Universidade Federal do Rio de Janeiro O PLANO INFERENCIAL EM ATIVIDADES DE LEITURA: LIVRO DIDÁTICO, COGNIÇÃO E ENSINO Por DIEGO DA SILVA VARGAS Rio de Janeiro, 2012 O PLANO INFERENCIAL EM ATIVIDADES DE LEITURA: LIVRO DIDÁTICO, COGNIÇÃO E ENSINO Por DIEGO DA SILVA VARGAS Aluno(a) do Curso de Mestrado em Língua Portuguesa (Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas) Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas da Universidade Federal do Rio de Janeiro como quesito para a obtenção do Título de Mestre em Letras Vernáculas (Língua Portuguesa). Orientadora: Profª Drª Ana Flávia Lopes Magela Gerhardt Faculdade de Letras da UFRJ Fevereiro de 2012 O plano inferencial em atividades de leitura: livro didático, cognição e ensino Diego da Silva Vargas Orientadora: Professora Doutora Ana Flávia Lopes Magela Gerhardt Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Letras (Letras Vernáculas) da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre em Letras (Letras Vernáculas). Examinada por: _________________________________________________ Presidente, Prof.ª Dr.ª Ana Flávia Lopes Magela Gerhardt – PPG em Letras Vernáculas, UFRJ _________________________________________________ Profª. Dr.ª Mônica Tavares Orsini – PPG em Letras Vernáculas – UFRJ _________________________________________________ Prof. Dr. Rogério Casanovas Tílio – PIPG em Linguística Aplicada – UFRJ _________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Silvia Regina de Oliveira Cavalcante – PPG em Letras Vernáculas – UFRJ, Suplente _________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Leticia Rebollo Couto – PPG em Letras Neolatinas – UFRJ, Suplente O PLANO INFERENCIAL EM ATIVIDADES DE LEITURA: LIVRO DIDÁTICO, COGNIÇÃO E ENSINO Diego da Silva Vargas Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Letras (Letras Vernáculas) da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre em Letras (Letras Vernáculas). Orientadora: Prof.ª Doutora Ana Flávia Lopes Magela Gerhardt Rio de Janeiro Fevereiro de 2012 À Marina, a quem dedico não só esse momento, mas todas as conquistas que envolvem essa nossa breve trajetória. Pela força, pelo apoio, pelo aprendizado mútuo e pelo amor de antes, durante e depois. AGRADECIMENTOS Escrever uma dissertação, sob as pressões do tempo, da Academia e da própria vida, não é uma tarefa fácil. Acima de tudo, é uma tarefa individual e solitária, que só podemos realizar se temos a companhia daqueles que a tornam coletiva e solidária, ainda que isso pareça uma grande contradição. Por isso, eu não poderia perder a oportunidade de agradecer a quem foi fundamental para que eu pudesse chegar ao fim desta trajetória, ao mesmo tempo, tão curta e tão longa, seja participando ativamente deste processo, seja apenas tornando-o mais leve nos momentos em que isso foi preciso, ainda que nem sempre soubessem disso. Devo confessar que, a essa altura, já não há forças em mim para agradecer como deveria a todos que se fizeram presentes, direta ou indiretamente, em cada página deste trabalho. Com certeza, as palavras não corresponderão ao verdadeiro valor dessa presença. Porém, não posso deixar de ao menos tentar fazê-lo, com o cuidado e a atenção necessárias, mesmo que o medo de não realçar ou mesmo esquecer pessoas queridas tome conta de mim neste momento. Desde já, peço perdão se o fizer! Ao contrário do que se costuma dizer, não pretendo ser breve, porque nunca o fui. Espero apenas poder agradecer e, se você tiver paciência, de ler estes agradecimentos, saberá que “meu muito obrigado” não poderia ser menor do que é. Tentarei, então, estabelecer uma ordem quase cronológica, de forma a organizar minimamente as emoções e os pensamentos que me vêm agora. Assim, primeiramente, agradeço à minha família, principalmente, pela felicidade que é fazer parte dela. Entre discussões, choros, beijos e abraços, o sentimento bom e orgulhoso de pertencer a esse grupo de pessoas tão diferentes, mas com tanto amor, predomina sobre tudo. Agradeço aos meus pais, Iva e Edinesio, por terem sempre me dado condições para que eu pudesse trilhar os caminhos que eu quisesse e pelo apoio em tudo que faço, mesmo sem entender muito bem o que eu faço. Faço parte de uma primeira geração de minha família com Ensino Superior e sou o primeiro, entre dezenas de primos, a pretender alcançar o título de Mestre. Entretanto, meus pais sempre tornaram isso um caminho natural para minha vida e nunca qualquer dúvida sobre a alcançabilidade desse ponto onde hoje me encontro ousou aparecer, graças a eles. Aos meus irmãos, Daniel e Douglas, agradeço pela compreensão, pelas risadas e pelo aprendizado eterno que é ser “o irmão do meio”. A convivência quase sempre pacífica, a harmonia presente em nosso lar, a felicidade permanente, o respeito, e o amor, ainda que camuflado, só podem existir como existem por causa de vocês, por vocês serem como são e por nós sermos como somos. Ao Daniel e à minha cunhada Luana, além da força dada, tenho de agradecer também pela minha pequena sobrinha Sophia e, à pequena Sophia, agradeço pela felicidade que trouxe ao nosso lar, por sua esperteza, pelas tiradas sensacionais que alegram meu dia, pelos festejos, gritos e pulos a cada vez que chego em casa, pelas altos papos, e mesmo por me atrapalhar quando queria escrever este trabalho, pois cada pequeno intervalo ao seu lado renovava minhas forças para continuá-lo. Agradeço pela magia dos constantes primeiros olhares, pela percepção infantil do mundo, que nos faz vê-lo novamente de um modo que a vida nos faz perder. Dentre esses agradecimentos, não poderia deixar de destacar um parágrafo a minha querida mãe. Sem seu incentivo nos momentos complicados, sem sua companhia nas horas de alegria, sem sua força e seu amor em proporções imensas, nada disso seria possível e eu não poderia estar concluindo mais esta etapa, essencial em minha vida. Sua dedicação constante a mim e a meus irmãos, sua paixão por ser mãe, esse amor sem medidas são inspiradores. Não há como não ser bom (ou ao menos, tentar sê-lo ao máximo) se se tem uma mãe como a minha. Dona Iva, tudo que faço em minha vida, faço na busca de te dar o orgulho de ter o filho que tem! Espero estar dando mais um passo para isso... Agradeço aos meus amigos de infância e adolescência, grupo bonito criado nas salas de aulas e corredores do Colégio Pedro II de São Cristóvão, por me terem construído. Ainda hoje me pergunto como pessoas tão diferentes podem se aceitar como são, e mais que se respeitarem, se quererem tão bem, com tanto amor. A vocês, eu agradeço simplesmente por terem aparecido e se mantido em minha vida, por serem o alívio e a esperança, em um mundo cada vez mais intolerante e hostil. Sem vocês, eu não seria eu! Aos professores que tive no CP2 também não poderia deixar de agradecer, por me demonstrarem ano após ano, ao longo de toda minha vida estudantil, que é possível sim ser professor e ser feliz, e fazer seu trabalho com amor, com dedicação, com respeito e que isso não elimina a luta por uma melhor educação em nosso país, por uma maior valorização profissional e por melhores condições de trabalho. Com vocês, aprendi o que a profissão que hoje ocupo representa. Com vocês aprendi a querer isso para minha vida e a ter orgulho dessa escolha. Espero nunca decepcioná-los! Ainda durante o Ensino Médio, e isso agradeço também ao CP2, tive meu primeiro contato com o mundo da pesquisa. Agradeço à coordenação do Programa de Vocação Científica da Fundação Oswaldo Cruz pela oportunidade que me foi dada de tão jovem poder fazer parte do processo de produção científica. Agradeço, em especial, à Cris e à Telma pela atenção e pelo carinho com que sempre fui tratado, pelo incentivo e pela confiança em meu crescimento. Hoje, estou aqui, e tudo começou lá! E, claro, agradeço às minhas primeiras orientadoras Carla Gruzman e Vânia da Rocha, por me ensinarem, com muita paciência e carinho, o que é fazer pesquisa, o que é pensar academicamente, o que é mestrado... Pela minha inserção nesse mundo, muito obrigado! Agradeço também à toda a equipe do Museu da Vida pelo apoio nessa etapa de minha vida. Já em minha graduação, pude permanecer na FIOCRUZ, atuando como bolsista PIBIC/CNPq na coordenação do programa do qual havia feito parte. Agradeço, então, à minha segunda orientadora, Isabela Cabral, por ter confiado em mim às cegas e por ter se dedicado tanto ao meu crescimento como aluno, como pesquisador, como pessoa. Pela oportunidade sem igual que foi trabalhar com você, pelas dicas de vida, pelas experiências compartilhadas, pela amizade, pela compreensão e pela força de sempre, muito obrigado! E, obrigado, mais uma vez à toda a equipe do LIC-PROVOC, companheiros de trabalho sem igual. Gostaria de estar com vocês até hoje, mas foi preciso fazer uma escolha e, infelizmente, um mesmo corpo não pode ocupar a mesma felicidade em dois espaços. Aos colegas de graduação não poderia deixar de agradecer, por terem tornado essa trajetória menos difícil de ser levada. Nós sabemos que não foi uma tarefa fácil e sei que, sem vocês, tudo teria sido muito mais pesado. Aos amigos que ficaram, deixo um agradecimento especial, pela paciência e pela vontade de construir uma amizade com este amigo meio estranho. Cito nomes, por que vocês formam parte diretamente deste caminho que, por meio deste trabalho, se encerra. Companheiros de LitTrailer para a vida: Knupp (também pela ajuda no Abstract), Vanessa, Danilo, Carol, muito obrigado! Companheiros da LEP, amigos especiais: Jeyce, Marina (Lopes!), Renato, Ana, Thais (e Marcelo!), Luisa, Luciana (e Rodrigo!), Mari e Priscila, muito obrigado! Companheiros de LEP que tornaram as aulas mais prazerosas, mas que, infelizmente, o tempo nos afastou, pela união, muito obrigado! Companheiros de faculdade, cujo contato hoje se dá mesmo é pelo facebook, obrigado! Companheiros de CLAC, em especial, Cíntia, Flávia e Carol, pela compreensão acadêmica, obrigado! Companheirainterseção, Bianca, muito obrigado, por fazer parte de dois importantes mundos! E obrigado pelo auxílio no Abstract. E claro, companheira de LEP, companheira de vida, de projetos, de desabafos, de carinhos, amiga, amada, Marina, Rê, Suça, muito, muito obrigado! Pela força em todos os momentos dessa trajetória, por acompanhar cada segundo desta fase de minha vida, cada página desta dissertação, suas alegrias e suas tristezas... a você, a única que fez realmente parte desse caminho inteiro, eu só tenho a agradecer, pois sei que não foi fácil. Obrigado pelo caderno e por me forçar a “estudar direito”, a me colocar no foco, ainda na etapa de preparação para a prova, de feitura de projeto. Lá dizia que você estaria torcendo por mim e depois comemorando comigo, lembra? Acho que podemos comemorar! Não só essa conquista, mas tudo que a engloba, pelos “altibajos” dessa vida, pelos desafios enfrentados, pelos muros derrubados e pela força em fazer tudo dar certo! Obrigado também pela ajuda nos trabalhos do mestrado, digitando entrevistas, respostas de alunos, revisando textos. Obrigado por estar em minha vida! Aos colegas de mestrado também agradeço por compartilharmos essa etapa de forma companheira e amiga, ajudando-nos uns aos outros sempre que necessário. Em especial, agradeço à Rachel e à Mayara, pela ajuda nos trabalhos e à, Mariana, minha mais nova amizade interestadual. Aos professores dos programas de pós-graduação da Faculdade de Letras com quem tive a oportunidade de estudar também devo agradecer pelas ótimas aulas, pela oportunidade de aprender sobre temas e teorias tão variadas e sempre com muita qualidade. Agradeço também aos excelentes professores que passaram por minha graduação. Aqui, não cabem citar nomes, mas, com certeza, alguns foram essenciais para a minha constituição como professor, como pesquisador e como pessoa. Em especial, agradeço à professora Silvia Cavalcante, pelas aulas, pelas conversas de grande aprendizado, e por aceitar fazer parte de minha banca avaliadora. Aproveito para agradecer também aos professores Mônica Orsini e Rogério Tílio, por tão prontamente terem aceitado fazer parte desta importante etapa de minha vida, contribuindo com seus conhecimentos e experiências para o aprimoramento deste trabalho. À quinta componente desta banca, professora Leticia Rebollo, eu tenho agradecimentos mais que especiais. De professora à orientadora, de orientadora à amiga. Obrigado por ter feito parte de minha vida acadêmica e pessoal de maneira tão significativa. Cada vez mais aprendo com você, com sua dedicação e empenho em seu trabalho, com seu caráter, sua ética, sua crença verdadeira de que as coisas podem mudar e para melhor e com sua vontade de fazer sua parte para que isso aconteça. Pelo exemplo a ser seguido, obrigado! E obrigado por aceitar fazer parte desta banca de avaliação. Agradeço também aos membros do hoje intitulado Grupo de Estudos em Cognição e Ensino de Línguas, ao eterno McCognition, pela força de sempre, pelos desafios compartilhados, pela amizade construída. Agradeço a todos que já passaram por aqui e que, contribuíram desde o início para a construção deste trabalho. Em especial, agradeço ao Igor e à Camila, que no início de tudo, há quase seis anos atrás, compartilharam a fundação desse grupo e a minha formação como pesquisador em ensino de línguas. Saudades daqueles tempos! Dos que passaram e dos que formam hoje o nosso grupo, instituído e institucionalizado, agradeço mais que especialmente à Patrícia e à Aline, pela força e pelo companheirismo; ao Alexandre e à Fabi, pela confiança e pelas conversas sempre boas; e à Paula, pelo sufoco e pelas angústias compartilhadas, e pela ajuda nas disciplinas feitas em comum. Agradeço também aos outros companheiros de grupo, que contribuíram para o desenvolvimento deste trabalho. Aos locais de trabalho por onde passei também devo meus agradecimentos, por permitirem me formar continuamente como professor e por inspirarem meu trabalho acadêmico. Em especial, agradeço à equipe da Escola Estadual Reverendo Martin Luther King, com quem pude trabalhar por um breve tempo, à maravilhosa equipe da Escola Municipal Rachide da Gloria Salim Saker, e à equipe do CETEP Mangueira, todas pela compreensão em minhas ausências para idas à congressos e pelo trabalho agradável que pude desenvolver. Agradeço também aos companheiros de trabalho, ainda que temporário, da Faculdade de Educação da UFRJ, pela oportunidade, pelo acolhimento e pelo aprendizado, e à equipe de Língua Portuguesa na educação 1 do PAIEF/UNIRIO, em especial à coordenadora Ligia Martha, pela compreensão nessa reta final. Claro, não poderia deixar de agradecer a todos os alunos que tive nessa minha ainda breve trajetória como professor, desde alunos do Ensino Fundamental até os alunos do Ensino Superior, passando pelos alunos do EJA e os essenciais dos cursos de línguas, cada um, a seu jeito, deixou sua marca em minha vida. Este trabalho é basicamente feito por, para e com vocês. Vocês, seguramente, me ensinam mais do que imaginam ser possível, ainda que isso seja um clichê e não há salário que pague a experiência de conhecer tantas pessoas, tantas histórias e poder fazer parte, ainda que pequena, de suas vidas. Por fim, mesmo quebrando a ordem cronológica que pretendia estabelecer, agradeço à minha querida orientadora Ana Flávia Gerhardt, por ter visto, há seis anos atrás, naquele trabalho borrado de corretivo, alguém que poderia fazer isto que aqui se encontra. Agradeço pelas aulas particulares sempre muito proveitosas no início de nossos estudos, pelas incríveis reuniões na salinha no bloco D, de onde saiu este trabalho e tantas ideias maravilhosas, pela atenção dedicada sempre, pela revisão minuciosa desta dissertação, pelas orientações sempre de qualidade, por me ajudar a concretizar este desejo, pela relação baseada na amizade e na confiança, por acreditar sempre em minha competência e em meu sucesso, pela escuta e pelas falas agregadoras, pela inspiração que é o seu trabalho e pela constituição e afirmação deste grupo de pesquisa, cujo desenvolvimento pude acompanhar de perto e do qual sinto muito orgulhoso em fazer parte. À coordenação do Programa de Pós-graduação em Letras Vernáculas também agradeço, pela bolsa concedida para a finalização de meu trabalho e pelo auxílio financeiro recebido para a participação em congressos. Agradeço também à Secretaria de Pós-graduação pelo auxilio sempre que preciso, em especial, à Patrícia, sempre dedicada e atenciosa. Ao CNPq pela bolsa de mestrado e pela anterior bolsa de iniciação científica, fundamentais para o desenvolvimento de meu trabalho com a dedicação necessária e pelas experiências compartilhadas em eventos dos quais pude participar graças à bolsa recebida. E à Carol e à Priscila, mais uma vez, pela salvação no momento final! A produção desta dissertação contou com apoio do CNPq, de março de 2011 a fevereiro de 2012 No es este el relato de hazañas impresionantes, no es tampoco meramente un “relato un poco cínico”; no quiere serlo, por lo menos. (...) Un hombre (...) puede pensar en muchas cosas que van de la más elevada especulación filosófica al rastrero anhelo de un plato de sopa, en total correlación con el estado de vacuidad de su estómago; y si al mismo tiempo es algo aventurero, en ese lapso puede vivir momentos que tal vez interesen a otras personas y cuyo relato indiscriminado constituirá algo así como estas notas. (...) El hombre, medida de todas las cosas, habla aquí por mi boca y relata en mi lenguaje lo que mis ojos vieron; (...) mi boca narra lo que mis ojos le contaron. ¿Que nuestra vista nunca fue panorámica, siempre fugaz y no siempre equitativamente informada, y los juicios son demasiado terminantes?: de acuerdo, pero esta es la interpretación que un teclado da al conjunto de los impulsos que llevaron a apretar las teclas y esos fugaces impulsos han muerto. No hay sujeto sobre quien ejercer el peso de la ley. (...) “yo”, ya no soy yo; por lo menos no soy el mismo yo interior. (...) Los dejo ahora conmigo mismo; el que fui... (Ernesto Che Guevara. Entendámonos. Em: Notas de Viaje por América Latina) VARGAS, Diego da Silva. O plano inferencial em atividades escolares de leitura: livro didático, cognição e ensino / Diego da Silva Vargas. Rio de Janeiro: UFRJ/FL, 2012. xxiv, 287 f.: il., 31 cm. Orientadora: Ana Flávia Lopes Magela Gerhardt. Dissertação (mestrado). UFRJ / FL / Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas (Língua Portuguesa), 2010. Referências bibliográficas: f. 201-207. 1. Inferência. 2. Livro didático. 3. Ensino de Leitura. I. Gerhardt, Ana Flávia Lopes Magela. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Letras, Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas (Língua Portuguesa). III. O plano inferencial em atividades escolares de leitura: livro didático, cognição e ensino. RESUMO O PLANO INFERENCIAL EM ATIVIDADES DE LEITURA: LIVRO DIDÁTICO, COGNIÇÃO E ENSINO Entendendo o livro didático como um objeto semiótico formador de comportamentos cognitivos, busca-se investigar, por meio desta pesquisa, o comportamento cognitivo de estudantes do nono ano do ensino fundamental ao realizarem atividades escolares de leitura contidas em livros didáticos de Língua Portuguesa. Em especial, foca-se a análise no processo de geração de inferências desenvolvido por esses alunos ao interagirem com as questões de leitura apresentadas nos livros selecionados para a pesquisa. Sabendo que várias são as visões existentes sobre a inferenciação, parte-se da concepção dos estudos psicolinguísticos sobre o processamento da leitura para, então, aprimorá-la por meio da Teoria da Integração Conceptual, derivada dos estudos em Linguística Cognitiva. Portanto, a inferenciação é entendida, neste trabalho, como processo básico de significação, que ocorre obrigatoriamente em uma leitura verdadeiramente interativa, por meio da qual o leitor, como agente de seu processo, mescla seu conhecimento prévio às informações novas trazidas pelo texto para a geração de novos significados. Assim, consideramos que as inferências são sempre únicas, mas partem dos mesmos frames e esquemas cognitivos ativados pela informação visual recebida. Se, por um lado, este trabalho elabora uma visão de inferência como resultado de processos cognitivos e busca entender o processo de geração de inferências por estudantes em atividades escolares de leitura, por outro, também busca analisar a capacidade de livros didáticos em lidarem com esses processos, ou seja, verificando se apresentam propostas de trabalho por meio das quais os alunos poderiam desenvolver suas potencialidades cognitivas enquanto leitores ativos no processo. Os resultados aqui alcançados nos permitiram perceber que os alunos realizam inferências enquanto leem, porém, de forma geral, o livro didático ainda não consegue trabalhá-las com qualidade, uma vez que ele visa o controle e a homogeneização da interação em sala de aula. Isso faz com que os alunos também não se deem conta das inferências que geram e as confundem com respostas literais ou são incapazes de explicitar com qualidade os processos desenvolvidos. Em relação ao plano inferencial, nem livro nem aluno sabem o que estão fazendo, o que se torna um problema metacognitivo e não cognitivo, uma vez que os dados apontam para o desenvolvimento de uma leitura inferencial pelos estudantes, mas não reconhecida por eles e pelos materiais com que interagem. Palavras-chave: ensino, leitura, cognição, livro didático, inferência RESUMEN EL PLAN INFERENCIAL EN ACTIVIDADES DE LECTURA: LIBRO DIDÁCTICO, COGNICIÓN Y ENSEÑANZA En este trabajo, se entiende el libro didáctico como un objeto semiótico formador de comportamientos cognitivos. De esa manera, tratamos de investigar el comportamiento cognitivo de estudiantes del noveno año de la enseñanza fundamental de Brasil al llevar a cabo actividades escolares de lectura contenidas en libros didácticos de portugués/lengua materna. En particular, centramos nuestro análisis en el proceso de generación de inferencias desarrollado por los estudiantes al interactuar con las cuestiones de lectura presentadas en los libros seleccionados para la investigación. Una vez que sabemos que hay varios puntos de vista existentes sobre la inferenciación, partimos de la concepción derivada de los estudios psicolingüísticos sobre el proceso de lectura, para luego desarrollarla a través de la Teoría de la Integración Conceptual, derivada de los estudios en Lingüística Cognitiva. Por lo tanto, se entiende la inferenciación, en este trabajo, como un proceso básico de significación en una lectura verdaderamente interactiva, a través de la cual el lector, como agente de su proceso, mezcla sus conocimientos previos a la información presentada por el texto para la generación de nuevos significados. Consideramos que las inferencias son siempre únicas, pero parten de los mismos frames y esquemas cognitivos activados por la información visual recibida. Este trabajo, entonces, desarrolla un punto de vista sobre la inferencia como resultado de los procesos cognitivos y trata de comprender el proceso de generación de inferencias por los estudiantes en las actividades escolares de lectura. Además, también se busca analizar la capacidad de los libros didácticos para trabajar esos procesos, o sea, verificando si presentan propuestas de trabajo por medio de las cuales los alumnos podrían desarrollar su potencial cognitivo como lectores activos. Los resultados alcanzados nos permiten percibir que los alumnos generan inferencias mientras leen, pero, de forma general, el libro didáctico todavía no consigue trabajarlas con calidad, ya que busca el control y la homogeneización de la interacción en clase, lo que hace con que los alumnos tampoco se den cuenta de las inferencias que generan y las confunden con respuestas literales o no son capaces de explicitar con calidad los procesos desarrollados. En relación al plan inferencial, ni los libros ni los alumnos saben lo que hacen, lo que significa que el problema es metacognitivo y no cognitivo, una vez que los datos apuntan para el desarrollo de una lectura inferencial por los estudiantes, pero no reconocida por ellos y por los materiales con los cuales interactúan. Palabras-clave: enseñanza, lectura, cognición, libro didáctico, inferencia ABSTRACT THE INFERENTIAL PLAN IN READING ACTIVITIES: TEXTBOOK, COGNITION AND TEACHING In this work, we understand the textbook as a semiotic object used to form the student cognitive behavior. This way, we will try to discover, through this research, the cognitive behavior of students at the 9th grade with the realization of the reading school activities found in Portuguese’s textbooks. We will mainly focus in the analysis of the process of generating inferences. Knowing that there are many existing views about the inferential process, we will start from the concept coming from the Psycholinguistic studies about the reading process, then improve it by the notion of Conceptual Integration arising from the studies of Cognitive Linguistics. This way, the inferential process is understood, in this work, as a basic process of construction of meanings, through which we establish a truly interactive reading, that the readers, as agents of its process, blend their prior knowledge to the information brought by the text to generate new meanings. If, on the one hand, this work elaborates a view of inference as a result of the cognitive process and tries to understand the process of generating inferences through the school activities for students in reading, on the other hand, we will also try to investigate too the capacity of the textbooks to handle to these processes, verifying if they present work proposals through which students could develop their cognitive capabilities while active readers in the process. The results achieved here allowed us to realize that students perform inferences while they read. However, in general, the textbook still cannot handle these inferences with quality, since it seeks to control and homogenize the interaction in the classroom. This also makes the students unaware of the inferences that they generate and confuse them with literal responses or are unable to explain the processes developed with quality. In relation to the inferential plan, students and books do not know what they are doing, so it becomes not a cognitive but metacognitive problem, since the data point towards the development of an inferential reading by students, however not recognized by them and by materials with which they interact. Keywords: teaching, reading, cognition, textbooks, inference SUMÁRIO INTRODUÇÃO: CONTEXTUALIZANDO O TEMA DA PESQUISA ...................... 21 Algumas palavras iniciais... .............................................................................................. 21 Pesquisa e ensino: uma realidade em dois planos ............................................................. 23 A contribuição das ciências da cognição .......................................................................... 26 A pesquisa: objeto, objetivos e apresentação do trabalho .................................................. 29 CAP. I – CONSTRUINDO UM OLHAR COGNITIVISTA SOBRE O LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA PORTUGUESA .................................................................. 32 1.1. O livro didático e a cognição situada ..................................................................... 32 1.2. A construção sócio-histórica do livro didático no Brasil ........................................ 35 1.3. Sobre o livro didático de Língua Portuguesa .............................................................. 38 1.4. A formação de comportamentos cognitivos situados por meio do livro didático ........ 42 CAPÍTULO II: PERSPECTIVAS COGNITIVAS SOBRE A LEITURA................... 50 CAPÍTULO III: POR UMA VISÃO COGNITIVISTA DA INFERENCIAÇÃO ....... 65 3.1. Um breve percurso dos estudos em inferência ........................................................... 65 3.2. Visões sobre a inferência: algumas considerações ..................................................... 67 3.3. A inferenciação como processo cognitivo .................................................................. 74 3.3.1. A visão da Psicolinguística ..................................................................................... 74 3.3.2. A visão processual da Linguística Cognitiva ........................................................... 80 3.4. O plano inferencial e o ensino de leitura .................................................................... 87 CAPÍTULO IV: CORPORA E METODOLOGIA DE TRABALHO .......................... 96 CAPÍTULO V - ANALISANDO O PROCESSO: INTEGRAÇÃO CONCEPTUAL E INFERENCIAÇÃO EM LEITURA ........................................................................ 101 5.1. Inferências baseadas no esquema imagético de Origem-Caminho-Meta ................... 102 5.2. Inferências baseadas no esquema imagético de Contenção....................................... 110 CAPÍTULO VI: GERAÇÃO DE INFERÊNCIAS EM ATIVIDADES ESCOLARES DE LEITURA ...................................................................................... 127 6.1. Apresentando os livros didáticos selecionados ......................................................... 127 6.1.1. Português: Linguagens ......................................................................................... 127 6.1.2. Projeto Radix ....................................................................................................... 130 6.1.3. Português – Uma proposta para o letramento ...................................................... 132 6.2. As atividades: critérios de classificação e análise ..................................................... 135 6.3. Atividade 1 – Aos jovens, do livro Português – Linguagens..................................... 138 6.3.1. Questões de nível literal ....................................................................................... 140 6.3.2. Questões de nível literal - inferencial .................................................................... 149 6.3.3. Questões de nível inferencial ................................................................................ 151 6.4. Atividade 2 – Com que corpo eu vou, do livro Português – Projeto Radix ............... 159 6.4.1. Questões de nível literal ....................................................................................... 161 6.4.2. Questões de nível inferencial ................................................................................ 