumento propriamente
dito (logos) e o auditório (pathos). O “ethos e o pathos de ordem afetiva, e o logos,
que é racional” (REBOUL, 2004, p.47-49).
Breton (2003) propõe o esquema da comunicação argumentativa para explicitar a
forma com que uma opinião é transportada até um auditório. Nesse esquema, o
pesquisador explica a dinâmica da argumentação: uma opinião é exposta pelo
orador no campo do verossímil. O orador tem a intenção de convencer o auditório a
aderir a sua opinião mediante a um ou mais argumentos em um contexto de
recepção. Estes argumentos são um conjunto de opiniões e valores de julgamentos
que são partilhados por um auditório e que existem previamente ao ato da
argumentação (BRETON, 2003).
Breton (2003, p. 30) sugere o esquema:
38
Figura 03 - Esquema da comunicação argumentativa proposta por Philippe Breton (2003, p.
30).
Ao tratar o argumento como forma de convencer pela razão, Breton (2003, p.56-85)
afirma que “argumentar é dar boas razões, ao auditório, para acreditar no que lhe
dizemos”, aderindo assim a opinião. Mas de forma em que ao se defender essa
opinião, a razão prevaleça sobre as paixões ou a estética sem, no entanto negá-las”.
Breton (2003) descreve a família de argumentos: argumentos conservadores e
inovadores, argumentos de autoridade, argumento de competência, argumento por
experiência e argumento por testemunho. Esses argumentos fazem parte de um
“enquadramento do real que permite construir o fundo no qual a opinião proposta
encontrará harmoniosamente seu lugar” de forma a se apoiar na “partilha a priori de
valores ou de crenças” (BRETON, 2003, p.75).
Para entender melhor o que cada argumento significa será tratado de forma breve
de cada um. Para Breton (2003) os argumentos conservadores se baseiam, de certa
maneira, no já adquirido, uma ressonância entre o conhecido e o proposto. Os
argumentos inovadores propõem uma nova definição do real; os argumentos por
autoridade, propõem que o real descrito é o real aceitável porque a pessoa tem
autoridade para fazê-lo; os argumentos por competência são aqueles em que se
supõe que há previamente uma competência científica, técnica, moral ou profissional
39
que afirme o real. E por fim Breton (2003, p.82) nos fala dos argumentos por
experiência e testemunho:
O argumento da experiência é menos baseado em uma competência,
suspeita de ser teórica, do que em uma prática efetiva no domínio em que o
orador se exprime. [...] O fato de ter estado presente a uma manifestação,
um acontecimento, confere uma autoridade segura, que fundamenta o
argumento de testemunho.
Para que aconteça a dinâmica da comunicação argumentativa, não se pode
esquecer do papel desempenhado pela linguagem. Reboul (2004) trata da
importância da linguagem e da sua relação com a retórica. Para o pesquisador, a
história das duas se confundem; é improvável falar de uma sem pensar na outra,
pois a linguagem é um valioso instrumento de comunicação e é por meio desta que
se representa as emoções, os saberes e a percepção da realidade.
Partindo-se do pressuposto de que os esquemas de significação são constituídos
nas práticas argumentativas, considera-se que esses esquemas podem ser
analisados a partir das figuras retóricas que veiculam e produzem (BRETON, 2003).
Para Reboul (2004) as figuras de retórica são funcionais, pois, “sempre que se quer
demonstrar sentimentos ou ideias abstratas, recorre-se às figuras [...]”, o estudioso
complementa dizendo que, “ o problema não é livrar-se das figuras, o que equivale a
livrar-se da linguagem; o problema é conhecê-las e compreender seu perigoso
poder, para não ser vítima dele, para tirar proveito dele”(REBOUL, 2204, p. 137).
Para conhecer as figuras de retórica serão apresentadas as principais figuras
citadas por Reboul (2004, p. 114, grifo da autora):
Figuras de palavras, como o trocadilho, a rima, que dizem respeito à
matéria sonora do discurso. Figuras de sentido, como a metáfora, que
dizem respeito à significação das palavras ou de grupo de palavras.
Figuras de construção, como a elipse ou a antítese que dizem respeito a
estrutura da frase, por vezes do discurso. Figuras de pensamento, como a
alegoria, a ironia, que dizem respeito à relação do discurso com seu sujeito
(o orador) ou com seu objeto.
40
As figuras de retórica mais comuns são as metáforas, as metonímias, as hipérboles,
as analogias, as sinédoques. Veja algumas delas:
A metonímia classifica uma figura de sentido, que “designa uma coisa pelo nome de
outra que lhe está habitualmente associada”. Seu caráter argumentativo ressalta o
interesse do orador. A metonímia tem o poder de criar símbolos, como por exemplo:
“a foice e o martelo” (REBOUL, 2004, p. 121). Como a metonímia depende da
familiaridade para conquistar seu poder argumentativo, esse desaparece se esta
vem de outra cultura (REBOUL, 2004).
A hipérbole tem por base uma metáfora, ou uma sinédoque e segundo Reboul
(2004, p. 123) “é a figura do exagero”, ela “aumenta ou diminui as coisas em
excesso, apresentando sempre sentido figurado bem maior ou bem menor que o
significado próprio. Como exemplo: “estou morto de cansaço” (REBOUL, 2004,
p.123).
Para Reboul (2004) ao contrário da metonímia que designa uma coisa pelo nome de
outra, a sinédoque classifica uma coisa por meio de outra que tem uma relação de
necessidade, de tal modo que a primeira não existiria sem a segunda. Para
exemplificar (REBOUL, 2004, p. 121): “Cem cabeças por cem pessoas, sinédoque
da parte, ou cem mortais, sinédoque da espécie” ou em pedagogia “um triangulo por
todos os triângulos”.
A analogia é um raciocínio, e pode ser posta a prova. Para Perelman e OlbrecthsTyteca (2005) a analogia não estabelece uma relação de semelhança; mas sim uma
semelhança de relação.Ou seja, a analogia é uma similitude de estruturas em que a
relação entre A e B é semelhante à relação entre C e D. Vejam o exemplo de
Aristóteles:
Assim como os olhos dos morcegos são ofuscados pela luz do dia, a inteligência de
nossa alma é ofuscada pelas coisas mais naturalmente evidentes.
O tema é o conjunto dos termos A e B, sobre os quais repousa a conclusão
(inteligência da alma, evidência) e foro são os termos C e D, que servem para
41
estribar o raciocínio (olhos do morcego e luz do dia) (PERELMAN; OLBRECTHSTYTECA, 2005). “Há, de todo modo, entre tema e foro, uma relação assimétrica que
nasce do lugar por eles ocupado no raciocínio. Ademais, para haver analogia, tema
e foro devem pertencer a áreas diferentes” (PERELMAN; OLBRECTHS-TYTECA,
2005, P. 425).
Segundo Perelman (2005) o valor argumentativo da metáfora pode vir de uma
analogia condensada, resultante da fusão de um elemento do foro com um tema.
A metáfora é uma figura que tem por essência entender e expressar uma coisa por
meio de outra. Esta é a função comparativa da metáfora, “Ela é uma rosa ou Ela é
[bela como] uma rosa”. Mas a metáfora possui também, uma função argumentativa
(REBOUL, 2004).
Uma das figuras retóricas mais utilizadas é a metáfora. Lakoff e Johnson (2002)
descrevem no livro Metáforas da Vida Cotidiana, vários tipos de metáforas, cujo
valor cognitivo e estatuto epistemológico são essenciais ao processo de
conceitualização do mundo.
Na vida cotidiana as metáforas não são simples palavras ou questões de
linguagens. As metáforas são parte do processo de pensamento (LAKOFF ;
JOHNSON, 2002).
Dentre os tipos de metáforas citado por Lakoff e Johnson (2002) encontram-se as
metáforas estruturais que se referem a um conceito estruturado em termos de outro
conceito de forma metafórica; e as metáforas orientacionais que provêm da
organização de um sistema de conceitos em relação a um outro e, em sua maioria,
referem-se às orientações espaciais.
A metáfora e a analogia são consideradas recursos argumentativos e adequados
como forma de aumentar a adesão ao argumento, pois facilitam a explicação de
uma tese (PERELMAN; OLBRECTHS-TYTECA, 2005).
42
Para Lakoff e Johnson (2002, p. 45-46) são os conceitos que direcionam a atividade
cotidiana, eles estruturam o que se percebe, a maneira como se comportam no
mundo e o modo como se relacionam com outras pessoas. Portanto, apresentam
um papel fundamental na definição da realidade cotidiana.
Os conceitos que governam nosso pensamento não são meras questões do
intelecto. Eles governam também a nossa atividade cotidiana até nos
detalhes mais triviais. Eles estruturam o que percebemos, a maneira como
nos comportamos e o modo como nos relacionamos com outras pessoas.
Tal sistema conceitual desempenha, portanto, um papel central de nossa
realidade cotidiana. [...] Mas nosso sistema conceitual não é algo do qual
normalmente temos consciência. Na maioria dos pequenos atos da nossa
vida cotidiana, pensamos e agimos automaticamente, seguindo certas
linhas de conduta, que não se deixam aprender facilmente. Um dos meios
de descobri-las é considerar a linguagem. Já que a comunicação é baseada
no mesmo sistema conceitual que usamos para pensar e agir, a linguagem
é uma fonte de evidência importante de como é esse sistema.
Desse modo, quando se utiliza a retórica como instrumento para a análise dos
argumentos presente nos discursos dos alunos, pode-se, por meio das figuras de
retórica, compreender como estes estudantes representam o espaço físico e os
lugares de sua escola.
43
3. CONSTRUINDO A PESQUISA
A ciência não nos vai fornecer receitas para
soluções dos nossos problemas, mas o itinerário
de um caminho penoso e difícil, com idas e vindas
(TEIXEIRA, 1956.)
3.1. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para a efetivação deste estudo foi trabalhado com a abordagem qualitativa de
pesquisa, embasando-se no sentido proposto por Bauer e Aarts (2002, p. 57):
O principal interesse dos pesquisadores qualitativos é na tipificação de
representações das pessoas no seu mundo vivencial. As maneiras como as
pessoas se relacionam com os objetos no seu mundo vivencial, sua relação
sujeito-objeto, é observada através de conceitos tais como opiniões,
atitudes, sentimentos, explicações estereótipos, crenças, identidades,
ideologias, discurso, cosmovisões, hábitos e práticas.
Para desenvolvê-lo, foi realizado, inicialmente, o levantamento de referenciais
teóricos de forma a construir um arcabouço para sustentar o tema estudado. Em um
segundo momento, foi efetuada a coleta de dados em uma escola pública de
Maringá-PR, por meio de observações, registros em fotografias, produção de um
diário de campo e realização de entrevistas semiestruturadas, gravadas em áudio.
As entrevistas foram realizadas individualmente com dois grupos distintos de alunos;
o Grupo I em um total de 10 alunos da 7ª série e 8ª série do Ensino Fundamental, e
o Grupo II em um total de 15 alunos do 1º ano, 2º ano e 3º ano do Ensino Médio.
Após a realização das entrevistas foram feitas as transcrições e sistematizações das
respostas que, posteriormente, foram submetidas à análise retórica do discurso.
44
3.2. OS SUJEITOS DA PESQUISA E A ESCOLA
Os alunos que participaram da pesquisa têm entre 13 a 17 anos - sendo 11 meninos
e 14 meninas - escolhidos de forma aleatória, por meio de sorteio. Foram formados
dois grupos, o Grupo I com 5 alunos da 7ª série e 5 alunos da 8ª série do Ensino
Fundamental, e o Grupo II com 5 alunos do 1º ano, 5 alunos do 2º ano e 5 alunos do
3º ano do Ensino Médio, totalizando 25 alunos. A opção por esses sujeitos de
pesquisa se deu devido a escolha metodológica que foi feita, ou seja, a análise do
discurso sobre a relação do espaço escolar com a saúde e ensino dos alunos. Para
atender esse objetivo foi necessário entrevistar jovens com um maior poder
argumentativo.
A maioria dos estudantes entrevistados mora na Vila Esperança, bairro próximo ao
Colégio de Aplicação Pedagógica (CAP) da Universidade Estadual de Maringá - PR.
Identificam-se também entre os entrevistados moradores da Zona 07, Jardim
Montreal, Jardim Alvorada, Parque Avenida, Athenas, Jardim dos Pássaros, Ney
Braga, Cidade Jardim e Jardim Brasil.
Os alunos do Colégio de Aplicação Pedagógica são de diversas classes
socioeconômicas. São eles filhos de funcionários da Universidade Estadual de
Maringá, trabalhadores de diversas profissões da cidade de Maringá e da região,
como de professores (da educação infantil ao nível superior), empresários,
funcionários públicos (estaduais, municipais e federais), profissionais autônomos,
bancários,
agrônomos,
técnicos,
advogados,
agricultores,
contadores,
eletricistas,
dentistas,
mecânicos,
engenheiros
enfermeiros,
civis,
auxiliares
de
enfermagem, policiais, vigias, zeladores/serventes e de outras profissões com
menos número e representantes (Projeto Político Pedagógico – CAP, 2008).
O Colégio de Aplicação Pedagógica da Universidade Estadual de Maringá - Ensino
Fundamental e Médio, localizado no campus da universidade, é um órgão
conveniado com a Secretaria de Educação do Estado do Paraná, e uma das marcas
políticas do governo Fernando Collor de Mello (1990-1992).
45
Ao se inspirar nos Centros Integrados de Educação Pública (CIEPS7) do Rio de
Janeiro, na administração de Leonel Brizola, Collor criou os Centros Integrados de
Atenção à Criança e ao Adolescente (CIACS) para implantação de cinco mil prédios
escolares com educação em tempo integral em todo o país, desenhados
inicialmente pelo arquiteto João Figueiras Lima8 conhecido por “Lelé”.
Com o impeachment do presidente Collor em 1992, Itamar Franco assume a
presidência e passa ao Ministério da Educação e do Desporto (MEC) o dever de
assumir as ações do projeto que antes era coordenado pela extinta Secretaria de
Projetos Especiais da Presidência da República. O MEC mudou a denominação dos
CIACS para Centros de Atenção Integral à Criança, CAICS (SOBRINHO, 1995). O
projeto arquitetônico dos CAICS pode ser identificado por suas estruturas prémoldadas e a mesma estética nas diferentes regiões do país.
Em setembro de 1995 o Colégio de Aplicação Pedagógica da UEM passa a ocupar
uma das instalações arquitetônicas projetada para ser Centro de Atenção Integral à
Criança (CAIC), mas não atende as propostas idealizadas pelo Governo Collor, pois
nesse período, no Governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2003), os CAICS
deixam de atender a criança em tempo integral e vários projetos que faziam parte do
programa foram desativados. Mas as construções arquitetônicas que tiveram início
no Governo Collor continuaram a ser inauguradas, como no caso do CAIC/UEM.
O Colégio de Aplicação Pedagógica da UEM ocupa uma área livre de 16.224,51 m²,
com 4.419,19 m² de área construída. No ano de 2008 o CAP abrigava 852 alunos
matriculados em dois turnos: manhã e tarde e distribuídos da pré-escola até o 3º ano
do EM. Conforme indica o Quadro - 1:
7
Construídos na primeira metade dos anos 80, durante o primeiro governo Leonel Brizola e sob a
orientação de Darcy Ribeiro, os Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs) invadiram com
suas estruturas pré-moldadas, idealizadas por Oscar Niemeyer, a capital e o interior do Rio de
Janeiro (MIGNOT, 2001).
8
Apesar de os CIACS terem sido projetados por Lelé, com o impeachment do presidente na época, o
projeto perdeu continuidade e apenas poucas unidades foram construídas seguindo fielmente o
projeto original (EKERMAN, 2008).
46
SÉRIE/TURMA
TURNO
NÚMERO DE
ALUNOS
Pré-escola A, B
Tarde
47
1ª série A, B e C
Tarde
90
2ª série A, B e C
Tarde
89
3ª série A, B e C
Manhã e
Tarde
89
4ª série A, B e C
Manhã e
Tarde
92
5ª série A e B
Manhã
60
6ª série A e B
Manhã
65
7ª série A e B
Manhã e
Tarde
60
8ª série A e B
Manhã e
Tarde
64
1º EM A, B
Manhã
70
2º EM A, B
Manhã
68
3º EM A, B
Manhã
58
Quadro 1 - Turmas atendidas pelo CAP/UEM: séries, turno e número de alunos matriculados
Fonte: Projeto Político Pedagógico e Plano de ação do CAP – 2007 e 2008.
Por ser um Colégio de Aplicação Pedagógica da Universidade tem por finalidade
investigação, testagem e experimentação de técnicas pedagógicas, este recebe
muitos estagiários para realizar estágio docência das licenciaturas da Universidade.
Devido ao atendimento desses estagiários no CAP nossa investigação teve que ser
ajustada ao cronograma da escola, para que essa pesquisa e o trabalho dos
estagiários não coincidissem.
3.3. INSTRUMENTOS PARA COLETA DE DADOS
3.3.1. As observações e o diário de campo
Após entrar em contato com a Direção e a Coordenação do Colégio de Aplicação
Pedagógica da Universidade Estadual de Maringá e de posse da autorização para a
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realização da pesquisa, tiveram início as observações na escola que foram
registradas no diário de campo.
Foi criado um cronograma juntamente com as coordenadoras do Ensino Médio e
Fundamental. Este passou por vários ajustes por conta da presença dos estagiários.
As observações foram iniciadas no mês de maio de 2008. Acompanhado até o mês
de junho de 2008 a rotina das séries das quais, posteriormente, sairiam os alunos
que seriam entrevistados.
A fase de observação do dia-a-dia na escola foi muito importante como forma de
aproximação com os alunos e para a visualização de condutas e atitudes nos
espaços da escola.
As observações realizadas, que constam no diário de campo, permitiram conhecer a
estrutura física da escola e auxiliaram nos apontamentos dos três parâmetros do
conforto ambiental dos espaços frequentados pelos estudantes; acústico, térmico e
lumínico. A transcrição do diário de campo consta no Anexo VI.
3.3.2. Os registros fotográficos
Os registros fotográficos foram realizados para auxiliar o pesquisador e o leitor. Ao
pesquisador por se constituírem como ferramenta de auxílio nas análises; e ao leitor
como forma de visualização e compreensão do espaço da Colégio de Aplicação
Pedagógica/UEM.
Desses registros constam as fotografias feitas pela autora deste trabalho e a
imagem de satélite viabilizada pelo programa Google Earth, para um melhor
entendimento do complexo arquitetônico do Colégio de Aplicação Pedagógica
(Figura 4).
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Figura 4 – Imagem do complexo arquitetônico do Colégio de Aplicação Pedagógica da UEM.
Fonte: Google Earth - Acesso: 06/08/2008.
Na Figura 04, o número 1 representa o bloco arquitetônico formado pela biblioteca, a
cantina, o auditório e a sala de artes. No número 2, encontra-se o espaço que
abriga, no pavimento térreo, a administração do colégio, a sala de informática, o
laboratório de ciências, o refeitório, a sala dos professores do Ensino Médio (EM), a
sala da direção e vice-direção e os sanitários feminino e masculino. No pavimento
superior do bloco 2 temos as salas de aula, da coordenação do EM e a sala de
projeções. O ginásio de esportes coberto é representado pelo número 3 e, por fim, o
número 4 representa o bloco das salas do Ensino Fundamental (EF), sala dos
professores e da coordenação do EF, sanitários feminino e masculino e o pátio
coberto.
A seguir, na figura 05, observa-se o acesso principal dos alunos à escola. O corredor
que pode ser observado na foto do acesso à Quadra de Esportes coberta. A
cobertura do corredor de acesso central, não prevista no projeto original da
construção, foi instalada após 1995, data da inauguração do colégio. Ao lado direito
do corredor de acesso central, encontram-se o bloco das salas do Ensino
Fundamental e ao lado esquerdo as salas destinadas ao Ensino Médio.
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E.M.
E.F.
