#2
Energia
Guia do
Empresário
por
Centro
Tecnológico
do Calçado
de Portugal
Indice
2
#2 Energia Guia do Empresário . CTCP
Introdução
05
Importância da racionalização energética
06
Enquadramento legal
10
Tipos de energia
14
Auditorias energéticas e PREn
23
Análise da factura energética
26
Dicas para a racionalização energética
Iluminação
Climatização
Ar Comprimido
Motores
Equipamento informático e outro
Eco-condução
30
31
32
38
40
44
46
Medição da eficiência energética
48
Bibliografia
50
#2 Energia Guia do Empresário . CTCP
3
Introdução
O custo da energia constitui actualmente um factor importante na
competitividade das actividades económicas. A melhoria da eficiência
energética pode por isso, originar benefícios significativos.
É comum a ideia de que a eficiência energética resulta de investimentos vultuosos. Este sentimento, muitas vezes errado, é inibidor da
implementação de políticas activas de utilização racional da energia.
Nestas situações, as políticas públicas devem contribuir para a mudança, impondo obrigações e premiando as boas práticas. O estabelecimento do SGCIE – Sistema de Gestão dos Consumos Intensivos
de Energia insere-se nesta estratégia.
É possível reduzir os consumos de energia adequando as condições
contratuais de aquisição de energia, eliminando perdas e consumos
desnecessários e substituindo equipamentos por outros mais eficientes nomeadamente na iluminação, climatização e ar comprimido.
A realização de uma auditoria energética é uma ferramenta importante que permite caracterizar a forma como é utilizada a energia e
identificar oportunidades para a redução do seu consumo.
O Guia Prático de Energia pretende contribuir para que as empresas
façam uma análise mais atenta dos custos associados à utilização
deste recurso e implementem acções que melhorem o seu controlo
e optimização.
© Stephan Drescher - iStock
CTCP, S. João de Madeira, Dezembro 2009
© hans slegers - iStock
Importância da
racionalização energética
deverá estar dimensionado de acordo
com as necessidades verificadas e ter
um elevado grau de eficiência.
Tem-se vindo a verificar um aumento
global do consumo de energia, acompanhado do aumento dos custos da
mesma, sendo previsível o agravamento
desta tendência.
A adopção de boas práticas por parte
dos diversos utilizadores permite o controlo e eliminação de pequenos consumos supérfluos. Somadas todas as pequenas poupanças é possível diminuir
significativamente os custos energéticos das empresas.
A diminuição das reservas petrolíferas e
a ausência de recursos energéticos fósseis em Portugal, que levam a uma dependência nacional face aos mercados
internacionais, são factores que contribuem para o agravamento dos custos
com a energia.
Num mercado cada vez mais competitivo, o controlo de custos é essencial
para a rentabilidade e mesmo a sobrevivência de uma empresa. Importa então
ser eficiente na utilização dos diversos
recursos.
A eficiência energética pode ser definida
como a optimização que podemos fazer
no consumo de energia.
Através da escolha, aquisição e utilização adequada dos equipamentos, é
possível alcançar significativas poupanças de energia, manter o conforto e aumentar a produtividade das actividades
dependentes de energia, com vantagens
do ponto de vista económico e ambiental.
Importa então, numa fase inicial, conhecer com rigor as necessidades de
cada organização e seleccionar cuidadosamente o equipamento a instalar. Este
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#2 Energia Guia do Empresário . CTCP
Há ainda que ter em conta que a produção de energia se apresenta como uma
actividade de elevado risco ambiental
pela utilização de recursos naturais,
alterações paisagísticas que afectam
os ecossistemas, emissões e resíduos
produzidos.
A produção de energia a partir de combustíveis fosseis, por exemplo, é a responsável por parte significativa das
emissões de gases com efeito de estufa.
A elevada concentração de gases com
efeito de estufa na atmosfera (particularmente o CO2) provoca a retenção da
energia solar, originando o aquecimento
global do planeta. Este fenómeno é extremamente preocupante, uma vez que
o aumento de 1 ou 2OC na temperatura
média do planeta tem consequências
graves no equilíbrio ambiental e na vida
humana.
A implementação de medidas de racionalização energética para além de
diminuir os custos de exploração, contribuirá para a redução do impacto ambiental e promoção da sustentabilidade
energética.
Em Portugal foi estabelecida uma Estratégia Nacional para a Energia (Resolução do
Conselho de Ministros n.º 169/2005 de 24 de
Outubro), constituindo uma série de linhas
orientadoras que promovem a redução da dependência externa e aposta nas energias renováveis, o aumento da eficiência energética
e a diminuição das emissões de CO2.
Para além da necessidade de optimizar e controlar os custos associados ao uso da energia
a nível nacional a sua gestão por parte dos
consumidores finais está também prevista
na legislação nacional, através do Decreto-Lei n.º 71/2008 de 15 de Abril. Este diploma
regula o sistema de gestão dos consumos
intensivos de energia (SGCIE) e é aplicável
às instalações consideradas consumidoras
intensivas de energia.
© Mats Persson - iStock
A energia é um factor primordial para as
actividades de qualquer empresa, mas
como outros recursos tem um preço.
Enquadramento legal
A gestão dos consumos energéticos está
regulamentada na legislação nacional pelos
seguintes diplomas legais:
> Decreto-Lei n.º 71/2008 de 15 de Abril estabelece o Sistema de gestão do consumo de energia por empresas e instalações
consumidoras intensivas (SGCIE);
> Portaria n.º 519/2008 - Aprova os requisitos de credenciação dos técnicos e entidades responsáveis, previstos no Decreto-Lei
n.º 71/2008, de 15 de Abril, que criou o sistema dos consumos intensivos de energia
(SGCIE);
> Despacho n.º 17313/2008 de 26 de Junho
- Sistema de Gestão dos Consumos Intensivos de Energia. Factores de Conversão;
> Despacho n.º 17449/2008 de 27 de Junho
- Sistema de gestão dos consumos intensivos de energia. Auditorias energéticas.
As entidades intervenientes no Sistema de
gestão do consumo intensivo de energia
são:
> DGEG – Direcção-Geral de Energia e
Geologia;
> DGAIEC – Direcção-Geral das Alfândegas
e Impostos Especiais sobre o Consumo;
> ADENE – Agência para a Energia.
Os documentos legislativos acima referidos
estabelecem quais as obrigações de instalações, onde se incluem as empresas, quando são classificadas como consumidoras
intensivas de energia.
© Evgeny Terentev - iStock
Uma empresa é considerada grande consumidora de energia quando atinge um consumo anual de 500 tep.
Independentemente de uma empresa ficar
ou não abrangida pelo SGCIE, o cálculo do
seu consumo anual de energia é obrigatório
e imprescindível de forma a avaliar a sua situação face ao SGCIE.
Na determinação do consumo energético
total devem ser incluídas as fontes de ener#2 Energia Guia do Empresário . CTCP
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Energia Eléctrica;
Gás (botijas de gás propano);
Gás natural;
Gasóleo e/ou gasolina para frota própria ou
abastecimento de geradores de emergência.
Dificilmente uma empresa de calçado poderá atingir o nível de consumo necessário
para que seja considerada consumidora intensiva de energia. Já no caso de empresas
de produção de solas, tendo em consideração a utilização de equipamento com maiores exigências energéticas será, possível
atingirem-se estes valores.
Paralelamente à gestão dos consumos
energéticos da indústria em geral, e na qual
se integra o sector do calçado, existe legislação específica que define quais os valores
que devem ser adoptados para o cálculo de
metas de redução dos consumos específicos de energia em subsectores da indústria
como o da fabricação do vidro, cerâmica ou
indústria têxtil.
