Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Gestão de Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos Proposta de Modelo Integrado de Operação Dissertação de Mestrado em Engenharia do Ambiente Diogo André dos Santos Orientador: Professor Doutor Carlos Afonso Teixeira Vila Real, Março de 2014 Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Gestão de Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos Proposta de Modelo Integrado de Operação Dissertação de Mestrado em Engenharia do Ambiente Diogo André dos Santos Orientador: Professor Doutor Carlos Afonso Teixeira Composição do Júri: Vila Real, 2014 iv Dissertação de Mestrado em Engenharia do Ambiente, apresentada na Escola de Ciências da Vida e Ambiente da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, realizada sob a orientação do Professor Dr. Carlos Afonso Teixeira, Professor Auxiliar do Departamento Biologia e Ambiente em conformidade com o Decreto-Lei n.º 216/92 de 13 de Outubro. As doutrinas apresentadas são da exclusiva responsabilidade do autor. v vi Agradecimentos Após mais uma importante jornada da minha vida, gostaria de enunciar algumas das pessoas que de alguma forma me apoiaram e auxiliaram na minha formação intelectual, pessoal e académica. Ao Professor Engenheiro Carlos Afonso Teixeira, um obrigado por ter aceite ser meu orientador e pelo apoio constante tanto neste estudo mas em toda a jornada académica, ajudando-me a evoluir neste processo de aprendizagem. A todos os excelentes Docentes que me acompanharam ao longo de todo o percurso escolar e académico, que me legaram ferramentas e valores para evoluir como pessoa e profissional. A todos os meus colegas da licenciatura e mestrado do curso de Engenharia do Ambiente pela entreajuda. À Juliana, um agradecimento especial pelo amor e pela paciência, pelo apoio constante nos momentos menos bons e pelo dom de me fazer feliz. Aos meus pais, fazem e farão tudo por mim e me apoiaram ao longo da vida. São os meus exemplos de vida. Ao Rúben e ao Fábio, os melhores irmãos do mundo, que me ensinaram o significado da partilha e altruísmo. Aos meus futuros sogros, que são uns segundos pais para mim. Ao resto da minha família, que de uma maneira ou outra, sempre me apoiou. Por fim aos meus amigos João, Bea, Toni, Nita, Bruno, Cristiana e Margarida por me terem dado a conhecer a verdadeira amizade vii viii Resumo Os Resíduos Elétricos e Eletrónicos (REEE) possuem uma enorme fonte de recursos secundários (por exemplo, ouro ou prata), capazes de gerar valor acrescentado para os sistemas de gestão deste fluxo de resíduos. Assim, a aposta em novas metodologias e ferramentas de gestão capazes de maximizar quer a eficácia quer a eficiência dos sistemas integrados de gestão assumem valor inestimável. Neste contexto o âmbito do presente trabalho visa a elaboração de um Modelo Integrado de Gestão de REEE capaz de otimizar os sistemas de gestão integrada e permitindo colaborar nas fases de tomada de decisão, na gestão e monitorização da operação. Para o efeito considera como pressupostos relevantes na análise e gestão integrada dos REEE a produção, o consumo de combustível, a alocação de recursos humanos, o consumo de energia, o desempenho ambiental, a valorização de materiais e componentes, a eliminação de resíduos, os custos operacionais e de contexto. O Modelo Integrado de Gestão de REEE proposto é suportado por um sistema de indicadores que permitem a avaliação individual do desempenho dos sistemas e, simultaneamente, a comparação dos resultados entre sistemas e regiões. O sistema de indicadores do Modelo agrupa os indicadores em três grupos distintos: i) os Indicadores Operacionais (Tempos de Distâncias de Recolha, Consumo de Combustível, Consumo de Energia Elétrica, Produtividade dos Colaboradores, Adequação dos Equipamentos de Deposição); ii) Indicadores Económico-Financeiros (como rentabilidade económica, balanço económico e custo unitário) e iii) Indicador Ambiental (Potencial de Efeito de Estufa). O Modelo proposto é suportado por uma aplicação informática em Excel®, designada por MGEAS-R3E, que agiliza todo o sistema de indicadores de desempenho. O MGEAS-R3E obedece ao princípio do “baixo custo e simplicidade de operação” uma vez que foi pensada e estruturada para o seu uso exigir baixos níveis de complexidade funcional. Palavras-Chave: Resíduos; Equipamentos Elétricos e Eletrónicos; Sistema Integrado de Gestão; Indicadores de Desempenho; Avaliação de Desempenho. ix x Abstract Waste Electrical and Electronic Equipment (WEEE) are a huge source for secondary raw materials (e.g. gold, silver, copper) and add value to the waste stream management systems. Thus, the investment in new methodologies and management tools that are able to maximize to either effectiveness or efficiency of integrated management systems are priceless. In this context, the aim of this paper is the development of an WEEE Management Integrated Model able to optimize integrated management systems and allow to cooperate in stages of decision making, management and monitoring of the operation. For this propose are considered as relevant assumptions on the analysis and WEEE integrated management, the production, energy consumption, allocation of human resources, environmental performance, material and component valorization, waste disposal and finally operational and context costs. The proposed WEEE Management Integrated Model is supported by an indicator system that allows the systems performance individual evaluation and simultaneously the comparison of results between systems and regions. The indicator system of the model groups the indicators into three distinct groups: i) Operational Indicators (Collection Times and Distances, Fuel Consumption, Electricity Consumption, Employee Productivity and Adequacy of Disposal Equipments); ii) Economic Indicators (such as economic profitability, economic balance and unit cost) and iii) Environmental Indicator (Potential Global-Warming). The proposed Model is supported by an app in Excel®, called by MGEAS-R3E, which streamlines all the performance of the indicators system. MGEAS-R3E obeys the “low cost and simplicity of operation” principle, since it was designed and structured for its use to require low levels of functional complexity. Keywords: Waste; Electrical and Electronic Equipment; Integrated Management System; Performance Indicators; Performance Evaluation. xi xii Sumário 1. 2. 3. Introdução..................................................................................................................... 1 1.1. Enquadramento..................................................................................................................... 1 1.2. Relevância ............................................................................................................................. 3 1.3. Âmbito e Objetivos ............................................................................................................... 4 1.4. Abordagem Metodológica ................................................................................................... 5 1.5. Planeamento e Cronograma ............................................................................................... 6 1.6. Estrutura da Dissertação ..................................................................................................... 6 Estado da Arte .............................................................................................................. 9 2.1. Evolução das Políticas sobre Resíduos ............................................................................ 9 2.2. Gestão de Resíduos........................................................................................................... 10 2.2.1. Principais Etapas da Gestão de Resíduos ............................................................. 11 2.2.2. Hierarquia da Gestão de Resíduos.......................................................................... 12 2.3. Caracterização de Resíduos............................................................................................. 13 2.4. Produção e Tipologia de Resíduos .................................................................................. 14 2.5. Fluxos Específicos de Resíduos ...................................................................................... 15 2.6. Equipamentos Elétricos e Eletrónicos ............................................................................. 16 2.6.1. Legislação em Matéria de REEE ............................................................................. 17 2.6.2. Composição Material dos REEE .............................................................................. 23 2.6.3. Enquadramento Macroeconómico Português ........................................................ 29 2.6.4. Produção de EEE e REEE ........................................................................................ 30 2.6.5. Recolha de REEE ....................................................................................................... 34 2.6.6. Gestão Global de REEE ............................................................................................ 38 2.6.7. Entidades Intervenientes no Sistema de Gestão de REEE ................................. 42 2.6.8. Modelos de Suporte à Gestão de REEE ................................................................ 49 Modelo Integrado de Gestão de REEE .......................................................................53 3.1. Âmbito .................................................................................................................................. 53 3.2. Dados de Base do Modelo ................................................................................................ 54 3.3. Pressupostos do Modelo ................................................................................................... 57 3.4. Elementos do Modelo ........................................................................................................ 58 3.4.1. Recursos ...................................................................................................................... 58 3.4.2. Produção ...................................................................................................................... 59 xiii 3.4.3. Recolha ........................................................................................................................ 60 3.4.4. Recolha de Lâmpadas ............................................................................................... 63 3.4.5. Armazenamento.......................................................................................................... 63 3.4.6. Tratamento e Valorização ......................................................................................... 64 3.4.7. Indicadores .................................................................................................................. 65 3.5. 4. 5. Modelo proposto ................................................................................................................. 65 3.5.1. Dados de Base............................................................................................................ 65 3.5.2. Variáveis de Cálculo................................................................................................... 81 3.5.3. Indicadores de Desempenho .................................................................................. 105 Aplicação Informática do Modelo de Gestão de REEE ...........................................119 4.1. Descrição ........................................................................................................................... 119 4.2. Requisitos .......................................................................................................................... 120 4.3. Arranque ............................................................................................................................ 120 4.4. Potencialidades ................................................................................................................. 122 Considerações Finais ...............................................................................................123 5.1. Síntese Conclusiva ........................................................................................................... 123 5.2. Recomendações e Principais Limitações ..................................................................... 123 5.3. Desenvolvimentos Futuros .............................................................................................. 124 Bibliografia .......................................................................................................................127 Anexos ..............................................................................................................................139 xiv Índice de Figuras Figura 1:Etapas do Trabalho .............................................................................................................. 5 Figura 2:Dimensões da Gestão de Resíduos (Fonte: PNGR, 2011). ........................................ 11 Figura 3:Hierarquia das Opções de Gestão de Resíduos (Fonte: LIPOR, 2009). ................... 13 Figura 4: Símbolo para marcação dos EEE. .................................................................................. 18 Figura 5: Rotas conhecidas e permissões ou proibições atuais para as importações ou exportações de REEE (adaptado de Li et al., 2013)..................................................................... 39 Figura 6: Entidades Intervenientes e suas Funções na Gestão dos REEE em Portugal (Fonte: .................................................................................................................................................. 43 Figura 7: Limite do Sistema no Modelo de Operação de REEE. ................................................ 58 Figura 8: Deposição dos REEE de acordo com as Categorias de EEE. ................................... 59 Figura 9: Esquema Simplificado de uma Recolha de REEE com dois Fretes. ........................................ 62 Figura 10: Esquema Representativo da Etapa referente ao Armazenamento de REEE........................ 64 Figura 11: Funcionamento de uma UTV. ........................................................................................ 65 Figura 12: Quantidades Relativas das Categorias de EEE que são encaminhadas para Valorização. ......................................................................................................................................... 67 Figura 13: Quantidades Relativas das Categorias de EEE que são encaminhadas para Valorização. ......................................................................................................................................... 68 Figura 14: Fator de segurança, Volume Efetivo e ausência de Fator de Segurança no Dimensionamento da Contentorização. .......................................................................................... 75 Figura 15: Tempos inerentes a uma Recolha, com um único Frete, na operação de Recolha de REEE. ............................................................................................................................................. 78 Figura 16: Tipos de Combustíveis usados para cada tipo de veículo representado no Modelo Integrado de Operação de REEE. ................................................................................................... 80 Figura 17: Produção de REEE de determinados produtores de uma área de intervenção. .. 83 Figura 18: Quantidade de REEE encaminhados para Valorização............................................ 84 Figura 19: Quantidade de REEE encaminhados para Valorização............................................ 85 Figura 20: Volume Efetivo de um Equipamento de Deposição de REEE. ................................ 88 Figura 21: Tempo Efetivo de Recolha para um Circuito com uma única Recolha e com dois Fretes. .................................................................................................................................................. 92 Figura 22: Tempo Efetivo de Recolha para um Circuito com uma única Recolha e com dois Fretes. .................................................................................................................................................. 92 Figura 23: Tempo Efetivo de Recolha para um Circuito com uma única Recolha e com dois Fretes. .................................................................................................................................................. 93 Figura 24: Tempo de Não Recolha numa Recolha. ...................................................................... 94 Figura 25: Aplicação Informática MGEAS-R3E ........................................................................... 119 Figura 26:Folhas de Cálculo do MGEAS-R3E. ............................................................................ 120 Figura 27:Apresentação das Variáveis na aplicação informática MGEAS-R3E. ................... 121 Figura 28: Dados de Base e Variáveis de Cálculo na aplicação informática MGEAS-R3E. 121 Figura 29:Variáveis de BackOffice da aplicação informática MGEAS-R3E. ........................... 121 Figura 30: Variáveis de Formatação Condicional presentes na aplicação informática MGEAS-R3E. .................................................................................................................................... 122 xv xvi Índice de Tabelas Tabela 1: Planeamento e cronograma da presente dissertação. ................................................. 6 Tabela 2:Tipos de Resíduos. ............................................................................................................ 15 Tabela 3:Descrição das Categorias de EEE de acordo com o Decreto-Lei nº230/2004. ....... 16 Tabela 4:Objetivos Mínimos, por Categoria do anexo I (Categorias de EEE) da Diretiva 2012/19/UE, de Valorização, Reciclagem e Reutilização entre 13 de Agosto de 2012 até 14 de Agosto de 2018. ............................................................................................................................ 19 Tabela 5: Objetivos Mínimos, por Categoria do anexo III da Diretiva 2012/19/UE, de Valorização, Reciclagem e Reutilização a partir de 15 de Agosto de 2018.............................. 19 Tabela 6:Categorias de EEE abrangidos pela Diretiva 2012/19/UE. ......................................... 20 Tabela 7:Principais Materiais encontrados nos REEE (Fonte: Cui e Forssberg, 2003). ........ 24 Tabela 8:Composição Material de 23 Tipos de REEE (Fonte: Oguchi et al., 2013)................ 24 Tabela 9:Benefícios do Uso de Matérias-Primas Secundárias de Ferro e Aço (Fonte: Cui e Forssberg, 2003). ............................................................................................................................... 26 Tabela 10:Taxas de Recolha, Recolha Total per capita, EEE inseridos per capita no mercado e Taxas de Reciclagem e Reutilização baseada no Total Recolhido nos países da UE-24 em 2008 (Adaptado de Fischer, 2012). .............................................................................. 36 Tabela 11:Relação Percentual entre Objetivos de Taxas de Valorização e Resultados alcançados pela ERP Portugal e Amb3E para o período 2010-2011 (Adaptado de ERP, 2011; Amb3E, 2011, 2012). .............................................................................................................. 37 Tabela 12:Relação Percentual entre Objetivos de Taxas de Reutilização e Reciclagem e Resultados alcançados pela ERP Portugal para 2010 e Amb3E para o período 2010 e 2011 (Adaptado de ERP Portugal, 2011; Amb3E, 2011, 2012). ........................................................... 37 Tabela 13:Fontes e Destinos referente aos movimentos transfronteiriços de REEE (Adaptado de Li et al., 2013). ........................................................................................................... 38 Tabela 14:Taxa Anual de Registo de Produtores (Fonte: ANREEE, 2013b)............................ 44 Tabela 15:Informações de Contexto presentes no Modelo de Operação de REEE. .............. 66 Tabela 16:Informações Ambientais pertencentes ao Modelo Integrado de Operação de REEE. ................................................................................................................................................... 70 Tabela 17:Valores da Densidade do Combustível de acordo com o tipo de combustível...... 70 Tabela 18:Poder Calorífico Inferior de acordo com o tipo de combustível................................ 70 Tabela 19:Fator de Emissão de acordo com o tipo de combustível. ......................................... 71 Tabela 20:Fração Oxidável de Carbono de acordo com o tipo de combustível. ...................... 71 Tabela 21:Informações Económico-Financeiras referentes ao Modelo Integrado de Operação de REEE. ........................................................................................................................... 72 Tabela 22:Informações Operacionais presentes no Modelo de Integrado de Operação de REEE. ................................................................................................................................................... 74 Tabela 23:Variáveis de Cálculo de Carácter Operacional decorrentes do Modelo Integrado de Operação de REEE. ..................................................................................................................... 82 Tabela 24:Variáveis de Cálculo de Carácter Económico do Modelo Integrado de Operação de REEE. ........................................................................................................................................... 100 Tabela 25:Variáveis de Cálculo de Carácter Ambiental presente no Modelo Integrado de Operação de REEE. ......................................................................................................................... 104 xvii Tabela 26: Indicadores de Desempenho Operacional do Modelo Integrado de Operação de REEE. ................................................................................................................................................. 106 Tabela 27:Indicadores de Desempenho Económico presentes no Modelo Integrado de Operação de REEE. ......................................................................................................................... 109 Tabela 28:Indicadores de Desempenho Ambiental existentes no Modelo Integrado de Operação de REEE. ......................................................................................................................... 112 Tabela 29:Indicadores da Operação de Recolha presentes no Modelo de Operação de REEE. ................................................................................................................................................. 113 Tabela 30:Indicadores de Produtividade do Modelo Integrado de Operação de REEE. ...... 116 xviii Índice de Gráficos Gráfico 1:Distribuição dos Impactes Económicos ao longo da cadeia operacional dos REEE (Adaptado de Ferreira, 2009). ..............................................................................................20 Gráfico 2:Distribuição dos impactes ambientais ao longo da cadeia operacional dos REEE (Adaptado de Ferreira, 2009). ..............................................................................................21 Gráfico 3:Quantidades Relativas de Tipos de Plásticos identificados em 45 habitações (9 televisores e 36 monitores) (Adaptado de Schlummer et al., 2007). .....................................27 Gráfico 4:Quantidades de EEE inseridos no Mercado Português para o período 2006-2012 (Adaptado de ANREEE 2012; ANREEE 2012a; ANREEE, 2012b; ANREEE,2012c; ANREEE, 2012d; ANREEE,2013e). .....................................................................................31 Gráfico 5:Variação do PIB, Consumo Privado, Quantidade de EEE inseridos no Mercado Nacional e Número de Registos de Empresas para o período 2008-2011 (Adaptado de ANREEE, 2012d). ................................................................................................................31 Gráfico 6:Quantidade de EEE inseridos no Mercado em Portugal para o período 2006-2012 (Adaptado de ANREEE 2012; ANREEE 2012a; ANREEE, 2012b; ANREEE,2012c; ANREEE, 2012d; ANREE,2013e). .......................................................................................32 Gráfico 7:Distribuição de Unidades de EEE, por Categoria, em 2012 (Adaptado de ANREEE, 2013e). .................................................................................................................................33 Gráfico 8:Distribuição de Pesos de EEE, por Categoria, em 2012 (Adaptado de ANREEE, 2013e). .................................................................................................................................33 Gráfico 9:Estimativas da evolução na produção nacional de REEE para o período 2005-2011 (Adaptado de ERP, 2006; UNU, 2007). ................................................................................34 Gráfico 10:Evolução da Recolha de REEE em Portugal para o período 2006-2011 (Fonte: Soares et al., 2012). .............................................................................................................36 Gráfico 11:Evolução do Número de Empresas registadas ao longo do ano de 2011 (Adaptado de ANREEE, 2012d). ..........................................................................................45 Gráfico 12:Evolução do Registo Anual para o período 2005-2012 (Adaptado de ANREEE, 2013e). .................................................................................................................................45 Gráfico 13:Estimativa dos Quantitativos Mínimos de cada Entidade Gestora tendo em conta a estimativa nacional para a produção de REEE para o período 2006-2011 (Adaptado de Abrantes, 2009). ...................................................................................................................48 xix xx Lista de Abreviaturas ABS – Acrilonitrilo-butadieno-estireno Ag – Prata Al – Alumínio ANR – Autoridade Nacional de Resíduos ANREEE – Autoridade Nacional para o Registo de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos APA – Agência Portuguesa do Ambiente ASAE – Autoridade de Segurança Alimentar e Económica~ Au – Ouro Ba – Bário Be – Berílio Cd – Cádmio CO2 – Dióxido de Carbono CPU – Central Processing Unit Cr – Crómio Cr2O3 – Óxido de Cromo (III) CRT – Cathodic Ray Tube Cu – Cobre EEE – Equipamentos Elétricos e Eletrónicos EM – Estado Membro ERP – European Recycling Platform EUA – Estados Unidos da América EuP – Energy using Products Fe – Ferro Fe2O3 – Óxido de Ferro (III) HIPS – Poliestireno de alto impacto IGAOT – Inspeção-Geral do Ambiente e do Ordenamento do Território LCD – Liquid Crystal Display LER – Lista Europeia de Resíduos MTD – Melhor Técnica Disponível OAU – Óleo Alimentar Usado OCDE – Organisation for Economic Co-operation and Development PA – Poliamidas xxi PAA – Programa de Ação em Matéria de Ambiente Pb – Chumbo PBB – Bifenilos Polibromados PBDD/F – Dioxinas/furanos dibenzo polibromados PBDE – Éteres Difenílicos Polibromados PC – Personal Computer PC – policarbonetos PCB – Bifenilos Policlorados PCI – Placas de Circuito Interno Pd – Paládio PDP – Plasma Display Monitors PEEK – Poli (éter éter cetona) PEK – Polietercetona PET – Poli (tereftalato de etino) PIB – Produto Interno Bruto PNGR – Plano Nacional de Gestão de Resíduos PP – polipropileno PPO – poli (p-óxido fenileno) PS – poliestireno PSU – Polisulfona PU – poliuretano RCD – Resíduos de Construção e Demolição REEE – Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos RoHS – Restriction of Certain Hazardous Substances RU – Resíduos Urbanos SAN – co polímeros de estireno-acrilonitrilo Sb2O3 – Óxido de Antimónio (III) Sd – Antimónio SIGERU – Sistema Integrado de Gestão de Embalagens e Resíduos em Agricultura SIGRE – Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens SIGREEE – Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos SIGREM – Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens e Medicamentos SIPAU – Sistema Integrado de Pilhas e Acumuladores Usados xxii SIRER – Sistema Integrado de Registo Eletrónico de Resíduos SIRP – Sistema Integrado de Registo de Produtores SIRPEEE – Sistema Integrado de Registo de Produtores de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos SMAUT – Sistemas Municipais e Autarquias Aderentes Sn – Estanho TiO2 – Dióxido de Titânio UE-27 – União Europeia a 27 Estados Membros UNEP – United Nations Environment Programme UNU – United Nations University UTV – Unidade de Tratamento e Valorização V – Volts Zn – Zinco ZnO – Óxido de Zinco xxiii xxiv Lista de Acrónimos AI -Área de Intervenção km2 CC -Consumo Médio de Combustível l.100km-1 CCCirc -Consumo de Combustível no Circuito de Recolha km.circ-1 CCMaq -Consumo Medio de Combustível da Maquinaria l.100km-1 CEFlux -Consumo de Energia Elétrica por Fluxo kW.diaTr-1 CETotal -Consumo Total de Energia Elétrica kW CEU Flux - Consumo Específico de Energia Elétrica kW.kg-1 Col -Número de Colaboradores col ContConv -Número de Contentores Convertidos cont ContD -Número de Contentores Dimensionados cont ContEx -Número de Contentores Existentes cont ContPt Rec -Número Médio de Contentores por Ponto de Recolha cont.pt rec-1 CustAd Viat -Custos Adicionais das Viaturas €.ano-1 CustAd Maq -Custos Adicionais da Maquinaria €.ano-1 CustAdm -Custos Administrativos €.ano-1 CustAmort -Custos de Amortização €.ano-1 CustC -Custo Unitário de Combustível €.l-1 CustCC Circ -Custo do Combustível Consumido no Circuito de Recolha €.circ-1 CustCE Flux -Custo do Consumo de Energia Elétrica por Fluxo €.diaTr-1 CustTotal CE -Custo Total do Consumo de Energia Elétrica €.diaTr-1 CustCol -Custo Unitário de Mão-de-Obra €.h-1.col-1 CustElim Flux -Custo de Eliminação por Fluxo €.diaTr-1 CustMan Inst -Custo de Manutenção das Instalações €.ano-1 CustTotal Col -Custo dos Colaboradores por Recolha €.rec-1 CustTotal Elim -Custo Total de Eliminação €.diaTr-1 CustU E -Custo Unitário da Energia Elétrica €.kW -1 CustU Elim -Custo Unitário de Eliminação €.kg-1 DensC -Densidade do Combustível t.l-1 xxv DensProd -Densidade dos Produtores prod.km-2 DescRec -Número de Descargas por Recolha desc.rec-1 DiaSem -Número de Dias existentes por semana dia.sem-1 DiaTr -Número de Dias de Trabalho diaTr.sem-1 DistCirc -Distância Percorrida por Circuito de Recolha km.circ-1 DistMaq -Distância Percorrida pela Maquinaria km.diaTr-1 DRec -Duração Máxima da Recolha min.rec-1 Dturn -Duração do Turno h.diaTr-1 EmCo2 -Emissão de CO2 kgCO2.circ-1 FC (i) -Fator de Conversão para o combustível do tipo i t.circ-1 FE (i) -Fator de Emissão kgCO2.GJ-1 FOC -Fração Oxidável de Carbono adimensional FreqRec -Frequência de Recolha circ.sem-1 i -Tipo de Combustível adimensional IndAdeq Cont -Indicador de Adequação dos Contentores adimensional IndBal Econ -Indicador do Balanço Económico €.ano-1 IndCC -Indicador do Consumo de Combustível l.t-1 IndCE -Indicador do Consumo de Energia Elétrica kW.t-1 IndCol -Indicador de Produtividade col.t-1 IndCust U -Indicador do Custo Unitário €.t-1 IndDist Efet -Indicador da Distância Efetiva km.t-1 IndDist Total -Indicador da Distância Total km.t-1 IndGWP -Indicador do Potencial de Efeito de Estufa kgCO2.t-1 IndL/P -Indicador de Rentabilidade Económica adimensional IndPr -Indicador de Produtividade IndTER -Indicador do Tempo Efetivo de Recolha t.col-1.circ-1 ou t.col-1.diaTr-1 h.t-1 IndTTotal -Indicador de Tempo Total h.t-1 kgt -Número de Quilogramas existentes numa tonelada kg.t-1 Minh -Número de Minutos existentes numa hora min.h-1 xxvi PCI(i) -Poder Calorifico Inferior GJ.t-1 Prod -Número de Produtores prod PU -Produção Unitária de REEE kg.prod-1.dia-1 QCat -Quantidade de cada Categoria de Resíduos kg.dia-1 QCC Maq -Consumo de Combustível da Maquinaria l.diaTr-1 QComp -Quantidade de cada Componente Valorizado por Fluxo kg.diaTr-1 QFlux Dia -Quantidade Valorizada por Fluxo kg.dia-1 QFlux DiaTr -Capacidade Processada kg.diaTr-1 QMat Ferr Flux -Quantidade de Material Ferroso Valorizado por Fluxo kg.diaTr-1 QMat N-Ferr kg.diaTr-1 QMat N-Val Flux -Quantidade de cada Material Não Ferroso Valorizado por Fluxo -Quantidade de Material Não Valorizável por Fluxo QRec -Quantidade a Recolher kg.dia-1 QTotal -Quantidade Total de Resíduos kg.dia-1 QTotal Mat N-Val -Quantidade Total de Material Não Valorizável kg.diaTr-1 QTotal Rec -Quantidade Total a Recolher kg.dia-1 QTotal Val -Quantidade Total Valorizada kg.dia-1 QVal -Quantidade Valorizada de Resíduos kg.dia-1 Rec -Número de Recolhas rec SemAno -Número de Semanas existentes num Ano sem.ano-1 TCat -Taxa por Categoria de REEE adimensional TCat Flux -Taxa de Categoria por Fluxo adimensional TComp -Taxa de Componentes adimensional TD G-1ºPR -Tempo entre a Garagem e o Primeiro Ponto de Recolha min.rec-1 TD LD-G -Tempo entre o Local de Descarga e a Garagem min.rec-1 TD PR -Tempo entre Pontos de Recolha min.pt rec-1 TD úCont-LD min.rec-1 TDDesc Cont -Tempo entre o Último Contentor da Recolha e o Local da Descarga -Tempo do Último Ponto de Recolha de um Frete ao Local de Descarga ou entre o Local de Descarga e o Primeiro Ponto de Recolha do seguinte Frete -Tempo de Descarga dos Contentores TDDesc Viat -Tempo de Descarga da Viatura min.desc-1 TD úPR-LD v LD-1ºPR xxvii kg.diaTr-1 min.fr-1 min.cont-1 TDFlux -Tempo de Processamento por Fluxo min.diaTr-1 TDFr -Tempo por Frete min.fr-1 TDU Flux -Tempo Unitário de Processamento min.kg-1 TDTotal -Tempo Total do Processamento min.diaTr-1 TDTotal Circ -Tempo Total Despendido min.circ-1 TEnch Cont - Taxa de Enchimento dos Contentores adimensional TEnch Viat -Taxa de Enchimento da Viatura adimensional TER -Tempo Efetivo de Recolha min.circ-1 TEREnch Viat min TM -Tempo Efetivo de Recolha necessário de modo a Encher a Viatura de Recolha -Tempo Morto TMat Ferr -Taxa de Material Ferroso adimensional TMat N-Ferr -Taxa de Material Não Ferroso adimensional TMat N-Val -Taxa de Material Não Valorizável adimensional TNRCirc -Tempo de Não Recolha por Circuito de Recolha min.circ-1 TNRRec -Tempo de Não Recolha por Recolha min.rec-1 TRCirc -Tempo de Recolha por Circuito min.circ-1 TRec -Taxa de Recolha de REEE adimensional TRRec -Tempo de Recolha por Recolha min.rec-1 TVal -Taxa de Valorização de REEE adimensional VAcum -Volume Acumulado m3.dia-1 VECont D -Capacidade Efetiva Estimada dos Contentores m3.cont-1 VECont Ex -Capacidade Efetiva dos Contentores m3.cont-1 VelN-Rec -Velocidade de Não Recolha km.h-1 VelRec -Velocidade de Recolha km.h-1 VEViat -Volume Efetivo da Viatura m3 VFR -Volume por Frete m3.fr-1 VMComp -Valor de Mercado de cada Componente €.kg-1 VMMat Ferr -Valor de Mercado do Material Ferroso €.kg-1 VMMat N-Ferr -Valor de Mercado de cada Material Não Ferroso €.kg-1 VRec -Volume a Recolher m3.circ-1 xxviii min.rec-1 VTECont Ex -Capacidade Total Efetiva dos Contentores m3 VTotal Acum -Volume Total Acumulado m3.dia-1 VU Cont D -Capacidade Estimada dos Contentores m3.cont-1 VU Cont Ex - Capacidade dos Contentores m3.cont-1 VVComp -Proveito de cada Componente €.diaTr-1 VVMat Ferr Flux -Proveito de Material Ferroso por Fluxo €.diaTr-1 VVMat N-Ferr Flux -Proveito de Material Não Ferroso por Fluxo €.diaTr-1 VVTotal Comp -Proveito dos Componentes €.diaTr-1 VVTotal Mat Ferr -Proveito do Material Ferroso €.diaTr-1 VVTotal Mat N-Ferr - Proveito do Material Não Ferroso €.diaTr-1 VViat -Capacidade da Viatura m3 VVMat N-Ferr -Proveito de cada Material Não Ferroso €.diaTr-1 ɣ -Peso Específico kg.m-3 xxix xxx 1. Introdução 1.1. Enquadramento Com o desenvolvimento económico e da economia social, alteraram-se os hábitos das populações, com um crescimento acentuado no uso de EEE (Equipamentos Elétricos e Eletrónicos) (Torretta et al., 2013; Yang et al., 2013). Na verdade, este resíduo adquiriu uma grande importância nas últimas décadas, sendo que o seu fluxo tem aumentado a um ritmo alarmante, especialmente nos países da OCDE (Organisation for Economic Co-operation and Development), onde os mercados se encontram saturados com enormes quantidades de bens elétricos e eletrónicos, mas também ao nível global, onde por exemplo, as vendas destes equipamentos estão a aumentar de forma abrupta nos países em desenvolvimento (Ongondo et al., 2011b; Widmer et al., 2005; Araújo et al., 2012). Esta situação agrava-se mais ainda, na medida em que o tempo médio de vida dos dispositivos tem vindo a diminuir acentuadamente, favorecendo, a nível global, um aumento de consumo de EEE. Deste modo, os REEE (Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos) são o fluxo de resíduos que mais tem crescido, representando 5% a nível mundial e 8% a nível europeu, de todos os RU (Resíduos Urbanos). Estima-se que, futuramente, a taxa de produção de REEE continue a aumentar, com uma taxa de crescimento três vezes superior à taxa de crescimento dos RU (Gramatyka et al., 2007; Abu Bakar e Rahimifard, 2008; Ongondo et al., 2011b). Atualmente, o esgotamento de recursos e a poluição são sérios problemas a nível mundial. Os REEE são um dos fatores mais influentes no efeito destes problemas. As inúmeras substâncias perigosas inerentes dos REEE poluem o ambiente (solo, ar, água) e causam sérios efeitos na saúde humana, enquanto que o seu curto ciclo de vida causa um consumo acelerado e uma “superprodução” contínua, fazendo com que a depleção de recursos aumente (Robinson, 2009; Bereketli et al., 2011). Recentemente este fluxo de resíduos tem recebido bastante atenção não só por ser uma fonte de recursos secundários de recuperação de materiais como metais valiosos, mas também pela sua natureza perigosa, sendo um alvo importante para a prevenção da poluição ambiental (Oguchi et al., 2013). Portanto, o aumento das quantidades e impactes ambientais dos REEE levaram à introdução de políticas de gestão de REEE e legislação em todo o mundo (Ongondo et al., 2011b). Esta 1 legislação sobre o tratamento de REEE incutiu aos produtores responsabilidades nos seus próprios REEE, a fim de lidarem com essas preocupações (Bereketli et al., 2011). Enquanto outros estão ainda muito aquém, vários países possuem estratégias propostas e implementadas, com vista a lidar com os desafios deste fluxo de resíduos (Ongondo et al., 2011b; Bereketli et al., 2011). A falta de regulamentação nacional e/ou falta de execução da mesma promove o crescimento de uma economia paralela e ilegal de exportação de REEE para países em desenvolvimento, onde o seu custo de tratamento é bastante mais baixo. Geralmente, nestes países, os REEE são incorretamente manuseados e tratados, provocando sérias consequências adversas na saúde e no ambiente das áreas vizinhas. A maioria dos intervenientes neste setor não estão cientes dos riscos, não conhecem as melhores práticas, ou não têm acesso a capital de investimento para financiar melhorias rentáveis (Ongondo et al., 2011a; Ongondo et al., 2011b; Widmer et al., 2005). As Diretivas Comunitárias correspondentes à Diretiva 2002/95/CE e à Diretiva 2002/96/CE foram transpostas para a legislação nacional, pelo Decreto-Lei nº230/2004, de 10 de Dezembro, alterado pelos Decretos-Lei nº 174/2005, de 25 de Outubro, nº178/2006, de 5 de Setembro, nº132/2010, de 17 de Dezembro e nº73/2011 que estabelece o regime jurídico a que fica sujeita a gestão de REEE, atribuindo responsabilidades a quem está a colocar EEE no território português e estipulando regras para o tratamento ambientalmente correto de todos os EEE que chegam ao seu fim de vida. No seguimento do sistema coletivo nacional, foram licenciadas duas entidades gestoras, (Amb3E e a ERP (European Recycling Platform) Portugal) tendo em vista o desenvolvimento, monitorização e gestão do percurso de fim de vida dos EEE. Foi também estabelecida uma entidade de registo a nível nacional, a ANREEE (Autoridade Nacional para o Registo de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos), com competência de assegurar, organizar e manter o registo obrigatório de produtores de EEE, através do acesso ao SIRPEEE (Sistema Integrado de Registo de Produtores de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos), bem como executar todas as atividades conexas, designadamente a classificação de EEE, a verificação das respetivas quantidades, a prestação de informação às entidades públicas e a informação ao público. Os produtores de EEE devem comunicar a esta entidade, o tipo e a quantidade de EEE colocados no mercado, bem como o sistema de gestão de resíduos a que aderiu (ANREEE, 2012d). A APA (Agência Portuguesa do Ambiente), que atua como atual ANR (Autoridade Nacional de Resíduos), tem a cargo as funções de propor, desenvolver e acompanhar a execução das 2 estratégias de gestão de resíduos, e exercer as competências próprias de licenciamento das operações de gestão de resíduos e das entidades gestoras de fluxos específicos de resíduos, e de controlo operacional e administrativo das transferências de resíduos. (Carvalho, 2008; Teixeira, 2004). Por outro lado, a crise económica mundial, que afetou seriamente a economia nacional tem posto em causa vários setores de atividade, incluindo o setor dos resíduos. Deste modo, é necessária a implementação de metodologias que permitam ao setor sustentabilidade económica. No setor dos REEE, vários investigadores têm criado metodologias de modo a fazer face às dificuldades, como por exemplo na criação de modelos que auxiliam no dimensionamento na produção (Gamberini et al., 2009; Gamberini et al., 2010; Jain e Sareen, 2006; Yoshida et al., 2009; Dwivedy e Mittal, 2010), no armazenamento (Gamberini et al., 2009; Gamberini et al., 2010), no transporte (Machado et al., 2010; Achillas et al., 2012) ou na localização de infraestruturas (Salema et al., 2008). 