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“Estamos ‘fumando’ (emitindo gases que contribuem
para o efeito estufa) há 250 anos, e agora temos
‘câncer de pulmão’ (aquecimento global).”
ROBERT STROM, EM HOT HOUSE: GLOBAL CLIMATE
CHANGE AND THE HUMAN CONDITION (ESTUFA:
MUDANÇA CLIMÁTICA GLOBAL E A CONDIÇÃO HUMANA)
“As conseqüências das mudanças climáticas
vão depender da maneira como os impactos físicos
interagirem com os fatores socioeconômicos.
O movimento e o crescimento das populações vão
exacerbar o impacto ao aumentar a exposição da
sociedade à exaustão do meio ambiente e ao reduzir a
quantidade de recursos disponíveis por pessoa.”
O RELATÓRIO STERN
“A mensagem assustadora de Stern sobre o impacto
das mudanças climáticas na economia adverte que
está na hora de sairmos das discussões sobre
estatísticas e passarmos para as ações drásticas
em nível internacional. Mesmo se Stern
estiver apenas parcialmente certo,
as conseqüências da inércia serão tão terríveis
que não se pode nem contemplar essa hipótese.”
THE GUARDIAN
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“Não há passageiros na Espaçonave Terra. Somos
todos tripulantes.”
MARSHALL MCLUHAN
“Precisamos fazer da salvação do meio ambiente
o princípio central da organização da nossa civilização.
O meio ambiente é muito mais do que uma posição
política para mim – é uma obrigação moral profunda.
Temos apenas uma Terra. Se não a
mantivermos saudável e segura, todos
os outros legados que deixarmos para os
nossos filhos serão insignificantes.”
AL GORE, VENCEDOR DO PRÊMIO NOBEL DA PAZ DE 2007
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COMO TORNAR SUA EMPRESA
ECOLOGICAMENTE
RESPONSÁVEL
24 lições para superar os desafios
do aquecimento global
Nick Dallas
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NOÇÕES DE MUDANÇA
CLIMÁTICA
Se houvesse um boletim escolar da Humanidade relativo à segunda metade do século XX, ele provavelmente traria boas notas, com
possibilidades de melhorar em algumas disciplinas, especialmente
em “Justiça Social”. Apesar da ameaça de holocausto nuclear por
causa do duelo das superpotências, não houve nenhuma Grande
Guerra. Embora tenham ocorrido numerosos conflitos militares
locais e regionais, muitas vezes de longa duração, eles sempre foram
limitados a determinadas esferas geográficas. Significativas descobertas tecnológicas, médicas e científicas prepararam o terreno para
avanços econômicos que trouxeram incrementos substanciais ao
bem-estar material e à expectativa de vida de milhões de pessoas.
Esse progresso, embora restrito – uma vez que nos países em
desenvolvimento muita gente ainda vive em estado de quase indigência –, está sob ameaça de ser anulado na primeira metade do
século XXI. O risco emergente de mudança climática e as conseqüências a ela associadas podem acabar com tudo o que a
Humanidade conquistou. Se a mudança climática, provocada
pelos altos níveis de dióxido de carbono na atmosfera, acontecer
ainda neste século, os resultados serão catastróficos e conheceremos alguns dos cenários mais inóspitos e extremos.
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COLEÇÃO DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL
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Essa mudança afetará a disponibilidade de terras e a distribuição de recursos, além de destruir ecossistemas. Escassez de alimentos, extinção acelerada de determinadas espécies, dificuldades
no acesso à água potável e ao fornecimento de energia serão mais
freqüentes à medida que a capacidade populacional do planeta for
comprometida. É provável que os conflitos humanos e desentendimentos decorrentes dessas pressões competitivas causem mais
perdas de vidas e de formas de sustento do que os impactos climáticos em si.
Este livro apresenta noções básicas dos aspectos fundamentais
da mudança climática. Esperamos que ele funcione como uma
plataforma para que o debate evolua. É imperativo que todos os
cidadãos do mundo se interessem pelas discussões e se mantenham informados. O conhecimento e a consciência das questões
ligadas à mudança climática irão não só moldar nossas ações
como também determinar nossas respostas às políticas governamentais formuladas para lidar com o maior desafio da
Humanidade neste século.
Mudança climática ou aquecimento
g l o b a l – q u a l é a d i f e re n ç a ?