Definição de Tonelada Equi-
Obrigações dos Consumidores Intensivos de
valente de Petróleo - TEP
Energia (CIE)
© Andriy Dykun - fotolia
gia utilizadas, que numa empresa de calçado são usualmente as seguintes:
Consumo > 500 tep/ano
> Promover o registo on-line das instalações no
tróleo (tep) é uma unidade de
portal SGCIE;
energia definida como o calor
> Realizar auditoria energética para identificação
libertado na combustão de
de medidas de eficiência energética com periodi-
uma tonelada de petróleo cru,
cidade de 8 anos;
tendo um valor de aproxima-
> Elaboração e apresentação (on-line) à ADENE
damente 42 gigajoules. Para
de um Plano de Racionalização dos Consumos de
ter uma base de comparação
Energia – PREn que depois de aprovado se conver-
comum entre os diferentes
te em Acordo de Racionalização dos Consumos de
vectores energéticos, todos os
Energia – ARCE;
consumos são convertidos em
> Elaboração e apresentação (on-line) à ADENE
teps, possibilitando assim a
de um Plano de Racionalização dos Consumos de
sua comparação e totalização.
Energia – PREn que depois de aprovado se conver-
Os coeficientes de conversão
te em Acordo de Racionalização dos Consumos de
das diferentes formas de ener-
Energia – ARCE;
gia encontram-se definidos no
> Execução e cumprimento do ARCE;
Despacho n.º 17313/2008 de
> Apresentação junto da ADENE dos relatórios de
26 de Junho.
execução e progresso do ARCE a cada dois anos de
Síntese de aplicação para instalações com consumos de energia iguais ou superiores a 500 tep/ano
Registo
Instalação
online
Auditoria
cada
8 anos
Apresentação
plano online
Possível
auditoria
ADENE
4
12
#2 Energia Guia do Empresário . CTCP
Plano com
medidas c/PRI<=3 anos
Relatório
de progresso
vigência do mesmo.
Nota: Para a realização de auditorias energéticas e elaboração do Plano de Redução de
Energia, as empresas devem recorrer a técnicos ou entidades devidamente habilitadas
para o efeito, bem como, para o controlo e responsabilidade da sua execução e progresso e
elaboração dos respectivos relatórios.
PLANO - ARCE
Meta de redução de 4% de Intensidade Energética e Consumo
Específico de Energia
Manutenção da Intensidade Carbónica
12
MESES
INSTALAÇÃO CIE
4
PENALIDADES
SE APLICÁVEIS
A tonelada equivalente de pe-
Relatório
de progresso
2
3
Relatório
de progresso
4
ANOS
Relatório
final ADENE
6
8
9
Tipos de energia
As fontes de energia podem classificar-se em primárias ou secundárias
de acordo com a sua origem.
Fonte de energia primária: uma
fonte de energia que existe num
estado natural e disponível na natureza (por exemplo o carvão mineral,
gás natural, madeira, petróleo bruto, urânio, sol, vento, água, ondas,
etc.), antes de ser convertida para
formas de uso final.
Fonte de energia secundária:
uma fonte de energia secundária resulta da energia que é transformada
a partir das fontes de energia primárias, como por exemplo a energia
eléctrica, gasolina, gasóleo.
Energias Não Renováveis
São energias cuja relação entre o seu consumo e
a sua produção em meio natural, não é equilibrada, levando a um esgotamento à escala humana.
As fontes das energias renováveis são recursos
que se encontram na Natureza em quantidades
limitadas e cuja utilização pelo homem leva ao
esgotamento das reservas existentes.
São exemplos a energia proveniente dos combustíveis fósseis como o petróleo, carvão mineral,
gás natural e a energia nuclear produzida a partir
da fissão nuclear do átomo de urânio.
O recurso a energias não renováveis tem como
principais consequências graves para o planeta e
para a Natureza a emissão de gases com efeito de
estufa no caso dos combustíveis fósseis e o perigo/insegurança de acidentes nucleares no caso
da energia nuclear aliado à geração de resíduos
radioactivos.
Energias Renováveis
As energias renováveis provêm de fontes e recursos que se encontram na Natureza e que são inesgotáveis à escala humana. As fontes de energia
renovável são primárias, podendo ser transformadas em fontes secundárias (Ex: Energia Eléctrica) ou ser utilizadas como energia primária (Ex:
Solar Térmico).
© Stephen Strathdee - iStock
O processo produtivo das energias renováveis é
muito mais limpo e ambientalmente mais sustentável do que o das energias não renováveis.
Os principais tipos de energias renováveis são:
Energia Solar
A energia solar pode ser utilizada directamente para aquecer e iluminar edifícios,
aquecer água de piscinas, sobretudo em
equipamentos sociais, para fornecimento de água quente sanitária nos sectores
doméstico, serviços, indústria e agro-pecuária.
A energia solar também possibilita a produção de elevadas temperaturas para
produção de vapor de processo ou geração de electricidade, através de tecnologias de concentração da radiação.
Através do efeito fotovoltaico a radiação
solar pode ser convertida em energia
eléctrica.
Energia Eólica
© Sebastian Meckelmann - iStock
O vento resulta do deslocamento de
massas de ar, derivado dos efeitos das
diferenças de pressão atmosférica entre
duas regiões distintas e é influenciado por
efeitos locais como as nuances de relevo
(orografia) e a rugosidade do solo.
A energia eólica é a forma de energia na
qual é utilizado o vento para produzir trabalho, sempre na forma de energia mecânica, esta por sua vez pode ser utilizada
directamente, ou convertida em energia
eléctrica.
As turbinas eólicas convertem a energia
cinética do vento em energia mecânica.
Esta energia mecânica pode ser utilizada
para muitas actividades (moer grão, bombear água) ou para alimentar um gerador
que a transforma em energia eléctrica
que pode ser injectada na rede eléctrica e
distribuída ao consumidor. Mas a energia
eólica também pode ter uma aplicação
descentralizada, ou seja, utilizada apenas
para fornecer electricidade num determinado local situado longe da rede eléctrica
de distribuição aos consumidores.
Energia Hídrica
Uma componente significativa da energia
solar que atinge a superfície terrestre
(cerca de 25%) é consumida na evaporação do ciclo da água.
No ciclo da água a precipitação sobre
as montanhas cria escoamentos convergentes nos vales, os rios, onde existe
um grande potencial energético: energia
hídrica que pode ser transformada em
electricidade.
A energia cinética da água é transformada em energia cinética de rotação da turbina hidráulica, e esta energia mecânica
da turbina finalmente em energia eléctrica.
A maior parte dos aproveitamentos hidroeléctricos utiliza barragens num rio
para armazenar água num reservatório.
Este armazenamento é feito em forma de
energia potencial, e como referido acima,
a energia potencial é transformada em
energia cinética quando a água é libertada do reservatório, fluindo através da turbina para produção de energia eléctrica.
#2 Energia Guia do Empresário . CTCP
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Energia dos Oceanos
A Biomassa é a matéria orgânica que,
quer seja de origem vegetal quer animal,
pode ser utilizada como fonte de energia.
A biomassa, depois do Sol, é uma das
mais antigas fontes de energia utilizada
pelo Homem.
Tipos de biomassa que são usados para
fornecer energia através de processos de
conversão termoquímica:
> Resíduos, incluindo-se nestes os resíduos florestais e os das indústrias da fileira
florestal;
> Resíduos agrícolas e das indústrias
agro-alimentares bem como os seus
efluentes;
> Excreta animal proveniente das explorações pecuárias;
> Fracção orgânica dos resíduos sólidos
urbanos;
> Esgotos urbanos;
> Culturas energéticas incluindo as culturas de curta rotação.