Figura 05 – Acesso único ao portal de entrada para os alunos
(Fotografia: Mariana Bertanha Biava – 23/06/08)
Na figura 06, do lado esquerdo da fotografia encontra-se uma guarita com guardas
que controlam a entrada e saída de pessoas da escola, como professores, pais e
estagiários. Na figura 07, aponta-se o acesso dos professores pela lateral do bloco
do EM, e estacionamento para carros também sob supervisão dos guardas da
Universidade.
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Figura 06 – Guarita e acesso dos professores à escola por um portão lateral
(Fotografia: Mariana Bertanha Biava – 23/06/08)
Figura 07 - Portão lateral para o acesso dos professores à escola
(Fotografia: Mariana Bertanha Biava – 23/06/08)
Na figura 08, é apresentado o ginásio esportivo entre os blocos do EF e EM, que é
de grande destaque arquitetônico por suas dimensões. O ginásio tem quadra de
777,80m2 e uma arquibancada com capacidade para aproximadamente 250
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pessoas, ocupando uma área de 121m² (Projeto Político Pedagógico do CAP, 20082009).
Figura 08 – Ao fundo da passarela de acesso central, o ginásio localizado entre os blocos do
EM e EF
(Fotografia: Mariana Bertanha Biava - 23/06/08)
Foi realizado, também, os registros fotográficos da vista externa do Bloco do Ensino
Fundamental e do Ensino Médio, do banheiro do Ensino Médio e do Fundamental,
pátio, ginásio esportivo, biblioteca, cantina, refeitório, sala de informática e outros
espaços que apareceram nos discursos e as fotos estarão na Seção IV e no Anexo
VII.
3.3.3. As entrevistas
Por meio de um sorteio foram convidados 10 alunos da 7ª e 8ª séries do EF e 15
alunos do EM para participar das entrevistas. Esses alunos receberam um termo de
consentimento (ANEXO I), como estabelecido e aprovado pelo Comitê Permanente
de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (COPEP) da Universidade Estadual de
Maringá, para que os pais concordassem com a participação dos filhos na pesquisa.
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Os pais de dois alunos da sétima série não consentiram que seus filhos
participassem da pesquisa. Então, outros dois foram sorteados para os substituírem.
As entrevistas foram gravadas em Moving Picture Experts Group - 1/2 Audio Layer 3
(Mp3) e realizadas individualmente com cada um dos 25 alunos no período letivo, no
mês de Junho de 2008. Cada entrevista durou entre 15 e 25 minutos.
Utilizou-se a entrevista semiestruturada como instrumento de coleta de informações.
Para Ludke e André (1986) as entrevistas livres são os tipos mais adequados às
pesquisas em educação, isto porque são instrumentos flexíveis. Para as estudiosas
a entrevista semiestruturada “se desenrola a partir de um esquema básico, porém
não aplicado rigidamente, permitindo que o entrevistador faça as necessárias
adaptações” ao roteiro de perguntas previamente estabelecido (LUDKE; ANDRÉ,
1986, p. 34). Este tipo de entrevista mostrou-se adequado para a pesquisa, pois
permitiu realizar mais questionamentos durante a entrevista e possibilitou abarcar
assuntos que inicialmente não haviam sido pensados.
Por conta de provas e trabalhos dos alunos e da presença de estagiários na sala de
aula, as entrevistas, assim como as observações, foram postergadas, tendo como
consequência modificações nas datas de suas realizações. Mas este fato não
atrapalhou o desenvolvimento do trabalho, pois, contou com a compreensão da
coordenação e dos professores.
As entrevistas tiveram início com o Ensino Médio seguindo um roteiro com doze
perguntas, sendo seis de ordem pessoal e mais seis a respeito do cotidiano escolar
(ANEXO II). Os alunos ficaram a vontade para responder aos questionamentos, uns
com mais desenvoltura outros com timidez, mas todos deram sua contribuição
colaborando e respondendo a todos os questionamentos.
Para a entrevista com os alunos do Ensino Fundamental inicialmente foi proposto
um roteiro com seis perguntas pessoais e seis da relação do aluno com o espaço
escolar, sendo que alguns questionamentos foram abordados de forma diferente aos
alunos do ensino médio (ANEXO III).
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Ao dar início as primeiras entrevistas no EF, notou-se pelos discursos, que poderiam
ser feitas algumas questões que estavam propostas apenas no questionário para os
alunos do EM, por isso nas transcrições das entrevistas podem ser encontradas
mais de doze questionamentos por aluno do EF. Os alunos do EF, assim como os
alunos do EM, ficaram à vontade durante as entrevistas, o que facilitou o desenrolar
dos discursos.
Tanto no Ensino Médio quanto no Ensino Fundamental percebeu-se durante as
entrevistas a necessidade que os alunos tinham de contar para alguém as coisas
que aconteciam no cotidiano da escola. A deficiência de aulas práticas, a
necessidade em utilizar de forma mais frequente os diferentes espaços da escola,
como a sala de informática, biblioteca, sala de vídeo, laboratório e até reclamações
em relação a professores, a coordenação, a direção e ao atendimento na cantina,
surgiram durante as entrevistas.
Com as 25 entrevistas gravadas em áudio foi realizada a transcrição dos discursos
dos alunos entre os meses de junho e julho de 2008 (ANEXO IV). A partir das
transcrições foram analisadas as falas dos estudantes, para examinar os
argumentos e figuras de retórica que auxiliaram a compreender a relação desses
alunos com a escola.
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4. ANÁLISE DOS DADOS
4.1. A ESCOLA E SEUS MARCOS: OBSERVAÇOES DOS ALUNOS SOBRE A
ARQUITETURA DA ESCOLA
Os 25 alunos entrevistados indicam, por meio de suas respostas, o ginásio de
esportes como o local que mais precisa sofrer modificações em sua estrutura. Os
alunos mostram as falhas na estrutura física da quadra como janelas quebradas e
problemas no teto que causam goteiras nos dias de chuvas, o que os impossibilita
de praticarem atividade física nesses dias (Figuras 9 e 10). Isso denota o ginásio de
esportes como um dos lugares preferidos dos alunos.
Figura 09 – Vista interna do ginásio: o grande problema da estrutura da escola
(Fotografia: Mariana Bertanha Biava – 24/06/2008)
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Figura 10 – Vista da lateral interna da quadra esportiva: problemas com os dias de chuva
(Fotografia: Mariana Bertanha Biava – 24/06/2008)
Está presente também no discurso dos alunos, a necessidade de pintura do colégio,
um espaço maior para as salas de aula, renovação do mobiliário escolar, reforma da
biblioteca (Figura 11) e mudanças nas lousas. Afirmam os alunos:
AEM-1 “Eu acho a sala muito pequena, não sei, porque no outro colégio que eu vim, do
outro colégio lá era maior, só isso. A quadra, quando chove fica molhado lá e não tem
iluminação, daí fica meio escuro”.
AEM-2 “Ah! Eu mudaria o Ginásio que é bem precário mesmo, pra gente fazer uma aula de
Educação física assim, no dia de chuva dá pra fazer uma aula bem legal de natação, porque
inunda tudo. Agora se você quer fazer uma aula lá embaixo você não pode porque fica com
barro, então a estrutura não permite aí a gente tem que ficar na sala. Eu melhoraria também
o, a biblioteca porque chove dentro às vezes aí molha todos os livros daí bibliotecária tem
ficar com um paninho secando e ventilador ligado pra secar tudo, isso que eu mudaria”.
AEM-7 “Eu mudaria a quadra, toda vez que chove é uma inundação, vira uma piscina e não
dá pra fazer educação física. A única coisa. Tentaria mudar acho que o telhado, que é o
problema que tem ali”.
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AEM-8 “Eu acho que eu mudaria os quadros, acho que colocaria aqueles de pincel, sabe.
Não tem muita coisa pra mudar, sabe. Eu acho que no geral a estrutura do CAP é boa. Uma
reforma na quadra, que ela está precisando, está com alguns problemas lá, porque ta
caindo as janelinhas lá. Mas em questão de estrutura o CAP tá bem”.
AEF-1 “[...] eu mudaria o ginásio e algumas salas, eu mudaria. Nossa! No ginásio eu
colocaria um teto. Eu mudaria, ele é meio pequeno para fazer educação física... eu
reformaria ele, acho que cantina eu faria maior e colocaria funcionários que soubesse
atender a gente, fica uma confusão lá. E as salas algumas tão caindo cadeiras tudo
quebradas ...”
AEF-3 “O ginásio, o pátio. Ah, não tenho muito que reclamar não. Mais o ginásio porque
quando chove, não tem como fazer educação física dentro, porque ta tudo alagado. As
portas quebradas, as janelas. As salas também pingam quando chove [...] O quadro é muito
pequeno na nossa sala”
AEF-10 “O ginásio, o refeitório, a cantina, o redondo e as salas, praticamente tudo. O
ginásio está quebrado, quando a gente vai treinar a noite, que a gente treina a noite, não dá
pra treinar porque choveu daí a gente tem que ir embora, e perde tempo pra vir aqui. A
cantina, assim, sei lá, o piso dela é muito estranho, a gente pisa, faz barulho, assim, eu não
gosto. Daí também tem as salas, as salas são apertadas, são sujas e às vezes trinta alunos
não cabem. E também o redondo é sempre sujo e ninguém nunca limpa ele”
Figura 11 – Biblioteca: apontada como local para modificações em sua estrutura
(Fotografia: Mariana Bertanha Biava – 23/06/2008)
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A arquitetura do CAP, imponente por seu ginásio, e de estética diferencial das
demais escolas do município de Maringá, é a referência e o marco político do
colégio.
AEM- 3 “[...] o primeiro lugar que você vê é uma pirâmide gigantesca, que é o ginásio. [...]”.
AEM-5 “Oh a primeira vez que eu vi aqui eu me lembro que eu era pequeninho eu acho que
eu tinha quatro anos, eu tava descendo assim à rua com a minha mãe, aí minha mãe falou:
você vai estudar aí oh. Aí eu vi aquele negocinho assim em cima do telhado, aí será que eu
vou estudar aí em cima desse negócio, aquilo parece carteira [...]”.
AEM-10 “[...] tem um ginásio como se fosse um triângulo bem grande e meio quebrado, três
blocos principais como retângulos mais afastados do ginásio, um maior que fica a direita do
ginásio tem dois andares, um outro que fica a direita desse maior que é a biblioteca e um
outro que fica a esquerda do ginásio que é eu acho até a oitava série, de quinta a oitava.
[...]”.
AEM-13 “[...] na entrada tem um toldo, ficou feio só que é necessário. Que eu achava lindo
entrar na escola, porque tudo nessa escola é em volta do ginásio. Aí eu entrava... Tem as
fotos lá na biblioteca de antigamente assim, tiraram a foto do ginásio você entrava assim, só
que construiu não ficou legal, mas ficou bom [...]”.
AEF-1 “[...] tem um ginásio que está um pouco acabado, pra direita tem as salas do ensino
fundamental e para esquerda, as do ensino médio [...]”
O “negocinho em cima do telhado” (Figura 12) lembrado pelo aluno AEM-2 como
“carteira” são os sheds, elementos arquitetônicos que têm a função de permitir a
entrada de luz, favorecer a ventilação vertical, evitar a incidência direta de sol e
permitir a iluminação natural, marcos dos projetos arquitetônicos de João Figueiras
Lima, que projetou os Centros de Atenção Integral à Criança - CAICS (PEREN,
2006, p. 35).
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Figura 12 - Bloco do Ensino Fundamental, a seta mostra o shed comparado por um aluno
como uma carteira
(Fotografia: Mariana Bertanha Biava-23/06/2008)
4.2.O QUE OS ALUNOS DIZEM?
É consenso entre os alunos entrevistados que iluminação, barulho interno e externo,
calor e frio, tamanho da sala, posição da lousa, assim como goteiras na quadra, na
biblioteca e na sala de aula, são problemas que enfrentam no dia-a-dia da escola. É
importante dizer que os alunos gostam muito da escola, respeitam-na por ser uma
escola diferenciada entre as escolas estaduais de Maringá/PR, mas são críticos
sobre as situações que vivenciam no cotidiano escolar.
Ao se referirem à escola, os alunos apresentam duas principais analogias em seus
discursos, e uma metáfora orientacional (caída), de acordo com Lakoff e Johnson
(2002):
A escola para o aluno AEM-5 é como uma casa. Nesse caso podemos ter
simplesmente uma analogia. Para esse aluno, a escola é um local de acolhimento e
aprendizagem. Esse acolhimento é encontrado também em sua casa, portanto para
esse aluno a escola é uma casa, com atributos que favorecem o aprendizado.
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Nesse mesmo discurso encontram o argumento da qualidade pela quantidade, ao
justificar a organização do CAP relacionada a sua dimensão:
AEM-5 “[...] O espaço é como se fosse uma casa, com quintal pra você poder estudar,
porque às vezes o colégio não é muito grande, ele acaba sendo grande, mas é mal
elaborado. Esse colégio aqui é muito bom, ele é muito bem organizado”.
Outra analogia encontrada na fala de um dos alunos ao tratar da escola (AEF-10) é
da escola como prisão. Esta analogia é resultante acontece quando a escola é
comparada a uma prisão, assim como fez Foucault, remete a escola como estrutura
física (quanto a disposição das grades, salas de aula que isolam o aluno em
carteiras individuais) e disciplinar (regras e punições) que causa nos alunos
sentimentos de aversão a escola.
A prisão proporciona isolamento e punição por meio de suas regras e estrutura
física. A escola tem grades que dificultam contato com o exterior e muitas regras e
punições. Logo para esse aluno, a escola é como uma prisão.
No discurso de AEF-10 nota-se certa aversão à estrutura física da escola quando
adjetiva o prédio da escola como alto, o ginásio como triangular e a passarela do
piso superior como viaduto. Há nesse discurso a denotação de um distanciamento
da escola como um lugar apropriado pelo aluno:
AEF-10 “Meu colégio tem prédios altos, e um ginásio triangular, uma ponte tipo viaduto, um
redondo, tem cerca que parece presídio e os professores são chatos [...]”.
Ao identificar a analogia da escola como prisão na fala do aluno, é interessante
comentar que no momento da observação no CAP/UEM, realizada no mês de Maio
de 2008, foi encontrado um espaço em que os alunos punidos por indisciplina
devem realizar atividades. Esses alunos ficam sob a supervisão da inspetora e é
localizado em frente à sala da coordenação (Figura 13). Foucault (2007) trata
desses espaços de punição, ao comparar as escolas com as prisões. O autor
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descreve o isolamento em celas solitárias como forma de punição, ou seja, no caso
da escola, isto ocorre quando os alunos punidos não participam como os outros das
atividades normais, representando o isolamento citado por Foucault.
Figura 13 – Espaço de punição aos alunos indisciplinados.
(Fotografia: Mariana Bertanha Biava – 23/06/2008)
As analogias da escola como casa e como prisão, encontradas no discurso de dois
alunos (AEM-5 e AEF-10), apesar de antagônicas, demonstram que a escola é vista
como próxima ao lugar familiar, mas o espaço físico institucional (com grades,
corredores e regras) é próximo as outras instituições como a prisão, por exemplo.
Em diversas falas encontrou-se a escola rígida, mas com um ensino de qualidade,
os alunos ao mesmo tempo em que reclamam justificam a qualidade do ensino no
CAP:
AEM-1”[...] eu acho boa no estudo, os professores querem ensinar os alunos mesmo, não
gosto muito desses bilhetinhos. Esse ano tá muito rigoroso, mas eu acho boa sim. [...]”.
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AEM-2 “[...] Então eu acho que, o nível de educação dela é muito bom, os alunos aprendem
muito [...] Então, aqui eu acho que é um lugar que tem um nível de educação muito bom
comparado a outras escolas da rede estadual [...]”.
AEM-5 “Oh! Pra mim se fomos ver... Como eu estudo num colégio público. E o ensino aqui é
comparado com colégio particular, dava pra dar uma nota muito boa para esse colégio,
muito boa”.
AEM-6 ”[...] é uma escola muito rígida que quem entra aqui tem que querer estudar. Não
adianta falar assim que vai entrar aqui e vai fazer bagunça que aqui o negócio é diferente
[...]”.
AEM-9 “[...] o aprendizado é bom também, só que tem umas coisas assim que eu acho
errado no colégio. Tipo a parte de diretoria essas coisas e tal [...]”.
AEF- 3 “[...] os professores são ótimos, a coordenação essas coisas [...]”.
AEF-8 “Minha escola assim, tem um desenvolvimento bom e tem capacidade pra ter uns
alunos bons, pra faculdade, pra saírem mais distantes e, assim, tem seus defeitos, mas a
maioria, a estrutura é boa sim [...]”.
AEF-9 “[...] Ah, é uma escola boa. Tem um ensino bom, comportado muitas vezes, os
professores põem disciplina nas salas. Acho que assim, é uma escola que eu amo muito
[...]”.
Veja a fala do aluno de outro aluno em relação à estrutura física da escola:
AEM-2 “[...] ela parece meio caída, vamos dizer assim, pintura, estrutura tudo, mas é porque
ela é antiga, já vai pra uns 30 anos que ela existe”.
O aluno AEM-2 utiliza a metáfora orientacional caída para se referir à escola, Lakoff
e Johnson (2002, p.60) argumentam:
[...] Essas orientações espaciais surgem do fato de termos os corpos que
temos e do fato deles funcionarem da maneira como funcionam em nosso
62
ambiente físico. [...] Elas têm uma base na nossa experiência física e
cultural.
Se relacionar o discurso do AEM-2 com a fala de Lakoff e Johnson (2002) pode-se
explicar a metáfora caída como espacial e ontológica indicando uma materialidade
física e que também no caso da escola, passa a representar tristeza e depressão,
entendida por esse aluno como falta de cores na escola e estruturas físicas com
problemas.
Outra figura de retórica encontrada nos discursos foi a metonímia. Os alunos
referem-se a essa figura quando citam um espaço, localizado no pátio da escola que
tem o formato de um círculo, por isso convencionou-se pelos alunos o nome de
“Redondo”. O chamado “redondo” é encontrado nos discursos como o local mais
apreciado pelos alunos entrevistados, um espaço escolar que agrega os alunos e
onde podem conversar e brincar ao ar livre sem as regras de disciplina que a sala de
aula impõe (Figura 14 e 15).
Durante os intervalos, o “redondo” é o espaço mais apropriado pelos alunos para a
realização de brincadeiras, conversas e paqueras. Esse espaço também é utilizado
pelos professores para realização de leituras e dinâmicas de grupo. Os professores
de Educação Física revezam a quadra coberta para as atividades, e quando esta
não está disponível, usam “o redondo” e o espaço do pátio ao lado do corredor onde
há os mastros das bandeiras (Figura 16), improvisando uma quadra de vôlei com a
rede esticada nos mastros para realizarem suas aulas.
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Figura 14 – “O redondo” citado com relevância nos discursos dos alunos
(Fotografia: Mariana Bertanha Biava – 24/06/2008)
Figura 15 – Utilização do redondo no intervalo como local de encontro e brincadeiras
(Fotografia: Mariana Bertanha Biava – 24/06/2008)
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Figura 16 – Improviso e apropriação do espaço: alunos brincando no pátio.
(Fotografia: Mariana Bertanha Biava – 24/06/2008)
Quando perguntado aos alunos qual o local da escola em que gostariam de ter aulas
e o porquê da escolha, o redondo aparece em 07 dos 15 discursos dos alunos do
EM (AEM-3, AEM-4, AEM-7, AEM-10, AEM-12, AEM-13, AEM-15), e em 06 dos 10
discursos dos alunos do EF (AEF-1, AEF-3, AEF-6, AEF-8, AEF-9, AEF-10), sempre
aliado à justificativa de ser ao ar livre, um lugar gostoso e divertido. Nesse sentido, o
redondo passa a representar sinônimo de liberdade para os estudantes. Vejam
algumas falas:
AEM- 3 “[...] Eu gosto das aulas ali no redondo, aquele negócio redondo azul, no pátio, eu
gosto das aulas lá, às vezes tem dinâmica lá fora assim. Tipo geografia, às vezes a
professora leva a gente lá pra fazer uma dinâmica, bem legal. Eu até gosto das aulas ali de
fora”.