Se o clima está sempre mudando – o que até certo ponto é
natural –, quando isso se torna preocupante e entra para perigosa
categoria da “mudança climática”? Mudança climática é qualquer
alteração substancial nas medições do clima (temperatura, precipitação, vento ou outras variáveis) que dura por um período
longo (uma década ou mais) e ocorre por causa de processos
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naturais ou das atividades humanas. Em geral essa expressão é
usada especificamente para o segundo caso.
O termo “aquecimento global” serve para descrever o aumento
médio da temperatura da atmosfera próxima à superfície da
Terra, que também pode ocorrer por causas naturais ou pelas
ações do homem. Portanto, aquecimento global é um aumento na
temperatura, ao passo que mudança climática é um conceito mais
amplo e indica que estão ocorrendo outras variações além do
aumento da temperatura. O consenso científico diz que ambos
levam às mesmas terríveis conseqüências.
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COLEÇÃO DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL
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O QUE É AQUECIMENTO
GLOBAL?
Conforme a Terra é atingida pelos raios solares, a superfície do
planeta emite de volta ao espaço uma radiação infravermelha de
ondas longas. No entanto, parte dessa radiação é retida pelos gases
do efeito estufa na atmosfera, causando um aquecimento. Sem
esse fenômeno natural, não haveria vida na Terra.
Embora haja muitos gases diferentes na atmosfera, ela é composta, em sua maior parte, por nitrogênio e oxigênio. Os menos
abundantes, conhecidos como “gases do efeito estufa”, são essenciais para que o equilíbrio da temperatura seja mantido. Apesar de
representarem menos de 1% da atmosfera terrestre, os gases do
efeito estufa que surgem naturalmente – sobretudo o dióxido de
carbono, o vapor d’água, o ozônio, o metano e o óxido nitroso –
são os principais responsáveis pela manutenção do calor. Desses, os
dois mais importantes são o dióxido de carbono (CO2) ou gás carbônico, que compõe entre 0,03% e 0,04% da atmosfera, e o vapor
d’água. A ausência deles anularia o mecanismo atual do efeito estufa e deixaria a Terra com uma temperatura média de -20°C.
Entretanto, aumentos substanciais dos gases do efeito estufa
na atmosfera – especialmente o CO2 – resultam no fenômeno
chamado de aquecimento global. Essas concentrações maiores de
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gases ocorrem como resultado da queima de combustíveis fósseis
e do desmatamento, atividades exercidas pelo homem, e elevam as
temperaturas e o nível dos mares.
Um relatório publicado pelo IPPC (Intergovernmental Panel
on Climate Change), ou Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas, afirma existirem provas de que, ao longo
do século XX, o nível dos mares subiu por volta de 20cm e as temperaturas globais médias, cerca de 0,6°C. O IPCC ainda prevê que,
se a quantidade de gases do efeito estufa na atmosfera continuar a
crescer, a elevação das temperaturas e do nível dos mares será
acompanhada por padrões climáticos menos previsíveis. Eventos
extremos, como inundações, secas e tempestades, deverão acontecer com maior intensidade.
“No mundo inteiro, em todos os tipos de ecossistema
conhecido pelo homem, padrões climáticos cada vez
mais perigosos estão pondo fim ao longo debate a respeito da existência da mudança climática. Ela não só é
real como está aqui e seus efeitos estão possibilitando
o surgimento de um novo e assustador fenômeno global: o desastre natural produzido pelo homem.”
BARACK OBAMA, PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS, EM
PRONUNCIAMENTO NA ÉPOCA EM QUE ERA SENADOR
“Estamos usando este planeta
como se tivéssemos outro à disposição.”
TERRI SWEARINGEN, VENCEDORA
DO PRÊMIO AMBIENTAL GOLDMAN DE 1997
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EXISTEM OUTROS GASES
NA ATMOSFERA
A IMPORTÂNCIA DOS
GASES CAUSADORES DO
EFEITO ESTUFA
Embora o vapor d’água seja considerado o mais importante gás
na regulação do efeito estufa, sua concentração na atmosfera não
está mudando como conseqüência direta das atividades humanas.
Por isso, ele não tem o mesmo peso que outros gases no debate da
mudança climática. O foco tem sido sobretudo o dióxido de carbono, o metano, o óxido nitroso, o ozônio e os clorofluorcarbonetos (CFCs).