164 6.4.3. Questões de ativação de conhecimento prévio ...................................................... 170 6.5. Atividade 3 – Geração Tipo Assim, do livro Português – Uma proposta para o letramento ...................................................................................................................... 172 6.5.1. Questões de nível literal ....................................................................................... 173 6.5.2. Questões de nível literal-inferencial ...................................................................... 179 6.5.3. Questões de nível inferencial ................................................................................ 181 6.5.4. Questões de ativação de conhecimento prévio ...................................................... 190 6.6. Algumas generalizações .......................................................................................... 191 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 194 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 204 ANEXO I – ATIVIDADES DE LEITURA APLICADAS .......................................... 211 ANEXO II – ANÁLISE DAS RESPOSTAS DOS ESTUDANTES ............................ 220 ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1 - Esquema de Integração Conceptual, de Fauconnier e Turner (2002), apresentado em Gerhardt (2010) ................................................................................. 87 Figura 2 - Representação da Integração Conceptual a ser explicitada pelos alunos ao responderem à questão 3c da atividade Aos Jovens .................................................... 105 Figura 3 - Representação da Integração Conceptual explicitada pelo aluno 5 para a questão 3c, por meio da qual ele gera a inferência de que, para a autora, envelhecer seria algo bom ................................................................................................................... 106 Figura 4 -Representação da Integração Conceptual explicitada pelo aluno 41 para a questão 3c, por meio da qual ele gera a inferência de que, para a autora, envelhecer não seria algo ruim, mas também não seria melhor do que viver a juventude ................... 107 Figura 5 - Representação da Integração Conceptual explicitada pelo aluno 2 para a questão 3c, por meio da qual ele gera a inferência de que, para a autora, envelhecer só seria algo bom se todas as fases da vida fossem aproveitadas .................................... 108 Figura 6 - Representação da Integração Conceptual explicitada pelo aluno 38 para a questão 3c, por meio da qual ele gera a inferência de que, para a autora, envelhecer seria algo ruim .................................................................................................................. 109 Figura 7 - Representação da Integração Conceptual a ser explicitada pelos alunos ao responderem à questão 1 da atividade Com que corpo eu vou? .................................. 112 Figura 8 - Representação da Integração Conceptual explicitada pelo aluno 41 para a questão 1, por meio da qual ele gera a inferência de que o texto consideraria a possibilidade de trocarmos de corpo .......................................................................... 113 Figura 9 - Representação da Rede de Integração Conceptual explicitada pelo aluno 12 para a questão 1, por meio da qual ele gera a inferência de que há uma estranheza no título, que se explicaria pela inversão do papel do corpo no esquema de contenção ... 115 Figura 10 - Representação da Integração Conceptual explicitada pelo aluno 31 para a questão 1, por meio da qual ele gera a inferência de que o título do texto estaria apresentando uma metáfora ....................................................................................... 116 Figura 11 - Representação da Rede de Integração Conceptual explicitada pelo aluno 7 para a questão 1, por meio da qual ele gera a inferência de que a estranheza do título se explicaria na episteme da religião .............................................................................. 117 Figura 12 - Representação da Integração Conceptual a ser explicitada pelos alunos ao responderem à questão 1c da atividade Geração Tipo Assim ..................................... 120 Figura 13 - Representação da Integração Conceptual explicitada pelo aluno 11 para a questão 1c, por meio da qual ele gera a inferência de que os adolescentes atuais, como os do texto, também usam gírias e, por isso, são a favor desse uso ............................ 121 Figura 14 - Representação da Integração Conceptual explicitada pelo aluno 31 para a questão 1c, por meio da qual ele gera a inferência de que os adolescentes atuais também são a favor do uso de gírias ....................................................................................... 122 Figura 15 - Representação da Integração Conceptual explicitada pelo aluno 38 para a questão 1c, por meio da qual ele gera a inferência de que os adolescentes atuais, como os do texto, também usam gírias................................................................................ 123 Figura 16 - Representação da Integração Conceptual explicitada pelo aluno 46 para a questão 1c, por meio da qual ele gera a inferência de que os adolescentes atuais tem as mesmas opiniões dos apresentados no texto .............................................................. 124 Figura 17 - Representação da Integração Conceptual explicitada pelo aluno 33 para a questão 1c, por meio da qual ele gera a inferência de que os adolescentes atuais usam gírias e, por isso, são a favor desse uso ...................................................................... 125 ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1 - Resultados da análise da atividade Aos Jovens .......................................... 139 Tabela 2 - Resultados da análise da atividade Com que corpo eu vou? ...................... 160 Tabela 3 - Resultados da análise da atividade Geração Tipo Assim .......................... 173 21 INTRODUÇÃO: CONTEXTUALIZANDO O TEMA DA PESQUISA Pode-se tratar a queda de uma telha como um problema dinâmico, formulando hipóteses teóricas alternativas e debatendo a adequação destas últimas. É uma abordagem legítima, mas não é a melhor do ponto de vista de quem está embaixo. (Rodolfo Ilari) Algumas palavras iniciais... Este trabalho parte de um inquietamento resultante de nossas experiências como professor de Língua Portuguesa e de Língua Espanhola em escolas públicas e particulares e em cursos livres de línguas no estado do Rio de Janeiro. Por meio dessa experiência, mesmo que seja ainda de breve tempo, vivenciamos na prática os problemas em relação ao ensino de leitura que temos buscado descrever, há alguns anos, no hoje intitulado Grupo de Estudos em Cognição e Ensino de Línguas (COGENS/UFRJ), vinculado à linha de pesquisa Língua e Ensino, do Programa de Pósgraduação em Letras Vernáculas da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em pesquisa de Iniciação Científica, entre os anos de 2007 e 2009, desenvolvemos uma investigação que tinha por objetivo reconhecer, ainda que de maneira mais ampla e menos profunda, as capacidades cognitivas de estudantes ao executarem atividades de leitura. Ao adentrar a sala de aula, como pesquisador e como professor (ora cumprindo um dos papéis, ora cumprindo ambos), pudemos - e podemos - vivenciar e presenciar, na prática cotidiana, a precariedade com que, ainda hoje, o ensino de leitura vem sendo trabalhado nos ambientes educacionais de nosso país em todos os níveis de ensino. Dessa maneira, a percepção quase óbvia, alcançada por meio de nossa investigação inicial e pela própria prática de ensino, de que o sistema formal de ensino é incapaz de reconhecer e desenvolver as capacidades cognitivas de seus alunos em atividades de leitura é a motivação principal da pesquisa aqui apresentada. Além dessas razões, a princípio pessoais, não podemos esquecer que muito se fala, tanto em ambientes acadêmicos e educacionais como na esfera política, sobre a relação entre o chamado fracasso escolar e a incapacidade da Escola de levar seus alunos a produzirem leituras e textos escritos de qualidade. Os próprios Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), enquanto documentos oficiais que visam a oferecer referenciais para a construção de um currículo de qualidade no Brasil, apontam para esse caminho: 22 O ensino de Língua Portuguesa tem sido, desde os anos 70, o centro da discussão acerca da necessidade de melhorar a qualidade de ensino no país. O eixo dessa discussão no ensino fundamental centra-se, principalmente, no domínio da leitura e da escrita pelos alunos, responsável pelo fracasso escolar que se expressa com clareza nos dois funis em que se concentra a maior parte da repetência: na primeira série (ou nas duas primeiras) e na quinta série. No primeiro, pela dificuldade de alfabetizar; no segundo, por não se conseguir levar os alunos ao uso apropriado de padrões da linguagem escrita, condição primordial para que continuem a progredir (BRASIL, 1998, p.17). Não é o foco deste trabalho – nem poderia ser – a discussão sobre o fracasso escolar, que parece ser muito mais ampla do que o simples apontamento de problemas com relação ao ensino de Língua Portuguesa. Entretanto, podemos concordar que o ensino de leitura em ambientes formais de educação, representados principalmente pela Escola, atua como elemento demonstrativo das razões desse fracasso. A título de exemplo, acabam de sair na imprensa os resultados de recente pesquisa do Ibope, a qual demonstra que a taxa de analfabetismo funcional1 no Brasil, no ano de 2009, ainda era de 28%, e que mais de 50% dos que estudaram até o antigo primário e 24% dos que concluíram o ensino fundamental foram avaliados como analfabetos funcionais 2. Ademais, programas e sistemas de avaliação da educação, como o Enem, o Saeb e o Pisa – apenas citando alguns poucos exemplos – proliferam. Cada um desses sistemas de avaliação busca, ainda que com suas especificidades, “medir os resultados do ensino básico em termos de construção de capacidades e competências pelos alunos” (ROJO e BATISTA, 2003, p.10). Entre essas competências, obviamente, se incluem, e talvez prioritariamente, as capacidades leitoras. Juntamente a esses sistemas de avaliação, proliferam também as demonstrações do insucesso da Escola em alcançar seus propósitos mais básicos. Seus resultados não são muito positivos em relação “aos níveis e tipos de letramento desenvolvidos pela escola pública no Brasil” (ROJO e BATISTA, 2003, p.12). Cada vez mais, apresentamse números desanimadores em relação ao desempenho de nossos alunos – o que nos revela, por um lado, a incapacidade do sistema educacional brasileiro de desenvolver neles suas capacidades, mas também a pouca produtividade desse tipo de exame para a 1 Sobre especificidades do termo, recomendamos a leitura de Ribeiro (1997). Os dados aqui incluídos foram retirados de uma reportagem apresentada no site: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2011/05/apenas-25-dos-brasileiros-sao-plenamentealfabetizados.html4uy; 2 23 melhoria da educação brasileira, uma vez que já ocorrem há algum tempo em nosso país e a situação parece não se modificar. Nesse sentido, com este trabalho, buscamos contribuir para uma mudança no ensino de leitura em ambientes escolares, o qual preserva até hoje a visão de que os alunos devem ler como seres passivos e que a escola deve atuar compensando possíveis faltas, uma vez que os alunos ainda se apresentariam supostamente deficientes em seus processos cognitivos. Acreditamos que a alteração dessa visão pode ser um primeiro passo para que se possa formar melhores leitores por meio da educação formal escolar, além da prática cotidiana de leitura fora da escola. Entendemos que a Escola tenha por função básica desenvolver e sistematizar os saberes que o aluno já traz. Por isso, debruçamo-nos aqui sobre o tema da inferência em leitura, uma vez que diversos estudos apontam a geração de inferências como uma capacidade básica para a constituição de uma leitura essencialmente interativa 3, como se verá mais adiante. Uma vez notado, por meio da pesquisa brevemente citada anteriormente, que muitas eram as inferências geradas pelos alunos, ao longo de diversas atividades escolares de leitura – as quais poderiam visar ou não a geração de inferências -, tornou-se de meu interesse analisar tal processo. Em resumo, pretendo, com este trabalho, aprofundar-me, em um sentido micro, no tema específico da inferenciação4 em leitura e, em um sentido macro, contribuir para a discussão sobre o ensino de leitura nas escolas brasileiras. Acredito que o estudo das inferências geradas por estudantes em atividades escolares de leitura pode trazer qualidade a essa discussão mais ampla sobre o ensino de leitura, considerando-se que se trata de um construto cognitivo já assumido por muitos pesquisadores como definidor de um processo de leitura maduro, no qual o leitor interage efetivamente com o texto lido e que, portanto, deve ser bem conhecido e bem trabalhado em sala de aula. Pesquisa e ensino: uma realidade em dois planos Não é de hoje que se têm realizado, no meio acadêmico brasileiro, pesquisas e trabalhos cujos resultados denunciam a precariedade do Ensino de Leitura nas aulas de 3 Vale ressaltar que o termo “interativo” é usado por nós para referir-se ao tipo de processamento de informação com o qual estamos trabalhando – top-down/bottom-up -, como se explicará mais à frente no trabalho, e não à interação entre pessoas, como outras perspectivas teóricas fazem. 4 Estamos diferenciando o processo cognitivo de gerar inferências do resultado desse processo por meio do uso dos termos inferenciação e inferência, respectivamente. 24 Língua Portuguesa e de Língua Estrangeira. Desde o final dos anos 70 e início dos anos 80, pesquisadores, principalmente do ensino de língua estrangeira, em especial o inglês, começaram a se preocupar com a dificuldade que os alunos apresentavam no trato com o texto escrito, e perceberam que tal dificuldade era derivada de problemas no ensino de língua materna (KATO, 1990 [1985]; GERHARDT e VARGAS, 2010). Em sua maioria, essas pesquisas vêm revelando tal precariedade nos diversos âmbitos da realidade escolar: desde a qualidade das questões de leitura apresentadas pelos materiais didáticos utilizados em sala de aula, até a própria compreensão (ou falta de compreensão) por parte dos professores do que é uma leitura de qualidade. Entretanto, se, por um lado, desenvolvem-se cada vez mais pesquisas sobre a leitura e seu ensino no mundo acadêmico, por outro, no mundo escolar, não se vê uma melhoria significativa na qualidade do trabalho com a leitura em sala de aula, tanto em língua materna como em língua estrangeira. Em outras palavras, não se nota uma efetiva relação entre a produção acadêmica sobre o ensino de leitura no Brasil e a alteração qualitativa das práticas de ensino de leitura em sala de aula, que acabam por fracassar ao serem incapazes de formar bons leitores. Como resultado desse desencontro, que parece nunca se resolver, vê-se uma sucessão constante de demonstrativos do “insucesso das propostas de letramento escolar” (ROJO e BATISTA, 2003, p.9). Observando-se o ambiente escolar e tudo que o envolve, não é difícil notar as possíveis razões para esse fracasso da Escola no que diz respeito ao ensino de leitura, uma vez que poucas são as atividades realizadas que buscam ajudar o aluno a verdadeiramente ler melhor. Diversos trabalhos, sob diferentes visões teóricas, já revelaram que os livros didáticos, bem como o trabalho em sala de aula, não propiciam uma clara diferenciação entre os diversos níveis em que uma leitura de qualidade pode ocorrer, impedindo que os estudantes entendam que ler é um processo que exige a participação ativa por parte dos leitores, conforme já atestaram inúmeros estudos sobre o assunto (APPLEGATE et al., 2002; DELL’ISOLA, 1997; FULGÊNCIO e LIBERATO, 1996, 2003 [1992]; GERALDI, 2003 [1991]; GERHARDT, 2006b; 2009; 2010; GERHARDT, ALBUQUERQUE e SILVA, 2009; GERHARDT e VARGAS, 2010; GUIMARÃES, 2003; KATO, 1990 [1985]; KLEIMAN, 2001 [1992], 2010 [1989]; MARCUSCHI, 1996; PIMENTA, 2006; ROJO, 2003; ROJO e BATISTA, 2003; TOMITCH, 2000; VARGAS et al., 2011; VARGAS, 2011). 25 Esse tipo de prática, que vê o aluno-leitor como mero decodificador de signos linguísticos, acabaria por encaminhar nossos alunos a um entendimento de leitura como simples tarefa mecânica de seleção de informações. Assim, dando-se o trabalho com a leitura de maneira precária na Escola, com objetivos, como já visto acima, que não levam em conta o que é realmente uma leitura interativa e de qualidade, instaura-se uma realidade escolar, na qual obtém sucesso o aluno que se nega a “mergulhar” no texto e a recriálo. Neste caso, a leitura singular, denotativa, parafrásica é o padrão comparativo utilizado pelo sistema escolar pelas “vantagens” que proporciona, tais como: a facilidade de correção por parte do professor, a superficialidade não reflexiva que gera alienação e a manutenção de estratificação social (DELL’ISOLA, 1997, p.56). Dessa forma, não parece surpreendente dizer que se torna urgente, então, uma mudança nesse sentido. Apontamentos para essa mudança efetiva na Escola vêm se apresentando desde a criação dos PCN de Língua Portuguesa, segundo os quais a “razão de ser das propostas de leitura e escuta é a compreensão ativa, e não a decodificação e o silêncio” (BRASIL, 1998, p.21), porém, na prática da sala de aula, como já vimos, pouca coisa vem se alterando. Podemos, então, refletir e concluir que se torna urgente a superação das premissas, explicitadas em Gerhardt e Vargas (2010), que baseiam um trabalho equivocado com a leitura em sala de aula e que corroboram a estruturação de exercícios de leitura sem objetivos estruturais-linguísticos claros: 1. Saber ler é saber repetir/transcrever material explícito do texto; a leitura inferencial não é identificada como tal. 2. Na falta de parâmetros objetivos para a avaliação em leitura, aceita-se toda resposta que for oferecida numa dada atividade; 3. Ou, ao contrário, aferra-se ao gabarito do livro ou outro material disponível, tido como certo, e tratam-se como erradas as respostas diferentes; 4. Não se consideram os saberes prévios do aluno na leitura de um texto, os quais poderiam levar à compreensão sobre como ele elabora suas respostas; 5. As aulas de leitura (e também de escrita) são completamente apartadas das de gramática, o que demonstra falta de percepção de que, nos textos, os conteúdos estruturais tratados nos estudos gramaticais estão sendo efetivamente usados, e poderiam ser explorados nas atividades de leitura e produção textual (GERHARDT e VARGAS, 2010, p.153). Para a consecução dessa tarefa, professores e especialistas em leitura podem e devem, como afirmam Applegate et al. (2002), atuar como catalizadores para uma mudança no ensino. Porém, torna-se necessário que, antes, se tornem hábeis para 26 acessar a habilidade de seus alunos em pensar sobre e responder ao texto. Caso contrário, perdem uma de suas mais poderosas ferramentas para estimular a consciência nos estudantes e em si mesmos de que ler é um processo ativo de construção de significados para o qual concorrem, entre outros fatores, tanto a voz de quem escreve como a voz de quem lê, em igual proporção. A contribuição das ciências da cognição Vários são os trabalhos, como já dito, no meio acadêmico que objetivam contribuir para a melhoria do ensino de leitura em nossa sociedade. Porém, poucos são os que, hoje em dia, ainda buscam nas ciências da cognição o aporte teórico para a fundamentação de propostas para a melhoria do ensino de línguas no Brasil. Esse perfil de pesquisa se reflete na concepção trazida pelos principais referenciais curriculares governamentais e acaba se reproduzindo também com base neles, sendo os principais elos de um ciclo que não é vicioso, mas não chega a ser completamente virtuoso, por ignorar uma série de estudos de qualidade que assumem uma perspectiva cognitivista sobre os processos de lecto-escrita. Seguindo uma política internacional de valorização das competências leitoras como principal foco do trabalho escolar, os PCN (BRASIL, 1998), PCNEM (BRASIL, 1999), PCN+ (BRASIL, 2002) e OCEM (BRASIL, 2006) indicam que a principal tarefa do ensino de línguas na Educação Básica é buscar o desenvolvimento do letramento do aluno. Dessa forma, o trabalho com as línguas deveria priorizar o desenvolvimento das capacidades de leitura e escuta e de escrita e produção oral dos estudantes – partindo do texto para chegar ao texto, como cita Geraldi (2003 [1991]). Entretanto, como já mencionado, assumindo exclusivamente uma perspectiva discursiva e sociointeracional sobre o ensino de línguas, os documentos oficiais deixam de levar em consideração o legado deixado pelas pesquisas em cognição acerca, dentre outras tantas coisas, das relações que se estabelecem na mente do leitor entre ele e o texto, em um ato interativo de leitura. Assim, são ignorados pesquisas e trabalhos que foram essenciais para que o debate sobre o ensino de línguas – tanto materna como estrangeiras – alcançasse o lugar que hoje ocupa nos meios acadêmicos e escolares (cf. FULGÊNCIO e LIBERATO, 1996, 2003 [1992]; KATO, 1990 [1985]; KLEIMAN, 2001 [1992], 2010 [1989]; LEFFA, 1996; SCLIAR-CABRAL, 1991; entre outros). Tais trabalhos, derivados essencialmente de estudos em Psicolinguística começaram a ser 27 desenvolvidos, no Brasil, por volta dos anos 80 e formam parte de uma primeira geração que problematizou o ensino de línguas baseado na nomenclatura gramatical e em uma visão normativa da língua. O abandono dos estudos em cognição e ensino de línguas por parte dos referenciais curriculares é derivado de um olhar reducionista sobre a teoria, muitas vezes presa erroneamente a uma concepção chomskiana da linguagem humana, que leva a julgamentos como esses: “Nesse caso, em particular, ler constitui uma atividade meramente cognitiva, em busca de um sentido que se encontra depositado no texto” (CORACINI, 2011 [1999], p. 20). Com relação especificamente a essa citação, já foi esclarecido acima que uma visão cognitivista sobre o processo de leitura de forma alguma aponta para o texto como produto apartado do sujeito que o lê. Tal ideia não é defendida nem por estudos gerativistas, nem por representantes não gerativistas da Psicolinguística, e muito menos pela Linguística Cognitiva, a qual entende a linguagem como sendo de base essencialmente experiencial e, mais recentemente, situada, distribuída e normatizada. Dessa forma, este trabalho visa também a, em um âmbito de maior amplitude, ampliar o escopo teórico a ser considerado sobre o ensino de leitura, em união a outras perspectivas, incluindo os estudos em cognição nesse debate, bem como atualizar tais estudos, buscando a associação entre os pressupostos da Linguística Cognitiva, ainda pouco divulgados no Brasil, e os pressupostos da Psicolinguística, já bastante difundidos devido aos trabalhos citados anteriormente. Além disso, buscamos resgatar a importância dos conhecimentos em cognição para a reflexão sobre o ensino de línguas. Acreditamos que o aporte teórico derivado das ciências da cognição integra-se perfeitamente com uma proposta que vise a superar a realidade descrita anteriormente, que separa ensino e pesquisa e resulta, juntamente a outros fatores, no fracasso da Escola em relação à formação de leitores maduros. Por meio desse aporte, é possível valorizar, legitimar e desenvolver o pensamento do aluno e, assim, contribuir para a já comentada luta contra o fracasso escolar, que é, na verdade, o fracasso da Escola e não dos estudantes que a integram (SOARES, 1997). Tomando essa afirmação como um pressuposto básico, partimos de uma concepção de leitura derivada das ciências da cognição, especificamente da Psicologia Cognitiva, da Psicolinguística e da Linguística Cognitiva. Entendemos que contribuições efetivas para uma mudança na qualidade do ensino de leitura podem ser 28 dadas através da união dessas diferentes Disciplinas em uma proposta interdisciplinar cognitivista, entendendo que a leitura se define, comumente, como um processo no qual leitor e texto interagem para a construção de significados. Ao escolher uma angular teórica que busque aprimorar o conceito de inferência em leitura sob a ótica cognitivista, acreditamos estar contribuindo não apenas para a fundamentação de discursos pedagógicos sobre o ensino de leitura, mas também para a ampliação dos estudos em cognição, buscando aplicações de seu construto teórico para processos e universos de experiência (des)envolvidos em atividades escolares de leitura. Assim, buscamos uma análise cognitivista do problema essencial deste trabalho: pesquisas apontam que os alunos constroem naturalmente inferências ao ler, independentemente de explicitações didáticas. Apontam também que, inclusive, o que fica após a leitura de um texto são as inferências geradas e não o que está contido no texto. Porém, uma série de outras pesquisas demonstra que a Escola ignora os diferentes processos de geração de inferências possíveis para cada indivíduo, o que faz com que os alunos saiam dela sem entender os diversos níveis em que uma leitura pode ocorrer (APPLEGATE et al, 2002; KLEIMAN, 2010 [1989]; GERHARDT e VARGAS, 2010; VARGAS, 2011). Cabe salientar que não estamos buscando compreender aspectos interacionais envolvidos no trabalho com a leitura em sala de aula. Entretanto, acreditamos que há uma abertura para uma interlocução posterior com estudos que tomem esses aspectos como seu foco, por exemplo, com a definição de ações didáticas que auxiliem o professor a construir com seus alunos uma leitura de qualidade por meio da percepção das inferências que foram construídas em interação com o texto. De igual maneira, não visamos à construção de um olhar reducionista do problema, culpando o professor pelo fracasso de seus alunos e pelo fracasso do trabalho com a leitura na Escola. Tampouco partimos para uma problematização mais ampla, no sentido de entrar em discussões sobre a situação socioeconômica do professor e do aluno, o desprestígio da Escola como instituição importante para a formação do indivíduo, ou a precarização da Escola pública. Porém, estes fatores não são ignorados, uma vez que todas estas experiências são tratadas aqui também como formadoras da cognição dos indivíduos. Nesse sentido, consideramos importante destacar também que a pessoa cuja cognição estamos buscando entender é tratada como sendo um self situado (SINHA, 1999), que cogniza em diversos ambientes de maneiras diferentes. Acreditamos que o 29 aluno cogniza na sala de aula de uma forma específica, que não é a mesma que ele realiza quando está fora dela. Assim, os resultados que essa pesquisa alcança buscam descrever aspectos da cognição escolar, o que nos permite também definir problemas na construção dessa cognição e formas de melhorar sua qualidade – algo que pode ser feito com propriedade quando se reconhece a realidade situada da cognição. Por fim, lembramos que, por meio das ciências da cognição, é possível não apenas discutir questões linguísticas – foco também deste trabalho, que se constitui essencialmente como o resultado de uma pesquisa em ensino de língua, mas também e atrelados a tais questões, todos os outros recursos que utilizamos para compreender o mundo e dizer coisas sobre ele. Dessa forma, partindo do pressuposto de que a mente humana elabora e padroniza universos de experiência enquanto interage com o ambiente externo e com as pessoas que formam esse ambiente, assumimos uma perspectiva teórica cognitivista de base corporificada e situada, que busca examinar o processo de leitura desenvolvido por estudantes em atividades escolares de leitura, relacionando-as aos aspectos situacionais que permeiam a execução dessas atividades (GERHARDT, 2006b; GERHARDT, ALBUQUERQUE e SILVA, 2009). Essa perspectiva se evidenciará no momento em que apresentaremos a análise realizada sobre o comportamento cognitivo dos alunos ao responderem às questões de leitura apresentadas nos livros didáticos escolhidos para a pesquisa. A pesquisa: objeto, objetivos e apresentação do trabalho Este trabalho pretende atuar em duas frentes: a) a primeira busca analisar a capacidade do livro didático de Língua Portuguesa, enquanto ferramenta semiótica, em potencializar o desenvolvimento cognitivo do aluno em atividades de leitura, especificamente no que se refere à sua habilidade de geração de inferências; e b) a segunda busca analisar o comportamento cognitivo do aluno ao realizar as atividades apresentadas no livro didático, especificamente também em relação aos seus processos de geração de inferências. Tem-se, portanto, como objeto básico de investigação, o processo de geração de inferências desenvolvido por estudantes, especificamente do 9º ano do ensino fundamental, e explicitado em atividades de leitura apresentadas por livros didáticos de Língua Portuguesa. Nesse sentido, alguns objetivos básicos foram pensados: 30 a) Entender o processo de geração de inferências em leitura sob a ótica das ciências da cognição; b) Comprovar que a inferência é resultado de um processo de integração conceptual; c) Investigar em que medida o livro didático potencializa a explicitação, valida e valoriza as inferências geradas pelos alunos, inclusive, desenvolvendo suas habilidades em relação ao desenvolvimento e reconhecimento do processo; d) Analisar o processo de inferenciação desenvolvido pelos estudantes selecionados para a pesquisa e) Investigar em que medida os alunos explicitam em atividades escolares de leitura as inferências que foram geradas ao longo de seu processo de leitura. Dessa forma, em um primeiro momento, debruça-se na apresentação do problema. Levando em conta o papel fundamental exercido pelo livro didático na escola brasileira hoje, parte-se de uma reflexão de base cognitivista acerca de sua importância para a formação cognitiva de alunos e professores, e as consequências do trabalho que se desenvolve com a leitura nas salas de aula por meio desses materiais. Posteriormente, apresenta-se o aporte teórico selecionado, descrevendo como se entende o processamento da leitura a partir da visão das ciências da cognição, e como esses estudos podem contribuir para uma melhora do ensino de leitura. Entendendo o processo de geração de inferências como fundamental para o desenvolvimento de uma leitura de qualidade, especifica-se o foco nesse tema, apresentando um breve histórico dos estudos em inferência para chegarmos a uma análise do processo de geração de inferências sob a ótica das ciências da cognição. Em seguida, apresentamos a metodologia de trabalho e os corpora selecionados para a pesquisa, para, então, analisarmos os três livros didáticos selecionados e o comportamento cognitivo dos alunos ao interagirem com as três atividades de leitura propostas – cada uma retirada de um dos livros selecionados – em dois momentos. Em um primeiro momento, de caráter descritivo, pretendemos expor algumas das inferências geradas, buscando analisá-las processualmente, por meio da esquematização do processo cognitivo de integração conceptual (FAUCONNIER e TURNER, 2002), e, 31 em um segundo momento, buscamos analisar, de um modo geral, as inferências geradas pelos estudantes ao realizarem as atividades propostas. 