1.2. Relevância Os resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos são referenciados como uma das fontes de resíduos que mais tem crescido na Europa (Cui e Forssberg, 2003). São responsáveis por este facto, a evolução das inovações tecnológicas e a expansão de mercado que continuam a acelerar a substituição de equipamentos que conduz a um aumento significativo de REEE (Bereketli et al., 2011). Este fluxo de resíduos consiste numa ampla gama de dispositivos elétricos e eletrónicos, com a agravante destes dispositivos possuírem uma enorme diversidade de materiais, que dificulta a definição de uma composição generalizada do material contido para a totalidade deste fluxo de resíduos e como resultado, a complexidade de gestão eficaz do mesmo (Rousis et al., 2008; Mohabuth e Miles, 2005; Ongondo et al., 2011a; Martinho et al., 2012). Aliado a este facto, os REEE podem ser reconsiderados como uma fonte secundária de materiais, mas também contêm inúmeras substâncias tóxicas, pelo que é importante uma gestão adequada dessas substâncias e desses materiais tanto no tratamento, reciclagem ou eliminação deste fluxo de resíduos (Oguchi et al., 2013; Ongondo et al., 2011a; Widmer et al., 2005). Segundo Rotter e Chancerel, citado por Oguchi et al. (2012), uma vez que as propriedades dos diferentes tipos de REEE diferem, e a mistura de equipamentos em fim de vida é altamente heterogénea, é perentório a separação de REEE por características específicas com vista a otimizar os processos de recuperação de recursos. É simultaneamente útil na 3 gestão de substâncias perigosas na reciclagem e tratamento de REEE, porque as características tóxicas contidas nos materiais são também diferentes pelos tipos de REEE. A nível mundial, cerca de 20 a 50 milhões de toneladas de REEE são descartadas anualmente, com um crescimento de 3 a 5% por ano (Schwarzer et al., 2005, citado por Ongondo et al., 2011b; Bereketli et al., 2011). Ao nível europeu, estima-se que, anualmente são produzidos 6 a 9 milhões de toneladas de REEE, com um crescimento associado ao ano de 3 a 5 % e um crescimento de 16 a 28% a cada 5 anos (Bereketli et al., 2011; Mostaghel e Samuelsson, 2010; Ongondo et al., 2011a; Hischier et al., 2005).Segundo Lehtinen e Poikela (2006), em 2015,a quantidade de deposição pode ser maior de 12 milhões de toneladas. Nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, a deposição em aterro dos REEE continua a ser preocupante, sendo que apenas um terço dos REEE parecem ser recolhidos, tratados e reciclados (Ongondo et al., 2011a,b). O sistema integrado de gestão deste fluxo de resíduos apresenta potencialidades para ser um sistema autossustentado. Para isso, este sistema necessita das melhores novas tecnologias e implementação de metodologias inovadoras, e também de um amplo conhecimento do fluxo de REEE. Deste modo, a presente dissertação apresenta um modelo integrado de gestão apoiando a eficiência e eficácia dos sistemas de gestão integrada de REEE, bem como poderá ser uma ferramenta de apoio à decisão, operação e monitorização dos sistemas. 1.3. Âmbito e Objetivos Atendendo às atuais condições do sistema de gestão integrada de resíduos, depois de uma análise exaustiva, tem-se verificado que este detém grandes potencialidades para se tornar um sistema mais eficaz e ambientalmente sustentável. Neste contexto, o principal objetivo deste trabalho visa o desenvolvimento de um Modelo Integrado de Gestão de REEE capaz de auxiliar as principais entidades do setor (deposição, recolha, armazenamento, tratamento e valorização). Trata-se de uma influente ferramenta de apoio à decisão capaz de otimizar e monitorizar os sistemas de gestão integrada de REEE. As aplicações mais relevantes do Modelo são: (1) dimensionamento da produção de REEE; (2) definição de metas e objetivos de recolha; (3) avaliação de impactes ambientais (Gases com Efeito de Estufa); (4) dimensionamento da capacidade de tratamento e valorização; (5) valorização económica dos materiais valorizáveis (6) necessidade de eliminação em aterro (7) análise económica da gestão operacional da recolha, armazenamento e tratamento e valorização de REEE. 4 1.4. Abordagem Metodológica A execução da dissertação foi estabelecida em 4 etapas (Figura 1). 1.Revisão Bibligráfica 2.Inventariação de Fases e Processos 3.Construção do Modelo 4.Construção da Aplicação Informática Figura 1:Etapas do Trabalho a) Etapa 1: Revisão Bibliográfica A primeira etapa referente à revisão bibliográfica foi a mais longa, ocupando grande parte do tempo na realização desta dissertação. Foi nesta fase que se procedeu à revisão da literatura, entre os quais artigos científicos, dissertações de mestrado e plataformas informáticas, sobre resíduos e concisamente sobre REEE (movimentos transfronteiriços, realidades de cada país em relação aos principais países mundiais, materiais que compõe este fluxo de resíduos, situação burocrática, etc.), bem como a realidade económica nacional ou a descrição do sistema nacional de gestão de REEE. b) Etapa 2: Inventariação de Fases e Processos em Centros de Receção e Unidades de Tratamento e Valorização Nesta fase incidiu-se na procura de exemplos práticos de etapas de sistemas de gestão de REEE, nomeadamente na etapa de armazenamento valorização dos REEE. Nesta fase procedeu-se a uma visita guiada por uma empresa que atua com este fluxo específico de resíduos, e onde através da visualização dos processos, foi possível retirar informação relevante a etapa seguinte, para a construção do Modelo. c) Etapa 3: Construção do Modelo É neste estágio que se procede à construção do Modelo Integrado de Operação de REEE, com a definição clara de todos os constituintes do mesmo. 5 d) Etapa 4: Construção da Aplicação Informática Nesta etapa, é construída a aplicação informática que agiliza o Modelo Integrado de Operação de REEE. 1.5. Planeamento e Cronograma No subcapítulo anterior foram definidas as várias etapas da metodologia inseridas nesta dissertação, sendo que no presente subcapítulo pretende-se que se agrupe estas etapas de forma temporal no cronograma relativo ao intervalo temporal em que se desenrolou a elaboração desta dissertação de mestrado. O cronograma seguinte, presente na Tabela 1, mostra as diferentes etapas e o intervalo de tempo investido em cada uma delas. Tabela 1: Planeamento e cronograma da presente dissertação. Meses Etapas Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan 1.Revisão Bibliográfica 2.Inventariação de Processos 3.Construção do Modelo 4.Construção da Ferramenta de Gestão de REEE 5.Redação da dissertação 1.6. Estrutura da Dissertação A dissertação assenta em 5 capítulos principais. O primeiro capítulo diz respeito à Introdução, o segundo capítulo é referente à Revisão Literária, o terceiro capítulo aborda o Modelo Integrado de Operação de REEE, o quarto capítulo incide sobre a Aplicação Informática, em suporte Excel®, decorrente do Modelo construído e por fim no capítulo quinto são apresentadas as Considerações Finais. O capítulo 1 inclui os subcapítulos referentes ao enquadramento, conveniência, âmbito e objetivos da dissertação, a abordagem metodológica, o planeamento e cronograma e por fim a estrutura da dissertação. O capítulo 2 integra a revisão da literatura, onde é apresentado o estado da arte ao nível do fluxo específico dos REEE. Este capítulo divide-se em vários subcapítulos dos quais: evolução das políticas sobre resíduos, gestão de resíduos (etapas da gestão de resíduos e hierarquia da gestão de resíduos), caracterização de resíduos, produção e tipologia de resíduos, fluxos 6 específicos de resíduos, equipamentos elétricos e eletrónicos (legislação em matéria de REEE, composição material dos REEE, enquadramento macroeconómico português, produção de EEE e REEE, recolha de REEE, gestão global de REEE, entidades intervenientes no sistema de gestão de REEE e modelos de suporte à gestão de REEE (configuração da rede logística, produção de REEE, armazenamento de REEE e transporte de REEE). O capítulo 3 é dedicado ao Modelo Integrado de Operação de REEE, onde se encontram implícitos os subcapítulos âmbito, dados de base, pressupostos, elementos do Modelo (recursos, produção, recolha, recolha de lâmpadas, armazenamento, tratamento e valorização, indicadores) e Modelo proposto (dados de base, variáveis de cálculo e indicadores de desempenho). O capítulo 4 compreende a Aplicação Informática MGEAS-R3E, onde estão incluídos os subcapítulos descrição, requisitos, arranque e potencialidades. O quinto e último capítulo, o capítulo quinto, refere-se às considerações finais, onde se encontram a síntese conclusiva, recomendações e principais limitações e por último desenvolvimentos futuros do Modelo. 7 8 2. Estado da Arte Neste capítulo será descrito o estado da arte referente ao trabalho. Serão abordadas temáticas da evolução das políticas, gestão, caracterização, produção e tipologia de resíduos, EEE (composição material, produção, recolha, gestão global, enquadramento macroeconómico, entidades intervenientes no sistema de gestão e por fim modelos de suporte à gestão). 2.1. Evolução das Políticas sobre Resíduos A política de ambiente tem vindo a evoluir nas últimas décadas na Europa e no Mundo perante os ritmos de crescimento na produção de resíduos, muito devido à evolução tecnológica correspondente à interação entre o homem e ambiente (Schlummer et al., 2007; PNGR, 2011). De acordo com o PNGR (Plano Nacional de Gestão de Resíduos), a nível comunitário, é nos anos 70 que ocorre o surgimento das preocupações ambientais. Foi na Cimeira de Paris, em Julho de 1972, que os chefes de Estado e de Governo identificaram que, no quadro da expansão económica e da melhoria da qualidade de vida, deveria ser atribuída uma atenção especial ao ambiente. Assim, estava dado o primeiro sinal e o primeiro PAA (Programa de Ação em matéria de Ambiente) da Comunidade Europeia para o período de 1973-76, que abarcou uma referência aos princípios da precaução e do poluidor-pagador e destacou a relevância da prevenção dos impactes ambientais na origem e a racionalização do uso dos recursos naturais (ar, água). Durante o segundo e terceiro PAA (1977-1986) o significado de controlo de poluição deu lugar ao significado de prevenção da poluição, procurando modificar o foco programático das políticas sobre resíduos. No entanto, não houve formalização desta alteração no enquadramento legislativo europeu, durando as diretivas existentes sobretudo assentes na filosofia de controlo de poluição, com base em proibições de substâncias e de restrições a processos. A entrada em vigor do Ato Único Europeu, em 1987, compôs a reforma decisiva para o ambiente. A partir deste momento, as medidas comunitárias passaram a dispor de uma base jurídica específica que define os objetivos e os princípios fundamentais da ação da Comunidade Europeia em matéria de ambiente. Foi igualmente estabelecido que as exigências em matéria de proteção do ambiente passariam a constituir uma componente das outras políticas comunitárias. 9 Em 1989, no decorrer do quarto PAA (1987-1992), modificou-se a política de resíduos da altura, sendo que o controlo da poluição deu origem à prevenção da produção de resíduos. O quarto PAA foi um quadro transitório entre as políticas da década de 70, concentradas nos processos produtivos e no controlo da poluição e as políticas surgidas em torno da aceção de desenvolvimento sustentável. No quinto PAA, com duração entre 1993 e 2000, e no Tratado de Maastricht chegou-se a acordo que o desenvolvimento sustentável se estabeleceu como um objetivo prioritário da União Europeia. O quinto PAA apresentava uma visão integradora das diversas componentes ambientais e a responsabilidade de gestão de resíduos passou a ter que ser partilhada por vários agentes, inclusive pelos fabricantes de bens e produtos. Adotou-se o conceito de responsabilidade alargada do produtor, com a imposição aos produtores da responsabilidade pelos seus produtos no final do ciclo de vida e o cumprimento de determinadas metas e normas ambientais na recolha, reciclagem e outras formas de valorização. Com esta mudança no enquadramento foram definidos fluxos prioritários de resíduos, devidos às quantidades e/ou perigosidade. Com o sexto PAA, com durabilidade entre 2002 e 2010, a política de resíduos alterou-se novamente, sendo que os resíduos passaram a ser vistos como saídas do sistema económico, levando a que a sua gestão de resíduos seja parte integrada do ciclo socioeconómico dos materiais. A política de resíduos, ao longo do tempo, foi sendo alterada e cada vez mais estruturada, resultado das necessidades globais de recursos, mas também das preocupações crescentes com os resíduos. Passou-se então, de uma política de resíduos orientada apenas para os processos para uma mesma política que abrange os sistemas. O sistema incorpora diversos processos tais como a recolha, o armazenamento, o tratamento ou a valorização. Estes processos são compostos por várias operações como a separação manual, a separação eletromagnética ou a separação densimétrica. As interligações de operações formam um processo e um conjunto de processos trata-se de um sistema. 2.2. Gestão de Resíduos Segundo o Decreto-Lei nº73/2011, a gestão de resíduos “aplica-se às operações de gestão de resíduos, compreendendo toda e qualquer operação de recolha, transporte, armazenagem, triagem, tratamento, valorização e eliminação de resíduos, bem como às operações de descontaminação de solos e à monitorização dos locais de deposição após o encerramento das respetivas instalações”. 10 A gestão de resíduos integra assim, diversos componentes, alguns descritos já anteriormente na própria definição, bem como outros componentes tal como políticas, regulamentação e legislação inerentes a este conceito ou até mesmo princípios da gestão de resíduos. Na Figura 2 estão ilustradas as várias componentes da gestão de resíduos. Prevenção e Redução Regulação Legislação Recolha Gestão de Resíduos Políticas Transporte Valorização Eliminação Figura 2:Dimensões da Gestão de Resíduos (Fonte: PNGR, 2011). 2.2.1. Principais Etapas da Gestão de Resíduos Os sistemas de gestão de resíduos são formados tendo em conta diversas etapas, sendo elas comuns a todos os tipos de resíduos. As mais relevantes são as etapas da recolha, valorização e eliminação. Recolha De acordo com o Decreto-Lei nº73/2011 a recolha é a “operação de apanha, seletiva ou indiferenciada, de triagem e/ou mistura de resíduos com vista ao seu transporte. Normalmente, é a etapa da gestão de resíduos que integra a deposição, a remoção e o transporte”. Esta operação tem por base circuitos de recolha, previamente definidos e delimitados. Esta operação de recolha é levada a cabo por equipas e equipamentos adequados para esse fim. Valorização Conforme o Decreto-Lei nº73/2011, a valorização é a “operação de reaproveitamento de resíduos, nomeadamente na utilização principal como combustível ou outros meios de 11 produção de energia, recuperação, reutilização ou reciclagem de resíduos; na recuperação ou regeneração de solventes ou na reciclagem ou recuperação de compostos orgânicos que não são utilizados como solventes, incluindo o seu carácter nocivo, devendo a gestão de resíduos evitar também ou, pelo menos, reduzir o risco para a saúde humana e para o ambiente causado pelos resíduos sem utilizar processos ou métodos suscetíveis de gerar efeitos adversos sobre o ambiente, nomeadamente através da criação de perigos para a água, o ar, o solo, a fauna e a flora, perturbações sonoras ou odoríficas ou de danos em quaisquer locais de interesse e na paisagem”. Eliminação Segundo o Decreto-Lei nº73/2011, a eliminação é a “operação que visa dar um destino final adequado aos resíduos nos termos previstos na legislação em vigor, nomeadamente nas classes de i) a xv) do Artigo 2º, alínea j”. A eliminação de resíduos deve, portanto, ser a última opção na gestão de resíduos. Segundo Bereketli et al. (2011) os métodos de eliminação usualmente mais utilizados são a deposição em aterro e a incineração. A incineração é um método mais caro, mas é um método mais seguro quando comparado com a deposição em aterro. Os dois métodos abordados podem ser utilizados como meio de geração de energia (Bereketli et al., 2011). 2.2.2. Hierarquia da Gestão de Resíduos Na União Europeia, a hierarquia de gestão de resíduos (Figura 3) estabelecida impõe prioridade no tratamento e valorização dos resíduos. Segundo esta hierarquia, os resíduos são vistos como recursos e a primazia reside na sua redução. Quando esta não pode ser minorada, dever-se-á favorecer a reutilização e só depois a reciclagem. A deposição de resíduos em confinamento técnico deve ser evitada ao máximo e é considerado como a última opção de tratamento de resíduos. De acordo com o Decreto-Lei nº73/2011 a reutilização trata-se de “qualquer operação mediante a qual produtos ou componentes que não sejam resíduos são utilizados novamente para o mesmo fim para que foram concebidos”. A reciclagem, segundo o mesmo Decreto-lei, define-se como “qualquer operação de valorização, incluindo o reprocessamento de materiais orgânicos, através da qual os materiais constituintes dos resíduos são novamente transformados em produtos, materiais ou substâncias para o seu fim original ou para outros fins mas que não inclui a valorização energética nem o reprocessamento em materiais que devam ser utilizados como combustível ou em operações de enchimento”. 12 Figura 3:Hierarquia das Opções de Gestão de Resíduos (Fonte: LIPOR, 2009). A redução de resíduos, inclui a redução da sua quantidade e se possível da sua perigosidade. A redução da quantidade de resíduos pode ser feita: i) Eliminando os resíduos na fonte; ii) Reduzindo os resíduos na fonte e iii) Reutilizando os produtos. Além do princípio da prevenção e redução presente na hierarquia de gestão de resíduos, existem outros princípios gerais bastante importantes na gestão de resíduos, como o princípio da responsabilidade pela gestão, o princípio de equivalência e o princípio da autossuficiência, descritos no Anexo I. 2.3. Caracterização de Resíduos A aceção do conceito de “resíduo” é fundamental para o êxito do planeamento da gestão de resíduos. No entanto, devido à diversidade de definições deste conceito, não subsiste uma classificação singular e aceite a nível mundial (Teixeira, 2004). De acordo com o PNGR, o conceito de resíduo advém desde 1975, descrito no direito europeu, não tendo sofrido alterações importantes desde então. No entanto, a Diretiva nº2008/98/CE de 19 de Setembro (nova Diretiva-Quadro) enquadra novas ideologias, com o envolvimento de desclassificação da categoria de resíduo para certos materiais, desde que estes cumpram com certos critérios específicos. Trata-se de um passo importante para agilizar a reincorporação desses materiais no circuito económico, aumentando a eficiência da utilização dos recursos naturais. Esta Diretiva veio elucidar a definição de resíduo, de modo a revigorar a valorização dos resíduos e a sua utilização com o objetivo de preservar os recursos naturais e aumentar o valor económico dos resíduos, com a introdução de conceitos como subproduto e fim do estatuto de resíduo, de maneira a aproximar a gestão dos materiais que se encontram no âmbito desses conceitos, da gestão dos recursos materiais no sistema económico (PNGR, 2011). 13 Em Portugal, a definição de resíduo que é válida neste momento está descrita no Decreto-Lei nº73/2011, que caracteriza resíduo como “quaisquer substâncias ou objetos de que o detentor se desfaz ou tem a intenção ou a obrigação de se desfazer”. No entanto, numa lógica de utilização sustentável dos recursos, as substâncias ou objetos de que um detentor se pretenda desfazer não devem igualmente considerar-se um resíduo automaticamente pois podem constituir um recurso interessante para outra entidade. Neste contexto, o conceito de subproduto presente na nova Diretiva-Quadro é importante, de forma a facilitar o aproveitamento destes recursos, desde que se garanta que esse aproveitamento é realizado em condições adequadas. Observando o conceito legal de resíduo a nível nacional podemos identificar duas integrantes relevantes no mesmo. A primeira recai no suporte da própria definição, ou seja, na compreensão de que é estimado de resíduo. A segunda integrante diz respeito à classificação dos resíduos particularmente através da LER (Lista Europeia de Resíduos), publicada na portaria nº209/2004, de 3 de Março. 2.4. Produção e Tipologia de Resíduos Os resíduos são gerados por diversas atividades, sejam elas de produção ou consumo, na nossa sociedade e presentes em vários estados físicos (sólidos, gasosos e líquidos) (Ferreira, 2009). Estas atividades são alimentadas por recursos naturais, entrando no ciclo económico para desempenhar uma determinada função ou serviço. Posteriormente, caso não sejam reaproveitados, estes recursos regressam ao ambiente na forma de resíduos ou emissões. Os resíduos podem estar dispostos a partir de diferentes abordagens (Tabela 2): i) composição química, sendo que o conceito se aplica à existência ou não de degradação orgânica; ii) origem do resíduo, sendo que o conceito advém do tipo de atividade económica; produto, onde o conceito se aplica para resíduos que provém do mesmo tipo de produto, e que é independente da sua origem e iii) características físicas e químicas, sendo que os resíduos são diferenciados pelas suas propriedades. 14 Tabela 2:Tipos de Resíduos. Composição Química Tipo de Resíduo Tipo de Resíduo Orgânicos Inorgânicos Embalagens Óleos Minerais Usados Resíduos Perigosos Resíduos Não Perigosos Resíduos Inertes Resíduos Líquidos Características Físicas e Químicas REEE Produto Veículos em Fim de Vida Resíduos de Construção e Demolição Óleos Alimentares Usados Resíduos Biodegradáveis Resíduos Sólidos Resíduos Biodegradáveis Resíduos Agrícolas Origem do Resíduo Resíduos Industriais Resíduos Hospitalares Resíduos Urbanos e Equiparados 2.5. Fluxos Específicos de Resíduos Os fluxos de resíduos, descritos no Decreto-Lei nº73/2011, são o “tipo de produtos de uma categoria de resíduos, transversal a todas as origens, nomeadamente embalagens, eletrodomésticos, pilhas, acumuladores, pneus ou solventes”. A gestão destes fluxos de resíduos é assegurada por sistemas individuais do consignação ou por sistemas integrados de gestão de resíduos, que definem os procedimentos de gestão de deposição, recolha e tratamento com o objetivo de se obterem benefícios ambientais, otimização económica e aceitação social (Teixeira, 2004). O financiamento deste fluxo de resíduos é assegurado pelos produtores, embaladores e importadores ao garantirem a contrapartida por cada produto colocado no mercado, em função do seu peso e material. Trata-se de um valor, designado Ecovalor, que procura cobrir os custos de recolha e/ou classificação de resíduos, excluindo os custos da recolha indiferenciada e da eliminação para aterro (Teixeira, 2004). Existem vários fluxos específicos de resíduos entre eles as Embalagens, Pneus Usados, Pilhas e Acumuladores Usados, VFV, Óleos Minerais Usados, OAU (Óleos Alimentares Usados), RCD (Resíduos de Construção e Demolição) e REEE. No Anexo II encontra-se de forma detalhada cada fluxo específico de resíduos, à exceção dos REEE, que são definidos abaixo, com devido destaque. 15 2.6. Equipamentos Elétricos e Eletrónicos De acordo com o disposto na Diretiva 2002/95/CE, de 27 de Janeiro de 2003 e no DecretoLei nº230/2004, de 10 de Dezembro de 2004, do artigo 3º, alínea a), os EEE são os “equipamentos cujo funcionamento adequado depende de correntes elétricas ou campos eletromagnéticos, bem como os equipamentos para geração, transferência e medição dessas correntes e campos pertencentes às categorias definidas no anexo I A da Diretiva 2002/96/CE (REEE) ou no anexo I do Decreto-Lei nº230/2004 e destinados a utilização com uma tensão nominal não superior a 1000V para corrente alterna e 1500V para corrente contínua”. Os REEE encontram-se classificados na LER, descrito na Portaria nº209/2004, de 3 de Março, nomeadamente no capítulo 16, correspondente aos resíduos não especificados em outros capítulos desta lista mais concretamente no capítulo 16 e subcapítulo 02 (código 16 02), referente aos resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos. Adicionalmente, os REEE podem ser classificados nesta portaria, no capítulo 20 e subcapítulo 01 (resíduos de frações recolhidas seletivamente) através dos códigos 20 01 21 (*) referente a lâmpadas fluorescentes e outros resíduos contendo mercúrio; 20 01 23 (*) alusivo a equipamentos fora de uso contendo clorofluorcarbonetos; 20 01 35 (*) relativo aos equipamentos elétricos e eletrónicos fora de uso não abrangidos pelos códigos 20 01 21, 20 01 23 e por fim 20 01 36, respeitante aos equipamentos elétricos e eletrónicos fora de uso não abrangidos em 20 01 21, 20 01 23 ou 20 01 35. No Anexo III encontram-se descritos os capítulos 16 e 20 do código LER, onde estão classificados os REEE. Os equipamentos pertencentes à definição de EEE estão dispostos em dez grandes categorias (Tabela 3), segundo o anexo I do Decreto-Lei nº230/2004. Em anexo está presente uma lista pormenorizada dos produtos inseridos em cada categoria de EEE (Anexo IV). Tabela 3:Descrição das Categorias de EEE de acordo com o Decreto-Lei nº230/2004. Categorias de EEE 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Descrição Grandes Eletrodomésticos Pequenos Eletrodomésticos Equipamentos Informáticos e de Telecomunicações Equipamentos de Consumo Equipamentos de Iluminação Ferramentas Elétricas e Eletrónicas (com exceção de ferramentas industriais fixas de grandes dimensões) Brinquedos e Equipamento de Desporto e Lazer Aparelhos médicos (com exceção de todos os produtos implantados e infetados) Instrumentos de Monitorização e Controlo Distribuidores Automáticos 16 Os REEE, segundo o Decreto-Lei nº 230/2004, de 10 de Dezembro, do artigo 3º, alínea b), são os “EEE que constituam um resíduo na aceção da alínea a) do artigo 3º do Decreto-Lei nº239/97, de 9 de Setembro, incluindo todos os componentes, subconjuntos e materiais consumíveis que fazem parte integrante do equipamento no momento em que este é descartado”. De facto, a definição de REEE é de tão vasta abrangência, que se pode incluir, para além dos produtos em fim de vida, os produtos danificados, avariados e em fim de utilização (Barroso e Machado, 2005). 2.6.1. Legislação em Matéria de REEE A UE desde cedo tem presente a necessidade da criação de medidas em relação a este fluxo específico de resíduos. A Diretiva 75/442/CEE do Conselho, de 15 de Julho de 1975, é um bom exemplo disso que previu que havia condições para o estabelecimento, a partir de diretivas específicas, regras para os casos especiais ou em complemento das previstas na Diretiva 75/442/CEE quanto à gestão de determinadas categorias de resíduos. Em 1996, o Parlamento Europeu solicitou à Comissão que apresentasse propostas de diretivas relativas a vários fluxos de resíduos prioritários, incluindo os REEE. Em Junho de 2000, foi publicada a Diretiva COD 2000/0158, relativa aos REEE e a Diretiva 2000/0159, referente à restrição do uso de determinadas substâncias perigosas em EEE (Carvalho, 2008). Em 2003, são publicadas as Diretivas 2002/95/CE (Diretiva RoHS (Restriction of Certain Hazardous Substances)) do Parlamento Europeu e do Conselho, de 27 de Janeiro, relativa ao uso de determinadas substâncias perigosas em EEE e a Diretiva 2002/96/CE (Diretiva REEE) do Parlamento Europeu e do Conselho, de 27 de Janeiro, alusiva aos REEE. Diretiva REEE A Diretiva 2002/96/CE foi reformulada dando origem à Diretiva 2012/19/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 4 de Julho. Os objetivos da política ambiental da União são, em especial, a preservação, proteção e melhoria da qualidade do ambiente, a proteção da saúde humana e a utilização prudente e racional dos recursos naturais. Esta política baseia-se no princípio da precaução e nos princípios da ação preventiva, da correção, prioritariamente na fonte, dos danos causados ao ambiente e do poluidor-pagador. Ao prever a responsabilidade do produtor, a diretiva incentiva a conceção e fabrico dos EEE que facilitem a reparação, a eventual atualização, reutilização, desmontagem e reciclagem dos REEE. 17 A presente Diretiva inclui os EEE utilizados pelos consumidores, mas também os EEE utilizados a nível profissional. É incluído nesta mesma Diretiva encontram-se requisitos de conceção ecológica que facilitam a reutilização, o desmantelamento e a valorização dos REEE. A recolha seletiva é uma condição prévia para assegurar um tratamento e reciclagem dos REEE que é necessária para atingir o nível desejado de proteção da saúde humana e do Ambiente da UE. O símbolo que indica a recolha seletiva de EEE é constituído por um contentor de lixo barrado com uma cruz. O símbolo deve ser impresso de forma visível, legível e indelével (Figura 4). Figura 4: Símbolo para marcação dos EEE. Por outro lado, a Diretiva tem o objetivo de evitar as transferências indesejadas de EEE que não funcionem para países em desenvolvimento. O tratamento dos REEE, segundo a Diretiva, deverá ser específico para este fluxo específico de resíduos, com a finalidade de evitar a dispersão de poluentes no material reciclado ou no fluxo de resíduos. Os estabelecimentos ou empresas que efetuem operações de recolha, reciclagem ou tratamento deverão cumprir normas mínimas para prevenir os impactes negativos associados ao tratamento de REEE. Deverão se utilizar as MTD (Melhores Técnicas Disponíveis) de tratamento, valorização e reciclagem, desde que se assegurem a proteção da saúde humana e uma elevada proteção do ambiente. A recolha, o armazenamento, o transporte, o tratamento e a reciclagem de REEE deverão ser realizados de acordo com uma abordagem orientada para a proteção do ambiente e da saúde humana e a preservação das matérias-primas. Em complemento, deverão ter por objetivo a reciclagem de recursos valiosos contidos nos EEE com vista a assegurar um melhor fornecimento de mercadorias na UE. A Diretiva apresenta os objetivos mínimos de valorização e reciclagem bem como metas de valorização e reciclagem (Tabela 4, Tabela 5 e Tabela 6). Para facilitar a gestão, e em especial o tratamento e a valorização ou reciclagem dos REEE, é importante que os produtores 18 forneçam informações sobre a identificação dos componentes e materiais presentes neste tipo de resíduos. Tabela 4:Objetivos Mínimos, por Categoria do anexo I (Categorias de EEE) da Diretiva 2012/19/UE, de Valorização, Reciclagem e Reutilização entre 13 de Agosto de 2012 até 14 de Agosto de 2018. Entre 13 de Agosto de 2012 e Entre 15 de Agosto de 2015 e 14 de Agosto de 2015 14 de Agosto de 2018 Categorias Valorização Reciclagem Valorização 80% 70% 75% 75% 70% 70% 70% 70% 70% 80% --- 75% 50% 65% 65% 50% 50% 50% 50% 50% 75% 80% 85% 75% 80% 80% 75% 75% 75% 75% 75% 85% --- 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Lâmpadas de descarga de gás Reciclagem e Reutilização 80% 55% 70% 70% 55% 55% 55% 55% 55% 80% 80% devem ser reciclados Tabela 5: Objetivos Mínimos, por Categoria do anexo III da Diretiva 2012/19/UE, de Valorização, Reciclagem e Reutilização a partir de 15 de Agosto de 2018. Categorias Valorização Reciclagem e Reutilização 1 2 3 4 5 6 85% 80% --85% 75% 75% 80% 70% 80% devem ser reciclados 80% 55% 55% Os objetivos definidos na Tabela 5 retratam uma diferente categorização dos resíduos. Na Tabela 6 são definidos os equipamentos pertencentes à categoria apresentada na tabela anterior. 19 Tabela 6:Categorias de EEE abrangidos pela Diretiva 2012/19/UE. Categorias 1 2 3 4 5 6 Equipamentos de regulação de temperatura. Ecrãs, monitores e equipamentos com ecrãs de superfície superior a 100m 2. Lâmpadas. Equipamentos de grandes dimensões (com qualquer dimensão externa superior a 50 cm), incluindo, mas não limitados a: Eletrodomésticos; equipamentos informáticos e de telecomunicações; equipamentos de consumo; aparelhos de iluminação; equipamento para reproduzir sons ou imagens, equipamento musical; ferramentas elétricas e eletrónicas; brinquedos e equipamento de desporto e lazer; dispositivos médicos; instrumentos de monitorização e controlo; distribuidores automáticos; equipamento para geração de corrente elétrica. Não se incluem nesta categoria os equipamentos abrangidos pelas categorias 1 a 3. Equipamentos de pequenas dimensões (com nenhuma dimensão externa superior a 50 cm), incluindo, mas não limitados a: Eletrodomésticos; equipamentos de consumo; aparelhos de iluminação; equipamento para reproduzir sons ou imagens, equipamento musical; ferramentas elétricas e eletrónicas; brinquedos e equipamento de desporto e lazer; dispositivos médicos; instrumentos de monitorização e controlo; distribuidores automáticos; equipamento para geração de corrente elétrica. Não se incluem nesta categoria os equipamentos abrangidos pelas categorias 1 a 3 e 6. Equipamentos informáticos e de telecomunicações de pequenas dimensões (com nenhuma dimensão externa superior a 50 cm). Os EM (Estados Membros) deverão prever sanções efetivas, proporcionadas e dissuasivas a aplicar às pessoas singulares e coletivas responsáveis pela gestão de resíduos que infrinjam o disposto na presente Diretiva. Para o acompanhamento da concretização dos objetivos da presente diretiva são necessárias informações sobre o peso dos EEE colocados no mercado na UE e sobre as taxas de recolha, preparação para a reutilização, incluindo, na medida do possível, a preparação para a reutilização de aparelhos inteiros, a valorização ou a reciclagem e a exportação de REEE recolhidos nos termos da presente Diretiva. Os processos de valorização têm um grande impacto positivo em relação dos impactes económicos e ambientais. O Gráfico 1 mostra a distribuição dos impactes económicos das diferentes etapas do sistema de gestão de REEE. Gráfico 1:Distribuição dos Impactes Económicos ao longo da cadeia operacional dos REEE (Adaptado de Ferreira, 2009). 20 O Gráfico 1 indica que o impacte económico dos processos de valorização tem influencia positiva no sistema de gestão de REEE. Por outro lado, todas as outras etapas do sistema acarretam despesas à entidade gestora, mas a etapa que mais influência negativa tem é a etapa de fragmentação, triagem, desmantelamento e pré-tratamento, seguida da recolha e transporte. O Gráfico 2 mostra a distribuição dos impactes ambientais das diferentes etapas do sistema integrado de REEE. Gráfico 2:Distribuição dos impactes ambientais ao longo da cadeia operacional dos REEE (Adaptado de Ferreira, 2009). O Gráfico 2 denota que os processos de reciclagem e os processos de valorização são etapas que têm influência positiva no sistema de gestão de REEE, com a etapa de valorização a ser a etapa que mais influencia positivamente o sistema. Por outro lado, as etapas que afetam negativamente o sistema de gestão de REEE são as etapas de recolha e transporte, emissões antes e durante o pré-tratamento e a as etapas de incineração e aterro. Diretiva RoHS A Diretiva 2002/95/CE, de 27 de Janeiro (Diretiva RoHS) promulgada pela Diretiva 2011/65/UE visa reduzir o impacte ambiental dos EEE quando atingem o fim de vida útil. Para isso, a Diretiva estabelece regras em relação à restrição da utilização de substâncias perigosas em EEE, tendo em vista contribuir para a proteção da saúde humana e do ambiente, incluindo uma valorização e uma eliminação, ecologicamente corretas, dos REEE. As medidas previstas na presente Diretiva deverão ter em conta as orientações e recomendações internacionais existentes e deverão basear-se na avaliação da informação 21 científica e técnica disponível. Estas medidas são necessárias para atingir o nível escolhido de proteção da saúde humana e do ambiente, tendo em conta o princípio da precaução, ponderados os riscos que poderiam decorrer para a União Europeia da não adoção de quaisquer medidas. No Anexo V estão presentes os equipamentos a que não se aplica esta Diretiva. Diretiva EuP A Diretiva EuP (Energy using Products) ou Diretiva 2009/125/CE, de 6 de Julho, é referente à criação de um quadro que define os requisitos de conceção ecológica dos produtos que consomem energia. Esta Diretiva altera a Diretiva 2005/32/CE do Parlamento Europeu e do Conselho e tem como objeto assegurar o livre movimento desses produtos no mercado interno da UE. Os produtos dependentes de energia representam uma grande proporção no consumo de recursos naturais e de energia. Eles também têm inúmeros impactes ambientais. Para a grande maioria de categorias de produtos disponíveis no mercado da Comunidade Europeia, diferentes graus de impacte ambiental podem-se assinalar ainda que forneçam performances similares. Tendo em vista o desenvolvimento sustentável, a melhoria contínua do impacte no meio ambiente desses produtos deve ser incentivado, nomeadamente pela identificação das principais fontes de impactes ambientais negativos e evitar a transferência de poluição, quando essa melhoria não implica custos excessivos. A conceção ecológica dos produtos é um fator crucial na Estratégia Comunitária na Política Integrada do Produto. Como uma abordagem preventiva, que visa a otimização da performance ambiental dos produtos, mantendo as suas qualidades funcionais, apresentando novas oportunidades para os fabricantes, consumidores e sociedade como um todo. Transposição das Diretivas Comunitárias Anteriormente à publicação das Diretivas Comunitárias relativas aos REEE (Diretiva nº 2002/95/CE e 2002/96/CE), vigorava em Portugal o Decreto-Lei nº 20/2002, de 30 de Janeiro, o qual estabeleceu um conjunto de regras de gestão de REEE primordiais mas que, na prática, não surtiram grande aplicabilidade (Carvalho, 2008). A publicação das Diretivas europeias, nomeadamente a Diretiva 2002/95/CE e 2002/96/CE, tiveram de ser transpostas para a legislação nacional dos EM da UE, e Portugal não foi exceção. Portugal criou o Decreto-Lei nº230/2004, de 10 de Janeiro, incluindo ambas as diretivas europeias descritas acima. Este decreto veio assim substituir o anterior Decreto-Lei 22 nº 20/2002. O Anexo VI demonstra a transposição e implementação dos requisitos da Diretiva REEE 2002/96/CE no Decreto-Lei nº230/2004. O Decreto-Lei nº230/2004 já foi revisto várias vezes, dando lugar ao Decretos-Lei nº174/2005, de 25 de Outubro, Decreto-Lei nº178/2006, de 5 de Setembro, Decreto-Lei nº132/2010, de 17 de Dezembro e por fim o Decreto-Lei nº73/2011, de 17 de Junho. O Decreto-Lei nº132/2010 reforça o dever de informação dos produtores sobre os REEE, na medida em que estabelece o dever de registo das quantidades de REEE, dos respetivos componentes, materiais e substâncias que entrem ou saiam de tratamento ou que entrem em valorização ou reciclagem. Com este reforço do sistema de informação e reporte potencia-se uma gestão dos REEE mais consciente e rigorosa. Além disso, esclarece-se que os produtores que forneçam EEE através de venda por comunicação à distância, também estão abrangidos pelo regime previsto no Decreto-Lei nº 230/2004. A fim de maximizar os benefícios ambientais a partir de um design melhorado, pode ser necessário informar os consumidores sobre as características e performance ambientais do produtos dependentes de energia e para aconselhar como utilizar os produtos de uma forma amiga do ambiente. 