AEM-12 “Tem um pátio ali com uma arquibancada assim, que é redondo. Eu acho que ali
seria o ideal pra fazer uma aula fora da sala de aula, eu acho que ali é um espaço bem
legal. Porque a gente senta todo mundo por igual numa arquibancada em que todo mundo
vê o professor, e o professor fica ali na frente e eu acho que dá pra ele gesticular fazer umas
coisas bem diferente.
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AEM- 15 Ah o redondo amarelo ali. Porque é ao ar livre entendeu, tem lugar para sentar
quando está limpo... .É legal, porque sai um pouco da rotina, a gente cansa fica sentado
olhando pra frente, aí descontrai um pouco.
AEF-9 “O círculo, aquele círculo azul ali fora. Porque é o lugar que todo mundo fica perto,
não tem que ter silêncio, e ah, sei lá, é gostoso, ao ar livre”.
AEF-10 “O redondo. Porque pega sol, se tiver frio é bom, se tiver calor também é bom
porque pega vento e porque tá no ar livre e é bom respirar ar livre”.
Quando questionados a respeito da interferência do barulho na aprendizagem e na
saúde, os estudantes utilizam em seus discursos argumentos por experiência e por
testemunho. Apenas 3 alunos do EM (AEM-1, AEM-7, AEM-15) não conseguem
identificar a interferência do barulho nem na saúde e nem no aprendizado Com
exemplos do cotidiano escolar, relatam acontecimentos vividos por eles no dia-a-dia
da escola e demonstram a interferência do barulho:
AEM-3 “Aí! Nos dois. [...] nossas salas são bem pertinho uma da outra a nossa e a do
primeiro ano, é tipo janela com janela e as duas salas são muito barulhentas então assim,
tanto atrapalha daí, antes eu sentava no fundo, daí alguém ta falando ali perto da janela e
você presta atenção no que a pessoa está falando do que o que seu professor ta tipo
falando. Aí atrapalha pra você aprender assim e a gritaria é muita daí se sai com dor de
cabeça”.
AEM-12 “Influencia. Porque esses dias a gente estava assistindo um filme aí estava tendo
uma aula do lado daí a gente não conseguia escutar direito teve que ir lá pedir para eles
rirem mais baixo porque estava atrapalhando. Ontem mesmo na hora da prova a professora
não conseguiu controlar os alunos e a gente não conseguia fazer a prova. Assim,
reclamação quanto a barulho é bem sério no colégio, porque qualquer coisa dá eco ali
naquele corredor”.
AEM-13 “Sim, sim com certeza [...], por exemplo, segunda ou terça feira do feriado eu tive
prova, aí o professor não veio, teve aula vaga. E a professora subiu a prova, só que ela
estava em outra sala e não foi ela que deu. Só que assim é... senão for o professor ele não
tem tanto controle na sala. Aí tipo assim, conversava, entendeu! E atrapalha. As outras
salas também, virou um pampeiro! Atrapalha na concentração, atrapalha tipo assim, a
mesma coisa de você ta lendo um livro e alguém conversando do seu lado, tira totalmente
sua atenção”.
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AEF-3 “Aham. Às vezes quando o povo que vem do ginásio ele vem aqui no banheiro que é
do nosso lado. É muita conversa. Eu acho que não presta atenção Você se liga aqui fora.
Não presta atenção. Que às vezes eles dão risada, você quer saber o que está acontecendo
aqui fora”.
AEF-5 “Ah, já aconteceu assim, de outras salas ficarem bagunçando que nem essa semana
mesmo, a sala do lado tava bagunçando e atrapalhou nossos estudos aí a professora teve
que sair da sala e ir lá pedir silêncio. E quando também formam filas aqui pra ir pra outro
lugar do colégio, faz muito barulho e atrapalha às vezes. Eu acho que tinha que separar.
Quando o professor está explicando aí fica aquele barulho aí já começa já conversa na sala
e ai a gente não consegue ouvir o que o professor vai falar”.
A iluminação e a temperatura também aparecem como problemas no cotidiano
escolar dos alunos. Mesmo considerando a iluminação suficiente para as atividades,
foi identificado, nos discursos dos estudantes, o problema da incidência direta do sol
nas carteiras próximas à janela e o reflexo produzido pelo sol na lousa atrapalhando
a leitura do quadro. Em relação à temperatura reclamam do vento, do frio no inverno
e do calor nos dias de verão. A respeito desses problemas os argumentos de
experiência e de testemunhos voltam a ser identificados nas seguintes falas: AEF-1,
AEF-3, AEF-4, AEF-7, AEF-8, AEF-9, AEF-10, AEM-2, AEM-3, AEM-4, AEM-5,
AEM-6, AEM-8, AEM-9, AEM-10, AEM-12, AEM-13, AEM-15. Por exemplo:
AEM-2 “[...] tem as fileiras da sala de aula e quem senta nas duas fileiras perto da parede
não consegue enxergar o quadro se as janelas estiverem abertas. Aí a luz acende pra poder
fechar as janelas, porque aí bate um reflexo do sol daí não enxerga o que o professor
escreve na primeira parte do quadro. Daí tem que acender a luz porque senão fica muito
escuro”.
AEM-3 “[...] o pessoal reclama que se a gente abre a janela para entrar luz na sala atrapalha
a visão de quem está do outro lado, quem fica do lado da porta [...]”.
AEM-4 “[...] se tiver apagada a gente não enxerga e a janela também tem que ser fechada,
se abrir não dá pra ver o quadro porque bate reflexo”.
EM-6 ”[...] a primeira janela reflete muito no quadro então as pessoas que estão sentadas na
primeira fileira, que é a da porta, não conseguem enxergar se a luz estiver apagada e ela
aberta. Não consegue enxergar. Então tem que fechar ela e acender a luz”.
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Identificou-se, nos discursos dos alunos, argumentos que favorecem uma escola
“ativa e formadora”, como Anísio Teixeira já havia citado em tempos anteriores. Os
alunos foram capazes de redesenhar e discutir a escola como um “lugar de ensinar”.
Em vários discursos foram encontradas as ideias e propostas de Anísio Teixeira.
Como exemplo:
AEM-8:“Eu sou a favor assim, aula de química, física e biologia o mais práticas possíveis,
que eu acho que levando pra fora da sala a gente aprende mais fácil do que toda aquela
teoria direto, blá, blá, blá...na sala, porque às vezes você distrai com alguma coisa e tal. Eu
acho que a gente tem usar o laboratório, eu não fui esse ano no laboratório, não usei o
laboratório de, tem um laboratório bom aqui no colégio que eu acho que deveria ser usado,
mais aproveitado”.
“Que nem matéria do segundo ano mesmo, tem plantas e tal, de biologia, dava pra usar as
plantas que tem no colégio. Aqui UEM tem várias plantas, um espaço biológico, material
biológico muito bom. Bom eu acho assim, os professores poderiam aproveitar melhor por
estar dentro da UEM a estrutura que a UEM oferece. Visitar os cursos de física, eles tem
também um material muito legal, que dá pra você aprender física assim, rindo, brincando.
Tem o pessoal de matemática, eles têm um trabalho de matemática muito legal. Então, eu
acho que assim, aproveitar o que a UEM disponibiliza. Além de usar, é claro, o laboratório, a
biblioteca, a quadra”.
AEM-09 “[…] só que tem umas coisas assim que eu acho errado no colégio. Tipo a parte de
diretoria essas coisas e tal.[...] Eu acho que tipo, tem uma ideia é... contraria assim a dos
alunos, sabe?!.Tipo eles tem uma ieéia deles e a gente tem a nossa [...]. Essa parte assim,
entre diretoria e alunos... falta os dois se acertarem”.
“[…] nas matérias tipo de biologia e química a gente quase não faz experimento, essas
coisas. Deveria ter, pra gente ter mais conhecimento tal. Não só na sala de aula [...]”.
68
5. CONCLUSÃO
Pode-se afirmar que os alunos, mesmo desconhecendo os conceitos de arquitetura,
identificam, no espaço físico da escola, características de falha em sua estrutura e
na constituição dos lugares ou espaços vividos, as quais interferem no cotidiano
escolar dos alunos.
É notável a criticidade dos dois grupos de estudantes pesquisados quanto às
relações que se estabelecem no cotidiano escolar entre o espaço vivido e os sujeitos
que dele se apropriam.
Foi Identificado que os alunos compreendem mais a influência do espaço no ensino
do que na saúde. Por meio de argumentos por experiência e testemunho, os
estudantes relatam diversos momentos no dia-a-dia da escola em que fatores como
o barulho, o reflexo da luz solar e o calor/frio, tornam-se obstáculos para a
aprendizagem.
Os dois grupos de entrevistados são unânimes quanto ao espaço que precisa de
atenção urgente, a quadra esportiva. Esta é indicada como um lugar de acolhimento,
porém pode ser considerado um espaço que morre um pouco cada dia, pelos
problemas em sua estrutura.
Outro espaço de acolhimento é o chamado “redondo”, indicado pelos alunos, como
um espaço de convivência e descontração na escola. Neste espaço os alunos
encontram-se para conversas e brincadeiras. O ginásio e o redondo são
caracterizados como símbolos de liberdade. É esta liberdade apontada quando os
alunos reclamam a falta de aulas fora da sala de aula, em ambientes que a escola
disponibiliza, mas que não são usados pelos professores, como a biblioteca, a sala
de informática, o laboratório, além dos espaços pertencentes a Universidade.
A localização da escola dentro do Campus da Universidade Estadual de Maringá é
marcadamente positiva na visão dos alunos. Parece que a sua localização na
Universidade transporta à escola a competência de facilitadora no ingresso dos
69
estudantes ao ensino superior de qualidade, além de despertar nos alunos a
necessidade de utilizar o que a Universidade disponibiliza (projetos de extensão,
espaços como o museu interdisciplinar, laboratórios, além de outros) para auxiliar no
aprendizado.
As analogias casa e prisão apesar de antagônicas revelam que a escola rígida e
disciplinadora seria uma das condições, segundo os discursos, para uma escola
com ensino de qualidade. Apesar de o local casa ser espaço apropriado e
aconchegante é também um espaço com regras. Dessa forma, ao criarem as
analogias escola - casa - prisão os alunos caracterizam a escola como rígida, mas
com qualidade de ensino.
Inicialmente foi pensado as entrevistas como forma de promover discussões acerca
do espaço escolar e sua influência na saúde e no aprendizado dos estudantes. Para
isso, foram propostos aos alunos entrevistados, questionamentos direcionados para
esse objetivo. As entrevistas acabaram tomando caminhos diferentes do esperado.
Em quase todos os discursos, os estudantes não se continham em apenas
responder os questionamentos, e às vezes nem o respondiam de fato, mas, o que
parece é que necessitavam dividir os problemas que enfrentam na escola. Ao
reclamarem da direção, coordenação, professores, falta de aulas práticas, os alunos
mostram a necessidade que sentem de serem ouvidos, assim como de suas
necessidades serem atendidas.
Algumas das necessidades apontadas pelos estudantes são aquelas que, para ,
Anísio Teixeira, apontou desde a década de 30 ao pensar a escola como espaço
físico adequado à educação, de forma a tornar-se o lugar escolar. Um lugar em que
o aluno recebesse formação com salas para laboratório, auditório, biblioteca, artes,
leitura, ginásio esportivo, além de professores capacitados e atualizados. Os alunos
clamam por uma escola com um novo projeto pedagógico aliado a uma melhor
apropriação dos espaços da escola.
Por fim, o presente trabalho espera contribuir na discussão acerca do espaço
escolar e promover uma reflexão nas relações que o espaço, como lugar de
70
educação, estabelece com os estudantes, a fim de tornar o “lugar escola” como
facilitador da educação e não mais um obstáculo.
71
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75
ANEXOS
76
Anexo I - Termo de Consentimento Livre Esclarecido
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Título do Projeto: “O Espaço escolar, ambiente e saúde no discurso de alunos”.
Estamos convidando o (a) menor_____________________________ (nome do
aluno) a participar da nossa pesquisa científica, que tem por objetivo compreender
as representações da escola como espaço de saúde e de ensino por meio da
análise do discurso de jovens em processo de escolarização.
A participação é voluntária e o referido aluno responderá a uma entrevista gravada
em áudio, relacionada ao dia-a-dia na escola. A entrevista será feita na escola sem
nenhum risco ou dano ao aluno.
Por meio desse convite, pedimos sua autorização para a utilização dessa entrevista
para fins científicos, para avaliarmos se arquitetura escolar apresenta boas
condições ambientais para a saúde dos alunos por meio de seus discursos. Os
resultados poderão ser utilizados para uma melhoria no ambiente escolar.
Destacamos que durante o desenvolvimento do trabalho é garantida ao participante
a liberdade de recusar-se a dar continuidade à sua colaboração na pesquisa,
lembrando que seu nome e o nome do aluno pesquisado permaneceram no
anonimato em todos os níveis de divulgação dos resultados.
Eu, ____________________________________________, (responsável pelo
menor) após ter lido e entendido as informações e esclarecido todas as minhas
dúvidas referentes a este estudo com a pesquisadora Mariana Bertanha Biava, RG
34.875.045-6, CONCORDO VOLUNTARIAMENTE, (que o (a) menor)
_____________________________________________ participe do mesmo.
_____________________________________________
Assinatura ou impressão datiloscópica
Data: ____/____/______
Eu, Mariana Bertanha Biava, declaro que forneci todas as informações referentes ao
estudo ao responsável do informante.
______________________________________________ Data: ____/____/______
Assinatura
Equipe:
ORIENTADORA: Luzia Marta Bellini
Telefone: (44) 3261-4827
Endereço: Av. Colombo, 5790 - Bloco F67 - Sala 009
Maringá - Paraná - CEP: 87020-900
ORIENTANDA: Mariana Bertanha Biava
Telefone: (44)32624643
Endereço: Av. Mario Clapier Urbinatti, 724. Bloco J Apto. 36 - Jd. Universitário
Maringá – Paraná – CEP: 19041-120
77
Anexo II - Roteiro para Entrevista com o Ensino Fundamental
Dados do pesquisador
Data: _____/_____/_____
Hora da entrevista: _____:_____
Dados do aluno entrevistado
Data de nascimento:
Série:
Período que estuda:
Tem reprovação?
Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou?
Bairro em que mora?
1- Você mudaria alguma coisa na estrutura do prédio de sua escola? Em qual lugar
da escola essa mudança iria acontecer? Pode explicar por quê?
2- Se um professor quisesse dar uma aula em um lugar que não fosse à sala de
aula, qual lugar da escola você sugeriria? Por quê?
3- Rodolfo estava na 7ª série de uma escola perto de sua casa. Mudou-se para outra
mais longe porque sua mãe encontrou uma escola com salas mais claras, maiores e
mais iluminadas. Porque você acha que a mãe de Rodolfo fez isso? O que você
poderia me dizer em relação à iluminação da sua sala?
4- A professora de Henrique acende a luz às 9 horas da manhã, mesmo com um dia
ensolarado, pois a sala de aula está escura. O que você acha disso? É legal? Não é
bom?
5- Em um dia de muito calor a sala de aula de Joana ficou tão abafada que os
ventiladores não conseguiam refrescar os alunos, e a menina acabou com passando
mal. O que você acha que poderia ser feito para melhorar essa situação? Como é a
temperatura da sua sala? Já aconteceu algo parecido com você?
6- Os alunos da 8ª série de uma escola estadual da Zona 07 reclamam para a
professora da dificuldade em ouvi-la, já que a sala de aula desses alunos fica
próxima a área de recreação e da rua. Um dos alunos dessa sala chega em sua
casa com dores de cabeça logo após as aulas. O que poderia ser feito para
melhorar essa situação? Isso já aconteceu com você?
78
Anexo III - Roteiro para Entrevista como Ensino Médio
Dados do pesquisador
Data: _____/_____/_____
Hora da entrevista: _____:_____
Dados do aluno entrevistado
Data de nascimento:
Série:
Período que estuda:
Tem reprovação?
Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou?
Bairro em que mora?
1- Você mudaria alguma coisa na estrutura do prédio de sua escola? Em qual lugar
da escola essa mudança iria acontecer? Pode explicar por quê?
2- Se um professor quisesse dar uma aula em um lugar que não fosse à sala de
aula, qual lugar da escola você sugeriria? Por quê?
3- Em relação à temperatura de sua sala de aula, o que você poderia me dizer? E
nos outros espaços da escola?
4- Durante as aulas é necessário que as luzes da sala de aula sejam ligadas? (Se
sim- O que você acha que poderia ser feito para isso mudar?) Você acha que a
luminosidade de sua sala é suficiente para você ler e escrever? Por quê?
5- Você acha que a quantidade barulho nos espaços destinados às atividades da
escola tem influência em sua saúde? Por que você acha isso?
6- Como você descreveria sua escola, pense que você está contando a alguém
como ela é. Como você diria? Você mostraria algum local da escola em especial?
79
Anexo IV - Transcrição das entrevistas com alunos do EM
AEM -1
Série: 1º B
Data de Nascimento: 16/01/1993
Tem reprovação? Sim, na 5ª série.
Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? “Sim, Maria
Gorette até o ano passado e um outro no Ney Braga que não lembro o nome”.
Bairro em que mora? “Cidade Jardim”.
1- “Eu acho a sala muito pequena, não sei, porque no outro colégio que eu vim, lá
era maior, só isso”. (Tem mais algum outro lugar?) “A quadra. Quando chove fica
molhado lá e não tem iluminação, daí fica meio escuro”. (Você acha que a sala
pequena te atrapalha?) “Não”.
2- “Na quadra, lá embaixo”. (Por quê?) “Porque sei lá, mais zoeira, melhor”.
3- “Ah! Está de boa, ventilador está de boa”. (Temperatura é isso que você quis
dizer?)!”Sim Quando é calor nos ligamos o ventilador, todo mundo coopera”. (E nos
outros espaços?) “De boa”.
4- “Sim”. (O que você acha que pode ser feito para mudar isso?) “Ah fazer um... mas
não dá aqui... não sei, fazer um teto solar, teto solar não sei, mas abrir mais a sala,
ficar mais aberta, o sol entrar mais”. (Você acha que a iluminação da sua sala é
suficiente para você ler e escrever?) “É suficiente”.
5- “Não. Acho que não influência em nada não”.
6- “Minha escola é... eu vim esse ano né, mas eu acho boa no estudo, os
professores querem ensinar os alunos mesmo, não gosto muito desses bilhetinhos.
Esse ano tá muito rigoroso, mas eu acho boa sim”. (E a descrição física a estrutura
dela como você me diria?) “Tem um prédio dois andares, tem outro prédio lá no
outro lado com dois, não com um andar, no meio dos dois prédios tem uma quadra,
boa, e só...”.
AEM-2
Série: 1º B
Data de Nascimento: 25/04/1993
Tem reprovação? “Não”
80
Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? “Não”
Bairro em que mora: “Vila Esperança”.
1- “Ah! Eu mudaria o ginásio que é bem precário mesmo, pra gente fazer uma aula
de Educação física assim, no dia de chuva dá pra fazer uma aula bem legal de
natação, porque inunda tudo. Agora se você quer fazer uma aula lá embaixo você
não pode porque fica com barro, então a estrutura não permite, aí a gente tem que
ficar na sala. Eu melhoraria também o, a biblioteca porque chove dentro às vezes aí
molha todos os livros daí bibliotecária tem ficar com um paninho secando e
ventilador ligado pra secar tudo, isso que eu mudaria”.
2- “Eu acho que tem um gramado ali, é... perto do portão de saída que eu acho que
é bem gostoso assim, porque assim, bate sol daí você senta com a turma ali e faz
uma aula bem dinâmica” (Vocês já fizeram aula ali?) “Não”. (Por que o gramado?)
“Ah! Não sei principalmente se fosse uma aula de biologia, assim, ficaria mais perto
a professora podia usar algumas coisas da natureza pra mostrar”. (Vocês costumam
ir para laboratório?) “Nós fomos uma vez para laboratório ver estruturas das células
de três... célula animal, vegetal e humana, daí a gente foi ver no microscópio”.