32 CAP. I – CONSTRUINDO UM OLHAR COGNITIVISTA SOBRE O LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA PORTUGUESA We don't need no education We don't need no thought control (...) All in all it's just another brick in the wall All in all you're just another brick in the wall (Roger Waters) 1.1. O livro didático e a cognição situada Começamos este trabalho com uma análise da presença do livro didático de Língua Portuguesa nas escolas brasileiras, uma vez que muito se fala sobre o papel fundamental desempenhando por esse tipo de material em sala de aula. Acreditamos que, para que haja uma melhor compreensão de como esse material atua em relação aos processos cognitivos desenvolvidos pelos alunos que com ele interage, é preciso entender como ele se constitui e qual o papel que desempenha na sala de aula. Assim, entendendo o livro didático como um objeto semiótico formador de comportamentos cognitivos, partimos de uma descrição sócio-histórica para buscar a compreensão do perfil de livro didático que hoje se apresenta na Escola brasileira, modelando práticas e estruturando relações em sala de aula. Esse modelo de livro didático tal como se apresenta hoje, tendo por função básica a estruturação do trabalho pedagógico em sala de aula, e sendo por isso tão criticado, se constituiu definitivamente no Brasil na década de 60. Caracteriza-se basicamente pela apresentação de conteúdos curriculares e atividades para o ensinoaprendizagem desses conteúdos, e por sua distribuição de acordo com a progressão escolar em séries e em unidades de ensino. Nesse modelo, o livro didático se destina especificamente ao aluno, porém seu uso se dá mediado pelo professor; assim, tende a atuar mais como um condicionante e organizador da ação docente do que um material de apoio ao seu fazer, como se dava em outros tempos (BATISTA, 2003; 2004; 2009; GERALDI, 2003 [1991]; LERNER, 2004). Problematizando a questão da conceituação do livro didático, Galvão e Batista (2009) salientam que definir o que é o livro didático é uma tarefa extremamente complexa: Embora seja relativamente consensual definir o livro didático como aquele impresso empregado pela escola, são muitos os problemas 33 decorrentes dessa definição: afinal, os livros didáticos nem sempre são livros, mas apresentam-se em diferentes suportes materiais; o texto didático nem sempre se restringe ao texto explicitamente elaborado e reproduzido tendo em vista um destino escolar; tampouco o texto didático é uniforme na maneira como se articula com o trabalho de ensino e com a formação que pretende auxiliar; finalmente, o texto didático possui múltiplos condicionantes, entre as quais o de constituir uma mercadoria e, como tal, possuir uma grande dependência não apenas dos meios de produção, mas também das alterações demográficas e legais do mercado para o qual se dirige (GALVÃO e BATISTA, 2009, p.28). Partindo dessa ideia – da complexidade que há em trabalhar com definições fechadas para o livro didático –, Batista (2009) e Galvão e Batista (2009) defendem que os manuais didáticos podem ser tanto os materiais que se destinam especificamente ao uso em contexto escolar, como também aqueles que, de alguma maneira, passam a formar parte desse contexto, sem, necessariamente, terem sido pensados para cumprir uma função escolar. Entendendo a cognição como situada (SINHA, 1999), não é difícil compreender o que nos dizem os autores citados acima, uma vez que, sob essa ótica, entende-se que os aprendizes, bem como os objetos envolvidos na situação de aprendizagem, se enquadram de maneiras diferentes de acordo com o macrocontexto cultural e com o microcontexto situacional de aprendizagem. Dessa forma, não se pode entender um objeto – e aqui, portanto, não podemos entender o livro didático – como sendo possuidor de um significado predeterminado pelo valor de seu uso padrão, mas sim como articulado processualmente às condições de seu uso num contexto específico: Os diferentes significados dos artefatos correspondem a práticas e padrões discursivos distintos, a diversas posições do sujeito nos discursos embutidos nos artefatos e a diferentes construções da situação. A situatividade, desse ponto de vista, não é dada a priori, mas é continuamente contestada, negociada e restabelecida. Esse processo de contestação, negociação e ressignificação discursivas leva a novidades, e se a novidade deve ser avaliada no processo de ensinoaprendizagem; então, o processo deve levá-la adiante (SINHA, 1999, p.45 – tradução nossa).5 5 Original: “The various different “meanings” of artefacts correspond to different discursive patterns and practices, different subject positions within the discourses embedding the artefact, and different construals of the situation. “Situatedness”, from this point of view, is not given once and for all, but is continually contested, negotiated and re-established. It is this process of contestation, negotiation and discursive re-imagining which leads to novelty; and if novelty is to be valued in learning and teaching, so must the process be which brings it forth.” 34 Entretanto, não se pode negar que, em nossa sociedade, houve um processo de evolução e cristalização de um modelo de manual didático, porque, entre outras razões, a noção de que a cognição é situada e de que os artefatos possuem significados diferentes de acordo com cada situação em que se encontram não foi levada em conta. Esse processo não se deu de uma maneira própria e independente; ao contrário, representou – e representa – o resultado de políticas públicas dirigidas ao próprio material, em um nível mais restrito, e a projetos pedagógicos, em um nível mais amplo. Se por um lado o livro didático adquire um papel cada vez maior dentro do sistema educacional brasileiro e, assim, na formação de nossos alunos, por outro ainda se encontra em uma situação de pouco valor, raramente ocupando lugares em acervos públicos e bibliotecas pessoais, sendo tratado como material perecível, utilizado apenas durante o ano escolar e de forma dependente do trabalho em sala de aula, e estando intrinsecamente ligado aos papéis do professor e do aluno, que são, na verdade, considerados usuários, e não leitores (GALVÃO e BATISTA, 2009). Encontramo-nos, então, em meio a um paradoxo ainda não muito bem percebido pelos estudiosos e pelos gestores da Educação em nosso país: ao mesmo tempo em que não se dá o devido tratamento ao importante papel desempenhado pelos livros didáticos – sobre o qual pretendemos refletir neste capítulo -, é inegável sua real atuação na estruturação da cognição do aluno como aprendiz em ambientes formais de educação, principalmente, se observamos o caráter de verdade que seus conteúdos acabam assumindo em sala de aula. Nesse sentido, é importante salientar que se toma, neste trabalho, a ideia de que um aprendiz não nasce aprendiz; um aprendiz aprende a sê-lo, em um contexto cultural e institucional específico, e por meio de experiências reais de aprendizagem, as quais o guiam nesse processo (SINHA, 1999). Assim, poderíamos já apontar que as ditas “falhas” do aluno, apontadas na introdução deste trabalho, em seu processo de aprendizagem da leitura não são suas, mas sim de um sistema que não buscou de fato empenhar-se em ensiná-lo a ser um leitor maduro. Como defende Sinha (1999), o ser humano se constrói e se posiciona em práticas discursivas específicas, para que assim se torne um sujeito-aprendiz. Esse processo se dá conforme o modelo exigido pela cultura em que a pessoa se insere, em um âmbito mais geral, e, mais especificamente, pelas situações e oportunidades de ensinoaprendizagem com as quais a pessoa se relaciona. Dessa forma, o aprendiz e as relações 35 de aprendizagem se constroem num processo constante de negociação e ressignificação, definido por um macrocontexto sociocultural e por um microcontexto situacional. Sob essa perspectiva, não se pode esquecer a importância dos objetos materiais como ferramentas para o pensamento e como mediadores semióticos do desenvolvimento cognitivo do aprendiz (SINHA, 1999; VIGOSTSKI, 2008), e sua atuação como elementos que também contribuem para o posicionamento do aprendiz em determinada prática discursiva de aprendizagem (SINHA, 1999). Como se explicará adiante, o principal objeto atuante nesse sentido, dentro do sistema escolar, é o livro didático, e, portanto, não se pode deixá-lo de lado em uma pesquisa que pretende entender o comportamento cognitivo do aluno ao executar atividades de leitura, uma vez que esse comportamento é, em grande parte, construído por sua relação com o material didático apresentado pela Escola. 1.2. A construção sócio-histórica do livro didático no Brasil Como já apontado, em relação aos livros didáticos, houve um processo de uniformização que acompanhou um processo maior de sistematização de projetos pedagógicos em nosso país (BATISTA e GALVÃO, 2009; GERALDI, 2003 [1991]). Aos poucos, o trabalho da Escola foi se transformando em um conjunto de atividades reunidas em um ensino seriado e de método simultâneo: os alunos passaram a ser organizados em classes, que representariam grupos com o mesmo grau de desenvolvimento, e o professor passou a desenvolver atividades coletivas com eles, a partir de um mesmo material – essencialmente, os livros didáticos, que acabam por reproduzir e, ao mesmo tempo, condicionar fortemente o “modo de organização da cultura escolar, concepções pedagógicas, [e] maneiras de escolarizar saberes” (GALVÃO e BATISTA, 2009, p. 16). A concretização dessa concepção de livro didático como estruturador das práticas docentes ocorreu, no Brasil, por volta dos anos 60 e 70, em meio a um processo de intensa ampliação do sistema de ensino, em especial da rede pública. Juntamente a um aumento significativo do número de matrículas, o qual teve como consequência um recrutamento docente mais amplo e menos seletivo, bem como a deterioração de suas condições de trabalho, passou-se a se desenvolver um modelo de livro que atuaria como um manual impresso de conteúdos e exercícios delimitados em áreas de conhecimento e Disciplinas. Tais conteúdos passaram, então, a serem organizados em progressão, de 36 forma a acompanhar o ano letivo e de possibilitar o controle sobre o trabalho do professor (BATISTA, 2003; 2004; 2009; GALVÃO e BATISTA, 2009; GERALDI, 2003 [1991]). O material está aí: facilitou a tarefa, diminuiu a responsabilidade pela definição do conteúdo de ensino, preparou tudo - até as respostas para o manual ou guia do professor. E permitiu: elevar o número de horasaula (...); diminuir a remuneração (...); contratar professores independentemente de sua formação ou capacidade (GERALDI, 2003 [1991], p.95). A respeito das pesquisas sobre o livro didático, pode-se dizer que elas vêm acompanhando a evolução do material e, desde os anos 60, apresentam-se estudos sobre a produção didática no Brasil que denunciam a falta de qualidade de grande parte dos livros produzidos. Eles têm sido questionados, principalmente, em relação a dois pontos: a) pelos seus conteúdos – por apresentarem um caráter ideológico e discriminatório e/ou conceitos desatualizados ou incorretos; e b) também, fortemente, por suas insuficiências metodológicas (BATISTA, 2003). Pouco ou quase nada se fala sobre o papel que desempenham na cognição dos estudantes que com eles interagem e, portanto, não se veem trabalhos que busquem analisar o comportamento cognitivo dos estudantes – ou mesmo dos professores – em interação com esses materiais. Esses estudos citados por Batista (2003) se iniciaram de um modo ainda fascinado pelas possibilidades que essa, então, nova tecnologia de ensino parecia oferecer, mas se transformaram, a partir do final dos anos 70, quando passaram a se caracterizar pela “denúncia e análise crítica de seus conteúdos ideológicos e de sua propriedade conceitual” (BATISTA, 2003, p.44), o que acabou por culminar, na década de 80, em um movimento acadêmico de completa rejeição ao livro didático, não sem frequência compreendido apenas a uma tecnologia de ensino pouco adequada a processos efetivos de aprendizado; apenas ao resultado de interesses econômicos envolvidos em sua produção e comercialização; apenas aos efeitos de controle que exerce sobre a ação docente e sobre o currículo (BATISTA, 2003, p.45, grifos do autor). Já na década de 90, esse quadro se alterou mais uma vez, e o livro didático pareceu receber uma nova atenção da comunidade acadêmica, que já não conseguia deixar de lado “as necessidades propriamente escolares e do caráter sistemático do processo de ensino-aprendizado” (BATISTA, 2003, p.45). Por isso, hoje em dia, vê-se a retomada de um discurso crítico em relação ao papel do livro didático, uma vez que a 37 presença desse tipo de material em aula criaria uma dissociação entre os que executam o trabalho docente e os que planejam esse trabalho, estabelecendo suas finalidades e os métodos pelos quais seria possível concretizá-las (BATISTA, 2009). Toda essa problemática – já intrínseca à própria existência dos livros didáticos e sua presença em sala de aula – se agravou no momento em que essas mesmas pesquisas começaram a demonstrar que, na escola brasileira e, principalmente, na escola pública brasileira, os livros didáticos se tornaram o principal material utilizado por professores e alunos, tanto em sala de aula como fora dela, no que diz respeito aos aspectos formais da educação. Devido a fatores externos ao trabalho em sala de aula, mas que acabam por defini-lo – entre eles, a inadequada formação de professores e/ou suas precárias condições de trabalho, e as dificuldades de produção e circulação do livro no Brasil -, o livro didático se transformou “numa das poucas formas de documentação e consulta empregadas por professores e alunos” (BATISTA, 2003, p.28). Voltamos a lembrar, então, que o livro didático passou a ser um dos principais fatores de influência do trabalho pedagógico, determinando, inclusive, sua finalidade e constituindo referência para a organização do currículo, definindo estratégias de trabalho e cristalizando abordagens metodológicas e quadros conceituais, assim como também se tornou referência teórica para a formação e informação do professor, sendo, por muitas vezes, o meio exclusivo para tal, uma vez que se encontra em um estado legitimado pela tradição escolar (BATISTA, 2003; BATISTA e COSTA VAL, 2004; BRÄKLING, 2003; GALVÃO e BATISTA, 2009; GERALDI, 2003 [1991]; LERNER, 2004; ROJO, 2003). Ou seja, como já dito, o livro didático passou a se constituir como um elemento básico de organização do trabalho docente, mas não apenas. Como salientam Rojo e Batista (2003, p.16), “muitas vezes, o livro didático é o único material de leitura disponível nas casas destes alunos de Ensino Fundamental e, por isso mesmo, são fundamentais para seu processo de letramento”, uma vez que “os textos e impressos escolares parecem vir sendo, assim, para parte significativa da população brasileira, o principal meio em torno do qual sua escolarização e acesso à cultura escrita são organizados e constituídos” (GALVÃO e BATISTA, 2009, p. 17) ou como cita Perini (1988, p. 81), são “o único tipo de material escrito com o qual esses alunos têm oportunidade de um convívio relativamente prolongado”. 38 Nesse sentido, em um país como o Brasil, onde existe uma política pública em relação ao livro didático, devemos aproveitar a oportunidade de que ao menos esse livro seja acessível a cada um dos alunos e, por tudo que já foi dito, que seja um livro de qualidade (PERINI, 1988; LERNER, 2004). Acreditamos que, ao criar o processo de avaliação dos livros a serem escolhidos, o Estado, por meio do Ministério da Educação (MEC) redefiniu seu papel, participando ativamente do processo e induzindo “a uma oferta e a uma demanda de livros articuladas com as políticas públicas para a educação” (BATISTA, 2003, p.35). Entretanto, mais uma vez uma vez, nota-se a pouca relevância dada aos estudos em cognição no que diz respeito às políticas públicas para o ensino de línguas no Brasil. A análise dos livros por meio do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) se dá mediante as concepções teóricas apresentadas pelos PCN – essencialmente, as abordagens sociointeracionais e discursivas. Logo, não se faz uma análise também de base cognitiva das propostas de leitura apresentadas nos livros didáticos avaliados, já que os estudos em cognição não foram levados em conta na formulação dos Parâmetros. Não estamos aqui negando os ganhos que esse programa trouxe. Entretanto, entendendo a atividade de leitura como sendo também um processo cognitivo, uma vez que se dá também na mente do sujeito, pela interação entre ele e o texto, acreditamos que sem uma avaliação por meio de critérios que levem em conta o que os estudos em cognição já descobriram a respeito do que é o ato de leitura, não pode haver uma avaliação completa das propostas apresentadas pelos livros didáticos. Ainda que o trabalho com as diferentes estratégias de leitura seja levado em conta no momento da avaliação das propostas apresentadas pelos livros didáticos, o reconhecimento delas, que não seja por meio de uma análise criteriosa baseada nos estudos em cognição, pode se dar de maneira difusa, visto que não basta a apresentação de diferentes estratégias, mas sim e, principalmente, como essas estratégias são apresentadas e em que medida o aluno é ensinado a trabalhar com elas de forma qualitativa e evolutiva, perpassando os diferentes níveis em que uma leitura pode ocorrer, em termos de construção do significado. 1.3. Sobre o livro didático de Língua Portuguesa Para entender melhor como especificamente o livro didático de Língua Portuguesa – como material que busca explicitamente trabalhar com a leitura – está 39 atuando na formação de comportamentos cognitivos dos estudantes e também dos professores, situadamente aos espaços escolares, cabe-nos, de partida, buscarmos um perfil deste livro especificamente, por meio de outras pesquisas que, em conjunto ou separadamente, já trabalharam com a análise desses materiais. Em relação especificamente ao livro de Língua Portuguesa, o processo anteriormente especificado de padronização do livro didático não se deu de maneira diferenciada. Em sua origem, os livros didáticos de Língua Portuguesa funcionavam como espécies de compêndios ou livros-texto, nos quais se apresentava uma síntese dos conteúdos a serem explorados e/ou uma coletânea de textos a serem trabalhados durante o ano letivo. Outros tipos de materiais também costumavam ser usados como materiais didáticos, no sentido de servirem “ao ensino, proporcionando instrução e formação” (GALVÃO e BATISTA, 2009, p. 13): folhetos ou cartazes pregados em tábuas, documentos oficiais, cartas, compêndios de doutrina cristã e gramáticas serviam de base ao ensino e à prática de leitura (GALVÃO e BATISTA, 2009; BATISTA e GALVÃO, 2009). Hoje, é possível perceber claramente o padrão geral que domina sua formulação, em todos os níveis da educação básica. Esse padrão se construiu juntamente com o padrão de livro didático acima descrito, por volta dos anos 60. A esse tempo, o ensino de Língua Portuguesa de 5ª a 8ª séries começou a se fixar como “um conjunto de atividades voltadas para o desenvolvimento da leitura, da redação, da linguagem oral e para o aprendizado gramatical” (BATISTA, 2009, p.53). Aos poucos, as noções escolares de leitura e escrita foram se alterando e passaram a responder a novas demandas, assumindo caracteres mais complexos de escolarização. Assim, os materiais que eram utilizados para seu ensino também tiveram que se alterar, passando a representar e constituir um novo modo de organização (BATISTA e GALVÃO, 2009). O que se nota, hoje, primeiramente, é a existência de uma fragmentação entre as partes de gramática, leitura, produção textual e vocabulário, não escapando à polarização tradicional entre o estudo do texto e o estudo da frase e da palavra (GUIMARÃES, 2003; SANTOS e BENFICA, 2003; LERNER, 2004). Além disso, há um privilégio da norma padrão escrita, por isso os livros optam por gêneros e contextos de circulação pertencentes à cultura da escrita, não se apresentando uma grande diversidade de tipos e gêneros textuais, como também de variedades linguísticas (ROJO e BATISTA, 2003; ROJO, 2003). 40 Especificamente no que se refere ao trabalho de reflexão linguística, o ensino de gramática é essencialmente predominante e não se liga às atividades de leitura e produção textual. Dessa forma, ele não atua como uma possibilidade de ampliação das percepções de uma possível leitura inicial, orientando o aluno em seu trabalho de construção do texto – as discussões que se dão nas aulas de compreensão e produção de textos não se relacionam ao que se vê nas aulas de gramática, priorizando-se apenas a norma e a forma (ROJO e BATISTA, 2003; ROJO, 2003; GUIMARÃES, 2003; SANTOS e BENFICA, 2003). Não se apresenta sequer “a possibilidade efetiva de os alunos produzirem análises próprias dos dados linguísticos” (GERALDI, 2003 [1991], p. XXIII). No que se refere ao trabalho com a leitura, embora bons textos sejam selecionados para comporem os livros didáticos, sendo a grande maioria autênticos e na íntegra, ainda não se consegue propor, a partir deles, atividades de leitura e de produção de textos efetivas e eficazes (MARCUSCHI, 1996; FULGÊNCIO e LIBERATO, 1996 [1992], 2003; KATO, 1990 [1985]; KLEIMAN, 2001 [1992], 2010 [1989]; ROJO e BATISTA, 2003; ROJO, 2003; GERHARDT, 2006b, GERHARDT, ALBUQUERQUE e SILVA, 2009; GERHARDT e VARGAS, 2010). Aqui, é importante salientar, como faz Batista (2009), que o ensino de leitura, bem como o de redação e da linguagem oral e diferentemente do ensino de gramática, tem um caráter procedimental, ou seja, não há como ser desenvolvido por meio da exposição de conteúdos ou princípios. O foco do ensino de leitura seria o desenvolvimento de habilidades, uma vez que a única maneira de aprender a ler é praticando significativamente a leitura. Entretanto, esse tipo de trabalho com a leitura, ao que parece, ainda não foi assimilado pelos livros didáticos, uma vez que ele não se encaixaria nos padrões que foram estabelecidos do que é um livro didático e de como ele se constitui. Portanto, um trabalho exclusivo pelo livro didático nesse modelo se torna muito complicado. Seu ensino, tal e como se estabeleceu, torna-se fortemente dependente do contexto de sala de aula, uma vez que depende exclusivamente da feitura dos exercícios pelos alunos e posterior consulta ao gabarito apresentado pelo livro do professor. Como dizem os alunos: “nunca há uma ‘matéria’ a ser estudada para a prova ou as avaliações de leitura e de produção de textos” (BATISTA, 2009, p. 53). Com relação a esse ponto, cabe ressaltar o desencontro, salientado na introdução deste trabalho, entre o mundo acadêmico e o mundo escolar. Enquanto pesquisas em 41 leitura apontam para a possibilidade de sistematização e organização didática das atividades escolares de leitura – o que poderia ser a “matéria” a ser estudada por nossos alunos, não é possível encontrar o resultado dessas pesquisas nos livros didáticos, que ainda preferem trabalhar a leitura assistematicamente. Tal fato nos revela que a Escola ainda não sabe o que fazer com a leitura em sala de aula. A Escola se apresenta justamente como o lugar em que as coisas encontram sistematicidade: “a instituição escolar, incapaz de tolerar tais idas e vindas, porque adepta de uma forma de conceber o conhecimento como algo exato e cumulativo, pretensamente científico, não pode abrir mão de, didaticamente, tentar ordenar e disciplinar esta aprendizagem” (GERALDI, 2003 [1991], p.117). A assistematicidade que se apresenta no contexto escolar em relação ao desenvolvimento da leitura ao longo das etapas escolares pelas quais o estudante passa revela acaba por revelar a quebra de um padrão, justamente porque não se consegue, mantendo os padrões vigentes, fazer um trabalho que desenvolva as capacidades leitoras de seus alunos. Além disso, as atividades de leitura apresentadas ao longo das unidades dos materiais didáticos não apresentam uma diversidade de tipos de abordagem para o trabalho com o texto, e não chegam a “explorar satisfatoriamente aspectos linguísticodiscursivos cruciais para a construção da leitura” (ROJO e BATISTA, 2003, p.117), o que gera uma leitura plana das temáticas abordadas nos textos (ROJO, 2003). Apresentam-se questões que em nada desenvolvem as capacidades dos alunos, uma vez que não lhes exigem, de modo geral, qualquer esforço cognitivo: “o aluno passeia pelo texto e sua superfície em busca das respostas que satisfarão não a si, mas à aferição de leitura que o livro didático e o professor podem vir a fazer” (GERALDI, 2003 [1991], p.170). De forma geral, pode-se dizer, então, que “são priorizados os trabalhos temático e estrutural ou formal sobre estes, ficando as abordagens discursivas ou a réplica ativa em segundo plano” (ROJO e BATISTA, 2003, p.19-20). Nota-se também que o trabalho cognitivo com o aluno inexiste, uma vez que sua presença, em interação com o livro, como produtor de significados, também não existe, seu papel se torna apenas o de reproduzir os significados gerados pelo material didático e confirmados pelo professor. No que se refere ao trabalho com as inferências em leitura, nota-se que parece, historicamente e ainda hoje, haver uma forte tendência à negação do processo, já que se apresenta uma forte tendência a que as questões de “interpretação de texto” (ou outros 42 nomes que os livros didáticos utilizam para a seção de exercícios de leitura) busquem dos alunos apenas uma cópia literal do que foi escrito pelo autor, ou apontem o texto como pretexto para a discussão de questões cujas respostas não dependem de sua leitura, ignorando o fato de que a leitura é essencialmente uma atividade inferencial. Trabalho realizado por Marcuschi (1996) demonstrou que, “em sua maioria, esses exercícios não passam de uma descomprometida atividade de copiação e, neste caso, se prestam na melhor das hipóteses, como exercícios de caligrafia, mas não estimulam a reflexão crítica” (MARCUSCHI, 1996, p. 64). 