2.6.2. Composição Material dos REEE Os REEE são um fluxo de resíduos compostos por uma ampla gama de equipamentos altamente complexos, devido à sua elevada diversidade de materiais e substâncias, mas também componentes de uma grande panóplia de formas e tamanhos (Cui e Forssberg, 2003; Barroso e Machado, 2005; Abu Bakar e Rahimifard, 2008; Martinho et al., 2012; Oguchi, 2013). As características dos REEE dificultam a estimativa dos materiais incluídos neste fluxo de resíduos, o que traz consigo dificuldades na gestão eficaz deste fluxo de resíduos, nomeadamente para os formuladores de políticas e empresas de gestão de resíduos (Widmer et al., 2005; Ongondo et al., 2011a; Araújo et al., 2012). Para contrariar esse obstáculo, os REEE devem ser separados por características específicas (Chancerel e Rotter, 2008, citado por Oguchi et al., 2013). Do mesmo modo, a separação também é útil para a gestão de substâncias perigosas na reciclagem e tratamento de REEE, devido ao facto das características contidas nos materiais tóxicos serem diferentes pelos tipos de REEE (Oguchi et al., 2013). Os REEE são compostos por materiais como plásticos, metais ferrosos, metais não-ferrosos (incluindo metais valiosos), PCI (Placas de Circuito Interno), vidros, madeira, borracha, resíduos de papel, betão, cerâmica ou até óleos (ETCRWM, 2008). Além disso, este fluxo é conhecido pelo seu alto teor em substâncias tóxicas, sendo que segundo Widmer e colaboradores (2005), os REEE possuem mais de 1000 substâncias diferentes. Segundo este 23 mesmo autor, e são várias as estimativas, a fração que engloba o grupo dos metais nos REEE é superior a 60%, enquanto que a taxa de poluentes compreende-se em 2,7%. A tabela seguinte mostra também uma estimativa dos principais materiais presentes nos REEE. Tabela 7:Principais Materiais encontrados nos REEE (Fonte: Cui e Forssberg, 2003). Materiais Quantidade Percentual (%) Metais ferrosos Metais não ferrosos Plásticos Vidro Madeira Outros 38 28 19 4 1 10 Uma outra estimativa realizada por Oguchi e colaboradores (2013) é apresentada, na Tabela 8, onde são exibidos 23 tipos de REEE com a respetiva composição material. Tabela 8:Composição Material de 23 Tipos de REEE (Fonte: Oguchi et al., 2013). Fração em peso dos materiais (%) Tipo de Equipamento Frigorífico Máquina de Lavar Ar Condicionado TV CRT TV PDP TV LCD PC Desktop PC Notebook VCR Leitores/Gravadores DVD Sistema de Som Gravador de Cassetes Fax Telefone Impressora Telemóvel Máquina Fotográfica Digital Máquina de Filmar Leitor Portátil Minidisc Vídeo Jogo Leitor de CD Portátil Micro-ondas Panela Elétrica Material Ferroso 47,6 51,7 45,9 12,7 33,6 43,0 47,2 19,5 52,6 62,5 41,4 35,1 33,3 --35,5 0,8 5,2 5,0 16,1 19,9 0,8 71,9 47,8 Material Alumínio 1,3 2,0 9,3 0,1 15,1 3,8 --2,4 4,5 --1,7 0,5 1,7 --0,2 --4,3 --6,5 2,3 --0,4 2,2 Material Cabo de Cobre 3,4 3,1 17,8 3,9 1,2 0,8 0,9 1,0 2,0 3,6 1,7 3,2 6,1 10,3 3,2 0,3 0,3 2,9 3,0 1,6 0,4 4,0 3,0 Plástico PCI 43,7 35,3 17,7 17,9 10,1 31,8 2,8 25,8 24,1 15,3 18,9 46,9 49,1 53,2 45,8 37,6 31,8 29,0 26,3 47,8 72,3 6,5 37,0 0,5 1,7 2,7 8,7 7,8 11,6 9,4 13,7 15,8 14,0 11,1 10,4 12,2 12,6 7,4 30,3 20,2 17,7 15,7 20,6 10,1 4,7 2,0 Vidro CRT Painel Funil Vidro Vidro ------------23,2 12,5 ----------------------------------------------------------------------------- Metais Os metais contidos nos REEE são os materiais mais comuns e que representam maior peso total neste fluxo específico de resíduos. Estão incluídos nos metais dos REEE o alumínio, prata, arsénio, ouro, boro, bário, berílio, bismuto, cádmio, cálcio, cério, cobalto, crómio, césio, európio, ferro, gálio, germânio, háfnio, índio, irídio, potássio, lantânio, lítio, magnésio, 24 manganês, molibdénio, sódio, nióbio, neodímio, níquel, chumbo, paládio, platina, rubídio, ródio, ruténio, antimónio, escândio, selénio, silício, estanho, estrôncio, tantálio, telúrio, titânio, tálio, vanádio, tungsténio, ítrio, zinco e zircónio e ligas metálicas como bronze ou aço (Oguchi et al., 2012; Menad et al., 2013; Bigum et al., 2012; Wäger et al., 2011). Os materiais valiosos nos REEE, normalmente fornecem incentivo à reciclagem, incluem metais como Cu (cobre) e metais preciosos como prata, ouro ou paládio, sendo que o último ocorre em concentrações dez vezes superiores em PCI que em minerais comercialmente vindos de minas (Betts, 2008). Oguchi e colaboradores (2013) estudaram as concentrações de metais nas placas de circuito impresso de 24 tipos de REEE (Anexo VII). Por exemplo, uma máquina de lavar loiça contém aproximadamente um quilograma de cobre, equivalente entre dois a três pontos percentuais do peso total do equipamento, sendo que comparativamente para uma mina de cobre o conteúdo de cobre do minério é em média de 0,3 pontos percentuais (Minde e Liljeholm, 2005, citado por Luttropp e Johansson, 2010). Espera-se ainda que os preços dos metais aumentem até 15% anualmente devido ao aumento da procura, aumento da escassez na oferta e número de fornecedores limitado (Government Gazzette, 2011). Sendo assim, é importante e vantajoso a recuperação dos metais dos REEE, isto porque quando tais recursos não são recuperados, as matérias-primas têm de ser extraídas e transformadas para criar novos produtos, resultando numa perda significativa de recursos e danos ambientais inerentes à extração do minério, manufatura, transporte e uso de energia (Cui e Forssberg, 2003; Bains et al., 2006, citado por Ongondo et al., 2011a; Bohr, 2007 citado por Ongondo et al., 2011a). Cui e Forssberg (2003) traduzem e quantificam algumas vantagens com o uso de matérias-primas secundárias de ferro e aço (Tabela 9). Para o sucesso da gestão dos REEE, é importante uma recuperação completa dos metais ferromagnéticos, metais não ferrosos, metais preciosos e não metálicos, por meio de separação mecânica e podem ser aplicáveis a nível económico e tecnológico (Menad et al., 2013). A recuperação destes metais a partir dos REEE tornou-se um negócio rentável, resultando num comércio global e transfronteiriço deste fluxo de resíduos (Widmer et al., 2005). A maioria das perdas que ocorrem na recuperação dos metais é no pré-tratamento, sugerindo que, se o pré-tratamento possa ser melhorado levando a uma redução da perda de metais preciosos, o tratamento geral e a recuperação de metais a partir dos REEE pode ser ainda mais atraente a partir do ponto de vista dos recursos e provavelmente também de um ponto de vista ambiental (Bigum et al., 2012). 25 Tabela 9:Benefícios do Uso de Matérias-Primas Secundárias de Ferro e Aço (Fonte: Cui e Forssberg, 2003). Benefícios Quantidade Percentual (%) Poupanças de energia Poupanças no uso de materiais virgens Redução da poluição do ar Redução no uso da água Redução na poluição da água Redução nos resíduos de extração de minério Redução em resíduos gerados de consumo 74 90 86 40 76 97 105 Plásticos Os plásticos de engenharia são uma classe de materiais poliméricos que exibem excelentes propriedades mecânicas e térmicas, numa vasta gama de condições. Devido às suas características únicas, como elevada resistência ao calor, resistência mecânica, rigidez, estabilidade química e retardante de chama, estes polímeros têm muitas aplicações nos EEE. Como resultado, é gerado um grande volume deste tipo de material a cada ano a partir da deposição de equipamentos deste tipo de mercado. Os REEE podem ser classificados em mais de 15 tipos diferentes de polímeros incluindo ABS (Acrilonitrilo-butadieno-estireno), PC (Policarbonetos), PA (Poliamidas), PP (Polipropileno), PET (Poli (tereftalato de etino)), HIPS (Poliestireno de alto impacto), PS (Poliestireno), SAN (Co polímeros de estireno-acrilonitrilo), poliésteres, PU (Poliuretano), misturas de policarbonato (PC/ABS) e as misturas de HIPS/PPO (Poli (p-óxido fenileno)) bem como alguns materiais mais recentemente desenvolvidos como PSU (Polisulfona), PEK (Polietercetona), PEEK (Poli (éter éter cetona)) e poliimidas (Tarantili et al., 2010; Vilaplana e Karlsson, 2008 citado por Martinho et al., 2012). Junto com esta significativa variedade de materiais, muitos dos aditivos (tanto orgânicos como inorgânicos), também são adicionados aos plásticos, os quais são muitas vezes perigosos e que são capazes de alterar as propriedades dos materiais como a cor, o ponto de fusão, inflamabilidade e densidade, ou para fins legais (conceção ou de custos). Estes aditivos podem ser pigmentos (por exemplo: TiO2 (dióxido de titânio), ZnO (Óxido de Zinco), Cr2O3 (Óxido de Cromo (III)), Fe2O3 (Óxido de Ferro (III)), Cd (cádmio)), retardadores de chama (muitas vezes bromados orgânicos combinados com Sb2O3 (Óxido de Antimónio (III)) ou PCB (Bifenilos Policlorados)) e vários estabilizantes ou plastificantes (por exemplo: compostos de Ba (bário), Cd, Pb (chumbo), Sn (estanho) e Zn (zinco) ou PCB’s) (Dimitrakakis et al.,2009; Erikson e Kaley, 2011; Schlummer et al., 2007). Os aditivos para escurecer a cor são contaminantes comuns nestes plásticos quando usados em televisões CRT (Cathodic Ray Tube) e em pequenos REEE. Estes aditivos podem tornar difícil a identificação dos plásticos, juntamente com a identificação do polímero em falta e marcas de identificação dos retardantes 26 de chama. Estas desvantagens contribuem para a ineficiência do desmantelamento manual de REEE, que é típico do processo de reciclagem em Portugal (Martinho et al., 2012). Na maioria dos casos após terminar a vida útil dos EEE, os resíduos de plásticos ainda apresentam boas propriedades. Os REEE contêm aproximadamente 18% de plásticos, principalmente PC, ABS, misturas de policarbonato, HIPS e PP (Vilaplana et al., 2009). Os polímeros à base de estireno cobrem aproximadamente metade dos plásticos presentes nos REEE (GRS Batterien 2001,2002 citado em Salhofer e Tesar, 2011). Por exemplo, para os pequenos REEE, os polímeros predominantes são ABS, PP e PS (Martinho et al., 2012). Os aparelhos de REEE com maiores quantidades de plásticos são REEE de pequenas dimensões e impressoras; Os CPU (Central Processing Unit) e grandes aparelhos de refrigeração não contêm mais de 10% de plástico (Martinho et al., 2012). No que se refere à variedade de polímeros, os aparelhos maiores, os monitores CRT e os televisores CRT têm o menor número de diferentes polímeros, com até dez tipos diferentes, enquanto que para outros aparelhos, o número de diferentes polímeros pode ser superior a treze. No caso dos pequenos REEE, o número atinge vinte e um tipos diferentes de plásticos, mas cerca de 14% de tais polímeros não foram identificados. Para aparelhos de refrigeração, a presença de plástico é notória nos acessórios (6%), que são removidos manualmente (Martinho et al., 2012). Vários estudos têm sido realizados com vista à quantificação deste fluxo de materiais. Por exemplo, Schlummer e os restantes investigadores (2007) realizaram um estudo às percentagens de cada tipo de plásticos em 45 habitações (Gráfico 3). PPO/PS ABS/PC ABS/PVC HIPS/BFR livre HIPS/BFR ABS/BFR ABS/BFR livre Gráfico 3:Quantidades Relativas de Tipos de Plásticos identificados em 45 habitações (9 televisores e 36 monitores) (Adaptado de Schlummer et al., 2007). A reciclagem de plásticos nos REEE é um grande desafio, principalmente por duas razões. Em primeiro lugar, a mistura de REEE contém mais de 15 diferentes tipos de polímeros e coloca a economia de qualquer reciclagem de material em questão (Menad et al., 1998; 27 Vilaplana e Karlsson, 2008 citado por Martinho et al., 2012). Em segundo lugar, a presença de retardantes de chama bromados, incluindo PBDE (Éteres Difenílicos Polibromados) e PBB (Bifenilos Polibromados) (Richter et al., 1997; Menad et al., 1998; Riess et al., 2000; Vehlow et al., 2000), que podem causar sérios impactes ambientais, em especial na formação de substâncias carcinogénicas como PBDD/F (Dioxinas/furanos dibenzo polibromados), durante o processo de tratamento desses plásticos. Tem sido proposta a pirólise como uma via de processamento para reciclagem dos compostos orgânicos nos plásticos de REEE em matérias-primas combustíveis e substâncias químicas (Yang et al., 2013). O conhecimento do recurso plástico é vital para um país sem recursos petroquímicos nas suas indústrias, permitindo a promoção de reciclagem e recuperação, e do seu mercado (Martinho et al., 2012). Os plásticos com maior potencial de reciclagem seriam o PS e o PC/ABS segundo Martinho et al. (2012). Deste modo, para maximizar o valor dos plásticos em REEE é necessário uma maior separação com técnicas de separação avançadas (Menad et al., 2013). Vidro CRT O cálculo da composição média dos REEE descartados em 2005, mostra que os CRT originários dos televisores representam 13,3% e de monitores CRT representam 8,3% (UNU, 2007). Da quantidade calculada de CRT recolhidos e tratados em 2005 nos países da UE-27 (União Europeia a 27 Estados Membros) é de 35% para monitores de CRT e 30% para televisores CRT (UNU,2007). Estima-se que na China, a cada ano, cerca de 6 milhões de televisores e 10 milhões de computadores são descartados (Xu et al., 2012). A substituição de monitores CRT por equipamentos LCD (Liquid Crystal Display) e PDP (Plasma Display Monitors) causam um rápido aumento no número de equipamentos a serem considerados como resíduos (Mostaghel e Samuelsson, 2010; Xu et al., 2012). Os vidros CRT representam dois terços do peso de um televisor ou monitor de computador, que é composto por 85% de vidro (Andreola et al., 2005, 2007b). A utilização do vidro CRT em fim de vida é um pouco problemática devido ao facto dos CTR normalmente serem feitos de diversos componentes de vidros divididos em 4 tipologias (vidro ou painel, cone ou funil, gargalo ou junção). Cada tipo de vidro possui propriedades e composições químicas distintas (Andreola et al., 2005). O vidro de painel é um vidro composto por bário e estrôncio; o vidro funil, é um vidro de chumbo; o vidro de junção é um vidro de esmalte com baixa temperatura de fusão e o vidro gargalo ou cone é um vidro extremamente rico em chumbo, mas também possuidor de outros elementos perigosos (Andreola et al., 2007a, 2008; Méar et al., 2006). Estudos têm revelado que os vidros funil e de gargalo são 28 resíduos perigosos, enquanto que os resíduos de vidro de painel têm baixa toxicidade (Jang e Townsend, 2003; Musson et al., 2006). Por estas razões, o vidro CRT partido e misturado não pode ser reciclado como casco de vidro, na produção de vidro industrial (Andreola et al., 2008). Nos países escandinavos a reciclagem de vidros de televisores é bastante elevada. Segundo ICER (2004), existem 5 aplicações com potencial de uso, para usar quantidades significativas de vidro como: i) Tijolos e telhas; ii) Fluxo na fabricação de tijolo e/ou cerâmica; iii) Espuma de vidro para isolamento; iv) Fabricação de novos vidros CRT e v) Material fluidificante na fundição de metal. As operações de fundição de cobre e chumbo, de acordo com a operação prática, necessitam de uma grande quantidade de sílica. Assim, os vidros descartados podem potencialmente ser usados para substituir a sílica (UNU, 2007). 2.6.3. Enquadramento Macroeconómico Português As projeções mais recentes, para a economia portuguesa mostram uma recuperação comedida da atividade no período 2014-2015, após uma contração acumulada de aproximadamente 6 por cento no período 2011-2013, no contexto do processo de correção dos desequilíbrios macroeconómicos acumulados ao longo das últimas décadas (Banco de Portugal, 2013). Na realidade, Portugal enfrentou em 2012 um dos períodos mais difíceis, em termos económicos, da sua história recente. Também o setor dos Equipamentos Elétricos e Eletrónicos refletiu a diminuição verificada nos bens de consumo, com uma redução de três milhões no número de novas unidades colocadas no mercado e reportadas pelos utentes (12% face a 2011). A redução drástica nas vendas de equipamentos, associada a um aumento dos circuitos paralelos na recolha de REEE, também se traduziu numa forte redução do volume e qualidade dos equipamentos recolhidos (Amb3E, 2013). A projeção 2014-2015 prevê então que deverá ocorrer neste período condições para o financiamento da economia. A projeção apresenta também uma progressiva recuperação na procura interna, sendo que este fator irá ser definido de acordo com o comportamento em relação ao consumo público e ao consumo privado ou seja, irão depender do processo de consolidação orçamental, desalavancagem do setor privado e a manutenção de condições desfavoráveis no mercado de trabalho (Banco de Portugal, 2013). Importa referir que as exportações têm desempenhado um papel crucial no ajustamento da economia portuguesa, apesar do crescimento relativamente limitado da atividade económica 29 mundial observado no período 2011-2013. Ao longo do horizonte de projeção (2013-2015) prevê-se um aumento dos excedentes da balança corrente e de capital, o que constitui uma das características mais marcantes do processo de ajustamento da economia portuguesa (Banco de Portugal, 2013). Em comparação com anteriores edições do Boletim Económico as atuais projeções implicam uma revisão em alta do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) e uma alteração da sua composição, que traduz agora um maior contributo da procura interna e um menor contributo das exportações líquidas. Esta evolução reflete, em larga medida, o impacto da incorporação da informação mais recente, que aponta para um crescimento superior ao anteriormente projetado em relação ao consumo privado e das importações na segunda metade de 2013. A revisão em alta da projeção para o crescimento do PIB em 2014 reflete os efeitos dinâmicos da revisão no segundo semestre de 2013, bem como o impacto da atualização das hipóteses de finanças públicas, a qual tem implicações quantitativamente menores do que o precedentemente assumido para a evolução do rendimento disponível e do consumo público (Banco de Portugal, 2013). 2.6.4. Produção de EEE e REEE A produção mundial de REEE é de cerca de 40 milhões de toneladas por ano. Em 1998, na Europa foram produzidos 6 de milhões de toneladas de REEE (Comissão Europeia, 2000), sendo que em 2002 foram produzidos 7,3 milhões de toneladas de REEE (Abu Bakar e Rahimifard, 2008) e em 2005, as estimativas indicam que foram produzidos na UE-27 entre 8,3 e 9,1 milhões de toneladas (Mostaghel e Samuelsson, 2010). A tendência da produção deste tipo de resíduos é de continuar a aumentar, devendo aumentar anualmente 3 a 5 pontos percentuais, sendo que esta taxa de crescimento é cerca de três vezes superior à taxa de crescimento dos RU (Comissão Europeia, 2000; Ylä-Mella et al., 2004; IPTS, 2006; Abu Bakar e Rahimifard, 2008; Barroso e Machado, 2005). Em anexo (Anexo VII) está descrito uma previsão dos REEE produzidos para o período 2005-2020, para os países da UE-27. Nos últimos anos a área da gestão de resíduos que tem mais crescido tem sido a reciclagem. Também em Portugal se tem verificado esta tendência, tendo aumentado o número de unidades industriais e o investimento em equipamentos mais sofisticados de tratamento e valorização (Amb3E, 2011). No Gráfico 4 encontra-se explícito a evolução das quantidades de EEE inseridos no mercado entre 2006 a 2011. 30 2006 2007 Unidades 80000000 2008 60000000 2009 2010 40000000 2011 20000000 2012 0 Anos Gráfico 4:Quantidades de EEE inseridos no Mercado Português para o período 2006-2012 (Adaptado de ANREEE 2012; ANREEE 2012a; ANREEE, 2012b; ANREEE,2012c; ANREEE, 2012d; ANREEE,2013e). Em Portugal, assistiu-se a um crescente aumento das unidades de EEE inseridas no mercado até 2010, sendo que em 2011 houve um ligeiro decréscimo, que poderá ser explicado pelo clima económico que se tem vivido nos últimos anos. O Gráfico 5 apresenta a variação do PIB, a variação do consumo privado, a variação da quantidade dos EEE e a variação no número de registos de empresas. Todas estas variáveis económicas podem são a razão, como vimos no ponto anterior, para o aumento da taxa de desemprego e diminuição do índice de confiança dos consumidores, que podem levar à diminuição do consumo dos EEE. Gráfico 5:Variação do PIB, Consumo Privado, Quantidade de EEE inseridos no Mercado Nacional e Número de Registos de Empresas para o período 2008-2011 (Adaptado de ANREEE, 2012d). Entre o período 2008 e 2011, houve uma tendência decrescente da variação do PIB e do Consumo Privado e por consequência, diretamente ou indiretamente, houve também um decréscimo na quantidade de EEE aliado a um decréscimo da variação do número de registos de empresas para o mesmo período de tempo. 31 O gráfico subjacente mostra a evolução dos valores de mercado português de EEE em relação ao peso dos equipamentos inseridos no mercado entre 2006 e 2011. 2006 200000,00 2007 2008 Massa (t) 150000,00 2009 100000,00 2010 2011 50000,00 2012 0,00 Anos Gráfico 6:Quantidade de EEE inseridos no Mercado em Portugal para o período 2006-2012 (Adaptado de ANREEE 2012; ANREEE 2012a; ANREEE, 2012b; ANREEE,2012c; ANREEE, 2012d; ANREE,2013e). O Gráfico 6 mostra a existência abrupta de aumento no peso dos equipamentos postos no mercado entre 2006 e 2007. A partir de 2007, o peso dos EEE foram diminuindo ligeiramente até 2010. No período 2010-2011, o decréscimo do peso dos EEE também foi observado, mas em maior proporção. O aumento no peso dos EEE para o período 2006-2007 é coincidente com o aumento que se verificou também no aumento de unidades de EEE inseridas no mercado. Para o período 2007-2010, e mais uma vez cruzando os dados do Gráfico 5 e o Gráfico 6, apesar do peso dos equipamentos ter diminuído ligeiramente neste período de tempo, curiosamente o número de unidades colocadas no mercado em período análogo aumentou significativamente. Este decréscimo no peso dos EEE colocados no mercado para este período de tempo estará relacionado com a melhoria da relação tecnológica em relação à diminuição do tamanho e por conseguinte do peso dos equipamentos. Para o período 2010-2012, ambos os Gráficos (5 e 6) traduzem um decréscimo significativo, que poderá resultar da conjuntura económica, que terá influenciado o consumo deste tipo de equipamentos. O Gráfico 7 mostra a distribuição de unidades em 2012 em relação às diferentes categorias. 32 Categorias de EEE Categoria 1 Categoria 2 Categoria 3 Categoria 4 Categoria 5 Categoria 6 Categoria 7 Categoria 8 Categoria 9 Categoria 10 2370356 5997344 19707131 6661503 17925603 889153 2808008 454179 730022 630389 0 10000000 20000000 30000000 Unidades de EEE Gráfico 7:Distribuição de Unidades de EEE, por Categoria, em 2012 (Adaptado de ANREEE, 2013e). O Gráfico 7 mostra que as Categorias de EEE onde são descartados mais equipamentos são as Categorias 3, referente aos Equipamentos Informáticos e de Telecomunicações e Categoria 5 referente aos Equipamentos de Iluminação. As Categorias de EEE onde foram descartadas menos unidades são a Categorias 10, referente aos Aparelhos Médicos, e a Categoria 8 referente aos Distribuidores Automáticos. O Gráfico 8 expõe a distribuição de pesos dos EEE, em 2012, referente às diferentes Categorias de EEE categorias de EEE. Categoria 1 Categoria 2 Categoria 3 Categoria 4 Categoria 5 Categoria 6 Categoria 7 Categoria 8 Categoria 9 Categoria 10 69816,7 9099,99 11630,37 11336,86 6337,03 4296,98 1606,86 643,23 588,46 1644,93 0 20000 40000 60000 80000 Massa (t) Gráfico 8:Distribuição de Pesos de EEE, por Categoria, em 2012 (Adaptado de ANREEE, 2013e). A categoria com maior representatividade em relação ao peso dos EEE é a Categoria 1, referente aos Grandes Eletrodomésticos, mantendo o observado em anos anteriores (ANREEE, 2013e). Por outro lado, a categoria com menor representatividade em relação à massa dos EEE é a categoria 9, referente aos Instrumentos de Monitorização e Controlo. 33 Relativamente à produção de REEE em Portugal, não existe muita informação disponível. A previsão dos REEE é complicada isto porque não existe uma relação direta entre as quantidades de EEE colocadas no mercado e os REEE descartados. A razão prende-se a variabilidade do tempo de vida útil dos EEE, entre categorias e modelos de equipamentos. Porém existem algumas estimativas que podem traduzir, de certa forma, a evolução da produção nacional de REEE. No Gráfico 9 estão definidas duas estimativas que traduzem a evolução da produção de REEE em Portugal. 180000 y = 93759e0,0559x R² = 0,9452 Massa (t) 160000 140000 120000 Estimativa UNU 100000 80000 Estimativa Nacional 60000 Expon. (Estimativa Nacional) 40000 20000 0 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Anos Gráfico 9:Estimativas da evolução na produção nacional de REEE para o período 2005-2011 (Adaptado de ERP, 2006; UNU, 2007). O Gráfico 9 mostra que a estimativa realizada pela UNU (United Nations University) possui valores superiores do que a estimativa concretizada a nível nacional até 2009. Com a regressão quadrática pode-se visualizar que a estimativa nacional ultrapassa a estimativa da UNU. Isto acontece porque o crescimento da estimativa nacional é muito mais acentuado do que a estimativa da UNU. 2.6.5. Recolha de REEE Em 2008, a recolha per capita de REEE em Portugal foi de 3,9kg.hab-1.ano-1 (Arditi, 2012) e a produção per capita associada a este tipo de resíduos, no mesmo ano, foi de aproximadamente 16,3kg.hab-1.ano-1, sendo que apenas sensivelmente 24% da quantidade inserida no mercado foi recolhida (Tabela 10). Na mesma tabela também se pode verificar que do total de resíduos recolhidos em 2008, 84,75% dos resíduos recolhidos foram tratados ou reutilizados, denotando o grande esforço de valorização no território português. Os países da UE com maiores taxas de recolha de REEE são efetivamente a Suécia, a Noruega e Reino Unido, com valores associados de 62,73%, 55,57% e 50,65% respetivamente. A Suécia e a Dinamarca são os países com maiores valores de recolha, 34 com 14,8kg.hab-1.ano-1 e 13,9kg.hab-1.ano-1 respetivamente. A tabela salienta também que os países que mais reutilizam e reciclam em função do total recolhido são a Dinamarca, a Eslováquia e Portugal, com montantes associados de 90,37%, 85,42% e 84,75%, respetivamente. No ano 2010, a recolha per capita de REEE em Portugal aumentou significativamente, quando comparado com 2008, com um valor associado de 4,4kg.hab-1.ano-1 (Eurostat, 2012), sendo que a produção destes equipamentos no ano 2010 ficou-se pelos 15,5kg.hab1 .ano-1. Associando a produção e recolha pode-se concluir que o volume de resíduos da recolha representa 28,3% do volume de resíduos introduzidos no mercado. Pode-se observar que os países com maiores taxas de recolha em 2010 são efetivamente a Noruega e a Suécia, com valores a rondar os 16kg.hab-1.ano-1. Por outro lado, os países com menor desempenho a este nível para o mesmo ano são a Estónia e a Letónia com taxas de recolha inferiores a 2kg.hab-1.ano-1 (metade do valor estipulado pela Diretiva Europeia). Na verdade, o desenvolvimento económico altera os hábitos da população, tanto em termos do uso de EEE, bem como do tempo de vida útil desses mesmos equipamentos. Portanto, o esforço de recolha de REEE depende também da situação económica de um país (Torretta et al., 2013). 35 Tabela 10:Taxas de Recolha, Recolha Total per capita, EEE inseridos per capita no mercado e Taxas de Reciclagem e Reutilização baseada no Total Recolhido nos países da UE-24 em 2008 (Adaptado de Fischer, 2012). Taxa de Recolha País de REEE (%) Suécia Noruega Reino Unido Dinamarca Áustria Irlanda Espanha Alemanha Luxemburgo Finlândia Hungria Eslováquia Bélgica Lituânia Portugal Letónia Grécia República Checa França Estónia Itália Chipre Polónia Roménia Recolha Total EEE inseridos de REEE per no Mercado per capita (kg) capita (kg) 15,98 24,17 11,18 14,18 8,99 11,39 6,54 8,44 8,77 10,31 4,47 3,59 8,35 3,50 3,88 2,87 4,20 4,36 4,70 4,60 3,25 3,04 1,48 1,01 25,48 43,49 22,08 29,65 20,64 26,11 17,13 22,91 24,27 30,68 13,45 11,23 27,66 12,66 16,37 12,49 18,76 20,14 26,09 26,30 23,35 22,63 14,80 11,34 62,73 55,57 50,65 47,81 43,55 43,61 38,16 36,83 36,14 33,60 33,23 31,96 30,20 27,67 23,72 22,97 22,41 21,66 18,03 17,48 13,90 13,42 10,00 8,94 Taxa de Reciclagem e Reutilização de REEE baseada no Total Recolhido (%) 84,42 78,34 49,78 90,37 79,70 78,52 79,80 80,56 81,09 82,42 82,02 85,42 77,02 61,78 84,75 69,70 82,82 75,66 75,88 81,42 N/A N/A 39,23 25,29 A recolha de REEE é uma etapa importante na gestão integrada deste tipo de resíduos. Uma melhoria quantitativa e qualitativa nesta etapa da gestão deste fluxo específico de resíduos permite que o produto final, ou seja, o material valorizado, seja obtido em maior quantidade, aumentando assim a eficácia no sistema de gestão de REEE. O Gráfico 10 mostra as quantidades recolhidas de REEE, em Portugal entre 2006 e 2011. 56 120 60 000 Massa (t) 50 000 41 446 40 000 45 179 46 600 29 500 30 000 20 000 10 000 4 206 0 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Anos Gráfico 10:Evolução da Recolha de REEE em Portugal para o período 2006-2011 (Fonte: Soares et al., 2012). 36 De acordo com o Gráfico 10 é possível verificar um esforço significativo na recolha de REEE nos últimos anos. Apesar de não existir uma relação direta entre consumo de EEE e produção de REEE, pode-se constatar que Portugal tem aumentado a quantidade na recolha, que pode ser explicada pelo maior número de REEE a possivelmente a serem descartados, mas também pode ser explicado por um maior esforço na própria deposição e recolha por parte dos utilizadores e entidades gestoras, respetivamente. As entidades gestoras inseriram nos seus relatórios de atividades as taxas de reutilização, reciclagem e valorização. A Tabela 11 mostra as taxas de valorização para o período 2010 e 2011 das entidades gestoras a atuar em Portugal e a Tabela 12 mostra as taxas de reutilização e reciclagem para o mesmo período de tempo e para as mesmas entidades gestoras. Tabela 11:Relação Percentual entre Objetivos de Taxas de Valorização e Resultados alcançados pela ERP Portugal e Amb3E para o período 2010-2011 (Adaptado de ERP, 2011; Amb3E, 2011, 2012). Categorias 1 2 3 4 5 Lâmpadas de descarga de gás 6 7 8 9 10 Objetivos Resultados ERP Resultados Resultados Legais Portugal 2010 Amb3E 2010 Amb3E 2011 ≥80% ≥70% ≥75% ≥75% ≥70% 83,07% 90,25% 90,27% 90,28% 96,83% --- 83,3% 95,6% 92,6% 90,3% 97,0% 99,1% 83,1% 96,1% 93,7% 91,6% 98,8% 99,7% ≥70% ≥70% --≥70% ≥80% 90,25% 90,25% --90,25% 90,25% 96,4% 95,9% 92,3% 96,8% 92,3% 96,1% 96,1% 94,1% 96,1% 90,3% Tabela 12:Relação Percentual entre Objetivos de Taxas de Reutilização e Reciclagem e Resultados alcançados pela ERP Portugal para 2010 e Amb3E para o período 2010 e 2011 (Adaptado de ERP Portugal, 2011; Amb3E, 2011, 2012). Categorias Objetivos Resultados ERP Resultados Resultados Legais Legais Portugal 2010 Amb3E 2010 Amb3E 2011 1 2 3 4 5 Lâmpadas de descarga de gás 6 7 8 9 10 ≥75% ≥50% ≥50% ≥65% ≥50% 79,88% 90,25% 89,92% 89,58% 96,83% 80,5% 95,5% 92,1% 90,3% 97,0% 80,9% 95,8% 93,5% 91,5% 98,8% ≥80% --- 99,1% 99,7% ≥50% ≥50% --≥50% ≥75% 90,25% 90,25% --90,25% 90,25% 96,2% 95,7% 92,1% 96,4% 90,5% 95,8% 95,8% 92,4% 95,8% 85,6% 37 Os valores obtidos pelas entidades gestoras de REEE ultrapassam as metas impostas pela legislação europeia, cumprindo assim os objetivos impostos. É importante referir que a ausência dos resultados do ano 2011 da ERP Portugal deve-se ao facto destes valores não terem sido ainda disponibilizados e documentados. 2.6.6. Gestão Global de REEE Este subcapítulo irá apresentar a gestão de REEE de alguns países de diferentes regiões do globo nomeadamente ao nível das tendências de consumo de EEE, quantidades de REEE gerados, práticas de recolha e tratamento e políticas e legislação específica para os REEE. Se considerarmos a gestão dos REEE, podemos verificar os diferentes graus de desenvolvimento de diferentes países e a discrepância existente entre países em desenvolvimento e países desenvolvidos. Li et al. (2013) traduzem, de forma sucinta as características gerais do sistema de gestão de REEE de alguns países, um pouco dispersos por todo o globo. A Tabela 13 descreve os principais movimentos transfronteiriços que ocorrem a nível mundial ao nível dos REEE, nomeadamente descritos as fontes e os destinos deste movimento de resíduos. Tabela 13:Fontes e Destinos referente aos movimentos transfronteiriços de REEE (Adaptado de Li et al., 2013). África do Norte Canadá EUA Fontes Destinos América Costa do Marfim Benim Gana Quénia Libéria Senegal África do Sul Uganda Nigéria Ásia Europa Oceânia Japão Singapura Coreia do Sul UE-27 Austrália Camboja China Índia Malásia Paquistão Filipinas Vietname Tailândia Os investigadores Li et al. (2013) apresentaram no seu artigo os principais movimentos transfronteiriços de REEE, demonstrando as principais fontes e destinatários mas também os principais trajetos dos resíduos em causa (Figura 5). 38 Figura 5: Rotas conhecidas e permissões ou proibições atuais para as importações ou exportações de REEE (adaptado de Li et al., 2013). A Figura 5 mostra as principais rotas dos REEE, sendo que os principais importadores de REEE são países asiáticos e africanos, com os países europeus, Austrália e a América do Norte (EUA (Estados Unidos da América) e Canadá) os principais exportadores de REEE, mesmo existindo proibições para este tipo de transações de resíduos (nomeadamente na exportação por parte dos EUA ou na importação por parte da China). Nos Anexos IX e X estão dispostos respetivamente, a legislação relacionada com a permissão ou proibição de importação e exportação de REEE ou EEE usados provenientes das principais fontes produtoras deste fluxo específico de resíduos e as importações e exportações de REEE e EEE usados para as principais fontes e destinatários do mundo. Seguidamente será dado ênfase ao comportamento geral em cada continente, em relação à produção de REEE, legislação e/ou regulamentação (in)existente(s), bem como o comportamento geral do continente em relação a importador ou exportador deste tipo de resíduos. No Anexo XI são descritos alguns países de cada continente, de forma detalhada. Europa No continente europeu tem-se dado grande ênfase à questão dos REEE, tendo-se desenvolvido desde cedo políticas e práticas de gestão de resíduos. São exemplos disso, as Diretivas Europeias que se implementaram com vista à melhoria do desempenho ambiental de todos os operadores envolvidos no ciclo de vida dos EEE. 39 Na UE, é considerada como prioritária a gestão contínua de REEE, apesar da Comissão Europeia relatar que apenas um terço dos REEE são recolhidos, tratados e declarados, como impõe a legislação europeia deste fluxo específico de resíduos. Ásia Segundo Terazono et al. (2006), o rápido crescimento económico na maioria dos países asiáticos está a aumentar a quantidade de REEE gerados nestes países. A Ásia importa grandes quantidades de REEE, quer seja para reutilização, reciclagem ou eliminação (Comissão Europeia, 2011; Ongondo et al., 2011a). Estima-se que 80% da exportação a nível mundial tenha como destino o continente asiático (Comissão Europeia, 2011). África O continente africano está a passar por rápidas transformações ao nível dos equipamentos informáticos e de consumo, na tentativa de colmatar esta problemática, importando computadores, telemóveis e televisores usados vindos de países desenvolvidos (Basel Convention, 2011). Os países africanos, no entanto, estão carenciados de infraestruturas e recursos para a gestão ambientalmente correta dos REEE, que irão surgir depois dos EEE atingirem o seu fim de vida (Basel Convention, 2011). O uso de EEE ainda é baixo em África em comparação com outros países do mundo, mas está a crescer a um ritmo impressionante. Na última década, por exemplo, a taxa de crescimento dos PC (Personal Computer) neste continente aumentou por um fator de 10, enquanto que o número de telemóveis aumentou para um fator de 100 (Basel Convention, 2011). Apesar de, geralmente trabalharem sob condições sociais e ambientais deploráveis (por exemplo: desmantelamento informal, lixeiras a céu aberto e queima de REEE), os coletores informais, desmanteladores e recicladores em África estão a desempenhar um papel cada vez maior no tratamento dos REEE (Schluep et al., 2008; Laissaoni e Rochat, 2008; BAN, 2011). A ausência de infraestruturas apropriadas de recolha e reciclagem de REEE e a falta de legislação que trata especificamente de REEE são alguns dos desafios que a África enfrenta (Schluep et al., 2008). América do Sul A América do Sul é caraterizada por possuir elevada taxa de ocupação urbana, atingindo os 75%, o que é um valor bastante acentuado quando comparado com a Ásia ou África, com valores de ocupação de 40% e 38%, respetivamente ou quando comparado com a média mundial de 50% (United Nations, 2008). A par da ocupação urbana, está a 40 aumentar a taxa de introdução nos mercados de equipamentos informáticos e de telecomunicações mas também um aumento no uso de internet. Os mercados digitais nesta região do globo cresceram cerca de 14% entre 2003 e 2005, mais do dobro da Europa e dos EUA (Ott et al., 2008). Este aumento na venda de EEE está se a repercutir em quantidades cada vez maiores de REEE. Segundo Boeni et al. (2008), a entrada de EEE nos países sul-americanos está a aproximar-se dos níveis dos países industrializados, com quantidades crescentes de REEE. Embora existam algumas empresas de reciclagem de metais em países como o Chile, Argentina, Peru, Colômbia e Brasil tenham descoberto novos mercados de reciclagem de REEE, as quantidades processadas ainda estão a um nível bastante modesto, uma vez que nem o quadro político nem as infraestruturas logísticas permitem atualmente grandes quantidades (Boeni et al., 2008). Na maior parte dos países sul-americanos, para fazer frente a esta problemática, foi adotado o princípio da responsabilidade alargada do produtor, como por exemplo na Argentina, Brasil, Colômbia ou Perú (Li et al., 2013). América do Norte Na América do Norte, em 2007, o montante estimado de REEE foi de 2,25 milhões de toneladas de REEE (European Comission, 2011). Uma outra estimativa refere que a quantidade per capita produzida de REEE atinge os 2,5 kg.hab-1.ano-1, enquanto que a média mundial fica-se apenas por 0,3 kg.hab-1.ano-1 (Müller et al., 2009). Os países da América do Norte, exceto o Canadá, têm instalações de reciclagem licenciadas. O Canadá apenas possui pontos de recolha, mas grandes quantidades de REEE têm sido declarados adequados para reciclagem e enviados para países como a China, Índia e Nigéria (Li et al., 2013). Oceânia Na Oceânia, nomeadamente na Austrália, encontra-se entre os 10 maiores consumidores de bens elétricos e eletrónicos no mundo (TEC, 2008), com uma estimativa de 92,5 milhões de EEE em domicílios, em 2005. Destes 4% foram armazenados a funcionar perfeitamente e 3% foram armazenados, mas estragados (Davis e Herat, 2008). Além disso, 51% dos equipamentos portáteis foram despejados como RU (Davis e Herat, 2008). Sem regulação restrita ou legislação obrigatória, há pouco incentivo para os fabricantes e fornecedores de EEE para implementar os custos de reciclagem ou esquemas de retoma, e sem os esquemas de retoma existe ainda menos motivação para implementar projetos baseados em “projetos verdes” ou projetos 41 para desmantelamento (Davis e Herat, 2008). Só apenas no final de 2009, foi lançada uma nova política nacional de resíduos, a primeira deste tipo. A referida política explicita uma visão de 10 anos para a recuperação de recursos e gestão de resíduos, incluindo um sistema de reciclagem de televisores e computadores (Ongondo et al., 2011a). Como análise de resultados, o continente Europeu possui boas políticas e práticas de gestão de resíduos, mas concede a que os países possam exportar este tipo de resíduos, para os continentes asiático e africano. Na América do Norte existe uma grande produção de REEE, com os EUA com exportação proibida e Canadá sem qualquer legislação de exportação, sendo que exporta os seus resíduos para Ásia e África. Na Oceânia, nomeadamente na Austrália existe grande consumo de EEE aliada a uma falta de regulamentação restritiva ou legislação obrigatória, que leva a exportação deste tipo de resíduos para o continente asiático. Na América do Sul tem havido um aumento acentuado na venda destes equipamentos, com baixas quantidades processadas para reciclagem dado o fraco quadro político e fracas infraestruturas logísticas. Por outro lado, a Ásia é o continente que mais importa REEE, mesmo com um número considerável de países com importação proibida deste tipo de resíduos. Outro continente importador de REEE é África, onde apesar do baixo consumo de EEE, existe quantidades consideráveis de REEE que são importadas para este continente, sendo que na maior parte dos países não existe legislação nem infraestruturas apropriadas de logística. 2.6.7. Entidades Intervenientes no Sistema de Gestão de REEE Na gestão de REEE existem várias entidades e vários intervenientes, que gerem este fluxo específico de resíduos. Na Figura 6 está representado um pequeno diagrama que mostra de forma simples as funções das entidades envolvidas nos REEE. 42 Entidade Tutelar • Agência Portuguesa do Ambiente Entidades Gestoras • Amb3E • ERP Portugal Entidade de Registo • ANREEE Entidades Inspecionadoras • ASAE • IGAOT Figura 6: Entidades Intervenientes e suas Funções na Gestão dos REEE em Portugal (Fonte: ANREEE, 2012). A APA é a entidade que gere todo o sistema de gestão deste tipo de resíduos, incluindo as entidades gestoras e as entidades de inspeção. Dentro das entidades gestoras temos a ANREEE, a Amb3E e a ERP Portugal, onde a ANREEE é uma entidade de registo. A ERP Portugal e a Amb3E são as entidades gestoras pela recolha e valorização dos REEE e por fim a ASAE (Autoridade de Segurança Alimentar e Económica) e a IGAOT (Inspeção-Geral do Ambiente e do Ordenamento do Território) são empresas de inspeção que têm como funções a inspeção das entidades gestoras. De seguida irá ser descrito mais detalhadamente as entidades gestoras, a APA e outros mecanismos relevantes no sistema de gestão de REEE. A entidade nacional responsável pelo registo dos produtores de EEE designa-se de ANREEE. A ANREEE é uma pessoa coletiva sem fins lucrativos, criada por associações de produtores e pelas entidades gestoras do sistema integrado de gestão de REEE, conforme o disposto no nº1, do artigo 27º do Decreto-Lei nº230/2004, de 10 de Dezembro, alterado pelo Decreto-Lei nº132/2010 de 17 de Dezembro, que transpõe para a ordem jurídica nacional as Diretivas Comunitárias 2002/95/CE e 2002/96/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, as quais obrigam a que todos EM os registem os seus produtores de EEE por intermédio de uma Entidade de Registo (ANREEE, 2013a). A ANREEE encontra-se licenciada desde 23 de Março de 2006, posteriormente prorrogada em 2011 e 2012, para exercitar a atividade de registo de produtores de EEE. Assim, a principais missões da ANREEE são o registo de todas as empresas que se definam como produtoras, quantificar em peso e número dos EEE colocados em Portugal, qualificar os equipamentos de acordo com uma lista de 10 categorias presentes no Decreto-Lei e definir quotas de mercado para as entidades gestoras a operar no nosso país (ANREEE, 2012d). Para além disso a ANREEE tem como 43 responsabilidade a detenção de informações quanto ao tipo de operação de gestão a que os REEE foram sujeitos pelos sistemas individuais e coletivos de gestão de REEE (Ribeiro, 2009). O processo de registo é sujeito ao pagamento de taxas, que são a principal fonte de receitas da ANREEE. A taxa anual de registo é emitida em Fevereiro de cada ano e corresponde à atividade do produtor durante o ano transato. A taxa é calculada em função do número de equipamentos colocados no mercado, independentemente da categoria ou subcategoria dos mesmos (Tabela 14). A taxa anual de registo é cumulativa ao longo dos escalões, sendo que nenhum produtor pagará além dos limites estabelecidos para a taxa máxima e para a taxa mínima. Tabela 14:Taxa Anual de Registo de Produtores (Fonte: ANREEE, 2013b). Taxas Taxa Anual de Registo Tarifário Até 1500 equipamentos De 1501 a 56500 equipamentos Mais de 56500 equipamentos 100€ (Taxa única) 0,02€/equipamento 1200€ (Taxa única) O SIRP (Sistema Integrado de Registo de Produtores) é a aplicação informática da ANREEE que permite o registo e a realização de declarações periódicas a todos os produtores de uma forma simples e intuitiva. O SIRP é uma evolução do SIRPEEE, mantendo-se todas as senhas e informação depositada nesta aplicação (ANREEE, 2013c). O Certificado de Registo Anual é enviado ao produtor após o registo dos equipamentos, isto se o produtor tenha sido bom cumpridor, ou seja, tenha feito declarações periódicas (semestrais: Julho e Janeiro) à ANREEE no prazo estabelecido, como também tenha realizado o pagamento atempado das faturas resultantes da atividade anual do produtor. Este certificado é renovado a cada ano, permitindo ao produtor manter um histórico do seu registo na ANREEE (ANREEE, 2013d). No Gráfico 11 pode-se visualizar a evolução das empresas registadas em 2011 e no Gráfico 12 pode-se visualizar a evolução temporal dos produtores registados entre 2005 e 2011. 