Saúde em exame Informativo Médico E ditorial Edição 02 • Julho 2006 N esta Edição: Prezado(a) Colega, Este mês a Diagnósticos da América comemora mais uma importante aquisição: o LabPasteur, líder do mercado de análises clínicas de Fortaleza/ CE. A alta qualidade da área técnica e o reconhecimento da classe médica e dos serviços prestados pelo LabPasteur foram os principais diferenciais competitivos que levaram ao fechamento da operação. Aproveitamos este momento para mostrar a você como conseguimos cada vez mais ampliar a excelência de nossos serviços ao aumentar a quantidade de atendimentos. A matéria principal desta edição apresenta os nossos núcleos técnicos operacionais, onde são processados cerca de 2,5 milhões de exames por mês, com toda qualidade e confiança que são inerentes às nossas marcas. página 2 NTO: Fazer mais para fazer melhor página 4 Diagnóstico Laboratorial de Hepatites Falamos também sobre a principal causa de mortes no ocidente, as doenças arteriais coronárias, e sobre os mais recentes avanços tecnológicos no seu diagnóstico. Em outra matéria, dividimos com você um caso clínico que nos chama a atenção para um dos problemas que poderemos enfrentar com a chegada do Jogos Pan Americanos 2007: o choque térmico. página Angiotomografia de Coronárias página Uma boa leitura! 10 Endoscopia: Tecnologia e equipe especializada aliadas ao diagnóstico mais preciso página 11 Lazer & Cultura Vinho realmente faz bem à saúde? página Dr. Luiz Gastão Mange Rosenfeld VICE-PRESIDENTE MÉDICO DIAGNÓSTICOS DA AMÉRICA 8 Caso clínico “Heat Stroke” página Para finalizar, trazemos uma agenda dos principais congressos e simpósios dos próximos meses. Como nem tudo é trabalho, voltamos também a falar sobre vinhos. Dessa vez, abordando os seus benefícios para a saúde e as recentes descobertas da ciência nesse campo. 6 12 Agenda: Congressos, Eventos e Cursos Envie suas sugestões até dia 02/08 para a próxima edição do Saúde em Exame: [email protected] Fazer mais para fazer melhor Níveis de automação elevados levam mais qualidade para exames processados diariamente pela maior rede de medicina diagnóstica da América Latina Mundialmente, graças às tecnologias atualmente disponíveis nos equipamentos de laboratório clínico, que permitem a consolidação de grandes núcleos técnicos centralizados com equipamentos automáticos, já é possível a realização de milhares de testes por hora, no caso de exames de maior freqüência, com qualidade e produtividade ímpares. Em conseqüência da centralização das amostras, mesmo os exames de baixa freqüência, tendem a apresentar um aumento significativo nessas centrais e acabam por ser também beneficiados pelos processos de automação. Os núcleos técnicos recebem amostras de vários milhares de pacientes por dia. Eles são atendidos em unidades descentralizadas, o que possibilita o aumento de produtividade. A tecnologia da informação hoje suporta, em um processo com absoluta segurança, um sistema de cadastramento único de pacientes, com identificação de amostra por código de barras e a transmissão e impressão de resultados à distância. Os níveis de automação são elevados para quase todos os tipos de exames e o controle da qualidade muito mais rigoroso, que aliado aos controles de processo, proporciona coeficientes de variação extremamente baixos. Para a manutenção desses núcleos técnicos, a disponibilidade de capital é fundamental para investimentos em equipamentos e na sua atualização, para o suporte à logística envolvida na movimentação de amostras e para a montagem de uma estrutura física de produção, capaz de atender às necessidades de processamento de grandes volumes, disponibilidade esta cada vez mais acessível apenas a empresas de grande porte e comprovado crescimento sustentado. A Diagnósticos da América S. A. — DASA — processa exames de análises clínicas em sete regiões metropolitanas do Brasil, conforme apresentado no quadro 1, e atende as solicitações de médicos e clientes em suas marcas prestadoras de serviços de análises clínicas em medicina diagnóstica. Para garantir a execução rápida e precisa dos exames, a DASA possui um parque instalado de última geração que compreende seis laboratórios centrais (São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Cascavel, no oeste do Paraná, Brasília e Fortaleza), 15 laboratórios instalados em hospitais e serviços de emergência nestas regiões, além de um laboratório de referência para a execução de exames especializados de baixa