3- “A temperatura é boa”. (E nos outros espaços?) “Nos outros espaços também, eu
acho que não tem o que reclamar da temperatura”.
4- “Hã, hã. Porque, tem as fileiras da sala de aula e quem senta nas duas fileiras
perto da parede não consegue enxergar o quadro se as janelas estiverem abertas.
Aí a luz acende pra poder fechar as janelas, por que aí bate um reflexo do sol daí
não enxerga o que o professor escreve na primeira parte do quadro. Daí tem que
acender a luz porque senão fica muito escuro”. (Você acha que a luminosidade da
tua sala é suficiente para você ler e escrever?) “Acho que sim, acho que sim”. (Por
que você acha que é suficiente?) “Não sei, nunca me atrapalhou. Eu acho que dá
pra mim ler, pra fazer outras coisas”.
5- “Os barulhos de fora não, mas os barulhos de dentro da sala sim. Porque a sala
quase cai e tem gente que, a maioria da sala, 57 alunos das duas turmas estão com
nota baixa, nota ruim, então isso mostra que os alunos não tão colaborando
também. Porque só com a entrada da coordenação a coisa melhora, mas a
coordenadora vira as costas aí começa a bagunça tudo de novo, aí não adianta
nada”.
6- “Ah! Eu acho assim que a escola olhando ela assim, ela parece meio caída,
vamos dizer assim, pintura, estrutura tudo, mas é porque ela é antiga já, já vai pra
uns 30 anos que ela existe. Então eu acho que, o nível de educação dela é muito
bom, os alunos aprendem muito, e... ano passado teve um menino que fez vestibular
e passou em primeiro lugar pra... engenharia, engenharia física, não sei, e hoje ele é
monitor de física aqui na escola a tarde e passou o ano passado em primeiro lugar
na olimpíada de matemática. Então, aqui eu acho que é um lugar que tem um nível
de educação muito bom comparado a outras escolas da rede estadual. Agora... acho
que a estrutura assim... se fosse pra levar em algum lugar acho que não levaria,
porque só por Deus!”
81
AEM-3
Série: 1º A
Data de Nascimento: 06/10/1993
Tem reprovação? “Não”.
Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? “Não”.
Bairro em que mora: “Vila Esperança”
1-“Ah! Eu não o que eu mudaria assim em questão da estrutura... tipo assim, talvez,
só o ginásio assim, eu acho meio estranho”. (Estranho como assim? Explica o teu
“estranho”) “Ah! Eu sei lá porque a gente sempre teve muito problema assim, ainda
mais no começo a gente tinha muito problema com o ginásio quanto aos dias de
chuva com a sala assim, entrava muita água sabe, aí às vezes inundava a sala
quando a chuva era muito forte. Aí acho que era essa questão que eu mudaria”. (E
nos outros espaços?) “Ah eu não mudaria nada não”.
2-“Aí! O Shopping”. (Por que o shopping?). “Ah eu não sei, assim, tipo é um lugar
que a gente, sei lá sabe não tem tanto o ambiente escolar assim, tem gente
passando, aí fica mais descontraído assim...”(Você acha que iria funcionar uma aula
no shopping?) “Não, não ia dar certo porque a agitação ia ser muito grande”. (Mais e
um espaço da escola? Se você pudesse escolher um lugar dentro da escola, um
espaço que não fosse à sala de aula?) “Eu gosto das aulas ali no redondo, aquele
negócio redondo azul, no pátio, eu gosto das aulas lá, às vezes tem dinâmica lá fora
assim. Tipo geografia, às vezes a professora leva a gente lá pra fazer uma dinâmica,
bem legal. Eu até gosto das aulas ali de fora”.
3-“Não. Ah só no calor assim, tipo assim, quando alguns alunos têm umas
brincadeiras. Ano passado tinha muito, de aluno jogar giz no ventilador, aí quebrava.
Aí chegava na época do calor assim, tipo começo do ano ou final do ano, aí ficava
muito calor na sala de aula. Mais assim, a galera sempre ajuda e a gente deixa o
ventilador ligado”. (E nos outros espaços da escola, você tem alguma coisa a dizer
em relação a temperatura?) “Não, tranquilo”.
4- “É porque a sala é escura”. (O que poderia ser feito pra mudar?) “Ah! Tipo, às
vezes assim, o pessoal reclama que se a gente abre a janela para entrar luz na sala
atrapalha a visão de quem está do outro lado né, quem fica do lado da porta. Sei lá,
colocar igual naquelas escolas assim, na universidade às vezes tem aquelas
lâmpadas em cima do quadro, não só no teto, sabe para melhorar pra clarear
assim”. (Você acha que a luminosidade da sua sala é suficiente?) “Aham é, eu acho
que sim”. (Por quê?) “Ah! A gente nota bastante diferença quando a luz está acesa e
quando está apagada sabe, aí é bem clarinho, aí a luz é fluorescente e é bem
clarinho”.
5-“Aí nos dois, porque assim, tipo assim, nossas salas são bem pertinhas uma da
outra a nossa e a do primeiro ano, é tipo janela com janela, e as duas salas são
muito barulhentas então assim, tanto atrapalha daí, antes eu sentava no fundo, daí
alguém está falando ali perto da janela e você presta atenção no que a pessoa tá
82
falando do que o que seu professor ta tipo falando.Aí atrapalha pra você aprender
assim e a gritaria é muita daí se sai com dor de cabeça”.
6-“Aí eu não sei, eu acho que sei lá. O primeiro lugar que você vê é uma
pirâmide gigantesca, que é o ginásio. Então assim, é inevitável você leva a pessoa
pra conhecer o ginásio o primeiro lugar, você entra e já vai direto. Daí ia mostrar sei
lá, a sala de vídeo que a gente tem aqui em cima que não é todas as escolas que
tem a sala com o equipamento que a gente tem, tem equipamento bem legal. Aí a
sala de vídeo. Hã... a sala de aula assim, eu não sei se eu mostraria. Mas a
biblioteca assim, onde eu sei que é um espaço assim legal”.
AEM-4
Série: 1º A
Data de Nascimento: 30/05/1993
Tem reprovação? “Não”.
Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? “Não”.
Bairro em que mora: “Jardim Montreal”.
1- “Acho que o ginásio”. (Por quê?) “Tipo quando chove alaga lá, não tem rede para
gente jogar, assim eu acho meio precário”. (E outros espaços?) “Só as mesas da
sala que tipo o povo rabisca e ta meio quebrada, mas só”. (Mas você diz em termos
de visual ou conforto?) “Os dois”.
2- “Acho que lá naquele balão lá”. (Por que lá?) “Sei lá, sempre acostumei assim,
quando o professor não ia dar aula na sala a gente ia pra lá. E é legal lá”. (Você
acha que é melhor uma aula assim?) “Humhã, a gente relaxa”.
3- “Normal”. (E nos outros espaços?) “Também”.
4- “Ah! É...” (O que poderia ser feito pra mudar isso? As luzes ficarem acesas
mesmo com o dia claro lá fora? Você vê algum problema nisso?) “Não. Tem tipo
assim, se tiver apagada a gente não enxerga e a janela também tem que ser
fechada, se abrir não dá pra ver o quadro porque bate reflexo”. (Todas as janelas
tem que fechar?) “Não, a primeira”. (Você acha que a luminosidade da tua sala é
suficiente?) “É, dá pra enxergar normal, não tem nada”.
5- “Tipo a gente não presta atenção daí”. (Mas acontece isso com você?) “Sim, tem
bastante barulho na minha sala, na sala de trás”. (E de onde vem esse barulho?)
“Das outras salas”.
6- “Ah! Sei lá. Grande, colorida ah! Não sei”. (Mas onde você me levaria para
conhecer?) “A quadra”.
83
AEM-5
Série: 1º A
Data de Nascimento: 27/07/1993
Tem reprovação? “Não”.
Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? “Não”.
Bairro em que mora: “Cidade Jardim”.
1-“Ah! Essa fiação que está muito solta, pode até acontecer alguma coisa, né, eu
não tenho certeza, mas vai que acontece é melhor precaver, que mais... tem, o
ginásio por causa da chuva as vezes molha, dá pra fazer natação, é fica complicado
aí a gente não faz educação física. Quando chove nossa senhora! Parece uma
catarata e...deixa eu ver mais, (Sala de aula, biblioteca, banheiro...??)Ah! na sala de
aula tem algumas carteiras que acabam sendo rabiscadas, eu não sou santo e
acabo riscando de vez em quando, mas acabam vandalizando às vezes. Sei lá o
que podia fazer, eles não podem fazer nada até porque é patrimônio e nos mesmo
que pagamos, e não podemos fazer nada sobre isso, aí teria que conscientizar as
pessoas a não fazer isso. Evitar passar errorex na parede ficar escrevendo que mais
que poderia mudar... deixa eu ver...tanta coisa. Ah a merende! a merenda é boa eu
gosto da merenda, mas sei lá às vezes mudar alguma coisa. Às vezes quando tem
gelatina parece que é suco, Vamos ver...” (Mais alguma coisa no prédio?) “No
prédio. Não no prédio até que ta bom, está bem feito. Tem sala de vídeo, tem
bastante coisa, as salas não estão muito apertadas. Dizem que é muito aluno pra
quantia que tem de professor. Eu não sei se 35 alunos é muito para um professor
só. Dizem que é bom ter uns 25, sei lá”.
2-“Ah! É legal ter...seria legal uma aula na sala de informática, porque a gente podia
programar, pegar um site legal a gente fazia várias coisas lá. Porque a internet é
melhor porque ela é mais abrangente. Aí se você pegar um... lá do lado de fora, vai
ser aquele fuzuê, porque não vai ter alguém cuidado na sala de informática como
tem. E como vai ser... Provavelmente vai ficar em dupla cada um, aí tem menos
chance de conversar e menos disperso. Porque a sala é pequena, não é enorme
não, como lá fora que você brinca um monte, né. Num museu também seria legal.
(Por quê?) “No museu tem história, e história é bacana, porque você entende o
passado e pode entender o futuro. Aquilo já acontece e tá acontecendo de novo,
esse tipo de coisa”.
3- “Está de boa, quando está muito frio a gente coloca mais roupa. Porque só tem
ventilador pra esfriar, ou abre a janela, aí quando está frio a gente fecha a janela”. (E
nos outros espaços?) “Tudo de bom, porque lá no ginásio as janelas ficam abertas e
como é grande e as chances de esquentar é muito pequena. Mas acho que não
precisa de aquecedor, a gente não vive num país frio, a gente vive num país
tropical”.
4-“É claro”. (O que poderia ser feito para mudar?) “Claro que precisa! Se você for
fazer, pensa você consegue ler com a luz desligada? Se você tiver no seu quarto à
noite com a luz desligada, você vai ler o que?” (Mas e na tua sala de aula?) “Na
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minha sala de aula, quando às vezes acaba a luz a gente abre as janelas, ai fica de
boa, mas quando está com céu fechado e tá sem luz, aí a gente não consegue aí o
professor dita e acaba se esforça um pouquinho. Mas é melhor com a luz ligada que
a gente não força a visão”. (Você acha que a luminosidade da tua sala é suficiente?)
“Ah! É boa muito boa, é você pode ver a quantia de lâmpada que tem, é bem
organizado”.
5-“Ah! Deixa eu ver...às vezes você tenta fazer lá aí alguém... (o aluno bate na
mesa= toc, toc, toc) aí você desconcentra, é às vezes tem muita gente conversando
e você fica assim... esperando parar, aí o professor fala, “leia a página 30” aí você
faz assim (ele colocou as mão nos ouvidos) e lê é o único jeito. Às vezes o pessoal
acaba exagerando na conversa, mas eu não posso fazer nada”. (E barulho externo?)
“Às vezes pode ter gente conversando, mas não é muito barulho, nada tão assim
exagerado, aquela coisa assim, de vim até do outro do lado do Big para parar de
gritar, não é aquela coisa”.
6-“Oh! a primeira vez que eu vi aqui eu me lembro que eu era pequeninho eu acho
que eu tinha quatro anos, eu tava descendo assim à rua com a minha mãe, aí minha
mãe falou: você vai estudar aí oh. Aí eu vi aquele negocinho assim em cima do
telhado, aí será que eu vou estudar aí em cima desse negócio, aquilo parece
carteira. Aí eu achei legal. Aquele negocinho assim, bonitinho, as janelinhas tudo
pintadinhas, é bem bonitinho por fora, né. E você entra por dentro também, o espaço
é bem grande, tem espaço reservado pra deficientes ali, tem um lugar onde você
come, temo lugar da biblioteca, tem sala de ginástica, esse colégio é bem completo
se você for comparar com vários colégios, tem quadra coberta. Às vezes eles fazem
reforma, antigamente não tinha aquela passarela que você passa hoje pra sair pra
fora. Antes você tomava o toró nas ideias, hoje tem. Tem gente que manda pedra lá
e acaba quebrando a eternit, porque a eternit não é tão boa, mas é bom porque a
gente não se molha tanto. E a gente não fica mucado só naquele lugar, que fica lá
na frente e às vezes ali cai água”.
“Oh! Pra mim se fomos ver... como eu estudo num colégio público. E o ensino aqui é
comparado com colégio particular, dava pra dar uma nota muito boa para esse
colégio, muito boa. Porque tem vários colégios que os alunos têm vamos dizer, 10
alunos da oitava série, os mais inteligentes, colégio de bairro, os professores não
dão conta porque os alunos mais inteligentes xingam o professor daquele nome, o
professor sai chorando e não aguenta. O espaço é como se fosse uma casa, com
quintal pra você poder estudar, porque as vezes o colégio não é muito grande, ele
acaba sendo grande mas é mal elaborado. Esse colégio aqui é muito bom, ele é
muito bem organizado. Ele tem bastante coisa. Você vê na merenda... tem fruta?
Tem fruta na merenda. Tem carne? Tem carne. Tem vamos ver... a merenda ela é
completa porque ela tem carboidratos, que é a carne, tem lipídeos, lipídeos não...
Gordura, tem maçã, tem banana às vezes, tem de tudo. Acaba sendo bom”. (Tem
algum lugar na escola que você goste mais?) Ah!Que eu mais gosto? Quando estou
do lado de fora. (risos) “Falando sério. A parte mais gostosa do colégio é a
informática, eu fico lá escrevendo, eu fico lá vendo internet, joga... Ah! Legal também
o ginásio para gente poder jogar vôlei, adoro vôlei”.
AEM-6
85
Série: 3ªA
Data de Nascimento: 22/02/1991
Tem reprovação? “Não”.
Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? “Não”.
Bairro em que mora: “Ney Braga”.
1-“Não”. (Sala de aula, biblioteca, ginásio, pense nos vários espaços...) “Se eu
pudesse fazer qualquer coisa, mudar o colégio eu colocaria piscina pra ter aula de
natação e arrumaria o ginásio também”. (Por quê?) “Porque o ginásio é uma coisa
que a gente está usando no dia-a-dia, uma coisa assim, uma benfeitoria que estaria
dando pra todo mundo e a piscina ia ser assim, mais uma atividade extra que o
colégio poderia dar pros alunos”.
2-“Ah! Sim dependendo do espaço que tivesse assim, que tivesse a ver com a
matéria, que ao mesmo tempo desses pra ele dar aula e demonstrar alguma coisa
nesse espaço”. (Me dê um exemplo) “Aí que nem, eu já tive aula acho que eu tava
na sétima/oitava série. Eu tive aula aqui mesmo, aos arredores da UEM, a gente
estava fazendo sobre insetos, esse tipo de coisa. Aí ele pedia para gente coletar
inseto que a gente tinha encontrado os nomes, os tipos de plantas e assim vai”.
(Mas e se fosse uma professora e quisesse sair com você da sala, tem algum
espaço que você ia sugerir?) “Não”.
3-“Por ser muito em cima no segundo andar tem dia que está mais frio e tem dia que
está mais calor. Quando estudava à tarde obviamente que era bem mais calor,
então a gente passava muito calor, na época de verão. Agora no frio e como estudo
de manhã a gente não passa tanto calor assim. Mesmo porque é bem ventilado e
tem bastante ventilador. Agora no frio...” (risos). (Você estudou a tarde e que no
calor era muito calor, mas o ventilador era suficiente?) “Era, mas tinha vez que ele
estragava”. (E nos outros espaços?) “Não”.
4-“Sim”. (O que poderia ser feito para mudar isso?) “Não, não sei. Porque a primeira
janela reflete muito no quadro então as pessoas que estão sentadas na primeira
fileira, que é a da porta, não conseguem enxergar se a luz estiver apagada e ela
aberta. Não consegue enxergar. Então tem que fechar ela e acender a luz”. (Você
acha que a luminosidade é suficiente?) “Ah, eu acho que sim”. (Por quê?) “Porque
eu não tenho problema de visão nem nada”.
5-“Na saúde eu não digo, mas na aprendizagem sim, que nem esses dias, a gente
teve que mudar de sala exatamente por isso, porque a luz não tava pegando, e aí,
fica perto da sala de projeção, então o som estava muito alto e a gente tava fazendo
prova. Então atrapalhou muito assim”. (Atrapalha em que sentido?) “O barulho
assim, na concentração mesmo, atrapalhou bastante”.
6-“Ah, eu descreveria que é uma escola muito rígida que quem entra aqui tem que
querer estudar. Não adianta falar assim que vai entrar aqui e vai fazer bagunça que
aqui o negócio é diferente. Aí eu levaria assim que dá um exemplo disso mesmo,
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disciplina. Ah, na biblioteca ou se não, levaria para algum lugar aqui mesmo no
colégio”. (E se você fosse descrever a estrutura física, tem algum ponto que chame
mais atenção?) “Não”.
AEM-7
Série: 3º A
Data de Nascimento: 02/11/1991
Tem reprovação? “Não”.
Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? “Sim, Ivaiporã
na escola Geni Aparecida (colégio estadual), no ensino fundamental, meus pais
mudaram de cidade”.
Bairro em que mora: “Jardim dos Pássaros”.
1-“Eu mudaria a quadra, toda vez que chove é uma inundação, vira uma piscina e
não dá pra fazer educação física. A única coisa”. (O que você mudaria?) “Tentaria
mudar acho que o telhado, que é o problema que tem ali”.
2-“No redondo ali”. (Por quê?) “Um lugar mais gostoso, tem lugares pra sentar”.
3-“Boa, temperatura ambiente, normal”. (E nos outros espaços?) “Bom pra mim tudo
certinho, nunca achei muito quente ou muito frio não”.
4-“Sempre”. (O que poderia ser feito para mudar) “Olha não sei”. (A luminosidade é
suficiente?) “A Luz? Sim, tranquilo”. (Por quê?) “Ah! As luzes são muitas luzes então
ilumina certinho tudo que eu preciso”.
5-“Acho que não”. (Por quê?) “Ah porque sei lá, eu nunca liguei para barulho escuto
e a mesma coisa que entrasse aqui e sai aqui”.
6-“Falaria que estaria dentro da UEM, perto dos blocos ali colégio, teria três blocos
assim, tipo três blocos, o primeiro bloco onde tem ensino fundamental, sétima e
oitava série, onde o, outro bloco onde fica a diretoria, a sala dos professores e
ensino médio, e onde tem a biblioteca, cantina, auditório, é isso aí”. (Tem um lugar
onde você levaria seu irmão mais novo?) “Na quadra”.
AEM-8
Série: 3º B
Data de Nascimento: 18/10/1991
Tem reprovação? “Não”.
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Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? “Sim, no Acre,
por 3 anos. Mudei porque meus pais se mudaram para cá”.
Bairro em que mora: “Vila Esperança”.
1-“Na questão de prédio ou na questão de aula?” (Me fale da estrutura, do prédio)
“Eu acho que eu mudaria os quadros, acho que colocaria aqueles de pincel, sabe.
