GOVERNO DO ESTADO DO AMAPÁ MODELO DE GESTÃO FLORESTAL E RESPECTIVAS ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS DO ESTADO DO AMAPÁ Diagnóstico e proposições de ajustes Execução: FAPUR 2013 Modelo de gestão florestal e respectivas estruturas organizacionais do Estado do Amapá – diagnóstico e proposições de ajustes SUMARIO EXECUTIVO INTROITO Este documento contém um estudo do Modelo de gestão florestal e respectivas estruturas organizacionais do Estado do Amapá, realizado no âmbito de um acordo de cooperação firmado entre o Governo do Estado do Amapá - GEA, através do Instituto Estadual de Florestas do Amapá – IEF, e a Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica da UFRRJ – FAPUR. Assinado em 1º de julho de 2012, o Termo de Cooperação Técnico Científico 003/12 teve como objetivo geral “contribuir para o fortalecimento da gestão florestal e elaboração do programa estadual de florestas do Amapá, através de assessoria científica e técnica especializada”. Este documento é o resultado de levantamentos, pesquisas e análises de dados e informações obtidos em reuniões, oficinas, seminários e aplicação de questionários tudo relativo às quatro organizações do Estado com responsabilidade direta sobre a gestão das florestas. Trata-se de um Estudo analítico e propositivo sobre o modelo e as estruturas organizacionais responsáveis por formular e implementar a política florestal, assim como por fazer a gestão das florestas no Estado do Amapá. São elas: Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural – SDR; Secretaria de Estado do Meio Ambiente – SEMA; Instituto Estadual de Floresta – IEF; Instituto do Meio Ambiente e de Ordenamento Territorial do Estado do Amapá – IMAP. ESTRUTURA DO DOCUMENTO O documento está estruturado em quatro partes, além da Introdução. A Parte I contém os antecedentes, objetivo e as indicações metodológicas do estudo. Na II, encontra-se uma revisão sobre alguns conceitos importantes para o estudo, envolvendo política de Estado, de governo e florestal; e sobre administração, gestão e descentralização da gestão florestal. Uma leitura das funções de Estado na área florestal é feita à luz da Constituição do Amapá na Parte III do documento, que contempla também um diagnóstico das percepções do público interno e externo sobre as organizações, envolvendo planejamento, execução e controle da política florestal. Na Parte IV são apresentadas quatro proposições de ajustes no modelo e na estrutura institucional de formulação de política e de gestão florestal do Amapá. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA As propostas apresentadas fundamentam-se num conjunto de pressupostos teóricos de três áreas da ciência: florestal, jurídica e da administração. Destinam-se a fundamentar a promoção de ajustes no modelo e nas estruturas de formulação da política e da gestão florestais no Estado do Amapá. No âmbito da ciência florestal, o arcabouço teórico baseia-se num conjunto definido de seis funções típicas que o Estado deve exercer na área florestal, estudadas e conceitualmente desenvolvidas pelos autores deste estudo, no decorrer de três lustros. São elas: 1. Realizar o macroplanejamento da 1 proteção e uso dos recursos florestais; 2. Administrar as florestas públicas (unidades de conservação e outras florestas públicas); 3. Promover o fomento florestal (entendido aqui no sentido amplo: desenvolvimento das atividades ligadas às florestas); 4.Prestar assistência técnica e realizar a extensão florestal; 5. Realizar a pesquisa florestal; 6. Monitorar, fiscalizar e controlar as florestas no seu conjunto. Ligado à atividade-fim da administração pública (extroversa), a qual tem guarida em funções constitucionais do Estado, um campo particular do direito - o direito administrativo - fornece os elementos do segundo núcleo teórico. Enumeram-se, escudando-se nesse ramo da ciência jurídica, as seguintes atividades administrativas públicas: i. Exercer o poder de polícia; ii. Prestar