freqüência. SÃO PAULO RIO DE JANEIRO CURITIBA Club DA Club DA Frischmann Aisengart Delboni Auriemo Lâmina Delboni Auriemo Lavoisier Bronstein Curitiba Santa Casa O diretor de produção da DASA, Maurício Viécili, explica que as instalações da empresa utilizam o que existe de mais moderno em tecnologia de produção laboratorial, com toda a infra-estrutura dos laboratórios concebida para excelência em qualidade e produtividade. “Todos os equipamentos e o sistema de informação laboratorial são de última geração, proporcionando a realização dos exames nos menores prazos, com total automação e o uso das metodologias analíticas mais modernas existentes”, diz. A DASA NOS HOSPITAIS O segmento de laboratório clínico hospitalar também passou por forte transformação nos últimos cinco anos. Foram desenvolvidos equipamentos automáticos de pequeno e médio porte, com alta velocidade de execução e baixíssimos níveis de interferência; sistemas precisos de beira de leito (point of care) e exames com alto valor preditivo, que facilitaram e solidificaram a decisão médica. “Em gestão de saúde hospitalar, a visão comum é de que quanto mais curta a permanência do paciente, mais efetivos são os resultados e menores serão os custos do paciente internado”, explica Viécili. CASCAVEL BRASÍLIA SALVADOR FORTALEZA Alvaro Pasteur Image Memorial LabPasteur Os modelos de laboratório hospitalar da Diagnósticos da América são focados na rápida execução dos exames que suportam as mais freqüentes decisões clínicas. Esses são realizados no próprio hospital por uma equipe técnica treinada e com o apoio de equipamentos que permitem a rápida execução dos exames, com baixo nível de interferência e alta precisão técnica. A ampla gama de exames complementares que suportam a decisão nos casos clínicos mais complexos é disponibilizada pela DASA nos núcleos técnicos centralizados, no laboratório de referência do grupo e também no exterior. De acordo com Viécili, são mais de mil tipos de exames que abrangem diversas especialidades com custos competitivos e atendem as necessidades do hospital e de seus pacientes. O modelo de atuação está presente em 15 hospitais e clínicas e oferece exames de análises clínicas e de imagem. Na página oposta: Núcleo Técnico Operacional, SP Abaixo: LabCart QUALIDADE CERTIFICADA NO BRASIL E EXTERIOR Toda essa estrutura de realização de exames, que hoje emprega mais de 600 profissionais nas suas áreas produtivas, incluindo cerca de 70 médicos dedicados ao diagnóstico laboratorial, é reconhecida e certificada dentro de padrões internacionais de qualidade. Os laboratórios da DASA são acreditados por dois programas para laboratórios médicos; um nacional, o PALC, da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial, e outro internacional, o CAP, do Colégio Americano de Patologistas, a mais antiga instituição certificadora de laboratórios clínicos em todo o mundo, que hoje acredita e promove o desenvolvimento da qualidade analítica em cerca de seis mil laboratórios. No Brasil, além dos laboratórios da DASA de São Paulo e do Rio de Janeiro, apenas outros quatro laboratórios são acreditados: CEDAP/ Joinville (SC), Previlab/ Piracicaba (SP), Laboratório Santa Luzia/ Florianópolis (SC) e LCA/ São Paulo (SP), conforme pode ser verificado no site do CAP (www.cap.org). Todos os processos e procedimentos realizados pela DASA são reconhecidos pelos mais respeitados órgãos nacionais e internacionais. “Para assegurar e comprovar sua qualidade, a DASA foi buscar as mais rigorosas certificações de qualidade, como ISO 9001:2000 e INMETRO, além das acreditações do PALC e CAP”, afirma Viécili. Além disso, pensando na saúde e segurança de seus funcionários e na consciência e respeito ao meio ambiente e comunidade, a Diagnósticos da América formatou seu sistema integrado de gestão e é hoje a única empresa do segmento a obter ambas as certificações ISO 14001 e OHSAS 18001. Segundo o “Institute of Medicine” (IOM), organização ligada ao NIH nos Estados Unidos, a qualidade dos resultados é positivamente influenciada pela quantidade. Um estudo realizado pelo IOM em 1998 demonstrou que “Quanto mais testes são realizados, melhor é a sua execução e maiores são a consistência e a precisão dos resultados obtidos”. Esta evidência corrobora um ditado que valoriza a experiência em medicina: “Quem faz mais, faz melhor...” Infra-Estrutura: Produção de Análises Clínicas Testes Produzidos em 2005 29,2 milhões Menu de Exames 3.000 Laboratórios Centrais 5 