1.4. A formação de comportamentos cognitivos situados por meio do livro didático Feita essa descrição geral, acreditamos que seja possível pensar sobre o papel que esses materiais vêm desempenhando na formação de comportamentos cognitivos situadamente ao espaço escolar e, especificamente, ao espaço da sala de aula. Como se pode concluir através das seções anteriores, e vale a pena retomar, não podemos esquecer que o livro didático acaba funcionando como principal instrumento de letramento escolar, como um guia do pensar na Escola e fora dela, sendo em muitos casos o único instrumento de letramento dos nossos alunos (PERINI, 1988; ROJO e BATISTA, 2003; GALVÃO e BATISTA, 2009). Dessa forma, neste trabalho, entende-se que o livro didático atua como um objeto que metonimiza a instituição escolar, uma vez que é a representação mais concreta da forma como a escola se vê, e de como ela quer ser vista pelos que a integram. Nele se revelam as intenções e as expectativas da instituição escolar em relação aos seus objetivos e à atuação de seus diferentes sujeitos: Assim, a solução para o despreparo do professor, em dado momento, pareceu simples: bastaria oferecer-lhe um livro que, sozinho, ensinasse aos alunos tudo o que fosse preciso. Os livros didáticos seriam de dois gêneros: verdadeiros livros de textos para os alunos, e livros-roteiros para os professores, para que aprendessem a servir-se bem daqueles. Automatiza-se, a um tempo, o mestre e o aluno, reduzidos a máquinas de repetição material (GERALDI, 2003 [1991], p.117). O que antes se configurava e se construía como uma ferramenta de apoio ao trabalho do professor nas relações de ensino-aprendizagem na Escola, redefine-se como um objeto de construção do trabalho do professor em sala de aula, uma vez que ele já 43 não consegue fazê-lo por questões que também independem de sua vontade, e tampouco é estimulado a cumprir essa tarefa. Sabendo-se do papel fundamental que os livros exercem em sala de aula, tais materiais são pensados de forma a concretizar-se em modos de organizar a atuação dos interactantes no espaço escolar, enquadrando assim formas de pensar, ou seja, instituindo a cognição desses sujeitos situadamente a esse espaço. Essa ideia torna-se fundamental para a consecução deste trabalho, pois permitirá o entendimento da forma como o aluno desenvolve sua leitura na Escola. Como postulado por Vigostki (2008), acreditamos que a cognição humana é modelada pelos instrumentos e pelas ferramentas que o homem utiliza, sendo as funções da mente e do corpo também desenvolvidas pelos objetos com que interagem em meio a um contexto social que define essa interação. Sinha (1999) acrescenta a isso o fato de que não apenas o contexto social define essa interação, mas também a própria interação, em seu microcontexto, enquanto espaço de negociações entre os intersujeitos nela presentes, se define e define o papel a ser desempenhado por cada um, por meio também dos objetos que dela fazem parte. Cabe, então, salientar que, assim como signos podem ser vistos como ferramentas ou mercadorias, do ponto de vista das ciências da cognição, os objetos também podem ser vistos como signos, como mediadores semióticos do desenvolvimento da cognição, que acabam por integrar o posicionamento e a perspectiva do sujeito-aprendiz aos contextos das práticas que enquadram significativamente a aprendizagem (SINHA, 1999; VIGOTSKI, 2008 [1934]). Como explicado por Vigotski (2008 [1934]), um instrumento só é utilizado pelos seres humanos para resolver problemas se a pessoa consegue conceptualizar simultaneamente as funções do objeto e o objetivo a ser alcançado por meio dele: “mesmo o melhor instrumento para a solução de dado problema não será utilizado pelo chimpanzé se ele não puder vê-lo ao mesmo tempo, ou quase ao mesmo tempo, que o objetivo” (VIGOTSKI, 2008 [1934], p.49). O objetivo para o uso dos livros didáticos em sala de aula, que já foi explicitado, neste trabalho, também é conceptualizado pelo aprendiz que se põe em interação com ele. Assim, a formação de sujeitos reprodutores se concretiza através da verificação das ações cognitivas da pessoa que aprende. Dessa forma, mais uma vez, é possível afirmar que o livro didático entra em sala de aula como um objeto que não ensina apenas 44 “conteúdos” aos alunos, mas ensina o aprendiz a se comportar como aprendiz, a formar seu comportamento cognitivo enquanto aprendiz: como explica Gerhardt (2006b), a aprendizagem de conteúdos na escola é incidental; ensinam-se, na verdade, comportamentos sociocognitivos. Assim, partindo de uma visão cognitivista sobre o problema não nos afastamos muito do que outros autores já vêm dizendo a partir de outras teorias ou modos de encarar o problema. Ao contrário, podemos buscar suporte nesses estudos para entender os processos cognitivos que envolvem essas questões: Há, no entanto, outra aprendizagem implícita que se dá precisamente no processo que conduziu esta aprendizagem: porque os temas destas interlocuções são constituídos como “conteúdos de ensino” prontos, acabados, aos quais cabe ao aprendiz “aceder”; porque a interlocução de sala de aula se caracteriza mais como “aferição” de incorporação do que já estava pronto, acabado; porque os sujeitos envolvidos se sujeitam às compreensões do mundo que se lhes oferecem na escola (GERALDI, 2003 [1991], p.8). Como bem salientado por Geraldi (2003 [1991]), a Escola se converteu em um lugar de certezas e, mais que isso, de reprodução dessas certezas. Não há espaço para dúvidas, erros e, muito menos, para a construção de conhecimentos. Tudo é produto, os processos inexistem. E isso também se aprende na Escola. Essa visão também acaba conceptualizada pelo aluno, em sala de aula, que acaba por aprender que é assim que se constrói o conhecimento e assim que se desenvolve a leitura: por meio apenas da reprodução do que já é certo, do que está escrito. O livro didático surge, então, como a ferramenta de concretização dessa visão, metonimizando em um objeto todo o sistema em que se inclui. Como consequência da construção desse perfil de livro didático, como estruturador da ação docente em sala de aula, sendo elaborado por pessoas que não atuam trabalhando com ele nas salas de aula, tem-se uma clara separação entre o grupo dos que executam o trabalho didático e o dos que pensam esse trabalho. E, sob uma ótica cognitivista, o livro didático passa a assumir o papel de formador de comportamentos cognitivos do professor como sujeito-ensinante e do aluno como sujeito-aprendiz, ambos reprodutores, e não produtores de um conhecimento que deveria ser construído conjuntamente em sala de aula. Geraldi (2003 [1991]) aponta que o trabalho com o texto seria a principal fonte de mudança para a concretização de um fazer pedagógico em que professores e alunos atuam como sujeitos ativos no processo de ensino-aprendizagem, co-construindo seus 45 saberes em sala de aula: “o ponto de vista que defenderei é que esta presença (do texto) pode corroer a identidade atual do professor de língua portuguesa, em função do resultado da reflexão sobre textos que se realiza na área da pesquisa” (GERALDI, 2003 [1991], p.97, grifos do autor). Entretanto, apesar do constante trabalho de proliferação do uso do texto em aulas de língua portuguesa, sendo este o foco institucionalizado para o ensino de língua portuguesa desde a criação dos PCN, há mais de dez anos, e mesmo com os textos predominando nos livros didáticos, ainda não é possível constatar essa mudança. Nesse sentido, não podemos esquecer que “essa concepção de livro didático e os materiais educacionais que dela resultam, por tudo isso, são pouco adequados para responder às exigências apresentadas pelo contexto educacional contemporâneo” (BATISTA, 2003, p.49), uma vez que hoje a educação se vê voltada, principalmente, para a “afirmação da diversidade e flexibilidade das formas de organização escolar, originadas pela necessidade de atender aos diferentes interesses e expectativas gerados por fatores de ordem cultural, social e regional” (BATISTA, 2003, p.49). Além disso, deve-se considerar que, embora a realização da avaliação desses materiais por parte do PNLD acabe por representar uma política direta de intervenção do Estado na formação do currículo escolar e no trabalho em sala de aula (BATISTA e COSTA VAL, 2004), ainda se apresenta um descompasso entre as expectativas e os interesses dos professores e do Programa no que diz respeito ao que seja um currículo de qualidade e ao que seja um livro didático adequado às práticas de sala de aula. Nesse sentido, cabe ressaltar a dicotomia apresentada também no início deste trabalho: o sistema escolar, em meio à sua crise, acabou também por gerar “a crise do professor, expropriado não só em seus salários, mas também em suas crenças e identidades” (GERALDI, 2003 [1991], p. XXVII). O professor não é mais aquele que pensa o fazer pedagógico, mas aquele que executa o que alguém, que está fora do ambiente escolar, pensou por ele. Por isso, o livro didático interfere também na cognição do professor. Alguns trabalhos chegam a culpabilizar os professores pela manutenção de práticas que vão de encontro ao que a academia produz, em especial no que se refere ao trabalho com o livro didático em sala de aula. Um olhar cognitivista sobre o comportamento de professores e alunos em sala de aula não pode reduzir-se a uma afirmação como essa. Um olhar macrossocial sobre o problema também não poderia fazê-lo. Em relação a essa questão, Geraldi (2003 [1991]), salienta o fato de que, 46 historicamente, o professor acabou sendo constituído como “um sujeito que domina um certo saber, isto é, o produto do trabalho científico, a que tem acesso em sua formação sem se tornar ele próprio produtor de conhecimentos” (GERALDI, 2003 [1991], p. 88). Dessa forma, culpar o professor por ter aprendido a cumprir o papel que lhe foi instituído é culpar o aprendiz por ter aprendido o que lhe ensinaram. Não são falhas do aprendiz, nem sequer são falhas, uma vez que o objetivo proposto é alcançado e concretizado. Apesar dos grandes ganhos, a instituição dos PCN e a avaliação do PNLD ainda não foram capazes de alterar o paradigma apresentado, pois não observam a situação de aprendizagem que é apresentada ao professor e aos alunos. Sem alterar a situação de aprendizagem, apenas focando nos objetos que se enquadram dentro dela, não há uma alteração real capaz de mudar os comportamentos cognitivos já formados. Ao contrário, o padrão de livros didáticos apresentados, ao invés de permitir a mudança, apenas reforça os papéis já definidos: A nova configuração introduz na relação entre a atividade de produção de conhecimentos e a atividade de ensino uma nova realidade: a produção de material didático posto à disposição do trabalho de transmissão. Trata-se de uma “parafernália didática” que vai do livro didático (para o professor, com respostas dadas) até recursos de informática (...). Em relação ao trabalho do professor, a profecia de Comenius se concretiza: “tudo aquilo que deverá ensinar e, bem assim, os modos como há de ensinar, o tem escrito como que em partituras” (GERALDI, 2003 [1991], p.93). Os PCN e o PNLD apenas alteram a qualidade dos conteúdos a serem transmitidos, porém as “partituras” denunciadas por Comenius e citadas por Geraldi (2003 [1991]) ainda se apresentam fortemente no contexto escolar. Além disso, a utilização de livros didáticos que quebrem, ou ao menos tentem romper em parte com a lógica institucionalizada já descrita se torna difícil, uma vez que o padrão de passividade e reprodução das atividades propostas já está consolidado. Hoje, a questão não pode reduzir-se apenas a selecionar livros diferenciados desse padrão, uma vez que os sujeitos não se encontram num contexto de aprendizagem que permita a ressignificação do papel desse objeto enquanto construtor também de novos comportamentos cognitivos, o que exigiria um novo posicionamento dos sujeitos nas práticas discursivas em sala de aula. Se o livro didático, assim como os outros construtos didático-pedagógicos, não prepara os sujeitos para esse novo posicionamento, seu uso fracassa e se apresenta, como os dados estatísticos já 47 comprovaram, um retorno à prática vigente. Por isso, não dizemos que a instituição de novos padrões de livros didáticos bastam, pois novos livros, imersos em intersubjetividades como as que se apresentam agora, também fracassarão. Como salientam Brandão e Martins (2003, p. 258), “as coleções do PNLD que trazem as melhores propostas dependem em maior grau da atuação e lucidez do já tão explorado professor”, que, por isso, não consegue sozinho modificar o contexto em que se insere e, portanto, se vê obrigado a manter sua posição de sujeito reprodutor. Nesse sentido, não se pode negar, portanto, que a escolha do livro didático pelos docentes vem apontando para a necessidade de as políticas públicas voltadas para a qualidade do ensino contemplarem adequadamente tanto a formação quanto o fortalecimento profissional da ocupação docente (BATISTA, 2003, p.53). Em outras palavras, enquanto os avaliadores do PNLD se preocupam com questões teórico-metodológicas ao analisar os livros didáticos, os professores se preocupam com questões práticas de aplicação do material em suas aulas, já que esse foi o papel que lhes foi delegado – o de fazer, e não o de pensar: (...) parece caber ao professor a escolha do material didático que usará na sala de aula. Mas qual a sua função depois disto? (...) sua função é controlar o tempo de contato do aprendiz com o material previamente selecionado; definir o tempo de exercício e sua quantidade; comparar as respostas do aluno com as respostas dadas no “manual do professor”, marcar o dia da “verificação da aprendizagem”, entregando aos alunos a prova adrede preparada, etc. (GERALDI, 2003 [1991], p.94). Dessa forma, se ao professor lhe restaram as tarefas práticas, se a ele não lhe cabe pensar sobre seu fazer, mas apenas em como fazê-lo, como ele poderia utilizar-se de critérios de outra natureza que não práticos, para a seleção dos materiais a serem utilizados em sala de aula? Mais uma vez, o professor se põe no lugar que lhe foi imposto de sujeito-reprodutor, ou, nas palavras de Geraldi (2003 [1991], p.94), de “capataz de fábrica”, que apenas pode contar com válvulas de escape, em sala de aula, de momentos esporádicos de reflexão, quando algo foge do previsto. Além disso, outro fator que contribui para a não escolha dos livros mais bem avaliados pelo PNLD é que, para os professores, eles seriam difíceis e não adequados ao nível de seus alunos (BATISTA, 2004; COSTA VAL et al., 2004). O que a princípio poderia ser uma preocupação bastante pertinente se transforma de alguma maneira quando se percebe que, na verdade, o que ocorre é a existência de uma visível 48 “depreciação das competências cognitivas e linguísticas dos alunos” (COSTA VAL et al., 2004, p.88) e uma deturpação do verdadeiro papel do professor, que deveria mediar o processo de interação do aluno com esse material aparentemente mais complexo, de forma a que se construísse uma relação significativa em sala de aula que permitisse ao aluno lidar qualitativamente com esse material. Uma causa para isso é apresentada por Batista (2004) e Lerner (2004), que salientam que, na hora da escolha dos livros, os professores não estão apenas negando e desautorizando a avaliação do PNLD; eles estão opondo o seu “saber-fazer”, construído ao longo de sua experiência com uma lógica escolar estabelecida, a essa concepção dita acadêmica, que ignoraria a lógica escolar. Por isso, incapazes de flexibilizar e negociar seus papéis nessa atividade cognitiva e discursiva que é o processo de ensinoaprendizagem em sala de aula, os professores selecionariam os livros mais facilmente assimiláveis à realidade escolar e que se enquadram em suas concepções e práticas habituais. Assim, de um lado, se encontrariam os teóricos com seu prestígio e, de outro, os práticos, representantes da cultura escolar, com seus saberes desprestigiados. O que resulta dessa contraposição é a confirmação do que vem sendo dito ao longo deste capítulo, já que, colocados em posição passiva na prática discursiva de ensinoaprendizagem em sala de aula, os professores não conseguem ressignificar seu posicionamento para que possam, por intermédio do uso de materiais que exigem a alteração dessa posição, alterar sua relação com os alunos e levá-los a um uso significativo e agentivo desses materiais. Sem consciência de que o sistema educacional os colocou nessa posição de emuladores e (re)produtores (SINHA, 1999), os professores acabam por responsabilizar o aluno. Assim, as transformações apontadas em Applegate et al. (2002) para um ensino de leitura focados em questões que buscam julgamentos dos alunos a partir das informações apresentadas pelos textos se tornam difíceis de serem concretizadas, uma vez que elas dependem essencialmente de uma postura ativa dos alunos e também do professor, que não pode mais esperar a reprodução de respostas dadas a priori. É preciso que o professor tome consciência de como se dá o processamento da leitura e, que, principalmente, perceba como seus alunos leem, para que possa auxiliá-los no desenvolvimento de suas habilidades cognitivas. Além disso, torna-se complicado, sem uma mudança de perspectiva também para o trabalho do professor, o rompimento da 49 divisão que se estabelece entre o mundo escolar e o meio acadêmico, posto que, como salientam Gerhardt e Vargas (2010), a ponte entre esses dois espaços seria exatamente o professor: Ao professor, precisa ser possibilitada a avaliação crítica das atividades de leitura dos materiais didáticos, para se transpor o abismo e percorrer caminhos pedagógicos definidos pelas instituições comprometidas com a melhoria da qualidade do ensino. Sem deixar de olhar com atenção e interesse para o aluno, escola e pesquisa precisam, de uma vez, também passar a olhar, e com claros e urgentes projetos de mudança, para o professor (GERHARDT e VARGAS, 2010, p. 164) Em resumo, o que se nota hoje é que “as propostas ligadas ao letramento, no livro didático, não minimizaram seu caráter normalizador, regulador e objetivante de forma social escritural por excelência” (ROJO e BATISTA, 2003, p.19). Logo, ainda não houve uma quebra no padrão de material didático que visa à formação de sujeitos cognitivamente reprodutores, impedidos de criarem e pensarem com autonomia. Acreditando que a ótica dos estudos em cognição é capaz de atuar fortemente na alteração de um perfil de material didático que constrói identidades reprodutoras e silenciosas, este trabalho pretende apresentar uma visão fundamentada nas ciências da cognição, sobre os materiais didáticos e sobre sua avaliação, especificamente, no que diz respeito às atividades de leitura. Dessa forma, embora não se possa negar que a avaliação do PNLD foi um grande passo nas políticas públicas para o livro didático, atuando sim em um processo de melhoria de sua produção, não alcançamos ainda padrões de excelência, o que se comprova pelos resultados ainda apresentados pelos nossos alunos em programas de avaliações ou mesmo no cotidiano das salas de aula, como salientado na introdução deste trabalho. 50 CAPÍTULO II: PERSPECTIVAS COGNITIVAS SOBRE A LEITURA “A verdade é que a minha atroz função não é resolver e sim propor enigmas, fazer o leitor pensar e não pensar por ele.” (Mário Quintana) Antes de nos aprofundarmos no tema da inferenciação em leitura, é preciso entender qual a visão de leitura com a qual estamos trabalhando aqui, uma vez que é essa visão que vai determinar o entendimento que estamos buscando alcançar do processo inferencial. Assim, esse capítulo visa a dar um panorama geral do processamento da leitura sob a ótica das ciências da cognição, em uma perspectiva interdisciplinar que abarca, essencialmente, a Psicolinguística e a Linguística Cognitiva. Além disso, buscamos refletir também sobre como esses estudos já vem contribuindo e como podem contribuir ainda mais para um trabalho significativo com a leitura em sala de aula. Essa reflexão será feita por meio da detecção de como a inferência se manifesta em termos de integração conceptual, no capítulo IV, e por meio da análise dos dados da pesquisa, no capítulo VI. Muitos são os campos teóricos que buscam investigar a leitura, em seus mais diversos aspectos. Pretendemos, neste momento do trabalho, levantar um breve resumo de como se dá o processamento da leitura, sob a ótica dos estudos em cognição. Para isso, estamos buscando a articulação entre a visão da Psicolinguística, por ser disciplina fundadora de um estudo das conexões entre a linguagem e a mente, buscando analisar as estruturas cognitivas e psicológicas que nos capacitam à leitura (SCLIAR-CABRAL, 1991), e a visão da Linguística Cognitiva, sobre a construção de significados por meio da linguagem, por ser uma disciplina capaz de ampliar a discussão sobre o tema, uma vez que entende a linguagem como construída em bases experienciais, como a representação da interação entre diversos elementos de um complexo sistema cognitivo (GEERAERTS, 2006). Sob a visão da Psicolinguística, a compreensão de textos passa a ser entendida como uma atividade que envolve múltiplos processos cognitivos de ordem superior, tais como a inferência, a analogia, a síntese e a análise, o que justificaria o nome de “faculdade”, dado anteriormente ao conjunto de processos, atividades, recursos e estratégias mentais próprios do ato de compreender (KLEIMAN, 2001 [1992], 2010 [1989]). Enfatizamos a ideia já mencionada de que, sob essa perspectiva, a leitura passa 51 a ser encarada, então, como a integração de processos cognitivos e não como um produto do qual o leitor deve extrair o significado. Essa noção torna-se fundamental para o entendimento das motivações e dos resultados deste trabalho e será retomada sempre que necessário, uma vez que se opõe à noção escolar de leitura definida anteriormente. Entendemos que, dentro de um estudo que busca sua base teórica nos estudos em cognição, e, especialmente, considerando-se a noção de significado construída a partir do desenvolvimento da Linguística Cognitiva, tal assunção se torna essencial para o desenvolvimento e o entendimento do trabalho que aqui se apresenta. Como afirmado por Sinha (1999), geralmente as investigações semânticas veem o significado como dado a priori para sua utilização no discurso. Dentro de uma perspectiva cognitivista, o significado passa a ser visto como construído on line e real time, na interação, de forma negociada e ajustada, o que “permite que nos coloquemos em posição de observar o significado de forma dinâmica, ou seja, como construção e articulação entre experiências, habilidades, conhecimentos e processos, incluindo as formas dos acordos interacionais possíveis (ou não) durante a interação” (GERHARDT, 2006, p.1). Dessa forma, podemos postular uma visão sobre a leitura, entendo-a como um processo de construção de significados que se dá de maneira interativa, negociada e, essencialmente, construída on line e real time. Soares (2001, p.8) define muito bem a leitura posta nesses termos: (...) a leitura não é uma atividade de mera decodificação, em que o leitor aprende, compreende e interpreta a “mensagem” do autor, mas é processo constitutivo do texto: é na interação autor/leitor que o texto é construído, é produzido. Ou seja: o texto não preexiste à sua leitura, pois esta é construção ativa de um leitor que, de certa forma, “reescreve” o texto, determinado por seu repertório de experiências individuais, sociais e culturais. Dentro de uma linha temporal, podemos situar os estudos sobre o processamento da leitura em duas posições teóricas opostas, que correspondem aos dois tipos básicos de processamento da informação: a hipótese top-down ou descendente e a hipótese bottom-up ou ascendente. Posteriormente, deu-se a fundação de uma terceira posição intermediária, a qual consideraria a leitura como o resultado da articulação entre ambas as formas de processamento da informação (KATO, 1990 [1985]; KLEIMAN, 2001 [1992]; FULGÊNCIO e LIBERATO, 2003 [1992]; VIEIRA, 2008). 52 A hipótese ascendente de leitura, derivada de uma visão estrutural e mecanicista da linguagem, foca apenas no texto, ou seja, na informação visual, como fonte única de sentido para a compreensão por parte do leitor, privilegiando, então, a percepção do texto impresso. Por meio do processamento bottom-up, o leitor faz uso linear e indutivo das informações visuais, construindo o significado por meio de um processo de síntese do significado das partes. Assim, entende-se a leitura como um processo mecânico e serial, o qual começa pela verificação, por parte do leitor, de um elemento escrito para que, a partir dele, se dê a mobilização de outros conhecimentos de forma que, passivamente, possa restaurar o sentido original do texto. A hipótese descendente entende que o texto é um objeto indeterminado e incompleto. Por isso, no ato de leitura, o leitor ganha, então, um novo papel, funcionando como a fonte única do sentido, uma vez que ele aciona esquemas cognitivos – conhecimentos estruturados prototipicamente sobre objetos e eventos, que atuam como padrões para o entendimento das coisas. O processo de leitura seria como um jogo de adivinhações por parte do leitor e o texto atuaria, então, de forma top-down, como mero confirmador de hipóteses. Dessa forma, o leitor processa o texto não linearmente, fazendo o uso intensivo e dedutivo das informações não visuais, sendo sua direção sempre da macro para a microestrutura e da função para a forma. Considerando que nenhuma dessas duas visões consegue representar uma compreensão completa do processo optamos, neste trabalho, por uma visão que articula as duas anteriores. Tal visão foi inicialmente proposta por Rumelhart e McClelland (1982), ao defenderem a existência de um processamento interativo – a um só tempo top-down e bottom-up. Assim, a compreensão de um texto por parte do leitor ocorre por meio de uma complexa interação de sistemas, ocorrendo pela recuperação de experiências prévias e de conceitos culturais e linguísticos, que passam a atuar em interação com o que se recebe do texto. Assim: Tanto do ponto de vista psicológico quanto sociológico, o texto se descontextualiza e se deixa recontextualizar pelo leitor. Tal fato relaciona-se diretamente com o repertório de experiências do leitor. Nenhum texto apresenta um sentido único, instalado, imutável, depositado em algum lugar. Texto quer dizer “tecido”, não um produto, mas uma produção. De igual maneira, a leitura não é um produto, antes, uma produção. A leitura é produzida à medida que o leitor interage com o texto (DELL’ISOLA, 2001, p.28). 53 Entende-se que, para que seja alcançada uma leitura funcional, na qual o leitor consegue, mais que decodificar, construir um sentido para o texto lido (PERINI, 1988), diversos fatores entram em interação, tais como o conhecimento prévio, a motivação para a leitura e o interesse pelo que se lê, por exemplo. Dessa forma, a atividade de leitura se dá por meio de uma constante interação entre a informação visual – captada pelos olhos durante a leitura de um texto – e a informação não visual (ou conhecimento prévio) – estocada em nossa memória de longo prazo e que nos permite dar sentido ao que lemos. Em leitores eficientes, a interação entre os dois tipos de informação se dá numa relação inversamente proporcional – de quanto mais informação não visual dispõem, menos necessitam retirar do texto, uma vez que utilizam seu conhecimento prévio para prever a maior parte da informação visual. Isso ocorre naturalmente, pois o leitor está equipado com uma série de técnicas heurísticas (ou estratégias perceptuais) que lhes permitem recuperar o sentido do texto através de pistas fornecidas pela informação visual. Essas estratégias são de vários tipos: ortográficas, morfo-sintáticas, semântico-pragmáticas, discursivas (FULGÊNCIO e LIBERATO, 2003 [1992], p. 17). Sendo assim, trata-se a leitura como um processo essencialmente interativo, no qual leitor e texto atuam na construção de significados: o leitor aciona seus esquemas adquiridos ao longo da vida e os confronta com os dados do texto: “a leitura fluente é feita através de um processamento parcial do material visual, e completada pelas previsões” (FULGÊNCIO e LIBERATO, 2003 [1992], p. 19). Por isso, a atividade de leitura passa a ser entendida como uma atividade de “responsabilidade mútua” (KLEIMAN, 2010 [1989], p. 65), uma vez que a responsabilidade da compreensão não deve ser atribuída apenas ao produtor do texto, enquanto pessoa que deve escrever de forma clara e coerente. Também o leitor deve contribuir com certos conhecimentos e atitudes diante do texto, colocando-se como alguém que tem algo a dizer ao que está lendo, contribuindo para a construção de seu significado. Um mesmo leitor maduro pode – e deve – variar o tipo de processamento que usa, o que vai depender do texto com o qual está interagindo e de seus objetivos de leitura. Entretanto, em leitores não eficientes, é possível encontrar o predomínio equivocado de um processamento ascendente ou descendente da leitura: Teríamos o tipo que privilegia o processamento descendente (...) É o leitor que aprende facilmente as idéias gerais e principais do texto, é 54 fluente e veloz, mas por outro lado faz excessos de adivinhações, sem procurar confirmá-las com os dados do texto, (...) faz mais uso de seu conhecimento prévio do que da informação efetivamente dada pelo texto. O segundo tipo de leitor é aquele que se utiliza basicamente do processo ascendente, que constrói o significado com base nos dados do texto, fazendo pouca leitura nas entrelinhas, que aprende detalhes detectando até erros de ortografia, mas que ao contrário do primeiro tipo, não tira conclusões apressadas. É, porém, vagaroso e pouco fluente e tem dificuldade de sintetizar as idéias do texto por não saber distinguir o que é mais importante do que é meramente ilustrativo ou redundante (KATO, 1990 [1985], pp.40-41) Essa interação entre informação visual e informação não visual no processamento da leitura tem seu respaldo na fisiologia do cérebro humano. O cérebro não é capaz de processar toda a informação visual alcançada pelos olhos, o que tomaria muito tempo. O processamento da leitura se dá de maneira complexa porque exige do leitor a manutenção de um grande número de palavras em sua memória antes de poder fechar uma unidade significativa. Por isso, ele precisa prever parte da informação a ser processada e saltar trechos que não necessitam da intermediação da visão, gastando, assim menos tempo. O tempo gasto pelo cérebro para interpretar um estímulo é proporcional às possibilidades de alternativas possíveis, entre as quais o cérebro deve decidir. Por meio do uso da informação não visual, o cérebro reduz o número de alternativas possíveis para a compreensão e, assim, ganha tempo e acelera a leitura (FULGÊNCIO e LIBERATO, 2003 [1992]). Uma primeira identificação da informação visual se dá na memória de curto termo (também chamada de memória de curto prazo ou memória de trabalho), que, por ter uma capacidade de tempo e espaço reduzida, armazena a informação até que seja construído um significado para ela. Construído o significado, ele é enviado para a memória de longo termo (também chamada de memória de longo prazo, memória semântica ou profunda), onde ficará armazenado. O leitor retém apenas o conteúdo semântico da informação, abandonando a forma literal apresentada pelo texto. Os esquemas cognitivos, anteriormente citados, estariam, então, armazenados nessa memória de longo prazo, podendo modificar-se conforme recebem novas informações capazes de aumentá-los ou mesmo de alterá-los (KATO, 1990 [1985]; FULGÊNCIO e LIBERATO, 1996, 2003 [1992]). A memória de trabalho é de extrema relevância do ponto de vista funcional, exercendo uma função fundamental nas mais diversas atividades cognitivas executadas 55 pelos seres humanos. Na compreensão em leitura, ela desempenha papel fundamental, pois permite a interação entre as informações novas e velhas, possibilitando a geração de significados. A memória de trabalho poderia ser definida, então, como (...) uma memória de múltiplos componentes, controlados por um executivo central, cujas funções estão voltadas para (a) o controle do fluxo de informação na nossa MT; (b) o acesso à informação armazenada na nossa memória de longo prazo; (c) o armazenamento e processamento da informação que recebemos auditiva e visualmente (BUCHWEITZ, 2008, p.74). Dessa forma, torna-se essencial o entendimento de que a memória de trabalho tem uma capacidade limitada, que é distribuída entre as funções citadas acima. Como estratégia cognitiva para uma melhor utilização dela, a mente humana lança mão do que se chama fatiamento ou segmentação – em inglês, chunking (MILLER, 1956), por meio do qual as partes se agrupam em unidades significativas, constituindo um único item a ser armazenado, sendo mais facilmente retidas. Para Miller (1956), a capacidade de armazenamento da informação na memória de curto prazo seria de sete itens, mais dois ou menos dois. Entretanto, essa limitação seria superada pela capacidade da mente em agrupar os itens em unidades significativas maiores. É necessário, pois, que o leitor sempre forme um conjunto significativo antes que a capacidade da memória de curto prazo se esgote. Quanto mais eficiente o leitor, melhor se desenvolverá esse processo de fatiamento e maior será o material captado em cada fatia. Ademais, quanto mais consolidada estiver a informação na memória de trabalho, maior a qualidade com que ela será transferida para a memória de longo prazo (KATO, 1990 [1985]; FULGÊNCIO e LIBERATO, 1996, 2003 [1992]; KLEIMAN, 2001 [1992], 2010 [1989]; TORRES, 2008). Em termos de unidades linguísticas, o fatiamento se dá por meio do conhecimento gramatical sobre as regras da língua. O leitor busca, em sua memória de longo prazo, essas regras e por meio delas agrupa, na memória de trabalho, a informação visual recebida pelos olhos, criando unidades significativas cada vez maiores, a partir da identificação de categorias e de funções e, assim, ampliando o material a ser armazenado e aumentando a velocidade do processamento da informação (FULGÊNCIO e LIBERATO, 2003 [1992]; KLEIMAN, 2001 [1992], 2010 [1989]). Para montar as fatias, é preciso que o cérebro veja sentido no material percebido; não basta captar muito material, se o cérebro não vê a relação entre as suas partes, e portanto não pode agrupar os elementos em fatias maiores. Além disso, para que a leitura possa prosseguir, é 56 necessário que entre continuamente na MCT mais material. É então preciso “limpar” a MCT, se não a sua capacidade se esgota em pouco tempo. Por isso, o material guardado na MCT deve ser interpretado tão rapidamente quanto possível, para que o significado montado possa ser enviado para a memória de longo termo (FULGÊNCIO e LIBERATO, 2003 [1992], p.26) Portanto, é preciso que o processo de leitura seja também seletivo, uma vez que o cérebro humano é incapaz de receber toda a informação que o texto lhe oferece. Com relação à nossa capacidade de percepção, é interessante lembrar que se trata de um fenômeno individual, uma vez que nós não percebemos tudo o que vemos e, consequentemente, cada pessoa tem uma percepção única de um mesmo objeto (KLEIMAN, 2001 [1992]). E que nós só somos capazes de gerar significado se existe algum conhecimento prévio sobre a informação que estamos recebendo. Assim, podemos entender o papel essencial da inferenciação neste processo, como será visto mais à frente, sendo seu resultado também pessoal, subjetivo, uma vez que depende dos conhecimentos prévios de cada leitor e do que ele seleciona do texto lido. Com relação a isso, a questão está justamente na capacidade do leitor em fazer essa seleção de forma a não se prender às pequenas partes, perdendo a noção do todo, nem ignorar informações importantes para a compreensão do texto: “a leitura deve ser, portanto, relativamente rápida. Mas não indiscriminada” (FULGÊNCIO e LIBERATO, 2003 [1992], p.26). Dessa forma, as atividades escolares de leitura deveriam priorizar o desenvolvimento dessas habilidades nos estudantes, de forma a precisar mais um processo que eles naturalmente desenvolvem ao aprenderem a ler. Além da existência da memória de longo prazo e da memória de curto prazo, Chafe (1974) propõe a existência de um estado intermediário da memória humana, ao qual ele dá o nome de consciousness, ou estado de consciência, também chamado de memória rasa ou memória de médio prazo (KATO, 1990 [1985]). O estado de consciência pode ser definido como uma parte temporária da memória, na qual se focalizam as partes do conhecimento geral do leitor necessárias para o entendimento de novas informações. Nele se daria o reconhecimento do que já foi introduzido na memória pela interação entre leitor e texto e que manteria, dentro do texto, o status de informação velha. No estado de consciência, a informação dada (velha) é focalizada e a informação nova é introduzida, de modo que interajam para a geração de novos significados por parte do leitor. 