PLANO DE AULA VIAGEM DO CONHECIMENTO Energia: conquistas alcançadas e desafios para o futuro Aline Lima Santos* Apresentação Esta sequência de aulas destina-se a trabalhar com a temática da energia. Nela, vamos refletir sobre o que é energia, como e para que é consumida, o processo histórico que levou ao aumento da sua necessidade, a classificação das principais fontes de energia e a matriz energética mundial. Vamos examinar também a situação brasileira, enfatizando as principais fontes de energia que ela utiliza e as causas e consequências dessas escolhas. Objetivos: • Reconhecer e analisar formas e interações entre elementos de origem natural e social no Brasil e no mundo. • Conhecer e avaliar usos da natureza e seus impactos a partir da geração de energia. Conteúdos Energia – definição e diversidade de fontes. Grau de desenvolvimento econômico e técnicas de obtenção e consumo de energia. Matriz energética mundial. A situação do Brasil: cana-de-açúcar e petróleo. Anos 8º e 9º anos do Ensino Fundamental e 1º ano do Ensino Médio. Tempo estimado Nove aulas. Desenvolvimento de atividades Primeira, Segunda e Terceira Aulas O homem e a energia O que há em comum entre um chuveiro derramando água quente, um forno de micro-ondas estourando um saco de pipocas, um carro andando em uma estrada e um laptop, no qual se está jogando um videogame? Esses e outros exemplos podem iniciar as discussões aqui propostas. Como é que esses aparelhos funcionam? Utilize tais questões como mote para uma primeira roda de conversa. Promova o debate estimulando que os alunos se manifestem sobre o tema. Eles devem perceber que os mais diversos eletrodomésticos, carros, computadores, etc. só funcionam à base de energia. Proponha aos estudantes que preparem uma lista com os aparelhos que eles utilizam diariamente e que consomem energia. Faça registros no quadro de giz para que fique evidente a grande variedade de objetos mencionados. Destaque a importância e versatilidade da energia elétrica, produzida de diferentes maneiras. Extrapole essa reflexão para as atividades que realizamos em nosso dia a dia. Ofereça exemplos e instigue-os a apresentarem outros. Ler antes de dormir seria possível sem que tivéssemos uma lâmpada acesa? Assim, fica mais fácil perceber que a maior parte das atividades que realizamos também demanda energia. Podemos dizer de modo bastante simples que a energia é aquilo que coloca as coisas em funcionamento ou movimento. Explique, por exemplo, que o próprio corpo humano, para funcionar, necessita de energia, que é fornecida por meio do processamento dos alimentos que ingerimos. Dizemos, portanto, que os alimentos são a fonte de energia para nosso corpo. Mas quais são as fontes de energia para os objetos que usamos? Questione: qual a procedência da energia que usam? Como ela é produzida? Quais os impactos dessa produção? Essa primeira conversa deve ser feita por etapas, acrescentando-se os elementos que tornam paulatinamente a discussão mais complexa. Ela ajuda a despertar o interesse pelo tema e colabora para verificar quais os conhe*Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Geografia Humana do Departamento de Geografia da FFLCH-USP. www.viagemdoconhecimento.com.br 1 PLANO DE AULA VIAGEM DO CONHECIMENTO Energia: conquistas alcançadas e desafios para o futuro cimentos que os alunos já trazem sobre os assuntos. Reitera-se a importância de fazer apontamentos no quadro de giz, de modo a sintetizar as discussões, evidenciando as relações entre aquilo que está sendo dito. Peça aos alunos que também façam registros em seus cadernos, pois eles utilizarão esse material em outras atividades. Anote também aquilo em que percebeu os alunos encontrarem maiores dificuldades e que necessitará de aprofundamento. Isso servirá de ponto de partida para o trabalho a seguir. Cada vez mais necessária em nossa vida... As discussões anteriores introduziram a importância da energia em nosso cotidiano. Agora, é o momento de compreender a relevância histórica da energia na vida humana. Para isso, considere que os primeiros seres humanos retiravam diretamente da natureza tudo aquilo de que precisavam para sobreviver. Desse modo, pouco alteravam o meio em que habitavam. Já que não dispunham de técnicas ou conhecimentos para promover transformações mais amplas, sujeitavam-se completamente os ritmos naturais, com os quais estavam completamente integrados. Assim, por exemplo, para comer, retiravam os frutos das árvores e tinham o ritmo biológico bastante influenciado pela disponibilidade de luz natural, especialmente a do Sol. A energia requerida para a realização das atividades diárias trazia poucos impactos para o meio e era encontrada sem que fosse preciso grande engenhosidade para sua obtenção. O fogo é um exemplo bastante representativo dessa fase de nossa história: por meio da queima de palhas e madeira, o ser humano aquecia-se, preparava alimentos, fabricava utensílios, protegia-se contra animais, dentre outros usos. Com o tempo, os seres humanos desenvolveram técnicas para facilitar sua sobrevivência, a qual se tornou menos dependente das dádivas da natureza. Em outras palavras, a natureza foi sendo artificializada, pois os seres humanos elaboraram instrumentos de trabalho, aprenderam a cultivar plantas e criar animais, inventaram máquinas, que foram ganhando sofisticação e produtividade. Passaram também a utilizar objetos mecânicos, elétricos e, posteriormente, cibernéticos, fabricados em grande quantidade; construíram casas e fábricas, abriram estradas, pontes e viadutos. Tais inovações deixaram as marcas humanas no meio geográfico, agora já bastante transformado. O que a natureza oferecia deixou de ser suficiente. Com isso, foi preciso aumentar as formas de geração de energia, ampliando sua disponibilidade. Novas fontes foram sendo descobertas: a água, o carvão mineral, o petróleo, o urânio. As formas de armazenamento também foram diversificadas, com a criação de baterias, por exemplo. Usinas hidrelétricas, termelétricas, nucleares etc. foram permitindo a obtenção de energia em larga escala para atividades cada vez mais diversas. Diante disso, verifica-se que a história da humanidade inclui o aumento da necessidade de energia, bem como maior capacidade de sua manipulação. Esse processo se iniciou de forma gradativa. Algumas alterações demoraram gerações para se consolidar e se manifestar claramente nas paisagens dos mais diversos lugares. Hoje, porém, ele ocorre de modo cada vez mais acelerado. Para que os alunos percebam esse fato mais claramente, proponha a seguinte atividade: Para turmas de Ensino Fundamental: Proposta de entrevista • Oriente a organização de grupos de alunos para que realizem uma entrevista com uma pessoa idosa, isto é, que pertença à faixa etária acima dos 60 anos. Essa pessoa pode ser o avô de algum membro do grupo, uma vizinha, um conhecido etc. • É importante que o conjunto de entrevistas feitas pela turma seja bastante diversificado, resultando em uma amostra o mais rica possível. Peça que os