Laboratório de Referência 1 Laboratórios Hospitalares 15 Certificações ISO 9000/2000 Acreditações CAP, PALC Equipamentos em Operação 700 Equipamentos de Grande Porte 300 Equipe de Produção 620 Médicos 70 • • • • • Experiência e qualidade no gerenciamento de SADT em hospitais Ampla gama de exames e agilidade na liberação dos resultados Processos confiáveis e resultados seguros Equipe especializada e qualificada para atendimento hospitalar Apoio Médico especializado na indicação de exames e interpretação de resultados, de forma a permitir que o médico do paciente possa orientar rapidamente o diagnóstico ou terapêutica Diagnóstico Laboratorial de Hepatites O diagnóstico etiológico das hepatites virais permanece um desafio para o médico. Um grande número de agentes etiológicos, associado às manifestações clínicas semelhantes, independente do agente etiológico causador da infecção, aumenta a importância da história epidemiológica e da busca dos marcadores sorológicos para a definição do real patógeno causador da infecção. Diferentes estágios da doença complicam ainda mais a interpretação dos marcadores sorológicos, que podem diferenciar um quadro agudo de hepatite crônica. Freqüentemente se evidencia a presença de marcadores indicando hepatite viral em atividade, com apresentações clínicas completamente assintomáticas ou oligossintomáticas. Os vírus A, B e C são responsáveis pela grande maioria das hepatites infecciosas. Assim, faremos uma breve revisão da importância dos marcadores para cada um dos agentes etiológicos em cada fase da doença. Dentre os marcadores não sorológicos, as transaminases hepáticas são as enzimas que mais se relacionam com o dano hepático causado pelos vírus hepatotróficos. O aumento destas enzimas ocorre precocemente após a infecção, às vezes precedendo o aparecimento dos anticorpos específicos ou da detecção dos antígenos virais. HEPATITE A Em relação à hepatite A, a interpretação é facilitada pela presença de apenas dois marcadores de importância. Os anticorpos da classe IgM são os marcadores de infecção aguda, e quando positivos, fazem o diagnóstico de doença aguda pelo vírus A. Como a hepatite A não evolui para cronificação, a detecção do anticorpo IgG, na ausência do IgM, denota apenas infecção passada ou exposição ao antígeno viral através de vacinação específica. HEPATITE B O diagnóstico da hepatite pelo vírus B é mais complicado. A combinação de detecção de dois antígenos virais (HBsAg e HBeAg) e de quatro anticorpos diferentes contra componentes virais (Anti HBs, Anti HBc, Anti HBc IgM e Anti HBe), fazem a diferenciação diagnóstica entre doença crônica e aguda, além de fornecer informação prognóstica em relação à cura e gravidade da infecção. A detecção da proteína de superfície do vírus B (HBsAg) mostra sempre a presença de viremia, mas isoladamente não consegue diferenciar a doença aguda da doença crônica. A associação do HBsAg com o anticorpo de classe IgM contra a proteína do núcleo (“core”) do vírus, o Anti HBc IgM, define o diagnóstico de hepatite B aguda. A presença do HBsAg, associado ao Anti HBc total positivo, com Anti HBc IgM negativo, diagnostica Hepatite B crônica. O desaparecimento do HBsAg e o aparecimento do seu anticorpo correspondente, o Anti HBs, demonstra resolução do quadro infeccioso hepático. Os pacientes vacinados terão a presença apenas do Anti HBs com ausência dos outros marcadores do vírus B. A associação de Anti HBs e Anti HBc está presente no paciente com passado de hepatite B, mas com cura da doença. O antígeno E (HBeAg), também uma proteína do núcleo, está presente sempre que ocorre replicação viral. Sua detecção, tanto nos quadros agudos como crônicos, mostra que o vírus está se replicando, o que representa sinal de mau prognóstico e maior gravidade da doença. Quando este antígeno se negativa e surge o anticorpo correspondente (Anti HBe), reduzem-se as chances de cronificação nos pacientes com hepatite aguda. Nos pacientes com hepatite B crônica, a presença do anticorpo Anti HBe não denota cura, uma vez que em situações onde o vírus se torna replicativo, há um retorno da detecção do HBeAg no sangue. HEPATITE C Em relação à hepatite C, existe apenas a detecção do anticorpo (anti HCV) como marcador de exposição ao vírus. Como grande parte dos pacientes expostos ao vírus C evolui com doença crônica, é mandatória a detecção do RNA viral por métodos de biologia molecular para todos os pacientes portadores de Anti HCV detectável. A presença de