A importância dos gases do efeito estufa está em suas propriedades de absorção e emissão de radiação, que criam um escudo
protetor na atmosfera. Ao tratarem desse assunto, os cientistas climáticos usam freqüentemente os termos “forçamento radioativo”
e “potencial de aquecimento global” (GWP, na sigla em inglês).
O forçamento radioativo é uma medida para descrever até que
ponto um gás pode alterar o equilíbrio de entrada e saída de energia da atmosfera. Quando ele é positivo, como no caso dos gases
do efeito estufa, o gás tem um efeito aquecedor na atmosfera. O
GWP é um fator que reflete as propriedades de forçamento radioativo de qualquer gás, no qual o CO2 é a referência e por isso recebe o valor de um. Os gases comuns do efeito estufa têm GWPs
maiores que o do CO2. No entanto, este gás tem o maior efeito de
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forçamento radioativo (capacidade de aquecer). Uma única molécula de CO2 não tem a mesma capacidade de aquecer a atmosfera
que uma molécula de outros gases do efeito estufa, mas sua potência de forçamento radioativo deriva de sua abundância e longevidade (sua vida atmosférica varia entre 50 e 200 anos).
Depois do dióxido de carbono, é o metano que fornece a maior
contribuição para o aquecimento global. Embora sua vida atmosférica seja de apenas 12 anos, seu potencial de aquecimento é 20
vezes maior que o do CO2. O metano é emitido naturalmente por
muitas fontes, mas também é gerado por atividades humanas,
como o uso do gás natural, os aterros sanitários, o cultivo de arroz
e a pecuária. Quantidades enormes estão presas nos sedimentos
em águas profundas e nos solos permanentemente congelados.
Teme-se que o aquecimento dos oceanos (eles são sumidouros ou
poços de carbono, reservatórios que absorvem o CO2 da atmosfera, como as florestas, os solos e a turfa) e o derretimento das geleiras tenham o potencial de liberar esses imensos depósitos de
metano, exacerbando a mudança climática.
“Nosso planeta seria praticamente
inabitável se não fosse o papel regulador
de calor dos gases do efeito estufa.”
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POR QUE NÃO O METANO?
O FOCO ESTÁ NO DIÓXIDO
DE CARBONO
Por que o debate da mudança climática se concentra no papel
do dióxido de carbono? O estudo de climas do passado revelou
uma relação próxima entre os níveis de CO2 na atmosfera e o
clima global.
Cientistas já escavaram mais de três quilômetros sob a superfície
da Terra, colhendo amostras dos núcleos das geleiras da Groenlândia e da Antártica. A composição gasosa do ar das bolhas capturadas nesse “gelo antigo” pode revelar a composição da atmosfera
no passado. Exames mais profundos de isótopos de oxigênio e hidrogênio presentes nas amostras das geleiras podem fornecer estimativas da temperatura sob a qual o gelo se formou.
O dióxido de carbono, um dos gases do efeito estufa mais abundantes, está sob os holofotes por causa de sua longevidade atmosférica e porque seus níveis têm crescido de forma alarmante desde
a Revolução Industrial, no século XVIII. Os níveis pré-industriais
estavam em 280ppm (partes por milhão); os atuais estão em mais
de 370ppm. Estima-se que 70% do aumento do efeito estufa se
deva à maior concentração de CO2. Isso representa um aumento
de mais de 30% – ou 160 bilhões de toneladas de CO2 – atribuído
em sua maior parte à queima de combustíveis fósseis. As ativida-
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des humanas têm sido as maiores responsáveis por essa elevação
da concentração do CO2 na atmosfera nas últimas centenas de anos.
As quantidades cada vez maiores de CO2 lançadas na atmosfera, combinadas com sua longa vida atmosférica, aceleraram o
aquecimento global. As condições climáticas em Vênus podem
ser, de certa forma, comparadas ao resultado de um efeito estufa
fora de controle. Vênus tem uma temperatura de mais de 400°C
na superfície, e 96% do volume de sua atmosfera é composto de
CO2. A vantagem da Terra é que ela tem sumidouros de carbono
(oceanos, solos, vegetação, etc.), que absorvem esse gás. Os sumidouros, porém, não têm capacidade ilimitada e podem alcançar
níveis de saturação. Tudo isso torna ainda mais urgente a necessidade de se reduzirem as emissões de CO2.