grupos discutam e decidam quem irão entrevistar para verificar se estão sendo contemplados homens e mulheres, diferentes profissões e origens regionais, por exemplo. Essa ação permitirá que se tenha um panorama dessa variedade, mesmo que na execução ele seja alterado. • Oriente a elaboração de um roteiro de questões. Os alunos devem iniciar com perguntas que permitam saber quem é o entrevistado. Anote a sugestão a seguir, que enumera os tópicos no quadro de giz, acrescentando aquilo que julgar conveniente: 1- Nome e idade 2- Ascendência e descendência 3- Local onde nasceu 4- Profissão que exerce ou já exerceu 5- Onde vive atualmente 6- De que cidade, estado e região veio antes de escolher a cidade onde vive hoje 7- O que mais chamou a atenção do entrevistado (no caso de migrantes) quanto à diferença entre os lugares onde morou no que se refere ao uso de energia? www.viagemdoconhecimento.com.br 2 PLANO DE AULA VIAGEM DO CONHECIMENTO Energia: conquistas alcançadas e desafios para o futuro • Os estudantes devem procurar saber do entrevistado como eram as casas no passado e o como era o seu cotidiano. Para isso, sugerimos as seguintes questões: 1- Existiam eletrodomésticos nas residências? Quais? 2- Onde esses objetos eram adquiridos? Eram caros ou baratos? Era comum encontrar tais objetos em diferentes residências? 3- Havia tantos carros circulando nas ruas como hoje? 4- Quais os meios de transporte mais utilizados e como eles funcionavam? 5- Que invenção mais chamou sua atenção e trouxe impactos à sua vida? Em síntese, a entrevista deve ser organizada de modo a permitir verificar quais foram as principais mudanças no que se refere ao uso da energia no cotidiano do entrevistado. Também é importante descobrir como a pessoa entrevistada sentiu essas mudanças e se elas tornaram a sua vida mais fácil ou mais difícil. • Cada membro do grupo deve anotar as respostas no caderno. Peça que eles apontem as transformações que mais lhes chamaram a atenção e acrescentem as perguntas que desejarem. • Solicite que cada grupo entregue um relatório contendo as informações obtidas na entrevista e sintetizando as impressões pessoais de cada membro. • O material recolhido deve ser trazido para sala de aula. Socialize os resultados. Discuta-os. Peça que comparem com as anotações realizadas na primeira aula. Retome as discussões e insira as explicações que julgar convenientes. • Questione: quais objetos que consomem energia são relativamente novos na história humana e quais são os impactos por eles produzidos? Solicite um pequeno texto no qual o aluno evidencie as conclusões tiradas por meio da atividade. Para turmas de Ensino Médio: Proposta de elaboração de dissertação • Para inserir a discussão sobre o processo histórico de aumento da demanda de energia em um patamar mais elevado de complexidade, leia o texto a seguir com os alunos. Antes, porém, apresente brevemente o autor, mencionando sua importância para a ciência geográfica: “A história das chamadas relações entre sociedade e natureza é, em todos os lugares habitados, a da substituição de um meio cada vez mais artificializado, isto é, sucessivamente instrumentalizado por essa mesma sociedade. Em cada fração da superfície da terra, o caminho que vai de uma situação a outra se dá de maneira particular; e a parte do “natural” e do “artificial” também varia, assim como mudam as modalidades do seu arranjo.” Milton Santos. A Natureza do Espaço. Técnica e Tempo. Razão e Emoção. São Paulo: Edusp: 2002, pág. 233. Insira as explicações que julgar necessárias para que os alunos compreendam bem o trecho lido. Por fim, solicite que elaborem uma dissertação individualmente relacionando as alterações do meio geográfico enfocando aquilo que já sabem sobre a questão da energia. www.viagemdoconhecimento.com.br 3 PLANO DE AULA VIAGEM DO CONHECIMENTO Energia: conquistas alcançadas e desafios para o futuro Quarta e Quinta Aulas O consumo desigual de energia Nas atividades anteriores, procurou-se evidenciar que os lugares têm acesso diferenciado às inovações técnicas e, por isso, em alguns casos a demanda de energia é maior do que em outros. Para examinar as desigualdades no consumo de energia, retome essa ideia e proponha a observação e análise do gráfico a seguir: O consumo é desigual Americano Outros Um americano consome anualmente: o mesmo que dois europeus seis asiáticos cinco latinoamericanos ou dez africanos o que corresponde a 6,1 toneladas equivalentes de petróleo(1) (1) A medida de tonelada equivalente de petróleo representa todas as formas de consumo de energia, incluindo o petróleo bruto, energia nuclear, carvão, gás natural e as fontes renováveis. Fonte: “O futuro da energia”, Exame, 20/04/2011. Disponível em http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/energia/demanda-global-futuro-energia-exame-627853.shtml. Acesso em: 23 jul. 2001 Auxilie a turma na interpretação dos dados do gráfico. Se necessário, utilize exemplos de alguns países de modo a permitir comparações. Geralmente, quanto mais acesso ao desenvolvimento de técnicas, maior é o consumo de energia em um lugar. Assim, os países mais ricos ou desenvolvidos tendem a ser os maiores consumidores de energia. Considere que, embora exista a força de padronização de gostos, hábitos e consumo no atual período de globalização, os lugares e as culturas permanecem heterogêneos. Até mesmo as necessidades comuns são supridas diferentemente. Por exemplo, se a energia elétrica nas casas é uma necessidade para toda a população mundial, em alguns lugares ela é produzida em usinas hidrelétricas, em outros ela é proveniente de usinas nucleares e em outros, ainda, ela nem sequer está presente. Questione os estudantes: qual é a origem da energia utilizada em um país, por exemplo? Existe apenas uma fonte de energia? Quais os fatores que influenciam na geração e disponibilidade da energia? Tais perguntas permitem verificar o que os alunos sabem sobre o que será trabalhado adiante. Permita que se pronunciem e faça os registros para continuar o debate, dando especial atenção àquilo em que eles apresentam maiores dificuldades. As diferentes fontes de energia Informe aos alunos que existem diferentes tipos de energia, como a mecânica, a elétrica, a térmica ou a química. Elas são geradas de diferentes fontes, em usinas, por meio de motores, por combustão e outras. As fontes de energia podem ser primárias ou secundárias. Explique que as fontes de energia primárias são aquelas que podem ser encontradas diretamente na natureza, caso dos combustíveis fósseis (como o petróleo, o carvão mineral e o gás natural), da água, dos ventos, do Sol, da biomassa, do urânio, dentre outras. Tais fontes classificam-se ainda como renováveis ou não renováveis. Pergunte aos estudantes o que sabem sobre essas fontes. Eles devem lembrar-se de que, no primeiro caso, as reservas renovamse naturalmente. Portanto, são inesgotáveis. Enquanto no segundo, as reservas são finitas, isto é, esgotam-se com o uso ao longo do tempo. Peça que os alunos classifiquem os