A energia das ondas tem origem directa
no efeito dos ventos, os quais são gerados
pela radiação solar incidente. Existem várias formas potenciais de aproveitamento da energia dos oceanos: energia das
marés, energia associada ao diferencial
térmico (OTEC), correntes marítimas e
energia das ondas.
Energia Geotérmica
A energia geotérmica é a energia do interior da Terra. A geotermia consiste no
aproveitamento de águas quentes e vapores para a produção de electricidade
e calor, tendo a vantagem de ser pouco
poluente. Nos processos geotérmicos
existe uma transferência de energia por
convecção tornando útil o calor produzido
e contido no interior da terra. O aproveitamento também pode ser feito utilizando a
tecnologia de injecção de água a partir da
superfície em maciços rochosos quentes.
Em Portugal tem sido desenvolvido um
projecto reconhecido internacionalmente
de aproveitamento da energia geotérmica
nos Açores desde 1973, existindo a Central Geotérmica Piloto de Pico Vermelho e
a Central Geotérmica da Ribeira Grande,
ambas em São Miguel.
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#2 Energia Guia do Empresário . CTCP
Actualmente a energia das ondas é uma
das formas de energia dos
oceanos que apresenta
maior potencial de exploração, tendo em conta a força
das ondas e a imensidão dos
oceanos.
Portugal foi um dos países
pioneiros na investigação &
desenvolvimento desta for-
ma de conversão de energia (finais da década de 70) através da criação da Central
Piloto Europeia da Ilha do Pico (Açores).
Recentemente foi instalada uma central
piloto de 2 MW ao largo de Póvoa de Varzim (6 km da costa, e a 43 m de profundidade).
Existem várias fontes de biocombustíveis
líquidos com potencial de utilização tecnicamente equivalentes aos combustíveis
fósseis, que podem realizar as tarefas de
mobilidade, como o biodiesel, etanol da
fermentação alcoólica e o metanol da
biomassa da celulose de lenhina.
Energia dos Biocombustíveis
Os biocombustíveis conhecidos como de
primeira geração são fabricados a partir de matérias vegetais produzidas pela
agricultura (beterraba, trigo, milho, colza,
girassol, cana-de-açúcar) que entram em
concorrência com culturas alimentícias.
Existem dois tipos de biocombustíveis:
gasosos e líquidos. Os biocombustíveis
gasosos têm origem nos
efluentes agro-pecuários,
da agro-indústria e urbanos (lamas das estações
de tratamento dos efluentes domésticos) e ainda nos
aterros de RSU (Resíduos
Sólidos Urbanos).
Estes resultam da
degradação
biológica
anaeróbia
da matéria
orgânica
contida nos
resíduos anteriormente
referidos e é
constituído
essencialmente
por
metano (CH4),
sendo vulgarmente designado por biogás.
Energia de Hidrogénio
O hidrogénio é o elemento químico mais
abundante no Universo, o mais leve e o
que contém o maior valor energético, cerca de 121 KJ/g. Este composto primordial, constituído quimicamente por um
único electrão em torno do núcleo, parece
ser capaz de muito, pois ao ser extremamente leve, as suas forças de ionização
são baixas permitindo extrair o electrão
que orbita, ionizando o hidrogénio. Este
electrão é suficiente para se produzir
uma corrente eléctrica desde que se consiga um fluxo constante de hidrogénio e
algo capaz de levar à sua ionização.
A energia do hidrogénio é geralmente
obtida através das pilhas de combustível
sendo a sua utilização mais comum nos
veículos automóveis. Este elemento químico além de abundante, permite através
de pilhas de combustível produzir electricidade e retornar vapor de água, eliminando a emissão de gases de efeito de
estufa na produção de electricidade.
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Energia da Biomassa
#2 Energia Guia do Empresário . CTCP
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A Energia e a Indústria em Portugal:
A Indústria em Portugal recorre essencialmente a electricidade como fonte de energia para os seus processos produtivos em
cerca de 70 %.
A maior parte da energia eléctrica produzida em Portugal é obtida através das
centrais termoeléctricas, por combustão
de combustíveis fósseis ou seja, utilizando
fontes de energia não renováveis.
Por outro lado, a produção de electricidade
por via térmica é a grande responsável pela
emissão de alguns gases nocivos para a atmosfera, nomeadamente gases com efeito
de estufa.
Para além da energia eléctrica os veículos
automóveis representam um fatia importante nos consumos energéticos de uma
empresa com frota própria, sendo geralmente utilizado gasóleo como combustível.
O sector do calçado não é excepção e segue
o mesmo padrão de fontes de energia:
€ / ANO
kWh / ANO
24,0%
23,9%
Gasóleo
(veículos)
Gasóleo
(veículos)
0,3%
0,3%
Gás butano
Gás butano
75,7%
75,8%
Electricidade
Electricidade
Exemplo da distribuição dos tipo de energia utilizados numa empresa de calçado (em custo e kWh/ano)
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#2 Energia Guia do Empresário . CTCP
Auditorias energéticas e PREn
As auditorias energéticas são ferramentas que permitem caracterizar a forma
como é utilizada a energia na empresa,
quer nas tecnologias de processo, quer
nas tecnologias horizontais (apoio à produção), identificando oportunidades para
a redução de consumos, ou seja estabelecendo posteriormente um Plano de Racionalização do Consumo de Energia (PREn).
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É possível a redução nos consumos energéticos, mantendo o conforto e a produtividade das actividades dependentes de
energia, através de implementação de
medidas que passam por adequação das
condições contratuais de aquisição de
energia, acções de sensibilização para a
utilização adequada dos equipamentos e
energia, permitindo a redução de consumos desnecessários, assim como o investimento em equipamentos mais eficientes
e/ou na introdução de energias alternativas.
O conteúdo de uma auditoria energética
e de um Plano de Racionalização do Consumo de Energia (PREn) foi previsto na
legislação nacional através da publicação
do Despacho n.º 17449/2008 de 27 de
Junho (2.ª série do Diário da República).
Neste diploma são especificados quais
os elementos que devem constar numa
auditoria energética e num PREn. Estes
elementos são obrigatórios no caso de
um consumidor intensivo de energia, que
necessite de apresentar o seu plano de racionalização à ADENE, sendo orientativos
para outras empresas.
A realização de auditorias energéticas
contempla:
> Levantamento detalhado e caracterização energética dos equipamentos e siste-
mas existentes numa instalação;
> Análise das facturas de energia;
> Análise do processo de fabrico, identificando os consumidores de energia e sua
utilização;
> Estabelecimento dos diagramas de carga (DDC) eléctricos dos sistemas considerados grandes consumidores de electricidade;
> Cálculo dos consumos específicos e de
indicadores de eficiência energética global da instalação;
> Identificação de oportunidades de redução de consumos;
> Análise da possibilidade de utilização
de fontes de energias alternativas, nomeadamente a integração de energias renováveis;
> Definição das linhas orientadoras para
a implementação ou melhoria de um esquema operacional de gestão de energia.
Como resultado da auditoria é elaborado
um relatório com a identificação dos pontos de melhoria e proposta de plano de
intervenção com a descrição de possíveis
medidas a implementar, estimativa do
investimento e benefício esperado numa
perspectiva de avaliação prévia do retorno
do investimento.
Com a realização de auditorias energéticas a empresa obtém um conhecimento
objectivo sobre a utilização da energia
tendo como vantagens:
> A redução da factura energética;
> Optimização da utilização de energia
(redução das perdas de energia na empresa);
> Redução do consumo de energia;
> Contribuição para o desenvolvimento
sustentável.
#2 Energia Guia do Empresário . CTCP
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Plano de Racionalização do Consumo de Energia – PREn
No caso de instalações consideradas
Consumidoras Intensivas de Energia
é ainda obrigatória a elaboração de
um PREn.