“Entre as funções do dióxido de carbono essenciais
à vida estão seu papel na fotossíntese e
na regulação do efeito estufa. O aquecimento global,
provocado pelo aumento dos níveis desse gás,
irá distorcer essas duas funções a longo prazo.”
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A MUDANÇA CLIMÁTICA INDEPENDE
DAS ATIVIDADES HUMANAS
AS ATIVIDADES HUMANAS
AFETAM O CLIMA
A mudança climática, um assunto multidisciplinar, cercado de
controvérsia e ligado a uma série de questões delicadas, já teve sua
cota de céticos nas comunidades política, científica e empresarial.
Agora, as divergências não dizem mais respeito aos níveis crescentes de dióxido de carbono. Desde a industrialização, os níveis
desse gás vêm crescendo de forma gradual, e isso pode ser facilmente medido. A polêmica está em saber se o homem é o responsável pelo aquecimento global.
As mudanças climáticas resultam de mecanismos de forçamento internos e externos. Alterações nos níveis atmosféricos
de CO2 causadas pelas atividades humanas, que têm impacto
no efeito estufa, são um exemplo de mecanismo de forçamento interno, ao passo que as manchas solares e as alterações na
órbita terrestre ao redor do Sol são exemplos de mecanismos de
forçamento externos. Avaliar separadamente e com precisão
quais as contribuições de cada um não é uma tarefa fácil, e é
aí que nasce a controvérsia. Além disso, se o aquecimento global provoca mudanças climáticas, será que os mecanismos
externos ou a própria natureza teriam um meio de neutralizar
esses efeitos?
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Como se separa o aquecimento global da variabilidade natural
do clima? Verificar a relação entre as atividades humanas e a mudança climática é extremamente complexo, pois esta envolve muitos
fatores, com tempos de resposta diferentes. É possível que os cientistas jamais consigam quantificar cada uma das forças que influenciam o clima, mas eles estão fazendo tudo o que podem para
melhorar seus modelos de análises e considerar o máximo de fatores. Muitos aspectos das interações e dinâmicas das mudanças climáticas ainda não são bem compreendidos e requerem pesquisas
mais aprofundadas (a influência das nuvens, por exemplo).
Boa parte do trabalho científico sobre mudanças climáticas é
realizada por meio de simulações virtuais da física dos climas. Já
foram desenvolvidos modelos muito sofisticados, que continuam
sendo aperfeiçoados, para simular condições climáticas ao longo
de períodos extensos. A calibração dos modelos é realizada com os
dados de climas do passado, comparando-se estes modelos com o
que aconteceu naqueles anos. Depois da calibração, é possível prever condições climáticas para os próximos 20, 50 ou 100 anos.
A partir do estudo de amostras dos núcleos das geleiras, dos
movimentos glaciais, dos anéis de crescimento das árvores, da
vegetação e das modificações nos níveis dos mares, é possível chegar a diversas conclusões a respeito das mudanças climáticas ao
longo do tempo. A maior parte das evidências que associam as atividades humanas às mudanças é, portanto, indireta e deduzida
por meio de alterações em indicadores que refletem o clima.
Apesar de algumas lacunas no conhecimento de determinadas
áreas, ao concentrar a pesquisa na reconstrução de climas do passado, a comunidade científica desenvolveu um consenso aterrador,
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segundo o qual o aquecimento global já está acontecendo e, definitivamente, é causado pelo homem.
“Estamos danificando a atmosfera, da qual
depende toda a vida. No fim dos anos 1980,
quando comecei a levar a sério a mudança climática,
falávamos do aquecimento global como uma ‘catástrofe
em câmera lenta’, que imaginávamos que aconteceria
algumas gerações depois. Em vez disso, os sinais
de mudança se aceleraram de maneira alarmante.
Estamos jogando roleta-russa com aspectos
da atmosfera do planeta que terão um impacto
profundo nas próximas gerações. Até quando?”
DAVID SUZUKI, AMBIENTALISTA CANADENSE
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A RELAÇÃO É BEM CONHECIDA
A RELAÇÃO AINDA
NÃO FOI TOTALMENTE
COMPREENDIDA
O que mais preocupa na mudança climática é o fato de os cientistas não saberem exatamente como o sistema climático da Terra reagirá ao aquecimento global. Eles podem apenas especular e simular
situações. Supondo que os níveis crescentes de dióxido de carbono
sejam o principal mecanismo de forçamento, de que maneira as
temperaturas médias globais subirão? A relação é linear? Ou seja, um
aumento gradual em um fator gera um aumento gradual no outro?