exemplos dados anteriormente em renováveis e não renováveis. Anote as respostas no quadro de giz. Corrija possíveis equívocos, oferecendo explicações adicionais. Esclareça mais detalhadamente por que é que os combustíveis fósseis são considerados não renováveis. Destaque que eles resultam de restos orgânicos, como plantas e animais, que em grande profundidade e condições de temperatura e pressão bastante específicas, em bacias sedimentares, são formados lentamente. Sem capacidade de reposição rápida, o uso desses combustíveis os torna cada vez mais escasso. Comente que as fontes secundárias resultam da transformação das fontes primárias, caso do diesel ou da gasolina, ambos oriundos do petróleo. Realize essa discussão solicitando outros exemplos dos alunos. Caso seja necessário, solicite que pesquisem outras fontes de energia. É importante ainda destacar que os combustíveis fósseis, a água e o urânio são considerados fontes tradicionais www.viagemdoconhecimento.com.br 4 PLANO DE AULA VIAGEM DO CONHECIMENTO Energia: conquistas alcançadas e desafios para o futuro ou convencionais de energia. E sua utilização, em geral, é maior. Mas existem também fontes alternativas de energia, como os ventos, a biomassa, a solar. Comente também sobre as fontes de energia limpas, isto é, não poluentes, como a hidráulica, a eólica e a solar. Chame a atenção para o fato de que o uso de cada fonte de energia possui vantagens e desvantagens. Os combustíveis fósseis, por exemplo, são mais poluentes, colaboram assim para a liberação de gases que intensificam o efeito estufa na atmosfera, especialmente o dióxico de carbono (CO2), o que é um fator que pode levar a mudanças climáticas no planeta. Sua vantagem, porém, está no maior teor energético, isto é, em sua maior capacidade de produção de energia, o que leva à boa relação custo/benefício para seus usuários. Outras fontes tradicionais ou convencionais, por sua vez, embora não sejam poluentes e sejam baratas, exigem um investimento inicial elevado, caso, por exemplo, da instalação de usinas hidrelétricas e nucleares. O impacto ambiental causado pela construção de barragens e a dificuldade de dar uma destinação segura ao lixo atômico são também sérias desvantagens desse tipo de fonte. As fontes alternativas, por sua vez, costumam ser mais caras, contudo, a maior parte é considerada limpa e renovável. Complemente essas discussões propondo aos alunos que examinem os dados dispostos no mapa e no gráfico a seguir. Eles relacionam o desenvolvimento dos países ao consumo de energia, evidenciando a tendência ao aumento do consumo, especialmente nos chamados países emergentes. Tendências do consumo de energia no mundo De um consumo pautado pela demanda dos países ricos e pela oferta de combustíveis fósseis, a produção energética mundial caminha para um mercado cada vez mais voltado para o mundo emergente e para fontes de energia renováveis O peso da Ásia vai aumentar O incremento do consumo de energia da região será pautado especialmente pelo aumento da demanda dos emergentes China e Índia Consumo de energia por região (em milhões de toneladas equivalentes de petróleo) Em 2008 Em 2030 2 731 2 971 2 836 3 170 Europa(4) América do Norte 596 Do total de energia consumida, os emergentes ganharão espaço nos próximos anos (em %)(2) 940 Oriente Médio Países desenvolvidos Países em desenvolvimento 45% 55% 2008 36% 64% 2030 569 812 América Latina(3) 655 868 África 4 415 Ásia e Oceania 6 954 Fontes: Bain & Company, Agência Internacional de Energia — World Energy Outlook 2010, BP, FMI, ONU, US Census Bureau e U.S. Energy Information Administration (1) A medida de tonelada equivalente de petróleo representa todas as formas de consumo de energia, incluindo petróleo bruto, energia nuclear, carvão, gás natural e fontes renováveis (2) Consideram-se países desenvolvidos os membros da OCDE (3) Não inclui o México (4) Inclui Eurásia Fonte: “O futuro da energia”, Exame, 20/04/2011. Disponível http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/energia/demanda-global-futuro-energia-exame-627853.shtml. Acesso em: 23 jul. 2001 www.viagemdoconhecimento.com.br 5 PLANO DE AULA VIAGEM DO CONHECIMENTO Energia: conquistas alcançadas e desafios para o futuro Para complementar, os alunos devem ler o trecho a seguir, que oferece mais subsídios para a análise das tendências do consumo energético no mundo: O futuro da energia [...] Até 2030, segundo estimativas da Agência Internacional de Energia, a fatia da Ásia no consumo de energia global será maior do que a da América do Norte e a da Europa juntas. Para o conjunto da humanidade, trata-se de uma conquista a comemorar. Somente na Índia, são 400 milhões de pessoas às escuras, número equivalente a duas vezes a população brasileira. Mas, para iluminar o continente asiático – e, em menor escala, o latino-americano e o africano –, o mundo terá de aumentar a produção de energia em 30% até 2030. Trata-se de um desafio que já estava colocado, mas que assumiu proporções dramáticas desde o início do ano. Primeiro, as revoltas no Oriente Médio jogaram o preço do petróleo nas alturas. Depois, a crise nuclear no Japão fez renascer antigos pavores. O desafio energético, hoje mais do que nunca, preocupa não apenas os países emergentes, ansiosos para seguir avançando, mas os ricos também, que terão de dividir os recursos energéticos de que dispomos hoje. De onde virá a energia que vai iluminar nossas cidades e movimentar nossas fábricas? Ninguém tem respostas acabadas, mas alguns consensos começam a surgir. “Se não existisse o petróleo, teríamos de inventá-lo.” A frase de Robert Bryce, autor de Power Hungry – The Myths of “Green Energy” and the Real Fuels of the Future (“Fome de energia – os mitos da energia verde e os reais combustíveis do futuro”, em tradução livre), vale também para o carvão e o gás natural. Nos anos 70, essas três fontes dominavam a matriz do planeta. Hoje, ainda reinam – respondem por 81% da oferta. Daqui a 20 anos, a participação deve cair, mas elas ainda terão uma fatia de 75%. “O petróleo é essencial para o transporte, e o carvão é o responsável por 40% da geração de energia elétrica do mundo”, diz Lynn Orr, diretor do Instituto Precourt de Energia da Universidade Stanford, nos Estados Unidos. Por isso, a ideia de que podemos viver sem petróleo é simplesmente errada. Fonte: “O futuro da energia”, Exame, 20/04/2011. Disponível http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/energia/demanda-global-futuro-energia-exame-627853.shtml. Acesso em: 24 jul. 2001 • Peça que os alunos respondam às seguintes questões no caderno, de acordo com o que se pode inferir do texto: 1- O que é matriz energética mundial? 2- Destaque no texto a participação dos combustíveis fósseis na oferta de energia mundial. 3- Quais são os principais fatores que poderão levar ao aumento do consumo de energia? 