57 Portanto, para o entendimento de um texto, torna-se necessário que o leitor tenha em sua memória de longo prazo informações dadas suficientes para serem ativadas no estado de consciência, de modo que se possa haver um bom aproveitamento do que surge como informação nova. Nesse sentido, chamamos a atenção para o papel fundamental desempenhado pelo conhecimento prévio do leitor no desenvolvimento de sua leitura, e para a inferência como resultado dessa interação entre a informação nova e o conhecimento prévio. Cabe lembrar, então, que o desequilíbrio entre os dois tipos de informação torna a leitura improdutiva, não acrescentando nada novo ao leitor, seja pela falta de informações novas no texto a serem aprendidas, seja pela falta de informação velha em sua memória de longo prazo. Sob essa perspectiva, então, entendemos que atividades escolares de leitura deveriam lançar mão dessas noções, atuando na memória rasa do aluno-leitor, de maneira a ativar seus conhecimentos prévios e permitir a integração desses conhecimentos aos novos que o texto apresenta, trabalhando, essencialmente, o processamento do texto em dois inputs. Torna-se interessante também verificar em que medida os livros didáticos partem desse pressuposto para formularem suas atividades de leitura, uma vez que Qualquer que seja o modelo processual proposto, ele deverá reconhecer a relação de mão dupla entre a pessoa que cogniza e o universo à sua volta, num fluxo contínuo de informação em ambos os sentidos, e não supor que o ser humano apenas recebe passivamente as informações, sem atuar sobre a construção do significado (GERHARDT, 2010, p.256). É por isso que Kleiman (2010 [1989]) entende a compreensão de texto como um processo que se define essencialmente pela utilização do conhecimento prévio: “é mediante a interação de diversos níveis de conhecimento, como o conhecimento linguístico, o textual, o conhecimento de mundo, que o leitor consegue construir o sentido do texto” (KLEIMAN, 2010 [1989], p.13). A autora entende a utilização do conhecimento prévio como tão fundamental que chega a afirmar: “sem o engajamento do conhecimento prévio do leitor não haverá compreensão” (KLEIMAN, 2010 [1989], p.13). Como conhecimento prévio, entende-se aqui o “conjunto de saberes que a pessoa traz como contribuição à sua própria leitura, e que toma parte no movimento descendente de fluxo informativo” (GERHARDT, ALBUQUERQUE e SILVA, 2009), ou seja toda a informação que o leitor tem armazenada em sua memória de longo prazo 58 e que é ativada, no estado de consciência, no momento da leitura. Ele abarca uma série de tipos de conhecimento, que se encontram em constante interação: “quando há problemas no processamento em um nível, outros tipos de conhecimento podem ajudar a desfazer a ambiguidade ou obscuridade, num processo de engajamento da memória e do conhecimento do leitor que é, essencialmente, interativo e compensatório” (KLEIMAN, 2010 [1989], p.16). Dentre esses diversos tipos de conhecimento, podemos citar o conhecimento linguístico, o conhecimento textual e o conhecimento de mundo – ou enciclopédico (KLEIMAN, 2010 [1989]). Esses conhecimentos se unem e se organizam em esquemas cognitivos, como já dito anteriormente. Durante a leitura, esses esquemas, que são prototipicamente definidos, são ativados. As variáveis possíveis são preenchidas de forma que se relacionem as informações recebidas aos esquemas, passando a constituir, assim, uma representação mental no estado de consciência. Consecutivamente, as informações construídas passam a constituir-se como velhas, o que possibilita a integração com novas informações, formando uma sucessão de integrações para a geração da compreensão do texto. Nesse sentido, Kato (1990 [1985], p.82) salienta o fato de que a vantagem de conceber a noção de esquema como estruturadora do conhecimento prévio é que se passa a constituir uma “teoria do conhecimento que engloba uma teoria prototípica do significado e ser, ao mesmo tempo, uma teoria de procedimento, cuja função é reconhecer a sua adequação aos dados que estão sendo processados”. Dessa forma, novamente retoma-se a ideia de que a leitura se dá processualmente, não existindo produtos acabados em si nem para a compreensão de um texto, nem para a própria estruturação do conhecimento humano. Não podemos esquecer que, durante a leitura, os esquemas também são ativados por meio de processamento interativo – bottom-up e top-down -, ou seja, atuam do todo para as partes (esquemas em direção a subesquemas), por adivinhação, e das partes para o todo (dos subesquemas para os esquemas), por confirmação, refinamento e revisão. Dentro da Linguística Cognitiva, podemos indicar que, bem como já havia sido salientado por Kato (1990 [1985]), esses esquemas estão organizados em saberes acumulados e se relacionam e se manifestam na interação por meio de saberes processuais, que permitem a utilização desses saberes para a formação de outros (GERHARDT, 2006a; 2010). Dessa forma, permite-se a organização de todo 59 significado presente na memória de longo prazo, bem como a conceptualização de novas informações, que vão se integrar aos saberes estocados, como já dito, podendo somar-se a eles ou mesmo modificá-los. Num ato de leitura, portanto, o leitor integra a informação recebida do texto aos seus saberes acumulados, por meio de processos cognitivos que compõem o nosso acervo de saberes processuais. Os saberes acumulados se distribuem em dois tipos diferentes de domínios: os estáveis e os locais. Esses saberes, ao mesmo tempo em que possuem uma natureza estável, por serem construídos e partilhados dentro de uma determinada história sociocultural, também possuem uma natureza dinâmica, por se estruturarem a partir das experiências pessoais, podendo ser transformados à medida que vivemos novas experiências. Eles se dividem em domínios estáveis, constituídos pelos modelos cognitivos idealizados (MCI), por esquemas imagéticos, pelas molduras comunicativas e pela própria língua; e em domínios locais, constituídos pelos espaços mentais (GERHARDT, 2006a). Nesse sentido, podemos lembrar que: O aspecto semiológico das categorias linguísticas decorre do acoplamento entre essas categorias e determinadas estruturas de conhecimento que se organizam na forma de domínios cognitivos idealizados subjetivamente e partilhados intersubjetivamente pelos membros de um grupo social. Esses domínios se organizam como estruturas significativas principalmente a partir de nossos movimentos corporais no espaço, nossas manipulações de objetos e nossas interações psicológicas, físicas e sociais (JOHNSON, 1987) e funcionam como padrões recorrentes, estrategicamente regulando as atividades de ordenação das experiências (DUQUE e COSTA, a sair) Na busca de entender como esses saberes acumulados atuam na compreensão do discurso, Duque e Costa (a sair) agregam o conceito de Padrão Discursivo. Segundo eles, “os padrões discursivos constituem uma ferramenta adicional na compreensão e uso de textos” (DUQUE e COSTA, a sair) e são: entidades abstratas resultantes do pareamento de formas e significados. No caso do Padrão Discursivo, o polo da forma estaria associado às relações internas, e o polo do sentido, às relações externas que um discurso exibe em relação aos contextos sociais e comunicativos (DUQUE e COSTA, a sair). Assim, toda compreensão do discurso dependeria da ativação de saberes acumulados do leitor em interação com o texto, especialmente, os frames e os esquemas imagéticos, entendendo que “o domínio do significado não é estático. Ele vai sendo ampliado por novas experiências e vai sendo (re)configurado” (DUQUE e COSTA, a 60 sair). Assim, os autores incluem a compreensão do discurso no campo das experiências humanas, sendo, portanto, construída por meio da interação entre os esquemas cognitivos dos indivíduos e as relações que esses indivíduos mantêm com os ambientes. Essas informações tornam-se, então, essenciais para a análise dos padrões subjacentes à construção dos textos, que, como veremos no capítulo IV, devem ser acionados em toda atividade de leitura. Os esquemas imagéticos atuam justamente organizando essas relações, operando fora da percepção consciente. Eles derivam de nossas experiências sensório-motoras e são a manifestação mais básica da hipótese da mente corporificada. A partir de nossa experienciação física do mundo, mediada pelo nosso corpo, desenvolvemos tais esquemas que se baseiam em aspectos perceptuais, como o deslocamento, o equilíbrio, a forma, a contenção, etc. Assim, constituem-se alguns esquemas imagéticos básicos, tais como contêiner, parte/todo, centro/periferia, ligação, escalaridade e origem-caminhometa (JOHNSON, 1987). Enquanto os esquemas imagéticos derivam de nossa relação biológica e experiencial com o mundo, os frames derivam de nossa experiência sociocultural, correspondendo a estruturas cognitivas mais complexas, porém sendo estruturados pelos esquemas imagéticos. Frames funcionam como categorias mais amplas, que englobam cenários, modelos cognitivos idealizados, roteiros, planos, papéis etc. e se estruturam com base na ordenação e na estereotipação de situações vivenciadas individualmente, mas imersas em uma determinada cultura. Funcionam como geradores de expectativas, uma vez que esperamos que o padrão sempre seja reproduzido (MINSKY, 1974). Segundo Dell’isola (2001), nosso conhecimento é, então, “composto por frames que se ajustam em um arranjo combinatório definido”. Entretanto, apenas a ativação desses saberes acumulados não basta para a compreensão do discurso. É preciso que eles se articulem aos saberes que a leitura traz para o leitor. Para isso, o leitor deve se utilizar de seus saberes processuais, que se constituem dos mecanismos de projeção inter e intradominial. São eles a metonímia, a metáfora, a mesclagem, o reenquadre, a contrafactualidade, a correlação, a refocalização e a referenciação (GERHARDT, 2006). Para este trabalho, focamos apenas na mesclagem (ou integração conceptual), por entendermos que é o processo cognitivo que, por excelência permite a construção interativa do significado por meio de elementos já existentes na memória profunda. Na memória de trabalho, e mais 61 especificamente no estado de consciência, ocorrem, então, os processos de integração conceptual entre diferentes domínios, permitindo a formação de novos significados, que por sua vez passam a estocar-se também na memória de longo prazo. A essência dessa processualidade estaria, sob a ótica da Linguística Cognitiva, na noção de mesclagem (ou integração conceptual) (FAUCONNIER e TURNER, 2002). A mesclagem pode ser entendida como um processo cognitivo que, por excelência, permite a construção interativa do significado por meio de elementos já existentes. Podemos postular que, ao longo de uma atividade de leitura, ocorrem processos de integração conceptual entre elementos de diferentes domínios, no decorrer da interação texto-leitor, permitindo a formação de novos significados. Gerhardt (2010) define os processos de formação de conceitos, e, consequentemente, de aprendizagem como frutos da capacidade humana de juntar duas coisas para formar uma terceira por meio do processo cognitivo de integração conceptual, uma vez que, para o Homo sapiens, essa seria a operação cognitiva global. A autora define da seguinte maneira como se dá o aprendizado de um conceito na Escola (o que valeria também para a construção da significação da leitura de um texto em sala de aula): Os participantes do processo de construção de significados proporcionado pela mesclagem conceptual - no nosso caso, conceitosbase para a formação de outros novos conceitos na escola - estão em diferentes domínios de experiência: no input I, o domínio dos conhecimentos do aluno; no input II, o domínio dos conhecimentos da escola. Os domínios input encontram-se numa situação de fluxo, de troca; para usar a terminologia clássica do processamento interativo, trata-se dos movimentos top-down e bottom-up, respectivamente. Isso nos permite dizer que o modelo interativo proposto por Rumelhart & McClelland (1982) faz parte de um universo processual mais amplo, de integração conceptual. Assim, podemos associar o processamento da leitura sob a visão da Psicolinguística a esse importante processo cognitivo, definido como um processo de projeção interdominial, do qual participam dois ou mais domínios, que funcionam como inputs para que assim, por meio da projeção seletiva, obtenha-se um terceiro espaço – o espaço-mescla. O espaço-mescla herda estruturas parciais dos inputs, mas tem uma estrutura própria, não sendo simplesmente a soma das partes. Tal processo seria, segundo Fauconnier e Turner (2002), a base do raciocínio humano. Dessa forma, é possível se estabelecer uma relação clara entre as duas teorias com as quais estamos trabalhando, uma vez que, se a Psicolinguística enxerga o ato de 62 leitura como resultado da interação entre conhecimento prévio e informação nova, dentro de uma ótica derivada da Linguística Cognitiva, a leitura passa a ser vista, então, como um ato de sucessivas integrações conceptuais entre o conhecimento prévio (organizado em saberes estáveis e ativado na interação com o texto por meio dos espaços mentais) e a informação nova recebida do texto (que também se organiza em espaços mentais). Assim, o resultado dessa interação se encontra nos sucessivos espaços mescla que vão se formando para a construção da significação do todo que é conceptualizado: Com base na proposta do processamento interativo, uma das definições interessantes, aplicada à cognição em geral, é, entre outros achados, o fato de que qualquer nova informação só é formulada pela mente depois que esta o avalia, analisa e relaciona aos saberes já adquiridos, o que é um processo de estruturação - especificamente, de integração conceptual (Fauconnier & Turner, 2002, principalmente), uma capacidade inata ao Homo sapiens (GERHARDT, 2010, p. 257). Estaria, portanto, selada a relação que vem sendo construída ao longo deste texto entre a visão da Psicolinguística e a visão da Linguística Cognitiva para o processamento da leitura. Além disso, assinalamos que, em ambas as visões, se formula um papel fundamental para o conhecimento prévio (organizado em saberes acumulados e processuais) na compreensão da linguagem e, aqui especificamente, do texto escrito, equivalente à informação nova oferecida, o que desconstrói a percepção de leitura como somente a captura de informações do texto. Porém, não se extingue o valor da informação visual apresentada pelo texto para a construção de um macrossignificado para sua leitura: A fronteira entre a micro e a macroestrutura é definida, dessa maneira, pela distinção entre proposições realizadas no texto e aquelas (macroproposições) geradas na produção de um novo texto pelo leitor. As proposições encontradas na produção de um novo texto são geradas de acordo com um direcionamento parcial dado pela microestrutura (...) e, evidentemente, dos detalhes ou inferências acrescentados pelos próprios leitores (BUCHWEITZ, 2008, p. 76). Para que a leitura seja de qualidade, é preciso, então, que as partes relevantes de todos esses tipos de conhecimento estejam plenamente ativadas no estado de consciência do leitor, para que ele possa estabelecer a sua compreensão do texto lido. Além do fato de que o que está explícito no texto ativa esse conhecimento, também podem se apresentar referentes que sejam do domínio do escritor e do leitor, ativáveis por conta da memória rasa, mas que não constituam informação velha no texto, sendo 63 igualmente fundamentais para a progressão da leitura. Porém, se tais informações, que não foram explicitadas no texto, não forem compartilhadas por um mesmo universo sociocultural entre leitor e autor, podem se gerar problemas na leitura, uma vez que, neste caso, o conhecimento prévio que o leitor tem e busca combinar com o texto vai direcioná-lo a realizar leituras não autorizadas (KATO, 1990 [1985]). Com relação a isso, Gerhardt (2010) chama a atenção para o fato de que, uma vez que o aprendizado envolve dois domínios de realidade distintos (o do conhecimento da pessoa e o domínio contextual), a forma de integração conceptual por meio da qual ele se daria seria a que Fauconnier e Turner (2002) chamam de integração de duplo escopo. Dessa forma, dentro de uma visão escolar de aprendizagem, existiria o espaço da realidade do aluno e o espaço da realidade da escola, que se mesclariam na mente do aluno para a formação de novos conceitos, gerados na estrutura emergente fruto dessa mescla: O modelo do double-scope blending dá conta da natureza descontínua do aprendizado como processo cognitivo porque mostra como é possível à pessoa lidar com elementos de diferentes domínios de realidade para criar novos conteúdos. Esse fator alia-se à propriedade de a projeção interdominial ser seletiva (GERHARDT, 2010, p.259). De igual maneira, pode-se apontar que a leitura (e aqui, especifico a leitura na Escola) ocorre mediante a mesclagem entre o espaço da realidade do aluno e o espaço das informações trazidas pelo texto. Dessa forma, como já salientavam os estudos em Psicolinguística, o leitor gera uma nova leitura – fruto dessa inte(g)ração -, ao mesmo tempo em que nem todas as informações constantes no texto são percebidas/conceptualizadas, uma vez que uma das propriedades básicas da projeção interdominial está no fato de, como já dito, ser seletiva. Tal noção corrobora o velho clichê de que todo ato de leitura é individual, uma vez que é fruto de projeções seletivas únicas. A inferenciação, que é o foco deste trabalho, torna-se uma evidência desses fenômenos, e também da leitura como um processo on line, realizado em condições singulares, sendo seu resultado, a inferência, também único e novo para cada leitor. Assim, a pessoa, no ato de aprender, ao abstrair do conceito apenas o que lhe interessa naquele momento, comprimiria (termo de Fauconnier & Turner, 2008) as estruturas conceptuais dos inputs, redimensionando os conceitos-base para um tamanho compatível com as necessidades cognitivas do momento, para, na construção do espaço emergente, locus do novo conceito por ela elaborado, compor um arranjo entre os elementos dos inputs que lhe interessa selecionar e os elementos inerentes ao espaço emergente. Faz isso para criar novos 64 saberes que são construídos por ela e apenas por ela, o que torna o instante do aprendizado um momento único, inalienável e intransferível (GERHARDT, 2010, p.259). Portanto, torna-se de fundamental importância um trabalho na Escola que leve em consideração a leitura como um processo, e como um processo que se dá na mente do leitor, pela inte(g)ração de dois domínios de experiência diferentes e pela seleção de elementos específicos de cada um desses domínios para a efetivação da mesclagem. Torna-se necessária a compreensão de que qualquer ato de leitura depende tanto do leitor quanto do texto que é lido. Entendido o processamento da leitura sob essa ótica, podemos pensar melhor em como a Escola pode atuar nesse sentido, desenvolvendo plenamente as capacidades cognitivas do aluno-leitor em interação com o texto escrito, e não só com o texto escrito, mas com o mundo que o rodeia, uma vez que este também é compreendido e interpretado em sua mente, por meio dos mesmos processos descritos para a compreensão da leitura. Partindo desses pressupostos, adentramos, no próximo capítulo, no tema específico da inferenciação em leitura, buscando o entendimento desse processo que permeia todo o ato da leitura, permitindo a inte(g)ração entre o que o leitor já traz consigo para e o que o texto lhe apresenta de informação nova. Assim, no próximo capítulo, pretendemos especificar nossa discussão nos processos inferenciais que formam parte da leitura entendida como processo cognitivo e explicada neste capítulo de maneira mais ampla. 65 CAPÍTULO III: POR UMA VISÃO COGNITIVISTA DA INFERENCIAÇÃO (...) a nossa compreensão não só de textos, mas da realidade como um todo, está condicionada à nossa experiência anterior (FULGÊNCIO e LIBERATO, 2003 [1992], p.86). 3.1. Um breve percurso dos estudos em inferência Ao que tudo indica, os estudos voltados para o processo de geração de inferências se iniciam com Aristóteles, na Grécia Antiga. Segundo Chauí (2000), ao entender a lógica como instrumento para as ciências, o filósofo criou uma teoria do raciocínio como resultado de processos inferenciais. A inferência, em sua visão, seria o resultado de um processo de raciocínio lógico, por meio do qual se gera uma conclusão a partir de uma ou mais proposições encadeadas – o que ele chama de silogismo. Enunciada linguisticamente e revelando um processo lógico mental, a inferência, sob essa visão, acaba por ser o resultado de juízos do indivíduo sobre o que ouve (ou o que lê). Dessa forma, a inferência silogística seria o resultado lógico de um processo dedutivo, correspondendo a um movimento de pensamento linguisticamente expresso que parte de duas ou mais premissas (afirmações verdadeiras) para chegar a uma conclusão (CHAUÍ, 2000). Portanto, a teoria do raciocínio como inferência, para Aristóteles, significa que só podemos conhecer algo, ou seja, gerar conclusões, por meio ou pela mediação de outras coisas, já conhecidas por nós, e tidas como verdadeiras, de maneira articulada. Vários foram os debates que permearam a história da filosofia ocidental acerca da natureza do pensamento humano. No que diz respeito ao raciocínio inferencial, o principal deles talvez seja derivado do “problema da indução” desenvolvido por David Hume. Segundo Hume (2009), o homem só é capaz de pensar algo sobre o mundo com base em sua própria experiência. Sem a ação experiencial, por mais racional que fosse, o homem seria incapaz de dizer, pensar ou mesmo prever qualquer ideia sobre o mundo no qual está inserido. Assim, o filósofo coloca o foco sobre a necessidade do raciocínio indutivo, apontando para o fato de que, para a razão humana, o passado é um guia fundamental de formulações de conclusões sobre o futuro. Hume (2009) utilizou essa ideia para fundamentar suas críticas ao método científico, uma vez que nada poderia comprovar que algo que sempre ocorreu continuará sempre ocorrendo – o que é a base do método científico, uma vez que, 66 partindo de pequenas observações, o cientista é capaz de chegar a generalizações sobre um determinado fenômeno. Por outro lado, ele acreditava ser esse um tipo de pensamento superior, sendo fundamental para a subsistência humana, uma vez que a capacidade de inferir iguais efeitos de causas iguais nos tornaria capazes de prever possíveis consequências e, consequentemente, evitarmos possíveis ameaças. Tal crítica foi rebatida posteriormente por uma série de filósofos, dentre eles, e principalmente, Kant. Porém, entrar a fundo nesta discussão não é o foco deste trabalho. Cabe aqui apenas a observação de que o tema da inferência como resultado de processos de associação entre conhecimentos diversos já forma parte da ciência ocidental há milhares de anos. Essa visão de inferência, em interface com a Matemática e a Lógica, se mantém e inspira diversos estudos até hoje. Obviamente, em tempos anteriores, Aristóteles, Hume, Kant e todos que buscaram investigar o fenômeno não tinham informações – e não poderia ser diferente – sobre os processos cognitivos desenvolvidos na mente humana. Entretanto, é interessante observar que, ainda em tempos clássicos, já existia a noção de que só é possível conhecer, aprender algo, por meio de algo que já se conhece e que pode mediar esse processo. Tal ideia é retomada contemporaneamente pelos estudos em cognição, que passam a conceber a mente humana como elaboradora e padronizadora de universos de experiência em interação com o ambiente externo, o que se torna um pré-requisito essencial para o desenvolvimento da inteligência e a aquisição de novos conhecimentos a partir de outros existentes (GERHARDT, 2006b). No que se refere especificamente aos estudos contemporâneos sobre a inferência em leitura, durante muito tempo, a inferência esteve diretamente relacionada a tudo que não estava explícito em um determinado texto, fosse ele escrito ou oral, sendo definida como “uma asserção sobre o desconhecido, feita na base do conhecimento” (HAYAKAWA, 1963), como uma “informação semântica não explicitamente estabelecida no texto” (BRIDGE, 1977, apud DELL’ISOLA, 2001, p.42) ou como “aquelas informações que o leitor adiciona ao texto” (COSCARELLI, 2002, p.1). Outros autores também mantiveram essa visão sobre o processo inferencial, entendendo-o como a manifestação de tudo que não está no nível literal do texto, estando nele implícito (MORROW, 1990; MCKONN e RATCLIFF, 1992, entre outros). Assim, a inferência, durante muito tempo, esteve essencialmente vinculada ao 67 texto, sendo papel exclusivo do leitor perceber essas informações que não estariam em um nível explícito da informação, mas derivariam quase exclusivamente dessa leitura literal, uma vez que as informações inferidas estariam implicitamente nele apresentadas. Atualmente, o estudo sobre as inferências, especialmente sobre as inferências geradas ao longo de um processo de leitura, parece encontrar-se sob o foco de duas grandes áreas: a Linguística Textual e a Psicolinguística. Além disso, o termo inferência já se apresenta na fala cotidiana, em meios acadêmicos e escolares, permeando estudos em diversas teorias linguísticas – mas não apenas – e estudos aplicados. Porém, muitas vezes ainda acaba sendo confundida com outros tipos de implícitos. Em manuais de ensino de Língua Portuguesa e mesmo em alguns manuais de Linguística, o termo inferência aparece juntamente a noções como sinonímia, paráfrase, acarretamento, pressuposição, ambiguidade, polissemia etc., fatos esses que têm naturezas diversas e se relacionam a diferentes níveis de trabalho cognitivo do indivíduo em relação às suas habilidades linguísticas. Apesar de Coscarelli (2002) ainda manter uma vasta classificação de inferência, considerando como tal diversos processos cognitivos, concordamos com a autora quando ela afirma que: A noção de inferência tem sido usada para descrever operações cognitivas que vão desde a identificação do referente de elementos anafóricos e exofóricos até a construção da organização temática do texto. Essa excessiva abrangência do conceito de inferência é problemática para a caracterização desse fenômeno, pois reúne sob o mesmo título operações muito diversas, trazendo assim dificuldades para o estudo dele (COSCARELLI, 2002, p.2). Acreditamos que, assim como cita a autora, essa aparente polissemia do termo inferência, na verdade, representa uma falta de precisão teórica sobre o tema. Muitas são as visões de inferência encontradas, e nem sempre elas coincidem entre si, sendo por vezes contraditórias. Neste trabalho, buscamos algumas definições de inferência, com o objetivo de encontrar a que melhor se encaixa com os pressupostos deste trabalho e da visão de leitura explicitada anteriormente, a saber, como processamento interativo da informação, no qual leitor e texto atuam ativamente na construção de significados, que acontece de forma on line e real time, por meio de projeções seletivas e integrações conceptuais. 