Por outro lado, a reação poderia ser abafada se um sistema amortecedor natural entrasse em ação, fazendo com que os níveis crescentes de CO2 tivessem um impacto limitado nas temperaturas globais. Este é um argumento sustentado por muitos céticos: o poder
de adaptação da natureza, que constantemente se ajusta e estabelece novos pontos de estabilidade. A natureza pode muito bem se
colocar em uma nova posição de equilíbrio, mas os seres humanos
e outras formas de vida conseguirão suportar isso? Além do mais, a
reação climática inicial pode ser atenuada, mas isso poderia constituir um estágio inativo, depois do qual uma resposta não-linear surgiria de repente, elevando rapidamente as temperaturas.
Outra situação possível é a da reação do limiar. Inicialmente,
tem-se uma resposta leve ao CO2, até que é atingido um limiar crí-
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tico, ou ponto da virada. A temperatura, então, aumenta abruptamente, estabilizando-se em um nível muito mais alto. É um cenário perigosíssimo. Um aumento de 5°C teria um efeito devastador
em nosso planeta. Estudos de climas do passado já mostraram que
uma mudança de mais de 5°C pode acontecer dentro de décadas,
o que é um período mínimo no contexto do tempo geológico. Um
cenário tão cataclísmico é difícil de ser simulado. Até a natureza
das correntes marinhas pode ser afetada, distorcendo totalmente
os padrões climáticos do planeta. O filme O dia depois de amanhã
dá uma perspectiva dramatizada dessa situação.
Talvez seja uma boa idéia nos prepararmos para cenários devastadores. Alguns estudos recentes indicaram que o clima na Terra
pode ser mais sensível aos gases do efeito estufa do que se pensava anteriormente, por causa da existência de mecanismos que
ampliam a reação a esse efeito. Isso significa que os impactos previstos para acontecer mais tarde neste século devem acontecer
mais cedo. Com um futuro tão incerto, ações e intervenções imediatas são a resposta mais adequada.
“O registro do paleoclima adverte: longe de se autoestabilizar, o clima na Terra é um monstro irritadiço, que
reage de forma exagerada aos menores incômodos.”
WALLACE BROECKER, CIENTISTA CLIMÁTICO, 1995
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APENAS MAIS UMA SIGLA
IPCC
Em 1988, dois órgãos das Nações Unidas, a Organização Meteorológica Mundial e o Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente, estabeleceram o Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas (IPCC) para avaliar o risco desse fenômeno.
O IPCC não realiza pesquisas nem monitora fenômenos relacionados ao clima: sua atividade principal é publicar relatórios especiais
sobre questões relevantes para a implementação da ConvençãoQuadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. O Protocolo
de Kyoto é fruto desse processo.
Artigos científicos revisados por especialistas formam a base
dos relatórios do IPCC. Seu maior objetivo é divulgar informações essenciais às seguintes questões:
1. A mudança climática como resultado de atividades humanas;
2. Os impactos da mudança climática resultante de atividades
humanas;
3. Opções para adaptação e atenuação.
O IPCC é formado por três grupos de trabalho, e cada um
cuida de uma das áreas mencionadas acima. Ele também conta
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com uma grande força-tarefa responsável pelo cálculo do volume
de gases do efeito estufa produzido por cada país. Os boletins do
IPCC atraem muita atenção da mídia. Algumas das conclusões
do quarto relatório, publicado no início de 2007, são:
• O aquecimento do sistema climático é inequívoco.
• A probabilidade de esse aquecimento ser causado apenas por
processos climáticos naturais é menor que 5%.
Mais de 400 especialistas de mais de 120 países estão envolvidos
na redação e finalização dos relatórios, enquanto outros 2.500
participam do processo de revisão técnica. Em outubro de 2007, o
IPCC recebeu o Prêmio Nobel da Paz, juntamente com Al Gore,
por seus esforços no sentido de promover o conhecimento a respeito da mudança climática.
“Apesar dos impedimentos gerados por sua
estrutura confusa, das repetidas rodadas de geração
de relatórios, das consultas extensas demais
a governos e especialistas, o IPCC conseguiu produzir
alertas inequívocos a respeito dos perigos da mudança
climática e da necessidade de ação urgente.”
WIKIPÉDIA
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