4- Qual é o papel da Ásia e demais países emergentes no aumento do consumo de energia? Por quê? 5- Discuta a seguinte frase: “Se não existisse o petróleo, teríamos de inventá-lo”. • Após o exame do mapa e gráfico e a leitura e discussão do texto, divida a turma em grupos e peça que elaborem um relatório sintetizando o que aprenderam sobre as fontes de energia e o consumo energético mundial. www.viagemdoconhecimento.com.br 6 PLANO DE AULA VIAGEM DO CONHECIMENTO Energia: conquistas alcançadas e desafios para o futuro SEXTA AULA A matriz energética mundial A atividade anterior introduz algumas características da matriz energética mundial. Agora, aprofunde esse tema com os alunos. Inicie explicando o que é matriz energética. Ela diz respeito à oferta de energia em um lugar, país, região ou no mundo. Ela revela em termos quantitativos a participação de cada fonte na geração total de energia. Peça que a turma examine os gráficos a seguir, destacando o que eles revelam sobre a matriz energética mundial. Oferta de energia por fonte 1973 Total: 6.115 106 tep* Carvão mineral 24,5% Outros 0,1% 2007 Total: 12.029 106 tep* Carvão mineral 26,5 Petróleo 46,1% Petróleo 34,0% Outros 0,7% Fontes renováveis 10,6% Fontes renováveis 9,8% Hidráulica 1,8% Nuclear 0,9% Hidráulica 2,2% Gás natural 16,0% Nuclear 5,9% Gás natural 20,9% * Tonelada equivalente de petróleo Fonte: Empresa de Pesquisa Energética (BRASIL). Balanço Energético Nacional 2010. Ano base: 2009. Rio de Janeiro: EPE, 2010. Proponha que os alunos comparem a matriz energética mundial em 1973 e em 2007. Quais as diferenças entre elas? Peça que os alunos analisem quais as consequências das mudanças na matriz energética para o planeta. Retome rapidamente as vantagens e desvantagens de cada uma das fontes de energia apresentadas nos gráficos. Os estudantes devem notar que as fontes mais poluentes apresentam maior oferta. Levando-se em conta a disponibilidade das principais fontes de energia, os impactos causados pelo seu uso, as atuais preocupações com as mudanças climáticas, especialmente no que se refere ao aquecimento global, as transformações notadas de 1973 para 2007 permanecerão como tendências futuras? O que é possível dizer sobre a matriz energética mundial daqui a três décadas? Quais seriam as consequências? Promova esse debate e anote as respostas no quadro de giz. Peça que os alunos registrem em seus cadernos. Retome a ideia trabalhada na quarta e na quinta aulas de que os diferentes lugares possuem diferentes demandas de energia, de acordo com seu desenvolvimento e capacidade técnica e tecnológica. Aprofunde essa discussão mostrando que as várias fontes de energia estão distribuídas de modo desigual no planeta. Portanto, sua utilização é também desigual. A geração de energia é fortemente influenciada pelas características naturais dos territórios dos países ou das regiões. Desse modo, por exemplo, um país pobre em recursos hídricos, como rios, não poderá ter sua geração de energia elétrica baseada em usinas hidrelétricas. É importante salientar que a análise da matriz energética é um elemento importante para planejamento do setor energético. Ela nos diz “como estamos” e permite orientar a geração de energia para “onde queremos chegar”. Ela oferece elementos para pensar como é possível compatibilizar as potencialidades energéticas naturais e as necessidades sociais e econômicas do país e das regiões. Aprofunde um pouco mais essa ideia mencionando que a matriz energética é também uma opção política. As sociedades fazem suas escolhas de acordo com seus interesses. Exemplifique mostrando que a Alemanha recentemente decidiu desativar as usinas nucleares de modo gradativo, em função da forte pressão popular. Mencione que as preocupações atuais com as mudanças climáticas têm levado ao aumento de investimentos em energia renovável. Embora as energias alternativas ou limpas tenham pouca participação no total de oferta e consumo de energia, há esforços para seu aumento. Demonstre isso apresentando alguns dados: www.viagemdoconhecimento.com.br 7 PLANO DE AULA VIAGEM DO CONHECIMENTO Energia: conquistas alcançadas e desafios para o futuro • O investimento global em energia renovável cresceu 32% em 2010, atingindo um recorde de 211 bilhões de dólares. • Tal crescimento foi impulsionado em especial pelos investimentos em parques eólicos para geração de energia elétrica na China e pela instalação em pequena escala de células fotovoltaicas, capazes de gerar energia a partir da luz solar, em telhados na Europa. • Para obter novos dados sobre o assunto, consulte o documento Global trends in renewable energy investment 2011, disponível no site http://zunia.org/post/global-trends-in-renewable-energy-investment-2011/. Consulte também a edição especial da revista National Geographic Brasil. Dossiê Terra – Por uma vida mais sustentável no século 21, 2007. • Para estimular a reflexão individual sobre a necessidade de transformação da matriz energética, proponha a atividade a seguir: • Solicite a produção de um texto dissertativo individual. Nele, os alunos devem expressar reflexões pautadas no texto a seguir: Trilha para o Futuro “[...] é preciso considerar as vantagens intrínsecas do combustível fóssil: ele pode ser obtido com facilidade, pode ser transportado e é rico em energia calórica. Um barril de petróleo, por exemplo, contém cerca de 5,8 milhões de btu – o equivalente à força exercida por um lavrador trabalhando no campo durante 3 625 horas, ou seja, nada menos que 15 meses de trabalho. O combustível fóssil é, portanto, algo mágico. A energia renovável, por outro lado, é abundante. A qualquer hora, o Sol envia mais energia para a Terra que a consumida por toda a população humana durante um ano. O problema é que ela está no polo oposto do carvão ou do petróleo: em vez de ser muito concentrada, ela está muito difusa. Há um pouco dela por toda parte, exceto à noite, quando não é disponível. O mesmo se dá com o vento e várias outras alternativas. Isso não as torna inviáveis. Podemos não ter uma solução única e definitiva, mas talvez tenhamos várias soluções parciais. Mesmo assim, ainda é difícil vislumbrar de que modo vamos obter energia para o mundo em que estamos habituados a viver. Basta atentarmos para todos os equipamentos que compõem nossa sociedade: todos dependem da queima de líquidos oleosos e fragmentos sólidos de antigos organismos que agora estão se esgotando e ameaçando destruir nosso clima. De algum modo, temos de mudar tudo isso a fim de obter uma matriz energética com outras fontes – e precisamos fazer isso sem que haja colapso da economia global.” Fonte: revista National Geographic Brasil, São Paulo, Editora Abril, set. 2009 (Especial Energia). Disponível em: http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic/especiais/energia/energia-renovavel-492966.shtml?page=0. Acesso em 31 jul. 2011. SÉTIMA AULA A matriz energética brasileira Qual a configuração da matriz energética brasileira? Como ela tem evoluído nas últimas décadas e quais são as tendências futuras? Tais questões são centrais nesta etapa da proposta. Discuta-as propondo que os alunos observem os gráficos a seguir: Oferta brasileira interna de