Não tem muita coisa pra mudar, sabe. Eu acho que no geral a estrutura do CAP é
boa. Uma reforma na quadra, que ela ta precisando, ta com alguns problemas lá,
porque ta caindo as janelinhas lá. Mas em questão de estrutura o CAP está bem”. (O
que você mudaria na questão de aula?) “Eu sou a favor assim, aula de química,
física e biologia o mais práticas possíveis, que eu acho que levando pra fora da sala
a gente aprende mais fácil do que toda aquela teoria direto, blá, blá, blá...na sala,
porque às vezes você distrai com alguma coisa e tal. Eu acho que a gente tem usar
o laboratório, eu não fui esse ano no laboratório, não usei o laboratório de, tem um
laboratório bom aqui no colégio que eu acho que deveria ser usado, mais
aproveitado”.
2- “Que nem matéria do segundo ano mesmo, têm plantas e tal, de biologia, dava
pra usar as plantas que tem no colégio. Aqui UEM têm várias plantas, um espaço
biológico, material biológico muito bom. Bom eu acho assim, os professores
poderiam aproveitar melhor por estar dentro da UEM a estrutura que a UEM oferece.
Visitar os cursos de física, eles têm também um material muito legal, que dá pra
você aprender física assim, rindo, brincando. Tem o pessoal de matemática, eles
têm um trabalho de matemática muito legal. Então, eu acho que assim, aproveitar o
que a UEM disponibiliza. Além de usar, é claro, o laboratório, a biblioteca, a quadra”.
(Tem algum espaço que você sugere?) “Ah! Sei lá o redondo naquela grama que
tem ali na frente”.
3- “Frio muito frio! É fria por ser no segundo andar e venta bastante e então tem dia
que não dá pra ficar com a janela aberta, porque eu sento na janela, tem três janelas
na sala. As duas primeiras ficam fechadas, a primeira porque senão o pessoal do
outro lado não vê. A segunda porque as meninas que ficam ali não abrem de jeito
nenhum. Então se a gente não fica ali com a última janela ali aberta a sala fica toda
fechada, porque a porta também fica fechada, não tem como, aí você passa frio”.
(E nos outros espaços da escola?) “Bom biblioteca eu não frequento muito, eu não
costumo frequentar, então é assim o colégio é num lugar alto e venta bastante”.
4- “Sim. Tem as entradas de luz na sala, só se aumentasse as entradas de luz, mas,
por exemplo, numa aula que precisa de escuro, por exemplo, com retro, aí não dá,
que daí fica claro. Digamos que a iluminação está boa, dá pra ficar com a luz
apagada, só que com a luz acesa é melhor até pra gente ver”. (Você acha que a
luminosidade da sua sala é suficiente?) “É... sim. (Por quê?) “Bom eu sento embaixo
da luz, e do lado da janela, eu não sei pra quem está mais pra lá. Ë tranquilo pra
fazer assim”.
5- “Influencia. Porque daí você dispersa, você presta atenção no barulho que tá
tendo, você olha. Até quando ta passando ali, porque nossa sala é última perto da
porta, perto da rua, então quando passa aqueles carros com som, nossa! Aí todo
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mundo fica: “Perae professora presta atenção na música!” Então não tem como não
influenciar. Tira, tira toda tua atenção, a concentração. Que nem hoje na aula de
história, as crianças, o pessoal do fundamental, estavam saindo aí a gente teve que
fechar todas as janelas senão não estava entendo o que a menina estava lendo.
Atrapalha!”
6- “Ah! Um dia eu te levo lá. (risos) Não oh! É um prédio de dois andares tem a
quadra, tem o redondo. Depois tem outro bem grande que são dois blocos, um de
dois andares que é o bloco do ensino médio e um térreo que é o do fundamental. Aí
atrás tem a biblioteca”. (Tem algum lugar que você levaria para conhecer?) “O
refeitório”. (Por quê?) “Porque as tias de lá são muito legais, elas são muito gente
boa”.
AEM-9
Série: 3º B
Data de Nascimento: 16/01/1991
Tem reprovação? “Não”.
Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? “Sim, em São
Paulo, meus pais vieram morar aqui”.
Bairro em que mora: “Vila Esperança”.
1- “Aí eu acho que nada! Acho que melhorar mais a quadra, acho que nada...” (Por
quê?) “Um pouquinho maior, ter mais esportes essas coisas”.
2- “Acho que fora assim, no jardim que tem ali”. (Por quê?) “Mais ambiente, ar puro”.
(Mais algum outro lugar?) “Biblioteca... Auditório”.
3-“Ah! Quando está no inverno fica fria, muito gelada”. (E nos outros espaços?)
“Tranquilo, normal”.
4- “Sempre fica”. (O que você acha que poderia ser feito para mudar isso?) “Não
sei, acho que não precisa mudar”. (Você acha que a luminosidade de sua sala é
suficiente para você ler e escrever?) “Ah! Acho que é... dentro da sala de aula é”.
5- “Hum... na minha vida assim? (Ahãm Ahãm) Não”. (nem no seu aprendizado?)
“Pouquinho, se tiver bagunça na sala, no meu aprendizado atrapalha”. (Em que
sentido?) “Atrapalha, assim, você entender a matéria”. (Isso acontece com você?)
“Ahãm, Ahãm. Acontece”. (Barulho dentro sala?) “É dentro da sala e bagunça deles
também lá fora”.
6- “Ah! Eu falo que, tipo, a estrutura normal tal, o aprendizado é bom também, só
que tem umas coisas assim que eu acho errado no colégio. Tipo a parte de diretoria
essas coisas e tal”. (Mas errado em que sentido?) “Não acho errado. Eu acho que
tipo, tem uma ideia é... contraria assim a dos alunos, sabe?!.Tipo eles têm uma ideia
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deles e a gente tem a nossa. Tipo que tá rolando agora, tipo formatura do terceiro
ano, não vai ter, tipo... era assim a gente queria até fazer e tal, só que a escola não
vai ajudar em nada e fica meio complicado”. (Então não vai ter?) “Não! Questão de
camiseta também, a outra sala tem tipo a gente fez uma camiseta e outra sala fez
outra e tipo , a outra sala ganhou mas foi por causa da sala deles, e a gente não
teve porque não deixaram a gente fazer duas. Essa parte assim, entre diretoria e
alunos... falta os dois se acertarem”.
8- (O que você acha do professor sair pra ter uma aula diferente?) “A gente quase
não faz, tipo nas matérias tipo de biologia e química a gente quase não faz
experimento, essas coisas. Deveria ter, pra gente ter mais conhecimento tal. Não só
na sala de aula, pelo menos... ah eu acho assim”. (Você acha que falta ou é
suficiente?) “Eu acho que falta, um pouquinho, porque na sala de aula a gente
aprende, um pouco, só que a gente podia ter mais assim...” (Vocês costumam ir
para laboratório ou não?) “Não, não desde o ano passado eu nunca fui para
laboratório”.
AEM-10
Série: 2º B
Data de Nascimento: 12/06/1992
Tem reprovação? “Não”.
Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? Resposta ??
Bairro em que mora: “Zona 07”.
1- Eu ia reformar o ginásio, porque tá precisando. E usar aquelas é... umas quadras
de areia que tem ali, então usar pra vôlei de areia ou transformar em uma piscina,
pra uma aula de educação física e natação. E... acho que eu ia deixar a sala um
pouco maior”. (Por quê?) “Porque já ta precisando assim, porque quando chove, e
daí tem goteira lá, tem que limpar para depois fazer aula, aí ás vezes perde a aula
e... também ficam tacando pedra lá né...” (E as salas de aula) “As janelas, tinham
que reformar também as janelas que estão todas quebradas”.
2- “Ah! Ali no pátio que ali tem banco assim pra sentar, ou no redondo, que daí se
fosse uma aula de filosofia podia sentar todo mundo ali no circulo e conversar”.
(Você acha que as aulas fora da sala de aula valem pena ou não valem?) “Eu acho
que é bom se fosse assim uma vez a cada duas semanas, três semanas, mas faz
tempo que eu não tenho aula lá fora. Eu tive acho que uma ou duas vezes com o
professor de história. Daí ele mandava a gente fazer exercícios, daí a gente ficava lá
fazendo, falando dos outros...” (risos).
3- “No frio, ela fica mais fria porque do que lá fora e no calor é muito quente
também”. (E nos outros espaços?) “Não... é porque esses são maiores, daí as
janelas ficam mais abertas e o ginásio tem as janelas quebradas e daí não dá pra
fechar, aí fica mais ventilado”.
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4- “Eu acho que para alguns... talvez no fundo, porque a janelas não ficam muito
abertas, daí às vezes alguém do fundo pode ficar mais escuro, mais eu acho que
não”. (Na sua sala de aula fica acesa?) “Fica acesa, a luz fica acesa, tem uma que
às vezes ela apaga e depois acende”. (O que poderia ser feito para mudar? Você vê
problema?) “É parece que estão gastando..., mas eu não sei, porque todos, sempre
usaram a luz acesa e daí tem ainda o negócio no teto assim, que dá uma claridade
assim, não é preciso, mas ele existe”. (Você acha que luminosidade é suficiente?)
“Se tivesse mais daquele negócio no teto, ia ser..., mas agora assim, um pouco
consegue consigo fazer... mas eu não consigo enxergar muito bem, não é pra usar
óculos, não chega a tanto mas mesmo assim eu forço um pouco, sempre, qualquer
coisa”. (E você sente alguma coisa? Como você sabe que você força?) “Geralmente
eu tenho dor de cabeça. Aí tem dois dias sem dor de cabeça, um dia com dor de
cabeça, outro dia com dor de cabeça, mas daí eu já foi em todo médico mas eles
não sabem o que que é”. ( Mas sempre depois da aula?) “Não, tem vezes que eu to
em casa lendo assim”.
5- “É... Algumas aulas têm. Elas são... assim, não deixa estudar, algumas aulas
muito barulhentas eu não consigo estudar. E prova também, às vezes está fazendo
a prova e o professor para pra falar alguma coisa lá da questão, atrapalha, corta
totalmente o que eu tava pensando e aí tenho que começar tudo de novo.E assim,
na sala de aula a maioria não, não atrapalha, o barulho assim mais baixo. Agora
quando ta muito alto acaba...” (E barulho externo?) “Quando estão atravessando o
corredor do lado da porta, aí também atrapalha”.
6- “Ela tem um ginásio... como se fosse um triângulo bem grande e meio quebrado,
três blocos principais como retângulos, mais afastados do ginásio, um maior que fica
a direita do ginásio tem dois andares, um outro que fica a direita desse maior que é
a biblioteca e um outro que fica a esquerda do ginásio que é eu acho até a oitava
série, de quinta a oitava”. (Que lugar você ia levar?) “Eu acho que no outro bloco ali,
o dos menorzinhos é mais bonito”.
AEM-11
Série: 2º B
Data de Nascimento: 18/03/1992
Tem reprovação? “Não”.
Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? Resposta??
Bairro em que mora: “Vila Esperança”.
1- “A pintura, os funcionários também e a estrutura”. (O que na estrutura?) “A
parede...” (Pensa nos vários espaços?) “Tem que dá uma pintadinha, pra ficar
bonitinho e acho que aumentava o espaço”. (Do que?) “De tudo, aumentaria o
espaço do que for muito pequeno”. (Por que aumentar? Você acha que tem
necessidade?) “Um pouco, uma necessidade pouca, mas eu acho que mudaria sim”.
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2- “No pátio”. (Por quê?) “Porque lá tem... é mais fresquinho, sabe”. (Você acha que
funciona aula nesses espaços?) “Eu gosto, mas se funciona mesmo...”
3- “Normal. Quando está inverno é frio mesmo”.
4- “Se a não janela não estiver aberta, sim”. (Você acha que poderia ser feito alguma
coisa para mudar?) “Acho que colocaria um teto solar, só isso”. (Você vê problema
nisso? Da luz ficar acesa?) “Não”. (A iluminação da sua sala é suficiente para você
ler e escrever?) “É...” (Por quê?) “Porque eu nunca tive problema, sempre enxerguei
normal”. (Nunca teve dor de cabeça depois da aula?) “Não”.
5- “Já acostumei já, já acostumei com o barulho”. (E o barulho externo?) “Nas provas
sim”. (Atrapalha no que?) ‘Você está concentrando aí tem uma quarta série do lado
fazendo bagunça”.
6- “Ela é grande espaçosa, deixa eu ver...aí...” (Tem algum lugar que você levaria
ela? Tem algum lugar que ela gostaria de ver?) “Eu acho que assim o fundo da
escola”. (Por que o fundo?) “Porque eu adoro, eu acho que é onde ia chamar mais
atenção, aqueles morros que tem ali atrás”.
AEM-12
Série: 3º A
Data de Nascimento: 28/11/1991
Tem reprovação? “Não”.
Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? “Sim, no Milton
Santos (Municipal), no João de Faria Pioli e no Rodrigues Alves, mudei porque meus
pais mudaram de casa”.
Bairro em que mora: “Parque Avenida”.
1- “Na estrutura eu mudaria a quadra que eu acho está precisando de uma reforma.
Não sei assim, eu acho a estrutura desse colégio até bem melhor que a dos outros
colégios sabe, que eu já passei, eu acho que aqui o espaço é bem aproveitado
então eu acho que por enquanto não tem que fazer nenhuma mudança muito
drástica assim na estrutura do prédio, eu acho que por enquanto está bem dividido o
ensino médio com o ensino fundamental”. (Por que a quadra?) “Porque chove e a
minha sala chove dentro também”. (Sua sala de aula?) “É, chove quando chove, daí
pinga e pinga na quadra também... e acho que só. Ah! já pifou a luz da minha sala
também”. (E nos outros espaços?) “Tranquilo, tem um refeitório legal. Sabe, mas eu
acho que ampliaria um pouco o refeitório que eu acho que é até pequeno para
número de aluno”.
2- “Tem um pátio ali com uma arquibancada assim, que é redondo. Eu acho que ali
seria o ideal pra fazer uma aula fora da sala de aula, eu acho que ali é um espaço
bem legal”. (Por quê?) “Porque a gente senta todo mundo na... por igual numa
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arquibancada em que todo mundo vê o professor, e o professor fica ali na frente e
eu acho que dá pra ele gesticular fazer umas coisas bem diferente”. (O que você
acha em relação a esse tipo de aula?) “Eu acho mais proveitosa”. (Por quê?)
“Porque quando muda a rotina, a gente grava melhor o que está acontecendo”.
(Vocês fazem isso com frequência?) “Não”. (Nem em biologia, química?) “Não,
esses dias a gente teve um teatro, mas eu acho que...”.
3- “Fria, eu acho que é fria. Eu acho que assim, eu até gosto, porque eu acho que no
inverno ainda dá pra usar blusa, mas no verão tipo, é muito quente. Eu gosto dessas
janelas, que as janelas são bem abertas, nos outros colégios que eu estudei as
janelas, metade das janelas não abriam e a outra metade que abria ventilava só em
cima então achava os outros bem quentes, os outros colégios”. (Aqui você acha
mais fresco?) “Eu acho aqui melhor. Até pelo fato da luz solar”. (E nos outros
espaços?) “Eu acho que aqui é muito frio, eu acho que é frio, mas acho que não
influencia tanto assim”.
4- “É”. (Você acha que poderia ser feito alguma coisa para mudar isso?) “Ah! Eu
acho que não porque as janelas já são bem grandes, eu acho que minha sala foi
prejudicada pelo posicionamento do sol, em questão a isso, que ficou do outro lado
do prédio, eu acho que do outro lado deve ser melhor”. (Não bate sol na tua sala
direto de manhã?) “Não. Acho que bate à tarde”. (Você acha a luminosidade
suficiente?) “É” (Por quê?) “Ah! dá pra ver tudo certinho, mas se fechar a janela tem
que abrir essa parte do vidro, se fechar a janela tem que abrir”.
5- “Influencia muito. Porque esses dias a gente estava assistindo um filme aí tava
tendo uma aula do lado daí a gente não conseguia escutar direito teve que ir lá pedir
para eles rir mais baixo porque tava atrapalhando. Ontem mesmo na hora da prova
a professora não conseguiu controlar os alunos e a gente não conseguia fazer a
prova. Assim, reclamação quanto a barulho é bem sério assim no colégio, porque
qualquer coisa dá eco ali naquele corredor”.
6- “Ah é grande, tem bastante grama, tem uma quadra coberta, tem um pátio, tem
um refeitório, a salas de aula do ensino médio estão em cima, eu nunca fui na sala
do diretor,não eu nem sei onde é...tem um auditório que a gente já usou, tem umas
cadeiras confortável, no refeitório tem mesa para comer o que é raridade, tem... e as
salas de aula são bem pequena e por isso que o numero de alunos é menor, porque
não cabe muita gente”. (Que lugar você ia levar?) “Ah! Eu gosto do refeitório”. (Por
quê?) “Porque eu acho legal, porque não tem a mesa nos outros colégios, sabe aí
tem que comer com a mão”. (Nos outros colégios não tinha mesa?) “Não, não tem a
mesa e o banco pra sentar, você senta nos bancos encostados na parede, então
aqui tem e foi uma coisa que eu nunca tinha visto e foi uma coisa que diferenciou
bastante”. (E tinha auditório, sala de projeção nas outras escolas?) “Não. Ah! É a
sala de projeção também nossa!! Um datashow na escola! Onde que eu ia imaginar
que ia ter. Também é uma coisa assim bem diferente de ver. Quando a gente tem
aula vaga a gente assiste algum filme que dá pra aproveitar sempre filmes assim
relacionado a história ou algum filme que o professor pediu pra passar quando ele
não pode vir então sempre dá pra aproveitar o tempo que o professor não tá ou não
pode vir em atividade. É bem legal”.
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AEM-13
Série: 2 A
Data de Nascimento: 11/12/1991
Tem reprovação? “Sim”.
Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? “Não”.
Bairro em que mora: “Zona 07”.
1-(Tempo de silêncio) “Ah!Eu mudaria o ginásio! Porque é... ele já está velho já, tá
bem tudo enferrujado assim, não está caindo os pedaços, só que não é igual
antigamente que ele era bonito, que você falava assim:
- Sabe lá no CAP?
- Não, não sei onde que é o CAP.
- Ah! Que tem aquele ginásio... Aquele ginásio enorme!
- Hã hã...
Entendeu! Só que agora ele tá gasto, tá feio isso”. (Só o ginásio?) “Só, não sei por
que se eu estudei muito tempo aqui, onze anos só, eu me acostumei e... não faz, as
carteiras também podia mudar, já passou da hora de mudar, eu sei que é culpa dos
alunos, só que... são muito velhas as carteiras, bem velhas, você vê o que está
escrito lá, tipo as datas é bem antiga, então... isso”. (Por quê?) “Então é que assim,
essa escola tem poucos eventos. Só que a festa junina é lá entendeu, é... a única,
tem a copa intervalo só que tipo assim, a escola inteira vai pro ginásio, só que tipo
assim, não é aquela coisa assim bonita de ver. A quadra tá feia. Aí podia mudar aí”.
2- “Hum... difícil essa pergunta”. (Um lugar que você gosta por ex. que não é a sala
de aula?) “Então, esse que é o problema. É... eu gosto da escola, entendeu?! Só
não gosto de estudar... (risos) entendeu?! (risos). Ah! a professora ela sempre,
principalmente educação física assim, ela faz lá naquele redondo, quando a gente
entra dentro da escola, aí é legal a gente mudar de ambiente assim, só que eu acho
aconchegante a sala ...” (Você acha que funciona aula assim?) “Então, é que assim,
o problema de não ser na sala de aula é que os alunos ficam, que a professora não
tem a visão geral da sala assim, porque um fica ali, outro fica ali entendeu, aí ela
não tem muito controle de quem está fazendo aula e quem não está, por isso que é
um ambiente fechado é bem melhor”.
3- “Aí! é bom! que no frio faz bem frio e no calor faz bem calor. E não sei por que,
tem muito mosquito na sala. Eu não sei por causa da, é por causa do tempo
também. Acho que esses mosquitos são estranhos porque estão sempre na sala”.