serviços públicos; iii. Ordenar a economia; iv. Executar o ordenamento social; v. Promover o fomento público. Agrega-se a esses dois conjuntos, um terceiro, extraído de um campo especial da ciência administrativa, a teoria organizacional. Permeia este campo em particular, ideias e perspectivas teóricas que podem ser sintetizadas em quatro visões: a. Da seleção natural – em que o papel do gestor é inativo; b. Sistêmico-estrutural – gestor reativo; c. Da ação coletiva – gestor interativo; d. Da escolha estratégica – gestor proativo. MODELO ORGANIZACIONAL ATUAL Atualmente o modelo organizacional de formulação e implementação de politica florestal e de gestão dos recursos florestais do estado do Amapá é composto por quatro organizações, sendo duas de administração direta e duas de administração indireta (Figura 1). Situação atual: Modelo mecânico, composto de quatro organizações: • • • • Secretaria de Estado do Meio Ambiente – SEMA; Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural – SDR; Instituto Estadual de Florestas do Amapá – IEF; Instituto do Meio Ambiente e de Ordenamento Territorial do Estado do Amapá – IMAP. IMAP(autarquia) IEF (autarquia) Figura 1: Modelo atual de formulação de política e de gestão florestal do estado do Amapá. PROPOSTAS DE AJUSTES – SÍNTESE Quatro propostas são formuladas, com as seguintes denominações: • • • • PROPOSTA 1 – Ajuste leve (PAL); PROPOSTA 2 – Ajuste moderado (PAM); PROPOSTA 3 – Ajuste amplo (PAA); PROPOSTA 4 – Ajuste inovador (PAIn). Todas as alternativas consideram duas instâncias organizacionais: • Formulação e implementação da política florestal; • Execução (gestão) da política florestal. 2 1. AJUSTE LEVE (PAL) A mudança reside na criação de uma Coordenadoria de Fomento Florestal, e de uma Coordenaria de Serviços da Floresta no IEF; e na institucionalização de 5 Escritórios Regionais do Instituto. Seria também criada uma Coordenadoria de Licenciamento Florestal no IMAP. Síntese da mudança: + 2 Coordenadorias no IEF; + 5 Escritórios Regionais (institucionalização - já estão em funcionamento) + 1 Coordenadoria no IMAP. 2. AJUSTE MODERADO (PAM) As atuais coordenadorias do IEF são elevadas a diretorias, equiparando a sua estrutura hierárquica à do IMAP. E duas novas diretorias são criadas no IEF (hoje são apenas duas coordenadorias fins), passando o órgão a ter quatro Diretorias: Gestão de Concessões, Cadeias Produtivas, Fomento Florestal, Serviços da Floresta. Completa a proposta a institucionalização dos Escritórios Regionais do IEF já existentes em cinco municípios e a criação da Coordenadoria de Licenciamento Florestal no IMAP (a estrutura atual órgão vai até Diretoria). Síntese da mudança: + 2 Diretorias, por transformação de Coordenadorias já existentes no IEF; + 2 Diretorias criadas no IEF; + 5 Escritórios em funcionamento institucionalizados; + 1 Coordenadoria criada no IMAP. 3. AJUSTE AMPLO (PAA) A SEMA é ampliada, recebe a Diretoria de Mudanças Climáticas e Serviços Ambientais. Na SDR, o tema florestal seria abrigado na Diretoria de Desenvolvimento Rural e Florestal, por mudança da nomenclatura, e elevação, da atual Coordenadoria de Desenvolvimento Rural. E a atual unidade de Política Florestal seria alçada à categoria hierárquica de Divisão de Política Florestal. Quanto ao IEF e IMAP, mantém-se o teor da proposta dois, agora como uma sugestão nova de nomenclatura para a Diretoria de Concessões Florestais, que passaria a denominar-se Diretoria de Gestão de Florestas Públicas. Síntese da mudança: + 1 Diretoria na SEMA; Elevação de 1 unidade para Divisão na SDR; + 2 Diretorias, por transformação de Coordenadorias já existentes no IEF; + 2 Diretorias criadas no IEF; + 5 Escritórios em funcionamento institucionalizados; + 1 Coordenadoria criada no IMAP. 4. AJUSTE INOVADOR (PAIn) Cria-se uma nova Secretaria de Estado para ser a formuladora e implementadora da política florestal. Cria-se uma Empresa Pública nova para ser a executora da política florestal do