3.2. Visões sobre a inferência: algumas considerações 68 Kintsch e Van Dijk (1983), iniciando os estudos em inferência sob uma visão discursiva da linguagem, e Crothers (1979), também iniciando a constituição de uma concepção psicolinguística da inferência, coincidem ao definir a inferenciação como um processo de preenchimento de lacunas em um texto. Apesar dessa ser a visão inicial instituída por esses estudos, ainda hoje é a que se mantém predominante em manuais escolares e em diversos estudos sobre o processo de geração de inferências em uma atividade de leitura de textos escritos. Assim, constrói-se uma visão de inferência entendida apenas como uma estratégia de leitura desenvolvida no sentido de preencher lacunas deixadas pelo texto. Como explica Dell’isolla (2001), para esses autores, o nível básico do texto (neste trabalho, chamado de linear ou literal) pode apresentar proposições que não se interrelacionam, o que impediria a construção de uma coerência para o texto. As inferências, então, atuariam preenchendo os espaços deixados entre essas proposições, dando coerência ao texto. Dessa forma, seria possível dizer que as informações literais são entendidas em um primeiro nível de compreensão e a inferência seria então uma estratégia cognitiva do leitor para estabelecer a relação entre elas. A geração de inferências seria entendida, então, como um procedimento acidental durante o ato de leitura, negando-se, assim, a visão aqui defendida de que se trata de um construto cognitivo básico e constitutivo da leitura como processo. Sob essa visão, o leitor geraria inferências de forma apenas a entender o que está escrito quando as informações do texto lido não fossem suficientes. Acreditar-se-ia, assim, que em algum momento seria possível entender o texto tal e como ele se nos apresenta, o que já foi negado pelos estudos em cognição e leitura, como explicado no capítulo anterior. Portanto, a noção de lacuna a ser preenchida ainda não contempla uma visão plenamente interativa da leitura e do processamento da informação, uma vez que o foco ainda se encontra no texto, sendo tarefa essencial do leitor entendê-lo. Ainda não se nota uma visão na qual leitor e texto atuam em igualdade de condições na construção de significados. Apresenta-se, dessa maneira, uma visão da inferência com foco no processamento ascendente (bottom-up) da informação. Ainda que haja uma intenção em tratar a relação entre leitor e texto de maneira interativa, e que se consiga fazê-lo em parte, isso não se concretiza plenamente, uma vez que se tratam as inferências como geradas a partir da articulação das partes do texto, partindo desse em direção ao leitor. 69 Ainda que alguma noção da importância do leitor e de suas experiências e conhecimentos possa ser inferida dessa concepção sobre o processo, ele ainda não aparece como essencial no processo de construção de significados. O texto como processo, como sendo construído na interação com o leitor, ainda não existe, cabendo a ele, apenas buscar em seus conhecimentos complementos para que ele possa entender o que o texto lhe apresenta. Hoje, estudos em Linguística Textual passam a considerar como fundamentais para a construção da coerência de um texto não apenas os elementos linguísticos, mas também o conhecimento de mundo do leitor e o tipo do texto. Entretanto, “se o conhecimento de mundo é importante, não menos importante é que esse conhecimento seja partilhado pelo produtor e receptor do texto” (KOCH e TRAVAGLIA, 2011 [1990], p.15). Segundo Koch e Travaglia (2011 [1990]), sem a existência desse conhecimento compartilhado, o leitor (receptor, em suas palavras) não consegue construir o sentido do texto, pois “não poderá estabelecer as relações não explícitas entre os elementos do texto através de inferências” (KOCH e TRAVAGLIA, 2011 [1990], p.15). Assim, ainda que se defenda a existência de um processamento interativo da leitura e se dê alguma importância ao conhecimento prévio do leitor, mais uma vez notamos que o leitor como produtor de significados em interação com o texto não existe. O que se vê é uma visão ascendente de leitura, cabendo ao leitor apenas buscar em seu conhecimento prévio as informações necessárias para estabelecer relações entre as informações apresentadas no texto. Isso se confirma, principalmente, se observarmos que a autora chama o leitor de receptor, ou seja, aquele que recebe a informação trazida pelo texto, enviada por seu produtor – o autor do texto. Nesse sentido, ele deve atuar procurando “reconstruir os propósitos do falante ao estruturá-lo [o texto], isto é, descobrir o “para quê” do texto” (KOCH, 2011 [1997], p.18). A inferência, dentro dessa linha teórica, passa a ser entendida, então, como uma: Operação mental pela qual, utilizando seu conhecimento de mundo, o receptor (leitor/ouvinte) de um texto estabelece uma relação não explícita entre dois elementos (normalmente frases ou trechos) deste texto que ele busca compreender e interpretar ou, então, entre segmentos de texto e os conhecimentos necessários para a sua compreensão (KOCH e TRAVAGLIA, 2011 [1990], p.79). Nessa definição, fica bem clara a concepção de interação com a qual a autora está trabalhando, e como isso se revela em seu entendimento do que seria o processo de 70 geração de inferências. Como afirmado anteriormente, ao leitor cabe compreender o que o autor pôs como informação. Para isso, deve buscar em seu conhecimento de mundo saberes que o permitam alcançar essa compreensão. A inferência seria, então, apenas uma estratégia por meio da qual o leitor poderia preencher os espaços deixados pelas informações explícitas, sendo possível o estabelecimento de relações entre elas. Portanto, essa visão não se diferencia muito da anteriormente apresentada, uma vez que a inferenciação continua sendo vista apenas como uma estratégia pontual de leitura, ocorrendo apenas quando seja necessária, ainda que seja quase sempre necessária, segundo a autora: “quase todos os textos que lemos ou ouvimos exigem que façamos uma série de inferências para podermos compreendê-los integralmente. Se assim não fosse, nossos textos teriam de ser excessivamente longos para poderem explicitar tudo o que queremos comunicar” (KOCH e TRAVAGLIA, 2011 [1990], p.79). Sob essa concepção, a inferência não é gerada porque o leitor traz consigo saberes que necessariamente serão integrados ao texto, mas sim se trata de uma operação necessária porque o produtor do texto não consegue transmitir tudo o que deseja em um nível explícito. Os próprios PCN parecem concordar com essa visão, no que diz respeito ao processo de geração de inferências, ao indicarem que o ensino de Língua Portuguesa deve, entre outras habilidades, levar o aluno a ser capaz de fazer: a articulação entre conhecimentos prévios e informações textuais, inclusive as que dependem de pressuposições e inferências (semânticas e pragmáticas) autorizadas pelo texto, para dar conta de ambiguidades, ironias e expressões figuradas, opiniões e valores implícitos, bem como das intenções do autor (BRASIL, 1998, p.56). Não podemos negar que essa visão sobre o processo de geração de inferências torna-se interessante no sentido de entender o texto escrito como algo que só se constrói por meio de uma co-autoria entre autor e leitor. Já se nota a valorização (ao menos o reconhecimento da existência) dos conhecimentos prévios trazidos pelo leitor. Entretanto, ainda não é possível abarcar elementos suficientes para entender o processo, uma vez que o foco se encontra apenas nos elementos em jogo nas relações entre os referentes encontrados no texto e não no entendimento do texto como um todo. Os PCN ignoram que a geração de inferências não tem como funções únicas as supracitadas. Muito mais do que permitir dar conta de questões pontuais quando se apresentarem lacunas no texto (dar conta de ambiguidades, ironias, expressões 71 figuradas, opiniões, valores implícitos e intenções do autor), as inferências realizadas ao longo de uma leitura devem possibilitar atribuir ao texto um sentido, sendo fundamentais para o desenvolvimento de uma leitura realmente interativa, na qual leitor e texto contribuem em igualdade de condições para a construção de significados, como se verá mais adiante. Em resumo, apenas é possível discutir a geração de inferências como um processo constitutivo da cognição humana se entendermos que o processamento da leitura se dá de maneira interativa e, de igual maneira, só é possível entender a leitura como verdadeiramente interativa se entendermos a geração de inferências como um processo básico de significação, por meio do qual é possível construir o significado, por meio da leitura, de maneira negociada entre leitor e texto. Torna-se, portanto, incoerente à existência de um processamento interativo da leitura, no qual o leitor se coloca de maneira agentiva no processo, a concepção de uma visão bottom-up sobre a geração de inferências, uma vez que, se se entende a geração de inferências como partindo da articulação entre as partes do texto, ignora-se o papel fundamental desempenhado pelo conhecimento prévio do leitor e seu importante papel nesse processo. Uma visão interativa sobre a geração de inferências deve concebê-las como partindo tanto do leitor como do texto em um processo constante de construção de significados. Além disso, cabe ressaltar que a leitura inferencial atua como requisito fundamental para o desenvolvimento de planos mais profundos e agentivos de leitura. Diversos trabalhos que não seguem necessariamente uma concepção cognitivista do processo também chegam a considerar a capacidade de geração de inferências por parte do leitor como um primeiro passo para uma leitura em que o leitor se coloque como ativo no processo de construção de significados (APPLEGATE et. al., 2002; CHIKALANGA, 1992; DELL’ISOLA, 1997; 2001; GERHARDT e VARGAS, 2010; FERREIRA e DIAS, 2004; MARCUSCHI, 1996; MENEGASSI, 1995; RODRIGUES, 2008). Porém, como pudemos notar na leitura dessa subseção, muitos deles ainda se prendem a uma visão de inferência como fenômeno acidental em um ato de leitura, como compreensão de informação implícita, ocorrendo apenas quando o leitor vê a necessidade de preencher espaços vazios deixados pelo texto, muitas vezes associado ao velho clichê da “leitura nas entrelinhas”. Essa visão de inferência acaba por embasar algumas confusões na definição do que seria essencialmente um processo inferencial e o que seriam processos de 72 reconhecimento de implícitos, como já foi dito anteriormente neste trabalho. A mais corrente confusão encontrada em diversos trabalhos se dá entre processos de inferenciação e alguns processos de referenciação, quando a referência não se encontra explicitamente dada no texto, mas se encontra na memória semântica do leitor, o que alguns autores chamam de “anáfora semântica”, ou “anáfora indireta”. Não pretendemos, aqui, aprofundarmo-nos excessivamente nessa discussão, porém acreditamos que a citação desse problema seja fundamental para a fundamentação da visão de inferência que estamos buscando construir neste trabalho. Diversos trabalhos em Linguística Cognitiva, especificamente os que se referem ao estudo dos espaços mentais, se dedicam melhor a este tema e são capazes de explicar a progressão dos referentes em um texto. Estes trabalhos deixam claro o entendimento de que esses processos de referenciação não podem ser confundidos com raciocínios inferenciais. Aqui, vamos nos deter em uma definição dada por Koch (2011 [1997]) para casos de “anáfora indireta”: A remissão se faz, frequentemente, não a referentes textualmente expressos, mas a "conteúdos de consciência", isto é, a referentes estocados na memória dos interlocutores, que, a partir de "pistas” encontradas na superfície textual, são (re)ativados, via inferenciação (...) As inferências constituem estratégias cognitivas extremamente poderosas,que permitem estabelecer a ponte entre o material linguístico presente na superfície textual e os conhecimentos prévios e/ou partilhado dos parceiros da comunicação. Isto é, é em grande parte através das inferências que se pode (re)construir os sentidos que o texto implícita (KOCH, 2011 [1997], p.28). Como a própria autora afirma trata-se de um processo de reconhecimento de “referentes estocados na memória dos interlocutores”. Logo, não há como negar que se trata de um processo de referenciação. A confusão se dá no entendimento do que são processos cognitivos ou estratégias cognitivas, como cita a autora. Do ponto de vista cognitivista, a inferenciação e a referenciação são dois processos cognitivos diferentes. Além disso, em leitura, a referenciação é a ativação, sempre, de elementos estocados na memória semântica do falante, sejam ele textualmente explícitos ou não, uma vez que a leitura é uma atividade cognitiva que depende de processos cognitivos diversos para ocorrer, entre eles, a ativação de elementos presentes na memória semântica, ou como afirma Koch, de “conteúdos de consciência”. 73 A autora explica que é possível “inferir, por exemplo, o todo a partir de uma ou de algumas partes; um conjunto a partir de um ou mais subconjuntos; enfim, conhecimentos que fazem parte de um mesmo frame ou script, a partir de um ou vários de seus elementos explícitos” (KOCH, 2011 [1997], p.41). Um exemplo dado é o seguinte: “Ao ser abordada pelo assaltante, a bolsa da jovem abriu-se, e seus pertences espalharam-se pela calçada. O lenço, o batom, o pente rolaram para o meio da rua”. Nota-se que os termos em itálico são ativados pelo frame “bolsa de mulher”, ativado pela expressão “bolsa da jovem”. Logo, para o entendimento desses referentes no texto, não é preciso construir novos conceitos. O leitor deve apenas buscar no frame presente em seu conhecimento prévio os referentes que nele possam estar enquadrados. Por isso, a inferenciação não pode ser confundida com uma estratégia cognitiva de referenciação, por que não está no plano da ativação, da “ponte entre o material linguístico presente na superfície textual e os conhecimentos prévios”. Sua função básica é justamente permitir a integração entre esses dois saberes – a informação nova presente no texto e a informação velha presente na memória semântica, para a construção de novos significados, novos conceitos, novos saberes, e não para “(re)construir os sentidos que o texto implícita”, como se verá mais adiante. Com relação a isso, Kintsch (1998, apud Ferreira e Dias, 2004) já apontava para o fato de não podermos confundir inferências com “processos de recuperação de conhecimento”: Para ele, é a memória de trabalho de longo prazo que faz a compreensão de discurso possível. No entanto, o autor afirma que o processo de tornar conteúdos da memória de longo prazo acessíveis através de estruturas de recuperação não pode ser chamado de inferência. Afinal, a ativação desses conteúdos, como já se discutiu, não garante a construção do novo e, por conseguinte, a modificação dessas mesmas estruturas, que podem ser alteradas quando da construção de novos significados possibilitados pelo encontro com o texto (FERREIRA e DIAS, 2004, p.444). É interessante observar que essa mesma visão de inferenciação como construção de novos saberes já se apresenta de maneira inicial em Koch (2011 [1997]), porém ela a apresenta no mesmo patamar do que estamos defendendo ser processos de referenciação, quando a autora afirma que exemplos prototípicos de estratégias cognitivas são: 74 as inferências, que como já dito permitem gerar informação nova a partir daquela dada, em certo contexto [e] constituem estratégias cognitivas por meio das quais o ouvinte ou leitor, partindo da informação veiculada pelo texto e levando em conta o contexto (em sentido amplo), constrói novas representações mentais e/ou estabelece uma ponte entre segmentos textuais, ou entre informação explícita e informação não explicitada no texto (KOCH, 2011 [1997], p.36). Assim, vemos que há um princípio de entendimento da inferenciação como processo cognitivo constitutivo da geração de novos saberes. Porém, além da confusão apresentada entre inferenciação e referenciação ao final da definição, também se nota que não existe uma noção completa de integração dos saberes, uma vez que a inferenciação deve, segundo a autora, partir do texto em direção ao leitor (visão bottomup) e nunca ao contrário, de ambos, interativamente. Consideramos, como já dito, que a geração de inferências é um processo cognitivo básico de significação, desenvolvendo-se naturalmente ao longo de qualquer leitura, uma vez que, quando se encontra diante de um texto escrito, o leitor, na busca de construir significados, procura pistas tanto linguisticamente expressas como em seu conhecimento prévio para alcançar seus objetivos. Por isso, encontramos na visão da Psicolinguística contemporânea, uma definição inicial de inferência como resultado de um processo cognitivo, desenvolvido pelo leitor em interação com o texto, na busca de construção conjunta de significados, de maneira negociada, seletiva e no curso do processamento. 3.3. A inferenciação como processo cognitivo 3.3.1. A visão da Psicolinguística Partindo de uma concepção da leitura como o resultado da articulação entre diversos processos cognitivos, por meio dos quais as informações visuais se relacionam com as informações não visuais acumuladas na memória de longo prazo para a geração de significados, a Psicolinguística entende que as inferências correspondem ao resultado também da interação entre informação visual e informação não visual. Ainda defendendo uma visão de inferência como preenchimento de lacunas e confundindo a inferenciação com outros processos cognitivos, Chikalanga (1992) nos dá a base para uma procura de explicação de como se dá a geração de inferências, com base nos estudos em psicolinguística. Segundo o autor, a inferência pode ser definida como 75 o processo cognitivo no qual um leitor obtém a informação implícita de um texto escrito com base em duas fontes de informação: o conteúdo proposicional do texto (isto é, a informação explicitamente afirmada) e o conhecimento prévio do leitor. Alternativamente, o termo é usado para definir o produto final desse processo (CHIKALANGA, 1992, p.697, tradução).6 Chikalanga (1992) chega a citar uma série de funções para o desenvolvimento de processos inferenciais em leitura: (a) resolução de palavras ambíguas; (b) resolução de referentes pronominais; (c) identificação de contextos para sentenças; (d) estabelecimento de quadros (frameworks) para a interpretação; (e) predição de causas e consequências de eventos e (f) recognição de eventos incongruentes. Assim, o autor chega a citar que existem diferentes tipos de inferências. Apesar de conceber a inferência como qualquer processo de reconhecimento de implícitos, estamos acreditando que o autor já demonstrava ter a noção de que nem todos correspondem a um mesmo processo, chegando a concluir que “as operações mentais necessárias para fazer inferências diferem para cada tipo ou categoria de inferência” (CHIKALANGA, 1992, p.698, tradução7). Se operações mentais diferentes são necessárias, processos cognitivos diferentes ocorrem e, logo, não podem representar a mesma coisa. Assim, podemos tomar a concepção de Chikalanga (1992) de que a inferência deriva de duas fontes de informação: o conhecimento prévio do leitor e o texto, para, a partir daí, buscarmos uma visão essencialmente cognitivista do processo. O autor ainda não elabora uma visão verdadeiramente interativa do processo, uma vez que, em sua busca didática de categorização entre os diferentes tipos de processos inferenciais até então assim descritos, elabora duas grandes categorias de inferências: as inferências proposicionais, que seriam derivadas do conteúdo semântico explicitamente apresentado pelo texto, e as inferências pragmáticas, que seriam baseadas no conhecimento prévio do leitor: A maior vantagem dessa taxonomia sugerida é que é ela capta claramente, ao contrário de seus antecessores, a distinção entre inferências que são derivadas da informação apresentada pelo texto das que são derivadas da informação contida no conhecimento prévio do leitor – uma distinção que é crucial de acordo com a teoria dos 6 Original: “inference is defined as the cognitive process a reader goes through to obtain the implicit meaning of a written text on the basis of two sources of information: the ‘propositional content of the text’ (i.e. the information explicitly stated) and ‘prior knowledge’ of the reader. Alternatively, the term is taken to mean the end product(s) of such a process”. 7 Original: “the mental operations necessary for making inferences differ for each inference type or category”. 76 esquemas sobre a leitura, que vê a leitura como uma interação entre texto e leitor (CHIKALANGA, 1992, p.707, tradução8). Apesar de o autor partir de uma visão interativa da leitura, ele acaba separando os movimentos do processamento interativo da informação, uma vez que diferencia inferências derivadas de um movimento ascendente de inferências derivadas de um movimento descendente. Acreditando que tais movimentos sejam inseparáveis em um ato de leitura visto verdadeiramente como interativo, começamos, então, analisando a visão de inferência dos estudos em Psicolinguística aplicados ao processamento da leitura, para, por meio de seu entendimento do processo, buscarmos a construção dessa visão essencialmente interativa. Como salientado no capítulo anterior, o leitor utiliza a informação não visual para fazer previsões e principalmente para inferir: “deduzir certas informações não explícitas no texto, e que são importantes para que ele possa conectar as partes do texto e chegar, enfim, a uma compreensão coerente e global do material lido” (FULGÊNCIO e LIBERATO, 2003 [1992], p.27). Dessa forma, em uma atividade de leitura, o leitor articula ao texto conhecimentos que ele já possui, estabelecendo relações entre as diversas partes, integrando as informações e dando coerência ao todo, enfim, construindo significados. Retornando brevemente para uma melhor compreensão do processo, cabe lembrar que, como já explicado anteriormente, quando se encontra diante de um texto escrito, o leitor, na busca dessa construção, procura pistas para alcançar seu objetivo. Muitas vezes, para isso, ele recorre a deduções sem a “identificação integral de cada item lexical” (FULGÊNCIO e LIBERATO, 1996 [1992], p.54). Tais deduções decorrem do uso de seu conhecimento prévio (enciclopédico, linguístico e textual) e definem o grau de eficiência de uma leitura: quanto maior a capacidade de previsão do leitor, maior a velocidade de sua percepção do que ele lê, uma vez que o leitor eficiente busca sentido no texto como um todo, e não a interpretação de cada uma das palavras que o compõem (FULGÊNCIO e LIBERATO, 1996, 2003 [1992]; KLEIMAN, 2001 [1992], 2010 [1989]). 8 Original: “The major advantage of this suggested taxonomy is that it clearly captures, unlike its forerunners, the distinction between inferences that are constrained by the information in the text from those constrained by the information from the reader’s knowledge base – a distinction that is crucial according to the schema-theoretic view of reading which views reading as na interaction between text and reader.” 77 Como afirma Kato (1990 [1985], p.6), “o reconhecimento das formas será em grande parte determinado por processos inferenciais e de predições ditadas pelo conhecimento linguístico e extralinguístico do leitor”. Segundo a autora, isso se comprovaria, em uma proporção mínima, por meio da observação da escrita de escritores proficientes que não se preocupariam em desenhar claramente todos os traços distintivos de cada letra, contando com a capacidade do leitor de inferir significados: se o leitor é proficiente, ele é capaz de ler textos escritos em cursivas pouco legíveis, porque usa de processos inferenciais e predições em seu ato de leitura. Nesse sentido, Fulgêncio e Liberato (1996, p.81) identificam, então, como atuam os dois processos que dependem da informação não visual, diferenciando, então, a previsão da inferenciação: “a previsão, que acelera e portanto facilita a leitura (...) [e] a inferência, que completa e possibilita a compreensão do material expresso no texto”. É importante lembrar que a inferenciação é um processo que faz parte da linguagem em geral, sendo desenvolvido em todos as atividades que envolvem a compreensão (COSCARELLI, 2002; FULGÊNCIO e LIBERATO, 2003 [1992]), atuando tanto na fala como na escrita. Porém, como o foco deste trabalho está na leitura, tomaremos sempre a relação que se dá, por meio da linguagem escrita, entre leitor e texto. Assim, as inferências se constituiriam como resultado de processos cognitivos inerentes à leitura, uma vez que A compreensão da linguagem é então um verdadeiro jogo entre aquilo que está explícito no texto (que é em parte percebido, em parte previsto) e entre aquilo que o leitor insere no texto por conta própria, a partir de inferências que faz, baseado no seu conhecimento do mundo (FULGÊNCIO e LIBERATO, 2003 [1992], p.28). Mesmo dentro dessa concepção psicolinguística da leitura, também devemos tomar o cuidado para não cairmos em uma visão essencialmente descendente (topdown) do processo de geração de inferências, centralizando-nos apenas no leitor e nos esquemas que ele já traz consigo. Assim, a inferência deve ser vista como o “processo de elaboração ativa de conhecimentos, a partir de relações que estabelecemos entre o que é dito e o que conhecemos anteriormente” (FULGÊNCIO e LIBERATO, 2003 [1992], p. 29). Como consequência desse “processo de estabelecimento de inferências”, tem-se a geração de conhecimentos novos com base nas informações do texto e no conhecimento prévio (FULGÊNCIO e LIBERATO, 2003 [1992]). “Todo o processo 78 inferencial baseia-se na montagem do significado” (FULGÊNCIO e LIBERATO, 1996, p.55), pois o leitor sempre busca o sentido do texto e, para isso, depende do uso da informação não visual de que dispõe para alcançar uma leitura eficiente, uma vez que só podemos receber uma informação nova se a entendermos a partir de algo que já conhecemos, sendo essa a base de nossa cognição. Dessa forma, o processo de geração de inferências se colocaria como fundamental em um processo de leitura verdadeiramente interativo, em que o leitor é tão ativo na construção de significados como o texto com o qual ele interage: Na produção de sentidos, o leitor desempenha um papel ativo, sendo as inferências um processo cognitivo relevante para esse tipo de atividade. Isto ocorre porque elas possibilitam a construção de novos conhecimentos a partir de dados previamente existentes na memória do interlocutor, os quais são ativados e relacionados às informações veiculadas pelo texto. Esse processo favorece a mudança e a transformação do leitor, que, por sua vez, modifica o texto (FERREIRA e DIAS, 2004, p.439). Segundo Ferreira e Dias (2004), a mente humana se coloca sempre em uma posição de atribuição de significados para as coisas do mundo, organizando as experiências por que passa de modo significativo e articulado. Dessa maneira, podemos dizer que novas experiências são sempre postas em articulação a velhas experiências, e a construção de significados se dá sempre nesse movimento de integração. Assim, não poderíamos afirmar que um determinado texto já traz em si seus significados, uma vez que a mente humana sempre vai, por meio dessas associações, além do que está explícito: O significado não está embutido ou inscrito totalmente no texto oral ou escrito. Embora o texto carregue um sentido pretendido pelo autor, ele é polissêmico e, como tal, oferece possibilidades de ser reconstruído a partir do universo de sentidos do receptor, que lhe atribui coerência através de uma negociação de significados. Esse processo, por sua vez, amplia as chances de compreender e ser compreendido na e pela interação (FERREIRA e DIAS, 2004, p.440). O leitor só é capaz de atribuir sentido a um texto se passa a constituí-lo também, transformando-o em algo novo (FERREIRA e DIAS, 2004). Entretanto, esse processo não é livre. É preciso que o leitor sempre tenha em mente o todo a que se refere o texto: “sem chegar a uma composição de sentido não é possível estabelecer previsões acerca das palavras, formular expectativas etc., o que significa que se torna inviável a utilização da informação não-visual” (FULGÊNCIO e LIBERATO, 1996, p.55). Assim, 79 se forma um círculo vicioso, no qual a não percepção do todo (significado do texto) impede a compreensão das partes (significado dos itens léxicos), ficando o leitor preso à informação visual, e a não percepção das partes, a não compreensão de parte significativa do vocabulário do texto também não permite a elaboração do significado total do texto (FULGÊNCIO e LIBERATO, 1996). Nesse sentido, não podemos esquecer que “a compreensão é um processo de negociação de sentidos que está sustentada no leitor, na situação pragmática e no texto, sendo a coerência textual marcada pela interpretação do interlocutor” (FERREIRA e DIAS, 2004, p. 440). Sendo um processo de negociação, o leitor não está livre para inferir o que quer, tampouco o texto constrange o leitor a realizar determinadas inferências. Os processos vão ocorrendo interativamente, de maneira negociada entre leitor e texto. Portanto, temos um resgate à noção de que as inferências é que permitem tornar um texto coerente ao leitor. Porém, já não se entende a coerência como algo inerente ao texto, cabendo ao leitor utilizar-se de um processo inferencial para alcançar sua compreensão. A visão de coerência agora construída pelos estudos em Psicolinguística parte de uma noção interativa da construção dos significados: a coerência se construiria ao longo da interação do leitor com o texto, por meio de uma série de processos inferenciais, que permitem a integração entre o conhecimento prévio do leitor e a informação trazida pelo texto. Dessa forma, Kato (1990 [1985]) define o que ela chama de inferência construtiva como “aquela que cria significados a partir de pistas contextuais, o que torna o leitor menos dependente da informação linear e mais integrador de informações coocorrentes.” (KATO, 1990 [1985], p.21). O leitor, por meio das inferências que constrói, se coloca ativamente no processo interativo de geração de significados ao buscar a construção da compreensão de um texto. Em uma determinada atividade de leitura, todo o processo de significação por parte do leitor se dá, então, por meio de constantes interações entre seu conhecimento prévio e a informação textual, num constante processo de inferenciação. A inferenciação ocorre, portanto, como um processo automático e sistemático, uma vez que cada pessoa investe com seu próprio conhecimento, de uma mesma maneira, na formulação de suas inferências. 