44 Empresas de EEE Registadas 1620 1610 1600 1590 1580 1570 1560 1550 1540 1530 1520 Meses do Ano Gráfico 11:Evolução do Número de Empresas registadas ao longo do ano de 2011 (Adaptado de ANREEE, 2012d). O número de empresas registadas em 2011 perfaz um crescimento moderado, que também foi afetado por 31 empresas que foram canceladas unilateralmente pela ANREEE ao longo do ano, por vários incumprimentos (ANREEE, 2012d). O registo de empresas tem vindo a obter um crescimento, desde a sua criação, apesar da crise económica dos últimos anos (ANREEE, 2013e). No final de 2012, estavam registadas 1641 empresas, revendedores de marca própria e importadoras de EEE, como mostra o Gráfico 12. Gráfico 12:Evolução do Registo Anual para o período 2005-2012 (Adaptado de ANREEE, 2013e). Em Portugal, existem duas entidades gestoras que e organizam o SIGREEE (Sistema integrado de gestão de REEE) e são elas a Amb3E e ERP Portugal. As entidades gestoras foram criadas com base no Decreto-Lei nº230/2004, de 10 de Dezembro. 45 A Amb3E é uma Associação de direito privado, de âmbito nacional e sem fins lucrativos, constituída no dia 27 de Abril de 2005 com licenças relativas aos REEE e pilhas e acumuladores, que foi constituída com o objetivo de gerir eficientemente um SIGREEE (Amb3E, 2012). A visão da Amb3E é a de liderar em Portugal a Gestão de REEE, ganhando o reconhecimento das instituições oficiais com que se relaciona e dos cidadãos em geral, pelo serviço prestado à comunidade (Amb3E, 2012). A Amb3E dispõe de 4 tipos de locais de receção de REEE (Amb3E, 2012): Centros de Receção Pontos de Recolha Pontos Eletrão Pontos de Receção (na Distribuição) Os resíduos rececionados são armazenados e posteriormente transportados recorrendo a: i) Operadores Logísticos e estes encaminham os REEE para tratamento e valorização nas: ii) Unidades de Tratamento e Valorização. A rede de operadores da Amb3E tem presença em todo o território nacional, incluindo o Continente e as Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira (Amb3E, 2012). A Amb3E, a 31 de Dezembro de 2011, apresentava 517 locais de receção, incluindo 98 centros de receção, 218 pontos de recolha, 181 pontos eletrão e 20 pontos de receção. O resultado de 2011 representa um aumento acima de 3% em relação ao número de locais de receção da rede Amb3E em 2010. Os centros de receção representam os locais por excelência de receção de REEE, tratando-se de locais abertos ao público. Os pontos de recolha constituem locais de recolha de REEE, capacitados para o desempenho da atividade de gestão de REEE. São constituídos essencialmente por operadores dos Sistemas Multimunicipais, Intermunicipais e Câmaras Municipais e, em alguns casos, por instalações de grandes produtores de REEE. Os pontos eletrão constituem uma das soluções mais inovadoras para receção de REEE, em que a Amb3E foi precursora. São disponibilizados equipamentos de receção de resíduos em locais muito próximos dos consumidores e do público em geral, nomeadamente em espaços comerciais, que permitem a entrega dos equipamentos em fim de vida. Os pontos de receção na distribuição permitem à AMB3E disponibilizar soluções técnicas, equipamentos de receção e armazenagem de REEE, com a volumetria e a mobilidade adaptadas às necessidades de utilização dos espaços por parte da Distribuição. 46 A ERP foi criada em 2002 como a primeira plataforma Europeia de reciclagem para implementar a Diretiva da União Europeia em matéria de REEE (ERP Portugal, 2011). Está sediada em 12 países (Portugal, Espanha, França, Itália, Áustria, Alemanha, Polónia, Dinamarca, Irlanda, Reino Unido, Noruega e Finlândia), com cerca de 385000 toneladas de REEE recolhidos anualmente (ERP Portugal, 2012). A ERP Portugal uma Associação Gestora de Resíduos, com licenças para a gestão de Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos (REEE) e de Pilhas e Acumuladores (RP&A). A ERP Portugal obteve, a 27 de Abril de 2006, através do despacho conjunto nº 353 do Ministério da Economia e inovação e do Ministério do Ambiente e Ordenamento do Território, a licença para exercer a atividade de Gestão de REEE em Portugal (ERP Portugal, 2012). A ERP Portugal tem como objetivo primordial assegurar a melhor e mais eficiente gestão integrada de REEE e RP&A, em benefício dos utilizadores do sistema, salvaguardando as oportunidades de negócio das empresas e as suas vantagens competitivas no mercado (ERP Portugal, 2012). Esta Associação Gestora foi constituída como objetivo primordial assegurar a melhor e mais eficiente gestão integrada de REEE e RP&A, em benefício dos utilizadores do sistema, salvaguardando as oportunidades de negócio das empresas e as suas vantagens competitivas no mercado (ERP Portugal, 2012). Os princípios da ERP baseiam-se em proporcionar sempre, aos utentes dos seus Sistemas Integrados, os melhores preços numa perspetiva de redução de custos, impulsionar a implementação de concorrência entre Sistemas de Gestão de Resíduos e Atribuir o custo da reciclagem de cada categoria operacional de REEE e RP&A em função das características da mesma (ERP Portugal, 2012). A ERP Portugal executa a recolha de REEE através de diversas formas, incluindo sistemas multimunicipais, intermunicipais e autarquias, estabelecendo contratos. De acordo com o relatório de atividade de 2010, esta parceria conta já com uma cobertura total de 52% da população. Uma outra forma de recolha prende-se com a cooperação com a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), que permite a consolidação as recolhas especiais nos locais de venda dos membros desta associação. Adicionando os contratos celebrados com retalhistas fora do universo da APED, a malha de recolha ERP Portugal no universo da Distribuição, contabiliza, no final de 2010, cerca de 740 pontos de recolha especiais (ERP Portugal, 2011). Um diferente tipo de recolha da ERP Portugal relaciona-se com operadores privados, que detêm uma autorização para a receção e armazenamento temporário de REEE. Assim, é implementado uma 47 rede de acesso aos REEE abrangente em termos de tipologia de REEE e cobertura geográfica que complementa o alcance e eficiência do sistema de recolha dos SMAUT (Sistemas Municipais e Autarquias Aderentes) e dos Distribuidores (ERP Portugal, 2011). O último tipo de recolha realizado pela ERP Portugal é a recolha de proximidade, denominado de Depositrão. O Depositrão é um conceito de recolha de proximidade de REEE materializada com recurso a uma gama de contentores, de imagem apelativa, especificamente desenvolvidos para o efeito (ERP Portugal, 2011). O conceito tem como principal objetivo complementar o desempenho dos canais de recolha em matéria de captação de REEE de pequenas dimensões (ERP Portugal, 2011). A ERP Portugal em 2010 optou por transportes dedicados para as recolhas efetuadas na rede Depositrão (ERP Portugal, 2011). Nesse ano 482 escolas de 23 municípios tinham incorporado a rede Depositrão, totalizando mais de 235 toneladas de REEE de pequena dimensão (ERP Portugal, 2011). O Gráfico 13 mostra os quantitativos mínimos das entidades gestoras de REEE em Massa (t) relação às quantidades estimadas de resíduos produzidos a nível nacional. 45000 40000 35000 30000 25000 20000 15000 10000 5000 0 Am3E ERP 2006 31723 8277 2007 34087 8797 2008 36919 9528 2009 39664 10236 2010 41299 10658 2011 41469 10702 Gráfico 13:Estimativa dos Quantitativos Mínimos de cada Entidade Gestora tendo em conta a estimativa nacional para a produção de REEE para o período 2006-2011 (Adaptado de Abrantes, 2009). Segundo a Portaria nº573-C/2007, de 30 de Abril, estão descritas as competências da APA as competências no domínio dos fluxos de resíduos e no domínio do acompanhamento das entidades gestoras e mercados de resíduos. No Anexo XII encontram-se implícitas competências nestes dois domínios. A Portaria n.º 1408/2006, de 18 de Dezembro, que aprova o Regulamento de Funcionamento do SIRER (Sistema Integrado de Registo Eletrónico de Resíduos), estabelece no n.º 1 do artigo 9.º a obrigatoriedade das entidades responsáveis sistemas 48 de fluxos específicos de resíduos, integrados ou individuais, de procederem ao preenchimento dos mapas de registo específicos, cujo conteúdo incide sobre a atividade objeto de autorização ou licença (APA, 2013). 2.6.8. Modelos de Suporte à Gestão de REEE Ao nível de modelos que auxiliam a gestão dos REEE, existem inúmeros modelos informáticos que, cada um com o seu âmbito têm complementado o sistema de gestão deste fluxo de resíduos. Muitos autores têm-se debruçado em modelos concetuais sobre a configuração da rede logística como Barroso e Machado (2005) ou He et al. (2008). Os investigadores Krikke et al., (2003) citado por Gamberini et al., (2010), Chang et al. (2006) e Grunow e Gobbi (2009) desenvolveram modelos que permitem ao utilizador determinar a rede logística mais adequada. Gamberini et al. (2010) criaram modelos de previsão da quantidade de REEE produzidos. Outros autores apresentam modelos que se centram no estudo da localização de UTVs (Unidades de Tratamento e Valorização), como é o caso de Queiruga et al. (2008) ou Achillas et al. (2010). Em termos da gestão do transporte de REEE, os autores Nagurney e Toyasaki (2005), Kim et al., (2009) e Machado et al., (2010) criaram modelos que vão de encontro com esta etapa da gestão de resíduos. Configuração da Rede Logística Os autores Machado e Barroso (2005) desenvolveram um modelo conceptual que identifica os fatores críticos que afetam as atividades inerentes à logística inversa de uma organização, bem como os fatores críticos internos, agrupados em estratégicos e operacionais, a considerar quando da implementação de um sistema de logística inversa. He et al. (2008) desenvolveram um modelo conceptual sobre a rede de recolha chinesa, de modo a estruturarem o sistema de recuperação de REEE no seu país. Queiroga e restantes autores (2008) criaram um modelo matemático que visa a melhor localização das UTV em Espanha, a partir de uma classificação de municípios em relação à adequação para a instalação de tais infraestruturas. O método baseia-se em decisões multicritério, combinado com pesquisas de especialistas. O método não apresenta uma estrutura ideal do sistema de reciclagem, mas apenas fornece as melhores alternativas para os potenciais locais de construção de tais infraestruturas. Achillas et al. (2010) consideram que é necessário ter em conta que as infraestruturas de reciclagem de REEE exigem elevados gastos, ou seja, é necessário que seja dada 49 grande atenção à viabilidade destas infraestruturas, que estão muito dependentes da sua localização. Assim estes autores conceberam uma metodologia destinada para melhorar a localização das UTV, tendo em consideração critérios económicos e sociais. Chang et al. (2006) utilizam a programação linear mista para a conceção de um modelo que auxilia a rede logística de REEE, em relação ao custo de recolha, custo fixo relacionado com investimentos ao nível de infraestruturas, custo de transporte, custos de operação diária e custos de eliminação de resíduos. Grunow e Gobbi (2009) criam também, a partir da programação linear mista, um modelo, que trata do problema da atribuição dos esquemas de recolha de resíduos e a evolução das diferentes estratégias atribuídas. Este modelo tem como objetivo a redução de custos administrativos. Produção Neste parâmetro do setor de resíduos, de extrema importância, diversos autores se debruçaram, incluindo Gambirini et al. (2010), que conceberam um modelo, que entre vários outros parâmetros, define a quantidade de REEE recolhidos em dois distritos do Norte de Itália. Por outro lado, vários outros autores dimensionaram a quantidade de REEE, numa dinâmica evolutiva temporal. Jain e Sareen (2006) abrangeram como área de estudo o Estado de Nova Deli, na India. O método pressupõe que a totalidade dos equipamentos vendidos irão se tornar obsoletos no final vida útil e assumem tempos de vida útil médios para cada equipamento em estudo. Yoshida et al. (2009) desenvolveram um método para minimizar os erros de estimativa do fluxo de materiais de computadores usados. Deste modo, os autores criaram uma metodologia que visa estimar o fluxo de computadores usados e posteriormente qual o seu destino (eliminação, reciclagem, reaproveitamento interno ou exportação). Já Dwivedy e Mittal (2010) desenvolveram uma metodologia que estima as quantidades de REEE geradas na India, sendo que os autores consideram dois cenários que se baseiam nas preferências do utilizador para armazenar ou reciclar os REEE. Steubing et al. (2010) realizaram uma análise de fluxo material, de forma a avaliar a produção de REEE a partir de equipamentos de informática como desktops, monitores, LCD e notebooks no Chile, onde se podem verificar posteriormente os principais fluxos de equipamentos de computadores para produção, venda mas também para reciclagem e eliminação. Armazenamento Gamberini et al. (2009) e Gamberini et al. (2010) na sua metodologia abordam a contentorização nos REEE como um fator chave para um melhor armazenamento e 50 transporte destes resíduos, entre diferentes infraestruturas do sistema de gestão de resíduos. Os investigadores Salema et al. (2008) criaram um modelo que visa a minimização do custo total da rede, entre vários parâmetros define a localização dos centros de triagem e define fluxos entre os centros de triagem e instalações de reciclagem. Transporte de REEE O parâmetro do transporte de resíduos é incluído por Salema et al. (2008), Gamberini et al. (2009) e Gamberini et al. (2010) nos respetivos modelos, apesar de abrangerem vários outros parâmetros do sistema de gestão de REEE. Pelo contrário, os autores Kim et al. (2009) e Machado et al. (2010) desenvolveram modelos exclusivamente para o transporte deste tipo de resíduos. Kim et al. (2009) criam uma abordagem de roteamento de veículos de recolha para o transporte de REEE até ao local de reciclagem na Coreia do Sul, tendo em vista e minimização a distância de transporte dos REEE recolhidos. Os investigadores Machado et al. (2010) conceberam um modelo que também vai de encontro ao transporte de REEE entre os centros de triagem e as unidades de tratamento e valorização. Achillas et al. (2012), ao considerarem o transporte dos REEE como um dos custos mais elevados da logística reversa no sistema de gestão de REEE, criaram um modelo multicritério de otimização, com base na programação linear multiobjetivo, de modo a minimizarem os custos logísticos totais, o consumo de combustíveis e a produção de emissões devido ao transporte de REEE com diversas capacidades de carga. 51 52 3. Modelo Integrado de Gestão de REEE O Modelo Integrado de Gestão comporta uma série de variáveis que por fim dão origem a indicadores de desempenho, que permitem a avaliação de sistemas de gestão. O Modelo comporta-se como uma ferramenta de gestão que poderá ser útil de modo a avaliar o estado do sistema, bem como em última análise pode ser uma ferramenta de apoio decisório. Este capítulo retrata o Modelo de Gestão, com a abordagem em relação ao seu âmbito, dados de suporte bem como os pressupostos do mesmo. Por fim, neste terceiro capítulo, está presente todo o conteúdo do Modelo de Gestão de Operação. 3.1. Âmbito O Modelo apresentado nesta dissertação tem como âmbito a gestão integrada dos sistemas de gestão de resíduos elétricos e eletrónicos. Procura-se um aumento da eficácia e eficiência dos sistemas de gestão integrada. Para o efeito, considera-se de forma integrada um conjunto de fatores relevantes na gestão deste tipo de resíduos, por exemplo, a produção, o consumo de combustível, a alocação de recursos humanos, o consumo de energia, o desempenho ambiental, a valorização de materiais e componentes, a eliminação de resíduos, os custos operacionais e de contexto. A unidade de referência temporal básica do Modelo Integrado de Operação é o dia, a unidade de referência de quantidade dos fluxos é a tonelada e a unidade de referência económica é o euro. Os aspetos mais relevantes considerados pelo Modelo são o volume e número de equipamentos de deposição, a capacidade da viatura, tempos e distâncias de recolha, produtividade das equipas de recolha, composição dos resíduos, taxas de valorização e recolha, metas de recolha, custos de serviço e consumos de energia. O Modelo Integrado de Operação permite o cálculo de indicadores em tempo real e é muito intuitiva no seu uso uma vez que se ajusta à realidade dos sistemas de gestão, auxiliando os utilizadores no processo de decisão, operação e monitorização. Viabiliza, através do uso de variáveis simples, o recurso a indicadores como ferramentas de avaliação de desempenho de determinado sistema de gestão. Além disso permite a comparação de resultados entre sistemas em distintas zonas geográficas. 53 3.2. Dados de Base do Modelo Os princípios do Modelo de Operação obedecem à realidade dos sistemas de gestão. Portanto, é relevante o conhecimento da operacionalização das várias etapas deste sistema de gestão, para a construção de um Modelo com estas características. Deste modo, para adequar o Modelo de Operação à realidade do setor foi necessário obter conhecimentos ao nível processual das empresas que operam no sistema, nomeadamente em UTV. Para isso foi realizada uma visita às instalações de uma UTV, a Interecycling, sediada em Tondela. Nesta UTV, numa primeira fase, os equipamentos são colocados num centro de receção e triagem, sem qualquer diferenciação. Posteriormente os equipamentos são triados, separados e armazenados por fluxos operacionais. Os equipamentos são agrupados por fluxos e não por categorias, de modo a agrupar tipos de material com o intuito de facilitar o desmantelamento dos equipamentos. Os equipamentos são organizados pelos seguintes fluxos operacionais: A. Grandes Equipamentos; B. Equipamentos de Arrefecimento e Refrigeração; C. Pequenos Equipamentos; D. Equipamentos com presença de CTR; E. Lâmpadas; F. Equipamentos de Tecnologia e Informação. A. Grandes Equipamentos O fluxo dos grandes equipamentos é composto apenas por equipamentos incluídos na categoria 1 (máquinas de lavar, máquinas de secar, fogões, radiadores, etc.), todos os equipamentos da categoria 9 (aparelhos médicos) e todos os equipamentos da categoria 10 (distribuidores automáticos) dos EEE. No fluxo A os equipamentos são desmantelados manualmente, permitindo desta forma recuperar alguns componentes que podem ser valorizados por outras empresas, nomeadamente os motores ou pedras de cimento. Além disso são obtidas carcaças metálicas, cabos elétricos, bem como plásticos não contaminados contidos nestes equipamentos que serão encaminhados para linhas de tratamento, visto que existem fluxos que possuem estes mesmos componentes. 54 B. Equipamentos de Arrefecimento e Refrigeração O fluxo dos equipamentos de arrefecimento e refrigeração contempla parte de equipamentos da categoria 1 dos EEE como frigoríficos, arcas congeladoras ou aparelhos de ar condicionado. No fluxo B são removidas manualmente as rodas, cabos elétricos, compressores, prateleiras e gavetas de plástico, sendo que as rodas, cabos elétricos, prateleiras e gavetas são encaminhados para posteriores linhas de tratamento. Os compressores são retirados e perfurados, onde lhe são retirados óleo. Nos equipamentos são ainda perfurados os circuitos de refrigeração, onde é aspirado o líquido de arrefecimento, onde são armazenados em botijas e recipientes próprios. O óleo e líquido de refrigeração são posteriormente encaminhados para empresas que os valorizam. Por fim, as carcaças destes equipamentos são orientadas para um tapete de alimentação que os encaminham para um triturador que funciona a partir de criocondensação (a -120ºC) em ambiente inertizado com azoto. Os materiais resultantes da trituração são encaminhados para um separador magnético, sendo que os materiais ferrosos são encaminhados para uma vaia metálica e os materiais não ferrosos (como plásticos, alumínio e cobre) são enviados para outra vaia metálica onde posteriormente são separados por separação densimétrica. A espuma poliuretano presente nestes equipamentos é reduzida a pó e encaminhada para outras empresas para a sua valorização. C. Pequenos Equipamentos O fluxo pequenos equipamentos para além de conter todos os equipamentos da categoria 2 (pequenos eletrodomésticos) engloba também todos equipamentos das categorias 3 (equipamentos informáticos e de telecomunicações) à exceção dos monitores, 4 (equipamentos de consumo) à exceção dos aparelhos de televisão, 6 (ferramentas elétricas e eletrónicas) e 7 (brinquedos e equipamentos de desposto e lazer) de EEE. Em relação ao fluxo C, estes equipamentos sofrem desmontagem manual, onde se retiram os cabos elétricos, parafusos, carcaças plásticas, componentes ferrosos e não ferrosos, mas também se procede à remoção de resíduos perigosos, como pilhas, baterias, condensadores, toners e tinteiros e cristais líquidos. Os cabos elétricos, as carcaças plásticas e os componentes ferrosos e não ferrosos são encaminhados para 55 linhas de tratamento enquanto que os restantes componentes são acondicionados de forma isolada para serem encaminhados para empresas que os valorizam. D. Equipamentos com presença de CRT O fluxo equipamentos com presença de CRT contêm uma parte das categorias 3 (monitores) e 4 (aparelhos de televisão). Numa primeira etapa procede-se a um desmantelamento manual onde se cortam os cabos elétricos, se remove as carcaças plásticas e outros componentes não perigosos como bobines cónicas, PCI, circuitos de imagem ou cintos metálicos, bem como se remove vários metais ferrosos e não ferrosos e o cinescópio. Os cabos elétricos, materiais ferrosos e não ferrosos são encaminhados para linhas de tratamento. Já os componentes como as bobines cónicas, PCI ou circuitos de imagem são acondicionados de forma isolada para serem posteriormente encaminhados para empresas de valorização. Posteriormente é processado a desmantelamento do cinescópio. O cinescópio é composto por 2 vidros: o frontal e o traseiro. Os vidros do cinescópio são separados por aquecimento. O vidro frontal é posteriormente aspirado de modo a ser retirado os metais pesados que fazem parte da constituição deste vidro. O vidro traseiro, livre de substâncias perigosas é encaminhado para empresas de reciclagem de vidros. O vidro frontal, que apresenta contaminação é encaminhado para aterro. E. Lâmpadas O fluxo das lâmpadas corresponde à categoria 5 (equipamentos de iluminação). Nesta UTV, não se procede ao tratamento nem valorização deste tipo de equipamentos, sendo que apenas são dispostos pelo seu fluxo correspondente e diretamente encaminhados para empresas que possam valorizar este tipo de equipamentos. Linhas de Tratamento As linhas de tratamento são processos operacionais que ocorrem tendo por base materiais semelhantes oriundas dos vários fluxos. Na linha dos cabos elétricos procede-se à trituração, separação magnética de modo a obter os metais ferrosos, posteriormente dos metais não metálicos e plásticos recorrese a uma mesa densimétrica por forma a separar o cobre, o alumínio e os plásticos (que darão entrada na linha de tratamento dos plásticos). 56 Os plásticos não contaminados são separados manualmente por cores e por tipos e são triturados e posteriormente granulados. Todas as carcaças metálicas não contaminadas de todos os fluxos de tratamento são submetidas a um processo de trituração, onde posteriormente se recorre a separação magnética para separar os metais ferrosos e metais não ferrosos. Posteriormente recorrem a separação densimétrica de forma a obter os diferentes tipos de metais (como cobre, prata, alumínio, etc.). Por fim, para aterro são encaminhados essencialmente resíduos de vidros contaminados, esponjas, que se traduzem numa percentagem ínfima de refugo. 3.3. Pressupostos do Modelo O âmbito de análise do Modelo é coincidente com o âmbito de atuação dos sistemas integrados (Figura 7). Para o efeito considera os processos e operações de deposição, por parte dos produtores (sejam eles produtores unifamiliares ou produtores industriais, de serviços ou afins) inseridos na área de intervenção, transporte, armazenamento, tratamento e valorização. Fora do sistema do Modelo ficam: O transporte dos equipamentos elétricos e eletrónicos em fim de vida, por parte dos produtores, para a deposição coletiva; O transporte dos equipamentos elétricos e eletrónicos do armazenamento para o tratamento e valorização; O transporte dos componentes e materiais valorizáveis, que advêm do tratamento e valorização dos equipamentos, para outras empresas de valorização; Os processos, logística, consumos de energia e desempenho ambiental decorrentes da valorização dos componentes e materiais valorizáveis dos EEE em fim de vida; Os processos, logística, consumos de energia e desempenho ambiental da eliminação dos materiais não valorizáveis resultantes do desmantelamento e tratamento dos REEE. 57 Figura 7: Limite do Sistema no Modelo de Operação de REEE. 3.4. Elementos do Modelo A componente básica do Modelo de Operação são as variáveis que viabilizam a monitorização e controlo das operações de gestão. As variáveis encontram-se dispostas em vários elementos do Modelo. Os elementos são um conjunto de variáveis que têm como finalidade retratar determinada etapa do sistema de gestão. 3.4.1. Recursos O primeiro elemento do Modelo é designado como Recursos. Este elemento considera variáveis relacionadas com a deposição. A deposição consiste na ação do produtor em encaminhar determinado resíduo para o seu sistema de gestão. A deposição dos REEE é feita geralmente em contentores designados para o efeito, mas também é muitas vezes depositado em centros de receção, dependendo na maioria dos casos da dimensão dos próprios equipamentos. Existem diversos equipamentos para a deposição de REEE, sendo que os mais recorrentes são os “Depositrões” e “Pontos Eletrão”. A nomenclatura dos equipamentos de deposição varia dependendo da entidade responsável pelos equipamentos de deposição. Para a deposição dos REEE, o Modelo Integrado de Operação diferencia dois tipos de equipamentos de deposição: 58 equipamentos de deposição exclusivos para equipamentos de iluminação, referente à categoria 5 de EEE e um tipo de equipamento de deposição que inclui as restantes categorias, tal como é possível visualizar na Figura 8. Esta diferenciação de deposição é explicada pela perigosidade de contaminação dos equipamentos de iluminação, colocando em causa a valorização dos restantes equipamentos em fim de vida. Figura 8: Deposição dos REEE de acordo com as Categorias de EEE. Neste mesmo elemento do Modelo de Operação é também tida em consideração a população flutuante e a presença de ocasiões festivas na área de intervenção, que por norma podem traduzir num aumento das quantidades de resíduos gerados. Para isso, é necessário que o Modelo de Operação esteja preparado para este volume excedentário de resíduos, tendo em conta uma taxa designada de enchimento dos equipamentos de deposição, para que a volumetria dos equipamentos não seja ultrapassada em momento algum. Tendo presente os diversos fatores deste elemento e acrescentando informações sobre o volume dos equipamentos de deposição, rapidamente o Modelo de Operação é capaz de calcular o número de equipamentos de deposição de modo a satisfazer a área de intervenção. 3.4.2. Produção Uma potencialidade essencial do Modelo é a sua capacidade em estimar a produção de resíduos, permitindo estimar a quantidade de resíduos gerados, valorizados ou a recolher, bem como as volumetrias acumuladas e o volume de recolha. Ao longo do país são percetíveis as diferenças na produção de REEE, nomeadamente no diferencial produtivo entre o litoral e o interior. No litoral, onde se concentram as 59 zonas urbanas do país, existe uma maior produção de REEE, como é exemplo os distritos de Aveiro, Porto, Lisboa e Setúbal com maior produção. Pelo contrário no interior, distritos como Vila Real, Bragança, Castelo Branco ou Beja são os distritos com menor produção deste tipo de resíduos. Neste Modelo Integrado de Operação de REEE, o dimensionamento baseia-se a partir da área de intervenção e densidade dos produtores, de modo a que se possa ter em conta o número de produtores que são abrangidos pelo sistema de gestão de REEE em questão. Desta forma e recorrendo à capitação, de forma simples, o Modelo de Operação dimensiona o número de EEE em fim de vida produzidos na área de intervenção. Como a capitação está indiretamente relacionada com a qualidade de vida das populações, é notório que as zonas urbanas possuam uma maior capitação em comparação com as zonas rurais. É importante salientar que a capitação mínima imposta pela Diretiva em vigor é de 4 quilogramas anuais per capita, até 31 de Dezembro de 2015, sendo que é obrigatório considerar este quantitativo como o mínimo possível a considerar no Modelo de Operação. O Modelo Integrado de Operação, neste elemento, entra em linha de conta com a importância em quantificar o esforço dos produtores em encaminhar os EEE em fim de vida para valorização, sendo que parte dos produtores encaminha este fluxo de resíduos de forma incorreta, por exemplo, ao encaminhando os REEE no fluxo de RU, ao venderem os equipamentos a sucateiros ou até ao incinerarem os próprios equipamentos, sem quaisquer cuidados. É importante ter presente que, segundo a Diretiva 2012/19/UE, de 4 de Julho, é necessário que uma taxa de cada categoria de REEE seja valorizada, com valores distintos para cada uma das categorias referidas, sendo que no Modelo de Operação a variável “Taxa de Valorização” coincide com estes valores definidos no anexo V da presente Diretiva, ditando os valores mínimos a valorizar por parte dos produtores. 3.4.3. Recolha A informação relativa ao elemento Recolha visa retratar a operação de recolha, fase do sistema de gestão de resíduos que envolve maiores custos com os maiores encargos ao nível das viaturas de recolha (manutenção e combustível), mas também com encargos significativos com colaboradores e instalação de contentores na área de recolha. 60 Para a perceção deste elemento no Modelo de Operação é importante definir alguns conceitos inerentes a este elemento, como circuito de recolha, recolhas, fretes, descargas, pontos de recolha e equipamentos de recolha. O circuito de recolha é definido como sendo uma característica da operação de recolha de resíduos, que define um determinado trajeto ou conjunto de trajetos, previamente pensado(s), tendo em vista a recolha de todos os equipamentos de deposição da área de intervenção. São designadas por recolhas, os turnos necessários de modo a completar o circuito de recolha. Um circuito de recolha é concluído a partir de uma recolha apenas se todos os equipamentos de deposição da área de intervenção forem esvaziados dentro do tempo referente ao turno da equipa de recolha. Se tal não acontecer, teremos tantas recolhas, tantos turnos forem necessários, até completar o circuito de recolha, neste caso de REEE. O número de recolhas varia de acordo com as quantidades de resíduos a recolher, volumetria do próprio veículo de recolha ou duração do tempo de recolha (que depende da duração do turno dos operadores de resíduos). Conclui-se um frete sempre que se atinja a volumetria efetiva da viatura de recolha ou por outro lado quando numa recolha se atinja o final do turno da equipa de recolha. Nas duas opções de definição de frete, existe uma característica comum às duas: associado a um frete existe uma descarga. Quer isto dizer, que o número de fretes de uma recolha está relacionado intimamente com o número de descargas da viatura de recolha efetuadas nessa mesma recolha. Numa recolha, ou seja um turno da equipa de recolha, podem ocorrer um ou vários fretes. Ocorre um único frete sempre que numa recolha a volumetria a recolher não excede a volumetria efetiva da viatura; Caso numa recolha se atinja a volumetria efetiva da viatura sem que se atinja o término da recolha, conclui-se um frete, procede-se à descarga da viatura e inicia-se um novo frete. É de grande importância referir que o último frete que ocorre na recolha pode não atingir a volumetria efetiva da viatura, não deixando de ser um frete, dado que é necessária a conclusão da recolha devido ao facto desta estar perto do final do turno da equipa de recolha. A descarga, por sua vez, traduz a ação que visa o esvaziamento da viatura de recolha. Sempre que se conclui um frete é necessário que a viatura se desloque ao local designado para este processo (designado no Modelo de Operação como Local de Descarga). Os pontos de recolha representam locais onde a viatura de recolha tem de se deslocar de forma a fazer cumprir o esvaziamento dos equipamentos de recolha neles lá 61 colocados. As recolhas são pensadas e concretizadas de acordo com a disposição e número de pontos de recolha existentes no circuito de recolha. Os pontos de recolha podem possuir um ou mais equipamentos de recolha. Neste caso, um equipamento de recolha pode estar isolado numa dada zona do circuito de recolha e neste caso temos um ponto de recolha com um único equipamento de recolha ou por outro lado é possível ter vários equipamentos de recolha agrupados num único ponto de recolha. Os equipamentos de recolha são o mesmo que equipamentos de deposição, dependendo se estamos a falar na ótica do produtor ou na ótica da equipa de recolha. São os equipamentos de recolha (número e volumetrias) que servem de base para o dimensionamento do elemento Recolha e Recolha Lâmpadas do Modelo de Operação. Figura 9: Esquema Simplificado de uma Recolha de REEE com dois Fretes. Na Figura 9 pode-se visualizar um exemplo de uma recolha com dois fretes e duas descargas do veículo de recolha. Na figura acima é facilmente possível verificar a diferenciação entre número de contentores e número de pontos de recolha, sendo que neste exemplo estão presentes nesta recolha 9 pontos de recolha com um total de 13 equipamentos de recolha. Existem outras características da operação, que são preponderantes para o dimensionamento nesta etapa do Modelo. São exemplos os vários tempos despendidos decorrentes desta operação, o consumo de combustível por parte da viatura no circuito, os encargos decorrentes com a(s) equipa(s) de recolha, os encargos com a manutenção da viatura de recolha ou por exemplo as emissões decorrentes desta etapa do sistema de gestão. 62 3.4.4. Recolha de Lâmpadas Relativamente à Recolha de Lâmpadas o Modelo de Operação visa tal qual como o elemento Recolha, retratar a operação de recolha no sistema de gestão de REEE. A única diferença está relacionada com o tipo de resíduos a recolher, isto é, para o elemento Recolha de Lâmpadas os únicos resíduos a recolher são equipamentos de iluminação, ou seja, a quinta categoria de REEE, já que o elemento Recolha está direcionado tendo em vista o dimensionamento da operação de recolha das restantes categorias deste fluxo específico de resíduos. 3.4.5. Armazenamento O Modelo de Operação considera o elemento Armazenamento (Figura 10) como o elemento que permite que os REEE que são encaminhados para um espaço ou infraestrutura sejam organizados por fluxos operacionais. Um fluxo engloba, portanto, equipamentos de diferentes categorias, mas com semelhantes composições a nível de componentes e materiais, que permitem que o processo de desmantelamento ocorra de forma mais simplificada e que seja mais fácil, assim encaminhar os diferentes tipos de componentes e materiais para valorização ou eliminação. O Modelo de Operação considera que todos os resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos valorizados na área de intervenção são tidos em conta neste elemento, ou seja, os REEE provenientes dos elementos recolha e recolha de lâmpadas e os REEE provenientes do centro de receção. O elemento Armazenamento considera uma infraestrutura que funciona como centro de receção mas também como local de descarga na operação de recolha deste tipo de resíduos, tal qual como funciona o centro de receção e triagem da UTV que se foi visitar. 63 Figura 10: Esquema Representativo da Etapa referente ao Armazenamento de REEE. 3.4.6. Tratamento e Valorização O elemento Tratamento e Valorização (Figura 11) retrata a etapa do sistema de gestão de REEE onde se procede aos processos de desmantelamento dos equipamentos elétricos e eletrónicos e onde são separados os componentes e materiais passíveis de sofrerem valorização e os componentes não valorizáveis. O Modelo de Operação considera que os componentes e materiais potencialmente valorizáveis dos REEE têm condições para venda e os constituintes não valorizáveis são encaminhados para aterro. Neste elemento do Modelo de Operação, o objetivo passa por separar os vários constituintes dos REEE por materiais ferrosos, materiais não ferrosos e componentes, numa tentativa de exprimir os processos visualizados na UTV visitada. É importante realçar que o Modelo de Operação assume que todos os componentes bem como os materiais ferrosos presentes nos REEE são valorizados, sendo que apenas uma parte dos materiais não ferrosos não têm potencial para serem valorizados e portanto são encaminhados para aterro. A Figura 11 mostra, de forma clara, o funcionamento de uma unidade de tratamento e valorização. 64 Figura 11: Funcionamento de uma UTV. 3.4.7. Indicadores A forma como o Modelo avalia e comunica o desempenho dos sistemas encontra-se no elemento Indicadores. É neste elemento que estão quantificados as variáveis que têm como função avaliar o desempenho do sistema de gestão de REEE, através de informações obtidas das etapas do próprio sistema de gestão. 3.5. Modelo proposto Para o cálculo dos indicadores de desempenho são necessários dados de base, informações de contexto e variáveis de cálculo. No Modelo Integrado de Operação todas estas diferentes variáveis são integradas e combinadas de forma a obter este encadeamento. Nas próximas alíneas serão apresentadas todas as variáveis pertencentes ao Modelo bem como a explicação lógica de cada uma das variáveis. 3.5.1. Dados de Base Os dados de base são utilizados na determinação das variáveis de cálculo do Modelo. Estes dados são maioritariamente obtidos na área de intervenção definida pelo utilizador. Este tipo de dados são portanto, as informações necessárias que o utilizador deve possuir de modo a que a aplicação informática possa, no final, definir valores para 65 as variáveis de cálculo e indicadores do sistema de gestão integrada dos REEE. As variáveis de inserção manual podem ser de diferentes naturezas, tais como: 1) Informações de Contexto; 2) Informações Ambientais; 3) Informações Económico-Financeiras; 4) Informações Operacionais. 1) Informações de Contexto Este tipo de dados centra-se em informações que caracterizam a área de intervenção em estudo. Portanto incluem-se neste grupo, dados de cariz geográfico como a área do circuito e densidade de produtores, dados de cariz populacional como os produtores a servir bem como dados relacionados com a produção de resíduos. Na Tabela 15 estão presentes as informações de contexto presentes no Modelo de Operação. Tabela 15:Informações de Contexto presentes no Modelo de Operação de REEE. Designação Variável Unidade Área de Intervenção Densidade dos Produtores Produção Unitária de REEE Taxa por Categoria de REEE Taxa de Valorização de REEE Taxa de Recolha de REEE Peso Específico Taxa de Categoria por Fluxo Taxa de Componentes Taxa de Material Ferroso Taxa de Material Não Ferroso Taxa de Material Não Valorizável Número de Dias de Trabalho AI DensProd PU TCat TVal TRec ɣ TCat Flux TComp TMat Ferr TMat N-Ferr TMat N-Val DiaTr km2 prod.km-2 kg.hab-1.dia-1 adimensional adimensional adimensional kg.m-3 adimensional adimensional adimensional adimensional adimensional diaTr.sem-1 As informações de contexto, presentes na Tabela 15, são de seguida apresentadas, com a sua devida descrição. Área de Intervenção A informação de contexto Área de Intervenção (AI) descreve quantitativamente a superfície em estudo por parte do utilizador, expressa por km2. Densidade dos Produtores A informação de contexto Densidade dos Produtores (DensProd) descreve o número médio de produtores existentes numa dada superfície de território, sendo expressa por prod.km-2. 66 Produção Unitária de REEE A informação de contexto Produção Unitária de REEE (PU) é a informação que define a produção per capita (por produtor) deste fluxo específico de resíduos num determinado intervalo de tempo (dias, meses, anos) para a área de intervenção. No caso do Modelo de Operação utiliza um intervalo de tempo diário. A capitação de resíduos encontra-se estritamente relacionada com a qualidade de vida das populações, sendo que áreas urbanas a priori possuem capitações superiores quando comparadas com áreas rurais. A variável PU é expressa no Modelo em kg.prod-1.dia-1. Taxa por Categoria de REEE A informação de contexto Taxa por Categoria de REEE (TCat) é uma variável adimensional que traduz a quantidade relativa de cada uma das dez categorias de REEE, descritas no presente Decreto-Lei, produzidas na área de intervenção definida pelo utilizador. É importante salientar que o Modelo de Operação considera que a soma das percentagens das dez categorias representativas do fluxo de resíduos deve ser igual a 100%. Taxa de Valorização de REEE A informação de contexto Taxa de Valorização de REEE (TVal) é uma variável adimensional que indica as quantidades relativas de cada categoria que são encaminhadas para valorização. No Modelo de Operação estão já introduzidos valores para esta variável, que retratam os valores mínimos de cada categoria que devem ser encaminhados para valorização, de acordo com o anexo I da Diretiva 2012/19/UE, que define os objetivos mínimos de valorização entre 13 de Agosto de 2012 até 14 de Agosto de 2018 (Tabela 17). A figura seguinte ilustra o significado desta informação de contexto. Figura 12: Quantidades Relativas das Categorias de EEE que são encaminhadas para Valorização. 