energia elétrica por fonte (2009) 80 60 40 Nuclear 2,5% 10 Outros Lenha e carvão vegetal 30 20 2009 2006 2003 2000 1997 1994 1991 1988 1985 0 1982 Carvão e derivados 1,3% Hidráulica e eletricidade 50 Derivados do petróleo 2,9% Petróleo e derivados Derivados da cana 70 1979 Gás natural 2,8% 90 1976 Eólica 0,2% 10º tep (toe) 100 1973 Importação 8,1% Biomassa 5,4% 1970 Hidráulica 76,9% Evolução da oferta brasileira interna de energia (1970-2009) Carvão mineral Fonte: Empresa de Pesquisa Energética (BRASIL). Balanço Energético Nacional 2010. Ano base: 2009. Rio de Janeiro: EPE, 2010. www.viagemdoconhecimento.com.br 8 PLANO DE AULA VIAGEM DO CONHECIMENTO Energia: conquistas alcançadas e desafios para o futuro Auxilie a turma na leitura dos gráficos. O primeiro retrata a matriz de geração de energia elétrica brasileira. Questione: no Brasil, há predominância do uso de fontes renováveis ou não renováveis? Os alunos devem perceber que cerca de 85% da nossa eletricidade é proveniente de fontes renováveis, com ampla participação da água como fonte de geração de energia elétrica. Informe, porém, que a necessidade de energia cujos usos e finalidades não são supridos pela energia elétrica torna o petróleo fundamental. Destaque, desse modo, a importância desta fonte não renovável na matriz energética brasileira. Discuta a evolução da oferta de cada uma das fontes de energia que configuram a matriz brasileira. Chame a atenção para os ritmos de crescimento ou diminuição da oferta de cada uma das fontes, os quais são evidenciados pela inclinação das retas no gráfico. Coloque separadamente no quadro de giz a posição das retas quando elas representam crescimento, estagnação ou diminuição do ritmo do fenômeno assinalado, conforme sugestão a seguir: Crescimento Estagnação x Diminuição x y x y y Analise, por exemplo, o caso da oferta da energia hidráulica. Mostre o crescimento quase constante de sua oferta desde os anos 1970, e peça que observem a diminuição sofrida no fim dos anos 1990, o que refletiu um período de falta de investimentos no setor. Destaque aquelas que em anos mais recentes apresentaram queda e as que, ao contrário, cresceram. Faça-os observar que partir de 2000 cresceu a energia gerada pela biomassa, especialmente a proveniente de derivados de cana-de-açúcar, a energia gerada por fontes alternativas como a eólica e a solar, e a oriunda do petróleo. Detenha-se um pouco mais nas fontes alternativas (representadas pela linha “Outras” no gráfico anterior). Destaque que no Brasil ainda há muitas possibilidades de expansão desse tipo de geração de energia. Há esforços consideráveis, especialmente em energia eólica. Cite, por exemplo, o Complexo Eólico de Osório, no Rio Grande do Sul, ou ainda as centrais eólicas de Taíba e Prainha, no Ceará. Proponha a leitura do trecho de texto a seguir: “Com a meta de ampliar ainda mais o percentual de fontes limpas na matriz, o governo aposta no crescimento do setor nos próximos dez anos. A meta do Plano Decenal de Expansão de Energia é que até 2020, quando o país deverá gerar cerca de 171 GWh, a participação da energia eólica na matriz suba para 7%, enquanto a oferta de energia hidráulica diminua de 76% para 67%.” Fonte: Disponível em http://planetasustentavel.abril.com.br/noticias/custo-energia-eolica-caiu-brasil-633967.shtml. Acesso em: 31 jul. 2011. Explique que a maior oferta de energia eólica no país acaba por levar à diminuição dos custos de produção, tornando-a mais viável. Chame a atenção para a tendência do crescimento das energias alternativas, paralelamente à diminuição das fontes energéticas convencionais. Estimule-os a formular hipóteses: por que isso ocorre? Quais as tendências para os próximos anos? Elas encontram-se no mesmo compasso da evolução mundial? Registre as respostas no quadro de giz e peça que anotem no caderno. Com base nas conclusões, faça também apontamentos para você. Eles vão servir como avaliação diagnóstica do conhecimento prévio dos alunos e orientar as próximas etapas. Se julgar necessário, peça que entreguem um texto feito em grupo sintetizando as discussões realizadas. Oitava e Nona Aulas Retome as informações dos gráficos discutidos na aula anterior. O que explica, no caso do Brasil, essa matriz energética tão diversa e ao mesmo tempo baseada em fontes renováveis de energia? Que fatores naturais colaboram para isso? Explique que o país possui um dos maiores e melhores potenciais energéticos do mundo. Isso porque as www.viagemdoconhecimento.com.br 9 PLANO DE AULA VIAGEM DO CONHECIMENTO Energia: conquistas alcançadas e desafios para o futuro diversas fontes de energia são encontradas de modo considerável em seu território. Aspectos naturais como a grande extensão territorial, o grande litoral, a abundante irradiação solar e os ventos constantes influenciam diretamente essa característica brasileira. Conforme a tendência mundial, espera-se que haja crescimento da demanda por energia nas próximas décadas. Isso repercute na oferta, pois exige novos investimentos em geração energética. Levando-se em conta que a evolução da oferta é diretamente influenciada pelos investimentos, isto é, os setores que mais crescem coincidem com aqueles que mais receberam inversões, nota-se que nos últimos anos os investimentos brasileiros foram direcionados principalmente para energias renováveis e limpas, como a biomassa e a hidráulica. Contudo, também se verifica o crescimento da importância do petróleo como fonte de energia. Uma sugestão é enfatizar e comparar especialmente o etanol produzido da cana-de-açúcar com o petróleo. Etanol Destaque o crescimento do setor sucroalcooleiro, o que pode ser exemplificado pelo aumento da produção de cana em 2009. Conforme dados mais recentes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, ela foi 12,6% superior à do ano de 2008. A geração de energia oriunda da cana-de-açúcar pode ser dividida em duas grandes frentes, ambas em expansão. A primeira refere-se à produção de etanol, que serve de combustível, especialmente usado para o funcionamento de veículos. O etanol pode ser hidratado ou anidro. O primeiro é usado em automóveis movidos somente a álcool ou do tipo “flex”, isto é, que podem usar álcool ou gasolina. O segundo, por sua vez, é utilizado como aditivo a gasolina no lugar do uso de aditivos mais poluentes. A segunda forma de gerar energia obtida da cana-de-açúcar vem da utilização do bagaço restante da produção de açúcar e do álcool. Explique que esse bagaço é queimado, o vapor passa por turbinas e geradores, produzindo energia elétrica. A energia gerada dessa forma torna as usinas de açúcar e álcool autossuficientes. Além disso, é frequente que sobre energia, o que permite sua venda, aumentando os lucros. Daí ela ser considerada bastante viável. Convém ainda mencionar a perspectiva de crescimento do mercado mundial do etanol, desde o fim dos anos 1990, momento em que passou a ser visto como substituto da gasolina, ainda que parcialmente. Assinale que o Brasil é o maior produtor mundial de etanol e também o