Após o levantamento da situação de
consumos energéticas através da auditoria energética num determinado
ano de referência devem ser estabelecidas metas relativas às intensidades
energética e carbónica e ao consumo
específico de energia.
Os objectivos mínimos definidos pelo
Sistema de Gestão dos Consumos
Intensivos de Energia obrigam a que
atinjam no mínimo metas de 4% de
redução de Intensidade Energética e
de Consumo Específico de Energia e
Manutenção dos valores de intensidade carbónica.
Para cada dois anos de vigência do
PREn, que depois de aprovado e na sua
implementação se designa de Acordo
de Racionalização dos Consumos de
Energia (ARCE), é elaborado um Relatório de Execução e Progresso.
Auditoria Energética
O que é?
Para que serve?
Caracterização do consumo ener-
Identificação de pontos de redução do
gético da empresa.
consumo de energia sem prejuízo para a
produção da empresa.
Indicadores a utilizar no PREn
Consumo específico de energia (kgep/
© webking - iStock
unidade de produção)
Intensidade energética (kgep/€)
Quociente entre o consumo total de ener-
Quociente entre o consumo total
gia e o volume de produção.
de energia e o VAB (valor acrescentado bruto).
Intensidade carbónica (kgCO2e/tep)
Quociente entre o valor das emissões de
gases com efeito de estufa da instalação e
o consumo total de energia.
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#2 Energia Guia do Empresário . CTCP
#2 Energia Guia do Empresário . CTCP
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Análise da factura energética
Uma verificação e um acompanhamento
regular da factura de energia eléctrica e
atenção face à selecção de comercializadores, tarifário, tipo de energia pode significar a redução dos custos energéticos.
Selecção do tarifário
Alta Tensão - Tensão entre fases cujo valor eficaz é superior a 45kV e igual ou inferior a 110kV e potência contratada igual
ou superior a 6MW. Requerida geralmente
pela indústria siderúrgica, grandes hospitais, indústria da celulose e indústria de
plásticos, etc.
A tarifa de energia eléctrica é o custo da
unidade de energia (€/kWh), sendo bastante diferenciada consoante o tipo de
tarifário seleccionado. Esta escolha assenta da divisão das 24 horas do dia em
períodos com custos unitários de energia
diferentes.
Muito Alta Tensão - Tensão entre fases
cujo valor eficaz é superior a 110kV e
potência contratada igual ou superior a
25MW. Utilizada pelos sectores de transportes ferroviários, indústria automóvel,
indústria de celulose, indústria de extracção mineira, etc.
Existem os seguintes tarifários:
Para as duas primeiras classes de tensão
contratada o tarifário divide-se num ciclo
diário em quatro períodos horários: horas
cheias, de ponta, horas de vazio e de supervazio, sendo este tarifário designado
de tetra-horário. Dentro do tarifário é possível optar por três subdivisões: curtas,
médias ou longas utilizações, sendo a última geralmente mais favorável no caso do
sector do calçado.
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Média Tensão - Tensão entre fases cujo
valor eficaz é superior a 1kV e igual ou
inferior a 45kV. Adequado, entre outros tipos de indústria, para o sector de moldes,
componentes automóveis, metalomecânica e sector do calçado.
Ciclo diário
Ponta
Cheia
Vazio normal
Super vazio
Inverno
Total de
inicio
Fim
horas
09:30
11:30
02:00
19:00
21:00
02:00
08:00
09:30
01:30
11:30
19:00
21:00
Ciclo diário
Verão
Total de
inicio
Fim
horas
10:30
12:30
02:00
20:00
22:00
02:00
09:00
10:30
01:30
07:30
12:30
20:00
07:30
22:00
01:00
22:00
23:00
01:00
00:00
02:00
02:00
06:00
08:00
02:00
22:00
00:00
02:00
02:00
06:00
04:00
Ponta
Cheia
Vazio normal
Super vazio
00:00
02:00
02:00
06:00
09:00
03:00
23:00
00:00
01:00
02:00
06:00
04:00
Ciclo diário no Inverno e no Verão
#2 Energia Guia do Empresário . CTCP
27
são significativamente inferiores. Deverá
ter-se em linha de conta que nem sempre o consumo de energia durante cada
período corresponde linearmente ao seu
custo como se pode visualizar no exemplo seguinte, em que para apenas 19%
de consumo energético (horas de ponta)
corresponde praticamente o dobro em
percentagem de custos:
Distribuição do consumo
anual de energia por tarifa
19%
Ponta
Energia reactiva
Distribuição do custo anual
de energia por tarifa
37%
58%
Ponta
Cheias
47%
7%
5%
Super
vazio
Super
vazio
16%
11%
Vazio
normal
Vazio
normal
Paralelamente a um rigoroso acompanhamento mensal da factura de energia
eléctrica, uma empresa poderá recorrer
pontualmente à utilização de simuladores disponíveis on-line para a selecção
do melhor tarifário, utilizando para tal a
informação dos seu consumos referentes
a um determinado número de meses, obtendo desta forma uma conclusão sobre a
escolha mais acertada para o seu padrão
de consumos energéticos.
Potência contratada
A potência contratada define o valor instantâneo máximo de energia eléctrica que
uma instalação de consumo pode rece-
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#2 Energia Guia do Empresário . CTCP
Cheias
ber, ou seja, a potência necessária para
que seja possível a utilização máxima de
equipamentos e iluminação. No regime
de média tensão para cada unidade de
potência (kW) contratado é cobrado um
valor mensal acrescido de um custo por
kW utilizado em hora de ponta que pode
ser até seis vezes mais caro.
A potência a contratar por cada instalação industrial implica o pagamento de
um termo tarifário fixo e como tal deve
ser ponderada de forma a permitir uma
utilização normal da sua capacidade produtiva, planeando sempre que possível a
deslocação de actividades para fora de
períodos de horas de ponta.
A energia reactiva é uma forma de
energia que está sempre presente
nas instalações industriais e deriva da
existência de postos de transformação
(PT). A energia reactiva pode ser indutiva quando é fornecida pela rede, e
capacitiva quando fornecida à rede. Devido às perturbações que este tipo de
energia poderá causar na rede de distribuição está prevista a cobrança de um
valor por parte do operador de energia.
A energia reactiva não acrescenta qualquer valor à actividade de uma empresa, representado apenas um custo que
pode ser evitado através da instalação de sistemas adequados, como por
exemplo, uma bateria de condensadores. O estado de funcionamento deste
equipamento deve ser verificado regularmente de forma a prevenir a geração
de energia reactiva e respectivo custo.
Exemplo de Desagregação dos Consumos Energéticos por Utilização Final – Empresa de
calçado com cerca de 45 trabalhadores.
4.7% Central de ar comprimido
0.4% Grupo de bombagem
7.8% Iluminação
1.8% Ar condicionado
85.2% Equipamentos eléctricos
© Nick M. Do - iStock
Uma análise detalhada e crítica às facturas de energia eléctrica permitirá avaliar
se há possibilidade de desviar algumas
das actividades desenvolvidas ao longo
de um dia de trabalho para serem realizadas em períodos em que o custo energético é menos elevado, ou seja, evitar as
horas de ponta e cheias e optimizar a utilização de electricidade em horas de vazio
e supervazio em que os custos unitários
Dicas para a racionalização energética
1. Iluminação
Uma iluminação adequada é fundamental
para um bom desempenho nas diversas
actividades. O consumo de energia para
iluminação pode representar entre 10
a 20% do total do valor total da energia
eléctrica, que importa minimizar.
Em primeiro lugar deverão ser avaliadas
as reais necessidades relativamente à
iluminação, tendo em atenção as actividades a serem realizadas em cada espaço. Níveis demasiado altos de iluminação
originam desperdícios energéticos e incomodidade visual, níveis demasiado baixos
propiciam cansaço, maior probabilidade
de erros e mesmo acidentes.