67 Taxa de Recolha de REEE A informação de contexto Taxa de Recolha de REEE (TRec), uma variável adimensional, define a quantidade relativa de REEE, por categoria, encaminhada para equipamentos de deposição. A Figura 13 traduz a lógica inserida no Modelo de Operação para definir esta variável. O quantitativo relativo de REEE encaminhado para equipamentos de deposição é uma variável importante no Modelo, pois é a variável que serve de base para o dimensionamento de variáveis de cálculo presentes nos elementos RECOLHA e RECOLHA LÂMPADAS. No elemento ARMAZENAMENTO é importante a variável Taxa de Recolha de REEE, mas também a variável presente na PRODUÇÃO, a Taxa encaminhado para Centro de Receção, pois são as duas formas de valorizar os REEE, segundo o Modelo de Operação apresentado. Figura 13: Quantidades Relativas das Categorias de EEE que são encaminhadas para Valorização. Peso Específico A informação de contexto Peso Específico (ɣ), expressa em kg.m-3, define ao utilizador a massa por unidade de volume média de cada uma das 10 categorias representadas no Modelo de Operação de REEE. Esta variável é pertinente no Modelo sendo que é a variável responsável pela conversão de quantidades em volumetrias. Taxa de Categoria por Fluxo A informação de contexto Taxa de Categoria por Fluxo (TCat Flux), variável desprovida de unidade física, é a variável que define a porção de cada categoria de REEE que faz parte de determinado fluxo operacional. Esta variável é relevante no Modelo de Operação na medida em que é a responsável pela conversão das categorias de REEE em fluxos de tratamento de REEE. 68 Taxa de Componentes A informação de contexto Taxa de Componentes (TComp) é uma variável adimensional que descreve a quantidade relativa de um certo componente de um determinado fluxo operacional de REEE. Esta variável quantifica a nível relativo os componentes por fluxo operacional, isto porque o Modelo de Operação tem em conta a variabilidade na composição de cada fluxo, sendo que é pouco provável que diferentes fluxos de tratamento de REEE possuam a mesma percentagem do mesmo tipo de componentes. Taxa de Material Ferroso A informação de contexto Taxa de Material Ferroso (TMat Ferr), sem unidade física, é a variável respeitante à quantidade relativa existente de material ferroso num dado fluxo operacional de REEE. Taxa de Material Não Ferroso A informação de contexto Taxa de Material Não Ferroso (TMat N-Ferr), é uma variável adimensional que dita a quantidade relativa de cada tipo de material não ferroso como por exemplo cobre, alumínio, borracha, plásticos, etc. Esta diferenciação do material não ferroso é importante para a contabilização dos materiais valorizáveis e não valorizáveis de cada fluxo operacional de REEE, bem como adquire importância posteriormente na quantificação do valor vendável de cada tipo de material não ferroso. Taxa de Material Não Valorizável A informação de contexto Taxa de Material Não Valorizável (TMat N-Val), sem grandeza física associada, é uma variável que quantifica a porção de materiais não valorizáveis presentes em cada fluxo operacional de REEE. Número de Dias de Trabalho A informação de contexto Número de Dias de Trabalho (DiaTr), expressa em diaTr.sem1 , é a variável que representa o número de dias de trabalho por semana em determinado elemento do Modelo de Operação. Esta variável encontra-se presente por exemplo, nos elementos ARMAZENAMENTO e TRATAMENTO E VALORIZAÇÃO. 69 2) Informações Ambientais As informações ambientais são variáveis que o utilizador deverá quantificar e que são a base para a quantificação das emissões de dióxido de carbono. Na Tabela 16 encontram-se presentes as variáveis referentes a este tipo de dados de base. Tabela 16:Informações Ambientais pertencentes ao Modelo Integrado de Operação de REEE. Designação Variável Unidade Densidade do Combustível Poder Calorífico Inferior Fator de Emissão Fração Oxidável de Carbono DensC PCI (i) FE (i) FOC (i) t.l-1 GJ.t-1 kgCO2.GJ-1 adimensional As variáveis da Tabela 16 são apresentadas de seguida isoladamente, com a sua respetiva descrição. Densidade do Combustível A variável Densidade do Combusível (DensC), expressa em t.l-1, é a variável que quantifica o grau de concentração de massa um determinado tipo de combustível em determinado volume. Os valores da DensC diferem de acordo com o tipo de combustível que é usado. A Tabela 17 traduz os valores da DensC de acordo com o combustível em uso. Tabela 17:Valores da Densidade do Combustível de acordo com o tipo de combustível. Tipo de Combustível Densidade de Combustível (t.l-1) 8,35x10-4 7,50x10-4 8,40x10-4 Diesel Gasolina GNC (Gás Natural) Poder Calorífico Inferior A variável Poder Calorífico Inferior (PCI(i)), expressa em GJ.t-1, é a variável que quantifica o poder calorífico inferior de um determinado tipo de combustível. Na seguinte tabela encontram-se implícitos os valores do poder calorífico inferior de cada combustível. Tabela 18:Poder Calorífico Inferior de acordo com o tipo de combustível. Tipo de Combustível Poder Calorífico Inferior (GJ.t-1) Diesel Gasolina GNC (Gás Natural) 43,30 44,80 48,55 70 Fator de Emissão A variável Fator de Emissão (FE (i)), expressa em kgCO2.GJ-1, quantifica o fator de emissão de CO2 (dióxido de carbono) de um determinado tipo de combustível. A Tabela 19 enuncia o fator de emissão de cada um dos tipos de combustíveis presentes no Modelo de Operação. Tabela 19:Fator de Emissão de acordo com o tipo de combustível. Tipo de Combustível Fator de Emissão de CO2 (kgCO2.GJ-1) Diesel Gasolina GNC (Gás Natural) 74,10 68,60 64,10 Fração Oxidável de Carbono A variável Fração Oxidável de Carbono (FOC (i)) é a variável que quantifica a taxa oxidável de carbono. A Tabela 20 enuncia a fração oxidável de carbono de cada um dos tipos de combustível, presentes no Modelo de Operação. Tabela 20:Fração Oxidável de Carbono de acordo com o tipo de combustível. Tipo de Combustível Fração Oxidável de Carbono 9,90x10-1 9,95x10-1 9,90x10-1 Diesel Gasolina GNC (Gás Natural) 3) Informações Económico-Financeiras As informações económico-financeiras englobam variáveis das quais o utilizador deverá quantificar de forma a que estas sejam capazes de calcular os custos e ganhos associados em torno do sistema de gestão de REEE. Estão presentes na Tabela 21 as variáveis pertencentes a este tipo de dados de base. 71 Tabela 21:Informações Económico-Financeiras referentes ao Modelo Integrado de Operação de REEE. Designação Variável Unidade Custo Unitário de Mão-de Obra Custo Unitário de Combustível Custos de Manutenção dos Veículos (Viatura de Recolha ou Maquinaria) Custos de Manutenção das Instalações Custos de Amortização Custos Administrativos Valor de Mercado de cada Componente Valor de Mercado do Material Ferroso Valor de Mercado de cada Material Não Ferroso Custo Unitário da Energia Elétrica Custo Unitário de Eliminação CustCol CustC CustAd Viat ou CustAd Maq CustMan Inst CustAmort CustAdm VMComp VMMat Ferr VMMat N-Ferr CustU E CustU Elim €.h-1.col-1 €.l-1 €.ano-1 €.ano-1 €.ano-1 €.ano-1 €.kg-1 €.kg-1 €.kg-1 €.kW -1 €.kg-1 As variáveis presentes na Tabela 21 serão imediatamente de seguida dispostas cada com uma descrição mais detalhada. Custo Unitário de Mão-de-obra A variável Custo por Colaborador (CustCol), expressa em €.h-1.col-1 , traduz o valor monetário médio que aufere cada colaborador, por hora. No Modelo de Operação, esta variável é várias vezes repetida, tendo em conta os colaboradores dos diferentes elementos do Modelo de Operação de REEE. Custo Unitário de Combustível A variável Custo de Combustível por Litro (CustC) exprime o custo monetário do combustível utilizado (expressa em €.l-1). Esta variável ocorre várias vezes no Modelo de Operação, tendo em conta que poderá existir variabilidade nos combustíveis usados nos diferentes elementos (diesel, gasolina ou gás natural) bem como a variabilidade do custo dos combustíveis localmente. Custos de Manutenção dos Veículos A variável Custos de Manutenção dos Veículos, expressa em €.ano-1, é a variável que diz respeito a outros custos inerentes dos veículos além do combustível, como é exemplo a manutenção dos veículos, os custos associados com o seguro e imposto único de circulação dos veículos. Esta informação de contexto ocorre várias vezes no Modelo de Operação, tendo em conta os diferentes veículos que são necessários nos diferentes elementos, nomeadamente veículos de manipuladoras de materiais e empilhadores (CustAd Maq). 72 recolha (CustAd Viat) ou Custos de Manutenção das Instalações A variável Custos de Manutenção das Instalações (CustMan Inst), expressa em €.ano-1, apresenta o custo relacionado com a manutenção das instalações afetas ao sistema de gestão de REEE. Esta variável é repetida mais de uma vez, devido ao facto de existirem diferentes instalações para cada elemento no Modelo de Operação (nomeadamente nos elementos ARMAZENAMENTO e TRATAMENTO E VALORIZAÇÃO). Custos de Amortização A variável Custos de Amortização (CustAmort), expressa em €.ano-1, é a variável que quantifica o custo associado ao processo de pagamento de dívidas, através de pagamentos periódicos, implícitas no sistema de gestão de REEE. Custos Administrativos A variável Custos Administrativos (CustAdm), expressa em €.ano-1, é a variável que quantifica os custos administrativos decorrentes no sistema de gestão de REEE em estudo pelo utilizador. Valor de Mercado de cada Componente A variável Valor de Mercado de cada Componente (VMComp), expressa em €.kg-1, é a variável que define o valor monetário de venda por quilograma de cada componente de um dado fluxo operacional de REEE. Valor de Mercado de Material Ferroso A variável Valor de Mercado de Material Ferroso (VMMat Ferr), expressa €.kg-1, é a variável alusiva ao valor monetário por quilograma do material ferroso compreendido num dado fluxo operacional de REEE. Valor de Mercado de cada Material Não Ferroso A variável Valor de Mercado de cada Material Não Ferroso (VMMat N-Ferr), expressa em €.kg-1, refere-se ao valor monetário por quilograma de um dado material não ferroso inserido num dado fluxo operacional de REEE. Custo Unitário da Energia Elétrica A variável Custo Unitário da Energia Elétrica (CustU E), expressa em €.kW -1, é a variável que diz respeito ao custo energético por quilowatt consumido. 73 Custo Unitário de Eliminação A variável Custo Unitário de Eliminação (CustU Elim), expressa em €.kg-1, designa qual o valor monetário a pagar, por quilograma, para encaminhar os resíduos não valorizáveis originários dos vários fluxos de tratamento de REEE. 4) Informações Operacionais As informações operacionais dizem respeito às variáveis operacionais do sistema de gestão em que o utilizador deverá quantificar. Estas variáveis estão relacionadas com o tipo e consumo de combustível da viatura de recolha, quantidade total de resíduos recolhidos, bem como tempos e distâncias relacionadas com a operação de recolha no circuito. Na Tabela 22 estão presentes as variáveis de inserção de carácter operacional do Modelo de Operação. Tabela 22:Informações Operacionais presentes no Modelo de Integrado de Operação de REEE. Designação Variável Unidade Capacidade da Viatura Taxa de Enchimento dos Contentores Taxa de Enchimento da Viatura Frequência de Recolha Capacidade dos Contentores Capacidade Estimada dos Contentores Tempo entre a Garagem e o primeiro Ponto de Recolha Tempo entre o Local de Descarga e a Garagem Tempo de Descarga dos Contentores Tempo de Deslocação entre Pontos de Recolha Número de Pontos de Recolha Tempo entre o Último Contentor que se atingiu o enchimento da viatura até ao Local de Descarga ou do Local de Descarga ao Primeiro Contentor do seguinte frete Tempo entre o Último Contentor da Recolha e o Local de Descarga Tempo de Descarga da Viatura de Recolha Tempo Morto Duração Máxima da Recolha Duração do Turno Número de Colaboradores Velocidade Média de Recolha Velocidade Média de Não Recolha Consumo Médio de Combustível Consumo Médio de Combustível da Maquinaria Tipo de Combustível Distância percorrida pela Maquinaria Tempo Unitário de Processamento Consumo Específico de Energia Elétrica VViat TEnch Cont TEnch Viat FreqRec VU Cont Ex VU Cont D TD G-1ºPR TD LD-G TDDesc Cont TD PR PR m3 adimensional adimensional circ.sem-1 m3.cont-1 m3.cont-1 min.rec-1 min.rec-1 min.cont-1 min.pt rec-1 pt rec.circ-1 TD úPR-LD v LD-1ºPR min.desc-1 TD úCont-LD min.rec-1 TDDesc Viat TM DRec DTurn Col VelRec VelN-Rec CC CCMaq i DistMaq TDU Flux CEU Flux min.desc-1 min.rec-1 min.rec-1 h.diaTr-1 Col km.h-1 km.h-1 l.100km-1 l.100km-1 adimensional km.diaTr-1 min.kg-1 kW.kg-1 As informações operacionais, referidas na Tabela 22, são apresentados de seguida com uma descrição das principais suas características. 74 Capacidade da Viatura A variável Capacidade da Viatura (VViat), expressa em m3, quantifica o volume máximo de carga da viatura de recolha. Esta variável é repetida no Modelo, tendo em conta os dois elementos distintos: o elemento RECOLHA e o elemento RECOLHA LÂMPADAS. Taxa de Enchimento dos Contentores A variável Taxa de Enchimento dos Contentores (TEnch Cont), uma variável ausente de grandeza física, exprime a porção relativa de enchimento do equipamento de deposição/recolha na qual deve ser processada a operação de recolha. A figura seguinte descreve 3 contentores, com diferentes abordagens no dimensionamento dos contentores. O contentor superior esquerdo foi dimensionado exclusivamente através dos produtores da área de intervenção e o contentor superior direito foi dimensionado tendo presente para além dos produtores da área de intervenção um fator de segurança, considerando população flutuante e dias de anormalidade na produção de REEE, de forma a evitar que a taxa de enchimento do contentor não seja ultrapassada, como demonstrado no contentor da parte inferior da figura abaixo. Figura 14: Fator de segurança, Volume Efetivo e ausência de Fator de Segurança no Dimensionamento da Contentorização. Taxa de Enchimento da Viatura A variável Taxa de Enchimento da Viatura (TEnch Viat), adimensional, é a variável que quantifica a porção relativa máxima de ocupação da viatura de modo a fazer face a volumetrias anormais durante a operação de recolha na viatura de recolha. 75 Frequência de Recolha A variável Frequência de Recolha (FreqRec) é a variável que define o número de circuitos necessários durante um determinado intervalo de tempo de modo a satisfazer a operação de recolha dos REEE. No Modelo de Operação a FreqRec é dada em circ.sem1 . Capacidade dos Contentores A variável Capacidade dos Contentores (VU Cont Ex), expressa em m3.cont-1, é a variável em que o utilizador indica a porção volumétrica padrão dos equipamentos de deposição existentes na área de intervenção. O Modelo permite que o utilizador insira mais do que um volume unitário, tendo em conta que a área de intervenção possa possuir várias volumetrias padrão. Capacidade Estimada dos Contentores A variável Capacidade Estimada dos Contentores (VU Cont D), expressa em m3.cont-1, é a variável em que o utilizador indica a porção volumétrica padrão dos equipamentos de deposição dimensionados no Modelo de Operação, por parte do utilizador. Tempo entre a Garagem e o Primeiro Ponto de Recolha A variável Tempo entre a Garagem e o Primeiro Ponto de Recolha (TD G-1ºPR), expressa em min.rec-1, é a variável que expressa a duração média do trajeto da garagem ao primeiro ponto de recolha. Na Figura 15 está representado uma recolha onde são apresentados os diversos tempos que se incluem nesta operação do sistema de gestão integrada de REEE, incluindo a variável TD G-1ºPR. Tempo entre o Local de Descarga e a Garagem A variável Tempo do Local de Descarga e a Garagem (TD PD-G), expressa em min.rec1 , corresponde à duração média do trajeto entre o ponto de descarga até à garagem. Esta variável encontra-se presente na Figura 15, fazendo parte temporal de uma recolha. Tempo de Descarga dos Contentores A variável Tempo de Descarga dos Contentores (TDDesc Cont), expressa em min.cont-1, é o tempo despendido na recolha para completar o esvaziamento de um equipamento de 76 deposição deste fluxo de resíduos, sendo que esta informação de contexto se encontra presente na Figura 15. Tempo de Deslocação entre Pontos de Recolha A variável Tempo de Deslocação entre Pontos de Recolha (TD PR), expressa em min.ptrec-1, é a variável que se refere ao tempo médio despendido entre pontos de recolha. Esta variável, também ela, se encontra presente na Figura 15. Número de Pontos de Recolha A variável Número de Pontos de Recolha (PR), expressa em pt rec.circ-1, é a variável que dita o número de pontos de recolha existentes no circuito de recolha. O Modelo de Operação considera como um Ponto de Recolha um local pré-definido pelos produtores e empresas de recolha de REEE, que possui pelo menos um equipamento de deposição ou recolha deste tipo de resíduos. Tempo entre o Último Contentor em que se atingiu o enchimento da viatura de recolha até ao Local de Descarga ou do Local de Descarga ao Primeiro Contentor do seguinte frete A variável Tempo entre o Último Contentor em que se atingiu o enchimento da viatura de recolha até ao Local de Descarga ou do Local de Descarga ao Primeiro Contentor do seguinte frete (TD úPR-D v D-1ºPR), expressa em min.desc-1, designa tal o referido na designação da variável. Se no final de um frete existir tempo necessário para o início de um outro frete, esta variável representa a duração referente ao trajeto deste frete concluído ao local de descarga ou por sua vez, do local de descarga até ao primeiro ponto de recolha do seguinte frete. Tempo entre o Último Contentor da Recolha e o Local de Descarga A variável Tempo entre o Último Contentor da Recolha e o Local de Descarga (TD úCont-LD), expressa em min.rec-1 e representada na Figura 15 define a duração (tempo) do trajeto entre o último contentor da recolha (ou seja, o último contentor do turno de recolha) e o local de descarga da viatura de recolha. Esta variável e a imediatamente anterior são semelhantes, ou pelo menos, retratam a mesma realidade. A diferença entre elas resume-se no facto de existir sempre a variável TD úCont-LD, mas nem sempre ocorre a variável TD úPR-D v D-1ºPR, isto porque a última variável decorre apenas se existir mais de uma descarga da viatura. 77 Tempo de Descarga da Viatura A variável Tempo de Descarga da Viatura (TDDesc Viat), expressa em min.desc-1, é a informação relativa ao tempo médio de descarga da viatura de recolha no ponto de descarga de REEE. Esta informação de contexto encontra-se representada na Figura 15. Tempo Morto A variável Tempo Morto (TM), expressa em min.rec-1, é a variável que traduz a duração média referente a períodos de paragem do veículo para pausas de café, lavagem e desinfeção da viatura, abastecimento de combustível na viatura ou outra eventualidade deste tipo. Esta variável encontra-se também representada na Figura 15. Figura 15: Tempos inerentes a uma Recolha, com um único Frete, na operação de Recolha de REEE. Duração Máxima da Recolha A variável Duração Máxima da Recolha (DRec), expressa em min.rec-1, é a variável que descreve o tempo máximo que uma recolha pode conter. Esta variável ocorre nos elementos do Modelo RECOLHA e RECOLHA LÂMPADAS. Duração do Turno A variável Duração do Turno (DTurn), expressa em h.diaTr-1, é a variável que quantifica a duração do turno dos funcionários de cada elemento (RECOLHA, RECOLHA LÂMPADAS, ARMAZENAMENTO e TRATAMENTO E VALORIZAÇÃO) do Modelo de Operação. 78 Número de Colaboradores A variável Número de Colaboradores (Col), expressa em col, indica o número de colaboradores incluídos no sistema de gestão de REEE, refletido no Modelo de Operação. São considerados nesta variável os motoristas das viaturas de recolha de REEE, os cantoneiros que poderão auxiliar na recolha desses mesmos resíduos bem como operadores de gestão de resíduos, que se tratam de colaboradores que estão destacados ao longo deste sistema. São considerados também os colaboradores que operam no manuseio de maquinaria como empilhadores e manipuladores de materiais, bem como no desmantelamento manual. Velocidade Média de Recolha A variável Velocidade Média de Recolha (VelRec), expressa em km.h-1, descreve a velocidade média de recolha da viatura de recolha de REEE. É apenas no Tempo de Recolha (definido posteriormente) é que é considerada esta variável. Velocidade Média de Não Recolha A variável Velocidade Média de Não Recolha (VelN-Rec), expressa em km.h-1, designa a velocidade média de não recolha da viatura de recolha de REEE. Já esta variável é considerada no Modelo de Operação apenas no Tempo de Não Recolha (definido posteriormente). Consumo Médio de Combustível A variável Consumo Médio de Combustível (CC), expressa em l.100km-1, indica o consumo médio de combustível das viaturas de recolha inerentes aos elementos RECOLHA e RECOLHA LÂMPADAS do Modelo de Operação. Consumo Médio de Combustível da Maquinaria A variável Consumo Médio de Combustível da Maquinaria (CCMaq), também expressa em l.100km-1, quantifica o consumo médio de combustível médio da(s) maquinaria(s) existentes nos elementos ARMAZENAMENTO e TRATAMENTO E VALORIZAÇÃO presentes no Modelo de Operação. Tipo de Combustível A variável Tipo de Combustível (i) é a variável que expressa o tipo de combustível utilizado em determinado veículo, seja ele uma viatura de recolha, um empilhador ou 79 uma manipuladora de materiais. Esta variável vai-se repetindo nos elementos do Modelo de Operação, nomeadamente nos elementos RECOLHA, RECOLHA LÂMPADAS, ARMAZENAMENTO e TRATAMENTO E VALORIZAÇÃO. A figura seguinte mostra os tipos de combustíveis usados no Modelo. Figura 16: Tipos de Combustíveis usados para cada tipo de veículo representado no Modelo Integrado de Operação de REEE. Distância percorrida pela Maquinaria A variável Distância percorrida pela Maquinaria (DistMaq), expressa por km.diaTr-1, é a variável que quantifica a distância percorrida pela maquinaria existente nos elementos ARMAZENAMENTO e TRATAMENTO E VALORIZAÇÃO. Tempo Unitário de Processamento A variável Tempo Unitário de Processamento (TDU Flux), expressa em min.kg-1, como o nome indica é a variável que retrata o tempo necessário para desmantelar um quilograma de um certo fluxo operacional de REEE. Consumo Específico de Energia Elétrica A variável Consumo Específico de Energia Elétrica (CEU Flux), expressa em kW.kg-1, é a variável que diz respeito ao consumo de energia elétrica consumido, no elemento TRATAMENTO E VALORIZAÇÃO, por cada quilograma manuseado. 80 3.5.2. Variáveis de Cálculo Fazem igualmente parte integrante do Modelo de Operação de REEE, variáveis que descendem dos dados de base que o utilizador necessita inserir, através de operações matemáticas. As variáveis de cálculo têm como principal função a definição de indicadores de desempenho, descritos mais à frente nesta dissertação. As Variáveis de Cálculo são diferenciadas por: 1) Variáveis Operacionais; 2) Variáveis Económicas; 3) Variáveis Ambientais 1) Variáveis de Cálculo Operacionais As Variáveis Operacionais são todas as variáveis de cálculo representativas das informações de contexto inseridas de cariz operacional, mas também de caracterização geral dos circuitos. As variáveis operacionais são as responsáveis pela definição dos indicadores de desempenho operacionais e estão representadas na Tabela 23. 81 Tabela 23:Variáveis de Cálculo de Carácter Operacional decorrentes do Modelo Integrado de Operação de REEE. Designação Variável Unidade Número de Produtores Quantidade Total de Resíduos Quantidade por Categoria de Resíduos Quantidade Valorizada de Resíduos Quantidade Total Valorizada de Resíduos Quantidade a Recolher de Resíduos Quantidade Total a Recolher de Resíduos Volume Acumulado de Resíduos Volume Total Acumulado de Resíduos Volume a Recolher de Resíduos Capacidade Efetiva dos Contentores Capacidade Efetiva Estimada dos Contentores Número de Contentores Número Estimado de Contentores Capacidade Total Efetiva dos Contentores Número de Contentores Convertidos Número de Contentores por Ponto de Recolha Capacidade Efetiva da Viatura Tempo Efetivo de Recolha necessário de modo a encher a Viatura de Recolha Prod QTotal QCat QVal QTotal Val QRec QTotal Rec VAcum VTotal Acum VRec VECont Ex VECont D ContEx ContD VTECont Ex ContConv ContPt Rec VEViat Prod kg.dia-1 kg.dia-1 kg.dia-1 kg.dia-1 kg.dia-1 kg.dia-1 m3.dia-1 m3.dia-1 m3.circ-1 m3.cont-1 m3.cont-1 cont.circ-1 cont.circ-1 m3.circ-1 cont.circ-1 cont.pt rec-1 m3 TEREnch Viat Min TRRec TRCirc TDFr FrRec DescRec TER VFr Rec TNRRec TNRCirc TDTotal Circ DistCirc CCCirc QFlux Dia QFlux DiaTr QTotal DiaTr QCC Maq TDFlux TDTotal QComp QMat Ferr Flux min.rec-1 min.circ-1 min.fr-1 fr.rec-1 desc.rec-1 min.circ-1 m3.fr-1 rec.circ-1 min.rec-1 min.circ-1 min.circ-1 km.circ-1 l.circ-1 kg.dia-1 kg.diaTr-1 QMat N-Ferr kg.diaTr-1 QMat N-Val Flux QTotal Mat N-Val CEFlux CETotal Col kg.diaTr-1 kg.diaTr-1 kW.diaTr-1 Tempo de Recolha Tempo por Frete Número de Fretes Número de Descargas Tempo Efetivo de Recolha Volume por Frete Número de Recolhas Tempo de Não Recolha Tempo Total Despendido Distância de Recolha Consumo de Combustível da Viatura Quantidade Valorizada por Fluxo Capacidade Processada Consumo de Combustível da Maquinaria Tempo de Processamento Tempo Total de Processamento Quantidade de cada Componente Valorizado por Fluxo Quantidade de Material Ferroso Valorizado por Fluxo Quantidade de cada Material Não Ferroso Valorizado por Fluxo Quantidade de Material Não Valorizável Quantidade Total de Material Não Valorizável Consumo de Energia Elétrica Número de Colaboradores l.diaTr-1 min.diaTr-1 min.diaTr-1 kg.diaTr-1 kg.diaTr-1 Col Na tabela anterior que refere as variáveis de cálculo operacionais, são apresentadas isoladamente, com uma descrição detalhada de cada variável, anexada com a equação que origina cada variável. 82 Número de Produtores A variável Número de Produtores (Prod) [Eq.1], expressa em prod, reflete o número de produtores a servir na área de intervenção, tendo em conta a densidade dos produtores dessa mesma área. Esta variável deriva da equação: 𝑃𝑟𝑜𝑑 = 𝐴𝐼 × 𝐷𝑒𝑛𝑠𝑃𝑟𝑜𝑑 [Eq.1] Legenda: AI = Área de Intervenção [km2]; DensProd = Densidade de Produtores [prod.km-2]. Quantidade Total de Resíduos A variável Quantidade Total de Resíduos (QT) [Eq.2] (Figura 17), expressa em kg.dia-1, descreve a quantidade de REEE gerados, por dia, na área de intervenção pretendida pelo utilizador. A produção diária de REEE é definida pela seguinte equação: 𝑄𝑇 = 𝑃𝑈 × 𝑃𝑟𝑜𝑑 [Eq.2] Legenda: PU = Produção unitária [kg.prod-1.dia-1]; Prod = Número de produtores [prod]. Figura 17: Produção de REEE de determinados produtores de uma área de intervenção. Quantidade por Categoria de Resíduos A variável Quantidade por Categoria de Resíduos (QCat) [Eq.3], expressa em kg.dia-1, é a quantidade mássica de cada categoria de REEE produzida durante um determinado espaço de tempo, no caso do Modelo de Operação considera um dia. A variável é descrita pela seguinte equação por: 𝑄𝐶𝑎𝑡 = 𝑇𝐶𝑎𝑡 × 𝑃𝑟𝑜𝑑 [Eq.3] 83 Legenda: TCat = Taxa por Categoria de REEE [adimensional]. Quantidade Valorizada de Resíduos A variável Quantidade Valorizada de Resíduos (QVal) [Eq.4], expressa em kg.dia-1, é a variável de cálculo que exprime a massa de REEE gerados, por categoria, que foram encaminhados para valorização por parte dos produtores inseridos na área de intervenção. Esta variável provém da relação matemática: 𝑄𝑉𝑎𝑙 = 𝑄𝐶𝑎𝑡 × 𝑇𝑉𝑎𝑙 [Eq.4] Legenda: TVal = Taxa de Valorização [adimensional]. Quantidade Total Valorizada de Resíduos A variável Quantidade Total Valorizada de Resíduos (QTotal Val) [Eq.5] (Figura 18), expressa em kg.dia-1, é a variável de cálculo que exprime a quantidade de REEE, de todas as categorias, que são encaminhados para valorização por parte dos produtores da área de intervenção definida pelo utilizador. A equação que define a variável QTotal Val encontra-se imediatamente abaixo: 𝑄𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑉𝑎𝑙 = ∑ 𝑄𝑉𝑎𝑙 [Eq.5] Figura 18: Quantidade de REEE encaminhados para Valorização. 84 Quantidade a Recolher de Resíduos A variável Quantidade a Recolher de Resíduos (QRec) [Eq.6] (Figura 19), expressa em kg.dia-1, traduz a massa, de cada categoria, encaminhada para valorização por parte dos produtores inseridos na área de intervenção, via deposição em equipamentos para esse efeito. Esta variável é composta pela equação: 𝑄𝑅𝑒𝑐 = 𝑄𝑉𝑎𝑙 × T Rec [Eq.6] Legenda: TRec = Taxa de Recolha [adimensional]. Figura 19: Quantidade de REEE encaminhados para Valorização. Quantidade Total a Recolher de Resíduos A variável Quantidade Total a Recolher de Resíduos (QTotal Rec) [Eq.7], expressa em kg.dia-1, é a variável que dita a massa de REEE a recolher, para todas as categorias de REEE. O Modelo de Operação considera dois tipos de recolha: a recolha das lâmpadas (categoria 5) no elemento RECOLHA LÂMPADAS e a recolha dos restantes REEE 85 (restantes categorias) no elemento RECOLHA. Posto isto, esta variável irá dar origem a duas outras variáveis: QRec 1 e QRec 2. A QRec 1 [Eq.8] quantifica a quantidade de resíduos a recolher no elemento RECOLHA, ou seja, desta variável fazem parte todos os equipamentos à exceção da categoria 5. A QRec 2 [Eq.9] quantifica a quantidade de resíduos a recolher no elemento RECOLHA LÂMPADAS, ou seja, desta variável são englobados apenas os equipamentos da categoria 5. As equações 7, 8 e 9 dizem respeito respetivamente às variáveis QTotal Rec, QRec 1 e QRec 2: 𝑄𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑅𝑒𝑐 = ∑ 𝑄𝑅𝑒𝑐 [Eq.7] 𝑄𝑅𝑒𝑐 1 = 𝑄𝑅𝑒𝑐 (𝑐𝑎𝑡𝑒𝑔𝑜𝑟𝑖𝑎 5) [Eq.8] 𝑄𝑅𝑒𝑐 2 = 𝑄𝑅𝑒𝑐 (𝑡𝑜𝑑𝑎𝑠 𝑎𝑠 𝑐𝑎𝑡𝑒𝑔𝑜𝑟𝑖𝑎𝑠 à 𝑒𝑥𝑐𝑒çã𝑜 𝑑𝑎 𝑐𝑎𝑡𝑒𝑔𝑜𝑟𝑖𝑎 5) [Eq.9] Volume Acumulado de Resíduos A variável Volume Acumulado de Resíduos (VAcum) [Eq.10], expressa em m3.dia-1, é a variável que quantifica a volumetria de REEE gerada, por categoria. A variável definese através da relação matemática: 𝑉𝐴𝑐𝑢𝑚 = 𝑄𝑅𝑒𝑐 ɣ [Eq.10] Legenda: ɣ = Peso Específico [kg.m-3]. Volume Total Acumulado de Resíduos A variável de cálculo Volume Total Acumulado de Resíduos (VTotal Acum) [Eq.11], expressa em m3.dia-1, é referente ao quantitativo médio volumétrico produzido na área de intervenção, de todas as categorias de REEE. Como o Modelo de Operação considera a recolha das lâmpadas (categoria 5) no elemento RECOLHA LÂMPADAS e a recolha dos restantes REEE (restantes categorias) no elemento RECOLHA, é necessário que sejam definidas duas outras variáveis: VAcum 1 e VAcum 2. A VAcum 1 [Eq.12] quantifica o volume de resíduos a recolher 86 no elemento RECOLHA por dia, ou seja, desta variável fazem parte todos os equipamentos à exceção da categoria 5. A VAcum 2 [Eq.13] quantifica o volume de resíduos a recolher no elemento RECOLHA LÂMPADAS por dia, ou seja, desta variável são englobados apenas os equipamentos da categoria 5. As equações 11, 12 e 13 dizem respeito respetivamente às variáveis VTotal Acum, VAcum 1 e VAcum 2: 𝑉𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐴𝑐𝑢𝑚 = ∑ 𝑉𝐴𝑐𝑢𝑚 [Eq.11] 𝑉𝐴𝑐𝑢𝑚 1 = 𝑉𝐴𝑐𝑢𝑚 (𝑡𝑜𝑑𝑎𝑠 𝑎𝑠 𝑐𝑎𝑡𝑒𝑔𝑜𝑟𝑖𝑎𝑠 à 𝑒𝑥𝑐𝑒çã𝑜 𝑑𝑎 𝑐𝑎𝑡𝑒𝑔𝑜𝑟𝑖𝑎 5) [Eq.12] 𝑉𝐴𝑐𝑢𝑚 2 = 𝑉𝐴𝑐𝑢𝑚 (𝑐𝑎𝑡𝑒𝑔𝑜𝑟𝑖𝑎 5) [Eq.13] Volume a Recolher de Resíduos A variável Volume a Recolher de Resíduos (VRec) [Eq.14], expressa em m3.circ-1, é a variável de cálculo que exprime a volumetria a recolher num dado circuito de recolha, tendo em conta a sua própria frequência da recolha. A variável surge no Modelo na RECOLHA mas também na RECOLHA LÂMPADAS, sendo que as variáveis que servem de base dependem do elemento a que se refira, ou seja, VRec 1 deriva de variáveis do elemento RECOLHA ou definidas com o número 1 e para VRec 2 deriva de variáveis do elemento RECOLHA LÂMPADAS ou definidas com o número 2. A variável é dada por: 𝐷𝑖𝑎𝑆𝑒𝑚 𝑉𝑅𝑒𝑐 = 𝑉𝐴𝑐𝑢𝑚 × ( ) 𝐹𝑟𝑒𝑞𝑅𝑒𝑐 [Eq.14] Legenda: FreqRec = Frequência de Recolha [circ.sem-1]; DiaSem = Número de Dias existentes numa semana [dia.sem-1]. 87 Capacidade Efetiva de Deposição A variável Capacidade Efetiva de Deposição (VECont Ex) [Eq. 15] (Figura 20), expressa em m3.cont-1, é a variável que explicita o quantitativo volumétrico médio dos contentores tendo em conta o fator de segurança dos mesmos para os equipamentos de deposição que existem na área de intervenção. A variável é dada segundo a seguinte relação matemática: 𝑉𝐸𝐶𝑜𝑛𝑡 𝐸𝑥 = 𝑉𝑈 𝐶𝑜𝑛𝑡 𝐸𝑥 × 𝑇𝐸𝑛𝑐ℎ 𝐶𝑜𝑛𝑡 [Eq. 15] Legenda: FSCont = Fator de Segurança dos equipamentos de deposição/recolha [adimensional]. Figura 20: Volume Efetivo de um Equipamento de Deposição de REEE. Capacidade Efetiva Estimada de Deposição A variável Capacidade Efetiva Estimada de Deposição (VECont D) [Eq.16], expressa em m3.cont-1, é a variável de cálculo que quantifica a volumetria dos equipamentos de deposição dimensionados, tendo em conta um fator de segurança. A variável é dada por: 𝑉𝐸𝐶𝑜𝑛𝑡 𝐷 = 𝑉𝑈 𝐶𝑜𝑛𝑡 𝐷 × 𝑇𝐸𝑛𝑐ℎ 𝐶𝑜𝑛𝑡 [Eq.16] Número de Contentores A variável Número de Contentores (ContEx) [Eq.17], expressa em cont.circ-1, é a variável que quantifica o número de equipamentos de deposição existentes na área de intervenção em análise. A variável de cálculo é constituída segundo a seguinte equação: 𝐶𝑜𝑛𝑡𝐸𝑥 = ∑ 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑒𝑥 1 + 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑒𝑥 2 + ⋯ + 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑒𝑥 𝑛 [Eq.17] 88 Número Estimado de Contentores A variável Número Estimado de Contentores (ContD) [Eq. 18], expressa em cont.circ-1, é a variável que quantifica o número de equipamentos de deposição dimensionados pelo utilizador para a área de intervenção em análise. A variável de cálculo é constituída segundo a seguinte equação: 𝐶𝑜𝑛𝑡𝐷 = 𝑉𝑅𝑒𝑐 𝑉𝐸𝐶𝑜𝑛𝑡 𝐷 [Eq.18] Legenda: VRec = Volumetria a Recolher [m 3.circ-1]; VECont D = Volume Efetivo dos Contentores Dimensionados [m3.cont-1]. Capacidade Total Efetiva de Deposição A variável Capacidade Total Efetiva de Deposição (VTECont Ex) [Eq.19], expressa em m3.circ-1,indica o quantitativo efetivo volumétrico dos contentores existentes na área de intervenção. A variável resulta do somatório do volume efetivo dos vários equipamentos de deposição que se encontram na área de intervenção, tal como definido na equação seguinte: 𝑉𝑇𝐸𝐶𝑜𝑛𝑡 𝐸𝑥 = ∑ 𝑉𝐸𝐶𝑜𝑛𝑡 𝐸𝑥 [Eq. 19] Número de Contentores Convertidos A variável Número de Contentores Convertidos (ContConv) [Eq.20], expressa em cont.circ-1, exprime ao utilizador qual o número de equipamentos de deposição de uma certa volumetria média definida pelo utilizador, tendo em conta a volumetria real dos equipamentos de deposição existente na área de intervenção. Na prática, tendo em conta a volumetria total real dos contentores da área de intervenção, que advém por norma de equipamentos de deposição de diferentes volumetrias, quantifica-se o número de equipamentos de deposição com a mesma volumetria, definida anteriormente pelo utilizador. Esta variável é definida através do quociente entre o volume efetivo dos contentores existentes na área de intervenção e o volume efetivo dos contentores dimensionados pelo Modelo. A equação é dada da seguinte forma: 89 𝐶𝑜𝑛𝑡𝐶𝑜𝑛𝑣 = 𝑉𝑇𝐸𝐶𝑜𝑛𝑡 𝐸𝑥 𝑉𝐸𝐶𝑜𝑛𝑡 𝐷 [Eq.20] Número de Contentores por Ponto de Recolha A variável Número de Contentores por Ponto de Recolha (ContPt Rec) é a variável de cálculo que define a média de equipamentos de deposição por ponto de recolha (cont.pt rec-1). A variável é dada por: 𝐶𝑜𝑛𝑡𝑃𝑡 𝑅𝑒𝑐 = 𝐶𝑜𝑛𝑡𝐷 𝑃𝑅 [Eq.21] Legenda: PR = Número de Pontos de Recolha [pt rec]. Capacidade Efetiva da Viatura A variável Capacidade Efetiva da Viatura (VEViat) [Eq.22], expressa em m3, é a variável que explicita o quantitativo volumétrico médio da viatura de recolha definida pelo utilizador, tendo em conta o fator de segurança da mesma. A variável é composta pela seguinte expressão matemática: 𝑉𝐸𝑉𝑖𝑎𝑡 = 𝑉𝑉𝑖𝑎𝑡 × 𝑇𝐸𝑛𝑐ℎ 𝑉𝑖𝑎𝑡 [Eq.22] Legenda: VViat = Volume da Viatura de Recolha [m3]; FSViat = Fator de Segurança da Viatura [adimensional]. Tempo Efetivo de Recolha até encher a Viatura A variável Tempo Efetivo de Recolha até encher a Viatura de Recolha (TEREnch Viat) [Eq.23], expressa em min, quantifica o tempo despendido para recolher os resíduos necessários para encher completamente a capacidade de carga da viatura de recolha. A variável é dada pela seguinte expressão: 𝑇𝐸𝑅𝐸𝑛𝑐ℎ 𝑉𝑖𝑎𝑡 𝑉𝑉𝑖𝑎𝑡 𝑉𝑉𝑖𝑎𝑡 𝑉𝐶𝑜𝑛𝑡 𝐷 = (( ) × 𝑇𝐷𝐷𝑒𝑠𝑐 𝐶𝑜𝑛𝑡 ) + (( − 1) × 𝑇𝐷 𝑃𝑅) 𝑉𝐶𝑜𝑛𝑡 𝐷 𝐶𝑜𝑛𝑡𝑃𝑡 𝑅𝑒𝑐 [Eq.23] Legenda: TDDesc Cont = Tempo Despendido na Descarga de cada Contentor [min.cont-1]; TD PR = Tempo Despendido entre Pontos de Recolha [min.pt rec-1]. 90 Tempo de Recolha A variável Tempo de Recolha (TRRec) [Eq.24], expressa em min.rec-1, quantifica o tempo que se refere à recolha propriamente dita mais o(s) trajeto(s) para a descarga da viatura e mais o tempo referente à(s) descarga(s) da viatura de recolha. A variável TRRec formase tendo em conta a seguinte configuração matemática: 𝑇𝑅𝑅𝑒𝑐 = 𝐷𝑅𝑒𝑐 − (𝑇𝑀 + 𝑇𝐷 𝐺1º𝑃𝑅 + 𝑇𝐷 𝐿𝐷𝐺) [Eq.24] Legenda: DRec = Duração da Recolha [min.rec-1]; TM = Tempo Morto [min.rec-1]; TD G-1ºPR = Tempo Despendido da Garagem ao primeiro Ponto de Recolha [min.rec-1]; TD LD-G = Tempo Despendido entre o Local de Descarga e a Garagem [min.rec-1]. No Modelo de Operação a variável Tempo de Recolha é também quantificada por circuito de recolha (TRCirc) [Eq.25], expressa em min.circ-1, que se trata da variável de cálculo que traduz a duração referente ao tempo de recolha em todo o circuito de recolha em análise pelo utilizador. A variável é dada através da equação seguinte, com a multiplicação entre o número de fretes por recolha e o tempo dependido por frete e posteriormente a multiplicação com o número de recolhas com o uso do número exato obtido, mesmo que seja um valor decimal, de modo a dimensionar de forma mais detalhada a variável TRCirc. 𝑇𝑅𝐶𝑖𝑟𝑐 = (𝐹𝑟𝑅𝑒𝑐 × 𝑇𝐷𝐹𝑟 ) × 𝑅𝑒𝑐 [Eq.25] Tempo por Frete A variável Tempo por Frete (TDFr) [Eq.26], expressa em min.fr-1, quantifica o tempo despendido por frete em cada recolha do circuito, na área de intervenção definida pelo utilizador. A variável é conseguida tendo por base a seguinte equação: 𝑎 𝑠𝑒 𝑇𝑅𝑅𝑒𝑐 ≥ 𝑎 𝑇𝐷𝐹𝑟 = { 𝑇𝑅𝑅𝑒𝑐 𝑠𝑒 𝑇𝑅𝑅𝑒𝑐 < 𝑎 𝑎 = 𝑇𝐸𝑅𝐸𝑛𝑐ℎ 𝑉𝑖𝑎𝑡 + (2 × 𝑇𝐷 ú𝑃𝑅𝐿𝐷 𝑉 𝐿𝐷1º𝑃𝑅) + 𝑇𝐷𝐷𝑒𝑠𝑐 𝑉𝑖𝑎𝑡 [Eq.26] 91 Número de Fretes A variável Número de Fretes (FrRec) [Eq.27], expressa em fr.rec-1, é a variável de cálculo que quantifica o número de fretes por recolha realizada no circuito de recolha. A variável de cálculo FrRec obtem-se de acordo com a seguinte equação: 𝐹𝑟𝑅𝑒𝑐 1 𝑠𝑒 𝑉𝑅𝑒𝑐 ≤ 𝑉𝑉𝑖𝑎𝑡 𝑇𝑅 = { 𝑅𝑒𝑐 𝑠𝑒 𝑉𝑅𝑒𝑐 > 𝑉𝑉𝑖𝑎𝑡 𝑇𝐷𝐹𝑟 [Eq.27] Número de Descargas A variável Número de Descargas (DescRec) [Eq.28], expressa em desc.rec-1, é a variável de cálculo que quantifica o número de descargas da viatura de recolha por recolha realizada no circuito. O número de descargas é calculado tendo por base o número de fretes, isto porque para cada frete existe obrigatoriamente uma descarga da viatura de forma a esvaziar a viatura de modo a prosseguir para um novo frete ou por outro lado regressar à garagem. A variável é constituída a partir da expressão: 𝐷𝑒𝑠𝑐𝑅𝑒𝑐 = 𝐹𝑟𝑅𝑒𝑐 [Eq.28] Tempo Efetivo de Recolha A variável Tempo Efetivo de Recolha (TER) [Eq.29] (Figura 21), expressa em min.circ-1, refere-se ao tempo (duração) do esvaziamento dos equipamentos de deposição bem como o tempo de deslocação entre pontos de recolha. A variável é constituída por: 𝑇𝐸𝑅 = (𝐶𝑜𝑛𝑡𝐷 × 𝑇𝐷𝐷𝑒𝑠𝑐 𝐶𝑜𝑛𝑡 ) + ((𝑃𝑅 − 1) × 𝑇𝐷𝑃𝑅 ) [Eq.29] Legenda: TDDesc Cont = Tempo Despendido com a Descarga dos Equipamentos de Recolha [min.cont1]; TD PR = Tempo Despendido entre Pontos de Recolha [min.pt rec-1]. Figura 21: Tempo Efetivo de Recolha para um Circuito com uma única Recolha e com dois Fretes. Figura 22: Tempo Efetivo de Recolha para um Circuito com uma única Recolha e com dois Fretes. 