maior exportador. Nosso país é seguido pelos Estados Unidos, cuja produção usa o milho como matéria-prima. Utilize os esquemas a seguir para comparar ambas as produções: Produção de etanol no Brasil Produção de etanol nos EUA Fonte: “Ele é o falso vilão”, Veja, 30/04/2088. Disponivel em: http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/energia/conteudo_277187.shtml?func=1&pag=1&fnt=9pt Acesso em: 30 jul. 201 www.viagemdoconhecimento.com.br 10 PLANO DE AULA VIAGEM DO CONHECIMENTO Energia: conquistas alcançadas e desafios para o futuro Oriente a análise e a interpretação dos dados. Peça aos estudantes que comparem a área agrícola destinada à cana e ao milho para produção do etanol com as demais lavouras em cada um dos países. Destaque que o Brasil produz mais etanol ocupando menos terras aráveis do que os Estados Unidos. Relembre que essa fonte de energia é usada principalmente em automóveis. Promova um debate, propiciando uma avaliação crítica do fato de que em ambos os países há uma prioridade aos automóveis como meio de transporte (embora os americanos usem muito as ferrovias e hidrovias para transporte de cargas). Peça um relatório em grupo, em que os alunos sintetizem suas reflexões sobre a produção e o uso do etanol. Petróleo brasileiro: O pré-sal Apesar de ser proveniente de reservas não renováveis e de ser poluente, o uso do petróleo continuará expressivo em médio prazo, destacando-se na matriz energética brasileira e mundial. Mas se a tendência mundial é de relativa diminuição da sua participação no total de energia gerada, no Brasil isso pode não ocorrer. Solicite que observem os gráficos a seguir: Fonte: Pôster “O pré-sal e o Rio de Janeiro”. National Geographic Brasil. Editora Abril, 2011 Discuta as informações dos gráficos. Eles permitem perceber o ranking dos maiores produtores mundiais de petróleo e a posição do Brasil. Avalie com os alunos a evolução da produção de petróleo no Brasil até 2015. Eles devem notar o crescimento previsto. Informe que tal crescimento colocará o país em sétimo lugar no ranking dos maiores produtores. Questione: a que se deve o crescimento observado? Registre as hipóteses no quadro de giz. Devido às estimativas de crescimento da produção de petróleo no Brasil, alguns analistas afirmam estarmos diante da “carbonificação” de nossa matriz energética. Pergunte aos alunos o que pensam sobre essa afirmação. O que ela significa? Ela está de acordo com as tendências de nossa matriz energética? Explique que a liberação de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera ocasionada pelo uso dos combustíveis fósseis justifica a utilização do termo “carbonificação”. Embora haja, de modo paralelo ao aumento do uso do petróleo, o crescimento do uso de energias renováveis e limpas no Brasil, as recentes descobertas de petróleo próximo ao litoral sudeste brasileiro permitem vislumbrar um cenário de aumento de quase 70% no volume que a Petrobras produz diariamente hoje. Pergunte aos alunos se eles já ouviram falar em pré-sal. O que sabem a respeito? Compare com as hipóteses que levantaram sobre o crescimento da produção brasileira. Quais seriam as consequências deste cenário? Ouça as respostas e registre-as no quadro de giz. Peça para que anotem no caderno. Na sequência, peça para que observem as informações a seguir: www.viagemdoconhecimento.com.br 11 PLANO DE AULA VIAGEM DO CONHECIMENTO Energia: conquistas alcançadas e desafios para o futuro Fonte: Postêr “O pré-sal e o Rio de Janeiro”. National Geographic Brasil. Editora Abril, 2011 Discuta as principais informações presentes no mapa acima. Compare com as anotações anteriores sobre o que os alunos já conheciam a respeito do tema. Quais informações podem ser acrescentadas aos registros e que elucidam o que é o pré-sal? Corrija possíveis equívocos cometidos. Explique que o pré-sal é uma camada do subsolo brasileiro que contém petróleo leve, menos poluente e de alto valor no mercado mundial. Para que os alunos tenham dimensão dos desafios da exploração do pré-sal, peça que observem e discutam o esquema a seguir: Fonte: Pôster “O pré-sal e o Rio de Janeiro”. National Geographic Brasil. Editora Abril, 20011 www.viagemdoconhecimento.com.br 12 PLANO DE AULA VIAGEM DO CONHECIMENTO Energia: conquistas alcançadas e desafios para o futuro Enfatize agora os desafios impostos pelo pré-sal no que se refere às técnicas de exploração do petróleo. Para isso, utilize o seguinte esquema: NAVIO-PLATAFORMA Da superfície às camadas profundas do pré-sal 0m LÂMINA D’ÁGUA Um dos grandes desafios para a exploração de petróleo no pré-sal é vencer a lâmina d’água (entre a superfície e o solo marinho) com mais de 2 mil metros de profundidade. Outra dificuldade é manter centenas de trabalhadores a cerca de 300 quilômetros da costa, em alto-mar. 2 200 m CAMADA PÓS-SAL Até a descoberta das reservas do pré-sal, o petróleo produzido no Brasil era extraído da camada pós-sal. Na bacia de Campos, a área mais explorada da costa brasileira, o petróleo se encontra principalmente nesta camada – formada de rochas sedimentares, como calcário e arenito. 3 000 m CAMADA DE SAL Com até 2 mil metros de espessura, esta camada é formada de rochas evaporítica, taquidrita, halita e carnalita. Ao ser perfurada, na busca pelo petróleo abaixo dela, há o risco de o poço se fechar em função da natureza instável do sal. Corrosiva, a rocha salina pode danificar o aço usado na operação. Nesta unidade flutuante de produção e armazenamento de petróleo, o óleo é separado do gás e da água. Daqui o petróleo é levado por navios aliviadores ou por dutos submarinos. Pesa 50 mil toneladas, tem a altura de um prédio de 30 andares e a largura de três campos de futebol. CABOS DE ANCORAGEM Unidades flutuantes, como o navioplataforma, necessitam desse sistema de ancoragem para evitar que o movimento do mar prejudique a exploração de petróleo. Cabos de aço ligados a âncoras encravadas no subsolo são usados para manter fixas as estruturas de exploração. RISERS Estes tubos flexíveis transportam óleo, água e gases da árvore de natal até o navio-plataforma. O riser de poliéster, desenvolvido no Brasil, é capaz de reduzir a diferença entre as temperaturas do óleo (mais de 60ºC) e da água do oceano (2ºC). Assim, evitam-se entupimentos. “ÁRVORE DE NATAL” Fundamental para a extração de petróleo, trata-se de um conjunto de válvulas que centraliza as tubulações conectadas ao poço e à unidade de produção na superfície. No fundo do mar, controla a pressão e a vazão da mistura de óleo, água e gases vinda do subsolo marinho. CABO DE PERFURAÇÃO A escavação do poço (orifício de 20 a 50 centímetros de diâmetro) é feita com o auxílio do cabo de perfuração, com a broca na frente. Além do cabo, estão em estudo linhas de injeção para capturar e fixar abaixo da terra o dióxido de carbono (CO2) emitido no processo de extração – que, de outro modo, ficaria na atmosfera, contribuindo para o efeito estufa. 