80 Dessa forma, o conhecimento prévio adquire especial destaque para a geração de inferências em uma atividade de leitura, e consequentemente, passa a ser estritamente necessário para a compreensão do texto (FERREIRA e DIAS, 2004; FULGÊNCIO e LIBERATO, 1996; KLEIMAN, 2010 [1989]): “É lançando mão desse conhecimento (linguístico e de mundo) que o leitor poderá garantir uma compreensão para além dos elementos superficiais do texto, negociando com o autor os significados plausíveis e permitidos” (FERREIRA e DIAS, 2004, p. 441). É o conhecimento prévio do leitor que vai estruturar as possibilidades de geração de inferências ao longo da interação com o texto que está sendo lido: Para que um texto seja claro é indispensável que o leitor possua os conhecimentos enciclopédicos que a mensagem pressupõe, e que seja capaz de estabelecer as cadeias de inferências e de construir a rede de conhecimentos na base da qual o texto está construído (FULGÊNCIO e LIBERATO, 1996, p.78). Assim, pode-se entender que, bem como em qualquer situação de aprendizado, a leitura se dá por meio de constantes articulações entre o conhecimento prévio do leitor e aquilo que ele recebe de informação nova do texto. O conhecimento prévio do leitor sobre o texto que ele lê, seja linguístico, textual ou enciclopédico, permite ao leitor fazer as inferências necessárias para o entendimento do texto. São essas inferências que permitem ao leitor relacionar as diferentes partes em um todo coerente (FERREIRA e DIAS, 2004; KATO, 1990 [1985]; KLEIMAN, 2010 [1989]), sendo um processo inconsciente do leitor proficiente (KLEIMAN, 2001 [1989], 2010 [1992]). Portanto, a capacidade inferencial passa a ser encarada como inerente à compreensão da linguagem: “há evidências experimentais que mostram com clareza que o que lembramos mais tarde, após a leitura, são as inferências que fizemos durante a leitura; não lembramos o que o texto dizia literalmente” (KLEIMAN, 2010 [1989], p.25). Assim, podemos afirmar que os leitores constroem, como apontado em diversos trabalhos, naturalmente, inferências quando leem (DELL’ISOLA, 2001; FERREIRA e DIAS, 2004; FULGÊNCIO e LIBERATO, 1996, 2003 [1992]; KATO, 1990 [1985]; KLEIMAN, 2001 [1992], 2010 [1989]; MARCUSCHI, 2002, 2003, 2008) e que o que fica após uma leitura, na verdade, são as inferências geradas ao longo do processo (KLEIMAN, 2001 [1992], 2010 [1989]; DELL’ISOLA, 2001). 3.3.2. A visão processual da Linguística Cognitiva 81 Seguindo em parte a mesma linha de raciocínio da Psicolinguística, entendendo a geração de inferências como um processo cognitivo natural humano, Marcuschi (2002, 2003), define a inferência como um ato de inserção contextual, que tem como finalidade produzir sentidos e, como resultado, uma explicitação. O autor não chega a inserir-se plenamente nos pressupostos da Linguística Cognitiva para trabalhar com o tema, porém acreditamos que a concepção de inferência que ele vai desenvolvendo pode trazer uma grande contribuição para a discussão e abre as portas para a inclusão dos estudos em Linguística Cognitiva para o estudo das inferências. Para o autor, a referenciação, a inferenciação e a categorização seriam os três processos básicos que permitiriam a reflexão humana e a análise do próprio pensamento, sendo toda expressão de mundo uma articulação inferencial na base de categorias ou conceitos (MARCUSCHI, 2002): “na atividade inferencial, costumamos acrescentar ou eliminar; generalizar ou reordenar; substituir ou extrapolar informações. Isto porque avaliamos, generalizamos, comparamos, associamos, reconstruímos, particularizamos informações e assim por diante” (MARCUSCHI, 2003, p. 58). Assim, a geração de inferências passa a ser concebida como um processo de criação, um processo básico de geração de significados. Dessa forma, a leitura passa a ser caracterizada essencialmente como um processo de geração de inferências, o que, segundo Marcuschi (2008), se oporia ao modelo escolar de leitura como decodificação. A inferenciação passa a ser o principal processo cognitivo atuante na construção da coerência do texto (KLEIMAN, 2001 [1992], 2010 [1989]; MARCUSCHI, 2008), funcionando, portanto, como provedoras de contexto integrador para informações e estabelecimento de continuidade do próprio texto, dando-lhe coerência. As inferências funcionam como hipóteses coesivas para o leitor processar o texto. Funcionam como estratégias ou regras embutidas no processo (MARCUSCHI, 2008, p. 249). Entendendo, portanto, que, nos termos da Psicolinguística, as inferências são resultado de processos cognitivos desenvolvidos para a construção de significados por meio da interação entre texto e leitor, ou informação visual e informação não visual podemos buscar nos termos da Linguística Cognitiva como se daria esse processo. Na verdade, alguns trabalhos já vêm se utilizando de pressupostos da Linguística Cognitiva para trabalhar com o tema da inferenciação (cf. FELTES, 2009; VANIN, 2010, entre outros). Todos apontam para a relação que se apresenta entre o processo de integração 82 conceptual (FAUCONNIER e TURNER, 2002) e a geração de inferências, apontandoas como resultado desse processo. Entretanto, nenhum deles nos mostra ainda efetivamente como as inferências são geradas, explicitando como se dá a seleção dos elementos que constituem o processo de inferenciação. Assim como Fauconnier e Turner (2002) fazem, apenas se citam as inferências como resultado desse processo, não explicando como se dá sua ocorrência. Acreditamos que a incorporação de uma análise por meio do processo de integração conceptual às descobertas da Psicolinguística pode trazer uma maior noção de processualidade ao entendimento e à análise da inferenciação, que assim, poderá ser analisada de maneira on line e efetivamente por meio de integrações de conceitos projetados seletivamente. Dessa forma, não podemos dissociar o processo de geração de inferências do processo cognitivo de integração conceptual, essencial para a construção do significado da leitura de um determinado texto. Feltes (2009) já havia iniciado um olhar sobre a geração de inferências em leitura a partir da teoria da integração conceptual. A autora apresenta um modelo de análise no qual ela constrói uma rede de integração conceptual que explicaria a geração de significados em uma piada, que serviria de modelo de análise para outros textos de tipos e gêneros diversos. Porém, observa-se que a autora põe em articulação nos inputs apenas os elementos apresentados pelo texto, entendendo assim que as inferências derivariam da articulação entre esses elementos. Ela chega a criar um “Domínio de Evento”, no qual se inseriria a situação em que a piada é contada (aquele que conta/escreve, aquele que ouve/lê, a enunciação e o humor). Porém, esses elementos não entram na mesclagem desenvolvida para a compreensão da piada, apenas se incluem para gerar o efeito do riso que a piada pode gerar. Nota-se, então, que apesar da importante incorporação dos estudos de Fauconnier e Turner (2002) para uma possível explicação da inferenciação em leitura, ainda se ignoram os saberes trazidos pelo sujeito que interage com o texto. O conhecimento prévio do leitor já apontado como essencial para a geração de inferências é ignorado mais uma vez e os sentidos pareceriam estar depositados no texto, sendo o esquema representado o mesmo para qualquer leitor que o leia como uma piada, o que geraria o efeito do riso. Vanin (2010, p.86) chega a citar que “as suposições podem ser diferentes, dependendo do conteúdo existente na memória enciclopédica de cada pessoa. É por isso 83 que, mesmo tendo os mesmos inputs, duas pessoas podem construir um conceito, ou uma interpretação, de maneiras diferentes”. Entretanto, ela não chega a mostrar como esse conteúdo da “memória enciclopédica” entra no esquema inferencial. Na verdade, não se chega a entender o conhecimento prévio como formando parte integrante do processo, uma vez que os inputs derivariam todos do texto. Assim, mantém-se uma visão bottom-up do processo, muito próxima à da Linguística Textual, apresentada no início do capítulo. Como o processo assim definido não é capaz de explicar o processo inferencial de maneira plena, Feltes (2009) e Vanin (2010) buscam a associação entre os resultados alcançados por meio de uma análise baseada na teoria da integração conceptual e a Teoria da Relevância (SPERGER e WILSON, 1995), a qual seria “capaz de demonstrar como ocorre a elaboração de inferências durante trocas comunicativas” (VANIN, 2010, p.78). Estamos evitando adentrar nessa interface pelo fato de a Teoria da Relevância derivar de pressupostos teóricos que não condizem com a visão de pessoa com a qual desejamos trabalhar, uma vez que concebe a mente humana como sendo computacional e modular, sendo de natureza inatista. Concordamos com Vanin (2010), quando ela afirma que “a Teoria do Blending, parte da Semântica Cognitiva, dá conta da dinamicidade em comunicação, mas seu escopo não explica, completamente, a geração de inferências”, porque não tem como prver o seu direcionamento que torna cada inferência um ato único. Porém, como estamos propondo um outro uso da teoria da integração conceptual em interface com os apontamentos da psicolinguística sobre a inferenciação, acreditamos que, neste momento da pesquisa, a associação entre essas teorias seja suficiente para a compreensão da inferenciação em leitura como um processo cognitivo. Concordamos que O domínio do significado não é organizado de acordo com formas inatas e imutáveis que geram as combinações possíveis, nem é gerado por um computador complexo governado pela lógica binária. Pelo contrário, novas formas de organização podem emergir e novos sistemas de significado podem ser desenvolvidos. É claro que não podemos descartar a possibilidade de se produzirem conclusões em conformidade com a lógica formal, mas acreditamos que essas conclusões não passam de processos derivados: formas reduzidas de ligar atividades dentro do domínio do significado. É no contexto dinâmico (e plástico) do domínio do significado, de onde as nossas experiências emergem e arquitetam novos significados, que as histórias se desenrolam (DUQUE e COSTA, 2011, p.4) 84 Na verdade, Feltes (2009) e Vanin (2010) apresentam um duplo olhar – partindo de duas teorias – sobre um mesmo fenômeno. Porém, o uso de uma não altera o uso da outra, apesar de Vanin (2010) iniciar uma possibilidade de integração entre as teorias. Neste trabalho, estamos buscando justamente relações entre diferentes teorias que possam aprimorá-las em seu escopo teórico e em sua aplicação na análise dos fenômenos. Voltamos, então, aos estudos em Psicolinguística e às conclusões apresentadas na seção anterior para buscarmos um melhor entendimento de como se dá esse processo, agora com a ampliação do escopo de entendimento, a partir da inclusão da teoria da integração conceptual. Garnham (1989, apud Coscarelli, 2002, p.10) resume bem o ponto de onde podemos partir, com base nos estudos psicolinguísticos aplicados à leitura, e como, a partir de suas deficiências, podemos alcançar respostas na Linguística Cognitiva: Parte da resposta para a pergunta ‘como fazemos inferências’ é que as fazemos usando nosso conhecimento sobre o mundo, conhecimento esse que varia de pessoa para pessoa, dependendo do grupo ou grupos sociais aos quais elas pertencem. No entanto, essa resposta levanta outras perguntas: como esse conhecimento torna-se disponível na compreensão de texto? Embora as pessoas tenham uma quantidade enorme de conhecimento de mundo, apenas uma pequena parte dele pode ficar disponível de cada vez. A pergunta sobre como o conhecimento fica disponível pode ser dividida em duas partes. A primeira é a respeito de como a informação é organizada na memória de longo prazo de forma que fatias dela possam ser recuperadas como um pedaço. A segunda é: como as dicas de um texto acessam informação da memória de longo prazo? (…) nenhuma delas foi respondida satisfatoriamente. Nesse sentido, devemos retomar a noção de inferência como resultado de um processo de formação de conceitos, como já apontavam os primeiros estudos. Com relação a isso, no capítulo anterior, apresentamos a pressuposição de Gerhardt (2010), ao definir o processo de formação de conceitos como sendo o resultado de um processo de integração conceptual: “para formarmos conceitos, precisamos reconhecer os espaços mentais, contextuais, culturais e epistêmicos que ancoram toda forma de conceptualização” (GERHARDT, 2010, pp. 255-256). Dessa maneira, podemos chegar, então, a uma definição do processo de inferenciação com base nos pressupostos apresentados anteriormente. Assim, afirmamos que: 85 A inferenciação é um processo de formação de conceitos (inferências) que se dá a partir da integração conceptual entre dois inputs de informação: o conhecimento prévio do leitor e a informação visual apresentada no texto. A inferência, por sua vez, possui um caráter imprevisto e particular, sendo um elemento novo relativamente aos inputs. Como afirmado no capítulo anterior, dentro da teoria construída pela Linguística Cognitiva, podemos indicar que o conhecimento prévio se encontra organizado, na mente da pessoa, em saberes acumulados que se relacionam e se manifestam na interação por meio de saberes processuais, que permitem a utilização desses saberes para a formação de outros (GERHARDT, 2006a). Dessa forma, permite-se a organização de todo significado presente na memória de longo prazo, bem como a percepção/conceptualização de novas informações, que se integram aos saberes estocados em nossa memória, podendo somar-se a eles ou mesmo modificá-los, modificando-se também. Num ato de leitura, portanto, o leitor acaba por integrar a informação recebida do texto aos seus saberes acumulados, por meio de processos cognitivos diversos: além da mesclagem, a construção de espaços mentais, a metáfora, a metonímia, a correlação de espaços epistêmicos etc. Nesse sentido, lembramos que a informação recebida não vem por meio de frases, mas de agrupamentos de saberes que podemos chamar de frames, uma vez que “embora cada frase se refira apenas a um fragmento do contexto, a mente cria gestalts contextuais ao invés de interpretar cada frase de forma isolada” (DUQUE e COSTA, a sair). Assim, Duque e Costa (2011) afirmam que essa integração de saberes para a compreensão do discurso se dá pela associação entre um frame e uma determinada situação e pode ocorrer de duas maneiras diferentes: a) o material lexical e gramatical observável no texto aciona os frames relevantes na mente do intérprete em virtude do fato de essas estruturas gramaticais existirem como índices desses frames; e b) o compreendedor atribui coerência a um texto ao indexar um frame interpretativo particular (DUQUE e COSTA, a sair). Acreditamos que os autores nos apresentam um passo importante para a compreensão da inferenciação como processo cognitivo, porém ainda não há uma visão essencialmente interativa da relação texto-leitor, uma vez que há uma separação entre os dois movimentos que integrariam o processamento da informação. No item “a”, apresenta-se um movimento ascendente, que parte do texto em direção ao leitor, uma 86 vez que o texto ativa os frames existentes no conhecimento prévio do leitor. No item “b”, o movimento é descendente, partindo do leitor em direção ao texto, uma vez que o leitor indexa frames ao texto que lê. Podemos, porém, tomar esses dois movimentos e integrá-los em um processamento interativo, em que os dois ocorram a um só tempo. Então, a essência da interação apontada pelos estudos em Psicolinguística, estaria, sob a ótica da Linguística Cognitiva e conforme estamos postulando aqui, na noção de mesclagem (ou integração conceptual). A mesclagem pode ser entendida como um processo cognitivo que, por excelência, permite a construção interativa do significado por meio de elementos já existentes. Acredita-se que, ao longo de uma atividade de leitura, ocorrem os processos de integração conceptual entre diferentes elementos, essencialmente frames, no decorrer da interação, permitindo a formação de novos significados. Tais elementos que se integram, por sua vez, derivariam de duas fontes de informação, já apontadas pelos estudos em Psicolinguística: o conhecimento prévio do leitor e o texto em sua linearidade. Assim, podemos, claramente, associar o processo de geração de inferências sob a ótica da Psicolinguística a esse processo cognitivo. A geração de inferências dar-se-ia, então, por meio de uma projeção interdominial, sendo os dois domínios a serem integrados o conhecimento prévio e as informações apresentadas pelo texto, que funcionam como inputs, e assim, por meio da projeção seletiva, se obtém as inferências no espaço-mescla. Tal processo seria, então, a base da compreensão humana, que se daria sempre como fruto de inferenciações situadas, embora não previstas. Uma visão do processo de inferenciação com base no processo de integração conceptual também nos permite uma visão mais detalhada e específica do processamento interativo. Bem como a Psicolinguística aponta para um processamento que é ao mesmo tempo ascendente e descendente (top-dowm e bottom-up), a Linguística Cognitiva, por meio da teoria da integração conceptual, também vai conceber o significado como construído por meio de projeções simultâneas entre diferentes domínios em movimentos multidirecionais: Na proposta de múltiplos espaços, as projeções são multidirecionais, de um espaço de input para outro ou de ambos para o espaço de mescla. Nem sempre as inferências são geradas da fonte para o alvo, e é possível que haja várias projeções de “ida e volta” entre espaços para a derivação de inferências (FELTES, 2009, p.162). 87 Poderíamos esquematizá-lo assim, com base no esquema de Fauconnier e Turner (2002): Figura 1 - Esquema de Integração Conceptual, de Fauconnier e Turner (2002), apresentado em Gerhardt (2010) No input I estariam, então, as informações que o leitor seleciona de seu conhecimento prévio, que estaria organizado em frames, e que se articulariam ao input II, que representa as informações trazidas pelo texto e igualmente selecionadas pelo leitor. Da projeção seletiva das informações contidas em ambos os espaços seriam geradas as inferências no espaço-mescla, que só se forma pela integração de ambos os espaços, com base em elementos que eles tenham em comum, a partir do espaço genérico, que media e permite essa integração. Nesse espaço genérico, estamos concebendo que se encontram os esquemas imagéticos, uma vez que eles é que instanciam a formação dos frames e, segundo apontam os estudos de Duque e Costa (2011), também estão na base da compreensão do discurso. 3.4. O plano inferencial e o ensino de leitura Todos os trabalhos encontrados que tratam do tema da inferência, ainda que sob visões diferentes e às vezes mesmo contraditórias concordam que a realização de inferências, por pertencer a um estágio intermediário entre a leitura literal e a de 88 interferência efetiva do leitor, é pré-requisito para a realização de leituras realmente de qualidade: o leitor maduro é aquele que sabe utilizar adequadamente todas as informações disponíveis, estabelecendo ligações relevantes entre a informação textual e o seu conhecimento prévio, sem privilegiar ou desprezar qualquer desses canais de informação (FERREIRA e DIAS, 2004, p.441). Entretanto, cabe frisar que este processo nem sempre vai se dar de maneira produtiva, uma vez que o leitor pode dar menos importância do que deve à informação visual. Koch e Travaglia (2011 [1990], p.81) chega a afirmar que “por vezes, o receptor faz inferências imprevistas ou não desejadas pelo produtor”. Entretanto, considerando o ato de leitura como um ato essencialmente interativo, não podemos classificar diferentes inferências como previstas ou imprevistas, ou como desejadas ou não desejadas pelo produtor do texto, uma vez que o significado, sob nossa visão, emerge da própria interação, de forma negociada e dinâmica. Nesse sentido, Dell’isola (2001) salienta que o momento certo em que as inferências são geradas, bem como o grau de certeza com que são produzidas, ainda são questões em estudo. Porém, afirma a autora que é certo que “em algum espaço de tempo as inferências ocorrem, e elas podem ser mais ou menos plausíveis, dependendo do contexto” (DELL’ISOLA, 2001, p. 57). Se pensarmos que toda leitura deve buscar alcançar determinados objetivos, e são esses objetivos que guiam a construção de significados nesse determinado contexto em que o leitor se encontra, podemos sim, então, entender que determinadas inferências geradas possam não ser condizentes, não com os objetivos do autor do texto, mas sim com os objetivos estabelecidos pelo próprio leitor. Salienta-se o fato de que não estamos preocupados com uma possível permissão do produtor, acreditamos que o texto em si limite determinadas possibilidades de inferências. Entretanto, cabe também lembrar que, como vimos anteriormente, a inferência é resultado de um processo de integração entre texto e conhecimento prévio. Logo, se um dos dois não se faz presente, ou seja, se o texto ou o conhecimento prévio do leitor é ignorado, não se pode dizer que um processo inferencial foi desenvolvido. Podemos concordar, porém, com Kleiman (2001 [1992]), quando a autora aponta para o fato de que é possível que o leitor faça inferências que, na verdade, podem dificultar sua compreensão. Ferreira e Dias (2004) também apontam para o fato de que 89 outros aspectos podem atrapalhar o desenvolvimento de processos inferenciais qualitativos, tais como a memória, a atenção e o mal ou não uso de estratégias cognitivas. Pensando nos termos postos anteriormente, isso é possível, e acreditamos que a Escola, como espaço de potencialização das capacidades cognitivas que o sujeito já traz consigo, deva trabalhar a capacidade de geração de inferência nesse sentido, em associação aos objetivos de leitura postos pelo próprio leitor em interação com o texto. Como afirmam Ferreira e Dias (2004, p. 442): “não é suficiente ter a informação necessária na memória, é importante saber usá-la e ser capaz de integrá-la a outras informações textuais ou extratextuais para construir uma representação elaborada da história lida”. Com relação a isso, os autores chegam a afirmar que “a atividade inferencial é uma habilidade que aumenta com a idade, estando sujeita ao desenvolvimento cognitivo e às situações de aprendizagem” (FERREIRA e DIAS, 2004, p.442). Dessa forma, os autores salientam o papel fundamental que pode desempenhar um sujeito-ensinante no desenvolvimento de processos inferenciais de mais qualidade por parte de um sujeito-aprendiz. Focando especificamente no trabalho com crianças, afirmam: Se a criança tem capacidade para armazenar na memória as premissas contidas na história, se ela tem um conhecimento geral e de mundo suficiente para atribuir significado ao que lê ou ao que é lido para ela, então é importante que o adulto desempenhe um papel de suporte. Este papel de suporte pode favorecer a ativação do conhecimento que a criança já possui e a relação deste com a nova informação trazida pelo texto, explicitando para ela a relevância desta atividade, tanto em situação de aprendizagem informal como formal (FERREIRA e DIAS, 2004, p.442). Além disso, como salientam Applegate et al. (2002), especificamente no que diz respeito a atividades escolares de leitura, alguns alunos-leitores, por exemplo, podem interpretar uma questão literal como requerendo mais do que apenas lembranças, uma vez que esse é o processo natural de leitura, e acabam fazendo inferências. De igual maneira, as ações inferenciais nem sempre são reconhecidas pelos alunos, que, por vezes, as confundem com uma leitura literal do texto, tornando-se incapazes de perceber que o resultado de sua leitura são as inferências. Com relação a isso, Kintsch (1974, apud DELL’ISOLA, 2001, p.47) já explicava que “o leitor não tem completa ciência das inferências que está gerando ao ler e interpretar um texto, porque essas inferências são sempre geradas em milésimos de segundo”. Assim, o leitor sempre gera uma informação nova e não tem consciência de 90 que esta informação não está explicitada no texto lido. Portanto, torna-se mais que essencial um trabalho na (e da) Escola que torne o aluno capaz de gerar inferências qualitativas e mais ainda, capaz de perceber as inferências realizadas, diferenciando-as do que seria resultado de uma leitura literal do texto. Chikalanga (1992) já chamava a atenção para o fato de que uma série de programas instrucionais em leitura incluem em seus ensinamentos a “habilidade em compreender os significados implícitos nos textos”, o que, para o autor, seria o sinônimo de um trabalho com as inferências. Entretanto, o autor complementa que os professores, por sua vez, passam a focar sua atenção também nesse aspecto da compreensão leitora sem terem conhecimento do que são verdadeiramente inferências. Segundo o autor, então, os professores acabam elaborando questões inferenciais sem terem ideia dos tipos de inferências que essas questões podem gerar. Neste trabalho, não estamos preocupados com tipologias, tampouco, como já salientado, estamos considerando “significados implícitos” como sinônimos de inferências. Porém, a observação de Chikalanga (1992) não pode ser deixada de lado aqui, pois, se uma série de trabalhos revela que, em atividades escolares de leitura, alunos podem responder a questões literais com inferências e vice-versa, não podemos esquecer também que aqueles que estão avaliando essas respostas – os professores – também não têm a noção do que estão exigindo nessas atividades, uma vez que não conseguem diferenciar a leitura inferencial de outras formas de leitura. Além disso, podemos acrescentar que, sem a real percepção do que é um processo inferencial, os professores também acabam não reconhecendo a real natureza dos processos de leitura desenvolvidos por seus alunos, e por isso invalidam os significados gerados por eles em interação com os textos. Nesse sentido, podemos nos utilizar dos dados apresentados por Marcuschi (1989, apud Ferreira e Dias, 2004). O autor, por meio de testes de leitura aplicados a alunos de diversos níveis de escolaridade, concluiu que, apesar do desenvolvimento gradativo em direção à maturidade dos participantes enquanto leitores, existe entre a população estudada dificuldade para a realização de um trabalho inferencial baseado em vários níveis de informação e no intercruzamento desses vários níveis (FERREIRA e DIAS, 2004, p.443). O autor chega a essa conclusão ao perceber que os alunos procuravam, de maneira geral, responder às questões que lhe foram apresentadas com base estritamente 91 em informações explícitas do texto ou apenas em seu universo pessoal, ignorando o texto lido. Além disso também costumavam confundir as questões inferenciais com indagações subjetivas. Isso se daria pelo fato de que, por as questões não buscarem informações explicitamente apresentadas no texto, os alunos acreditavam que suas respostas deveriam estar exclusivamente respaldadas em suas experiências pessoais. Essa colocação nos faz levantar um questionamento fundamental para este trabalho: se as inferências ocorrem naturalmente ao longo da leitura, por que, então, estudantes de diversos níveis de escolaridade, não seriam capazes de reconhecer tais processos e ativar os resultados destes processos quando questões escolares de leitura lhes solicitam isso? Acreditamos que isso derive do que entendemos ser o principal problema com relação ao ensino de leitura: a Escola, metonimizada pelo Livro Didático, como explicado no primeiro capítulo deste trabalho, devido ao modo como se constituíram (ambos), ainda não sabe o que fazer com uma leitura no plano inferencial. Ou ignora-se o que o aluno produz por meio de suas inferências, ou pune-se o aluno que busca ir além de uma leitura literal privilegiada pelo meio escolar. Na maioria das vezes, algo mais grave ainda acontece: apresentam-se questões que não exigem uma leitura verdadeira do texto; pede-se apenas a ativação de conhecimentos de mundo, aceita-se tudo e de igual maneira, não se permite uma interação real entre texto e leitor: Quando o sujeito-leitor se deixa interagir com o texto, completandolhe as lacunas com sua própria história, trocando experiências um com o outro, um novo texto surge, uma nova produção se dá, e a verdadeira leitura acontece. O texto permite uma multiplicidade tamanha de leituras quantos múltiplos forem seus leitores já que cada um gera inferências segundo seus conhecimento de mundo. Conhecimento de mundo engloba componentes emocionais, sócio-culturais, políticos e econômicos e isso, ou vem sendo desprezado pela escola, ou pior, vem sendo “punido” pelo sistema, através da figura do professor que não permite a viagem pelo texto (DELL’ISOLA, 1997, p.56). Nota-se que, ainda presa a uma definição de inferência como processo preenchedor de lacunas, Dell’isola (1997) apresenta uma reflexão importante que já aponta para uma visão interativa do processo. Buscando um salto qualitativo capaz de mudar a situação definida por Dell’isola (1997), Applegate et al (2002), em texto protocolar para este trabalho, sugerem uma mudança de visão com relação às atividades escolares de leitura, através do estabelecimento de novos objetivos para as atividades de 92 leitura, que deveriam fazer com que o leitor pensasse sobre o que lê e usasse as informações do próprio texto para explicar seus pensamentos. Os autores definiram quatro níveis de questões de compreensão leitora, detalhados abaixo: a) Questões literais: buscam respostas sobre itens que estão explicitamente citados no texto. b) Questões de baixo nível inferencial: buscam respostas que não estão citadas verbalmente no texto, mas podem estar próximas do literal ou do óbvio; envolvem a reformulação da informação do texto em outras palavras ou uma tradução do texto, se em língua estrangeira. Exigem que o leitor identifique relações existentes entre ideias do texto, que apenas não estão explicitadas por marcadores gramaticais; importam-se com detalhes irrelevantes para a mensagem central do texto ou requerem que o leitor unicamente redija seu conhecimento prévio ou especulem sobre as ações dos personagens sem um apoio das informações presentes no texto (o que poderia transformar especulações em predições lógicas). c) Questões de alto nível inferencial: incitam ao leitor a conexão entre suas experiências e o texto, para que, assim, cheguem a conclusões lógicas; requerem pensamentos mais complexos do que as inferências de baixo nível; exigem soluções alternativas para um problema específico descrito no texto; descrevem motivações plausíveis que poderiam explicar atitudes de personagens; explicações plausíveis para uma situação, problema