estado. Uma Diretoria de Licenciamento Florestal no IMAP é criada para atender de forma adequada os licenciamentos em áreas privadas e a função monitoramento, fiscalização e controle dessas áreas. Monitoramento e controle das diretrizes, critérios e indicadores da política florestal ficam também a cargo da nova Secretaria a ser criada. Síntese da mudança: + 1 Secretaria de Estado; + 1 Órgão novo (Empresa Pública); + 1 Diretoria no IMAP. 3 PROPOSTAS DE AJUSTES – DETALHAMENTO Proposta 1: Ajuste Leve O panorama geral (institucional) da política e da gestão florestal e as mudanças decorrentes dessa 1ª proposta são apresentadas no quadro 1. A área sombreada ressalta as alterações. Na sequência são apresentados os argumentos que sustentam a proposição. As mudanças nas estruturas organizacionais podem ser visualizadas no anexo (para cada uma das propostas). Quadro 1: PAL - Proposta de Ajuste Leve FORMULAÇÃO DA POLÍTICA Órgão Estrutura Mudança SEMA Atual Nenhuma SDR IEF IMAP Atual OBS Continua sem estrutura de gestão direta de: UCs em geral e da Flota em particular Nenhuma EXECUÇÃO DA POLÍTICA Coordenadoria de Fomento Florestal Coordenadoria de Serviços da Floresta Escritório Regional (5) Coordenadoria de Licenciamento Florestal Institucionalização (já funcionam) As coordenadorias novas no IEF destinam-se a criar as condições objetivas para o apoio à atividade de fomento florestal, com demanda crescente no âmbito do Programa Proextrativismo; além de iniciar um processo de estruturação do Instituto para operar no universo de serviços providos pela floresta, envolvendo carbono, compensação de reserva legal, servidão ambiental (e o mercado que dele advirá), dentre outros. Cinco escritórios regionais do IEF já estão funcionando. Mas a lei que o criou não abriga essas unidades. Estão, portanto, funcionando em caráter precário administrativamente. Isso implica em problemas operacionais práticos, pois a direção da organização encontra dificuldades para lotar os servidores no interior. A correção institucional deve prever inclusive a realização de concurso público com lotação regional específica. E até uma seleção interna para realocação de servidores, mediante estímulos de interiorização. No IMAP, a Coordenadoria de Licenciamento Florestal visa a desafogar a pressão dos processos de autorização de uso de recursos florestais (planos de manejo, de produtos não madeireiros, e de projetos de assentamento, principalmente), e de licenciamento de pequenas e médias unidades de processamento de produtos e subprodutos florestais. Visa, ademais, corrigir a estrutura do órgão, assentada hoje numa única Coordenadoria de Licenciamento e Controle Ambiental, afeta à Diretoria de Meio Ambiente, que acomoda 8 Núcleos (4 na Coordenadoria de Licenciamento e 4 na de Fiscalização). A figura 2 do anexo apresenta o organograma das mudanças no IEF e no IMAP. Gestão da Floresta Estadual: seria feita de forma compartilhada, conforme dispõe a lei que a cria. O arcabouço desse compartilhamento foi definido na Oficina Gestão compartilhada, realizada em 6 de agosto de 2013. 4 Proposta 2: Ajuste moderado De forma análoga ao demonstrado na Proposta 1, o quadro 2 sistematiza as mudanças decorrentes da segunda proposição de ajuste do modelo e da estrutura de gestão florestal no estado do Amapá. Quadro 2: PAM - Proposta de Ajuste Moderado FORMULAÇÃO DA POLÍTICA Órgão SEMA Estrutura Atual Mudança Nenhuma SDR Atual Nenhuma Elevação Elevação Nova Nova Existentes Nova EXECUÇÃO DA POLÍTICA Diretoria de Gestão de Concessões Diretoria de Cadeias Produtivas Diretoria de Fomento Florestal Diretoria de Serviços da Floresta Escritórios Regionais (5) Coordenadoria de Licenciamento Florestal IEF IMAP OBS Não resolve: gestão de UCs e da Flota Coordenadoria para Diretoria Coordenadoria para Diretoria Criada Criada Institucionalizados Criada ARGUMENTAÇÃO: Essa proposta considera mudanças no IEF e no IMAP. No IEF seriam elevadas duas Coordenadorias ao status de Diretorias; e