Consegue-se uma melhor gestão da iluminação se as áreas de trabalho forem seccionadas. Deverão ser instalados disjuntores por áreas de trabalho e interruptores
com um máximo de 6 pontos de luz, permitindo manter ligadas apenas as lâmpadas que estão a ser necessárias. Isto é
particularmente importante quando são
feitas horas extraordinárias ou trabalhos
por turnos em que apenas determinados
sectores/áreas/gabinetes se encontram
activos.
© frankoppermann - fotolia
O custo da iluminação poderá ser minimizado através de equipamento adequado
nomeadamente a utilização de lâmpadas
tipo fluorescentes (apresentam maior eficiência energética e maior durabilidade),
balastros electrónicos e de armaduras
espelhadas.
Apesar do custo inicial deste tipo de equipamento ser superior permite uma redução no consumo energético e em alguns
casos pode permitir uma diminuição do
nº de lâmpadas. A utilização de balastros
electrónicos, por exemplo, permite reduções de consumos na ordem de 20 a 30%.
Para iluminação exterior poderá ser ponderada a utilização de lâmpadas de vapor
de sódio de baixa pressão. Estas lâmpadas não permitem uma distinção clara das
diversas cores (normalmente não é um
factor importante no exterior), no entanto
são as lâmpadas que apresentam maior
eficiência.
É ainda importante manter limpos os sistemas de iluminação (lâmpadas, iluminarias, reflectores e difusores), pois garante
uma maior luminosidade e aumenta a vida
do equipamento.
Devemos aproveitar ao máximo a luz natural. Além de não afectar o ambiente
também não tem custos. Para tal:
> Dar preferência a edifícios com soluções
que permitam a entrada de luz natural
(placas translúcidas na cobertura, janelas
com boa iluminação, etc.);
> Manter sempre as janelas e envidraçados limpos e sem objectos que impeçam
desnecessariamente a entrada da luz natural;
> Utilizar cores claras e adequadas na pintura dos espaços, por forma a maximizar a
iluminação existente (natural ou forçada);
> Quando a luz natural for suficiente não
acender as luzes;
> Por fim, apagar sempre as luzes sempre
que o espaço fique vazio, mesmo que por
pouco tempo.
A instalação de sensores de movimento
pode ser uma forma eficaz de poupar na
iluminação, nomeadamente no caso de
espaços cuja utilização é pontual ou em
zonas de passagens, evitando que as luzes
se mantenham acesas sem necessidade.
#2 Energia Guia do Empresário . CTCP
31
O consumo de energia associado à climatização de espaços depende das características do equipamento utilizado, do
espaço a climatizar e do comportamento
do utilizador.
Ao seleccionar o equipamento deverá
escolher um com a classe energética de
maior eficiência. Os equipamentos energy
star e com tecnologia inverter apresentam um consumo energético inferior em
35% relativamente aos restantes equipamentos.
Deverá ainda optar por soluções tipo multi-splits ou, preferencialmente, centralizadas, com mecanismos de regulação local,
já que aumentam a eficiência do processo
e facilitam a manutenção dos sistemas de
climatização.
As características construtivas de um
edifício influenciam significativamente o
seu desempenho em termos de conforto
térmico no seu interior. Como o consumo
energético depende das condições de conforto que se pretende atingir, se o edifício
estiver pouco adaptado ao clima e/ou
mal isolado termicamente será
necessário um maior
Independentemente dos aspectos construtivos do edifício, manter as portas e
janelas fechadas enquanto o ar condicionado estiver em funcionamento e eliminar
(ou minimizar) frinchas, são medidas simples que permitem evitar as fugas de frio
ou calor.
A incidência da luz directa do sol sobre janelas provoca o aquecimento do interior.
No Inverno permite diminuir a necessidade de ligar o equipamento, no entanto,
na estação quente pode ser um factor de
sobrecarga, pelo que se deve optar pelo
sombreamento exterior dos envidraçados. Esta medida permite ainda reduzir o
desconforto associado ao encadeamento
solar.
A adopção de boas práticas na utilização
do equipamento, para as quais todos deverão estar sensibilizados, e a sua correcta
manutenção são factores que influenciam
de forma significativa na racionalização
dos consumos e permitem proporcionar
um ambiente mais saudável.
correcto funcionamento e corrigir as anomalias encontradas. Na intervenção aos
equipamentos deve ser incluída a manutenção anual do nível de refrigerante, a
ser efectuada por técnico qualificado.
De modo a garantir uma melhor qualidade
do ar, bem como uma adequada eficiência do equipamento, os filtros devem ser
substituídos pelo menos duas vezes por
ano (de preferência na mudança da estação de aquecimento – Inverno – para a de
arrefecimento – Verão).
O ar condicionado não deve ser utilizado
em temperaturas extremas, pelo que o
termóstato deve ser mantido em 25º no
Verão e 20º no Inverno, temperaturas
suficientes para manter um ambiente confortável. A diminuição (verão)/ aumento
(Inverno) de 1OC
provoca um
aumento no consumo de energia de cerca
de 10%.
A forma mais simples de contribuir para a
racionalização do consumo é: Desligar o
equipamento!
Não se deve manter ligado equipamento
de climatização quando o espaço não estiver a ser utilizado e sempre que a temperatura exterior seja adequada (optar por
abrir as janelas).
© Torsten Schon - iStock
Vários estudos confirmam que uma temperatura ambiente agradável melhora a
produtividade. Na indústria a variação de
temperaturas para valores extremos, prejudica o rendimento dos colaboradores e
também o desempenho de alguns equipamentos.
consumo de energia para atingir o conforto térmico pretendido.
Anualmente deve ser realizada uma inspecção a todos os equipamentos,
tubagens e sistemas de
controlo para verificar o seu
© Tom Cole - iStock
2. Climatização
Climatização de pavilhões industriais
Pela sua dimensão e características
de funcionamento, se uma organização pretender instalar um sistema de
climatização num pavilhão industrial é
aconselhável efectuar um estudo prévio
independente relativamente às soluções
existentes no mercado.
Um estudo para climatização passa por:
> Identificar os aspectos construtivos,
incluindo os respectivos coeficientes de
transferência de calor;
> Orientação das fachadas;
> Identificar o consumo energético e respectiva carga térmica do edifício (para as
quais contribui o numero de renovações
de ar por hora, número de trabalhadores,
ganhos devido à iluminação e equipamentos produtivos);
> índice de utilização do edifício.
Com base nestes elementos identificam-se as necessidades anuais de aquecimento e arrefecimento do edifício.
Depois de compilada toda a informação
relevante é então possível identificar as
medidas adequadas para a climatização
da área em causa.
© Donald Gruener - iStock
Entre as propostas de actuação poderão
ser incluídas medidas que permitam uma
melhoria no desempenho energético do
edifício, ao nível dos aspectos construtivos.
Por vezes são identificadas situações em
que é possível aproveitar calor gerado em
operações de produção ou de apoio (por
exemplo, calor gerado pelo ar comprimido) para aquecimento de determinadas
áreas.
Os estudos de climatização possibilitam
não só a identificação de medidas que se
adaptem às necessidades da empresa
mas também a previsão dos custos de
investimento e de utilização comparando
com outras soluções (ver resumo de estudo comparativo a seguir).
Apresentam-se de seguidas dois sistemas
de arrefecimento, que apresentam vantagens significativas no que diz respeito à
poupança de energia e respeito pelo ambiente, comparando com sistemas de ar
condicionado:
Sistema Evaporativo
Consiste em evaporar directamente para
o ambiente água pressurizada através de
pequenos aspersores. Com um sistema
deste género é possível retirar até 12OC à
temperatura ambiente e garantir um nível
correcto de humidade usando uma quantidade pequena de energia eléctrica e água.