92 Figura 23: Tempo Efetivo de Recolha para um Circuito com uma única Recolha e com dois Fretes. Número de Recolhas A variável Número de Recolhas (Rec) [Eq.30], expressa em rec.circ-1, é a variável de cálculo que quantifica o número de recolhas presentes no circuito de recolha da área de intervenção definida pelo utilizador. A variável é definida tendo em conta a equação: 𝑅𝑒𝑐 = 𝑉𝑅𝑒𝑐 𝑉𝐹𝑟 × 𝐹𝑟𝑅𝑒𝑐 [Eq.30] Tempo de Não Recolha A variável Tempo de Não Recolha é expressa no Modelo de duas formas. A primeira é o Tempo de Não Recolha por recolha efetuada (TNRRec) [Eq.31] (Figura 22), expressa em min.rec-1, define o tempo de não recolha despendido em cada recolha do circuito. A variável é tida segundo a relação matemática seguinte: 𝑇𝑁𝑅𝑅𝑒𝑐 = 𝑇𝐷 𝐺1º𝑃𝑅 + 𝑇𝐷 𝐿𝐷𝐺 + 𝑇𝑀 [Eq.31] 93 Figura 24: Tempo de Não Recolha numa Recolha. A variável Tempo de Não Recolha por Circuito de Recolha (TNRCirc) [Eq.32], expressa em min.circ-1, expressa o tempo de não recolha despendido de modo satisfazer a operação de recolha em todo o circuito de recolha dos REEE da área de intervenção definida pelo utilizador. Esta variável tem em conta o tempo de não recolha em cada recolha bem como o número de recolhas como base da variável, descrita abaixo: 𝑇𝑁𝑅𝐶𝑖𝑟𝑐 = 𝑇𝑁𝑅𝑅𝑒𝑐 × 𝑅𝑒𝑐 [Eq.32] Tempo Total Despendido A variável Tempo Total Despendido (TDTotal Circ) [Eq.33], expressa em min.circ-1, é a variável de cálculo que, tal como a variável indica o tempo total despendido para a conclusão de um circuito de recolha. A variável é dada segundo a posterior relação matemática: 𝑇𝐷𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐶𝑖𝑟𝑐 = 𝑇𝑁𝑅𝐶𝑖𝑟𝑐 + 𝑇𝑅𝐶𝑖𝑟𝑐 [Eq.33] Distância de Recolha A variável Distância de Recolha (DistCirc) [Eq.34], expressa em km.circ-1, é a variável respeitante à distância total percorrida no circuito de recolha da área de intervenção definida pelo utilizador. Esta variável é produzida através da seguinte equação: 𝐷𝑖𝑠𝑡𝑅𝑒𝑐 = (𝑉𝑒𝑙𝑅𝑒𝑐 × ( 𝑇𝑅𝐶𝑖𝑟𝑐 𝑇𝑁𝑅𝐶𝑖𝑟𝑐 )) + (𝑉𝑒𝑙𝑁𝑅𝑒𝑐 × ( )) 60 60 94 [Eq.34] Legenda: VelRec = Velocidade de Recolha [km.h-1]; VelN-Rec = Velocidade de Não Recolha [km.h-1]. Consumo de Combustível A variável Consumo de Combustível (CCCirc) [Eq.35], expressa em l.circ-1, traduz o consumo de combustível necessário de modo a que a viatura de recolha complete a operação de recolha do circuito. Esta variável repete-se, tal como a maioria das apresentadas no elemento Recolha e no elemento Recolha Lâmpadas, de forma a dimensionar a operação de recolha de todas as categorias de REEE na área de intervenção em análise. A equação que define esta variável encontra-se imediatamente abaixo: 𝐶𝐶𝐶𝑖𝑟𝑐 = 𝐶𝐶 × 𝐷𝑖𝑠𝑡𝑅𝑒𝑐 [Eq.35] Legenda: CC = Consumo de Combustível da Viatura de Recolha [l.100km-1]. Quantidade Valorizada por Fluxo A variável Quantidade Valorizada por Fluxo (QFlux Dia) [Eq.36], expressa em kg.dia-1, é a massa correspondente a cada fluxo operacional de REEE produzida na área de intervenção por parte das empresas e população que aí se inserem. Esta variável encontra-se no Modelo apenas em back office sendo que apenas serve como uma variável intermédia para formar a variável imediatamente seguinte, repetindo-se nos elementos ARMAZENAMENTO e TRATAMENTO E VALORIZAÇÃO. De forma a aglomerar os REEE nos seus Fluxos correspondentes, a variável tem em conta o quantitativo mássico de cada categoria de REEE que se inclui em determinado fluxo operacional, sendo que para isso é tido em conta uma taxa da categoria que corresponde ao fluxo que posteriormente é multiplicada à massa total da mesma categoria, e o mesmo se repete no caso do fluxo operacional englobar mais categorias de REEE. Se o fluxo operacional englobar diversas categorias de REEE é então necessário o somatório referente à massa de cada categoria que se inclui neste mesmo fluxo. A variável é expressa por: Legenda: 95 𝑄𝐹𝑙𝑢𝑥 𝐷𝑖𝑎 = ∑ 𝑇𝐶𝑎𝑡 𝐹𝑙𝑢𝑥 × 𝑄𝐶𝑎𝑡 [Eq.36] TCat Flux = Taxa de Categoria de REEE por Fluxo [adimensional]. Capacidade Processada A variável Capacidade Processada (QFlux DiaTr) [Eq.37], expressa em kg.diaTr-1, é a massa de REEE correspondente a cada fluxo operacional, durante um dia de trabalho na operação que deverá ser processada. Esta variável repete-se duplamente nos elementos ARMAZENAMENTO e TRATAMENTO E VALORIZAÇÃO, dando liberdade ao utilizador da definição do número de dias de trabalho por semana em cada uma das empresas que gerem estas operações. A variável é expressa por: 𝑄𝐹𝑙𝑢𝑥 𝐷𝑖𝑎𝑇𝑟 = 𝑄𝐹𝑙𝑢𝑥 𝐷𝑖𝑎 × 𝐷𝑖𝑎𝑆𝑒𝑚 𝐷𝑖𝑎𝑇𝑟 [Eq.37] Legenda: DiaTr = Número de Dias de Trabalho [diaTr.sem-1]. A variável (QTotal DiaTr) [Eq.38], expressa em kg.diaTr-1, é a massa correspondente de todos os fluxos de tratamento de REEE durante um dia de trabalho na operação que deverá ser processada. A variável é expressa por: 𝑄𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐷𝑖𝑎𝑇𝑟 = ∑ 𝑄𝐹𝑙𝑢𝑥 𝐷𝑖𝑎𝑇𝑟 [Eq.38] Consumo de Combustível gasto pela Maquinaria A variável Quantidade de Combustível gasto pela Maquinaria (QCC Maq) [Eq.39], expressa em l.diaTr-1, indica a quantidade de litros de combustível consumido, por dia de trabalho, pela maquinaria. Esta variável repete-se no Modelo tanto no elemento ARMAZENAMENTO bem como no elemento TRATAMENTO E VALORIZAÇÃO, tendo em conta as diferentes necessidades em relação à maquinaria em cada uma das duas operações retratadas do sistema de gestão integrada de REEE. A variável é composta pela seguinte relação matemática: Legenda: 96 𝑄𝐶𝐶 𝑀𝑎𝑞 = ( 𝐶𝐶𝑀𝑎𝑞 ) × 100 𝐷𝑖𝑠𝑡𝑀𝑎𝑞 [Eq.39] CCMaq = Consumo de Combustível da Maquinaria [l.100km-1] e DistMaq = Distância percorrida pela Maquinaria [km.diaTr-1]. Tempos de Processamento A variável Tempo de Processamento por Fluxo (TDFlux) [Eq.40], expressa em min.diaTr1 , representa o tempo médio necessário na desmontagem manual de modo a que determinado fluxo seja totalmente manuseado. A variável TDFlux é constituída através da subsequente equação matemática: 𝑇𝐷𝐹𝑙𝑢𝑥 = 𝑄𝐹𝑙𝑢𝑥 𝐷𝑖𝑎𝑇𝑟 × 𝑇𝐷𝑈 𝐹𝑙𝑢𝑥 [Eq.40] Legenda: TDU Flux = Tempo Unitário de Processamento [min.kg-1]. A variável Tempo Total de Processamento (TDTotal) [Eq.41], expressa em min.diaTr-1 descreve o tempo necessário de modo a efetuar o desmantelamento de todos os resíduos dos fluxos de tratamento de REEE durante um dia de trabalho. A variável é estabelecida de acordo com a seguinte expressão: 𝑇𝐷𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = ∑ 𝑇𝐷𝐹𝑙𝑢𝑥 [Eq.41] Quantidade de cada Componente Valorizado por Fluxo A variável Quantidade de cada Componente por Fluxo (QComp) [Eq.42], expressa em kg.diaTr-1, define a quantidade mássica de cada componente, por fluxo, dos REEE encaminhados para valorização. Esta variável é gerada a partir da seguinte equação: 𝑄𝐶𝑜𝑚𝑝 = 𝑄𝐹𝑙𝑢𝑥 𝐷𝑖𝑎𝑇𝑟 × 𝑇𝐶𝑜𝑚𝑝 [Eq.42] Legenda: TComp = Taxa de Componentes existente em determinado fluxo operacional [adimensional]. 97 Quantidade de Material Ferroso Valorizado por Fluxo A variável Quantidade de Material Ferroso Valorizado por Fluxo (QMat Ferr Flux) [Eq.43], expressa em kg.diaTr-1, é a variável que quantifica o material ferroso presente em cada fluxo, dos REEE encaminhados para valorização. A variável é definida por: 𝑄𝑀𝑎𝑡 𝐹𝑒𝑟𝑟 𝐹𝑙𝑢𝑥 = 𝑄𝐹𝑙𝑢𝑥 𝐷𝑖𝑎𝑇𝑟 × 𝑇𝑀𝑎𝑡 𝐹𝑒𝑟𝑟 [Eq.43] Legenda: TMat Ferr = Taxa de Material Ferroso incluído em determinado fluxo operacional [adimensional]. Quantidade de cada Material Não Ferroso Valorizado por Fluxo A variável Quantidade de cada Material Não Ferroso Valorizado por Fluxo (QMat N-Ferr) [Eq.44], expressa em kg.diaTr-1, refere-se à massa de cada um dos vários materiais não ferrosos que compõem cada fluxo, dos REEE encaminhados para valorização. A variável é dada por: 𝑄𝑀𝑎𝑡 𝑁𝐹𝑒𝑟𝑟 = 𝑄𝐹𝑙𝑢𝑥 𝐷𝑖𝑎𝑇𝑟 × 𝑇𝑀𝑎𝑡 𝑁𝐹𝑒𝑟𝑟 [Eq.44] Quantidade de Material Não Valorizável por Fluxo A variável Quantidade de Material Não Valorizável por Fluxo (QMat N-Val Flux) [Eq.45], expressa em kg.diaTr-1, quantifica a massa de material não valorizável presente em cada fluxo em cada dia de trabalho. Esta variável deriva também ela de uma taxa que se inclui nos materiais não ferrosos (denominada de taxa de material não valorizável), isto porque fazem parte deste quantitativo mássico os materiais não ferrosos mas que não são valorizados pelo sistema de gestão em estudo. A equação que forma esta variável está presente imediatamente abaixo: 𝑄𝑀𝑎𝑡 𝑁𝑉𝑎𝑙 𝐹𝑙𝑢𝑥 = 𝑄𝐹𝑙𝑢𝑥 𝐷𝑖𝑎𝑇𝑟 × 𝑇𝑀𝑎𝑡 𝑁𝑉𝑎𝑙 [Eq.45] Legenda: TMat N-Val = Taxa de Material Não Valorizável presente num determinado Fluxo [adimensional]. Quantidade Total de Material Não Valorizável A variável Quantidade Total de Material Não Valorizável (QTotal Mat N-Val) [Eq.46], expressa em kg.diaTr-1, descreve o somatório da quantidade mássica de material não valorizável 98 obtida em cada um dos fluxos de tratamento existentes no elemento TRATAMENTO E VALORIZAÇÃO, que serão futuramente remetidos para aterro. A variável é dada por: 𝑄𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑀𝑎𝑡 𝑁𝑉𝑎𝑙 = ∑ 𝑄𝑀𝑎𝑡 𝑁𝑉𝑎𝑙 𝐹𝑙𝑢𝑥 [Eq.46] Consumos de Energia Elétrica A variável Consumo de Energia Elétrica por Fluxo (CEFlux) [Eq.47], expressa em kW.diaTr-1, descreve a energia necessária despendida para cada fluxo operacional dos equipamentos sujeitos à etapa de tratamento e valorização, por cada dia de trabalho. A variável é formada através da expressão matemática: 𝐶𝐸𝐹𝑙𝑢𝑥 = 𝐶𝐸𝑈 𝐹𝑙𝑢𝑥 × 𝑄𝐹𝑙𝑢𝑥 𝐷𝑖𝑎𝑇𝑟 [Eq.47] Legenda: CEU Flux = Consumo Específico de Energia Elétrica [kW.kg-1]. A variável Consumo Total de Energia Elétrica (CETotal) [Eq.48], expressa em kW, é a variável que retrata o gasto energético total durante um dia de trabalho, para o somatório dos fluxos manipulados. A variável é constituída pela seguinte relação matemática: 𝐶𝐸𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = ∑ 𝐶𝐸𝐹𝑙𝑢𝑥 [Eq.48] Número de Colaboradores A variável Número de Colaboradores (Col) [Eq.49], expressa em col, é a variável que define o número de colaboradores existentes num dado elemento do Modelo de Operação. A diferença desta variável reside apenas no facto de só se aplicar no elemento TRATAMENTO E VALORIZAÇÃO, onde é o Modelo de Operação que quantifica a variável a partir de outras variáveis. A equação associada a esta variável é apresentada de seguida: 𝐶𝑜𝑙 = 𝑇𝐷𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐷𝑇𝑢𝑟𝑛 𝑀𝑖𝑛ℎ [Eq.49] 99 2) Variáveis de Cálculo Económico-Financeiras As variáveis de cálculo de carácter económico são definidas como todas as variáveis de cálculo representativas do fator económico presente neste sistema de gestão, decorrentes de variáveis de inserção manual do utilizador. As variáveis de cálculo de carácter económico são as responsáveis pela posterior definição dos indicadores de desempenho económicos e estão representadas na Tabela 24. Tabela 24:Variáveis de Cálculo de Carácter Económico do Modelo Integrado de Operação de REEE. Designação Variável Unidade Custo de Mão-de-Obra Custo do Combustível Consumido CustTotal Col CustCC Circ €.diaTr-1 €.circ-1 Proveitos VVComp VVComp Flux VVTotal Comp VVMat Ferr Flux VVTotal Mat Ferr VVMat N-Ferr VVMat N-Ferr Flux VVTotal Mat N-Ferr Custos do Consumo de Energia Elétrica CustCE Flux CustTotal CE €.diaTr-1 Custos de Eliminação CustElim Flux CustTotal Elim €.diaTr-1 €.diaTr-1 As variáveis de cálculo económico-financeiras presentes na tabela são descritas com mais detalhe de seguida, com as equações que lhes definem. Custo de Mão-de-obra A variável Custo de Mão-de-Obra (CustTotal Col) [Eq.50], expressa por €.diaTr-1, é a variável que descreve o custo associado com colaboradores, de um dado elemento do Modelo de Operação de REEE, durante um dia de trabalho. A variável é dada por: 𝐷𝑇𝑢𝑟𝑛 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐶𝑜𝑙 = (𝐶𝑜𝑙 × 𝐶𝑢𝑠𝑡𝐶𝑜𝑙 ) × ( ) 𝑀𝑖𝑛ℎ [Eq.50] Legenda: CustCol = Custo por Colaborador [€.h-1.col-1]; DTurn = Duração do Turno dos Colaboradores [min.diaTr-1]; Minh = Número de Minutos existentes numa hora [min.h-1]. 100 Custo do Combustível Consumido A variável Custo do Combustível Consumido no Circuito de Recolha (CustCC Circ) [Eq.51], expressa por €.circ-1, define o custo relacionado com o combustível consumido por cada circuito de recolha realizado. Esta variável é composta através da seguinte relação matemática: 𝐶𝑢𝑠𝑡𝐶𝐶 𝐶𝑖𝑟𝑐 = 𝐶𝑢𝑠𝑡𝐶 × 𝐷𝑖𝑠𝑡𝑅𝑒𝑐 [Eq.51] Legenda: CustC = Custo do Combustível por Litro [€.l-1]. Proveitos A variável Proveito de cada Componente (VVComp) [Eq.52], expressa por €.diaTr-1, é a variável que reflete os proveitos da venda de cada componente referente a determinado fluxo operacional, por cada dia de trabalho. A variável VVComp é definida através da seguinte equação: 𝑉𝑉𝐶𝑜𝑚𝑝 = 𝑄𝐶𝑜𝑚𝑝 × 𝑉𝑀𝐶𝑜𝑚𝑝 [Eq.52] Legenda: VMComp = Valor de Mercado de um determinado componente presente num determinado Fluxo [€.kg-1]. A variável Proveito dos Componentes por Fluxo (VVComp Flux) [Eq.53], expressa por €.diaTr-1, refere-se aos proveitos da venda dos componentes inerentes a determinado fluxo operacional, por cada dia de trabalho. Esta variável constrói-se a partir da equação seguinte: 𝑉𝑉𝐶𝑜𝑚𝑝 𝐹𝑙𝑢𝑥 = ∑ 𝑉𝑉𝐶𝑜𝑚𝑝 [Eq.53] A variável Proveito Total dos Componentes (VVTotal Comp) [Eq.54], expressa por €.diaTr1 , é a variável que demonstra os proveitos da venda dos componentes presentes em todos os fluxos operacionalizados pelo utilizador, num dia de trabalho. A variável VVTotal Comp é definida por: 𝑉𝑉𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐶𝑜𝑚𝑝 = ∑ 𝑉𝑉𝐶𝑜𝑚𝑝 𝐹𝑙𝑢𝑥 [Eq.54] 101 A variável Proveito do Material Ferroso por Fluxo (VVMat Fer) [Eq.55] é a variável que indica o proveito da venda do material ferroso contido num dado fluxo operacional, num dia de trabalho. Esta variável é construída a partir da seguinte expressão: 𝑉𝑉𝑀𝑎𝑡 𝐹𝑒𝑟𝑟 𝐹𝑙𝑢𝑥 = 𝑄𝑀𝑎𝑡 𝐹𝑒𝑟𝑟 𝐹𝑙𝑢𝑥 × 𝑉𝑀𝑀𝑎𝑡 𝐹𝑒𝑟𝑟 [Eq.55] Legenda: VMMat Ferr = Valor de Mercado do Material Ferroso presente num determinado Fluxo [€.kg-1]. A variável Proveito Total de Material Ferroso (VVTotal Mat Ferr) [Eq.56], expressa por €.diaTr-1, é a variável que contempla o proveito da venda do material ferroso existente em todos os fluxos de tratamento em análise, num dia de trabalho. A variável é constituída tendo em conta a relação matemática: 𝑉𝑉𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑀𝑎𝑡 𝐹𝑒𝑟𝑟 = ∑ 𝑉𝑉𝑀𝑎𝑡 𝐹𝑒𝑟𝑟 𝐹𝑙𝑢𝑥 [Eq.56] A variável Proveito de cada Material Não Ferroso (VVMat N-Ferr) [Eq.57], expressa por €.diaTr-1, é a variável que dita os proveitos com a venda de cada material não ferroso num determinado fluxo operacional, num dia de trabalho. A variável é dada por: 𝑉𝑉𝑀𝑎𝑡 𝑁𝐹𝑒𝑟𝑟 = 𝑄𝑀𝑎𝑡 𝑁𝐹𝑒𝑟𝑟 × 𝑉𝑀𝑀𝑎𝑡 𝑁𝐹𝑒𝑟𝑟 [Eq.57] Legenda: VMMat N-Ferr = Valor de Mercado de um determinado Material Não Ferroso presente num determinado Fluxo [€.kg-1]. A variável Proveito de Material Não Ferroso por Fluxo (VVMat N-Ferr Flux) [Eq.58], expressa por €.diaTr-1, é a variável referente ao proveito adquirido com a venda do material não ferroso abarcado num certo fluxo operacional. O VVMat N-Ferr Flux advém da seguinte equação: 𝑉𝑉𝑀𝑎𝑡 𝑁𝐹𝑒𝑟𝑟 𝐹𝑙𝑢𝑥 = ∑ 𝑉𝑉𝑀𝑎𝑡 𝑁𝐹𝑒𝑟𝑟 [Eq.58] 102 A variável Proveito Total de Material Não Ferroso (VVTotal Mat N-Ferr) [Eq.59], expressa por €.diaTr-1, é a variável que define o proveito com a venda do material não ferroso dos fluxos de tratamento definidos pelo utilizador. A variável é obtida de acordo com a seguinte equação: 𝑉𝑉𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑀𝑎𝑡 𝑁𝐹𝑒𝑟𝑟 = ∑ 𝑉𝑉𝑀𝑎𝑡 𝑁𝐹𝑒𝑟𝑟 𝐹𝑙𝑢𝑥 [Eq.59] Custo do Consumo de Energia Elétrica A variável Custo do Consumo de Energia Elétrica por Fluxo (CustCE Flux) [Eq.60], expressa por €.diaTr-1, descreve o custo monetário relacionado com o consumo energético, por fluxo operacional e durante um dia de trabalho. O CustCE Flux é definido pela seguinte relação: 𝐶𝑢𝑠𝑡𝐶𝐸 𝐹𝑙𝑢𝑥 = 𝐶𝐸𝐹𝑙𝑢𝑥 × 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑈 𝐸 [Eq.60] Legenda: CustU E = Custo Unitário de Energia Elétrica. A variável Custo Total de Energia Elétrica (CustTotal CE) [Eq.61], expressa por €.diaTr-1, é a variável que indica o custo monetário resultante do gasto total energético, durante um dia de trabalho. A variável é construída a partir da seguinte equação: 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐶𝐸 = ∑ 𝐶𝑢𝑠𝑡𝐶𝐸 𝐹𝑙𝑢𝑥 [Eq.61] Custos de Eliminação A variável Custo de Eliminação por Fluxo (CustElim Flux) [Eq.62], expressa por €.diaTr-1, designa o custo monetário para encaminhar os resíduos ou materiais não valorizáveis provenientes de cada fluxo operacional para aterro. A equação seguinte transcreve esta variável da seguinte forma: 𝐶𝑢𝑠𝑡𝐸𝑙𝑖𝑚 𝐹𝑙𝑢𝑥 = 𝑄𝑀𝑎𝑡 𝑁𝑉𝑎𝑙 × 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑈 𝐸𝑙𝑖𝑚 [Eq.62] 103 Legenda: CustU Elim é o Custo Unitário de Eliminação [€.kg-1]. A variável Custo Total de Eliminação (CustTotal Elim) [Eq.63], expressa por €.diaTr-1, indica o custo monetário com o encaminhamento dos materiais não valorizáveis de todos os fluxos de tratamento definidos pelo utilizador. A variável é estabelecida segundo a equação: 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐸𝑙𝑖𝑚 = ∑ 𝐶𝑢𝑠𝑡𝐸𝑙𝑖𝑚 𝐹𝑙𝑢𝑥 [Eq.63] 3) Variáveis de Cálculo Ambientais As variáveis de cálculo ambientais são consideradas como todas as variáveis de cálculo representativas a nível ambiental. São as variáveis responsáveis pela definição dos indicadores de desempenho ambientais e estão representadas na Tabela 25. Tabela 25:Variáveis de Cálculo de Carácter Ambiental presente no Modelo Integrado de Operação de REEE. Designação Variável Unidade Fator de Conversão de CO2 Emissão de CO2 FC (i) EmCO2 t.circ-1 kgCO2eq.circ-1 As variáveis presentes na Tabela 25 são particularizadas imediatamente a seguir, com uma explicação de cada variável e as equações que lhes dão origem. Fator de Conversão de CO2 A variável Fator de Conversão de CO2 (FC(i)) [Eq.64], expressa por t.circ-1, exprime a quantidade de CO2 consumido de combustível do tipo i, de modo a que, posteriormente, seja um valor que possa ser comparável com valores da mesma natureza. A variável encontra-se repetida no Modelo de Operação, nos elementos RECPLHA, RECOLHA LÂMPADAS, ARMAZENAMENTO e TRATAMENTO E VALORIZAÇÃO, visto que em todos estes elementos são utilizados veículos e por sua vez são gastos combustíveis fósseis. O FC (i) deriva da seguinte equação: 𝐹𝐶𝑖 = 𝐶𝐶𝐶𝑖𝑟𝑐 × 𝐷𝑒𝑛𝑠𝐶 [Eq.64] 104 Legenda: DensC = Densidade de Combustível do tipo de combustível utilizado [t. l -1]. Emissão de CO2 A variável Emissão de CO2 (EmCO2) [Eq.65], expressa por kgCO2.circ-1, é a variável que contempla a quantidade de dióxido de carbono equivalente emitido por cada circuito de recolha efetuado. A EmCO2 é dada pela equação subsequente: 𝐸𝑚𝐶𝑂2 = 𝐹𝐶𝑖 × 𝑃𝐶𝐼𝐶𝑂2 × 𝐹𝑂𝐶 × 𝐹𝐸𝐶𝑂2 [Eq.65] Legenda: PCI (i) = Poder Calorífico Inferior do combustível utilizado [GJ.t-1]; FOC (i) = Fração Oxidável de Carbono do combustível utilizado [adimensional]; FE (i) = Fator de Emissão de CO2 do combustível utilizado [kg CO2.GJ-1]. 3.5.3. Indicadores de Desempenho Os indicadores de desempenho foram criados de modo a permitir uma análise da eficiência de certo sistema, neste caso o sistema de gestão de REEE, tendo em vista o aperfeiçoamento do próprio sistema. Os indicadores de desempenho encontram-se subdivididos em quatro grupos: 1) Indicadores de Desempenho Operacional; 2) Indicadores de Desempenho Económico; 3) Indicadores de Desempenho Ambiental; 4) Indicadores da Operação de Recolha; 5) Indicadores de Produtividade Os indicadores de desempenho adquirem importância extrema para o Modelo, dado que são estes dados que concedem ao utilizador forma de comparação rápida e simples com outros sistemas da mesma natureza ou mesmo com o próprio sistema em diferentes momentos, sendo uma ferramenta ideal de avaliação do estado do sistema. O Modelo de Operação disposto nos vários módulos considera uma série de variáveis articuladas entre si que têm como finalidade obter indicadores de desempenho do sistema de gestão integrada de REEE. Abaixo, serão descritos os indicadores de desempenho presentes no Modelo e as relações matemáticas inerentes à sua elaboração. 105 Neste Modelo de Operação, os indicadores de desempenho estão presentes como último elemento e os valores dos indicadores de desempenho são facultados apenas se todas as informações de contexto estiverem preenchidas pelo utilizador. Nas subalíneas seguintes estão presentes as definições dos diferentes tipos de indicadores de desempenho, bem como são apresentados todos os indicadores. Alguns indicadores bem como algumas equações de indicadores possuem numeração (1,2,3 e 4), que representam elementos do Modelo de Gestão de REEE. O número 1 representa o elemento RECOLHA, o número 2 alude ao elemento RECOLHA LÂMPADAS, o número 3 refere-se ao elemento ARMAZENAMENTO e por último o número 4 prendese com o elemento TRATAMENTO E VALORIZAÇÃO. 1) Indicadores de Desempenho Operacional Os indicadores de desempenho operacional definem os indicadores que entram em conta na operacionalização do sistema, como consumos (eletricidade e combustível), colaboradores ou aparelhos de deposição no circuito de recolha. Os indicadores de desempenho de cariz operacional presente no Modelo serão descritos seguidamente na Tabela 26. Tabela 26: Indicadores de Desempenho Operacional do Modelo Integrado de Operação de REEE. Designação Indicador Unidade Consumo de Combustível Consumo de Energia Elétrica Número de Colaboradores Adequação dos Contentores IndCC IndCE IndCol IndAdeq Cont 1 IndAdeq Cont 2 l.t-1 kW.t-1 col.t-1 adimensional São definidos de seguida, cada um dos Indicadores descritos na Tabela 26, com a sua respetiva equação. Consumo de Combustível O Indicador de Consumo de Combustível (IndCC) [Eq.66], expresso em l.t-1, define, tal como é descrita a variável, o consumo de combustível necessário para que uma tonelada de REEE seja encaminhado para valorização. Este indicador é definido em função da seguinte equação: 𝐼𝑛𝑑𝐶𝐶 = (𝐶𝐶𝐶𝑖𝑟𝑐 × 𝐹𝑟𝑒𝑞𝑅𝑒𝑐 )1,2 + (𝑄𝐶𝐶 𝑀𝑎𝑞 × 𝐷𝑖𝑎𝑇𝑟)3,4 𝑄𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑉𝑎𝑙 × 𝐷𝑖𝑎𝑆𝑒𝑚 𝑘𝑔𝑡 [Eq.66] 106 Legenda: CCCirc = Consumo de Combustível no Circuito [l.circ-1]; FreqRec = Frequência de Recolha [circ.sem-1]; QCC Maq = Combustível Consumido da Maquinaria em cada Dia de Trabalho [l.diaTr1]; DiaTr = Número de Dias de Trabalho [diaTr.sem-1]; QTotal Val = Quantidade Total Valorizada [kg.dia-1]; DiaSem = Número de Dias existentes numa semana [dia.sem-1]; kgt = Número de quilogramas existentes numa tonelada [kg.t-1]. Consumo de Energia Elétrica O Indicador do Consumo de Energia Elétrica (IndCE) [Eq.67], expresso em kW.t-1, exprime o consumo de energia elétrica por tonelada de resíduos encaminhados para valorização do sistema de gestão de REEE. O IndCE é definido tendo em conta a expressão seguinte: 𝐼𝑛𝑑𝐶𝐸 = 𝐶𝐸𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 × 𝐷𝑖𝑎𝑇𝑟 𝑄𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑉𝑎𝑙 × 𝐷𝑖𝑎𝑆𝑒𝑚 𝑘𝑔𝑡 [Eq.67] Legenda: CETotal = Consumo Total de Energia Elétrica [kW.diaTr-1]; DiaTr = Número de Dias de Trabalho [diaTr.sem-1]; QTotal Val = Quantidade Total Valorizada [kg.dia-1]; DiaSem = Número de dias existentes numa semana [dia.sem-1]; kgt = Número de quilogramas existentes numa tonelada [kg.t-1]. Produtividade O Indicador de Produtividade (IndCol) [Eq.68] é o indicador que se refere ao número de colaboradores necessário por cada tonelada de REEE que é encaminhado para valorização. O algarismo 1 representa o elemento RECOLHA, 2 representa o elemento RECOLHA LÂMPADAS, 3 representa o elemento ARMAZENAMENTO e por último 4 representa TRATAMENTO E VALORIZAÇÃO. A variável referida é dada segundo a expressão matemática: 𝐼𝑛𝑑𝐶𝑜𝑙 = (𝐶𝑜𝑙 × 𝑅𝑒𝑐 × 𝐹𝑟𝑒𝑞𝑅𝑒𝑐 )1,2 + (𝐶𝑜𝑙 × 𝐷𝑖𝑎𝑇𝑟)3,4 𝑄𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑉𝑎𝑙 × 𝐷𝑖𝑎𝑆𝑒𝑚 𝑘𝑔𝑡 [Eq.68] Legenda: Col = Número de Colaboradores [col]; Rec = Número de Recolhas [rec]; FreqRec = Frequência de Recolha [circ.sem-1]; DiaTr = Número de Dias de Trabalho por semana [diaTr.sem-1]; QTotal Val = Quantidade Total Valorizada [kg.dia-1]; DiaSem = Número de dias existentes numa semana [dia.sem-1]; kgt = Número de quilogramas existentes numa tonelada [kg.t-1]. 107 Adequação dos Contentores O Indicador Adequação dos Contentores na RECOLHA (IndAdeq Cont 1) [Eq.69], um indicador sem qualquer grandeza física, é o indicador que indica ao utilizador se os equipamentos de deposição instalados no circuito do elemento RECOLHA são os indicados para satisfazer as necessidades dessa área de intervenção. Este indicador é constituído de acordo com a seguinte equação: 𝐼𝑛𝑑𝐴𝑑𝑒𝑞 𝐶𝑜𝑛𝑡 1 = 𝐶𝑜𝑛𝑡𝐷 𝐶𝑜𝑛𝑡𝐶𝑜𝑛𝑣 [Eq.69] Legenda: ContD = Número de Contentores Dimensionados [cont.circ-1]; ContConv = Volume Total Efetivo dos Contentores existentes na Área de Intervenção [cont.circ-1]. Se o valor do IndAdeq Cont é igual a um, estamos perante uma adequação ótima de equipamentos de deposição; Se o valor do IndAdeq Cont é superior a um, estamos perante uma falta de equipamentos de deposição na área de intervenção; Se o valor do IndAdeq Cont é superior a zero e inferior a um, estamos perante um excesso de equipamentos de deposição na área de intervenção. O Indicador Adequação de Contentores na RECOLHA LÂMPADAS (IndAdeq Cont 2) [Eq.70], sem qualquer grandeza física, é o indicador que indica ao utilizador se os equipamentos de deposição instalados no circuito respeitante ao elemento RECOLHA LÂMPADAS são os indicados para satisfazer as necessidades dessa área de intervenção. A variável é constituída de acordo com a seguinte equação: 𝐼𝑛𝑑𝐴𝑑𝑒𝑞 𝐶𝑜𝑛𝑡 2 = 𝐶𝑜𝑛𝑡𝐷 𝐶𝑜𝑛𝑡𝐶𝑜𝑛𝑣 [Eq.70] Legenda: ContD = Número de Contentores Dimensionados [cont.circ-1]; ContConv = Volume Total Efetivo dos Contentores existentes na Área de Intervenção [cont.circ-1]. Se o valor do IndAdeq Cont é igual a um, estamos perante uma adequação ótima de equipamentos de deposição; Se o valor do IndAdeq Cont é superior a um, estamos perante uma falta de equipamentos de deposição na área de intervenção; 108 Se o valor do IndAdeq Cont é superior a zero e inferior a um, estamos perante um excesso de equipamentos de deposição na área de intervenção. 2) Indicadores de Desempenho Económico-Financeiros Os indicadores de desempenho económico-financeiros definem os indicadores de cariz económico envolvidos no sistema, como o Balanço Económico, Indicador de Lucros ou Perdas e o Custo das Operações. Os indicadores de desempenho económicofinanceiros presentes na aplicação informática MGEAS estão definidos na seguinte tabela: Tabela 27:Indicadores de Desempenho Económico presentes no Modelo Integrado de Operação de REEE. Designação Indicador Unidade Balanço Económico Rentabilidade Económica Custo Unitário IndBal Econ IndL/P IndCust U €.ano-1 adimensional €.t-1 São, de seguida, de forma isolada exibidos os indicadores de desempenho económicofinanceiros, com uma pequena descrição e com a respetiva equação de cada indicador. Balanço Económico O Indicador de Balanço Económico (IndBal Econ) [Eq.71], expresso em €.ano-1, indica se o sistema de gestão integrada de REEE decorre com base em lucros ou perdas. A variável define-se a partir da seguinte função: 𝐼𝑛𝑑𝐵𝑎𝑙 𝐸𝑐𝑜𝑛 = 𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎𝑠 − 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠 [Eq.71] Legenda: Receitas = Ganhos obtidos no sistema de gestão [€.ano-1]; Custos = Despesa associada ao sistema de gestão [€.ano-1]. As Receitas [€.ano-1] são definidas segundo a equação: 𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎𝑠 = (𝑉𝑉𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐶𝑜𝑚𝑝 + 𝑉𝑉𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑀𝑎𝑡 𝐹𝑒𝑟𝑟 + 𝑉𝑉𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑀𝑎𝑡 𝑁𝐹𝑒𝑟𝑟 ) × 𝐷𝑖𝑎𝑇𝑟 × 𝑆𝑒𝑚𝐴𝑛𝑜 Legenda: VVTotal Comp = Valor Vendável Total dos Componentes [€.diaTr-1]; VVTotal Mat Ferr = Valor Vendável Total do Material Ferroso [€.diaTr-1]; VVTotal Mat N-Ferr = Valor Total do Material Não Ferroso [€.diaTr1]; DiaTr = Número de dias de trabalho realizados por semana [dias.sem-1]; SemAno = Número de semanas existentes em cada ano [sem.ano-1]. 109 Os Custos [€.ano-1] são definidos com base na expressão: 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠 = (𝐶𝑢𝑠𝑡𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐶𝑜𝑙 × 𝑅𝑒𝑐 × 𝐹𝑟𝑒𝑞𝑅𝑒𝑐 × 𝑆𝑒𝑚𝐴𝑛𝑜 )1,2 + (𝐶𝑢𝑠𝑡𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐶𝑜𝑙 × 𝐷𝑖𝑎𝑇𝑟 × 𝑆𝑒𝑚𝐴𝑛𝑜 )3,4 + (𝐶𝑢𝑠𝑡𝐶𝐶 𝐶𝑖𝑟𝑐 × 𝐹𝑟𝑒𝑞𝑅𝑒𝑐 × 𝑆𝑒𝑚𝐴𝑛𝑜 )1,2 + (𝐶𝑢𝑠𝑡𝐶𝐶 𝑀𝑎𝑞 × 𝐷𝑖𝑎𝑇𝑟 × 𝑆𝑒𝑚𝐴𝑛𝑜 )3,4 + 𝐶𝑢𝑠𝑡𝐴𝑚𝑜𝑟𝑡 1,2,3,4 + 𝐶𝑢𝑠𝑡𝐴𝑑 𝑉𝑖𝑎𝑡 1,2 + 𝐶𝑢𝑠𝑡𝐴𝑑 𝑀𝑎𝑞 3,4 + 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑀𝑎𝑛 𝐼𝑛𝑠𝑡 3,4 + 𝐶𝑢𝑠𝑡𝐴𝑑𝑚 1,2,3,4 + (𝐶𝑢𝑠𝑡𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐶𝐸 × 𝐷𝑖𝑎𝑇𝑟 × 𝑆𝑒𝑚𝐴𝑛𝑜 ) + (𝐶𝑢𝑠𝑡𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐸𝑙𝑖𝑚 × 𝐷𝑖𝑎𝑇𝑟 × 𝑆𝑒𝑚𝐴𝑛𝑜 ) Legenda: CustTotal Col = Custo dos Colaboradores [€.rec-1] para os elementos RECOLHA e RECOLHA LÂMPADAS ou [€.diaTr-1] para os elementos ARMAZENAMENTO e TRATAMENTO E VALORIZAÇÃO; Rec = Número de Recolhas [rec.circ-1], FreqRec = Frequência de Recolha [circ.sem-1]; SemAno = Número de semanas existentes em cada ano [sem.ano-1]; DiaTr = Número de dias de trabalho realizados por semana [diaTr.sem-1]; CustCC Circ = Custo do Combustível Consumido por circuito de recolha [€.circ-1]; CustCC Maq = Custo do Combustível Consumido pela Maquinaria [€.diaTr-1], CustAmort = Custos de Amortização [€.ano-1]; CustAd Viat = Custo Adicional da Viatura de Recolha [€.ano-1]; CustAd Maq = Custo Adicional da Maquinaria [€.ano-1]; CustAdm = Custo Administrativo [€.ano-1]; CustTotalCE = Custo Energético Total [€.diaTr-1]; CustTotal Elim = Custo Total de Eliminação [€.diaTr-1]. De referir que a numeração 1,2,3 e 4 correspondem respetivamente aos elementos RECOLHA, RECOLHA LÂMPADAS, ARMAZENAMENTO e TRATAMENTO E VALORIZAÇÃO. Rentabilidade Económica O Indicador de Rentabilidade Económica (IndL/P) [Eq.72], um indicador adimensional, designa ao utilizador, de forma clara, se o sistema de gestão integrada de REEE decorre com base em lucros ou perdas. A variável define-se de acordo com a seguinte relação matemática: 𝐼𝑛𝑑𝐿/𝑃 = 𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎𝑠 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠 [Eq.72] Se o Indicador de Rentabilidade for maior que um, o sistema de gestão integrada de REEE decorre com lucros Se o Indicador de Rentabilidade for menor que um, o sistema de gestão integrada de REEE decorre com prejuízo. 110 Custo Unitário O Indicador do Custo Unitário (IndCust U) [Eq.73], expresso por €.ano-1, indica ao utilizador o custo do sistema de gestão integrada de REEE por tonelada deste fluxo encaminhado para valorização. O indicador é dado por: 𝐼𝑛𝑑𝐶𝑢𝑠𝑡 𝑈 𝑆𝐺 = 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠 𝑄𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑉𝑎𝑙 × 𝐷𝑖𝑎𝑆𝑒𝑚 × 𝑆𝑒𝑚𝐴𝑛𝑜 𝑘𝑔𝑡 [Eq.73] Legenda: Custos = somatório de todos os custos decorrentes no sistema de gestão [€.ano-1]; QTotal Val = Quantidade Total Valorizada [kg.dia-1]; DiaSem = Número de dias existentes numa semana [dias.sem-1]; SemAno = Número de semanas existentes num ano [sem.ano-1]; kgt = Número de quilogramas existentes numa tonelada [kg.t-1]. Os Custos [€.ano-1] são definidos com base na expressão: 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠 = (𝐶𝑢𝑠𝑡𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐶𝑜𝑙 × 𝑅𝑒𝑐 × 𝐹𝑟𝑒𝑞𝑅𝑒𝑐 × 𝑆𝑒𝑚𝐴𝑛𝑜 )1,2 + (𝐶𝑢𝑠𝑡𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐶𝑜𝑙 × 𝐷𝑖𝑎𝑇𝑟 × 𝑆𝑒𝑚𝐴𝑛𝑜 )3,4 + (𝐶𝑢𝑠𝑡𝐶𝐶 𝐶𝑖𝑟𝑐 × 𝑅𝑒𝑐 × 𝐹𝑟𝑒𝑞𝑅𝑒𝑐 )1,2 + (𝐶𝑢𝑠𝑡𝐶𝐶 𝑀𝑎𝑞 × 𝐷𝑖𝑎𝑇𝑟 × 𝑆𝑒𝑚𝐴𝑛𝑜 )3,4 + 𝐶𝑢𝑠𝑡𝐴𝑚𝑜𝑟𝑡 1,2,3,4 + 𝐶𝑢𝑠𝑡𝐴𝑑 𝑉𝑖𝑎𝑡 1,2 + 𝐶𝑢𝑠𝑡𝐴𝑑 𝑀𝑎𝑞 3,4 + 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑀𝑎𝑛 𝐼𝑛𝑠𝑡 3,4 + 𝐶𝑢𝑠𝑡𝐴𝑑𝑚 1,2,3,4 + (𝐶𝑢𝑠𝑡𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐶𝐸 × 𝐷𝑖𝑎𝑇𝑟 × 𝑆𝑒𝑚𝐴𝑛𝑜 ) + (𝐶𝑢𝑠𝑡𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐸𝑙𝑖𝑚 × 𝐷𝑖𝑎𝑇𝑟 × 𝑆𝑒𝑚𝐴𝑛𝑜 ) Legenda: CustTotal Col = Custo com Colaboradores por recolha efetuada [€.rec-1]; Rec = Número de Recolhas [rec.circ-1]; FreqRec = Frequência de Recolha [circ.sem-1]; SemAno = Número de semanas existentes em cada ano [sem.ano-1], DiaTr = Número de dias de trabalho realizados por semana [dias.sem-1]; CustCC Circ = Custo do Combustível Consumido por circuito de recolha [€.circ-1]; CustCC Maq = Custo do Combustível Consumido pela Maquinaria [€.diaTr-1]; CustAmort = Custos de Amortização [€.ano-1]; CustAd Viat = Custo Adicional da Viatura de Recolha [€.ano-1]; CustAd Maq é o Custo Adicional da Maquinaria [€.ano-1]; CustAdm = Custo Administrativo [€.ano1]; CustTotalCE = Custo Energético Total [€.diaTr-1]; CustTotal Elim = Custo Total de Eliminação [€.diaTr-1]. De referir que a numeração 1,2,3 e 4 correspondem respetivamente aos elementos RECOLHA, RECOLHA LÂMPADAS, ARMAZENAMENTO e TRATAMENTO E VALORIZAÇÃO. 3) Indicadores de Desempenho Ambiental Os indicadores de desempenho ambiental definem a eficiência ambiental existente no sistema de gestão integrada de REEE. Os indicadores de desempenho de caráter 111 ambiental inseridos na aplicação informática MGEAS estão definidos na sequente tabela: Tabela 28:Indicadores de Desempenho Ambiental existentes no Modelo Integrado de Operação de REEE. Designação Indicador Indicador do Potencial de Efeito de Estufa IndGWP Unidade kgCO2.t-1 O indicador apresentado acima na Tabela 28 serão descritos de seguida com a respetiva equação matemática que os define. Potencial de Efeito de Estufa O Indicador do Potencial de Efeito de Estufa (IndGWP) [Eq.74], expresso em kgCO2.t-1, refere-se à quantificação da emissão de dióxido de carbono equivalente no sistema de gestão de REEE por tonelada de REEE valorizado. O indicador é composto através da expressão: 𝐼𝑛𝑑𝐺𝑊𝑃 = (𝐸𝑚𝐶𝑂2 × 𝐹𝑟𝑒𝑞𝑅𝑒𝑐 )1,2 + (𝐸𝑚𝐶𝑂2 × 𝐷𝑖𝑎𝑇𝑟)3,4 𝑄𝑉𝑎𝑙 × 𝐷𝑖𝑎𝑆𝑒𝑚 𝑘𝑔𝑡 [Eq.74] Legenda: EmCO2 = Emissão de CO2 [kgCO2.circ-1]; FreqRec = Frequência de Recolha [circ.sem-1]; DiaTr = Número de dias de trabalho realizados por semana [diaTr.sem -1]; QTotal Val = Quantidade Total Valorizada [kg.dia-1]; DiaSem = Número de dias por semana [dias.sem-1]; kgt = Número de quilogramas existentes numa tonelada [kg.t-1]. 4) Indicadores da Operação de Recolha Os Indicadores da Operação de Recolha retratam o desempenho alusivo à operação de recolha no Modelo. A operação de recolha é retratada através dos elementos RECOLHA e RECOLHA LÂMPADAS, sendo que é sobre variáveis desses elementos que os indicadores vão incidir. Na posterior tabela encontram-se ilustrados os indicadores da operação de recolha presentes no Modelo de Operação de REEE. 112 Tabela 29:Indicadores da Operação de Recolha presentes no Modelo de Operação de REEE. Designação Indicador Unidade Tempo Total do Circuito IndTTotal 1 IndTTotal 2 h.t-1 Tempo Efetivo de Recolha IndTER 1 IndTER 2 h.t-1 Distância Total do Circuito IndDistTotal 1 IndDistTotal 2 km.t-1 Distância Efetiva IndDistEfet1 IndDistEfet 2 km.t-1 Imediatamente a seguir serão descritos os indicadores presentes na Tabela 29, com a referente equação que os caracteriza. Tempos Totais do Circuito O Indicador Tempo Total do Circuito na RECOLHA (IndTTotal 1) [Eq.75], expresso em h.t1 , determina o Tempo Total (incluindo tempos de recolha e tempos de não recolha), no elemento RECOLHA, necessário de modo a recolher uma tonelada de resíduos encaminhados para valorização no elemento RECOLHA. O indicador é assente segundo a igualdade matemática: 𝑇𝐷 1 ( 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐶𝑖𝑟𝑐 ) × 𝐹𝑟𝑒𝑞𝑅𝑒𝑐 1 𝑀𝑖𝑛ℎ 𝐼𝑛𝑑𝑇𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 1 = 𝑄 1 × 𝐷𝑖𝑎𝑆𝑒𝑚 ( 𝑉𝑎𝑙 ) 𝑘𝑔𝑡 [Eq.75] Legenda: TDTotal Circ 1 = Tempo Total Despendido por Circuito no elemento RECOLHA [min.circ-1]; Minh = Número de minutos existentes numa hora [min.h-1]; FreqRec 1 = Frequência de Recolha no elemento RECOLHA [circ.rec-1]; QVal 1 = Quantidade Valorizada dos REEE pertencentes à RECOLHA [kg.dia-1]; DiaSem = Número de dias por semana [dia.sem-1]; kgt = Número de quilogramas existentes numa tonelada [kg.t-1]. O Indicador Tempo Total do Circuito na RECOLHA LÂMPADAS (IndTTotal 2) [Eq.76], expresso em h.t-1, determina o Tempo Total (incluindo tempos de recolha e tempos de não recolha), no elemento RECOLHA LÂMPADAS, necessário de modo a recolher uma tonelada de resíduos encaminhados para valorização na RECOLHA LÂMPADAS. O indicador é obtido tendo por base a subsequente equação: 113 𝐼𝑛𝑑𝑇𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 2 = 𝑇𝐷 𝐶𝑖𝑟𝑐 2 ( 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 ) × 𝐹𝑟𝑒𝑞𝑅𝑒𝑐 2 𝑀𝑖𝑛 ℎ 𝑄 2 × 𝐷𝑖𝑎𝑆𝑒𝑚 ( 𝑉𝑎𝑙 ) 𝑘𝑔𝑡 [Eq.76] Legenda: TDTotal Circ 2 = Tempo Total Despendido por Circuito da RECOLHA LÂMPADAS [min.circ-1]; Minh = Número de minutos existentes numa hora [min.h-1]; FreqRec 2 =Frequência de Recolha no elemento RECOLHA LÂMPADAS [circ.rec-1]; QVal 2 é a Quantidade Valorizada dos REEE pertencentes à RECOLHA LÂMPADAS [kg.dia-1]; DiaSem = Número de dias por semana [dia.sem1]; kgt = Número de quilogramas existentes numa tonelada [kg.t-1]. Tempos Efetivos de Recolha O Indicador Tempo Efetivo de Recolha na RECOLHA (IndTER 1) [Eq.77], expresso em h.t-1, quantifica o Tempo Efetivo de Recolha despendido no elemento RECOLHA para que seja recolhido uma tonelada de resíduos encaminhados para valorização. O indicador define-se segundo a expressão matemática: 𝑇𝐸𝑅 1 ( × 𝐹𝑟𝑒𝑞𝑅𝑒𝑐 1) 𝑀𝑖𝑛ℎ 𝐼𝑛𝑑𝑇𝑒𝑟 1 = 𝑄 1 × 𝐷𝑖𝑎𝑆𝑒𝑚 ( 𝑉𝑎𝑙 ) 𝑘𝑔𝑡 [Eq.77] Legenda: TER 1 = Tempo Efetivo de Recolha no elemento RECOLHA [min.circ-1]; Minh = Número de minutos existentes numa hora [min.h-1]; FreqRec 1= Frequência de Recolha no elemento RECOLHA [circ.sem-1], QVal 1= Quantidade Valorizada dos REEE pertencentes à RECOLHA [kg.dia-1]; DiaSem= Número de dias por semana [dia.sem-1]; kgt = Número de quilogramas numa tonelada [kg.t-1]. O Indicador Tempo Efetivo de Recolha na RECOLHA LÂMPADAS (IndTER 2) [Eq.78], expresso em h.t-1, quantifica o Tempo Efetivo de Recolha despendido no elemento RECOLHA LÂMPADAS para que seja recolhido uma tonelada de resíduos encaminhados para valorização. O indicador define-se segundo a expressão matemática: 𝑇𝐸𝑅 2 ( 𝑀𝑖𝑛 × 𝐹𝑟𝑒𝑞𝑅𝑒𝑐 2) ℎ 𝐼𝑛𝑑𝑇𝑒𝑟 2 = 𝑄𝑉𝑎𝑙 2 × 𝐷𝑖𝑎𝑆𝑒𝑚 ( ) 𝑘𝑔𝑡 [Eq.78] 114 Legenda: TER 2 = Tempo Efetivo de Recolha no elemento RECOLHA LÂMPADAS [min.circ-1]; Minh = Número de minutos existentes numa hora [min.h-1]; FreqRec 2 = Frequência de Recolha no elemento RECOLHA LÂMPADAS [circ.sem-1]; QVal 2 = Quantidade Valorizada dos REEE pertencentes à RECOLHA LÂMPADAS [circ.sem-1]; DiaSem = Número de dias por semana [dia.sem-1]; kgt = Número de quilogramas numa tonelada [kg.t-1]. Distância Total O Indicador Distância Total na RECOLHA (IndDist Total 1) [Eq.79], expresso em km.t-1, quantifica a distância percorrida no elemento RECOLHA para que seja recolhido uma tonelada de resíduos encaminhados para valorização. O indicador é formado através da igualdade matemática: 𝐼𝑛𝑑𝐷𝑖𝑠𝑡 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 1 = 𝐷𝑖𝑠𝑡𝐶𝑖𝑟𝑐 1 × 𝐹𝑟𝑒𝑞𝑅𝑒𝑐 1 𝑄 1 × 𝐷𝑖𝑎𝑆𝑒𝑚 ( 𝑉𝑎𝑙 ) 𝑘𝑔𝑡 [Eq.79] Legenda: DistCirc 1 = Distância percorrida no Circuito na RECOLHA [km.circ-1]; FreqRec 1 = Frequência de Recolha no elemento RECOLHA [circ.sem-1]; QVal 1 = Quantidade Valorizada dos REEE pertencentes à RECOLHA [kg.dia-1]; DiaSem = Número de dias por semana [dia.sem-1]; kgt = Número de quilogramas numa tonelada [kg.t-1]. O Indicador Distância Total na RECOLHA LÂMPADAS (IndDist Total 2) [Eq.80], expresso em km.t-1, quantifica a distância percorrida no elemento RECOLHA LÂMPADAS para que seja recolhido uma tonelada de resíduos encaminhados para valorização. O indicador é formado através da igualdade matemática: 𝐼𝑛𝑑𝐷𝑖𝑠𝑡 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 2 = 𝐷𝑖𝑠𝑡𝐶𝑖𝑟𝑐 2 × 𝐹𝑟𝑒𝑞𝑅𝑒𝑐 2 𝑄 2 × 𝐷𝑖𝑎𝑆𝑒𝑚 ( 𝑉𝑎𝑙 ) 𝑘𝑔𝑡 [Eq.80] Legenda: DistCirc 2 = Distância percorrida no Circuito no elemento RECOLHA LÂMPADAS [km.circ-1]; FreqRec 2 = Frequência de Recolha no elemento RECOLHA LÂMPADAS [circ.sem-1]; QVal 2 = Quantidade Valorizada dos REEE pertencentes à RECOLHA LÂMPADAS [kg.dia-1]; DiaSem = Número de dias existentes em cada semana [dia.sem-1)]; kgt = Número de quilogramas numa tonelada [kg.t-1]. 115 Distância Efetiva O Indicador Distância Efetiva na RECOLHA (IndDist Efet 1) [Eq.81], expresso em km.t-1, quantifica a distância de recolha percorrida necessária no elemento RECOLHA, de modo a recolher uma tonelada de resíduos encaminhados para valorização. O indicador constitui-se conforme a expressão: 𝑇𝑅𝐶𝑖𝑟𝑐 1 𝑉𝑒𝑙𝑅𝑒𝑐 1 × ( 𝑀𝑖𝑛 ) × 𝐹𝑟𝑒𝑞𝑅𝑒𝑐 1 ℎ 𝐼𝑛𝑑𝐷𝑖𝑠𝑡 𝐸𝑓𝑒𝑡 1 = 𝑄 1 × 𝐷𝑖𝑎𝑆𝑒𝑚 ( 𝑉𝑎𝑙 ) 𝑘𝑔𝑡 [Eq.81] Legenda: VelRec 1 = Velocidade de Recolha no elemento RECOLHA [km.h-1]; TRCirc 1 = Tempo de Recolha do Circuito de Recolha no elemento RECOLHA [min.circ-1]; Minh = Número de minutos existentes numa hora [min.h-1]; FreqRec 1 = Frequência de Recolha no elemento RECOLHA [circ.sem-1]; QVal 1 = Quantidade Valorizada dos REEE pertencentes à RECOLHA [kg.dia-1]; DiaSem = Número de dias existentes numa semana [dia.sem-1]; kgt = Número de quilogramas numa tonelada [kg.t1]. 5) Indicadores de Produtividade Os Indicadores de Produtividade são os indicadores que medem a produtividade dos colaboradores em determinadas fases inerentes ao sistema de gestão de REEE. A Tabela 30 exibe os indicadores de produtividade presentes no Modelo de Operação de REEE. Tabela 30:Indicadores de Produtividade do Modelo Integrado de Operação de REEE. Designação Indicador Unidade Produtividade na RECOLHA Produtividade na RECOLHA LÂMPADAS Produtividade no TRATAMENTO E VALORIZAÇÃO IndPr 1 IndPr 2 IndPr 4 t.col-1.circ-1 t.col-1.circ-1 t.col-1.diaTr-1 Os indicadores presentes na tabela anterior serão apresentados de forma detalhada com a respetiva equação a seguir. Produtividade na RECOLHA O Indicador de Produtividade na RECOLHA (IndPr 1) [Eq.82], expresso em t.col.circ-1, é o indicador que quantifica o desempenho dos colaboradores no elemento RECOLHA. O IndPr 1 é dado por: 116 𝑄𝑅𝑒𝑐 1 × 𝐷𝑖𝑎𝑆𝑒𝑚 ) 𝑘𝑔𝑡 𝐼𝑛𝑑𝑃𝑟 1 = 𝐶𝑜𝑙 1 ( [Eq.82] Legenda: QRec 1 = Quantidade a Recolher no elemento RECOLHA [kg.dia-1]; DiaSem = Número de dias por semana [dia.sem-1]; kgt = Número de quilogramas existentes numa tonelada [kg.t-1]; Col 1 = Número de colaboradores no elemento RECOLHA [col]. Produtividade na RECOLHA LÂMPADAS O Indicador de Produtividade na RECOLHA LÂMPADAS (IndPr 2) [Eq.83], expresso em t.col.circ-1, é o indicador que quantifica o desempenho dos colaboradores no elemento RECOLHA LÂMPADAS (col). O IndPr 2 é dado por: 𝑄𝑅𝑒𝑐 2 × 𝐷𝑖𝑎𝑆𝑒𝑚 ) 𝑘𝑔𝑡 𝐼𝑛𝑑𝑃𝑟 2 = 𝐶𝑜𝑙 2 ( [Eq.83] Legenda: QRec 2 = Quantidade a Recolher no elemento RECOLHA LÂMPADAS [kg.dia-1]; DiaSem = Número de dias por semana [dia.sem-1]; kgt = Número de quilogramas existentes numa tonelada [kg.t-1]; Col 2 = Número de Colaboradores no elemento RECOLHA LÂMPADAS [col]. Produtividade no TRATAMENTO E VALORIZAÇÃO O Indicador de Produtividade no TRATAMENTO E VALORIZAÇÃO (IndPr 4) [Eq.84], expresso em t.col.diaTr-1, é o indicador que quantifica o desempenho dos colaboradores no elemento TRATAMENTO E VALORIZAÇÃO. O IndPr 4 é dado por: 𝑄𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐹𝑙𝑢𝑥 𝐷𝑖𝑎𝑇𝑟 ) 𝑘𝑔𝑡 𝐼𝑛𝑑𝑃𝑟 4 = 𝐶𝑜𝑙 4 ( [Eq.84] Legenda: QTotal Flux DiaTr = Quantidade Total Processada [kg.diaTr-1]; kgt = Número de quilogramas existentes numa tonelada [kg.t-1]; Col 4 = Número de colaboradores no elemento TRATAMENTO E VALORIZAÇÃO [col]. 117 118 4. Aplicação Informática do Modelo de Gestão de REEE Este é o capítulo na qual se aborda sobre como o Modelo Integrado de Operação de REEE é agilizado. Estão incluídos neste capítulo, os subcapítulos descrição da aplicação informática, os requisitos do sistema bem como as potencialidades da aplicação. A aplicação suporta o Modelo Integrado de Operação, sendo esta criada a partir do Excel® tendo sido agilizado todo o pensamento desenvolvido no Modelo. 4.1. Descrição O Modelo de Operação de REEE é agilizado recorrendo a uma aplicação informática denominada de MGEAS-R3E (Figura 25). Figura 25: Aplicação Informática MGEAS-R3E A aplicação informática MGEAS-R3E é constituída por três grandes grupos: entrada de informação, processamento de informação e saída da mesma. O primeiro grupo referese à entrada (input) de dados no sistema informático que o utilizador insere de acordo com a realidade desejada e/ou encontrada. O segundo grupo diz respeito ao processamento da informação inserida pelo utilizador e que poderá posteriormente resultar noutras informações, que têm como fim a criação de informação de saída (output), informação esta que geralmente se traduz em informação essencial ao utilizador. A aplicação informática deve possuir também dispositivos de armazenamento de dados (memória). 