RNA qualitativo positivo demonstra doença em atividade, enquanto que a não detecção do RNA viral significa exposição passada com cura. Na tabela ao lado demonstramos as principais combinações destes marcadores com sua interpretação. Marcadores sorológicos e sua interpretação Hepatite A Marcador Interpretação Anti HAV IgM Quando positivo, significa Hepatite A aguda, independente do marcador IgG Anti HAV IgG Positivo em vacinados e em infecção prévia ao vírus A Hepatite B Marcador Interpretação HBs Ag positivo e Anti HBc IgM positivo Hepatite B aguda HBs Ag positivo, Anti HBc IgM ausente, Anti HBc total positivo Hepatite B crônica Anti HBs positivo e Anti HBc positivo Infecção prévia curada pelo vírus B. Anti HBs positivo isoladamente Vacinação para vírus B. HBeAg positivo Significa replicação viral tanto na Hepatite B aguda como crônica. Nos pacientes com Hepatite B crônica, pode estar presente junto com Anti HBe. Anti HBe Sua positivação na Hepatite B aguda aumenta as chances de cura do paciente. Hepatite C Marcador Interpretação Anti HCV Quando positivo, denota exposição ao vírus C. Necessita da realização do PCR RNA do vírus C para definição de cura ou cronificação. Quando positivo, significa infecção crônica e quando negativo, significa cura da doença. Angiotomografia de Coronárias INTRODUÇÃO A doença arterial coronária é a principal causa de morte nas nações do ocidente. A aterosclerose é uma doença heterogênea de comprometimento sistêmico que pode se manifestar por placas fibrosas ou calcificadas estáveis, placas lipídicas instáveis ou placas mistas. A composição da placa é um fator importante na previsão de possíveis roturas e complicações clínicas, como o infarto agudo do miocárdio. Placas com acúmulo lipídico extracelular e necrose central envoltas por uma fina capa fibrosa são mais propensas a romper e desencadear eventos fatais. A detecção das placas instáveis, acompanhada pela terapêutica de redução dos fatores de risco, configuram atualmente a forma ideal para o controle da doença. Tradicionalmente, a identificação da doença por imagem é feita de forma invasiva pela cineangiocoronariografia ou cateterismo cardíaco, que demanda a introdução de um catéter em uma artéria periférica, seu deslocamento até os vasos cardíacos, a injeção de contraste iodado e o acompanhamento por radioscopia em tempo real. O cateterismo cardíaco demonstra a oclusão arterial ou a estenose mas, por ser um luminograma, não informa o tamanho e a composição da placa presente na parede do vaso em questão. Se a placa não determinar redução da luz do vaso, ela não será detectada, o que pode ser fatal, já que até 2/3 dos infartos do miocárdio são causados por placas não obstrutivas, e entre 20% e 40% dos pacientes com risco para evento isquêmico agudo possuem cateterismo normal. Além disso, por ser um exame invasivo, algumas complicações podem ocorrer durante ou após o procedimento, incluindo sangramento, infecção, acidente vascular cerebral, dissecção coronari- ana e até morte. A grande vantagem do cateterismo é a sua disponibilidade como recurso terapêutico através da dilatação do segmento estenótico por balão e a colocação de “stents”. Não obstante, somente 1/3 dos cateterismos cardíacos feitos nos EUA são acompanhados por um procedimento terapêutico, enquanto que os outros 2/3 são realizados somente para fins diagnósticos. Durante os últimos anos, um rápido progresso vem sendo experimentado nas modalidades de exame que demonstram de forma não invasiva a doença arterial coronária. Neste contexto, a tomografia computadorizada (TC) vem ocupando posição de liderança, sendo até o momento, superior à ressonância magnética cardíaca. O estudo por imagem do coração é um procedimento desafiador, especialmente em decorrência das distorções (artefatos) geradas pelos batimentos (movimentação) do órgão. A angiotomografia de coronárias iniciou o seu caminho através da EBCT (“electron-beam CT”) e mais recentemente evoluiu com o surgimento da tecnologia de múltiplos detectores ou múltiplos canais (MDTC). O exame é realizado com monitorização eletrocardiográfica contínua pelo aparelho, para a sincronização dos dados obtidos do ciclo cardíaco do paciente, sendo estes então localizados espacialmente em cada fase cardíaca (desde a sístole até a diástole). mações morfológicas, tanto do miocárdio como das artérias coronárias. As artérias coronárias são de pequeno diâmetro e de trajeto complexo. O calibre destes vasos varia desde 4 a 5mm