duas novas Diretorias seriam criadas no órgão. Além dessas Diretorias, seriam institucionalizados os cinco escritórios regionais do Instituto. No IMAP seria criada a Coordenadoria de Licenciamento Florestal. As novas unidades de execução operacional do IEF visariam: Equiparar as estruturas autárquicas, pois enquanto a estrutura do IMAP compreende Diretoria-Coordenadoria-Núcleo, a do IEF dispõe apenas dos níveis Coordenadoria-Núcleo; Atender os três setores da economia florestal do Estado (produção, transformação e comercialização); Fortalecer a função de fomento, não contemplada no atual organograma do Instituto; Dotar o Instituto de Diretoria técnica apta a lidar com as questões florestais globais – serviços ambientais, clima, biodiversidade – e nacionais, como compensação de reserva legal, servidão ambiental, cota de reserva legal. Consolidar a estrutura desconcentrada do Instituto. A coordenadoria nova do IMAP é a mesma prevista na 1ª proposta (pelas razões já apresentadas). Visa: Desafogar a área de licenciamento, hoje numa única Coordenadoria do órgão licenciador. Frise-se, por oportuno, que esta sugestão emanou da Oficina Institucional, realizada em abril de 2013, da qual participaram, juntamente com os técnicos, os Secretários da SEMA e da SDR, e os Diretorespresidente do IEF e do IMAP. Em relação à 1ª proposta, esta é mais robusta na medida em que dota o IEF de uma estrutura mais adequada para cumprir também as funções de Fomento e ATEF. A proposta em apreço admite a ocorrência de conflitos de competência entre SEMA e SDR, no tocante à função Macroplanejamento, quando se trata da proteção, de um lado, e uso dos recursos florestais, de outro. E também na gestão da Floresta Estadual, visto que o ato de sua criação vincula-a ao órgão gestor de florestas. Seria natural que as estruturas de Estado trabalhassem integradas e se complementassem, e esse tipo de preocupação não precisasse ser levado em conta. Mas na prática a situação é mais complexa, por questões instrumentais e temporais. Em termos operacionais, a maior parte dos instrumentos econômicos e financeiros adotados na política agrícola está associada a objetivos de curto prazo. São, portanto, mecanismos difíceis de serem adaptados às políticas florestais, que demandam, na maioria 5 dos casos, instrumentos de alcance de médio e longo prazos. Isso sem se considerar outro histórico conflito, esse de natureza filosófica, entre se manter as árvores em pé e ou derrubá-las para as práticas agropecuárias tradicionais. Ademais, no campo político, normalmente as estruturas estatais são partilhadas entre grupos e correntes de ideologias nem sempre convergentes, dificultando, sobremaneira, a operacionalidade de organizações que institucionalmente são obrigadas a compartilhar ações. A reforma proposta nessa segunda alternativa melhoraria em muito a satisfação do cidadão usuário relativamente aos serviços prestados pelo Estado, pois a Coordenadoria Florestal do IMAP permitiria maior agilidade nos processos de autorização de supressão para uso alternativo do solo e exploração de florestas, através do manejo florestal, bem como àqueles relacionados aos licenciamentos do setor secundário e das concessões em florestas públicas. Essas mudanças estruturais em duas organizações executivas da administração indireta ligadas à temática florestal contribuiriam para melhorar substantivamente a gestão florestal no Estado (ver Figura 2 do anexo). Gestão da Flota: o conflito institucional referente à função Administração de Florestas Públicas, especificamente no tocante à gestão da Flota não estaria ainda resolvido, pois mantém-se a gestão compartilhada, nos moldes da proposta 1, com ações/tarefas distribuídas entre SEMA e IEF. Proposta 3: Ajuste amplo O quadro 3 sintetiza os elementos mantidos e os modificados com a proposta 3, chamada de ajuste amplo, por propor modificações nas estruturas das quatro instituições, de formulação de política e de gestão florestal (Figura 3 do Anexo). Quadro 3: PAA - Proposta de Ajuste Amplo FORMULAÇÃO DA POLÍTICA Órgão Estrutura Mudança SEMA Nova Diretoria de Mudanças Climáticas e Serviços Ambientais SDR Elevação Divisão de Política Florestal EXECUÇÃO DA POLÍTICA IEF Elevação Diretoria de Gestão de Concessões Elevação Diretoria de Cadeias Produtivas Nova Diretoria de Fomento Florestal Nova Diretoria de Serviços da Floresta Existentes Escritórios Regionais (5) IMAP Nova Diretoria de Licenciamento Florestal OBS Destina a gestão da Flota ao IEF De unidade para Divisão Coordenadoria para Diretoria Coordenadoria para Diretoria Criada Criada Institucionalizados Criada ARGUMENTAÇÃO: Os argumentos aqui expostos partem do pressuposto de que a proposta reestruturante feita pela FGV para as Secretarias será colocada em marcha. Assume-se, pois a hierarquização Diretoria-DivisãoNúcleo substituindo a atual Coordenadoria-Núcleo-Unidade. A política florestal está hoje ambientada na Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural apenas como uma unidade, abaixo de um núcleo de política rural, dentro de uma Coordenadoria de Desenvolvimento Rural. Ora, se o papel da Secretaria é o de formulador de políticas, e o órgão executor da política florestal está a ela vinculado, é inadmissível que num estado com cerca de 95% de cobertura florestal, 72% dos quais protegidos, a política florestal esteja relegada hierarquicamente ao último nível hoje existente na estrutura das Secretarias. O imenso capital florestal do Amapá é o atributo que o colocará em destaque no cenário nacional e internacional, do ponto de vista econômico e social. A área disponível à 6 conversão para usos alternativos do solo tradicionais (agricultura e pecuária) é restrita ao bioma cerrado, que, no Estado ocupa cerca de 1/10 do território. E parte desse espaço é hoje ocupado com atividade de silvicultura. Será então muito mais pela perspectiva do desenvolvimento florestal - e aí se inclui grandes oportunidades no setor de serviços da floresta – do que pela ótica da ocupação tradicional da terra, que se vislumbra o cenário futuro do Estado. Há, pois que, no âmbito da Secretaria, alçar o tema política florestal a uma posição meritória, hierárquica e administrativamente. Propõe-se, pois, que ao ser transformada em Diretoria, a atual Coordenadoria de Desenvolvimento Rural passe a chamar-se Diretoria de Desenvolvimento Rural e Florestal. E a atual unidade de política florestal seja alçada, já na nova nomenclatura proposta pela FGV, a uma Divisão de Política Florestal. A SEMA receberia uma nova Diretoria: de Mudanças Climáticas e Serviços Ambientais, para permitir a conexão com essas questões em âmbito além do Estado. O IMAP seria dividido em duas autarquias: uma para cuidar de licenciamento; outra para responder pelo ordenamento territorial, conforme indicou a Oficina Institucional. As estruturas modificadas das organizações são apresentadas nos organogramas da Figura 4. Ela procura refletir um arcabouço organizacional mais condizente para atender as demandas da sociedade e para corrigir as distorções institucionais hoje existentes e captadas no processo de elaboração deste estudo. Gestão da Flota: a proposta considera a destinação da Flota para concessões e a gestão integral da unidade pelo IEF, conforme sugestão do Serviço Florestal Brasileiro, na minuta de projeto de lei de gestão de florestas públicas dos estados. Nessa perspectiva, a aprovação dos planos de manejo dos concessionários seria feita também pelo órgão gestor da unidade, e não mais pelo IMAP. Isso resolveria em definitivo a indefinição sobre o compartilhamento da gestão da unidade. Proposta 4: Ajuste Inovador O quadro 4 sintetiza os elementos mantidos e os modificados com a proposta 4, chamada de ajuste inovador, por trazer a proposição de criar-se um modelo orgânico. Este seria constituído de duas novas estruturas de Estado, que reuniriam a instância de formulação de política e a de gestão florestal, respectivamente (Figuras 4 e 5). Quadro 4: PAIn - Proposta de Ajuste Inovador FORMULAÇÃO DA POLÍTICA Órgão Estrutura Mudança OBS Secretaria Nova Ver estrutura proposta na Fig. 4 Totalmente estruturada para cumprir as 6 funções típicas de Estado SEMA Reduzida Fica com a transversalidade O tema florestas migra para a nova Secretaria ambiental criada EXECUÇÃO DA POLÍTICA IMAP Nova Diretoria de Licenciamento Florestal EMPRESA Nova Ver estrutura sugerida ARGUMENTAÇÃO: Uma nova Secretaria de Estado (de Florestas e Serviços Associados) permitiria tratar o tema florestas e as suas respectivas agendas no nível de importância que o Estado do Amapá requer, face ao seu baixo porcentual de área convertida, e à sua elevada área florestal protegida (respectivamente 5% e 72% do território). Esta nova Secretaria abarcaria também a agenda de biodiversidade, clima e serviços ecossistêmicos. Uma Secretaria de Estado genuína e uma empresa pública nova como órgão executivo da política florestal estadual, funcionando de forma matricial, colocariam o Amapá numa posição de vanguarda 7 no tratamento do tema florestas - e dos associados: biodiversidade, clima e serviços ecossistêmicos. Isso permitiria sair do velho modelo mecânico, complexo, pesado para um modelo orgânico, inovador, leve (Figura 6). Uma Secretaria específica, para tratar do tema florestas, e uma empresa pública com uma estrutura fixa leve, funcionando por projetos, colocariam o estado numa posição de destaque nos cenários nacional e internacional. Em curto prazo, o Amapá poderia constituir-se no novo paradigma de gestão florestal do país, ao implantar um modelo inovador que poderá induzir a assunção e uma nova postura institucional por parte de outras unidades federadas, sobretudo da região Amazônica. O tema florestal no Amapá está hoje afeto diretamente a quatro estruturas de Estado, que lidam com vários outros temas, causando dificuldades na coordenação. Além das secretarias e órgãos responsáveis pela política e pela gestão, a pesquisa florestal é executada por outras instituições federais e do Estado: Embrapa, Universidades e IEPA; o controle: Ibama e ICMBio, além do Incra, que baixou inclusive normativa específica para o manejo de florestas em projetos de assentamentos. Além disso, os núcleos temáticos responsáveis internamente pelo tema (formulação de política, licenciamento, fomento, implementação e manejo das unidades de conservação, efeitos climáticos...) constituem órgãos fechados de um sistema que deveria atuar de forma aberta e interconectada. Foi possível detectar no diagnóstico deste estudo que esses núcleos atuam de forma idiossincrática, diluindo a visão sistêmica e impedindo uma atuação orgânica aberta, capaz de constituir a força e a identidade temática em âmbito institucional. O Estado perde, portanto, o foco no processo de implementação e execução da política de florestas, e, em consequência, não se alcança a visibilidade que o denso capital natural florestal protegido do estado por só si representa. Na alternativa 4 aqui proposta (modelo Secretaria-Empresa) a Secretaria nova seria a instância de formulação da política florestal. Ela zelaria pelo cumprimento das funções das florestas: econômica, ecológica e sociocultural. E estaria incumbida de cumprir, no campo da formulação e implementação, as seis funções típicas de estado na área florestal elencadas no referencial teórico. Biodiversidade, clima e serviços ecossistêmicos integrariam o escopo das competências da nova Secretaria, vez que se considera a diversidade biológica como qualificativo do objeto floresta, efeitos do clima como consequências, e serviços ecossistêmicos como parcela dos benefícios proporcionados pelas distintas fitofisionomias florestais e biomas por eles compostos. A empresa pública a ser criada, que poderá estabelecer-se a partir da estrutura da atual IEF, ficaria incumbida de cumprir - no âmbito da execução - as funções de estado: administração das florestas públicas, fomento