5 000 m CAMADA PRÉ-SAL Constituída por rochas carbonáticas, concentra petróleo de alta qualidade, mais leve e mais fácil de ser refinado do que o encontrado na camada pós-sal. Além da costa brasileira, sabe-se da ocorrência de petróleo sob o sal no litoral oeste da África, no Japão, no Mar Cáspio e no golfo do México. BROCA DE PERFURAÇÃO Ela é composta de cones de aço para penetrar na rocha-reservatório, onde o petróleo está armazenado. Pedras mais duras exigem brocas com ponta de diamante. Na perfuração, uma lama especial é injetada no poço para resfriar a broca, que é trocada várias vezes devido ao desgaste. 7 000 m Discuta as informações presentes no esquema. Tire dúvidas e explique que o Brasil tem bastante experiência e domínio de tecnologias na exploração de petróleo a grandes profundidades no subsolo do oceano. Contudo, as novas reservas descobertas superam o máximo de profundidade atingido até então. Sua exploração exigirá volumosos investimentos em pesquisa e tecnologia com o objetivo de se criar, por exemplo, máquinas capazes de realizar perfurações. Promova o seguinte debate: quais são os aspectos positivos e negativos desta exploração? Peça que realizem uma pesquisa em grupo sobre o tema. Oriente-os a refletir sobre de que modo é possível explorar esta e as demais fontes energéticas de modo racional e eficiente, maximizando os benefícios e buscando minimizar os impactos negativos. Solicite que discutam entre si e que, em grupos, elaborem e entreguem um relatório final sintetizando o que aprenderam nesta sequência de aulas. www.viagemdoconhecimento.com.br 13 PLANO DE AULA VIAGEM DO CONHECIMENTO Energia: conquistas alcançadas e desafios para o futuro Atividades complementares para os estudantes 1 Com base no mapa abaixo, considere as afirmações abaixo: Mapa – energia eólica Fonte: Global Wind Energy Council, 2007. ___. In: Dossiê Terra. São Paulo, Editora Abril, 2007, pág. 69. I – Entre os países com maior capacidade instalada de geração de energia eólica estão tradicionais produtores, como os Estados Unidos. A Dinamarca e a Alemanha vêm aproveitando o regime de ventos favoráveis na região. Brasil, China, Índia e Austrália também apresentam bom potencial. II – O Brasil figura entre os países com grande potencial de geração de energia eólica, com destaque para áreas litorâneas do Nordeste e faixas do Rio Grande do Sul, estado no qual vem sendo construído um grande complexo energético eólico. III – Dada a recente queda nos preços internacionais do petróleo, causada pela crise financeira mundial a partir de setembro de 2008, países do Oriente Médio resolveram investir na força dos ventos para geração de energia a fim de diversificar sua matriz energética. Contribui para explicar a distribuição apresentada no mapa o que foi exposto em: (A) I, II e III. (B) I e III. (C) I e II. (D) II e III. Alternativa correta: C 2 Leia os textos a seguir: Steven Chu, secretário de Energia dos Estados Unidos, revelou em entrevista à escritora Michelle Nijhuis: “O etanol de milho não é solução para reduzirmos nossa dependência em relação ao petróleo, e tampouco é solução ideal para o clima”. Fonte: National Geographic Brasil. Edição especial Energia para o Futuro, 2009, pág. 32. Em um artigo, Xico Graziano, secretário do Meio Ambiente de São Paulo, escreveu: “Vitória ambiental do etanol brasileiro no exterior. A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos acaba de considerá-lo um ‘biocombustível renovável de baixo carbono’. Abrem-se as portas do mercado internacional para o álcool combustível oriundo da cana-de-açúcar. Ponto para o Brasil”. Fonte: Graziano, Francisco. O Estado de S. Paulo, 23/2/2010. Disponível em http://planetasustentavel.abril.com.br. Uma razão para o reconhecimento dos americanos a respeito do etanol de cana-de-açúcar brasileiro é a/o: (A) Retirada total de subsídios para a produção do etanol de milho nos Estados Unidos devido à crise financeira. (B) Disponibilidade do governo brasileiro em oferecer exclusividade para os Estados Unidos na exportação do produto. (C) Incapacidade técnica e econômica dos Estados Unidos para investimentos em pesquisa no setor de biocombustíveis. (D) Rendimento energético do etanol oriundo da cana-de-açúcar, que ultrapassa o do produto deles, proveniente do milho. Alternativa correta: D www.viagemdoconhecimento.com.br 14 PLANO DE AULA VIAGEM DO CONHECIMENTO Energia: conquistas alcançadas e desafios para o futuro 3 Analise o esquema e o texto abaixo: Total de emissões de CO2 em 2005 (Botsuana, Brasil e Estados Unidos) Botsuana: 4 milhões de toneladas Brasil: 1 bilhão de toneladas Estados Unidos: 6 milhões de toneladas Numa área rural de Botsuana, uma cidadã lava sua roupa a mão e aproveita o sol para secá-la. Na residência principal da família há um grande consumidor de energia – um fogão a gás. Mas ela, conforme hábito de muitas mulheres, gosta de cozinhar com fogo de lenha. Como a população do país é pequena, o impacto global dessa queima doméstica é irrelevante. Nos Estados Unidos, em sua sala pouco iluminada em Las Vegas, Nevada, Brandi Nelson dobra a roupa que tirou da máquina de lavar e secar ao som da TV de tela grande. Os Nelsons querem reduzir suas emissões de CO2, mas não costumam poupar energia. Keith e sua irmã Kennedy Nelson fazem um trajeto de 21 quilômetros entre a escola e sua casa. Esse percurso diário consome quase 4 litros de gasolina. Já no Brasil, a família Bessa não tem carro e mora num bairro a 12 quilômetros do centro de Belo Horizonte. Para fazer pequenas compras, Maria usa a bicicleta. Ela diz que o filho quer usar a grande oferta de crédito no mercado para comprar um carro zero. Uma facilidade que ameaça aumentar a emissão de CO2 no Brasil. Fonte: Revista National Geographic Brasil. Edição especial Mudanças Climáticas, 2008, págs. 64 a 81 (com adaptações). Sobre os impactos ambientais, com base na análise combinada do esquema com o texto a respeito de hábitos de consumo de energia de alguns países, conclui-se que há uma relação mais direta entre: (A) Emissão de CO2 e crescimento de população. (B) Capacidade de consumo e degradação das áreas rurais. (C) Consumo de energia e nível da capacidade produtiva dos países. (D) Consciência ecológica das classes sociais e nível educacional. Alternativa correta: C 4 Leia o texto a seguir: 2012: Ano Internacional da Energia Sustentável para Todos “[...] mais de 1,4 bilhão de pessoas de todo o mundo não possuem acesso à eletricidade e cerca de 1 bilhão têm acesso intermitente, ou seja, não contínuo, o que acarreta problemas de saúde, déficit educacional, destruição ambiental e, até mesmo, atraso econômico. Para chamar a atenção da população mundial para esse problema e, assim, fomentar ações que possam ajudar a mudar essa realidade, a ONU – Organização das Nações Unidas – proclamou que 2012 será o Ano Internacional da Energia Sustentável para Todos. O anúncio faz parte de uma iniciativa maior – também batizada de Energia Sustentável para Todos (Sustainable Energy for All, em inglês) –, comandada pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que até o ano de 2030 pretende alcançar