no tronco coronariano esquerdo até 1mm na porção distal da artéria descendente anterior. Tomógrafos de 16 canais oferecem resolução isotrópica efetiva de 0,6mm, o que aumenta bastante a capacidade de detecção de doenças ao longo destes vasos. Além disso, por causa da natureza seccional da TC, a parede arterial também é estudada com detalhe, sendo possível a caracterização das placas ateroscleróticas, fato determinante no tratamento e prognóstico dos pacientes, já que as placas não calcificadas e mistas são vulneráveis, ao contrário daquelas calcificadas que são consideradas estáveis. O EXAME O pós-processamento das informações é outro fator de forte impacto, tornando possível a elaboração de imagens tridimensionais, funcionais e até a navegação virtual. Na MDTC, imagens de finas fatias do coração (menores que 1mm de espessura) e a grande velocidade permitem a aquisição de infor- O exame não tem muita diferença técnica quando comparado a uma tomografia do tórax. O paciente deve estar em jejum de pelo menos 3 horas e apresentar ritmo cardíaco regular e menor que 60bpm, o que é obtido através do uso de betabloqueadores ou bloqueadores de canal de cálcio por via oral ou venosa. O exame é realizado com o paciente em apnéia curta e é dividido em duas partes. A primeira fase visa detectar e quantificar o cálcio coronário, não sendo necessário portanto o uso do contraste iodado. Na segunda fase é feito o estudo específico das artérias coronárias, através da injeção do agente de contraste iodado por bomba infusora. Após a finalização do exame, os dados são cuidadosamente revisados e trabalhados pelo médico em uma estação de trabalho (“workstation”), sendo então geradas as imagens tridimensionais e o laudo. Para reduzir os artefatos provocados pelos batimentos cardíacos, as imagens devem ser geradas na diástole, que é a fase do ciclo cardíaco onde há menor movimento. Como o exame depende de um ritmo cardíaco regular, a presença de fibrilação atrial e extra-sístoles freqüentes prejudicam a análise final do exame, tornando-se contra-indicações relativas. A presença de extra-sístoles esporádicas (menor que seis batimentos por minuto) geralmente não configura grande problema, uma vez que é possível se editar o eletrocardiograma adquirido e excluir determinado batimento ectópico. ESCORE DE CÁLCIO A presença de focos calcificados de alta densidade na parede das artérias coronárias é indicativa da presença de aterosclerose. O cálcio coronariano tem um papel potencial de indicar pacientes vulneráveis a síndromes coronarianas agudas, sendo considerado como um fator de risco, podendo no futuro fazer parte da estratificação de riscos de Framingham. Indivíduos assintomáticos realizam o exame com o objetivo da prevenção primária. O algoritmo mais utilizado para a quantificação do cálcio coronariano é o escore semi-quantitativo, baseado na análise corte a corte descrita por Agatston. ANGIOTOMOGRAFIA CORONARIANA Além do diagnóstico da doença coronariana aterosclerótica, a angiotomografia tem se mostrado capaz de detectar anomalias anatômicas e avaliar a patência das pontes vasculares (enxertos). O estudo de “stents” ainda é limitado em virtude dos artefatos gerados pelo material metálico. Acima: Visão inferior da reconstrução tridimensional do coração, evidenciando terço distal da coronária direita e seus ramos. Na página oposta: Visão anterior da reconstrução tridimensional do coração, evidenciando tronco de coronária esquerda e seus ramos. Por causa dos padrões distintos dos movimentos das artérias coronárias, as reconstruções em diferentes fases do ciclo cardíaco são necessárias para a visualização adequada de um vaso específico. A freqüência cardíaca do paciente é inversamente relacionada com a qualidade da imagem produzida, por isso são utilizadas drogas cronotrópicas negativas para reduzir a freqüência cardíaca abaixo de 60 bpm. A densificação coronária pelo agente de contraste iodado deve ser alta o suficiente para detectar lesões estenóticas, mas não tão alta a ponto de impedir a identificação de calcificações parietais. A infusão de solução salina imediatamente após a injeção do contraste ajuda a reduzir os artefatos gerados pela alta concentração do meio de contraste na veia cava superior e coração direito. Quanto mais rápido for o tomógrafo, menor será o volume de contraste necessário e conseqüentemente menos intensa será a sua ação nefrotóxica. FUNÇÃO CARDÍACA O acesso não invasivo à função cardíaca é normalmente