Existem no mercado diversos sistemas
evaporativos com características e custos
diferentes.
Este tipo de sistema apresenta baixos
custos de exploração, manutenção fácil,
elevada longevidade, sendo simultaneamente, um sistema bastante higiénico e
ecológico.
Ventilação
Toda a actividade humana envolve a produção de odores, vapores e gases decorrentes quer do seu próprio metabolismo
ou pelas actividades desenvolvidas. Estes
gases e odores provocam o desconforto
dos ocupantes, sendo alguns tóxicos.
Como tal, há necessidade de renovar o ar
interior de modo a manter a sua qualidade adequada ao ser humano e ao funcio-
#2 Energia Guia do Empresário . CTCP
35
Assim, é desejável manter a ventilação
durante o períodos mais frescos.
Poderá ser conseguida quer através de
sistemas de ventilação naturais ou forçada ou, ainda combinações das duas situações, devendo ser desenhados à medida
das necessidades da empresa.
O quadro apresenta o resumo de um estudo comparativo de diversos sistemas de aquecimento sugeridos para uma empresa que pretendia melhorar o conforto térmico da
área produtiva:
Medidas propostas para o
aquecimento ambiente
Produção
Energética
[MWh / ano]
Poupança
económica
[€/ano]
Custo de
investimento
[€]
Retorno de
investimento
[anos]
A
Ar condicionado
680,0
-
69.770
-
B
Gás Natural
680,0
16.313
21.098
1,3
2,0
C
Gás propano
731,2
10.834
21.205
D
Gasóleo
680,0
19.412
21.741
1,1
E
Biomassa (estilha)
755,6
39.251
75.562
1,9
F
Biomassa (peletes)
715,8
30.330
92.800
3,1
G
Biomassa (estilha) / solar
608,7
42.025
211.039
5,0
H
Biomassa (peletes) / solar
576,7
34.838
247.683
7,1
I
Central solar térmico
132,2
10.389
105.000
10,1
Nota: A emissão de CO2 é considerada nula no caso de soluções de biomassa, sendo este um benefício adicional quando se opta por este tipo de soluções.
Sistema alternativo de climatização
através de tubos enterrados
Este sistema consiste na ventilação do
sistema fabril quer para aquecimento,
quer para arrefecimento, através de tubos
enterrados no solo (cerca de 2 m de profundidade).
O solo apresenta uma temperatura média
constante de cerca de 14OC. No Verão o ar
exterior é arrefecido ao passar pelos tubos enterrados e depois é distribuído na
nave fabril. No Inverno o ar ao passar pelos tubos aquece permitindo o aumento de
temperatura do ambiente fabril.
36
#2 Energia Guia do Empresário . CTCP
Além de ser altamente eficiente, este sistema permite climatizar o espaço utilizando uma fonte de energia natural, reduzindo os custos associados a outro qualquer
sistema de climatização, com o mínimo de
impacto para o ambiente.
A presente medida é aplicável na altura da
concepção do edifício, já que em edifícios
já construídos o custo de investimento seria bastante elevado, podendo mesmo não
ser tecnicamente viável.
Se o sistema for adoptado logo de início
do projecto será uma das medidas mais
económicas tanto do ponto de vista de investimento como de exploração.
© seraficus - iStock
namento dos equipamentos. É possível
tornar a ventilação num meio auxiliar para
o arrefecimento do espaço, se se tirar
proveito do diferencial de temperaturas
existente entre o interior e exterior, nomeadamente durante o período noturno e
manhã.
3. Ar comprimido
O ar comprimido é uma das formas de
energia mais cara que podemos encontrar numa unidade produtiva. Existem
casos onde esta forma de energia pode
representar 15% dos consumos de energia eléctrica, pelo que justifica cuidados
especiais na sua instalação e utilização.
Instalação
Utilização e Manutenção
> Produzir o ar comprimido a uma pressão
mínima de laboração;
> Desligar o compressor nos períodos de
paragem, como pausa para refeições, períodos de não laboração, etc;
> Eliminar as fugas detectadas. Deverá
ser ponderada a viabilidade da implementação de um plano de verificação;
> Utilizar os fluidos de refrigeração do
compressor (ar – 40 a 60OC / água – 40
a 80OC) para processos secundários como
aquecimento ambiente, águas quentes sanitárias, etc;
> Garantir a correcta manutenção do
equipamento (limpeza de grelhas, filtros,
lubrificação, etc.), dentro dos períodos recomendados;
> Remover, ou isolar convenientemente,
eventuais troços da rede de distribuição,
que deixaram de ser utilizados;
> Evitar a utilização do ar comprimido
para a limpeza do posto de trabalho. Além
de não ser uma prática eficaz (o ar apenas
espalha o lixo) representa um consumo de
adicional de energia podendo ainda trazer
problemas de higiene e segurança.
© Lebazele - iStock
> Escolher um compressor correctamente dimensionado para as necessidades do
processo;
> Evitar o mais possível curvas e outros
acidentes no traçado da rede;
> Evitar redes de distribuição demasiado
longas;
> Isolar com válvulas áreas de trabalho
em que as necessidades de pressão sejam
significativamente diferentes das restantes;
> Garantir que o ar aspirado pelo compressor é limpo e frio (quanto mais quente
o ar, menor o rendimento da instalação.
Para cada 4OC de acréscimo na temperatura do ar aspirado, o compressor consumirá 1% a mais de potência para entregar
o ar nas mesmas condições);
> Procurar analisar se a utilização do ar
comprimido se justifica em todas as situações, isto é, se não há outras “formas de
energia”, de menor custo, igualmente aplicáveis a determinada operação.
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#2 Energia Guia do Empresário . CTCP
#2 Energia Guia do Empresário . CTCP
39
© vm - iStock
4. Motores
Os motores são máquinas que apresentam um rendimento elevado, que pode no
entanto, ser afectado por vários factores,
tais como uma incorrecta utilização, uma
deficiente manutenção, materiais construtivos de menor qualidade, uma potência inadequada às solicitações, etc.
Para além da manutenção regular dos
motores, existem outras boas práticas,
que visam igualmente conduzir à sua
utilização de forma racional e, em última
análise, à redução dos seus consumos de
energia, nomeadamente:
A. Melhorar o controlo sobre consumos, evitando consumos supérfluos;
B. Utilizar motores correctamente dimensionados;
C. Utilizar motores de “alto rendimento”.
A. Melhorar o controlo sobre os consumos, evitando consumos supérfluos
> Verificação da possibilidade de deslocação de algumas actividades pontuais com
consumo eléctrico para períodos fora de
ponta;
> Ponderar a utilização de sistemas de
deslastre de cargas* ou controladores
horários em alguns equipamentos de forma a condicionar o seu arranque ou provocar a sua paragem forçada em situações
de excesso de potência;
> Ponderar a implementação de arrancadores electrónicos suaves**;
> Considerar o consumo energético um
dos factores de decisão na compra de um
novo equipamento produtivo.
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#2 Energia Guia do Empresário . CTCP
Sistemas de Deslastre de Car-
Arrancadores electrónicos suaves**
gas*
Os arrancadores electrónicos suaves retardam o
Estes sistemas vão ligando e des-
disparo de cada ciclo de tensão, reduzindo a tensão
ligando os equipamentos por uma
eficaz aplicada ao motor.
ordem pré-estabelecida de prioridades (normalmente em intervalos
À parte de uma pequena poupança de energia duran-
de 15 minutos), de modo a que a
te a rampa de subida, os arrancadores suaves não re-
potência tomada em cada instante
duzem a energia que o motor consome. No entanto,
não ultrapasse a potência contra-
reduzem o desgaste mecânico durante o arranque e
tada.
a paragem, permitindo a poupança de energia desligando os motores com maior frequência.