três grandes objetivos. São eles: – Assegurar que todos tenham acesso a serviços modernos de energia; – Reduzir em 40% a intensidade energética global e – Aumentar em 30% o uso de energias renováveis em todo o mundo Fonte: Disponível em: http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/energia/2012-ano-internacional-energia-sustentavel-todos-onu-sustainable-energy-all-632826. shtml. Acesso em: 23 jul. 2011. www.viagemdoconhecimento.com.br 15 PLANO DE AULA VIAGEM DO CONHECIMENTO Energia: conquistas alcançadas e desafios para o futuro Glossário Intensidade Energética – indicador de eficiência energética que traduz a incidência do consumo de energia final sobre o PIB (Produto Interno Bruto). Quanto menor a intensidade energética, maior é a eficiência energética de uma economia/produto. Elabore um texto dissertativo destacando e discutindo: • Aspectos do acesso à energia elétrica e seu consumo desigual no mundo, bem como consequências socioeconômicas do acesso à energia elétrica; • Se os grandes objetivos previstos no Ano Internacional da Energia Sustentável para Todos encontram-se em consonância com as tendências apontadas pelos dados referentes à matriz energética mundial; • Quais as possíveis ações individuais capazes de colaborar com os objetivos propostos. Avaliação Leve em conta o domínio de noções, conceitos e processos com base nos objetivos estabelecidos no início das atividades. Verifique a participação dos estudantes nos trabalhos e discussões, tanto nas tarefas individuais quanto nas tarefas coletivas. Examine a produção escrita dos alunos, isto é, os relatórios e as dissertações escritas no decorrer da sequencia de aulas. Permita que façam uma autoavaliação na qual devam expressar o que aprenderam. Indicações de fontes para consulta e pesquisa Publicações National Geographic Brasil. Dossiê Terra – Por uma Vida Mais Sustentável no Século 21. São Paulo, Editora Abril. 2007. Organizada em quatro temas distintos – A condição humana, Nossa relação com a natureza, O mundo interconectado e A nova geografia –, a edição oferece uma radiografia do planeta, disseca questões urgentes como energia e aponta tendências. National Geographic Brasil. Especial Energia. São Paulo; Editora Abril, 05/2009. Composta de diversas reportagens relacionadas ao tema da energia, essa edição especial discute os atuais usos de energia, as tendências e os desafios para o futuro. Pode auxiliar o professor no aprofundamento de problemáticas pertinentes ao tema ou ser material de pesquisa para os alunos no decorrer do desenvolvimento das atividades. Todo o conteúdo da versão impressa está disponível gratuitamente no site da revista: http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic/especiais/energia/ Agência Nacional de Energia Elétrica (BRASIL). Atlas de Energia Elétrica do Brasil. Brasília: Aneel, 2002. Oferece dados e material cartográfico sobre a situação energética brasileira, permitindo comparações com a situação mundial. Empresa de Pesquisa Energética (BRASIL). Balanço Energético Nacional 2010. Ano base: 2009. Rio de Janeiro: EPE, 2010. Balanço publicado pelo Ministério de Minas e Energia que oferece dados detalhados sobre oferta e consumo de energia no Brasil. SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço. Técnica e Tempo. Razão e Emoção. São Paulo: Edusp, 2002. Livro que se consolidou como importante referencial teórico e metodológico da ciência geográfica. Inspira reflexões teóricas e análises empíricas, fundamentadas na realidade histórica. United Nations Environment Programme (Unep) and Bloomberg New Energy Finance. Global Trends in Renewable Energy Investment 2011. Germany, 2011. Documento revela a situação atual dos investimentos em energia renovável no mundo, tendo por base os dados de 2010. Indica tendências futuras desses investimentos fundamentando-se em análises de sua evolução (em inglês). www.viagemdoconhecimento.com.br 16 PLANO DE AULA VIAGEM DO CONHECIMENTO Energia: conquistas alcançadas e desafios para o futuro Internet A força da energia solar Reportagem de capa da revista National Geographic Brasil reflete sobre a opção da energia limpa e renovável que vem do Sol. http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic/edicao-114/energia-solar-493877.shtml Energia eólica produzida no Complexo de Osório Reportagem da revista National Geographic Brasil aborda a produção da energia eólica em Osório, RS. http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic/edicao-129/energia-eolica-brasil-610609.shtml Mapa-múndi com a localização dos poços de petróleo em alto-mar e águas profundas. http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic/interatividades/infograficos/2010/pocos-de-petroleo-em-alto-mar-aguasprofundas/index.shtml Energia Seção especial do site Planeta Sustentável que disponibiliza diversas reportagens sobre o tema. http://planetasustentavel.abril.com.br/energia/ Custo da energia eólica caiu no Brasil Notícia sobre a diminuição do custo de energia eólica no Brasil. http://planetasustentavel.abril.com.br/noticias/custo-energia-eolica-caiu-brasil-633967.shtml Petrobras: pré-sal Oferece dados e informações gerais sobre as reservas do pré-sal, expondo desafios e potenciais de sua utilização. http://www.petrobras.com.br/minisite/presal/pt/cada-vez-mais-fundo/ 2012: Ano Internacional da Energia Sustentável para Todos Mais de 1,4 bilhão de pessoas em todo o mundo não têm acesso à eletricidade e, por isso, possuem péssimas condições de vida. Para tentar mudar essa realidade, a ONU proclamou 2012 como o Ano Internacional da Energia Sustentável para Todos. http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/energia/2012-ano-internacional-energia-sustentavel-todos-onu-sustainable-energy-all-632826.shtml Na trilha da energia Site de pesquisa formulado pela Eletrobrás para informar sobre geração, transmissão, distribuição e consumo de energia elétrica. Auxilia a elaboração de trabalhos escolares e sugere outros sites em que se pode encontrar informações sobre o tema. http://www.eletrobras.gov.br/pesquisa_infanto_juvenil/energia.asp?menu=02&submenu=0207&conteudo=0207 O que é energia? Em seu site oficial, o Gabinete de Desenvolvimento do Setor Energético de Macau disponibiliza breves elucidações sobre energia, suas principais fontes e sua relação com a humanidade. Pode auxiliar na elaboração de trabalhos escolares. http://www.gdse.gov.mo/por/GDSE_Pages/info.asp Energia nuclear O Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares responde dúvidas e curiosidades sobre a energia nuclear, disponibilizando dados e informações gerais sobre o tema. http://www.ipen.br/sitio/?idm=190&ap=1&aidc=1 O futuro da energia À medida que milhões de pessoas entram no mercado de consumo todo ano, sobretudo na Ásia, a demanda global de energia não para de crescer. A crise nuclear no Japão e a revolta no Oriente Médio levantam a dúvida – haverá energia para todos? http://planetasustentavel.abril.com.br/pops/evolucao-energia-mundo.shtml www.viagemdoconhecimento.com.br 17