(E nos outros espaços?) “O problema, tipo assim, a temperatura normal assim. O
problema é quando chove no ginásio”. (Por quê?) “Enche de poça, não pode fazer
nada tipo jogo assim, o pátio inunda praticamente porque tem uma rachadura
horrível assim que começa a escorrer água, só que isso não intervém em nada,
porque a gente bagunça do mesmo jeito...” (risos).
4- “Hã hã”. (O que poderia ser feito para isso não acontecer?) “Então, porque
assim... por que oh, se abrir a janela... eu sento no fundo, eu não vou conseguir ver
o quadro porque ela fica, fica... não dá pra ver o que tá escrito. Aí é melhor a jane...
94
A luz acesa, porque é... se ele fica muito, por exemplo, se tá muito claro e as janelas
ficam abertas, tem gente que tem sensibilidade no olho, isso é verdade, tem um
monte gente na minha sala, eu... mas não sei se é porque eu uso óculos e isso não
é muito bom. Só que não teria por que de apagar a luz, não é necessário”. (A
luminosidade é suficiente?) “É, é”. (Por quê?) “É porque até hoje não atrapalhou, se
não atrapalha então tá bom!” (Você vê problema nas luzes ficarem acesas mesmo
com o dia claro?) “Não”.
5- “Sim, sim com certeza”. (Por quê?) “Porque... tipo das outras salas ou dentro da
sala?” (Os dois?) “Os dois. É por exemplo, segunda ou terça feira do feriado eu tive
prova, aí o professor não veio, teve aula vaga. E a professora subiu a prova só que
ela estava em outra sala e não foi ela que deu. Só que assim é... se não for o
professor ele não tem tanto controle na sala. Aí tipo assim, conversava, entendeu! E
atrapalha. As outras salas também, viraram um pampeiro!” (Atrapalha em que
sentido?) “Atrapalha na concentração, atrapalha tipo assim, a mesma coisa de você
está lendo um livro e alguém conversando do seu lado, tira totalmente sua atenção.
É... a coordenadora. Jesus Cristo! Eu vejo mais ela que o professor, ela fica o tempo
todo da sala entrando dentro da sala. Tipo ontem a gente tava na aula de história, a
coordenadora ficava abrindo porta aí depois, depois pediu 15 minutos da aula do
professor para ela dar recado, assim a gente só tem um dia da semana aula com
esse professor e aula de história que é muita coisa para gente aprender. Aí ela fica
entrando e fica falando. Ai ela pediu os 15 minutos, aí o professor falou 10, porque é
muita coisa. Aí tá... (a coordenadora interrompeu a entrevista para entregar um
termo de consentimento). É... entendeu, ela poderia muito bem ter esperado até
acabar o negócio aqui porque eu acho que não vai demorar muito. Aí... e o professor
ficou lá esperando, aí a sala começou a conversar e ele é daquele professor que
gosta de ordem, todo professor gosta disso. E ele começou a passar no quadro
faltava uns 3 minutos para acabar a aula ela apareceu aí deixa para amanhã o
recado. Aí o professor falou assim: Ainda bem que eu comecei a passar no quadro,
imagina se eu ficasse esperando, ia perder 10 minutos da minha aula. Aí querendo
ou não além da conversa a interrupção da aula acaba totalmente com a
concentração. Tipo, tem amigos meus que, porque acontece isso, o aluno se perde
entendeu, ele ta na linha de pensamento dele e alguém interrompe ela não
consegue voltar pra linha de pensamento dela, aí depois vem pedir ajuda em
matemática, química, física...”
6-“Minha escola em nível geral?” (Espaço físico, descreva como você quiser) “Aí
minha escola é muito boa, é eu gosto dessa escola. Tipo assim, eu tenho pouco que
reclamar, dessa escola um ambiente muito aconchegante assim, eu me sinto bem,
ah assim eu não tenho que falar dessa escola. Ela é boa”. (E quanto à estrutura
como você ia descrever ela?) “Aí eu ia falar... eu ia falar que na entrada tem um
toldo, ficou feio só que é necessário. Que eu achava lindo entrar na escola, porque
tudo nessa escola é em volta do ginásio. Aí eu entrava... tem as fotos lá na
biblioteca de antigamente assim, tiraram a foto do ginásio você entrava assim, só
que construiu não ficou legal, mas ficou bom. Aí você entra à esquerda fica o prédio
que eu estudo à direita fica a pré-escola e na frente o ginásio. Eu estudo no andar
de cima do lado esquerdo tipo subindo pela escada. Hum... minha sala é bonita, um
pouquinho velha, mas bonita”. (Você gosta?) “Eu gosto!” (Você acha o espaço da
sala suficiente?) “Podia ser um pouquinho maior, por exemplo, ontem, daqui pra cá
as salas diminuem, aqui foi feita para colegial e aqui foi feito pras crianças. E. Por
95
exemplo, ontem, aconteceu um incidente na nossa sala que fizeram uma coisa não
muito desejada soltaram uma bombinha de fedo. Aí coordenadora ficou brava com a
gente e falou que foi a gente só que, tipo como que a gente ia tacar na nossa sala, a
gente vai ter que estudar de qualquer jeito. Aí colocaram a gente numa salinha, tipo
assim, você olhando a sala é tamanho da outra só que assim, é a metade ficou
muito apertado, sorte que tinha alguns alunos que faltaram assim e ficou mais um
pouquinho solto, acho que é isso”.
AEM-14
Série: 2ª A
Data de Nascimento: 11/03/1992
Tem reprovação? “Não”.
Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou?
“Sim,
Presidente Kennedy”.
Bairro em que mora: “Athenas”
1-“Olha acho que o que eu mudaria mesmo seria mais a parte esportiva, tem a
quadra que tem é ruim tem goteira quando chove tem dificuldade não dá pra jogar.
O resto assim, acho que eu não mudaria muita coisa”. (Sala de aula?) “Sala de aula
eu não mudaria muito não”. (Por quê?) “Porque acho que é o que está mais
precisando”.
2- “Ah! Na biblioteca acho que é um lugar bom pra dar uma aula, tem bastante
informação ou então na informática, na sala de informática”. (Você acha que
funciona aulas assim?) “Bom aí depende dos alunos e da aula também, tem
professores que leva que funciona tem professores que leva e já não tem que trazer
de volta”. (Você gosta de aulas assim?) “Tem vez que é legal mudar um pouco
porque sempre fica na sala de aula mudar um pouco assim às vezes é legal”.
3- “A temperatura não muda muito tem tipo ventilador. Na minha sala eu não tenho
que reclamar porque os dois funciona então não tem muita importância”. (E nos
outros espaços?) “Tem algumas salas de aula que não têm ventilador então quando
está muito quente é um calor bem forte, muito chato. Porque tipo a sala do 1ºB acho
que está ventilador quebrado não sei se eles arrumaram e tem algumas salas que
eu passava aí e estava quebrado, porque eu faço monitoria a tarde eu freqüento
várias salas”.
4- “É...” (O que poderia ser feito para que isso não acontecesse?) “Acho que mais
ventilação, a ventilação é boa só que não sei, todos os professores mantém a luz
acesa. Eu acho que tem que manter a luz acesa porque quando falta energia fica
escura dentro sala de aula”. (Você vê problema nas luzes ficarem acesas...?) “Não“
(Você acha que a iluminação é suficiente para você ler e escrever?) “É suficiente”.
5- “Tem, tipo tem vez que tem aulas que a gente vai fazer provas e a sala de trás tá
gritando, tem vez que tem aulas que a gente tá tentando prestar atenção tá toda a
96
sala quieta, mas tem outra sala gritando, no corredor um monte de vez passa aluno
falando alto conversando, lá fora também tem um monte de aluno que fica gritando
falando alto e atrapalha”. (Atrapalha em que sentido?) “Ah quando a gente está
fazendo uma aula, uma prova, por exemplo, a gente não consegue prestar atenção,
não consegue lembrar, a gente fica pensando no que eles tão falando lá atrás, lá
fora, daí fica complicado”.
6- “Ah! Tipo o CAP é um pouco grande assim, tem umas... dois andares um
refeitório, tem um pátio, tem biblioteca, tem... a sala de projeção uma quadra, o
campo que a gente não está mais utilizando o campo. Deixa eu... ver tem a sala
diferenciada entre o pré, ensino médio e do ensino fundamental também”. (Tem
algum lugar que você levaria em especial para conhecer?) “Mas pra visitar o pátio a
cantina mais embaixo do CAP”.
AEM-15
Série: 2ª
Data de Nascimento: 20/07/1992
Tem reprovação? “Não”.
Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? “Não”.
Bairro em que mora: “Jardim Brasil”.
1-“O ginásio”. (Por quê?) “Porque quando chove ele fica muito alagado aí então a
gente fica impossibilitado de fazer educação física lá dentro e quando tá frio também
muito frio lá dentro”. (Mesmo em dia quente?) “Não em dia quente não, mas aí é
aquele mormaço. Só quando tá a temperatura normal assim que dá. O primeiro lugar
que eu mudaria é lá”. (Tem outros lugares que você mudaria?) “Ah a biblioteca, eu
acho assim tem bastante livros, mas assim iguais sabe, não tem dicionários de
outras línguas sabe, tipo de Latim, podia ter um dicionário de latim”.
2-“Ah! o redondo amarelo ali”. (Por quê?) “Porque é ao ar livre entendeu, tem lugar
para sentar quando tá limpo. Deixa eu ver o que mais...só isso”. (Você gosta desse
tipo de aula?) “É legal, porque sai um pouco da rotina, a gente cansa fica sentado
olhando para frente, aí descontrai um pouco”. (Você acha que essas aulas são
boas?) “Não todo dia, de vez em quando sim, é até bom que motiva mais”. (Vocês
costumam ter aulas assim?) “Não, nem pra fora da sala nem.
3- “Pra mim é normal, para mim não me incomoda”. (E em outros locais?) “Também
não, só do ginásio mesmo”.
4- “É por que o quadro é um verde escuro e o giz, ele é claro então ele fica meio
apagado quando a luz fica apagada, fica horrível. E a janela também, dependendo
do tanto que ela fica aberta a luz do sol reflete no quadro e fica péssimo também”.
(Você acha que poderia ser feito para as luzes não ficarem acesas?) “Eu acho que
aí... é que ali tem toldos também, é difícil. Acho que não tem mesmo como fazer,
97
acho que deixar a janela entre aberta não tão aberta e não tão fechada”. (A
luminosidade é suficiente para você ler e escrever?) “Sim”.
5- “Olha dentro da sala no dia a dia é normal, o que incomoda mesmo é o barulho da
carteira, mas as pessoas gritando assim não me incomoda, mais é a carteira”.
(Barulho externo também não tem influencia?) “Não”.
6- “Ele é grande, não muito mais é grande, ele tem uma área extensa coberta, tem
deixa eu ver ...uma secretaria que antes era da saúde agora não é de nada só
vende lanche lá dentro , tem um refeitório também que é grande, tem banheiro, tem
um local que dá para tipo uma...como é que eu posso dizer, não é uma prainha, mas
é um...tem areia lá no fundo tal, tem árvore, tem banquinho, é isso aí”.(Você gosta?)
“Daqui olha eu não vou dizer que eu gosto, mas também não gosto...(risos)
“Não...sabe, tipo assim eu não vou dizer eu amo esse lugar, mas eu não sairia
daqui”. (Tem algum lugar da escola que você goste mais) “Ah! eu gosto muito, deixa
eu ver...da cantina”. (Será que você gosta de comer?),(risos) Não,...às vezes, é
porque lá tem bastante gente e no frio é quentinho”.
98
Anexo V - Transcrição das entrevistas com alunos do EF
AEF-1
Série: 8ªA
Data de Nascimento: 07/09/1994
Tem reprovação? “Não”.
Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? “Não”.
Bairro em que mora: “Laranjeiras”.
• Questionário do Ensino Fundamental
1- “No ginásio, eu mudaria o ginásio e algumas salas, eu mudaria”. (Por quê?)
“Nossa! No ginásio eu colocaria um teto eu mudaria ele é meio pequeno para fazer
educação física ele é meio pequeno, eu mudaria assim, eu reformaria ele, acho que
cantina eu faria maior e colocaria funcionários que soubesse né, atender a gente,
fica uma confusão lá. E as salas algumas tão caindo cadeiras tudo quebradas”. (Mas
tem um por que, por exemplo, de você mudar o ginásio?) “Porque, porque dia de
educação física a gente tem que ficar limpando porque ta tudo molhado”. (Dias de
chuva você fala?) “Sim”.
2- “Ali no redondo azul ali”. (Por quê?) “Porque é gostoso lá, dá pra sentar cabe todo
mundo tem um solzinho”.
3- “Ah! para um ensino melhor para ele, sei lá”. (A sala você acha que tem influência
no aprendizado?) “Não, é depende... pode ter influência, mas só por ser mais
iluminada assim acho que não”. (E a iluminação da sua sala?) “Está boa, esse ano
está boa, o ano passado tinha que ficar passando vassoura porque as luzes não
pegava”. (Você acha que é suficiente para ler e escrever?) “É”.
4- “Oh! está de manhã e está claro dá pra usar só a luz do sol assim, daí ela acende
a luz?” (Isso?) “Acho que é desperdício”. (Mas e na sua sala de aula isso acontece?)
“Não, tipo não acontece por que... primeiro que as janelas não ficam sempre abertas
e daí fica muito escuro e não dá pra enxergar”. (Mas as luzes ficam acesas?) “Fica
todo o dia”. (E por que as janelas ficam fechadas?) “Porque agora mesmo está frio,
vem um vento muito frio e é ruim fica abrindo, mais quando mesmo quando fica
aberto fica escuro só com a luz de fora, tem que acender a luz”.
5- “Ela estuda em colégio estadual? (Aham) Ah! Colocar mais ventiladores, que
funcione, nem todos funcionam”. (Como é a temperatura na sua sala de aula?) “Ah!
É boa tem vezes que não pega o ventilador tem gente que, tipo assim, muito calor,
quando é calor tem vezes que a gente passa calor porque tem gente que não gosta
que deixa o ventilador ligado porque daí bagunça o cabelo”. (Já aconteceu algo
parecido com você nos dias muito abafado?) “Não, por tá abafado não”. (Por que
99
então?) “Porque eu tenho um pouco de falta de ar daí eu passei mal, já passei muito
mal na pista vomitei, porque eu tenho esse problema de falta de ar né. Daí tem
vezes que eu passo mal assim, quando fica... se ficar muito abafado assim dá falta
de ar”. (Na pista?) “É a pista ali, aqui da UEM”. (Vocês fazem Ed. Física lá?)
“Quando está trabalhando atletismo sim”.
6- “Ah! Não de chegar com dor de cabeça, mas é ruim, quando tem educação física
eles ficam gritando e as outras salas também as professoras da frente da nossa sala
grita que nem... porque é quinta série eles não ficam quietos. Ah! o que poderia ser
feito acho que poderia tipo separar os menores, mesmo que é ensino fundamental
separar os menores dos maiores porque precisa ficar gritando. 5ª e 6ª série os
professores gritam demais”. ( E a 5ª é bem na frente da 8ª série) “E eles deixam a
porta aberta, não fecham a porta e a nossa tá com problema não tem como fechar,
aí fica as duas professoras tentando competir os alunos lá gritando e não dá pra
ouvir”.
• Questionário do Ensino Médio
3- “Que está ruim”. (Por quê?) “Porque quando é frio é muito frio e quando é calor é
muito calor que não dá pra ligar o ventilador. Quando é frio tipo assim, tem aluno
que reclama que tem deixar a porta e a janela aberta e a gente que senta na janela
passa um frio condenado e os professores brigam falam que eles passam o mesmo
frio que a gente, que é pra deixar aberto, mas na verdade eles nem passam frio
porque eles ficam andando”. (E nos outros espaços?) “O auditório é muito abafado,
é muito abafado, na cantina dá pra colocar um ventilador e na biblioteca”.
4- “Sim”. (Você acha que poderia ser feito alguma coisa para mudar isso?) “Acho
que tinha que ter tipo assim, a nossa sala, a nossa sala, é ali no... meio que tem um
negócio em volta daí fica muito escuro. Mas se fosse mais assim e todas as janelas
ficassem abertas dava para ficar apagada”. (Você vê algum problema nas luzes
ficarem acesas?) “Ah! Gasta bastante daí gasta com isso e deixa de gastar com
outras coisas”. (A luminosidade da sua sala é suficiente pra você ler e escrever?)
“Sim”.
5- “Na saúde pode ser, porque ao igual o exemplo lá, pode ficar com dor de cabeça
e no aprendizado também porque prejudica você não sabe o que você ouve é difícil”.
6-“Você chega, você entra assim tem um balão azul que está sempre sujo que tem
as mulheres não limpam, daí você vai um pouco reto tem um ginásio que está um
pouco acabado, pra direita tem as... as salas do ensino fundamental e para
esquerda as do ensino médio, tem uma cantina, um refeitório, uma biblioteca aí daí
tem na parte do ensino fundamental tem um banheiro bom, e tem as nossas salas
que são boas”. (Tem algum lugar que você levaria pra conhecer?) “O ginásio, eu
acho legal o ginásio porque onde você muda não fica só no escrever e escrever, ou
na minha sala de aula”.
AEF-2
Série: 8ª A
100
Data de Nascimento: 08/07/1994
Tem reprovação? “Não”.
Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou?
“Sim, no
Sagrado Coração”.
Bairro em que mora: “Jardim Oásis”.
• Questionário do Ensino Médio
1-“Ah! O ginásio assim. Arrumava ele, está... quando chove, cai água dentro assim”.
(Por que o ginásio?) “Porque quando chove cai água dentro aí não tem como fazer
educação física e aí tem que ficar aqui na sala”.
2-“Ali no pátio, no ginásio”. (Por quê?) “Ah... acho que não”. (Você gosta desse tipo
de aula que não é na sala de aula?) “Gosto”. (Você acha que dá certo?) “Depende
dos alunos”.
3-“As conversas?” (A temperatura, o calor. Se é muito quente ou frio). “Não, não
tem. Se tem frio a gente fecha a janela”. (E calor?) “Quando tá calor liga o
ventilador”. (E nos outros espaços?) “Normal”.
4-“Sim”. (O que poderia ser feito para mudar isso?) (silêncio...) “Não, não sou eu que
vou pagar mesmo”. (Você acha que a luminosidade da sua sala é suficiente para ler
e escrever?) “Sim”. (Por quê?) “Ah... está bom”. (Você não tem problema como dor
de cabeça ou a lousa que você não consegue enxergar bem) “Não, bom é que eu
sento na primeira carteira”.
5-“No aprendizado atrapalha porque eles conversam demais”. (Em que atrapalha?)
“Não consegue prestar atenção direito”.
6-“Ah... é grande. Ah, não tem mais o que falar”. (Você gostaria de levá-lo pra
conhecer algum lugar dentro da escola?) “Ah, não tem nada”.
• Questionário do Ensino Fundamental
3- “Pra ele ter um aprendizado melhor”. (Então você acha que esses fatores
influenciam no aprendizado?) “Sim, porque o aluno pode se sentir melhor aí”.
4- “Ela acende a luz as 9h da manha?” (Aham, o que você acha disso?) “Ah não
sei”.
5- “Arrumar o ventilador”. (E em relação a temperatura da sua sala, já aconteceu
algo parecido com você?) “Não”.
6- “Comigo não aconteceu não. Ah, mudar de sala”. (E em relação ao barulho. Você
sente alguma influencia na sala de aula? Não te atrapalha?) “Eu não, mas as outras
pessoas eu não sei”.
101
AEF-3
Série: 8ª A
Data de Nascimento: 25/06/1993
Tem reprovação? “Sim”.
Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? “Não”.
Bairro em que mora: “Jardim Rebouças”.
• Questionário do Ensino Fundamental
1- “O ginásio, o pátio. Ah, não tenho muito que reclamar não. Mais o ginásio”. (Por
quê?) “Porque quando chove, não tem como fazer educação física dentro, porque tá
tudo alagado. As portas quebradas, as janelas. As salas também pingam quando
chove”. (A sala de aula?) “É, as salas de aula. O quadro é muito pequeno na nossa
sala”. (Eu tenho a impressão de que a sala de vocês é menor) “É menor. E a
limpeza também. Lá na nossa sala tem umas teias de aranha pendurada. Eu falo pra
zeladora, ela não limpa”.