119 A aplicação informática MGEAS-R3E é suportada tendo como base o Excel®, ou seja, um software de folhas de cálculo. As folhas de cálculo são formadas por linhas, colunas e células. As células são o componente mais elementar da folha de cálculo e tanto valores como fórmulas matemáticas podem ser inseridas neste elemento. As linhas são construídas por um segmento de células dispostas na horizontal, sendo que as colunas são obtidas por todas as células dispostas na vertical. 4.2. Requisitos Os requisitos mínimos fundamentais para a utilização da app MGEAS-R3E são os seguintes: PC Microsoft Excel® 4.3. Arranque O acesso ao MGEAS-R3E é extremamente simples, efetuando-se abrindo o ficheiro MGEAS-R3E, tal qual como se abre um outro qualquer ficheiro do mesmo suporte. Ao abrir o ficheiro MGEAS-R3E é possível verificar que este é composto por sete folhas de cálculo, que compõe cada um dos elementos retratados no capítulo anterior referente ao Modelo Integrado de Operação (Figura 26). As folhas de cálculo presentes no MGEAS-R3E são respetivamente: Recursos, Recolha, Recolha Lâmpadas, Armazenamento, Tratamento e Valorização e por fim Indicadores de Desempenho. As designações das folhas de cálculo são as mesmas das designações dos elementos no Modelo Integrado de Operação, tal qual como o que está contido em cada uma das folhas de cálculo. As folhas ou separadores abarcam todo o sistema implícito no Modelo de Operação de REEE iniciado na produção de resíduos e terminando no tratamento e valorização dos mesmos. Figura 26:Folhas de Cálculo do MGEAS-R3E. As variáveis que integram o MGEAS-R3E são descritas através do seu acrónimo inserido numa célula e numa célula à direita ou imediatamente abaixo está presente o 120 valor e por fim imediatamente à direita do valor está representada a grandeza física da variável (Figura 27). Figura 27:Apresentação das Variáveis na aplicação informática MGEAS-R3E. O valor da variável no MGEAS-R3E é representado por duas cores distintas. A cor vermelha no valor da variável indica ao utilizador que a variável necessita de ser quantificada pelo utilizador e portanto trata-se de uma variável de inserção manual ou seja, uma variável de input. Pelo contrário, se o valor da variável apresentar coloração preta indica ao utilizador que esta é uma variável de cálculo e portanto uma variável de processamento, que deriva de outras variáveis, sejam elas de input ou de outras variáveis de processamento (Figura 28). Figura 28: Dados de Base e Variáveis de Cálculo na aplicação informática MGEAS-R3E. Existem variáveis em que as células se encontram com preenchimento de cor vermelha, o que quer dizer que são variáveis de backoffice, ou seja, variáveis que apenas têm como finalidade agilizar a dinâmica das variáveis (Figura 29). Figura 29:Variáveis de BackOffice da aplicação informática MGEAS-R3E. Outras variáveis (nomeadamente o preenchimento da célula representativa do valor da variável) possuem coloração verde, amarela ou laranja. Esta paleta de cores existe em dois indicadores económico-financeiros representando o estado de desempenho destes indicadores. A cor verde representa que os valores dos indicadores traduzem resultados favoráveis, a cor amarela explícita que os valores dos indicadores indicam resultados nem favoráveis nem desfavoráveis e por último a cor laranja expressas que os valores dos indicadores exprimem resultados desfavoráveis (Figura 30). 121 Figura 30: Variáveis de Formatação Condicional presentes na aplicação informática MGEAS-R3E. 4.4. Potencialidades O MGEAS-R3E potencia ao utilizador a possibilidade de comparação de diferentes sistemas de gestão de REEE, bem como a comparação do mesmo sistema de gestão deste fluxo em diferentes períodos temporais. Esta funcionalidade é bastante importante na medida em que se podem otimizar sistemas de gestão de REEE, a nível económico, a nível operacional ou a nível ambiental. Desta forma, as entidades e instituições podem beneficiar com esta aplicação pois será uma ferramenta que depois de implementada permite um controlo financeiro e ambiental e em última análise até pode permitir uma redução nas despesas deste sistema, potenciando os lucros das entidades e instituições. Em última análise esta ferramenta poderá ser apelidada de uma ferramenta “anticrise”, combatendo assim por uma agilização mais eficaz a nível económico do sistema de gestão de REEE. Por outro lado, esta aplicação pode também agilizar o desempenho ambiental do sistema de gestão de REEE, permitindo às entidades e instituições envolvidas que possuam uma eficácia ambiental melhorada, trazendo consigo vantagens competitivas neste tipo de mercado. Esta ferramenta possui também a vantagem de ser bastante flexível, podendo adequarse a várias realidades, sendo que poderá adaptar-se a todo o sistema de gestão de REEE bem como a uma parte do sistema, permitindo o uso da ferramenta para diversos fins, bem como é exequível a todos os intervenientes dos sistemas de gestão de REEE. Uma outra vantagem desta aplicação informática é a sua fisionomia, sendo que se trata de uma aplicação acessível a todos os utilizadores. A acessibilidade do uso da aplicação advém do uso de linguagem pouco complexa e percetível a todos os utilizadores que trabalham no meio de atuação. Simultaneamente, esta ferramenta informática possui uma dinâmica bastante clara permitindo uma fácil compreensão por parte do utilizador. Assim, esta ferramenta não necessita que o utilizador detenha uma precedente aprendizagem do manuseio da mesma, não trazendo à entidade ou instituição qualquer custo de formação dos colaboradores. Mais uma característica vantajosa desta ferramenta é a fácil transposição dos dados obtidos para outros tipos de software permitindo, por exemplo, um tratamento estatístico ou uma apresentação mais refinada dessa mesma informação. 122 5. Considerações Finais 5.1. Síntese Conclusiva O projeto referido nesta dissertação vem de encontro à lógica de ferramentas simples e de custo módico de modo a fazer face à crise económica instalada. Para isso, é necessário que as empresas adotem metodologias de trabalho eficientes, de modo a que possam rentabilizar os seus recursos, como por exemplo a nível de produtividade dos colaboradores, das infraestruturas, dos veículos ou da eficiência dos processos inerentes ao sistema de gestão. Já existem no mercado muitas metodologias que têm como finalidade aumentar a eficiência das empresas, como é o caso da otimização de circuitos de recolha (como por exemplo ouso de sistemas de informação geográfica (SIG)) ou na aplicação de sistemas para medição da ocupação dos equipamentos de deposição. Adotando esta lógica de pensamento, foi criado o MGEAS-R3E, que poderá ser uma mais-valia no poder decisório das empresas que se inserem, neste caso próprio, no sistema de gestão de REEE. As empresas que gerem a recolha, o armazenamento e tratamento têm à disposição uma ferramenta, disposta numa aplicação informática que permite a gestão eficiente do sistema. A ferramenta é capaz, de acordo com as especificidades da zona (número de produtores inseridos na área de estudo bem como a capitação subjacente) de quantificar um número avultado de características relacionadas com este sistema de gestão, como por exemplo consumos de combustível, consumos de energia elétrica, produtividade dos colaboradores, custos unitários do sistema, potencial de efeito de estufa ou tempos e distâncias de recolha. Com uma ferramenta como esta, as empresas deste setor têm à sua disposição uma forma simples e prática de comparação de certos valores, ditos indicadores de desempenho, entre empresas do mesmo ramo de atividade, bem como comparar estes indicadores a nível temporal de modo a quantificar a sua eficiência ao longo do tempo. 5.2. Recomendações e Principais Limitações O MGEAS-R3E é, de facto, uma ferramenta de gestão do sistema integrado de resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos. Para utilizar esta ferramenta, o mais indicado seria nomear um elemento ou equipa de trabalho, com conhecimentos prévios do sistema de gestão, bem como das variáveis expostas no MGEAS R3E. Para isso é necessário que esta equipa de trabalho tenha 123 presente um guia de utilizador do software informático pois aí estarão explicitas todas as variáveis do software com uma breve descrição das mesmas e qual a sua importância. Esta ferramenta de gestão não é, decerto, uma aplicação completa e portanto, serve de base para a definição de uma aplicação destas características para cada situação concreta. Esta aplicação, como a maior parte delas, se for considerada como uma ferramenta essencial para o mercado dos resíduos, irá com certeza sofrer várias alterações de modo a ir de encontro às necessidades concretas do mercado. As alterações impostas no MGEAS-R3E terão de ser seriamente pensadas de modo a que, se aperfeiçoe o Modelo sem que se aumente a complexidade do mesmo. Uma limitação do MGEAS-R3E foi a não aplicação a um caso real de um sistema de gestão integrado de REEE, tornando a aplicação num exemplo de um Modelo teórico de uma ferramenta de gestão. 5.3. Desenvolvimentos Futuros O objetivo primordial seria que esta aplicação informática pudesse ter saída para o mercado, significando que este Modelo seria reconhecido como uma ferramenta essencial para o mercado de resíduos. Para isso, em primeira instância, é necessário testar o Modelo com a realidade, ou seja, utilizar dados reais de modo a conferir dados e testar as variáveis da aplicação informática. Como processos evolutivos normais das aplicações informáticas será premente o desenvolvimento da aplicação, em termos de design e estrutura, tendo como fim uma aplicação muito mais atrativa e dinâmica. E como as necessidades do mercado não são estáticas, é perentório uma constante flexibilização da ferramenta de gestão, de modo a que continue a ser uma ferramenta atrativa e útil ao setor de resíduos, neste caso a este fluxo específico que são os REEE. Para isso, seriam lançadas novas atualizações de modo a que este, opere de forma mais dinâmica e funcional para o utilizador e que o utilizador do MGEAS-R3E possa permanecer com os resultados obtidos e que possa processar esses mesmos resultados posteriormente, caso deseje, noutro tipo de softwares. Simultaneamente iria ser criado um manual de utilizador da aplicação, para que o utilizador opere com a ferramenta com total convicção e clareza. Além disso, se esta ferramenta de gestão for útil ao setor de REEE, uma hipótese seria criar várias ferramentas de gestão, tendo em conta os mesmos princípios do MGEASR3E, de forma a suprir as necessidades dos restantes setores dos diferentes fluxos de 124 resíduos, colaborando assim para a gestão económica, operacional e ambiental de todos os setores dos resíduos. 125 126 Bibliografia Abrantes, R.J.D., 2009. Reciclagem de Placas de Circuito Impresso: Optimização da Operação de Processamento Físico (Tese de Mestrado). Instituto Superior Técnico, Lisboa. Abu Bakar, M.S., Rahimifard,S., 2008. An Integrated Framework for Planning of Recycling Activities in Electrical and Electronic Sector. International Journal of Computer Integrated Manufacturing 21 (6), 617-630. Achillas, C., Vlachokostas, C., Moussiopoulos, N., Banias, G., 2010. Decision support system for the optimal location of electrical and electronic waste treatment plants: A case study in Greece. Waste Management 30, 870-879. 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Este princípio, descrito no artigo nº5 do Decreto-Lei nº178/2006, atribui “a responsabilidade da gestão do resíduo ao produtor. No caso de não ser definido o produtor, o responsável por este princípio é o detentor. Quando os resíduos provêm do exterior, são da responsabilidade de quem os introduziu no território nacional. A responsabilidade das entidades referidas extingue-se quando os resíduos são transmitidos a um operador licenciado ou pela transferência para as entidades de fluxos específicos de resíduos”. O princípio, presente no Decreto-Lei nº178/2006, artigo nº4, refere que “as operações de gestão de resíduos devem decorrer preferencialmente em território nacional, reduzindo ao mínimo possível os movimentos transfronteiriços de resíduos. Deste modo, a ANR pode interditar a movimentação de resíduos destinada a eliminação noutro Estado, pertencente ou não ao espaço Comunitário, com fundamento na existência em território nacional de instalações de gestão adequadas para o efeito”. O princípio da Autossuficiência, contemplado no Decreto-Lei nº178/2006, artigo nº10, referencia que “o regime económico e financeiro das atividades de gestão de resíduos visa a compensação tendencial dos custos sociais e ambientais que o produtor gera à comunidade ou dos benefícios que a comunidade lhe faculta”. 141 Anexo II – Descrição dos Fluxos Específicos de Resíduos Embalagens São consideradas embalagens, de acordo com o Decreto-Lei nº92/2006, “todos e quaisquer produtos feitos de materiais de qualquer natureza utilizados para conter, proteger, movimentar, manusear, entregar e apresentar mercadorias, tanto matérias-primas como produtos transformados, desde o produtor ao utilizador ou consumidor, incluindo todos os artigos descartáveis utilizados para os mesmos fins”. A legislação referida exige a todos intervenientes do ciclo de vida das embalagens que adotem as práticas de ecodesign e do consumo sustentável mais adequadas face às disposições legais e às normas técnicas em vigor, tendo em vista o correto funcionamento dos sistemas de gestão criados. Adicionalmente, o Decreto-Lei, impõe aos embaladores e/ou outros responsáveis pela colocação de embalagens no mercado nacional, bem como os produtores de embalagens, que devem assegurar o preenchimento dos requisitos legais de fabrico e composição das embalagens adotada. Segundo Teixeira (2004), a legislação estabelece que os embaladores e/ou importadores devem optar por um de dois sistemas de gestão para as suas embalagens, o sistema de consignação (para embalagens reutilizáveis e não reutilizáveis) ou o sistema integrado (somente para embalagens não reutilizáveis), de modo a cumprir com as metas de valorização e reciclagem dos resíduos de embalagens. A gestão integrada dos resíduos não reutilizáveis de embalagens é assegurado por três entidades gestoras: a Sociedade Ponto Verde, que assegura a organização e gestão da retoma e valorização dos resíduos de embalagens, através do SIGRE (Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens); a Valormed, que gere os resíduos de embalagens medicamentosas através do SIGREM (Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens e Medicamentos) e para finalizar a Valorfito, que gere as embalagens de produtos fitofarmacêuticos, através da SIGERU (Sistema Integrado de Gestão de Embalagens e Resíduos em Agricultura). Pneus Usados Os pneus usados, conforme o Decreto-Lei nº 111/2001 de 6 de Abril, são os “pneus utilizados em veículos motorizados, aeronaves, reboques, velocípedes e outros equipamentos, motorizados ou não motorizados que os contenham, mas que o respetivo detentor se desfaça ou tenha intenção ou a obrigação de se desfazer e que constituam resíduos”. Na sequência deste decreto, os produtores de pneus conjuntamente com os industriais dos setores de recauchutagem de pneus e de borracha e formaram a Valorpneu, com o objetivo de organizar e gerir o sistema de recolha e destino final de pneus usados. 142 Pilhas e Acumuladores Usados As pilhas e acumuladores, em concordância com o Decreto-Lei nº6/2009 de 6 de Janeiro, são descritas como “quaisquer fontes de energia elétrica obtida por transformação direta de energia química, constituída por uma ou mais células primárias não recarregáveis ou por um ou mais elementos secundários recarregáveis”. A entidade gestora de pilhas e acumuladores é a Ecopilhas, constituída pelos principais produtores de pilhas e acumuladores que operam no mercado português. A Ecopilhas tem como objetivos a gestão do SIPAU (Sistema Integrado de Pilhas e Acumuladores Usados), assegurando o funcionamento deste sistema integrado, na gestão de operações que asseguram a recolha seletiva, armazenagem temporária, triagem e reciclagem de pilhas e acumuladores recolhidos em território nacional. Veículos em Fim de Vida Os veículos em fim de vida, de acordo com o Decreto-Lei nº64/2008 de 23 de Agosto, referemse aos “veículos que constituem um resíduo”. A Valorcar é a entidade gestora dos fluxos de veículos em fim de vida. Esta entidade propõe-se ao cumprimento das taxas de recolha deste tipo de resíduos fixadas nas suas licenças, bem como ao cumprimento das taxas de reutilização, reciclagem e valorização referidas na legislação. Para isso, a entidade em causa compromete-se na organização de uma rede nacional de recolha seletiva e de tratamento (rede Valorcar) e ao seu controlo e monitorização, promover a investigação e o desenvolvimento deste setor, bem como de sensibilizar e dinamizar a informação pública dos procedimentos a adotar na gestão dos veículos em fim de vida. Óleos Minerais Usados Os óleos minerais usados, descritos no Decreto-Lei nº153/2003 de 11 de Julho, são os “óleos industriais lubrificantes de base mineral, os óleos de motores de combustão e dos sistemas de transmissão, e os óleos minerais para máquinas, turbinas e sistemas hidráulicos e outros óleos que, pelas suas características, lhes possam ser equiparados, tornados impróprios para o uso que estavam inicialmente destinados”. A Sogilub, é portanto, a sociedade responsável a nível nacional, pela gestão da rede de recolha, transporte, armazenamento e valorização de óleos lubrificantes usados. Apenas é possível comercializar os óleos novos desta natureza cujos produtores tenham submetido a gestão de óleos usados aos sistemas integrado ou individual (Teixeira, 2004). Óleos Alimentares Usados São óleos alimentares usados, em consonância com o Decreto-Lei nº267/2009, os “óleos ou misturas de dois ou mais óleos destinados à alimentação humana e que constituem um resíduo”. 143 Segundo Teixeira (2004), a participação na recolha seletiva de OAU para posterior encaminhamento para valorização é voluntária e aberta a todos os intervenientes interessados, na condição de produtores/distribuidores de óleos novos e de produtores recolhedores/armazenistas/valorizadores de óleos usados. O principal objetivo da gestão de OAU prende-se com a sua reciclagem, concretamente na produção de biocombustível. Resíduos de Construção e Demolição Os RCD, referidos no Decreto-Lei nº178/2006 de 5 de Setembro, descrevem estes resíduos como os “resíduos resultantes de obras de construção, reconstrução, ampliação, alteração, conservação e demolição e da derrocada de edificações”. A gestão dos RCD está descrita no Decreto-Lei nº 46/2008 de 12 de Março, ao nível da prevenção e reutilização, bem como das operações de recolha, transporte, armazenamento, triagem, tratamento, valorização e eliminação. 144 Anexo III – Capítulos 16 e 20 da Lista Europeia de Resíduos (publicada na Portaria nº209/2004 de 3 de Março), que classificam os equipamentos elétricos e eletrónicos. Capítulos da Lista: 16 – Resíduos não especificados em outros capítulos desta lista. 16 01 – Veículos em fim de vida de diferentes meios de transporte (incluindo máquinas todo o terreno) e resíduos do desmantelamento de veículos em fim de vida e da manutenção de veículos (exceto 13, 14, 16 06 e 16 08): 16 01 03 – Pneus usados. 16 01 04 (*) – Veículos em fim de vida. 16 01 06 – Veículos em fim de vida esvaziados de líquidos e outros componentes perigosos. 16 01 07 (*) – Filtros de óleo. 16 01 08 (*) – Componentes contendo mercúrio. 16 01 09 (*) – Componentes contendo PCB. 16 01 10 (*) – Componentes explosivos [por exemplo,almofadas de ar(air bags)]. 16 01 11 (*) – Pastilhas de travões contendo amianto. 16 01 12 – Pastilhas de travões não abrangidas em 16 01 11. 16 01 13 (*) – Fluidos de travões. 16 01 14 (*) – Fluidos anticongelantes contendo substâncias perigosas. 16 01 15 – Fluidos anticongelantes não abrangidos em 16 01 14. 16 01 16 – Depósitos para gás liquefeito. 16 01 17 – Metais ferrosos. 16 01 18 – Metais não ferrosos. 16 01 19 – Plástico. 16 01 20 – Vidro. 16 01 21 (*) – Componentes perigosos não abrangidos em 16 01 07 a 16 01 11, 16 01 13 e 16 01 14. 16 01 22 – Componentes não anteriormente especificados. 16 01 99 – Outros resíduos não anteriormente especificados. 16 02 – Resíduos de equipamento elétrico e eletrónico: 16 02 09 (*) – Transformadores e condensadores contendo PCB. 145 16 02 10 (*) – Equipamento fora de uso contendo ou contaminado por PCB não abrangido em 16 02 09. 16 02 11 (*) – Equipamento fora de uso contendo clorofluorcarbonetos, HCFC, HFC. 16 02 12 (*) – Equipamento fora de uso contendo amianto livre. 16 02 13 (*) – Equipamento fora de uso contendo componentes perigosos (2) não abrangidos em 16 02 09 a 16 02 12. 16 02 14 – Equipamento fora de uso não abrangido em 16 02 09 a 16 02 13. 16 02 15 (*) – Componentes perigosos retirados de equipamento fora de uso. 16 02 16 – Componentes retirados de equipamento fora de uso não abrangidos em 16 02 15. 16 03 – Lotes fora de especificação e produtos não utilizados: 16 03 – Lotes fora de especificação e produtos não utilizados: 16 03 04 – Resíduos inorgânicos não abrangidos em 16 03 03. 16 03 05 (*) – Resíduos orgânicos contendo substâncias perigosas. 16 03 06 – Resíduos orgânicos não abrangidos em 16 03 05. 16 04 – Resíduos de explosivos: 16 04 01 (*) – Resíduos de munições. 16 04 02 (*) – Resíduos de fogo-de-artifício. 16 04 03 (*) – Outros resíduos de explosivos. 16 05 – Gases em recipientes sob pressão e produtos químicos fora de uso: 16 05 04 (*) – Gases em recipientes sob pressão (incluindo halons) contendo substâncias perigosas. 16 05 05 – Gases em recipientes sob pressão não abrangidos em 16 05 04. 16 05 06 (*) – Produtos químicos de laboratório contendo ou compostos por substâncias perigosas, incluindo misturas de produtos químicos de laboratório. 16 05 07 (*) – Produtos químicos inorgânicos de laboratório contendo ou compostos por substâncias perigosas. 16 05 08 (*) – Produtos químicos orgânicos fora de uso contendo ou compostos por substâncias perigosas. 16 05 09 – Produtos químicos fora de uso não abrangidos em 16 05 06, 16 05 07 ou 16 05 08. 16 06 – Pilhas e acumuladores: 16 06 01 (*) – Acumuladores de chumbo. 16 06 02 (*) – Acumuladores de níquel-cádmio. 146 16 06 03 (*) – Pilhas contendo mercúrio. 16 06 04 – Pilhas alcalinas (exceto 16 06 03). 16 06 06 (*) – Eletrólitos de pilhas e acumuladores recolhidos separadamente. 16 07 – Resíduos da limpeza de tanques de transporte, de depósitos de armazenagem e de barris (exceto 05 e 13): 16 07 08 (*) – Resíduos contendo hidrocarbonetos. 16 07 09 (*) – Resíduos contendo outras substâncias perigosas. 16 07 99 – Outros resíduos não anteriormente especificados. 16 08 – Catalisadores usados: 16 08 01 – Catalisadores usados contendo ouro, prata, rénio, ródio, paládio, irídio ou platina (exceto 16 08 07). 16 08 02 (*) – Catalisadores usados contendo metais de transição (3) ou compostos de metais de transição perigosos. 16 08 03 – Catalisadores usados contendo metais de transição ou compostos de metais de transição não especificados de outra forma. 16 08 04 – Catalisadores usados de cracking catalítico em leito fluido (exceto 16 08 07). 16 08 05 (*) – Catalisadores usados contendo ácido fosfórico. 16 08 05 (*) – Catalisadores usados contendo ácido fosfórico. 16 08 07 (*) – Catalisadores usados contaminados com substâncias perigosas. 16 09 – Substâncias oxidantes: 16 09 01 (*) – Permanganatos, por exemplo, permanganato de potássio. 16 09 02 (*) – Cromatos, por exemplo, cromato de potássio, dicromato de potássio ou de sódio. 16 09 03 (*) – Peróxidos, por exemplo, água oxigenada. 16 09 04 (*) – Substâncias oxidantes não anteriormente especificadas. 16 10 – Resíduos líquidos aquosos destinados a serem tratados noutro local: 16 10 01 (*) – Resíduos líquidos aquosos contendo substâncias perigosas. 16 10 02 – Resíduos líquidos aquosos não abrangidos em 16 10 01. 16 10 03 (*) – Concentrados aquosos contendo substâncias perigosas. 16 10 04 – Concentrados aquosos não abrangidosem 16 10 03. 16 11 – Resíduos de revestimentos de fornos e refratários: 147 16 11 01 (*) – Revestimentos de fornos e refratários à base de carbono provenientes de processos metalúrgicos contendo substâncias perigosas. 16 11 02 – Revestimentos de fornos e refratários à base de carbono não abrangidos em 16 11 01. 16 11 03 (*) – Outros revestimentos de fornos e refratários provenientes de processos metalúrgicos contendo substâncias perigosas. 16 11 04 – Outros revestimentos de fornos e refratários não abrangidos em 16 11 03. 16 11 05 (*) – Revestimentos de fornos e refratários provenientes de processos não metalúrgicos contendo substâncias perigosas. 16 11 06 – Revestimentos de fornos e refratários provenientes de processos não metalúrgicos não abrangidos em 16 11 05. 20 – Resíduos urbanos e equiparados (resíduos domésticos, do comércio, indústria e serviços), incluindo as frações recolhidas seletivamente. 20 01 – Frações recolhidas seletivamente (exceto 15 01): 20 01 01 – Papel e cartão. 20 01 02 – Vidro. 20 01 08 – Resíduos biodegradáveis de cozinhas e cantinas. 20 01 10 – Roupas. 20 01 11 – Têxteis. 20 01 13 (*) – Solventes. 20 01 14 (*) – Ácidos. 20 01 15 (*) – Resíduos alcalinos. 20 01 17 (*) – Produtos químicos para fotografia. 20 01 19 (*) – Pesticidas. 20 01 21 (*) – Lâmpadas fluorescentes e outros resíduos contendo mercúrio. 20 01 23 (*) – Equipamento fora de uso contendo clorofluorcarbonetos. 20 01 25 – Óleos e gorduras alimentares. 20 01 26 (*) – Óleos e gorduras não abrangidos em 20 01 25. 20 01 27 (*) – Tintas, produtos adesivos, colas e resinas contendo substâncias perigosas. 20 01 28 – Tintas, produtos adesivos, colas e resinas não abrangidos em 20 01 27. 20 01 29 (*) – Detergentes contendo substâncias perigosas. 148 20 01 30 – Detergentes não abrangidos em 20 01 29. 20 01 31 (*) – Medicamentos citotóxicos e citostáticos. 20 01 32 – Medicamentos não abrangidos em 20 01 31. 20 01 33 (*) – Pilhas e acumuladores abrangidos em 16 06 01, 16 06 02 ou 16 06 03 e pilhas e acumuladores não triados contendo essas pilhas ou acumuladores. 20 01 34 – Pilhas e acumuladores não abrangidos em 20 01 33. 20 01 35 (*) – Equipamento elétrico e eletrónico fora de uso não abrangido em 20 01 21 ou 20 01 23 contendo com ponentes perigosos (2). 20 01 36 – Equipamento elétrico e eletrónico fora de uso não abrangido em 20 01 21, 20 01 23 ou 20 01 35. 20 01 37 (*) – Madeira contendo substâncias perigosas. 20 01 38 – Madeira não abrangida em 20 01 37. 20 01 39 – Plásticos. 20 01 40 – Metais. 20 01 41 – Resíduos da limpeza de chaminés. 20 01 99 – Outras frações não anteriormente especificadas. 20 02 – Resíduos de jardins e parques (incluindo cemitérios): 20 02 01 – Resíduos biodegradáveis. 20 02 02 – Terras e pedras. 20 02 03 – Outros resíduos não biodegradáveis. 20 03 – Outros resíduos urbanos e equiparados: 20 03 01 – Outros resíduos urbanos e equiparados, incluindo misturas de resíduos. 20 03 02 – Resíduos de mercados. 20 03 03 – Resíduos da limpeza de ruas.´ 20 03 04 – Lamas de fossas sépticas. 20 03 06 – Resíduos da limpeza de esgotos. 20 03 07 – Monstros. 20 03 99 – Resíduos urbanos e equiparados não anteriormente especificados. 149 Anexo IV Lista dos produtos e funções que deverão ser considerados para efeitos da Diretiva nº230/2004 1-Grandes eletrodomésticos: Grandes aparelhos de arrefecimento: Frigoríficos; Congeladores; Outros aparelhos de grandes dimensões utilizados na refrigeração, conservação e armazenamento de alimentos; Máquinas de lavar roupa; Secadores de roupa; Máquinas de lavar loiça; Fogões; Fornos elétricos; Placas de fogão elétricas; Microondas; Outros aparelhos de grandes dimensões utilizados para cozinhar ou transformar os alimentos; Aparelhos de aquecimento elétricos: Radiadores elétricos; Outros aparelhos de grandes dimensões para aquecimento de casas, camas, mobiliário para sentar; Ventoinhas elétricas; Aparelhos de ar condicionado; Outros equipamentos de ventilação, ventilação de exaustão e condicionamento. 2-Pequenos eletrodomésticos: Aspiradores; Aparelhos de limpeza de alcatifas; Outros aparelhos de limpeza; Aparelhos utilizados na costura, tricot, tecelagem e outras formas de transformar os têxteis; Ferros de engomar e outros aparelhos para engomar, calandrar e tratar o vestuário; Torradeiras; 150 Fritadeiras; Moinhos, máquinas de café e aparelhos para abrir ou fechar recipientes ou embalagens; Facas elétricas; Aparelhos para cortar o cabelo, secadores de cabelo, escovas de dentes elétricas, máquinas de barbear, aparelhos de massagem e outros aparelhos para o cuidado do corpo; Relógios de sala, relógios de pulso e aparelhos para medir, indicar ou registar o tempo; Balanças. 3-Equipamentos informáticos e de telecomunicações: Processamento centralizado de dados: Macrocomputadores (mainframes); Minicomputadores; Unidades de impressão; Equipamentos informáticos pessoais: Computadores pessoais (CPU, rato, ecrã e teclado incluídos): Computadores portáteis laptop (CPU, rato, ecrã e teclado incluídos); Computadores portáteis notebook; Computadores portáteis notepad; Impressoras; Copiadoras; Máquinas de escrever elétricas e eletrónicas; Calculadoras de bolso e de secretária; Outros produtos e equipamentos para recolher, armazenar, tratar, apresentar ou comunicar informações por via eletrónica; Sistemas e terminais de utilizador; Telecopiadoras; Telex; Telefones; Postos telefónicos públicos; Telefones sem fios; Telefones celulares; Respondedores automáticos; 151 Outros produtos ou equipamentos para transmitir som, imagens ou outras informações por telecomunicação. 4-Equipamentos de consumo: Aparelhos de rádio; Aparelhos de televisão; Câmaras de vídeo; Gravadores de vídeo; Gravadores de alta-fidelidade; Amplificadores áudio; Instrumentos musicais; Outros produtos ou equipamentos para gravar ou reproduzir o som ou a imagem, incluindo sinais ou outras tecnologias de distribuição do som e da imagem por outra via que não a de telecomunicações. 5-Equipamentos de iluminação: Aparelhos de iluminação para lâmpadas fluorescentes, com exceção dos aparelhos de iluminação doméstica; Lâmpadas fluorescentes clássicas; Lâmpadas fluorescentes compactas; Lâmpadas de descarga de alta intensidade, incluindo lâmpadas de sódio sob pressão e lâmpadas de haletos metálicos; Lâmpadas de sódio de baixa pressão; Outros equipamentos de iluminação ou equipamento destinado a difundir ou controlar a luz, com exceção das lâmpadas de incandescência. 6-Ferramentas elétricas e eletrónicas (com exceção de ferramentas industriais fixas de grandes dimensões): Berbequins; Serras; Máquinas de costura; Equipamento para tornear, fresar, lixar, triturar, serrar, cortar, tosar, brocar, fazer furos, puncionar, dobrar, encurvar, ou para processos similares de tratamento de madeira, metal e outros materiais; Ferramentas para rebitar, pregar ou aparafusar ou remover rebites, pregos ou parafusos, ou para usos semelhantes; Ferramentas para soldar ou usos semelhantes; 152 Equipamento para pulverizar, espalhar, dispersar ou para tratamento de substâncias líquidas ou gasosas por outros meios; Ferramentas para cortar relva ou para outras atividades de jardinagem. 7-Brinquedos e equipamento de desporto e lazer: Conjuntos de comboios elétricos ou de pistas de carros de corrida; Consolas de jogos de vídeo portáteis; Jogos de vídeo; Computadores para ciclismo, mergulho, corrida, remo, etc; Equipamento desportivo com componentes elétricos ou eletrónicos; Caça-níqueis (slot machines). 8-Aparelhos médicos (com exceção de todos os produtos implantados e infetados): Equipamentos de radioterapia; Equipamentos de cardiologia; Equipamentos de diálise; Ventiladores pulmonares; Equipamentos de medicina nuclear; Equipamentos de laboratório para diagnóstico in vitro; Analisadores; Congeladores; Testes de fertilização; Outros aparelhos para detetar, evitar, controlar, tratar, aliviar doenças, lesões ou deficiências. 9-Instrumentos de monitorização e controlo: Detetores de fumo; Reguladores de aquecimento; Termóstatos; Aparelhos de medição, pesagem ou regulação para uso doméstico ou como equipamento laboratorial; Outros instrumentos de controlo e comando utilizados em instalações industriais (por exemplo, em painéis de comando). 153 10-Distribuidores automáticos: Distribuidores automáticos de bebidas quentes; Distribuidores automáticos de garrafas ou latas quentes ou frias; Distribuidores automáticos de produtos sólidos; Distribuidores automáticos de dinheiro; Todos os aparelhos que forneçam automaticamente todo o tipo de produtos. 154 Anexo V – Não aplicações à Diretiva 2011/65/UE: A presente Diretiva não se aplica a: Equipamentos necessários à defesa dos interesses essenciais dos EM no domínio da segurança, nomeadamente armas, munições e material de guerra destinado a fins especificamente militares; Equipamentos concebidos para serem enviados para o espaço; Equipamentos concebidos especificamente e para serem instalados como componentes de outros tipos de equipamentos excluídos ou não abrangidos pela presente diretiva, que só podem desempenhar a sua função quando integrados nesses outros equipamentos e que só podem ser substituídos pelo mesmo equipamento especificamente concebido; Ferramentas industriais fixas de grandes dimensões; Instalações fixas de grandes dimensões; Meios de transporte de pessoas ou de mercadorias, excluindo veículos elétricos de duas rodas que não se encontrem homologados; Máquinas móveis não rodoviárias destinadas exclusivamente a utilizadores profissionais; Dispositivos médicos implantáveis ativos; Painéis fotovoltaicos a utilizar num sistema concebido, montado e instalado por profissionais para utilização permanente num local definido para produzir energia a partir de luz solar, para aplicações públicas, comerciais, industriais e residenciais; Equipamento especificamente concebido para fins de investigação e de desenvolvimento disponível exclusivamente num contexto interempresas. 155 Anexo VI: Transposição e Implementação dos Requisitos da Diretiva REEE 2002/96/CE no Decreto-Lei nº230/2004. Diretiva 2002/96/CE Artigo 5 (2) Artigo 8 (1) Artigo 5 (4) Artigo 6 (1) Artigo 8 (1) Artigo 8 (3) Artigo 8 (2) Responsabilidade física pela recolha de REEE de utilizadores particulares Responsabilidade financeira pela recolha de REEE de utilizadores particulares Responsabilidades pela recolha, tratamento, valorização, reciclagem e eliminação de REEE provenientes de utilizadores particulares Mecanismo financeiro de gestão de REEE históricos provenientes de particulares Mecanismo financeiro de gestão de REEE novos provenientes de particulares Decreto-Lei nº230/2004 Artigo 9 (4) Responsabilidade física atribuída a municípios, produtores e distribuidores Artigo 9 (5) Artigo 9 (6) Artigo 23 (2) Responsabilidade financeira atribuída a distribuidores e produtores Artigo 9 (7) Artigo 12 Artigo 9 (8) - Responsabilidade individual do produtor pelo financiamento dos REEE novos provenientes de utilizadores particulares Artigo 9 Artigo 12 Responsabilidade individual do produtor pelo financiamento dos REEE novos provenientes de utilizadores não particulares Artigo 10 (1) Responsabilidade pelo financiamento dos REEE históricos provenientes de utilizadores não particulares Artigo 10 (3) Artigo 8 (2) Garantia financeira Artigo 25 (3) Artigo 8 (3) Ecotaxa visível Artigo 24 Artigo 35 Artigo 8 (2) Artigo 11 (2) Marcação dos EEE Artigo 5 (3) Artigo 10 (1) Artigo 10 (2) Artigo 10 (4) Informação aos consumidores Artigo 18 g) Artigo 21 (1) Artigo 23 (4) Artigo 8 (2) Artigo 9 156 A responsabilidade pela recolha, transporte, valorização e eliminação de REEE provenientes de utilizadores particulares, depositados nos pontos de recolha, recai sobre os produtores de EEE Os produtores financiam a gestão dos REEE históricos com base na quota atual de mercado Não é mencionado A transposição não define explicitamente a responsabilidade individual do produtor pelos resíduos dos seus próprios produtos. Este aspeto apenas é mencionado no preâmbulo Os produtores são responsáveis por todos os REEE de utilizadores não particulares colocados no mercado após 13 de Agosto de 2005 Os produtores são responsáveis pelos REEE históricos que forem substituídos por novos EEE equivalentes. Os restantes são financiados pelos utilizadores não particulares, sem prejuízo de outros métodos de financiamento a acordar entre produtores e utilizadores Os produtores que optem por um sistema individual têm de prestar garantia financeira que assegure os custos da gestão dos resíduos dos seus produtos. A adesão dos produtores a um sistema coletivo é considerada como garantia O EcoREEE pode ser indicado separadamente aos compradores aquando da venda de novos EEE até 13 de Fevereiro de 2011 (2013 para a categoria 1). Esta opção é obrigatória no sistema da Amb3E Todos os EEE colocados no mercado nacional após 13 de Agosto de 2005 (B2B e B2C) devem conter a identificação do produtor e exibir uma marca que permita distingui-los dos EEE colocados no mercado antes dessa data Os sistemas integrados e individuais devem informar e sensibilizar os consumidores sobre os procedimentos a adotar em termos Artigo 3 (i) Artigo 8 (4) Artigo 12 (1) Vendedores à distância Artigo 3 (d) Artigo 12 Registo e reporte de produtores de EEE Artigo 26 (1) 157 de gestão de REEE. Os distribuidores devem informar os consumidores sobre a possibilidade de entregar os REEE à razão de um por um A definição de produtor inclui aqueles que colocam EEE no mercado nacional através da venda à distância, mas não inclui os que, estando sedeados em Portugal, exportam para outro E.M.. Estes produtores que colocam EEE nos utilizadores finais de outro E.M. devem registar-se e reportar nesse E.M.. Têm obrigatoriedade de registo em Portugal todos os produtores de EEE (B2B e B2C), ao abrigo da definição do artigo 3 (d). O registo está aberto para todos de qualquer E.M.. Os produtores devem registar-se individualmente, independentemente de serem aderentes a um sistema integrado Anexo VII – Concentrações de Metais nas PCI de 24 tipos de REEE (Fonte: Oguchi et al., 2013). Conteúdo Metálico das PCI (mg/kg) Tipo de Equipamento Frigorífico Máquina de Lavar Ar Condicionado TV CRT TV PDP TV LCD PC Desktop PC Notebook VCR Leitor/Gravador DVD Sistema de Som Gravador de Cassetes Fax Telefone Impressora Telemóvel Máquina Fotográfica Digital Máquina de Filmar Leitor de CD Portátil Leitor Portátil Minidisc Vídeo Jogo Micro-ondas Panela Elétrica Panela de Arroz Metais Tóxicos Metais Comuns Metais Preciosos Ba Be Cd Cr Pb Sb Al Cu Fe Sn Zn Ag Au Pd 82 65 320 2400 3900 3000 1900 5600 1200 4300 1400 1400 4300 4700 3000 19000 16000 18000 8600 19000 5100 2000 1800 340 ------------1 32 --------------21 20 ----60 --------- 85 --3 12 ----9 2 9 2 --4 ------4 1 2 ----1 --220 --- 27 39 11 57 100 --270 610 150 320 5 140 26 3500 32 1100 2500 300 770 4000 800 860 850 530 21000 2200 5800 14000 7100 17000 23000 9800 20000 12000 19000 17000 19000 19000 10000 13000 17000 30000 12000 9300 13000 17000 22000 5400 2700 150 310 3200 800 1800 2200 1300 1300 1200 470 3000 670 1400 530 760 1900 2000 1400 1200 2900 5900 9700 2600 16000 1000 6900 62000 38000 63000 18000 18000 35000 54000 29000 61000 37000 67000 180000 15000 24000 29000 68000 27000 40000 14000 40000 20000 170000 70000 75000 72000 210000 180000 200000 190000 160000 220000 150000 140000 120000 96000 140000 330000 270000 210000 200000 330000 190000 320000 230000 350000 21000 95000 20000 34000 20000 49000 13000 37000 38000 11000 12000 58000 11000 150000 17000 18000 30000 45000 46000 45000 77000 400000 74000 200000 83000 9100 19000 18000 15000 29000 18000 16000 18000 22000 22000 24000 7400 34000 16000 35000 39000 38000 50000 48000 26000 15000 33000 29000 17000 2400 4900 5300 12000 20000 2700 16000 16000 26000 14000 11000 7700 8600 4200 5000 8800 13000 20000 11000 12000 28000 30000 39000 42 51 58 120 400 600 570 1100 210 710 57 170 69 2400 70 3800 3200 5000 3700 3400 740 2000 2500 840 44 17 15 5 300 200 240 630 23 150 6 26 35 --38 1500 780 530 370 940 230 ------- ------20 ----150 200 50 20 --34 110 --21 300 200 970 10 550 43 ------- 158 Anexo VIII: Previsão dos REEE produzidos nos países da UE-27 para o período 2014-2020 (Fonte: UNU, 2007). Ano Áustria Bélgica Dinamarca Finlândia França Alemanha Grécia Irlanda Itália Luxemburgo Holanda Portugal Espanha Suécia Reino Unido Roménia Chipre República Checa Estónia Hungria Letónia Lituánia Malta Polónia Eslováquia Eslovénia Bulgária UE-27 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 185373 226619 129315 111803 1251389 1732853 170133 116302 1179962 17453 343638 140699 759336 185580 1156937 165803 14700 181857 20538 150293 27830 42889 7308 464165 79177 39345 64968 9066264 189439 231588 132152 114254 1278826 1770840 173860 118854 1205835 17836 351172 143777 775990 189649 1284494 174666 15491 191635 21641 158368 29323 45191 7701 489075 83431 41462 68446 9304995 193593 236666 135050 116760 1306865 1809662 177667 121463 1232274 18228 358871 146923 793003 193807 1312656 184008 16324 201942 22804 166880 30897 47618 8115 515330 87914 43693 72113 9551125 197839 241856 138012 119320 1335517 1849338 181558 124128 1259290 18628 366740 150138 810384 198056 1341437 193854 17202 212806 24030 175850 32556 50176 8552 543004 92640 46045 75977 9804933 202178 247159 141040 121936 1364798 1889887 185534 126853 1286898 19037 374781 153424 828141 202398 1370849 204233 18128 224526 25323 185306 34305 52871 9012 572172 97620 48523 80050 10066710 206612 252579 144134 124610 1394721 1931328 189597 129636 1315108 19455 382999 156781 846281 206835 1400907 215172 19103 236324 26685 195272 36149 55713 9497 602915 102870 51136 84343 10336763 211144 258118 147295 127342 1425299 1973681 193748 132482 1343936 19882 391397 160213 864814 211370 1431625 226702 20131 249044 28120 205777 38092 58708 10009 635319 108403 53890 88868 10615411 159 Anexo IX: Legislação