feito pelo ecocardiograma e pela ressonância magnética cardíaca. Em pacientes submetidos ao cateterismo cardíaco, o volume ventricular esquerdo e a função cardíaca também podem ser determinados. Tanto o ecocardiograma como o cateterismo utilizam métodos geométricos de suposição para o cálculo do volume ventricular. Os dados axiais obtidos na tomografia permitem a obtenção de cálculos tridimensionais do coração. A tomografia sincronizada ao ECG permite que as imagens axiais possam ser reconstruídas em qualquer fase do ciclo cardíaco. Normalmente, as reconstruções são feitas somente na diástole para minimizar a influência dos artefatos de movimento. Entretanto, parâmetros básicos da função cardíaca, como a fração de ejeção ventricular direita e esquerda e a espessura da parede miocárdica, podem ser adquiridos por meio de técnicas de reconstrução volumétrica durante o final da sístole e o final da diástole. Imagens dos eixos curto e longo do coração são usadas para facilitar a segmentação ventricular em diferentes fases do ciclo cardíaco. Estudos recentes demonstram boa correlação entre estes parâmetros obtidos pela MDTC e os outros métodos tradicionais. Diagnósticos da América: Caso clínico “Heat Stroke” Caso apresentado pela equipe do CTI do Hospital Pró-Cardíaco (RJ), no XII Congresso Brasileiro de Terapia Intensiva, realizado em Olinda, Recife, em abril de 2006. CASO CLÍNICO Um jovem inglês de 32 anos, há seis meses morador do Rio de Janeiro, sem comorbidades prévias, participante de uma corrida de 10km, para a qual não se preparou anteriormente, em ambiente cuja temperatura oscilava em torno de 35º C e umidade do ar acima de 70%. História pregressa: ingestão de duas latas de cerveja nas últimas 24 horas e uso de um comprimido de anti-inflamatório não esteroidal (AINES). A partir do quinto quilômetro da prova, iniciou alteração do comportamento, desorientação e agitação psicomotora. Ao término do percurso, apresentou agressividade, seguida de síncope. No primeiro atendimento foi sedado com benzodiazepínico – (diazepam) e hidratado até ser transferido para o hospital mais próximo, onde foi medicado com betabloqueador (metoprolol) para taquicardia e novamente sedado com dose de diazepam para controle de agitação psicomotora. Foi então transferido para nossa unidade hospitalar, onde chegou ainda com sinais de desidratação, oligúrico e prostrado. O exame físico demonstrava Tax 39°C, FC 132, PA 160x80, FR 22, lactato de 5mmol (VR-1.5), acidose metabólica e hemoglobinúria. Mantida a hidratação, foi iniciada alcaliniza- ção da urina, além de monitorização de enzimas musculares e hepáticas. Ainda no 3º dia, apresentava colúria, oligúria, plaquetopenia e consumo dos fatores de coagulação, com elevação do complexo trombina-antitrombina (TAT), D dímero, fragmento 1,2 e redução dos níveis de fatores de síntese hepática, com alargamento do INR (Tabela 1). No decorrer do terceiro dia de internação, foi diagnosticada insuficiência hepática aguda, sendo então admitido no Centro de Terapia Intensiva (CTI). Neste setor, o paciente apresentava um índice de gravidade Apache II nas primeiras 24h de terapia intensiva de 10 pontos (baixo), um índice DIC score (índice para coagulação intravascular disseminada): 8 (elevado) e um índice SOFA (índice de disfunção orgânica): 8 (elevado), indicando a extrema gravidade clínica. Apesar da falência hepática grave, como demonstrado pela fibrinólise e falência da função coagulante hepática (Tabela 1), o paciente não preenchia os critérios para transplante hepático, baseado nos critérios do King’s College. Foi tratado com administração de aprotinina juntamente com as medidas habituais de suporte de insuficiência hepática, além de reposição volêmica e nutricional adequadas. Houve recuperação da função hepática no decorrer de seis dias, após os quais o paciente recebeu alta da UTI. No 12º dia de internação, recebeu alta hospitalar, sem seqüelas. DISCUSSÃO “Heat Stroke” ou choque térmico é definido pela elevação da temperatura corporal central acima de 40ºC, acompanhada de pele seca e quente, náuseas, vômitos, desidratação e, nos casos graves, rabdomiólise e insuficiência renal aguda, além de alterações do sistema nervoso central (SNC), como convulsões, delírio e até mesmo coma. Do ponto de vista humoral, ocorre associação de hipertermia com resposta inflamatória sistêmica, o que pode resultar inclusive em disfunção de múltiplos órgãos. Neste caso, a história de esforço