florestal, assistência técnica e extensão, pesquisa, e monitoramento e controle (das diretrizes, critérios e indicadores). A função macroplanejamento é competência da Secretaria, mas que poderá ter algum componente de execução (mapeamento ou zoneamento, por exemplo) a cargo da estrutura executiva. Este novo modelo considera a manutenção do IMAP na Secretaria de Meio Ambiente, cuidando do licenciamento e consequentemente do monitoramento, fiscalização e controle das atividades e empreendimentos que impliquem na supressão de vegetação para uso alternativo do solo, e, evidentemente, exercendo o seu poder de polícia em no tocante ao conjunto dos recursos naturais, aí inclusas as florestas. A exploração de florestas, quer de domínio público ou privado, que pela Lei Federal nº 12.651/2012 é licenciada através de plano de manejo florestal sustentável, tudo ficaria com a empresa pública, inclusive a aprovação dos planos de manejo em áreas privadas e publicas. Dispositivos regimentais vedariam a participação de um mesmo profissional da empresa em procedimentos simultâneo de elaboração/acompanhamento e licenciamento de um mesmo projeto. Em quaisquer circunstâncias, o poder de polícia (fiscalização lato sensu), continuaria, como regra geral, sob a alçada do IMAP. A política que incide em todo o sistema de unidades de conservação ficaria a cargo da nova Secretaria específica (de Floresta) e a gestão seria feita pela empresa estatal. Organogramas representativos de ambas as organizações propostas (Secretaria e Empresa) são apresentados nas Figuras 4 e 5. 8 ANEXO – Organogramas representativos das mudanças resultantes das propostas IEF Cordenadoria Fomento Florestal IEF IMAP Diretoria de Concessões Florestais Coordenadoria Licenciamento Florestal IMAP Coordenadoria Licenciamento Florestal Diretoria de Cadeias Produtivas Cordenadoria Serviços da Floresta Diretoria de Fomento Florestal Escritórios Regionais (5) Diretoria de Serviços da Floresta Escritórios Regionais (5) Figura 1: Coordenadorias e serem criadas no IEF e no IMAP e Escritórios Regionais a serem institucionalizados no IEF – proposta 1 (PAL). Figura 2: Diretorias a serem criadas e escritórios regionais a serem institucionalizados no IEF e Coordenadoria a ser criada no IMAP – proposta 2 (PAM). 9 SEMA • Diretoria de MudançasClimáticas e Serviços Ambientais SDR IEF • Divisão de Política Florestal • Diretoria de Gestão de Florestas Públicas • Diretoria de Cadeias Produtivas • Diretoria de Fomento Florestal • Diretoria de Serviços da Floresta • Escritórios Regionais (5) Figura 3: Mudanças ocorridas nas quatro instituições - proposta 3 (PAA). 10 IMAP • Diretoria de Licenciamento Florestal Secretário Assessorias DIRETORIA de FLORESTAS PRIVADAS E COMUNITÁRIAS DIRETORIA de FLORESTAS PÚBLICAS Gabinete DIRETORIA de SERVIÇOS DA FLORESTA DIRETORIA de GERAÇÃO E DIFUSÃO DE CONHECIMENTO DIRETORIA ADMINISTRATIVA E FINANCEIRA Divisão de Cadeias Produtivas Divisão de Gestão Territorial e Socioambiental Divisão de Biodiversidade Divisão de Planejamento Estratégico Divisão Divisão de Processamento e Industrialização Divisão de Gestão e Manejo de UCs Divisão de Serviços Ecossistêmicos Divisão de Estudos & PDT Divisão de Divisão de Comercialização e Mercado Divisão de Concessões Florestais Divisão de Clima Divisão de ATEF Figura 4: Organograma detalhado da nova Secretaria resultante da proposta 4 (PAIn). 11 de RH Orçamento e Finanças Divisão Operacional DIRETOR GERAL Assessorias DIRETORIA GERÊNCIA DEPARTAMENTO DE FLORESTAS PRIVADAS E COMUNITÁRIAS DEPARTAMENTO DE FLORESTAS PÚBLICAS Gabinete DEPARTAMENTO DE SERVIÇOS DA FLORESTA DEPARTAMENTO DE GERAÇÃO E DIFUSÃO DE CONHECIMENTO DIRETORIA ADMINISTRATIVA E FINANCEIRA Gerência Projeto 1 Gerência Projeto 2 ..... Gerência Projeto n X ... X X ... X .X. X X X X ... ... ... Figura 5: Organograma da nova empresa estatal resultante da proposta 4 (PAIn). 12 Secretaria Empresa pública Figura 6: Modelo organizacional resultante da proposta 4 (PAIn). 13