Os equipamentos mais adequados
aos cortes de alimentação para li-
Entre as principais vantagens na utilização destes
mitar a ponta são:
arrancadores, destacam-se:
> Cargas que funcionem com uma
> Arranque / Paragem suave;
constante de tempo elevada;
> Menores desgastes mecânicos;
> Cargas que não funcionem inin-
> Poupança de energia;
terruptamente;
> Corrente de arranque limitada;
> Equipamento não essencial: ven-
> Menores picos de corrente;
tiladores; bombas e equipamentos
> Menos paragens de funcionamento;
do circuito de climatização e/ou re-
> Menores necessidades de reparação e manuten-
frigeração; sectores de iluminação.
ção.
B. Utilizar motores correctamente dimensionados
O rendimento dos motores varia em função do seu regime de carga, sendo tanto
melhor, quanto mais adequada estiver a
sua potência nominal, às necessidades reais para o desempenho da função.
Por uma questão de segurança no cumprimento do objectivo do motor, é habitual
a instalação de motores com uma potência superior ao efectivamente necessário
para o correcto funcionamento do equipamento, sendo esta uma prática correcta
dentro de determinados limites; quando
este sobredimensionamento é demasiado
elevado, os motores vão trabalhar habitualmente com uma carga inferior à nominal, situação que se traduz por um menor
rendimento energético e por um baixo factor de potência (maior consumo de energia reactiva).
O rendimento do motor atinge o seu valor
máximo em regimes compreendidos entre
75% e 100% da carga, reduzindo drasticamente quando funciona abaixo dos 50% da
carga. O factor de potência, por sua vez,
aumenta gradualmente, com a carga do
motor.
C. Utilizar motores de
“alto rendimento”
Os “motores de alto rendimento” apresentam um rendimento e um factor de
potência, mais elevados que os motores
tradicionais (standard).
Desta forma, ao seleccionar um motor que
funcione entre os 75% e a sua potência nominal, garante os melhores rendimentos
e, consequentemente, os menores desperdícios de energia eléctrica.
O aumento de eficiência é conseguido
através da redução das suas perdas (menos 30% a 50%), obtida pela utilização de
materiais construtivos de melhor qualidade e com melhor acabamento, e pela alteração das suas características dimensionais (aumento da secção dos condutores
no estator, aumento do comprimento do
circuito magnético, etc.).
Relativamente a motores que se encontram já instalados e a funcionar em condições de sobredimensionamento, a sua
substituição por outros de menor potência, só se revela normalmente atractiva,
quando o mesmo avaria, pois o investimento num novo motor é bastante mais
elevado que as poupanças que se iriam
obter.
Na tabela seguinte apresenta-se, para
várias potências, a comparação do rendimento e do factor de potência dos motores standard e de alto rendimento, em
situação de plena carga:
Actualmente já existem algumas tecnologias que permitem adaptar motores sobredimensionados à carga.
standard
Ren. (%)
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Variação do rendimento dum
motor com o regime de carga
0
25
50 75 100 125
Regime de cama (%)
FP
0.90
0.80
0.70
0.60
0.50
0.40
0.30
0.20
0.10
0.00
Variação do factor de potência
dum motor com a carga
0
25
50 75 100 125
Regime de cama (%)
Potência
(kW)
Rendimento
(%)
alto rendimento
cos
Rendimento
(%)
cos
1.1
72
0.79
75.5
0.83
3.0
78
0.82
83.0
0.84
7.5
84
0.82
88.0
0.85
15
88
0.80
89.0
0.88
30
88
0.86
91.5
0.88
75
92
0.84
94.5
0.86
90
92
0.83
94.5
0.86
Variação de rendimento entre motores standard e de alto rendimento
Curvas características de um motor eléctrico típico
42
#2 Energia Guia do Empresário . CTCP
#2 Energia Guia do Empresário . CTCP
43
O equipamento informático apresenta um
elevado potencial de economia de energia,
estimando-se que esse potencial seja superior a 50% decorrente da aplicação de
medidas apropriadas.
Na aquisição de equipamento:
> Premeie a eficiência dos equipamentos.
Na aquisição de equipamento electrónico
tenha em atenção a etiqueta energética e
procure o logo “energy star”*
> Opte por computadores portáteis.
Um dos factores determinantes para o utilizador de um portátil é o tempo de duração da bateria, no mínimo deverá ter uma
autonomia de duas horas.
Uma vez que o tempo de autonomia está
directamente relacionado com o consumo
do equipamento, o portátil é concebido
tendo como uma das prioridades a sua
minimização.
Os computadores portáteis utilizam os
ecrãs (LCD), adaptadores, discos rígidos
e CPU de melhor rendimento energético.
A economia associada à utilização de um
computador portátil está entre os 50 a
90%.
> Modo Gestão de Energia (computadores)
Assegure-se que o equipamento dispõe de
modo de gestão de energia e que este é
utilizado convenientemente:
> Economia de energia - corresponde
ao regime de energia dos computadores
em que estes passam ao modo de espera após determinado período de tempo.
Normalmente vem programado de origem
para entrar em modo de economia após 30
minutos, que poderá ser reduzida para 10
minutos, obtendo-se alguns ganhos. Para
44
#2 Energia Guia do Empresário . CTCP
“despertar” o seu computador do modo de
espera, terá de premir o botão de ligar.
> Modo de hibernação – quando esta
função está ligada os dados são guardados no disco rígido e o computador
desliga. Para retomar o trabalho após a
hibernação é necessário uma reiniciação
parcial do sistema, para regressar ao ponto da interrupção.
A economia de energia conseguida com
estas soluções será superior à que se consegue com a protecção de ecrã.
> Opte por um monitor LCD
Ao seleccionar um monitor LCD pode ter
uma economia de até 20 euros/ano em
energia. Este tipo de monitores apresentam ainda outras vantagens:
> economia de espaço;
> maior estabilidade de ima
gem;
> e, eventualmente, economia no ar condicionado.
Os monitores LCD (ecrã de cristais líquidos) consomem, em média, 50% a 70%
menos energia do que os monitores convencionais CRT (tubo de raios catódicos).
> Na compra de periféricos tenha em
atenção os seguintes pontos:
> uma impressora multifunções consumirá 50% da energia de um conjunto separado impressora / scanner / telecopiadora
/ fotocopiadora;
> para incentivar os utilizadores a imprimirem/copiarem em ambos os lados é
importante que esta funcionalidade exista
de forma automática;
> este tipo de equipamento permanece
grande parte do dia inactivo, pelo que é
muito importante as funcionalidades referentes à gestão de energia. A gestão de
energia ordena ao seu equipamento ao fim
de quanto tempo deve suspender, o grau
de suspensão e a rapidez com que deve
retomar o trabalho.
Enquanto utilizador:
> Quando se ausentar do computador desligue o monitor;
> Manter activo o sistema de protecção do
ecrã;
> Diminuir a intensidade de iluminação do
ecrã do computador;
> Utilizar o computador na opção de modo
de poupança de energia;
> Desligar todo o equipamento (computador, impressora e fotocopiadora) no final
do dia;
> Não deixar os equipamentos em stand-by;
> Desligar os carregadores (telemóvel,
portáteis) da tomada quando não estão a
ser utilizados;
> Na medida do possível fazer as correcções dos textos directamente no ecrã;
> Sempre que possível imprimir dos dois
lados do papel (a produção de papel gasta
mais energia que a impressão);
> Reciclar e reutilizar o papel.