acentuado, realizado por atleta com baixo condicionamento físico, sem outras causas para falência hepática, como uso de medicamentos ou infecção por vírus de hepatite, levaram ao diagnóstico de “heat stroke”, corroborado pelos exames laboratoriais, demonstrando elevação das enzimas musculares e das enzimas hepáticas e alteração dos marcadores de coagulação. CONCLUSÃO Faltando pouco mais de um ano para os jogos Pan Americanos na cidade do Rio de Janeiro e lembrando que a temperatura desta cidade equipara-se às das regiões mais áridas durante o verão, ressaltamos a importância dessa patologia comum em ambientes quentes, com pouca umidade do ar ou em atletas pouco preparados, que executam esforço físico além de suas capacidades. Exames laboratoriais demonstrando a grave disfunção hepática e da coagulação, com posterior recuperação Exames Admissão(D1) Fase aguda (D4) Convalescença (D8) Leucócitos 11.000 6.100 8.900 Plaquetas 138.000 42.000 203.000 PCRt 0,3 0,2 0,7 Hemoglobinúria ++ ++ - Mioglobina 2.421 300 465 Lactato 5,9 5,0 2,6 CPK 4.250 10.220 5.583 U 43 19 26 Cr 1,8 0,9 1,1 LDH 16.158 12.000 835 TGO 114 3.836 210 TGP 79 6.001 1.326 Gama GT 139 253 116 Bilirrubinas 2,5 7,4 5,5 TAT 25,5 107 <2,0 PAI 6,7 11,3 4,18 Fragmento 1, 2 0,7 0,7 0,9 Fibrinogênio 212 66 166 Fator V 9 73 101 INR 3,67 5,67 1,23 D dímero 7.972 53.049 5.023 Proteína C 44 23 49 Antitrombina III 78 51 58 Valores em vermelho fora do padrão de normalidade. Endoscopia: Tecnologia e equipe especializada aliadas ao diagnóstico mais preciso O Setor de Gastroenterologia da Diagnósticos da América tem como proposta aliar alta tecnologia com recursos humanos altamente capacitados. Composto pelas unidades ambulatorial e hospitalar, atua nas áreas de endoscopia digestiva, respiratória e motilidade do aparelho digestivo. Nas unidades ambulatoriais, realizamos exames focados no diagnóstico das diversas afecções que podem acometer o aparelho digestivo e respiratório superior através dos seguintes exames: Endoscopia Digestiva Alta, Colonoscopia, Cápsula Endoscópica, Manometria, pHmetria do esôfago e Laringoscopia. No setor hospitalar, além dos exames já referidos, realizamos outros procedimentos diagnósticos, como Colangiopancreatografia, Ultra-sonografia endoscópica, Broncoscopia e uma vasta gama de procedimentos terapêuticos, como Papilotomia, retirada de cálculos biliares, colocação de próteses esofagianas e biliares, punções por ultra-sonografia endoscópica, ressecção e ablação com laser de argônio, entre outros. O Serviço de Endoscopia conta com equipe profissional qualificada, garantindo qualidade dos exames. Os laudos informatizados com captura e edição de imagem, que são entregues aos pacientes imediatamente após o exame, proporcionam relatórios com alto padrão de documentação e maior clareza de informações. Os equipamentos utilizados são de última geração e o sistema de limpeza e desinfecção obedece rigorosamente aos critérios da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva – SOBED. Além da eficiência dos exames, contamos com a maior segurança. Os procedimentos são realizados sob sedação consciente, individualizada e o paciente monitorizado durante todo o procedimento. Acima: Imagens de úlcera péptica gástrica Nosso crescimento e reconhecimento resultam do investimento contínuo em profissionais qualificados e experientes, qualidade e tecnologia. Estamos sempre à disposição da classe médica para dar total suporte nos diagnósticos, esclarecendo dúvidas sobre exames, preparo ou quaisquer outras informações relacionadas à área de medicina diagnóstica. Lazer & Cultura Vinho realmente faz bem à saúde? Mundialmente, pesquisas indicam que consumo da bebida pode beneficiar a saúde, mas seu teor alcóolico não pode ser esquecido Com benefícios para a saúde conhecidos desde os tempos mais remotos, o vinho acumula hoje inúmeras pesquisas de respeitadas instituições do mundo inteiro, que buscam comprovar suas influências positivas no corpo humano. Seus ganhos mais populares estão relacionados à prevenção das doenças coronarianas, mas há estudos que alertam para sua eficácia no combate a muitos outros males, como a doença de Alzheimer, herpes, cálculos renais e até o câncer. Na opinião do médico Alexandre Murad, responsável pelo setor de Cardiologia da Diagnósticos da América – DASA, está provado que, ao ser consumido moderadamente, o vinho diminui os riscos de doenças coronarianas, além de prevenir a ação de tromboses, derrames e acidentes vasculares