2- “Ah, eu acho que aqui no pátio. No redondo azul aqui”. (Por quê?) “Ah, sei lá.
Porque tem sol. É um lugar gostoso ali, quieto”.
3 – “Porque, sei lá... porque prestava atenção nas outras salas, escolas. Porque não
era adequada pra ele”.
4- “Ah eu acho que desde quando entrar tem que acender a luz”. (Isso acontece na
sua sala?) “Ali quando eu chego já tá ligada”.
5- “Ah acho que teria que arrumar o ventilador”. (Como é a temperatura da sua
sala?) “É boa”. (Já aconteceu algo parecido com você?) “Já, quer dizer não comigo,
com um moleque da minha sala acho que na sétima série se eu não me engano. Daí
ele tinha problema respiratório. E a professora nunca ligava o ventilador, ela
pensava que não era verdade do moleque até que veio alguém reclamar e falar que
ele tinha esse problema. Aí ela passou a ligar pra ele”.
6-“Nunca aconteceu comigo, pra melhorar... Ah não sei”.
• Questionário do Ensino Médio
3- “Às vezes quando abro a janela bate um frio, aí eu peço pra fechar elas fecham.
Mas de repente abre, bate um sol nas nossas carteiras que senta ali na janela. Aí às
vezes como algumas não têm essa coisa pra fechar a janela fica batendo sol, aí tem
que colocar papel”. (E o ventilador funciona?) “Normal”. (A sua sala é mais quente
ou mais fria?) “Ah, eu acho mais fria”. (Dia de calor é muito quente ou não?) “Não, é
102
normal por causa do ventilador é bom”. (E nos outros espaços?) “A biblioteca é
normal a temperatura, o ginásio é um pouquinho frio lá dentro, na onde que nós
comemos, no refeitório é bom também”.
4- “Sim”. (Você acha que poderia ser feito alguma coisa para mudar isso?) “Não”.
(Você acha que a claridade da sua sala é suficiente pra você ler e escrever?) “É”
(Por quê?) “Porque as luzes estão boas, a iluminação’.
5- “Aham. Às vezes quando o povo que vem do ginásio ele vem aqui no banheiro
que é do nosso lado. É muita conversa”. (Você acha que tem influência na saúde ou
no aprendizado?) “Eu acho que não presta atenção. Você se liga aqui fora. Não
presta atenção. Que às vezes eles dão risada, você quer saber o que tá
acontecendo aqui fora”.
6- “Ah eu ia falar que aqui não tem estrutura muito. Mas essas coisas, porque os
professores são ótimos, a coordenação essas coisas. Ah, e o que mais que eu tenho
pra falar...” (E descrever ela?) “Ah na hora que eu chego tem o ginásio que não é
aquelas coisas, tem o redondo, o balão aqui. Tem uns prédios lá em cima que é
ensino médio e abaixo fica o ensino fundamental. Mas lá em cima tem uns
fundamental também. E pra lá tem a biblioteca mais pra lá assim do prédio do
ensino médio aí em baixo do ensino médio tem a cantina onde que nós comemos. Aí
tem o auditório, mais pro lado da biblioteca”. (E se você pudesse levar teu irmão em
um ponto da escola onde seria?) “Ah, acho que na biblioteca, é bem organizada, é
super organizada”.
AEF-4
Série: 8ª B
Data de Nascimento: 05/04/1994
Tem reprovação? “Não”.
Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? “Não”.
Bairro em que mora: “Vila Esperança”.
• Questionário do Ensino Médio
1-“Ah, eu mudaria o ginásio. Porque está sem as estruturas, está quebrado uma
parte, a quadra tá em mal estado, o banheiro dentro do ginásio não está bom, as
salas que guarda o material é... que está péssimo, tem goteira dentro e os fundos
porque tá sem janela”. (Os fundos da quadra?) “É...lá no fundo. E o campinho,
porque tá só mato não existe nada”. (Pensando em biblioteca, sala de aula, como é
que está?) “Ta bom”.
2-“Ah, ali nos canto do ginásio. Ali. É porque tem umas mesinhas e dá pra estudar
ali, tem as árvores”. (Por que mesmo?) “Porque tem as mesinhas e é um local bom.
Boa iluminação”. (Você gosta de aula fora da sala de aula?) “Aham”. (Você acha que
funciona aula assim?) “Acho que sim”.
103
3-“Normal. Tudo normal”.
4-“Precisa porque tem uns que não gosta de abrir a janela daí deixa fechada pra não
bater sol. Ai tem que ficar ligada”. (Você acha que alguma coisa poderia ser feito
para mudar isso?) “Sim, abrindo as janelas”. (Você acha que a claridade da sua sala
é suficiente pra você fazer as atividades?) “Sim, aham”.
5-“Só no aprendizado. Porque muito barulho não dá pra entender direitinho as
coisas”.
6-“Ia ser dois pavilhões: um do fundamental e um do médio. Tem o ginásio,
campinho, o redondo, o azulzão assim, o gramadinho da frente ali, e só, o
estacionamento, a guarita do guarda, e só”. (Você levaria ele em algum lugar
específico para conhecer?) “Eu levaria ali no... no... é... ali perto da biblioteca, do
auditório.
AEF-5
Série: 8ª B
Data de Nascimento: 23/08/1994
Tem reprovação? “Não”.
Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? “Não”.
Bairro em que mora: “Vila Esperança”.
• Questionário do Ensino Médio
1-“O ginásio, o ginásio”. (Por quê?) “Porque às vezes da goteira, essas coisas”. (E o
que no ginásio, o que você mudaria?) “Tipo... o telhado, a janela o bebedouro o
banheiro”. (E em relação a outros espaços) “Tudo bem”.
2-“No pátio”. (Por quê?) “Porque é um lugar que, tipo, bem espaçoso e tem um ar
bom”.
3-“Bem frio”. (E nos outros espaços?) “Frio também”. (Mas até no verão?) “Não... no
verão é bem estável”.
4-“É... não precisa só que deixam”. (O que pode ser feito para mudar?) “Ah, se abrir
a janela fica bom, só que se estudasse a noite já não ia dar”. (Você acha que a
luminosidade da tua sala é suficiente pra você fazer as atividades?) “Sim”. (Você
falou que não tem necessidade só que deixam. Você vê algum problema nisso?)
“Não”.
104
5-“Um pouco, tipo incomoda, tipo, você tá estudando, as pessoas tem aula vaga ou
sai pra beber água e fica gritando, incomoda um pouco”. (Incomoda em que
sentido?) “Só a hora que tá lendo, alguma prova, ou lendo um livro, aí atrapalha”.
6-“Um ambiente bom, só que tem professores chatos e... colegas chatos também”.
(E em relação à estrutura?) “Ah, a estrutura boa, só o ginásio que não é muito
agradável”. (Você levaria ele pra algum lugar específico pra conhecer?) “A
biblioteca”. (Você gosta?) “Ah, eu não gosto de ler, mas é obrigado”.
AEF-6
Série: 7ªB
Data de Nascimento: 25/08/1995
Tem reprovação? “Não”.
Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou?
“Sim em
Guarapuava no Colégio Carmen T. Cordeiro e em Ipiranga no Colégio Rodrigues
Alves e José Darcy, mudei de colégio porque mudei de cidade”.
Bairro em que mora: “Vila Esperança”.
• Questionário do Ensino Fundamental
1-“Hum, melhoraria a... um pouco assim do ginásio, e... acho que só”. (Por que o
ginásio?) “Por que... quando chove, chove tudo dentro e... às vezes”.
2-“Dependendo da aula e dependendo do tempo poderia ser assim no redondo.
Acho que é o melhor lugar, o mais apropriado”. (E no dia de chuva?) “Se o ginásio
tivesse bom seria lá dentro”. (Por que no redondo?) “Porque é um lugar apropriado,
assim, dá pra sentar”.
3-“Porque, o que você falou. As salas eram maiores e mais iluminadas”. (E isso é
bom?) “Ah, depende. Às vezes, tipo, a sala pode ser grande, iluminada, e o colégio
não ser muito bom, no ensino tal”. (O que você pode me dizer em relação à
iluminação da tua sala? É suficiente pra fazer as atividades?) “É sim”.
4-“Abre a janela e... só”. (Ela acende a luz com um dia claro lá fora, isso acontece
aqui?) “Ficam, só que tipo, mesmo com a luz apagada é claro”. (Você vê algum
problema nas luzes ficarem acesas?) “Não sei às vezes é até melhor pra conseguir
escrever, ler”.
5-“No caso do aluno ou da sala?” (No caso da sala a sala tinha ventilador, mas não
conseguia refrescar a sala).”é... ás vezes nem ventilador resolve”. (Qual a solução
você pensa?) “Eu acho assim, num dia que tiver muito, mas muito calor assim,
deixar os ventilador ligado só que a janela também só que se não resolver tem uma
105
aula tipo, ir num lugar fresco”. (Já aconteceu algo parecido com você?) “Não”. (E na
sua sala como é a temperatura?) “É boa”.
6-“Trocar de sala”. (Já aconteceu com você?) “No Ipiranga sim”. (Por quê?) “Só que
não com dor de cabeça tipo, ficava perto praticamente do lado da quadra e perto da
rua, aí ficava passando carro com som alto daí a professora tinha que parar a
explicação pra esperar o carro passar”.
• Questionário Ensino Médio
3-“Às vezes no aprendizado“ (Em que sentido?) “É por que tipo... a professora tá
explicando, o povo tá conversando às vezes você não consegue prestar atenção no
que a pessoa ta falando, mas sim na conversa dos outros. Daí você não presta
atenção. E não aprende”.
6-“Tem a parte escolar, daí tem um lugar onde tem um monte de sala. Daí tem a
entrada, um redondo, daí o ginásio, um pátio com grama, um lugarzinho pra sentar,
uns banquinhos, depois do outro lado ali perto do prédio escolar tem um escritório e
ali atrás tem um lugarzinho feio assim e do outro lado do ginásio tem um campo“
(você a levaria em algum lugar?) “Aqui onde tem minha sala, pra lá onde tem a
biblioteca, e só, só isso”.
AEF-7
Série: 7ª B
Data de Nascimento: 10/03/1995
Tem reprovação? “Não”
Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? “Não”.
Bairro em que mora: “Jardim Montreal”.
• Questionário do Ensino Fundamental
1-“O ginásio”. (Por quê?) “Porque assim, quando chove não pode utilizar a quadra,
porque tem goteira ai molha tudo a quadra. Se você vai lá pra usar a quadra todo
mundo cai, porque seca ta... mas continua pingando, que nem agora se a gente for
entrar no ginásio a gente não pode utilizá-lo porque continua molhado. E eu só
mudaria ele, o ginásio”.
2-“Depende, se for de educação física no pátio, agora se for outras matérias tipo no
campo, atrás do ginásio onde ficava a horta”. (Você chegou a conhecer a horta?)
“Sim”.
3-“Ela fez isso porque é melhor pro filho dela”. (O que você poderia me dizer em
relação à iluminação da sua sala?) “Ah é boa até acho que é normal”.
106
4-“Errado. Pois assim, quando você chega tá ensolarado, você apaga a luz e abre
as portas e as janelas, vai ficar claro. Não vai ficar claro que nem tivesse com a luz
acesa, mais estaria poupando o dinheiro da escola que poderia ser usado em outras
coisas, em outras reformas”. (Isso acontece na sua sala de aula?) “Na maioria das
vezes sim”. (Por que na maioria das vezes? Tem dia que não acende?) “Tem dia
que não, que a gente pede pra não acender, que a gente fala: ah! não deixa a luz
acesa, abre as janelas, é melhor, se está com sol. Aí a gente apaga a luz abre as
portas e tudo bem. Tem alguns professores que deixam, tem uns que nem tanto”.
5-“Colocar um ar-condicionado na sala”. (risos). (E como é a temperatura da sua
sala?) “Ah! Quando tá calor os ventiladores ajudam, a gente não passa tanto calor
assim, que chega a tal ponto de desmaiar ou coisa parecida não, é tranquilo”. (E no
inverno?) “No inverno a gente fecha tudo, fica tudo trancado”. (Já aconteceu algo
parecido com você?) “Não”.
6-“Mudar o local da sala”. (Já aconteceu algo parecido com você?) “Já quando tinha
dois recreios, o de 9:30 que era dos pequenos. Às vezes com descuidado daqui eles
entravam e ficavam zoando. Quando nossas aulas eram lá em cima eles ficavam
embaixo perto da janela e atrapalhavam a aula, aí tinha que fechar a janela tinha
que fechar a porta, mais mesmo assim o barulho era terrível ainda”. (Atrapalha a
aula em que sentido?) “Tipo assim a professora tá explicando aquela matéria que
ninguém tá... assim sabendo muito, tá explicando ainda pra ajudar aí fica aquele
barulho lá fora, aí você escuta a professora, aquele barulho assim mistura tudo e
acaba você entendendo absolutamente nada”.
• Questionário do Ensino Médio
6- “Ela tem um pátio grande e tem dois lugares onde se estuda embaixo que tem de
5ª a 8ª e em cima que fica de 1º a terceirão. Mais que fica a 4ª série. Aí de tarde
ficam aqui. Aí fica em cima de primeiro a terceiro grau no andar de cima, de baixo
tem o refeitório, a secretaria, a biblioteca. Tem um corredor que leva até a biblioteca,
a cantina, e as outras salas de internet, de coisa lá que mexe com computadores. Aí
no corredor da secretaria fica onde fica o diretor, o Edgar, que é o secretário, aí
ficam eles lá, o diretor, o vice, a sala dos professores de lá. Que daí tem duas salas
de professores, aqui e lá. Aqui para os professores de 5ª a 8ª e lá de 1º a terceirão.
Aí quando tem reunião de todos, se reúnem só lá”. (Você levaria ela pra algum lugar
específico?) “Aonde eu estudo, a sala onde eu estudo que eu acho que é um
momento assim que você nunca vai esquecer. Por mais que você vai estar lá com
18 anos você vai falar “nossa eu tive nessa sala com tantos anos”, você logicamente
vai lembrar”.
AEF-8
Série: 7ª A
Data de Nascimento: 21/12/1995
Tem reprovação? “Não”.
107
Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? “Não”.
Bairro em que mora: “Vila Esperança”.
• Questionário do Ensino Fundamental
1-“Eu mudaria no refeitório porque às vezes muita gente repete e corta a fila e muita
gente fica sem comida. E o ginásio, que já tão mudando, que tem muita goteira”.
(Mas já estão fazendo reforma lá no ginásio?) “Não, vão começar”.
2-“No ginásio, ou para o redondo azul ali no pátio ou na sala de vídeo”. (Por quê?)
“Não, porque são assim lugares divertidos e diferentes”.
3-“Pra o filho ter um melhor desenvolvimento em sala de aula e um futuro melhor”.
(Você acredita que esses fatores: mais iluminação, salas maiores ajudam o ensino?)
“Depende do aluno. Se for um aluno aplicado e determinado vai ajudar bastante,
mas se não, vai ser a mesma coisa de ter ficado em outro colégio”. (O que você
pode me dizer em relação a iluminação da tua sala de aula?) “Esses dias atrás tava
bem mal iluminado porque tinha lâmpada queimada e lâmpada quebrada mas agora
trocou tudo”. (E essa iluminação é suficiente pra você fazer as atividades?) “É, na
minha sala só não tem, tem menos janela do que nas outras e daí não tem tanta
iluminação, só que as lâmpadas ajudam bastante”.
4-“É preciso para enxergar melhor. Isso é bom”.
5-“Ah, a construção de mais janelas, mais portas e o ventilador daí não tem outra
saída”. (Como é a temperatura na sala de aula?) “Quando é frio a sala fica até bem
quentinha, mas daí quando tá muito calor ela não fica bem fresquinha não por causa
da falta de janela”. (Já aconteceu algo parecido com você?) “Não”.
6-“Eu acho que ele deveria ter um lugar mais privado pra ter a sala de aula. E onde
tem a recreação, o recreio deveria ser mais longe”. (Isso aconteceu com você? Do
barulho interferir?) “Não. Porque o pátio é fechado e só pode ficar do lado de fora”.
(Mas e na sua sala, você acha que tem alguma interferência do barulho que chega a
atrapalhar o teu aprendizado?) “Às vezes tem muita conversa, daí atrapalha”.
• Questionário do Ensino Médio
6- “Minha escola assim, tem um desenvolvimento bom e tem capacidade pra ter uns
alunos bons, pra faculdade pra saírem mais distantes e, assim, tem seus defeitos
mas a maioria, a estrutura é boa sim. Dá pra ter aula normal”. (Você mostraria algum
lugar em especial?). “Esse lugar seria a biblioteca e a sala de vídeo. Porque a sala
de vídeo tem coisas assim como projetor e uma tela grande pra facilitar a visão do
aluno, e a biblioteca por ter grande variedade de livros”.
AEF-9
Série: 7ªA
108
Data de Nascimento: 30/05/1995
Tem reprovação? “Não”.
Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? “Não”.
Bairro em que mora: “Sol Nascente”.
• Questionário do Ensino Fundamental
1-“Ah, o ginásio”. (Por quê?) “Ah, porque quando chove molha tudo. Não tem muita
estrutura pra gente fazer educação física, as linhas já estão tudo estragadas, você
confunde sempre a quadra. Eu mudaria o ginásio”.
2-“O círculo, aquele círculo azul ali fora”. (Por quê?) “Porque é o lugar que todo
mundo fica perto, não tem que ter silêncio, e ah, sei lá, é gostoso, ao ar livre”.
3-“Ah porque ela queria uma estrutura melhor pro filho dela estudar”. (Você acha
que isso influencia na aprendizagem?) “Acho que não, acho que vai da vontade da
pessoa de aprender. A gente passou quase uma semana sem... no escuro, na
minha sala estudando e não influenciou em nada”. (O que você poderia me dizer em
relação à iluminação da sua sala?) “Agora está bom, mas acho que a gente passou
a semana retrasada sem energia, não, as lâmpadas estavam queimadas. Aí a gente
passou praticamente uma semana só com a luz do dia mesmo”. (E a luz do sol foi
suficiente?) “Não, ficou escuro”.
4-“Ah é bom, porque mesmo com a luz do sol, fica escuro”. (Isso acontece na sua
sala?) “Fica desde as sete e meia, desde quando o primeiro professor entra na sala”.
(Você vê algum problema nisso?) “Não”.
5-“Ah, acho mais ventilador ou mais potência no ventilador, sei lá, alguma coisa
assim”. (Como que é a temperatura na sua sala?) “Ah, quando o professor liga o
ventilador fica fresquinho, temperatura ambiente. Mas quando o professor não liga
porque tá muita bagunça ou porque atrapalha o barulho do ventilador aí fica quente“
(Mas é alguma coisa que vocês cheguem a passar mal de calor?) “Não”.
6-“Separar o espaço. Ah, já aconteceu assim, de outras salas ficarem bagunçando
que nem essa semana mesmo, a sala do lado tava bagunçando e atrapalhou nossos
estudos aí a professora teve que sair da sala e ir lá pedir silêncio. E quando também
formam filas aqui pra ir pra outro lugar do colégio, faz muito barulho e atrapalha às
vezes. Eu acho que tinha que separar”. (Atrapalha em que?) “Quando o professor tá
explicando aí fica aquele barulho aí já começa já conversa na sala e ai a gente não
consegue ouvir o que o professor vai falar”.
• Questionário do Ensino Médio
109
6-“Ah, eu acho a estrutura dela até boa por ser estadual, os professores são bons, a
direção eu gosto. Ah, é uma escola boa. Tem um ensino bom, comportado muitas
vezes, os professores põem disciplina nas salas. Acho que assim, é uma escola que
eu amo muito”. (Você levaria ela pra algum lugar específico?) “No pátio”. (Por quê?)
“Ah, porque é um lugar que praticamente todos os alunos se reúnem. Acho que é o
pátio mesmo”.