O ENERGY STAR* é um programa internacional voluntário de rotulagem em matéria de
eficiência energética iniciado pela Agência
de Protecção do Ambiente (EPA) dos Estados
Unidos da América em 1992. Através de um
acordo com o Governo americano, a Comunidade Europeia participa no programa ENERGY STAR na parte referente ao equipamento
de escritório.
Através deste programa são rotulados computadores, monitores e elementos de representação gráfica (impressoras, scanners…).
Ao optar por um conjunto computador + impressora ENERGY STAR (mais eficiente) pode
obter-se poupanças entre 150 a 200 euros
durante a sua vida útil (em média 5 a 6 anos).
Quando o equipamento estiver obsoleto:
Encaminhe o equipamento para reciclagem.
© Dane Steffes - iStock
5. Equipamento informático e outro
6. Eco-condução
A eco-condução consiste na adopção de
práticas de condução eficiente que permitem optimizar os consumos.
Através da adopção de práticas de eco-condução é possível obter diversos benefícios, nomeadamente:
> a redução do consumo de combustível;
> a redução das emissões de gases com
efeito de estufa, nomeadamente o CO2;
> a redução das emissões de poluentes
atmosféricos, como o monóxido de carbono e as partículas;
> a diminuição do desgaste do veículo e
respectivos custos de manutenção;
> o aumento do conforto a bordo;
> o aumento da segurança rodoviária.
Estima-se que a adopção de uma eco-condução pode levar a uma redução de
consumo de até 25%. Para uma utilização
média de 12.000 km/ano num carro a gasolina poderá representar uma poupança
anual de cerca de €300.
consumo de combustível, maior desgaste
mecânico além de aumentarem o desconforto para os passageiros.
R4. Evite situações ao ralenti
Um automóvel ao ralenti gasta combustível (cerca de 1 litro por hora), contribui
para o ruído ambiente e para o aumento da
poluição atmosférica.
5. Nas descidas e travagens, mantenha
uma mudança engrenada
Actualmente a injecção de combustível é
cortada quando se retira o pé do acelerador e se mantém uma mudança engrenada. Tal permite o aproveitamento da
energia cinética do veículo para prolongar o seu movimento, sem ser necessário
consumir combustível. Assim, ao retirar
o pé do acelerador, mantendo sempre o
carro engatado, em descidas ou situações
de travagem controlada (por exemplo
na aproximação a uma portagem) pode
aproveitar mais eficientemente a energia
utilizada.
químicas melhoradas contribui para a redução de consumos, menores emissões
de poluentes atmosféricos e melhores
prestações do motor.
> Evite pesos desnecessários no carro.
Evite andar com pesos desnecessários no
veículo já que o consumo de combustível
aumenta com o transporte de pesos. Este
aumento pode chegar a 3% por cada 50 kg
de peso.
> Evite reduzir a aerodinâmica do veículo.
O consumo de combustível aumenta com
o aumento do atrito aerodinâmico. Assim,
sempre que possível deve evitar a instalação de acessórios que afectem a aerodinâmica do veículo (exemplo: barras no
tejadilho). As janelas abertas afectam
também a aerodinâmica, pelo que deverá
ter isso em conta.
> Faça uma utilização racional do ar condicionado.
A utilização do ar condicionado aumenta
o consumo de combustível, aumento que
é agravado nas situações de maior tráfego, podendo chegar a representar cerca
de 20% do combustível utilizado. Ter em
atenção que para percursos curtos nem
sempre se justifica a utilização do ar
condicionado, já que o tempo da viagem
poderá não ser suficiente para a refrigeração do veículo. Contudo, em circulação
a 80 km/h a utilização do ar condicionado
prejudica menos o consumo do que uma
janela aberta.
R6. Controle os seus consumos
6 regras para a eco-condução:
Optimização da utilização do veiculo
46
> Ao adquirir um novo carro, opte por um
veículo mais eficiente.
R2. Conduza a baixas rotações
Sempre que possível utilize mudanças
mais altas de modo a que o motor se mantenha a baixas rotações.
> Verifique regularmente a pressão dos
pneus.
A pressão dos pneus deve ser verificada regularmente, nomeadamente antes
de um percurso longo, e sempre com os
pneus a frio (não ter rodado mais de 3
km). A utilização de pneus com pressão
adequada diminui o seu desgaste e reduz
o consumo de combustível.
R3. Acelere e desacelere suavemente
Acelerações bruscas levam a um maior
> Utilize combustíveis mais eficientes.
Usar um combustível com características
#2 Energia Guia do Empresário . CTCP
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R1. Conduza por antecipação
Ao conduzir observe toda a envolvente,
deste modo é possível reduzir o numero
de acelerações e travagens. Este cuidado
permite: melhorar os consumos médios,
aumentando o conforto a bordo e aumentar o tempo reacção, prevenindo situações
de perigo.
Medição da eficiência energética
Além das diversas medidas activas de
racionalização de consumos energéticos,
não são menos importantes as medidas
passivas. Um sistema de gestão de consumos de energia pode ser considerado
um sistema passivo de racionalização de
consumos, o objectivo é fazer a avaliação
inicial de forma a no final da implementação das acções verificar a eficácia das
mesmas.
© Stephan Drescher - iStock
Através do acompanhamento e análise
sistemática de indicadores energéticos
obtém-se conhecimento sobre as tendências de consumo, o que permite a identificação de desvios bem como oportunidades de melhoria.
Para uma análise mais objectiva convém
utilizar vários indicadores em simultâneo
e cruzar a informação obtida.
A tabela seguinte apresenta alguns indicadores que podem ser utilizados para o
acompanhamento dos consumos energéticos.
INDICADOR
CARACTERIZAÇÃO
1
Custo com energia:
a. Total
b. Por tipo de energia (eléctrica,
combustível)
Evolução do custo com o consumo de
energia ao longo do tempo
2
Consumo por tipo de energia:
a. Eléctrica (kWh)
b. Gasóleo / gasolina (l)
Evolução do custo com o consumo de
energia ao longo do tempo
3
Peso do custo de energia no volume
de vendas
Custo da energia / Volume de vendas
x 100 (%)
4
Peso do custo com combustível no
volume de vendas
Custo dos combustíveis / Volume de
vendas x 100 (%)
5
Peso do custo com energia eléctrica
no volume de vendas
Custo da energia total/ Volume de
vendas x 100 (%)
6
Custo da energia necessária para a
produção de uma Unidade de produto
Custo com energia /unidade de produto (€/UP)
7
Unidades produzidas por Consumo de
energia total
Unidade de produto/Consumo energético (UP/tep)
8
Electricidade consumida por Unidade
de produto
Consumo de electricidade/ unidade de
produto (MWh/UP)
9
Consumo de combustível por Unidade
de produto
Consumo de combustível/ unidade de
produto (l/UP)
10
Consumo de energia eléctrica por nº
de trabalhadores
Consumo de energia eléctrica / nº
trabalhadores (kWh/trab)
11
Consumo de combustível por nº de
trabalhadores
Consumo de combustível / nº trabalhadores (L/trab)
12
Dióxido de Carbono emitido por unidade de produção
Consumo de Dióxido de Carbono /
unidades de produto (kgCO2/UP)
Nota: No caso de uma empresa de calçado a UP corresponde a par.
#2 Energia Guia do Empresário . CTCP
49
Bibliografia
http://www.eco.edp.pt/
http://www.eficiencia-energetica.com/
http://www.energiasrenovaveis.com/
http://www.ecoconducao-portugal.pt/
http://www.omeuplaneta.com/eco-conducao/
http://www.powersines.com/Electric-Motor-Efficiency/SinuMEC
http://www.eu-energystar.org/
Relatórios de Diagnósticos energéticos
© Lukasz Mazurkiewicz - fotolia
realizados pelo CTCP a diversas empresas
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