e regulamentação relacionada com a permissão/proibição de importação e exportação de REEE e EEE usados nas fontes (Adaptado de Li et al., 2013). Países Legislação e/ou regulamentação América do Norte Canadá EUA Não há instrumentos jurídicos relacionados com a importação e exportação de REEE 2011 HR:2284: Responsible Electronics Recycling Act Proibição da exportação de determinados REEE: computadores, televisores, impressoras, fotocopiadoras, videojogos, telefones, e equipamentos usados semelhantes, que contêm CRT, baterias, interruptores, e outras partes que podem conter chumbo, cádmio, mercúrio, solventes orgânicos, crómio hexavalente, berílio, e outras subtâncias tóxicas Ásia Japão 2005 Singapura 2008 Coreia do Sul 1994 Lei para o controlo da exportação, importação, outros resíduos perigosos e outros resíduos (Lei nº 108, de 1992; última revisão: Lei nº33) Importação e Exportação de REEE e EEE usados Lei do Controlo do Movimento Transfronteiriço dos Resíduos Perigosos e sua Deposição Onde está estipulado que não é possível exportar sem o consentimento do país importador Diretiva 2002/96/CE sobre REEE O exportador de REEE deve aprovar que a operação de recuperação, reutilização e/ou reciclagem terá lugar sobre condições que são equivalentes aos requisitos da Diretiva; A Agência de Resíduos de Flandres (OVAM) é responsável pela gestão de resíduos e controlo da Responsabilidade do Produtor A aprovação para a importação e exportação de REEE perigosos só será concebida caso a caso com base na Lei do Controlo do Movimento Transfronteiriço dos Resíduos Perigosos e sua Deposição (1994). A permissão para exportação é obtida sem consentimento do país importador Europa UE 2002 Bélgica Finlândia 2004 França Alemanha Holanda Ao abrigo das Diretivas U.E. Decreto Governamental sobre REEE Ao abrigo das Diretivas da U.E. 2005 Diretiva europeia REEE foi implementada Ao abrigo das Diretivas da U.E. 160 Exportações para fora da Comunidade Europeia não são permitidas a menos se o exportador possa provar que a recuperação, reutilização e reciclagem seja realizada de forma compatível com os requisitos do presente decreto Também a partir de 2005 fundou um “eco-custo” em cada EEE posto no mercado à venda desde esse ano. Este é o tratamento para o tratamento de cada equipamento no seu fim de vida útil. Os produtores são responsáveis pelo uso limitado de materiais tóxicos e os distribuidores e municípios são responsáveis pela recolha e processamento de EEE usados Noruega 2006 Diretiva europeia de REEE revista entrou em vigor em 2006 Reino Unido 2007 Diretiva da U.E. promulgada em 2007 Oceânia Austrália Não há instrumentos jurídicos específicos relacionados com a importação e exportação de REEE 161 As mudanças mais importantes: -O requisito para cada produtor e importador para se tornarem membros de uma empresa aprovada de recolha -A criação de um registo de REEE Anexo X: Resumo das permissões e proibições das importações e exportações dos REEE e EEE usados nas fontes e destinatários (adaptado de Li et al., 2013F). País Importação de Importação Importação de Exportação de EEE Usados de REEE REEE perigosos REEE África Benim Costa do Marfim Gana Quénia Libéria Nigéria Senegal África do Sul Uganda Permitido Permitido Não definido Não definido Permitido Não definido Não definido Banido Não definido Não definido Não definido América do Norte EUA Canadá Banido Não definido Ásia Camboja China Índia Permitido Permitido Permitido Banido Banido Não definido Banido Banido Permitido com permissão Japão Malásia Paquistão Permitido Banido Filipinas Permitido Banido Banido Permitido com permissão Banido Permitido com permissão Permitido com permissão Permitido com permissão Singapura Coreia do Sul Tailândia Permitido Vietname Banido Permitido com permissão Banido Permitido com permissão Banido Banido Oceânia Austrália Não definido Europa UE Reino Unido Permitido Permitido 162 Anexo XI – Gestão de REEE em alguns países a nível mundial. Alemanha Na Alemanha, em 2006, foram colocados no mercado 1,8 milhões de novos EEE (FEA, 2008 citado em Ongondo et al., 2011a). No mesmo ano, 750000 toneladas foram descartados, equivalendo a uma quantidade per capita de 8,6 kg.ano-1. Embora o país tenha ultrapassado a meta estabelecida de 4kg.hab-1.ano-1, em termos reais contabilizou-se uma taxa de retorno de 50-63% (Janz e Bilitewski, 2009). Em 2008, de acordo com a Tabela 7, cerca de 36,83% dos REEE gerados foram recolhidos e 80,56% dos REEE recolhidos foram valorizados. Apesar de existir um sistema formal de recolha de REEE, existem lacunas na legislação alemã que tem permitido que grandes quantidades de REEE são enviadas para economias em desenvolvimento incluindo a India, China, Nigéria e para países da Europa Oriental (Janz e Bilitewski, 2009). O mesmo autor refere que 6856 toneladas de REEE foram exportados legalmente em 2007, o que provavelmente as quantidades exportadas reais serão maiores. Foi a fundação Elektro-Altgeraete-Register que estabeleceu a organização dos processos de recolha de REEE e controlar as metas de recolha, recuperação e reciclagem. As autoridades públicas de gestão de resíduos são as responsáveis pela recolha dos produtos descartados (Walther et al., 2009). Os revendedores também podem aceitar voluntariamente os REEE e transportá-los para o produtor ou para as autoridades públicas de gestão de resíduos (Rotter et al., 2009). Na Alemanha, a lei que transpõe a Diretiva europeia foi promulgada em 2005 e a responsabilização pelos REEE é aplicada através do produtor, sendo que cada produtor é responsável pelo conteúdo dos seus produtos (Rotter et al., 2009). Reino Unido Em 2008, no Reino Unido foram inseridos no mercado 22,1 kg equivalentes per capita, ou seja, mais de 1,7 milhões de toneladas de REEE (Environmental Agency, 2012a). No mesmo ano, descrito na Tabela 8, recolheram-se aproximadamente 11,2 kg de REEE a anualmente por cada habitante (equivalente a 60,6% dos equipamentos postos no mercado nesse ano). Da quantidade total de recolha, 49,8% dos resíduos foram valorizados (Tabela 8). Em 2011, foram colocados no mercado cerca de 1,5 milhões de toneladas de REEE (Environmental Agency, 2012a), sendo que cerca de 520000 toneladas de REEE foram recolhidas (Environmental Agency, 2012b), perfazendo uma taxa de recolha em relação à quantidade de EEE colocada no mercado de 34,4%. A implementação da Diretiva europeia no Reino Unido, depois de vários falsos começos, foi implementada a 1 de Janeiro de 2007, mas nem todas as disposições entraram em vigor (Turner 163 e Callaghan, 2007). Os regulamentos de REEE no Reino Unido transpõe a maioria das disposições da Diretiva. No entanto, a devolução completa, tratamento e reciclagem dos REEE tornou-se operacional a 1 de Junho de 2007 (Watson e Crowhurst, 2007 citado em Ongondo et al., 2011a). O Reino Unido optou por um modelo competitivo, em relação ao seu sistema de recolha, colocando obrigações nos operadores dos esquemas de cumprimento dos produtores, em relação por exemplo, nos relatórios, financiamento e tratamento, ao invés de colocar obrigações diretamente nos produtores. Esta ação foi tomada para reduzir consideravelmente o fardo administrativo do governo (Turner e Callaghan, 2007). Os produtores são obrigados assim a participar num esquema de cumprimento dos produtores, aprovado pela Agência do Ambiente (Ongondo et al., 2011a). As responsabilidades dos produtores incluem o financiamento do tratamento, recuperação, reciclagem e deposição ambientalmente favorável dos REEE (Ongondo et al., 2011a). Os produtores deverão também fornecer ao operador do esquema informação detalhada da quantidade e peso de todos os equipamentos colocados no mercado para cada categoria de REEE (Turner e Callaghan, 2007). Os operadores do sistema de cumprimento dos produtores devem registar os seus membros e relatá-los ao regulador nacional apropriado (em Inglaterra e Gales é a Agência do Ambiente) e conjuntamente devem fornecer, detalhadamente, todos os equipamentos postos no mercado pelos membros do esquema (Turner e Callaghan, 2007). O operador do esquema é ainda responsável por financiar os custos dos REEE que lhe foram atribuídos pelo regulador nacional, que na prática este valor monetário é recuperado pelos custos dos membros do esquema (Turner e Callaghan, 2007). Uma outra função da operadora do sistema de cumprimento dos produtores prende-se com a responsabilidade de encaminhar esta fileira de resíduos de forma a que seja assegurado o melhor tratamento disponível mas também as melhores técnicas disponíveis de recuperação e reciclagem no Reino Unido ou no exterior, através de um exportador credenciado (Turner e Callaghan, 2007). Por fim, os operadores devem arquivar os relatórios de conformidade, reencaminhando-os para o regulador nacional e estes devem ser comprovados através de “notas evidentes”. Estas notas podem ser trocadas oficialmente, de forma negocial, que irá permitir que aqueles que ultrapassarem as suas quotas vendam as notas para aqueles que não conseguirem obter as suas metas de cumprimento (Turner e Callaghan, 2007). Suíça A Suíça foi um dos países signatários da Convenção de Basileia, que defendia a proibição dos movimentos transfronteiriços de resíduos perigosos e foi o país pioneiro na implementação de legislação para a gestão de REEE, adquirindo assim uma vasta experiência na reciclagem de REEE (Streicher-Porte, 2006; Ongondo et al., 2011a). A recolha de REEE suíça é formal voluntária, sendo que a gestão dos mesmos é baseada no princípio da responsabilidade alargada do produtor, com uma definição clara das responsabilidades associadas a cada interveniente (Khetriwal et al., 2009). 164 Neste país existem 4 entidades gestoras dos REEE: a SWICO, a SENS, a SLRS e a INOBAT. A Fundação Suíça para a Gestão de Resíduos (SENS) foi criada em 1990 como uma organização sem fins lucrativos, que recuperou os REEE selecionados em nome dos fabricantes, revendedores e importadores. Inicialmente, as suas operações incluíam a recuperação de refrigeradores e frigoríficos. Neste momento, a SENS é responsável pela recuperação de eletrodomésticos, brinquedos elétricos e eletrónicos, equipamentos de iluminação, ferramentas elétricas e ferramentas de construção e jardinagem (Hischier et al., 2005). A SWICO é uma comissão neutra e sem fins lucrativos da Associação Económica Suíça para Informação, Comunicações e Tecnologia Organizacional. Esta comissão foi criada no início da década de 1990, mais concretamente em 1993, por 6 importadores de fotocopiadoras e equipamentos informáticos e de telecomunicações (SWICO, 2013). Atualmente, a SWICO abrange outros REEE como telemóveis, equipamentos de consumo, sistemas de telefones centrais, equipamento médico ou equipamentos da indústria gráfica (Hischier et al., 2005; Streicher-Porte, 2006; SWICO, 2013). Segundo Hischier e investigadores (2005), ambos os sistemas estão bem estabelecidos, oferecendo sistemas de retoma e reciclagem completos e financiados por uma taxa de reciclagem. Além destes 2 grandes sistemas, há outras duas organizações menores, mas igualmente sem fins lucrativos e que administram os REEE. São eles a Fundação Suíça de Reciclagem de Equipamentos de Iluminação (SLRS) e a Organização para a deposição de baterias (INOBAT), que lidam exclusivamente com equipamentos de iluminação e baterias, respetivamente (Khetriwal et al., 2009). Em 2003, os REEE contabilizaram 2,6% do fluxo de RU (Khetriwal et al., 2009). Em 2004, na Suíça foi reciclado o correspondente a 11kg por habitante (Hischier et al., 2005), valor que excede em muito o imposto pela Diretiva europeia. Em 2005, 42000 toneladas de EEE em fim de vida foram tratados e 75% dos materiais reutilizáveis foram recuperados (Swissinfo, 2007). Em 2006, a quantidade recolhida atingiu os 13,1kg per capita, com um aumento de 260% entre 2001 e 2006, sendo que apenas a Suécia e a Noruega conseguiram exceder as taxas de recolha de REEE da Suíça (Rossel, 2008). Japão Em 2008, estima-se que 22,87 milhões de unidades de REEE, perfazendo 860000 toneladas, foram descartados (Aizawa et al., 2008). Segundo (Oguchi et al., 2012) esse valor já foi largamente ultrapassado, sendo que os autores estimam que 1,7 milhões de toneladas de REEE são produzidas anualmente, sendo que cerca de metade dos equipamentos domésticos e computadores usados são exportados para outros países asiáticos nomeadamente Filipinas, China, Cambodja, Afeganistão ou Malásia (Shinkuma e Huong, 2009; Yoshida e Terazono, 165 2010). Os resíduos são recolhidos recorrendo a sistemas de recolha, especificados nas leis japonesas (Aizawa et al., 2008; Yoshida et al., 2009). As leis japonesas impõem uma taxa de reciclagem aos consumidores e esse parece ser o fator preponderante para a deposição ilegal dos REEE. Através da venda dos equipamentos em fim de vida para posterior exportação os consumidores evitam os custos de reciclagem dos equipamentos e ainda saem beneficiados na própria venda (Shinkuma e Huong, 2009). O Japão introduziu a lei de reciclagem em Abril de 2001, a fim de reduzir os impactes ambientais (Zhang e Kimura, 2006). Esta lei foi promulgada apenas para os equipamentos de maior consumo no país e são eles aparelhos de ar condicionado, máquinas de lavar, televisores e aparelhos de refrigeração (Ongondo et al., 2011a). Em 2008, a lei foi alterada, incorporando máquinas de secar e televisores plasma e equipamentos LCD, sendo aplicada no ano seguinte (Japan for sustainability, 2009). A reformulação da lei impõe que os produtores (fabricantes e importadores) recebam os seus produtos em fim de vida e que os desmantelem, recuperando materiais e componentes, que podem ser reciclados ou reutilizados (Tojo, 2001; Japan for sustainability, 2009). As características principais do sistema de gestão de REEE japonês incluem: Um número limitado de aparelhos alvo para recolha e posterior valorização; Os consumidores pagam uma taxa de reciclagem no momento da deposição; Os fabricantes estão diretamente impostos a reciclar e ter uma responsabilidade física em vez de uma responsabilidade financeira (Aizawa et al., 2008). Aizawa et al., (2008) constataram que, embora a quantidade de REEE descartados tivesse diminuído entre 2004 e 2006, os valores são ainda francamente superiores do que na época anterior ao inicio da reciclagem no país. Estima-se que, em 2005, sensivelmente 140000 unidades tenham sido descartadas de forma ilícita (Shinkuna e Huong, 2009). Os REEE recolhidos são separados por tipos de materiais por desmantelamento manual e separação mecânica (Oguchi et al., 2012). Embora os métodos de tratamento difiram de município para município, o tratamento mais comum consiste na trituração e separação magnética dos materiais ferrosos e posteriormente de alguns metais não ferrosos. O restante é encaminhado para incineração ou deposição em aterros (Oguchi et al., 2012). Existe no país um esquema voluntário de recolha e reciclagem de telemóveis, mas a taxa de recolha é ainda baixa (≈35%) (Murakami et al., 2008 citado em Oguchi et al., 2012; TCA, 2010 citado em Oguchi et al., 2012). China Na década de 80 assistiu-se a um aumento repentino na produção e consumo dos principais equipamentos elétricos e eletrónicos (Li et al., 2006; Yang et al., 2008). Cerca de duas décadas depois, um número crescente destes dispositivos alcançam o seu fim de vida útil (Li et al., 2006). 166 A China tem sido um importante produtor e consumidor de EEE e tem-se assistido a um grande aumento de resíduos, que resultou numa taxa de crescimento de REEE três vezes superior à taxa de crescimento dos RU (Wang et al., 2010), com uma taxa de crescimento anual de REEE é de 13-15% (He et al., 2008). Ketai et al. (2008) estima que cerca dos 80% dos REEE importados para países asiáticos, 90% são encaminhados para a China. De acordo com Yang et al. (2008), não existem dados oficiais sobre a produção de REEE na China. No entanto, estima-se que em 2007, tenham sido produzidos 2,2 milhões de toneladas de REEE incluindo apenas aparelhos de refrigeração, televisores e telemóveis (Schluep et al., 2009). Os equipamentos obsoletos (incluindo televisões, máquinas de lavar, ar condicionados e refrigeradores) excederam os 160 milhões de unidades em 2010 e previu-se que em 2012 se excedesse as 225 milhões de unidades (Huang et al., 2006; Li et al., 2006). A China promulgou recentemente uma série de leis específicas para REEE que cobrem três aspetos essenciais: a responsabilidade de retoma, controlo de substâncias perigosas e o impacto ambiental das instalações de tratamento de REEE (Chung e Zhang, 2011). Os principais documentos são as Medidas de Gestão para a Prevenção da Poluição de Produtos Eletrónicos (atualmente designado de China RoHS), Regulamentos de Gestão na Reciclagem e Deposição dos REEE (presentemente designados de China REEE) e as Medidas de Gestão para a Prevenção da Poluição Ambiental de REEE (hoje designados de Medidas de Gestão para REEE) (Chung e Zhang, 2011). Os REEE, depois de descartados, podem ser reutilizados ou reparados e ser novamente usados como EEE, mas também podem ser recolhidos pelo setor formal ou pelo setor informal de gestão de resíduos (Yang et al., 2008). Cerca de 60% dos REEE gerados na China são vendidos a coletores individuais, que reencaminham estes resíduos para processos de reciclagem informais. As pessoas raramente descartam os seus EEE usados na China, mesmo se eles estiverem desatualizados ou avariados, devido a uma perceção de que os equipamentos possam ser úteis no futuro ou possam ser vendidos (Li et al., 2006). A China é o maior exportador mundial de produtos eletrónicos (Ongondo et al., 2011a). Por outro lado, a China importa 35 milhões de toneladas de REEE anualmente, tornando-se simultaneamente no maior importador de REEE a nível mundial (Yu et al., 2009). Segundo Ongondo et al. (2011a), o custo de trabalho relativamente baixo e a falta de exequibilidade das leis ambientais fazem da China o primeiro destino para os países desenvolvidos exportarem os seus REEE. Quando os REEE chegam à China, uma grande parte é vendida a particulares e são encaminhadas para reciclagem informal. Os métodos de reciclagem simples e a falta de controlo na poluição ambiental fazem com que estas atividades de reciclagem resultem em sérios casos de poluição ambiental e apresentem riscos adversos na saúde humana, nomeadamente os intervenientes deste setor informal (Yu et al., 2009). 167 Uma outra parte dos resíduos importados é reutilizada, gerando-se maiores benefícios económicos do que a simples recuperação dos materiais, tornando-se assim uma prioridade para os comerciantes e empresas de recolha de REEE (Ongondo et al., 2011a). Os aparelhos reparados, atualizados ou reformulados são ainda funcionais por algum tempo e normalmente são usados em áreas rurais ou regiões mais pobres (Ongondo et al., 2011a). Índia A Índia, que possui uma economia emergente, é um país com grande produção de REEE, onde possui dos mercados que mais cresce em relação aos EEE (Streicher-Porte et al., 2005; Widmer et al., 2005; Khetriwal et al., 2005).Simultaneamente e apesar da Índia ser um dos signatários da Convenção de Basileia sobre os movimentos transfronteiriços de substâncias perigosas, tem-se assistido a variadas importações, na ausência de regulamentos de importação adequada (Dwivedy e Mittal, 2012). De 1998 a 2002, assistiu-se a um aumento de 53,1% nas vendas de EEE domésticos, grandes e pequenos (Euromonitor, 2004 citado em Khetriwal et al., 2005). O crescimento dos PC per capita, entre 1993 e 2000 aumentou 604%, sendo que comparativamente com nível mundial esse aumento foi apenas de 181% (Khetriwal et al., 2005). Segundo Dwivedy e Mittal (2010), estima-se que entre 2007 e 2011, cerca de 2,49 milhões de toneladas de PC são descartados. Para o mesmo período, foram descartados 31 milhões de unidades de televisores e PC, correspondendo a 30% do total de unidades de REEE descartados durante o mesmo período. Segundo Sinha e Mahesh (s.a), o sistema existente de processamento de lixo eletrónico na Índia é principalmente manipulado por um setor informal muito bem enraizado, envolvendo intervenientes como vendedores, comerciantes de resíduos, desmanteladores e recicladores (Dwivedy e Mittal, 2012). No entanto a eliminação e reciclagem no setor informal são muito rudimentares no que respeita às técnicas aplicadas e práticas de reciclagem seguras, que estão em causa, resultando numa baixa recuperação de materiais (Dwivedy e Mittal, 2012). O processo seguido por estas empresas de reciclagem é a reutilização de produtos, deposição convencional em aterros sanitários, queima a céu aberto e reciclagem informal (Dixit, 2007 citado em Dwivedy e Mittal, 2012). A reciclagem na Índia é uma indústria em crescimento, embora impulsionada por uma necessidade económica associada à pobreza (Haque et al., 2000). Na maioria das vezes, os REEE descartados, acabam em aterros municipais, juntamente com outros resíduos ou são encaminhados para a queima a céu aberto, libertando substâncias cancerígenas para a atmosfera. A maior desvantagem do atual sistema indiano é a emissão descontrolada de gases tóxicos que são perigosos para o ar, água e solo (Khetriwal et al., 2005).Os perigos para a saúde resultantes de fumos, cinzas e produtos químicos prejudiciais afetam não só os trabalhadores que estão em 168 contato com os resíduos, mas também o meio ambiente envolvente (Khetriwal et al., 2005). Embora a maioria dos materiais perigosos encontrados nos REEE são abrangidos sobre “Regras de Gestão de Resíduos e Substâncias Perigosas, 2008”, a atual legislação indiana na classificação de REEE como resíduos perigosos é ambígua com nenhuma das leis diretamente referindo-se aos REEE e como é manuseado (Dutta et al., 2006 citado em Dwivedy e Mittal, 2012). No entanto, o Ministério do Ambiente e Florestas recentemente propôs um conjunto de regras designadas de “ Regras de Resíduos (Gestão e Manuseamento) 2011”, que entrou em vigor a 1 de Maio de 2012. A nova regra coloca a gestão dos REEE nas linhas do princípio da responsabilidade alargada do produtor e também restringe o uso de substâncias perigosas nos REEE (Dwivedy e Mittal, 2012). África do Sul No passado, a gestão de resíduos na África do Sul foi descoordenada e mal financiada. As questões chave incluem os inadequados serviços de recolha para uma grande parcela da população, deposição ilegal, atividades de gestão de resíduos não licenciadas (incluindo instalações de eliminação), a falta de espaço em aterros, iniciativas insuficientes para a minimização e reciclagem de resíduos, falta de informação sobre os resíduos, falta de regulamentação e aplicação da legislação e de facto, legislação limitada relacionada com os resíduos (Fiehn e Ball, 2005 citado em Nahman e Godfrey, 2010). Estima-se que no mercado sul-africano, anualmente, sejam inseridos no mercado 1,5 milhões de computadores (Finlay e Lietchti, 2008). Uma outra estimativa revela que a quantidade de EEE que entrou no mercado em 2007 foi de 99000 toneladas compreendendo televisores, computadores, impressoras, telemóveis e equipamentos de refrigeração (Schluep et al., 2009). A eliminação em aterro continua a ser a opção mais barata (em termos financeiros), e portanto, a opção mais atraente para a gestão de resíduos na África do Sul (Nahman e Godfrey, 2010). No entanto, os custos externos associados com a reciclagem implica que a eliminação em aterro é de facto a opção mais cara, em termos de custos globais sociais (Nahman, 2010). Na África do Sul, a legislação nacional tem dado cada vez maior poder ao governo para implementar a responsabilidade alargada do produtor (Nahman, 2010). Espera-se que com a entrada em vigor do “Decreto Resíduos” (Government Gazzette, 2008) se minimizem muitos dos problemas referidos. Nigéria e Gana A Nigéria domina a região em relação à quantidade total de importações de EEE novos e usados, número total de EEE em uso e subsequentemente quantidade total de REEE gerados (Basel 169 Convention, 2011). Estima-se que anualmente, sejam importados entre 15000-45000 toneladas de hardware de computadores, referenciados como equipamento não utilizável/ não reparável (Nnorom e Osibanjo, 2008). A taxa de penetração no mercado para a Nigéria situa-se em 44kg por habitante anualmente. Os países com elevadas importações de EEE usados, como Gana e Nigéria, geram os mais altos volumes de lixo eletrónico. Isto é devido à importação direta de EEE que não funcionam e que não são reparáveis (Basel Convention, 2011). Estima-se que em 2008, 8 milhões de telemóveis e acessórios foram inseridos no mercado nigeriano, com uma forte probabilidade que esses equipamentos mais cedo ou mais tarde acabem em aterros ou lixeiras a céu aberto (Osibanjo e Nnorom, 2008). Por outro lado, a elevada taxa de reparação e reutilização de telemóveis usados na Nigéria prolonga a vida os equipamentos em cerca de 7 anos (Ongondo et al., 2011a). Em relação às baterias dos telemóveis e carregadores das mesmas, considerando que são substituídos duas vezes por ano, são gerados aproximadamente 3000 toneladas e 9000 toneladas, respetivamente, para o período 2001 a 2006 (Osibanjo e Nnorom, 2008). Segundo Ongondo et al. (2011a), não existem instalações de reciclagem de REEE licenciadas na Nigéria, sendo que uma atividade usual é a reutilização, que ocorre em torno do desmantelamento incompleto dos equipamentos (Osibanjo e Nnorom, 2008). Os REEE são então geridos como RU, sendo recolhidos em áreas habitadas e posteriormente são incinerados de forma a reduzir o seu volume antes de serem depositados em aterros não isolados e com falta de monitorização e sem sistemas de recuperação de qualquer tipo de lixiviados (Osibanjo e Nnorom, 2008). Na Nigéria não existe uma aplicação eficaz das normativas referentes à gestão de resíduos perigosos nem possui uma legislação específica para os REEE (Nnorom e Osibanjo, 2008). Embora o Gana tenha ratificado a Convenção de Basileia em 2005, é um dos países africanos que mais importa REEE (Asante et al., 2012). Os estudos no Gana revelaram que, em 2009, cerca de 70% de todas as importações do Gana foram EEE usados. Desta percentagem, 30% dos equipamentos não funcionavam (Basel Convention, 2011). Cerca de metade dos REEE importados foram reparados localmente e vendidos aos consumidores (Basel Convention, 2011). A taxa de penetração no mercado ganês situa-se em 41kg por habitante anualmente (Basel Convention, 2011). Embora as quantidades importadas sejam significativas, ainda não está constituída uma legislação nacional, que se traduz num indevido tratamento dos resíduos e consequentemente riscos à saúde humana e ao ambiente (Asante et al., 2012). Segundo o mesmo autor, não existem nenhuns regulamentos que restrinjam o tipo de reciclagem de REEE e como tal, os trabalhadores do setor operam em condições deploráveis, expondo-os a sérios perigos. O Gana possui uma das maiores taxas de recolha de REEE, com 95% dos REEE recolhidos. Estes resíduos são na maioria dos casos recolhidos graças ao setor informal de gestão de resíduos (Basel Convention, 2011). 170 Tanto a Nigéria, como o Gana, possuem um setor informal organizado, com volume médio a alto de materiais processados (por exemplo, aço, alumínio e cobre) (Basel Convention, 2011). Foram propostos nos dois países as MTD, tendo em vista ganhos múltiplos na proteção ambiental, condições de trabalho, criação de emprego bem como em termos económicos gerais. Uma pesquisa revelou que em ambos os países há um setor bem organizado de reparação dos equipamentos usados, quer os importados, quer os de fontes endógenas. Pelo contrário, na recolha e valorização dos REEE é quase exclusivamente realizada por indivíduos não registados. Em ambos os países, a gestão informal é levada a cabo por população que migrou de zonas rurais dos respetivos países, onde as pessoas têm poucas alternativas e onde a pouca precipitação nesses locais provoca escassez de alimentos (Basel Convention, 2011). A maioria dos trabalhadores deste setor, em ambos os países, vivem abaixo da linha de pobreza definida internacionalmente (Basel Convention, 2011). Brasil De acordo com Schluep et al. (2009), o Brasil gera a segunda maior quantidade de REEE entre os países emergentes. Os EEE são um dos fluxos mais dinâmicos da economia compreendendo 4,1% do PIB brasileiro, colocando o Brasil numa posição de destaque no mercado global (Araújo et al., 2012). Em 2005, foram gerados 96800 toneladas de REEE de hardware de computadores (equivalente a 0,5kg per capita) (Oliveira et al., 2012). No Brasil, 10 a 20% dos telemóveis produzidos tornam-se inativos, a cada ano (Mawakdiye, 2007 citado em Oliveira et al., 2012). Considerando o número de casas com acesso a computadores e o tempo médio de vida de um computador Oliveira et al. (2012) estimam que nos próximos 10 anos irão ser substituídos 150 milhões de computadores, que levarão à produção de uma quantidade significativa de REEE. O crescente consumo de EEE no Brasil tem sido motivo de preocupação em relação à sua gestão, quando os equipamentos se tornam inutilizáveis (Ongondo et al., 2011a). A Política Nacional Brasileira de Gestão de Resíduos (designada Política Nacional de Resíduos Sólidos) é a legislação que inclui os REEE e foi aprovada em Agosto de 2010, presente na Lei nº12.305/2010 (Presidência da República, 2010). Esta política trata de forma abrangente os problemas relacionados com a gestão de todos os resíduos sólidos e é seguida pelo princípio de responsabilidade compartilhada (Araújo et al., 2012). Isto faz com que a política brasileira seja bastante diferente da política europeia e de outros países, que segue o princípio da responsabilidade do produtor. No entanto, esta lei não é acompanhada pelo Estado, tornandose pouco útil (Araújo et al., 2012). O Mato Grosso, um estado do Brasil, tornou-se o primeiro estado da América Latina a aprovar uma lei designada “Lei REEE”. Esta lei específica aprova a redução deste tipo de resíduos (Sustainable Electronics Initiative, 2013). O estado do Paraná implementou a ”Lei Resíduos Zero”, que é orientada para a Estratégia de Design para o Fim de Vida com os fabricantes a ajudar a proteger o ambiente (Sustainable Electronics Initiative, 2013). São Paulo é o único 171 estado federal brasileiro com a legislação de REEE baseada na responsabilidade alargada do produtor, a Lei nº13/576 de 6 de Julho de 2009 (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, 2009). Não existem dados nacionais consolidados sobre resíduos sólidos no Brasil, muito menos de um fluxo específico, como é o caso dos REEE (Araújo et al., 2012). No entanto, Ongondo et al. (2011a) avança com uma estimativa de 679000 toneladas de REEE anualmente, provenientes de telemóveis, computadores, rádios, máquinas de lavar, frigoríficos e equipamentos refrigeradores. Em 2006, por exemplo, o per capita de REEE produzidos foi de 2,6kg (Ongondo et al., 2011a). No Brasil, a gestão dos REEE ainda não está bem estabelecida, onde os equipamentos são doados ou revendidos a classes da população mais pobre resultando num aumento da vida dos produtos, mas com grandes variações regionais (Araújo et al., 2012). Ao nível da reciclagem, o Brasil promove a reciclagem de alguns materiais como plástico, madeira, vidro, aço, alumínio e cobre, apesar da refinação dos metais não ocorrer (Oliveira et al., 2012). As PCI são exportadas para países como Canadá, Bélgica e Singapura (Schluep et al., 2009). Argentina Os REEE são uma preocupação crescente na Argentina, onde os equipamentos informáticos e de telecomunicações e EEE de uso doméstico estão a aumentar de forma acentuada (Ongondo et al., 2011a). Foi realizada uma estimativa, que enuncia que foram gerados 2,5kg por habitante e por ano, correspondendo a 100000 toneladas de REEE, o equivalente a 1% de todos os RU produzidos no país (Protomastro, 2009). Segundo o mesmo autor esta estimativa é considerada como conservacionista, pois não tem em linha de conta eletrodomésticos, televisores e outros equipamentos de consumo. Na cidade de Buenos Aires a produção de REEE ronda os 7kg per capita anualmente (cerca do dobro do resto do país) (Sametband, 2011). O país possui um setor informal robusto para a gestão de materiais recicláveis, embora os REEE continuem a não ser um alvo importante neste setor. Apenas algumas empresas operam programas de retoma e em equipamentos específicos, como por exemplo televisores, computadores e telemóveis (Ongondo et al., 2011a). No entanto, existem quantidades consideráveis de REEE que ainda têm como destino final as lixeiras municipais (Protomastro, 2009). A Lei de Resíduos Eletrónicos, que ainda não entrou em vigor terá como objetivo incentivar os produtores de EEE ao Eco-Design”. Esta lei prevê a eliminação de substâncias perigosas no design dos equipamentos, que prejudicam o meio ambiente e põem em risco a saúde dos trabalhadores, onde os produtores são responsáveis legalmente e financeiramente pelo ciclo completo dos seus produtos. Além disso, esta lei baseia-se no princípio da responsabilidade 172 alargada do produtor. Adicionalmente, a legislação define a reutilização e reciclagem como métodos de valorização de REEE e por fim a legislação promove uma gestão nacional de resíduos eletrónicos, que permite aos consumidores que se livrem dos equipamentos com segurança (Greenpeace Argentina, 2011). Estados Unidos da América Em 2005, mais de 1,36 milhões de toneladas de REEE são gerados e descartados, principalmente em aterros sanitários, esperando-se que este valor acresça nos próximos anos (Kahhat et al., 2008). Em 2007, foram produzidos 2,25 milhões de toneladas de REEE, sendo que cerca de 18% foram recolhidos para reciclagem e 82% foram encaminhadas para aterros. No mesmo ano, quase 27 milhões de televisores foram descartados, com 99 milhões de televisores a serem armazenados (EPA, 2010). Em 2010, foram descartados 40 milhões de computadores usados e resíduos de computadores, nos quais 30% foram reutilizados internamente, 6-29% foram exportados, 17-21% foram depositados em aterros e 20-47% foram recolhidos para reciclagem (Kahhat e Williams, 2012). A nível nacional, as iniciativas que promulgam a legislação não têm sido bem-sucedidas, com vários projetos-lei recentemente em debate e com uma baixa taxa de implementação (Bohr, 2007; Ongondo et al., 2011a). Atualmente, nos EUA tem-se focado em dois pontos principais: deposição de REEE em aterros sanitários e exportação de REEE (Kahhat et al., 2008). De acordo com a EPA, entre 2003 e 2005, cerca de 80-85% dos REEE terminou em aterros sanitários. Os aterros sanitários são uma ameaça para o ambiente e saúde humana e existem maiores benefícios com a adoção da reciclagem e reutilização (Kahhat et al., 2008). A exportação dos REEE está a ser alvo de bastante atenção nos EUA, sendo que neste país é comum a exportação para países em desenvolvimento, que constitui uma violação à Convenção de Basileia, em alguns casos (Kahhat et al., 2008). Embora os EUA não violem nenhuma lei nacional na exportação de REEE, é necessária uma notificação prévia entre os EUA e o país importador, necessária ao cumprimento da Convenção de Basileia. Para além disso, os EUA assinaram acordos bilaterais com países importadores tendo em vista a exportação de materiais perigosos (Secretariat of the Basel Convention- United Nations Environment Program, 1992; U.S.EPA, 2008 citado em Kahhat et al., 2008). Estima-se que até 80% dos REEE inicialmente recolhidos para fins de reciclagem estão a ser exportados para países em desenvolvimento, onde geralmente ocorrem somente procedimentos informais de reciclagem (BAN e SVTC, 2002 citado em Kahhat et al., 2012). Face à situação da gestão de REEE nos EUA, muitos dos seus estados começaram por aumentar o esforço de recolha, reciclando os REEE de setores domésticos e comerciais (Kahhat et al., 2008). Por exemplo, o Estado da Califórnia aprovou uma lei de taxas de cobrança ao 173 consumidor, designada de taxa avançada de reciclagem, na altura em que os equipamentos são comprados (Kahhat et al., 2008). Em Janeiro de 2006, Maine iniciou o seu programa de REEE abrangendo monitores, televisores e computadores portáteis descartados a nível doméstico, onde a responsabilização do sistema é partilhada pelos municípios (custo e processo de recolha) e produtores (consolidação, transporte e custo de processamento) (Kahhat et al., 2008). Em 2008, a Assembleia Legislativa do Estado de Washington criou a lei de Reciclagem dos Produtos Eletrónicos. Esta lei exige que os produtores de computadores e televisões forneçam serviços de reciclagem em todo o estado, sem nenhum custo para os consumidores (Kahhat et al., 2008). Dos 21 estados/cidades com leis pendentes, 15 deles introduziram leis de responsabilidade do produtor como Connecticut, Havai, Illinois, Massachusetts, Maryland, Minesota, Nebraska, Nova Jersey, Nova Iorque, Oregon, Rhode Island, Carolina do Sul, Tenessee, Vermont e cidade de Nova Iorque. Ainda quatro destes estados já enunciados estabeleceram a taxa avançada de reciclagem como o Havai, Massachusetts, Carolina do Sul e Nova Jersey (EIATRACK, 2007 citado Kahhat et al., 2008). Existem atualmente várias opções de recolha de REEE utilizados nos EUA, incluindo recolha municipal, eventos especiais de deposição, deposição permanente e pontos de venda (Kang e Schoenung, 2005). Canadá Estimou-se que em 2002, a quantidade de REEE no Canadá foi de 140000 toneladas, o equivalente a 4,5kg per capita de REEE (VanderPol, 2003). Uma outra estimativa, concluiu que 36% dos canadienses armazenam os seus velhos telemóveis, enquanto que apenas 12% são reciclados (Ongondo et al., 2011a). O Canadá é signatário da Convenção de Basileia (Environmental Canada, 2003 citado em Ongondo et al., 2011a). Embora não haja nenhuma lei federal no Canadá para os REEE, existem províncias que implementaram ou estão a planear implementar alguma forma de administração destes equipamentos. Estas incluem British Columbia, Ontario, Quebec, Alberta, Saskatchewan, Nova Scotia, Prince Edward Island e Manitoba (Mckerlie et al., 2006; Environmental Canada, 2003 citado em Ongondo et al., 2011a; Blakes, 2011). Entre 2003 e 2010, mais de metade de todas as províncias canadienses aprovaram a legislação específica para regular a disposição dos REEE (Lepawsky, 2012). No Ontario, Quebec, Nova Scotia, Saskatchewan, British Columbia, Manitoba e Prince Edward Island, a legislação requer a participação num programa aprovado e permite que os proprietários de marcas individuais para desenvolver os programas de manuseamento dos equipamentos para aprovação da entidade governamental apropriada. Isto implica o desenvolvimento de um programa de recolha e reciclagem para REEE, que atende as especificações estabelecidas na legislação aplicável (Blakes, 2011). Atualmente, a maioria das províncias têm uma ou duas organizações de indústrias que administram os programas aprovados (Blakes, 2011). 174 Anexo XII – Competências da APA segundo a Portaria nº573-C/2007, de 30 de Abril. Compete à APA a partir do Departamento de Fluxos Especiais e Mercados de Resíduos no domínio dos fluxos de resíduos: Acompanhar e implementar a legislação relativa à gestão de fluxos específicos de resíduos, e avaliação de novas estratégias de gestão; Coordenar a instrução dos processos de licenciamento, emitir pareceres aos cadernos de encargos e preparar projetos de licenças a atribuir às entidades gestoras dos fluxos específicos de resíduos, às entidades de registo de produtores, e às entidades responsáveis por sistemas individuais de gestão de fluxos específicos de resíduos; Elaborar projetos de decisão relativos à aprovação do modelo económico e financeiro dos sistemas integrados e individuais de gestão de fluxos específicos de resíduos; Acompanhar os comités técnicos comunitários e processos de codecisão com incidência nos fluxos específicos e o subsequente processo de transposição de legislação comunitária; Assegurar a elaboração de normas e regulamentos necessárias à adequada gestão de fluxos específicos. Compete à APA, através do Departamento de Fluxos Especiais e Mercados de Resíduos, no domínio do acompanhamento das entidades gestoras e mercados de resíduos: Garantir a aplicação do sistema de indicadores de desempenho das entidades gestoras de fluxos específicos de resíduos e acompanhar a sua atividade, através dos respetivos relatórios de atividades, monitorizando o cumprimento dos objetivos, programas de comunicação e sensibilização, e de investigação e desenvolvimento; Promover auditorias às entidades responsáveis por sistemas integrados e individuais de gestão de fluxos específicos de resíduos; Desenvolver ações conducentes à organização, promoção e regulamentação do mercado dos resíduos de modo a estimular o encontro e oferta e procura destes bens, assim com a sua reutilização, reciclagem e valorização; Apoiar as autoridades com competências de fiscalização e de regulação na verificação do cumprimento das obrigações impostas às entidades responsáveis por sistemas integrados e individuais de gestão de fluxos específicos de resíduos, decorrentes da legislação em vigor e das licenças atribuídas; Assegurar o funcionamento da Comissão de Acompanhamento da Gestão de Resíduos. 175 Indicadores de Desempenho Indicadores Operacionais IndCC 625,80 l.t⁻¹ IndCE 16,47 kW.t⁻¹ IndCol 10 col.t⁻¹ Unidade IndAdeq Cont 1 0,03 adimensional IndAdeq Cont 2 0,02 adimensional Indicadores Económico-Financeiros IndL/P IndBal Econ IndCust U Indicadores Ambientais IndGWP Indicadores da Operação de Recolha IndTTotal 1 Unidade 3,86E-03 adimensional -2,60E+05 €.ano⁻¹ 1,89E+03 €.t⁻¹ 1.718,76 Unidade kg CO2.t⁻¹ Unidade 2,87 h.t⁻¹ 143,65 0,10 h.t⁻¹ 3,45 124,61 h.t⁻¹ IndDist Total 1 IndDist Total 2 7.070,30 km.t⁻¹ IndDist Efet 1 28,03 km.t⁻¹ IndDist Efet 2 168,38 km.t⁻¹ IndTTotal 2 IndTER 1 IndTER 2 h.t⁻¹ km.t⁻¹ Indicadores de Produtividade IndPr 1 Unidade 1,15E-01 t.col⁻¹.circ⁻¹ IndPr 2 1,61E-03 t.col⁻¹.circ⁻¹ IndPr 4 0,52 t.col⁻¹.diaTr⁻¹