cerebrais isquêmicos. “O vinho ou o suco de uva por si só já são responsáveis pela elevação das HDL (o bom colesterol) no sangue, além de diminuir a agregação das plaquetas. Associados os dois efeitos, o resultado será sempre benéfico à proteção do coração”, diz. Os estudos realizados por todo o mundo atestam também outras vantagens para o consumo da bebida. Entre elas, estão a prevenção do desenvolvimento de pedras nos rins e a diminuição das taxas de Doença de Alzheimer, além de alguns fatores exclusivos para as mulheres, como a diminuição dos sinais da menopausa, o auxílio no combate a osteoporose e a inibição do envelhecimento da pele. As pesquisas divulgadas mais recentemente apontam o resveratrol, substância encontrada na uva que elimina as plaquetas que provocam coágulos e entopem as artérias, como um possível aliado na luta contra o câncer e a herpes. Já na Antiguidade, Hipócrates (460 – 370 a.C.), o pai da medicina, utilizava o vinho no tratamento de diversas doenças agudas e crônicas. A bebida era utilizada como diurético, purgativo, anti-térmico, anti-séptico e também no tratamento de casos de depressão. Grande parte da literatura médica moderna que relaciona os benefícios do vinho para a saúde é da época dos congressos internacionais da Sociedade dos Médicos Amigos do Vinho, fundada em 1930 pelo médico Georges Portmann, em Bourdeaux, EUA. Mas foi somente na década de 60, com o chamado “Paradoxo Francês”, que o tema ganhou força mundialmente. Nessa época, descobriu-se que os franceses, apesar de suas dietas ricas em gorduras saturadas, fumo e sedentarismo, possuíam taxas de doenças coronarianas bem abaixo das registradas na população americana. Os estudos sugeriram que o segredo poderia ser um cálice ou dois de vinho tinto acompanhando as refeições. Desde então, como era de se esperar, grandes universidades e respeitadas entidades científicas formaram grupos para conduzir estudos acerca dos efeitos do vinho no organismo humano. Mesmo com tantos benefícios conhecidos, a indicação do consumo de vinho não faz parte, pelo menos por enquanto, do receituário médico. Como bebida de teor alcoólico, o vinho continua a ter efeitos adversos que não podem ser deixados de lado. Entre eles, o Dr. Alexandre Murad destaca o alcoolismo, distúrbios de comportamento, síndrome fetal alcoólica, hipertensão arterial, arritmias, miocardiopatias e até mesmo a morte súbita. E as pesquisas continuam, o que nos faz acreditar que muitas revelações podem ainda estar por vir. A genda XIV Congresso Internacional da Sociedade Brasileira de Oftalmologia 20 a 22/07/2006 Rio de Janeiro - RJ Tel: (21) 2557-7728 [email protected] www.sboportal.com.br XIV Congresso da Sociedade Brasileira de Hipertensão 03 a 05/08/2006 Curitiba – PR Tel: (41) 3022-1247 [email protected] www.sbh.org.br/sbh2006 XXII Congresso Brasileiro de Neurologia 19 a 23/08/2006 Recife – PE Tel: (71) 2104-3477 www.neuro2006.com.br II Congresso de Terapia Intensiva Pediátrica Neonatal 24 a 26/08/2006 Rio de Janeiro - RJ Tel: (21) 2512-9930 www.terapiaintensivarj.com.br 27º Congresso Brasileiro em Endocrinologia e Metabologia 06 a 09/09/2006 Recife - PE Tel: (81) 3423-1300 [email protected] www.endocrinologiape.com.br X Congresso Brasileiro de Controle de Infecção e Epidemiologia Hospitalar 11 a 15/09/2006 Porto Alegre - RS Tel: (51) 3061-2957 [email protected] www.abev.com.br/controledeinfeccao VII Congresso Luso-Brasileiro de Mastologia 20 a 23/09/2006 Natal – RN Tel: (84) 3201-0898 [email protected] www.mamaemnatal.com.br Sepse 2006 “Da Bancada à Beira do Leito” 15 e 16/09/2006 Rio de Janeiro - RJ Tel: (21) 2512-0666 [email protected] www.metodoeventosrio.com.br 33º Congresso Brasileiro de Pediatria 06 a 11/10/2006 Recife- PE Tel: (11) 3068-8595 [email protected] www.cbpediatria2006.sbp.com.br I Simpósio Internacional de Clínica Médica 15 a 17/09/2006 Armação de Búzios – RJ Tel: (21) 2723-9243 [email protected] www.sbcmrj.org.br VI Congresso Brasileiro de DST/ II Congresso Brasileiro de Aids 17 a 20/09/2006 Santos – SP Tel: (11) 3361-3056 [email protected] www.dstsaopaulo.org.br/congresso 40º Congresso de Patologia Clínica Medicina Laboratorial 19 a 22/09/2006 Curitiba – PR Tel: (21) 3077-1400 www.cbpcml.org.br Excelência em Medicina Diagnóstica ao alcance de todos Rio de Janeiro São Paulo Paraná Expediente Bahia Ceará Brasília Saúde em Exame é uma publicação trimestral da Diagnósticos da América S. 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