AEF-10
Série: 7ª A
Data de Nascimento: 11/07/1995
Tem reprovação? “Não”.
Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? “Sim, Mundo
das cores 1ª a 4ª série e depois no Sagrado Coração, mudei porque minha mãe
quis”.
Bairro em que mora: “Jardim Alvorada”.
1-“O ginásio, o refeitório, a cantina, o redondo e as salas, praticamente tudo”. (Por
quê?) “O ginásio tá quebrado, quando a gente vai treinar a noite, que a gente treina
a noite, não dá pra treinar porque choveu, daí a gente tem que ir embora, e perde
tempo pra vir aqui. A cantina, assim, sei lá, o piso dela é muito estranho, a gente
pisa, faz barulho, assim, eu não gosto. Daí também tem as salas, as salas são
apertadas, são sujas e às vezes trinta alunos não cabem. E também o redondo é
sempre sujo e ninguém nunca limpa ele. Que mais que eu falei? Não lembro. Acho
que foi isso mesmo”.
2-“O redondo”. (Por quê?) “Porque pega sol, se tiver frio é bom, se tiver calor
também é bom porque pega vento e porque tá no ar livre e é bom respirar ar livre”.
3-“Porque ia melhorar no ensino dele”. (Você acha então que esses fatores têm
influência no ensino?) “Sim”. (como é a iluminação da sua sala?) “É boa”. (É
suficiente pra você fazer a atividade de aula?) “Sim”. (Você me disse que a sala
mais iluminada, maior, tem influência no ensino. Você consegue me dizer de que
forma?) “Tipo, uma vez, cinco luzes da sala apagou. E era só seis. Daí a gente não
conseguia ler, a professora não conseguia explicar e todo mundo começou a fazer
bagunça, porque ia aproveitar né. Daí a gente não conseguia entender o que a
professora falava e nem enxergar o quadro”.
4-“Bom”. (Por quê?) “Ah, sei lá, porque tipo... ela chega, ela já se preocupa com o
ensino dos alunos, daí ela chega, acende a luz pra que a sala esteja mais clara, pra
que os alunos possam aprender melhor”. (Você vê algum problema da luz estar
acesa mesmo com o dia ensolarado lá fora?) “Vejo”. (Qual?) “Porque a luz retira
energia da água, e a água tá em falta no mundo, por isso eu acho um problema”.
(Isso acontece na sua sala? Da luz estar acesa mesmo com o dia claro lá fora?)
“Sim”.
110
5-“Abrir as janelas e as portas”. (Como é a temperatura na sua sala de aula?) “Se
tiver muito calor a professora liga o ventilador e fica bom. Daí se tá mais frio, fecha a
porta, abre as janelas de cima e fecha as outras janelas. Daí fica quentinho a sala”.
(isso acontece mesmo com todos os professores?) Menos a de ciências, ela deixa a
porta aberta, o vento vem todo pra mim, porque eu sento na frente do lado da porta.
(Já aconteceu algo parecido assim com você de passar mal por conta da
temperatura da sala de aula?) “Já. Na segunda série, eu tava passando mal porque
tava muito calor, com dor de cabeça, não conseguia escrever e minha mão tremia
muito, daí a mulher, a estagiária, mandou eu descer e tomar ar aqui fora”. (Isso
aconteceu aqui no CAP?) “É”. (Você tem problema com pó de giz?) “Não”.
6-“Ou trocar eles de sala, ou a professora falar mais alto e mandar os alunos de fora
fazer menos barulho”. (Isso já aconteceu na sua sala?) “De eu ficar com dor de
cabeça não, mas de não ouvir o que a professora fala por causa de outra sala sim”.
(Barulho de fora, mas e da tua sala?) “O barulho de dentro não me incomoda porque
eu faço barulho também e não incomoda’. (E o barulho interfere como? De que
forma?) “Não é que é assim, eu presto muito atenção no que as outras pessoas
ficam fazendo, porque eu sou curiosa, saí se eu estou ouvindo uma conversa lá fora,
fico ouvindo e não consigo prestar atenção na aula, por mais que eu olho pra
professora eu ainda continuo ouvindo lá fora e prestando atenção”.
• Questionário do Ensino Médio
6-“Meu colégio tem prédios altos, é, um ginásio triangular, uma ponte tipo viaduto,
um redondo, tem cerca que parece presídio e os professores são chatos, e assim,
tem professores que começam a xingar os alunos na sala”. (Você levaria para
conhecer algum lugar específico?) “Hum... ali atrás, no pé de amora”. (Atrás do
ginásio?) “É”. (Por quê?) “Porque olha... lá eu escrevo no muro com as minhas
amigas, tiro foto com as minhas amigas, faço tudo com minhas amigas”.
111
Anexo VI - Transcrição do Diário de Campo
Data: 19/05/2008
Sala:7ª A
Hora: 07:30
Total de alunos: 30
Inicialmente vou descrever a sala de aula, que servirá de descrição para as demais
que tem a mesma estrutura. A sala possui dois ventiladores, um posicionado à frente
da lousa e outro na parede do fundo da sala. Oito luminárias com duas lâmpadas
cada (nesta sala uma das 8 luminárias não está funcionando perfeitamente, luzes
piscando). A parede da lateral direita tem janelas verticais. No teto encontramos uma
entrada para iluminação e ventilação (seis janelas).
Dá para ouvir som de conversa das outras salas de aulas, mas nada de som de fora
da escola.
Às 8:20 aluno pegou outra carteira para esticar as pernas.
As luzes estão acesas e ventiladores desligados.
Paredes pintadas de branco/cinza esverdeado.
Cinco alunos usam óculos.
Na segunda aula os ventiladores permaneceram desligados e as luzes acesas, na
terceira aula também.
Intervalo: Os alunos do Ensino Fundamental (EF) estudam no térreo e os do Ensino
Médio (EM) no piso superior em outro prédio. A comunicação entre eles se dá por
um corredor.
A cantina e o refeitório se localizam no piso térreo do prédio do Ensino Médio, assim
como a parte administrativa do colégio. Por isso os alunos do Ensino Fundamental
no momento do sinal passam quase que se atropelando pelo corredor para
chegarem antes dos maiores (EM) ao refeitório.
Na quarta aula, a inspetora Marta, levou-me para conhecer os espaços da escola:
sala de aula, cozinha, refeitório, cantina, biblioteca, laboratório de informática, sala
112
de projeções, laboratório de ciências, sala administrativa, sala dos professores,
quadra esportiva, auditório e banheiros.
Na quinta aula, esperando a coordenadora do EF para agendar as entrevistas,
encontrei um aluno esperando o pai para levá-lo. Estava passando mal, com dores
de cabeça. Disse-me que tem rinite alérgica e que quando “ataca” tem muita dor de
cabeça. Perguntei onde ele sentava na sala de aula. Disse que sentava na primeira
carteira, bem perto da lousa e que com frequência tem esse tipo de dor.
Data: 20/05/2008
Sala: 8ª B
Hora: 7:30
Total de alunos: 33
Cheguei à escola para assistir a primeira aula na 8ª A, mas havia estagiárias na
sala. Estou com problemas em relação aos estagiários, pois a coordenação não
quer que eu assista às aulas quando houver estagiários. Esse fato dificultou um
pouco, pois esse colégio recebe muitos estagiários, em quase todas as disciplinas.
As luzes dos corredores da escola estão acesas sem necessidade.
Às 08h20min fui assistir à aula de ciências na 8ª B. Nessa sala, todas as luzes estão
acesas e funcionando. A sala tem 31 alunos presentes. A primeira fileira de carteira
está bem próxima à lousa e a sala está bem suja.
A sala está com os ventiladores desligados.
Essa sala fica do lado oposto a 7ª A, parece mais quente e tem presença de
drosophila.
Apenas uma das duas janelas está aberta, pois a janela aberta deixa o sol incidir
diretamente sobre as alunas que estão nas carteiras da fileira próxima a parede.
Há barulho de música, vindo da sala dos professores e conversas de outras salas.
Só uma aluna usa óculos.
Sentei-me no fundo, ao meu lado estava um menino bem grande que parecia
desconfortável na carteira.
Às 10 horas a janela do fundo também foi aberta mesmo com o sol e o ventilador do
fundo ligado.
113
Data: 21/05
Entrega dos boletins. Não houve aula.
Data: 22/05
Feriado
Data:23/05
Recesso
Data: 26/05
Horário: 7:30
Fui para a escola para remontar os horários de observação e entrevistas. O trabalho
precisa passar novamente pelo COPEP e antes disso não posso realizar as
entrevistas, como a reunião do COPEP só acontecerá dia 30/05, tivemos que
reformular o cronograma das observações e entrevistas, tanto no EF quanto no EM.
Data: 26/05
Sala: 1º B - Educação Física
Hora: 10:20
Total de alunos: 35
Sala no piso superior, todas as luzes acesas, janelas abertas, com incidência de sol
sobre os alunos das fileiras próximas a janela.
Tem aproximadamente 35 alunos presentes.
No início da aula as carteiras estão dispostas em fileiras, a professora pediu que
formassem grupos, o espaço da sala foi suficiente.
Os ventiladores estavam desligados. Notam-se alunos com as mais diversas formas
físicas (uns muito pequenos, outros enormes)
Às 11 horas, as janelas do fundo foram fechadas por conta da claridade.
A professora trabalhou com alpiste no final da aula, a sala estava bem suja, então a
professora pediu que os alunos varressem a sala, e o pó tomou conta do ar.
114
Data: 26/05
Sala: 3º B - Sociologia
Hora: 11:10
Total de alunos: 31
Os alunos estavam na sala de projeções assistindo a um filme com o professor
substituto. Todas as luzes estavam desligadas e um ventilador (o único da sala)
estava ligado.
Diferente das salas de aula, essa tem três fontes de iluminação (janelas no teto),
mas todas estavam fechadas.
O cheiro de chulé está forte e de axila também, mas olhei no horário e não tiveram
Educação Física antes.
31 alunos presente, um usa óculos. Três alunos dormindo no chão no fundo da sala.
As cadeiras desta sala são diferentes das cadeiras da sala de aula (são de plástico).
Muitos alunos sonolentos.
Quase não se ouve ruídos externos.
Na parede da sala há três cartazes de filmes: Regras do jogo, Zorro, Traffic e
grandes armários na parede do fundo.
A sala possui TV, DVD, aparelho de som, data show pendurado e lousa.
Data: 27/05/2008
Sala: 1º A - Matemática
Hora: 7:30
Total de alunos: 32
As luzes estão acesas, e a luminária da direita, bem acima da lousa está queimada.
Os ventiladores estão desligados e todas as janelas abertas, mas não há incidência
direta de luz solar nos alunos. Os alunos estão dispostos em duplas, grupos e fileira,
o professor passou exercícios do livro e permitiu que fizessem juntos. Não se notava
muito barulho externo a sala, já que os alunos estavam conversando, mas a medida
que a sala foi ficando em silencio, logo se ouviu os gritos e assovios vindos da
quadre esportiva que fica bem ao lado da sala.
Dois alunos usam óculos.
115
Carteiras velhas e novas e de tipos diferentes.
Data: 27/05
Sala 3º A - Física
Hora: 8:20
Total de alunos: 28
Na verdade pelo cronograma apresentado a coordenação, eu assistiria aula no 2º A
de química, as estavam em prova. (Esse é outro problema, pois elas não sabem
quando é que os professores marcam provas e elas não querem que eu acompanhe
as salas com prova).
Então fui assistir à aula de Física no 3º A. Eles estavam em sala diferente da que
eles assistem aula, porque as luzes da sala não estavam acendendo.
Nessa sala que eles estão, todas as luzes estão acesas, janelas abertas e
ventiladores desligados.
Carteiras dispostas em fileiras.
Mesmo com janelas abertas, não já luz incidindo diretamente nos alunos da lateral.
Sala ao lado da quadra esportiva, com barulhos de gritos e assovios que podem ser
ouvidos nitidamente dentro da sala de aula.
Sala empoeirada, duas alunas tossindo e eu espirrei algumas vezes (eu estava
sentada no fundo ao lado da parede).
A professora usou bastante a lousa, estava cheio de pó de giz nas mãos e coçou o
olho várias vezes.
Vários alunos reclamando que a professora usa a lousa até em baixo e que no fundo
eles não conseguem enxergar.
Data: 28/05
Hora: 10:00
Intervalo: Os alunos se apropriam dos mais variados espaços da escola, as escadas
são atrativas para conversas em grupo e paqueras.
Os espaços destinados a isso também são utilizados, mesinhas próximas ao
corredor e perto das árvores, a quadra, o coreto.
116
Estava programado para eu assistir as duas últimas aulas no Ensino Médio (Filosofia
com a 2ªB e de Português com 2ªA), mas o 2ª A foi dispensado, pois o professor
faltou. Então foi transferido para amanhã esta observação. Todas as luzes dos
corredores acesas.
Data: 28/05
Sala: 2º.B - Filosofia
Hora: 10:20
Total de alunos: 34
A sala próxima à quadra, janela perto da lousa fechada, janelas do meio e do fundo
abertas sem incidência direta de luz sobre os alunos da fileira lateral.
Sala está com pó e papel e próximo a lousa pó de giz no chão.
Luzes acesas e ventilador a frente ligado, carteiras dispostas em fileiras. Um aluno
usa óculos. Dois alunos dormindo. Dois alunos escrevendo na carteira. Carteiras de
diferentes modelos. Barulho externo no pátio.
Data: 29/05
Hora: 8:50
Cheguei na escola para assistir a terceira aula na 7ª.B de Artes. Hoje choveu e a
temperatura caiu, o tempo está nublado e hoje as luzes do corredor do Ensino
Fundamental estão desligadas. Perguntei para as inspetoras e elas não souberam
informar o porquê. Disseram que na terça (27.05) ficaram sem energia por conta de
transformadores queimados na Universidade. Mas uma das inspetoras disse que
nem tinha reparado que as luzes não estavam acesas.
Data: 29/05
Sala 7ª.A
Hora: 9:10
Total de alunos: 30
A sala tinha estagiário, mas a professora liberou que eu assistisse à aula.
117
Janelas abertas, luzes acesas e ventiladores desligados. A professora disse que o
barulho de conversa na sala estava deixando ela com dor de cabeça.
Um aluno pediu para trocar de carteira, porque ela estava cheia de chiclete e que o
material fica caindo.
Carteiras dispostas em fileiras, sala limpa, piso de azulejo.
A professora estava trabalhando rock e deixou o som ligado.
A sala faz lateral com a entrada principal.
Dois alunos usam óculos.
Os alunos maiores sentados nas carteiras do fundo.
Alunos reclamando que a professora escreve até embaixo na lousa e eles não
conseguem enxergar.
Intervalo: Hoje no bloco do E.M. um grupo de alunos se reuniu na escada para
tocarem violão. Os alunos estão na quadra, na cantina e no refeitório lugares
fechados, alguns poucos estão no pátio e no corredor porque esfriou bem.
Data: 29/05
Sala: 8ª.A (Português)
Hora:10:20
Total de alunos: 33
Luzes ligadas, ventiladores desligados, janelas abertas.
Essa sala faz lateral com o pátio e com a quadra.
Sala bem cheia de alunos, 30 alunos presentes e havia apenas uma cadeira
sobrando, a cadeira que eu sentei, não via a planta arquitetônica, mas dá impressão
que essa sala é menor que as outras.
A sala tem nas paredes o alfabeto, tabuadas.
Durante a aula de Português, alunos de outra sala vieram para quadra para fazer
Educação Física. Como a janela permite a visão para o pátio os alunos da 8ª. A
ficaram rindo e olhando para fora.
Um aluno usa óculos.
Às 10h45min começou o barulho de alunos jogando futebol na quadra. A sala tem
piso de azulejo, parece limpa, mas tem papéis no chão.
Carteiras dispostas em fileiras.
118
Data: 29/05
Sala: 2ª.A (História)
Hora: 11:10
Total de alunos: 33
Os alunos estão em prova, já estão terminando, pois começou na aula anterior.
Luzes acesas, janelas abertas e ventiladores desligados.
Carteiras dispostas em fileiras.
Alunos fecharam a porta da sala por causa do barulho das outras salas.
O ventilador do fundo foi ligado às 11h26min.
Alunos reclamando que o professor escreve muito embaixo na lousa.
O professor pediu que fosse desligado o ventilador para que ele pudesse explicar.
Sala com terra e papel no chão.
A sala é no piso superior e faz lateral com o corredor da entrada e pátio.
Sala com mais carteiras velhas do que novas.
Dois alunos usam óculos.
Primeiras carteiras bem próximas à lousa.
O barulho no pátio está atrapalhando a explicação do professor (que fala baixo).
Começou a chover forte, os alunos das fileiras próximas às janelas fecharam-nas.
Data: 16/06
Hora: 7:30
Os alunos da 7ª A ficaram de trazer os termos assinados, mas só uma aluna trouxe,
então vou fazer a entrevista com ela e volto amanhã para fazer a última.
Data: 17/06
Hora:11:00
Hoje terminei as entrevistas, achei a última bem interessante. No geral, os alunos
ficaram bem à vontade para responder a entrevista, acho que as observações em
sala e minha presença na escola os deixaram bem à vontade.
Senti em algumas entrevistas que eles precisavam contar as “coisas” da escola para
alguém e não tiveram medo de me falar.
119
Engraçado que senti isso também em alguns professores principalmente o professor
de Ed. Física, quando pedi permissão para bater as fotos do ginásio ele disse: Por
quê? Vão arrumar? Nossa eu já pedi que arrumassem várias vezes...
Bom lembrar que a biblioteca tem um espaço, como se fosse uma varanda, pois
conversando com a bibliotecária, descobri que a biblioteca também era para estar a
serviço da comunidade externa. Só que as portas ficam fechadas e esse espaço só
pode ser visto da janela.
120
Anexo VII - Fotos da Escola
Figura 17 – Vista externa do bloco do Ensino Fundamental (Fotografia: Mariana Bertanha
Biava – 23/06/2008).
121
Figura 18 - Vista externa de parte do Bloco do Ensino Médio (Fotografia: Mariana Bertanha
Biava – 23/06/2008).
Figura 19 - Banheiro do Ensino Médio (Fotografia: Mariana Bertanha Biava - 23/06/08).
122
Figura 20 - Banheiro do Ensino Fundamental (Fotografia: Mariana Bertanha Biava 23/06/08).
Figura 21 - Pátio: espaço entre o ginásio e o bloco de salas do ensino médio, alunos no
intervalo (Fotografia: Mariana Bertanha Biava – 23/06/08).
123
Figura 22 - Mesinhas com bancos no corredor que une os blocos do Ensino Médio e Ensino
Fundamental (Fotografia: Mariana Bertanha Biava – 24/06/08).
Figura 23 – Pátio com grama, ao fundo no piso superior salas do Ensino Médio e abaixo, a
cantina (Fotografia: Mariana Bertanha Biava – 24/06/08).
124
Figura 24 – Alunos no pátio no momento do intervalo improvisando brincadeira com garra
pet (Fotografia: Mariana Bertanha Biava – 24/06/08).
Figura 25 - Pátio: corredor que liga os blocos do Ensino Fundamental e Ensino Médio no
momento do intervalo (Fotografia: Mariana Bertanha Biava – 23/06/08).
125
Figura 26 - Pátio das salas do Ensino Fundamental: as portas das salas se abrem para esse
espaço (Fotografia: Mariana Bertanha Biava – 23/06/08).
Figura 27 - Quadra de esportes do CAP (Fotografia: Mariana Bertanha Biava – 24/06/2008).
126
Figura 28 - Biblioteca do CAP (Fotografia: Mariana Bertanha Biava – 23/06/08).
Figura 29 – Cantina do CAP (Fotografia: Mariana Bertanha Biava – 23/06/08).
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Figura 30 – Refeitório do CAP (Fotografia: Mariana Bertanha Biava – 23/06/08).
Figura 31 - Sala de Informática do CAP (Fotografia: Mariana Bertanha Biava – 23/06/08).
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espaço escolar como ambiente de saúde e ensino no discurso de