ou ação apresentados no texto; buscam explicitar predições sobre uma ação passada ou futura baseada nas características ou qualidades dos personagens desenvolvidas no texto; ou ainda, descrevem personagens ou ações baseando-se em eventos do texto lido. d) “Response items”: enquanto inferências de alto nível se dirigem a elementos específicos ou problemas em passagens do texto, os “response items” requerem um leitor que discuta e reaja ao significado secreto das passagens como um todo. Buscam descrever a lição que um personagem pode ter aprendido, julgar a eficácia da ação ou decisão de um personagem e defender um julgamento, defender uma solução alternativa para um problema complexo descrito na história e responder positivamente ou negativamente a 93 um personagem, baseando-se em julgamentos lógicos sobre ações ou pensamentos desse personagem. Menegassi (1995) já havia apresentado uma proposta semelhante à de Applegate et al. (2002), porém sem focar especificamente em questões leitura: o autor, ao considerar que o processo de leitura consta de quatro etapas - decodificação, compreensão, interpretação e retenção -, entende que a compreensão de um texto pode ocorrer em três níveis: um nível literal, um nível inferencial e um interpretativo. O nível inferencial ocorre quando o leitor faz incursões no texto e retém informações que não se encontram apenas no nível superficial, enquanto que o nível interpretativo, partindo do nível inferencial, permite que o leitor associe seus conhecimentos prévios aos conteúdos do texto – níveis semelhantes aos níveis inferenciais e “response items” de Applegate et al. (2002). Não acreditamos que uma leitura possa se dar verdadeiramente sem a geração de inferências, uma vez que, como já dito anteriormente, o leitor está constantemente mesclando seu conhecimento prévio às informações visuais que recebe. Entretanto, podemos sim conceber que questões de leitura, em um trabalho de explicitação de processos cognitivos, possa trabalhar com a leitura já desenvolvida em diferentes níveis. Com relação a isso, Rodrigues (2008) reforça a ideia de que a capacidade de geração de inferências é sempre um primeiro passo para uma leitura qualitativa. Dessa forma, há uma concordância entre os autores de que a inferência é a porta de entrada para o desenvolvimento de processos cognitivos superiores em leitura. Tumolo (2008, p.133) ressalta que “existe, nessa relação, uma contribuição progressiva do leitor, em que questões de compreensão literais exigem o mínimo em termos de processos superiores, e questões de inferência exigem maior contribuição”. Prossegue o autor: “questões de compreensão literal tendem a avaliar conhecimento linguístico, enquanto questões de inferência tendem a avaliar a contribuição de processos cognitivos superiores” (TUMOLO, 2008, p.134). Dessa forma, o estudo de como se geram tais inferências e de que maneira podemos levar o aluno a gerar inferências de qualidade torna-se fundamental na Escola. Ressaltamos que, em um processo ativo de leitura, as inferências geradas pelo leitor permitem que o texto produza algum sentido a quem o lê e acabam por determinar aquilo que se entende (conceptualiza) do texto lido. Um leitor maduro deve ter clara 94 consciência de como isso ocorre, e a Escola deve ser o principal espaço de desenvolvimento dessa consciência. Nesse sentido, concordamos com Kato (1990 [1985], p.22), quando ela cita que “a utilização razoavelmente consciente dessa estratégia de inferência leva o leitor a prever que poderá fazer inferências mal sucedidas, o que o faz desenvolver paralelamente procedimentos para autocorreção, isto é, uma monitoria de sua compreensão”. Dessa forma, é preciso que a Escola passe a desenvolver, nas palavras da autora, “uma abordagem metodológica que desenvolve no aprendiz a capacidade de predizer e inferir” (KATO, 1990 [1985], p.50). Porém, tal abordagem só será plenamente satisfatória se o levar também a conferir graus de certeza e de confiabilidade distintos a informações antecipadas ou inferidas e a informações efetivamente extraídas do estímulo visual, mesmo que estas às vezes venham apenas homologar a interpretação dada pela interpretação descendente (KATO, 1990 [1985], p.50). Além disso, ao incorporamos em nosso trabalho a noção de compreensão corporificada do discurso (DUQUE e COSTA, a sair), não podemos esquecer que todas essas inferências partem sempre de um esquema imagético básico, que vai instanciar a integração entre os saberes que se articulam ao longo da leitura – o conhecimento prévio e a informação visual. Assim, acreditamos que questões inferenciais de qualidade devem sempre apontar para o esquema que instanciará os processos inferenciais a serem explicitados nas respostas dos alunos. Dessa forma, o aluno poderá selecionar com maior qualidade os elementos a serem integrados no espaço-mescla. Também, e principalmente, acreditamos que, acima de tudo, a Escola não deve ignorar nenhum dos dois saberes que se articulam no momento em que a leitura está sendo trabalhada. Deve-se, portanto, trabalhar com qualidade os conhecimentos prévios trazidos pelos alunos e a as informações explicitadas no texto como passos iniciais para um trabalho inferencial com a leitura, que permitirá ao aluno desenvolver-se como leitor, dentro e fora da Escola. Neste trabalho, como já pretendemos haver esclarecido, focaremos nossa análise no trabalho didático com o plano inferencial, utilizando-nos dos livros didáticos de língua portuguesa como suportes para essa investigação. Hoje, a divisão acima representada dos planos de conceptualização está sendo repensada, porém ainda mantemos a ideia de que existe a possibilidade de um trabalho didático focado no plano 95 inferencial, o que depende da própria compreensão do que é a inferência e de como se pode trabalhá-la em ambientes formais de educação. Entendemos que o ensino, não apenas o de leitura, deve articular ambientes e saberes de diferentes universos de experiências e que, portanto, os saberes que os alunos trazem à Escola devem ser reconhecidos e integrados aos conhecimentos definidos pelos currículos escolares. Nesse sentido, um trabalho que foque sob a ótica dos estudos em cognição o processo de geração de inferências por parte dos alunos em atividades escolares de leitura torna-se mais que necessário, uma vez que, avaliando o processo de geração de inferências, é possível perceber as articulações realizadas pelos alunos entre o que eles já trazem consigo, o que eles recebem do material lido, e como se dá esse processo. É a essa tarefa que nos dedicaremos no próximo capítulo. 96 CAPÍTULO IV: CORPORA E METODOLOGIA DE TRABALHO Pie detrás de pie no hay otra manera de caminar (Jorge Drexler. 12 segundos de oscuridad) Neste trabalho, estamos desenvolvendo a análise de dois corpora simultaneamente: (a) de um lado, analisamos os livros didáticos selecionados, com o objetivo de medir sua capacidade em desenvolver as habilidades de leitura dos alunos que se colocam em interação com eles, especificamente no que diz respeito ao trabalho com o plano inferencial da leitura ; (b) de outro, analisamos as respostas dadas pelos alunos a três atividades de leitura, uma de cada livro didático analisado, com o objetivo de descrever o comportamento cognitivo dos alunos que com elas interagem, especificamente, no que diz respeito aos processos inferenciais desenvolvidos. Buscamos trabalhar com livros e alunos do 9º ano do Ensino Fundamental, por acreditarmos que se trata do momento de finalização de uma etapa da Educação Básica, na qual o aluno já deveria ter se formado como um leitor maduro, uma vez que, buscando os termos legais, é possível encontrar, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394/96), entre os principais objetivos do ensino fundamental, o desenvolvimento, nos alunos, de suas capacidades de aprendizagem, o que dependeria do desenvolvimento de suas habilidades em estabelecer leituras de qualidade ou, como cita a lei, “o pleno domínio da leitura”: O ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão, mediante: (Redação dada pela Lei nº 11.274, de 2006) I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo; II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores; IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social (BRASIL, 2011, s/p.) Já que os outros níveis de ensino não possuem, legalmente, o caráter de obrigatoriedade, é de se esperar que, ao final do nono ano do Ensino Fundamental, o 97 aluno já tenha alcançado esses objetivos, considerados básicos para sua formação cidadã, ainda que uma série de exames e experiências práticas nos mostrem o contrário. Assim, como objeto inicial de análise, foram selecionados três livros de três coleções voltadas para os anos finais do Ensino Fundamental. Tratam-se dos livros aprovados pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), a saber, Português: Linguagens (CEREJA e MAGALHÃES, 2009), Projeto Radix: Português (TERRA e CAVALLETE, 2010) e Português: uma proposta para o letramento (SOARES, 2002). Os livros foram selecionados pela forma diferenciada como se apresentam e como lidam com o tema da leitura. Além disso, questões práticas e informações sobre seu uso em sala de aula foram levadas em conta, neste processo de seleção. Cabe salientar que os livros foram analisados em sua versão PNLD, ou seja, os mesmos que foram distribuídos nas escolas públicas de nosso país. Primeiramente, verificamos quais livros de Língua Portuguesa estavam sendo indicados pelo PNLD 2010. Por meio da leitura do Guia Nacional do Livro Didático, do mesmo ano, verificamos quais poderiam ser mais úteis à nossa pesquisa. Dentre os apontados pelo Guia e pré-selecionados por nós, decidimos por fixarmos nesses três livros pelas seguintes razões: (a) escolhemos o livro Português – Linguagens, por sabermos, por meio de pesquisa não formalizada entre professores da rede pública e particular que se trata do livro que possui uma maior incidência de uso e de aprovação entre eles; (b) escolhemos o livro Projeto Radix, por formar parte de uma coleção que pretende seguir à risca os Parâmetros Curriculares Nacionais. Como descrito na abertura do livro, a coleção se coloca como a concretização dos Parâmetros, para sua aplicação em sala de aula. (c) O livro Português – Uma proposta para o letramento foi selecionado por ser uma obra de uma importante pesquisadora, reconhecida academicamente, na área de ensino de Língua Portuguesa. Além disso, sabe-se, também por meio de pesquisa não formalizada, que não é um livro que agrade aos professores. Muitos professores chegam a trabalhar com ele por indicação do MEC, porém não repetem a escolha em anos posteriores a esse trabalho. Tendo escolhido os livros acima citados, foi feita uma análise interna dos livros, com o objetivo de verificarmos a capacidade deles em avaliar, validar e desenvolver as 98 capacidades cognitivas dos estudantes que com eles interagem. Focalizamos nossa análise apenas nas atividades apresentadas nas seções de leitura, que foram analisadas, especificamente, no que se referem ao modo como lidam com o plano inferencial. Foi feita uma análise qualitativa dessas atividades, partindo do protocolo de classificação de questões de leitura apresentado em Applegate et al. (2002) e já explicitado neste trabalho. Assim, analisamos as questões de leitura apresentadas pelos livros didáticos individualmente, ou seja, em que medida cada uma das atividades de leitura constantes no livro trabalha com as inferências geradas pelos alunos ao interagirem com os textos lidos. Posteriormente, buscamos fazer uma análise comparativa entre as questões de um mesmo livro didático e entre os três livros didáticos. Verificamos em que medida os livros didáticos trabalham com a leitura em uma perspectiva que busque o desenvolvimento de habilidades cada vez mais complexas e, se, em alguma medida, o trabalho desenvolvido por algum dos livros se mostra mais coerente, nesse sentido, do que os outros. Essa análise foi feita de forma qualitativa e os resultados gerais dela se apresentam na primeira subseção do capítulo VI deste trabalho. Posteriormente, selecionamos três atividades de leitura – uma para cada livro didático –, que foram aplicadas em turmas de 9º ano do Ensino Fundamental de três cidades do Estado do Rio de Janeiro: Niterói, Volta Redonda e Rio de Janeiro. Em cada uma dessas cidades, foram selecionadas duas turmas de uma mesma escola pública. Os nomes das escolas serão resguardados. Em cada turma, foi aplicada uma atividade de leitura, o que nos deu a seguinte distribuição de dados: (a) Atividade de Leitura 1 – Aos jovens, retirada do livro Português – Linguagens: um total de 54 questionários aplicados, em duas turmas (uma de Volta Redonda e uma da cidade do Rio de Janeiro); (b) Atividade de Leitura 2 – Com que corpo eu vou?, retirada do livro Projeto Radix: um total de 42 questionários aplicados em duas turmas (uma de Volta Redonda e uma de Niterói); (c) Atividade de Leitura 3 – Geração Tipo Assim, retirada do livro Português – uma proposta para o letramento: um total de 57 questionários aplicados em duas turmas (uma na cidade de Niterói e uma no Rio de Janeiro, capital). As atividades de leitura foram selecionadas a partir dos textos que as motivaram, ou seja, buscamos selecionar textos que fossem do interesse dos alunos, o que, 99 provavelmente, permitiria a geração de um maior número de inferências, uma vez que eles tratariam de temas que compõem elementos de seu conhecimento prévio e que instaurariam alguma motivação para sua leitura. Buscamos equilibrar o número de turmas entre as escolas e as cidades selecionadas (duas turmas em três cidades). A escolha das turmas e das cidades se deu por razões práticas, por serem locais de trabalho de membros de nosso grupo de pesquisa, o que facilitaria o acesso às turmas e a aplicação das atividades. Os questionários recebidos foram numerados sequencialmente sem interrupção entre as turmas das quais os alunos faziam parte. A análise dos questionários aplicados, nos quais constavam as atividades de leitura selecionadas, se deu em dois momentos. Em um momento inicial, analisamos o comportamento cognitivo dos alunos ao interagirem com a atividade proposta questão a questão. Assim, classificamos as questões quanto ao seu potencial inferencial, ainda com base no protocolo estabelecido por Applegate et al. (2002), isto é, se propiciariam ou não a explicitação de inferências. Classificamos também as respostas dadas por cada um dos estudantes a essas questões, no que tange à explicitação ou não, e em que medida, dos processos inferenciais desenvolvidos em sua leitura. Inicialmente, fez-se uma análise quantitativa, estabelecendo-se o percentual de respostas literais, inferenciais ou de simples ativação de conhecimento prévio dadas a cada uma das questões aplicadas. Também, na tentativa de estabelecermos algumas generalizações, buscamos calcular o percentual de cada tipo de resposta dada a cada tipo de questão aplicada, o que ficará mais claro adiante em nosso trabalho. Após essa análise quantitativa, procuramos fazer uma análise qualitativa questão a questão, com o objetivo de perceber melhor as relações estabelecidas entre os percentuais e dentro das categorias definidas. Os resultados dessa análise estão sendo apresentados no capítulo VI deste trabalho. Lembramos que, em nossa análise, não estamos preocupados em conceituar as respostas como certas ou erradas, mas entender o raciocínio desenvolvido pelos alunos e que lhes levou a dar determinada resposta para determinada questão. Partimos da hipótese de que as respostas dadas pelos estudantes, mesmo as consideradas erradas, são sempre reveladoras de seus processos cognitivos. Muitas vezes, em determinada atividade de leitura, apresenta-se um alto índice de respostas semelhantes de diferentes alunos, porém discordantes das consideradas corretas. Diante disso, entendemos, 100 juntamente com Gerhardt (2006b), que tal semelhança revela uma lógica subjacente de base cognitiva que orienta as respostas dos alunos para as questões apresentadas. Mais do que avaliar o processo de leitura dos alunos, neste trabalho, pretendemos entender que lógica é essa que se apresenta, especificamente no que se refere ao processo de geração de inferências, uma vez que, na maioria das vezes, a Escola prefere desconsiderá-la e tratar o resultado do processo cognitivo do aluno como erro, quando ele não resulta em respostas legitimadas pelo livro didático. Assim, buscamos, com base no esquema apresentado no capítulo anterior, sistematizar esses processos, bem como estabelecer possíveis generalizações entre os processos desenvolvidos por cada um dos alunos para responder às questões selecionadas. 101 CAPÍTULO V - ANALISANDO O PROCESSO: INTEGRAÇÃO CONCEPTUAL E INFERENCIAÇÃO EM LEITURA Tenho um pouco de medo: medo ainda de me entregar pois o próximo instante é o desconhecido. O próximo instante é feito por mim? ou se faz sozinho? Fazemo-lo juntos com a respiração. (Clarice Lispector. Água Viva) Como explicado anteriormente, neste trabalho, estamos entendendo o processo de inferenciação como um tipo de formação de conceitos que emerge da integração conceptual de duas fontes de informação: o conhecimento prévio do leitor e a informação visual apresentada no texto. Dessa maneira, buscamos no esquema de integração de Fauconnier e Turner (2002) a possibilidade de sistematização e melhor compreensão dos processos inferenciais desenvolvidos pelos estudantes nas atividades escolares acima analisadas. Acreditamos que o esquema de integração conceptual pode nos dar uma melhor percepção da inferenciação como processo dinâmico de geração de significados, e da inferência como elaboração de um conceito totalmente novo e imprevisível, resultado de processos de seleção e integração de informações. Relembrando como se daria essa integração, estamos considerando que em um dos inputs do esquema estariam as informações que o leitor seleciona de seu conhecimento prévio, organizado em frames e, em outro, as informações trazidas pelo texto e igualmente selecionadas pelo leitor. Da projeção seletiva das informações contidas em ambos os espaços, seriam geradas as inferências no espaço-mescla, que se forma pela integração de ambos os espaços, com base em elementos que eles tenham em comum, mediados pelo espaço genérico. Nesse espaço genérico, estamos concebendo que se encontram os esquemas imagéticos, uma vez que eles instanciam a formação dos frames e estão na base da compreensão do discurso. Partindo dessas noções, para entendermos melhor o processo que estamos analisando e percebermos de uma melhor maneira como os livros didáticos atuam em relação a ele, selecionamos algumas questões e algumas respostas dadas pelos alunos dentro das atividades analisadas anteriormente e buscamos analisá-las de acordo com o esquema definido anteriormente. Assim, podemos entender melhor o processo desenvolvido por esses alunos como um todo e buscar, em uma próxima etapa, a 102 construção de atividades que melhor permitam o desenvolvimento e a explicitação desse processo. A título de exemplo, selecionamos algumas respostas dadas pelos alunos nas atividades de leitura posteriormente analisadas, de forma a comprovar a nossa concepção de que a inferência é resultado de um processo cognitivo de integração conceptual. Dessa forma, via sistematização, pretendemos legitimar as ações cognitivas dos estudantes ao responderem questões de leitura, demonstrando que, mesmo que não correspondam ao gabarito indicado pelo livro didático, elas explicitam raciocínios complexos. Além disso, buscamos aclarar o processo que subjaz à construção de inferências por parte dos alunos de forma a ratificar a possibilidade de elaborar atividades de leitura capazes de motivar a construção e explicitação de inferências e a reflexão sobre esse processo. Essas atividades devem basear-se em um direcionamento claro para a resposta dos alunos, relativamente ao do tipo de resposta que eles devem dar: se parte apenas da mente do aluno, apenas do texto, ou da integração dos dois, além do que a motivou. Como já visto anteriormente, a inferenciação em leitura se desenvolve com base em esquemas cognitivos que já se encontram na mente do leitor. Muitos são os esquemas que podem instanciar a geração de inferências. Entretanto, na análise feita abaixo, estamos preocupados com os esquemas que subjazem à compreensão dos textos das atividades aplicadas com os alunos para a construção deste trabalho. 5.1. Inferências baseadas no esquema imagético de Origem-Caminho-Meta O esquema de Origem-Caminho-Meta deriva da nossa compreensão de que o nosso corpo se desloca no espaço e, consequentemente, no tempo, estabelecendo uma trajetória que possui um início, um percurso (meio) e um fim, cognitivamente pontuados como origem, caminho e meta, respectivamente. Esse esquema nos permite conceptualizar sequências de eventos e estabelecer relações entre eles. Acreditamos que o principal esquema cognitivo ativado pelo texto da primeira atividade seja justamente o esquema de origem-caminho-meta, que instancia a ideia metafórica de vida como trajetória (LAKOFF e JOHNSON, 1980). O texto aponta principalmente para o início dessa trajetória – a juventude – e, consequentemente, os leitores complementam o esquema de acordo com o conhecimento prévio que eles 103 tenham sobre a trajetória completa e integram as novas informações trazidas pelo texto a esse conhecimento. O texto, escrito por Danuza Leão, é uma crônica na qual a autora se direciona aos jovens e apresenta uma série de conselhos a eles sobre como levar a vida enquanto se é jovem. Aos jovens Danuza Leão, Folha de São Paulo, 13/3/2005 Você, que tem 20, 30 ou 40 anos, fique alerta: essa idade vai passar, e mais depressa do que imagina. Não perca tempo, por favor, sofrendo porque a mãe ou o pai sei lá o quê. Nada importa: quem tem 25 anos deve aproveitar a vida a cada segundo. Talvez seja inútil dizer isso, porque quem tem 25 anos não ouve os mais velhos, mas é muito bom ter 25. Não importa se o dinheiro está curto, se foi abandonada pelo namorado, se o futuro é incerto. Nessa idade, não há futuro certo ou incerto, há muito mais: há futuro. Aproveite: se estiver triste em casa nesse domingo, sem amigos, nem amores nem dinheiro, pense: sou jovem, tenho uma vida pela frente. Isso é melhor que todas as glórias do mundo, só que ninguém diz isso aos que têm 25. A mim, ninguém nunca disse. Não dizem talvez por inveja; é mais fácil mostrar que a vida é dura, que é preciso estudar, trabalhar – o que também é verdade; mas ninguém pega uma menina ou um garoto de 25 anos pelos ombros, sacode, e diz: “Você tem 25, não se esqueça disso um só minuto, viva sua juventude. Aproveite e viva, porque ela vai passar”. E passa. Não que aos 50 não se tenha outras alegrias, outras compensações; mas saber que os de 25 não se dão conta do que estão vivendo é quase revoltante. Seria preciso que eles pensassem, de hora em hora, a cada minuto: tenho 25 anos. Nessa idade não temos obrigação de nada, a não ser de sermos felizes. Se o time perdeu o campeonato, se os juros estão altos, se o Waldomiro não foi preso, olhe para seu joelho, bote uma saia bem curta e vá dar uma volta no quarteirão. Coma um sanduíche bem engordativo, beba um refrigerante não diet, deite num banco de praça, de preferência debaixo de uma árvore, e olhe o céu através das folhas, mais lindo do que a mais linda renda francesa. E respire fundo, muito fundo, pensando em tudo que pode e ainda vai fazer durante muito tempo, isto é: qualquer coisa. Ache graça em tudo, ria de tudo. O dinheiro está curto, o namorado sumiu, a melhor amiga fez uma falseta? E daí? O dinheiro pode pintar, namorado é o que não vai faltar, e a amiga, esqueça. Tome um sorvete de casquinha, pegue aquele biquíni do ano passado – o único que você tem – vá para uma praia, e, quando mergulhar, tenha a consciência de que não existem diamantes nem rubis que façam alguém mais feliz do que a sensação de megulhar no mar. Quando, à noite, for para a cama com sono, pense na felicidade que é botar a cabeça no travesseiro e dormir sem precisar de comprimido para esperar o sono vir; e, quando acordar e se olhar no 104 espelho, pense em outra felicidade, que é não ter que pintar o olho, botar um blush nem fazer uma escova, pois, por menos bonita que você seja, sempre se é linda aos 25 anos. E, se alguma coisa te aborrecer, tire da cabeça e pense: “sou jovem, e isso ninguém pode tirar de mim”. E viva, sonhe, e seja feliz, porque um dia a juventude vai passar, e será uma tristeza se você não tiver aproveitado todos os minutos dela, ou os de quando tiver 30, 40, 50, 60, 70, 80, ou 90. Para que nunca passe pela sua cabeça a pior de todas as coisas: “Eu não aproveitei a minha vida”. Selecionamos então a questão 3c, justamente por ser uma questão que ativa na mente dos estudantes a estruturação completa do esquema cognitivo que instancia a geração de inferências pelos estudantes ao interagirem com o texto. Questão 3c: Para ela, é ruim envelhecer? Justifique.9 Gabarito: Não, conforme demonstra o trecho “Não que aos 50 não se tenham outras alegrias”. Contudo, ela reconhece que, com a idade, aumentam as dificuldades e limitações para viver a vida plenamente. Observamos que a questão aponta para um julgamento dos estudantes sobre a visão da autora sobre o processo de envelhecer – sobre a trajetória que a vida percorre. Entretanto, como já vimos, na linearidade do texto não existe essa informação. O gabarito então aponta para trechos do texto em que a autora fala sobre o que seria a meta desse percurso, o fim do esquema – a velhice. A questão, portanto, se constrói como literal. Entretanto, já vimos que a maior parte das respostas são inferenciais, como não poderia ser diferente, pela própria estruturação da questão. Ela foca o percurso, porém o texto foca em momentos desse percurso. Assim, o estudante necessita primeiro entender o percurso, para então concretizar uma possível visão da autora sobre ele. Entendemos, portanto, que o aluno para responder à questão, de maneira inferencial, teria que explicitar a integração conceptual esquematizada abaixo. No input I, que representa o conhecimento prévio, encontra-se a representação que o aluno tem, antes mesmo da leitura do texto, sobre as etapas da vida e no input II, que representa a informação visual, a representação que a autora estabelece sobre as etapas da vida citadas no texto – a juventude e a velhice. No espaço genérico, encontra-se então o esquema imagético origem-caminho-meta que instancia a integração entre os dois domínios. O conhecimento prévio dos alunos, então, provê uma parte do esquema não 9 A atividade completa, com todas as questões aplicadas com os alunos, bem como suas respostas se encontra nos anexos e serão analisadas detalhadamente no próximo capítulo. 105 fornecida pelo input do texto – no caso, o caminho e dessa integração, então, deriva-se no espaço-mescla a inferência gerada pelo aluno-leitor. Figura 2 - Representação da Integração Conceptual a ser explicitada pelos alunos ao responderem à questão 3c da atividade Aos Jovens Vamos analisar, então, primeiramente, a resposta 5: 10 5 – Não, pois depois existem momentos bons também. Acreditamos que o esquema abaixo possa explicitar o processo inferencial desenvolvido pelo estudante que deu a resposta 5. Do texto, ele seleciona as informações de que a juventude tem momentos bons, como os descritos pela autora, e de que na velhice, há outras compensações. De seu conhecimento prévio, então, ele seleciona as informações que possui sobre a juventude, sobre o processo de envelhecimento e sobre a velhice. 10 Os números apresentados antes de cada resposta citada indica o número de catalogação do questionário analisado. Os questionários foram numerados antes de qualquer análise feita, de acordo com a ordem de entrega pelos alunos. Como não há identificação dos alunos que os responderam, os números facilitam a organização e análise dos dados. 106 Figura 3 - Representação da Integração Conceptual explicitada pelo aluno 5 para a questão 3c, por meio da qual ele gera a inferência de que, para a autora, envelhecer seria algo bom Uma vez que em seu conhecimento prévio existe a noção de que na velhice existem momentos bons, ele os integra à informação visual de que na velhice há outras compensações, gerando assim a inferência de que para a autora envelhecer não seria ruim. Sendo assim, surge no espaço-mescla a inferência totalmente nova sobre o julgamento do caminho: a ideia de que envelhecer, para a autora, seria algo positivo, bom. A presença de momentos bons como os presentes na juventude a torna um momento positivo da nossa trajetória de vida também. Observemos que, se a pergunta fosse formulada de uma maneira em que se abrangesse o processo como um todo e acima de tudo como um processo, o aluno poderia explicitar todo esse raciocínio de uma melhor maneira. Didaticamente, poderíamos apontar possíveis falhas na explicitação do processo, ou mesmo recomendações para um melhor desenvolvimento dele, em termos metacognitivos. Vamos analisar agora a resposta 41: 107 41 – Não, mas não é tão bom do que ter 25 anos. Figura 4 -Representação da Integração Conceptual explicitada pelo aluno 41 para a questão 3c, por meio da qual ele gera a inferência de que, para a autora, envelhecer não seria algo ruim, mas também não seria melhor do que viver a juventude Nesse caso, podemos verificar que o aluno selecionou do texto a noção de usufruto com a qual o texto define a etapa da juventude, e a noção de outras compensações apresentada pela autora do texto como parte integrante da velhice, que lhe permite dizer que envelhecer não é ruim. A esses conceitos, ele uniu os conceitos que tem sobre a juventude, que provavelmente coadunam com os levantados pelo texto, e associou o fato de haver outras compensações, como diz o texto, a momentos ruins da velhice presentes em seu conhecimento prévio. Assim, pelo fato de haver outras compensações, a velhice não seria uma etapa ruim da vida, na visão da autora. Dessa forma, surge no espaço-mescla a inferência totalmente nova sobre o julgamento do caminho: a ideia de que envelhecer, para a autora, seria algo bom. Entretanto, pelo fato de que a velhice está preenchida por momentos ruins que não se apresentam na etapa da juventude, envelhecer não seria tão bom quanto ter 25 anos. 108 Seguindo a mesma noção concessiva apresentada nessa resposta, apresenta-se a resposta 2: 2 – Não, mas se tem que aproveitar todas as fases da vida. Figura 5 - Representação da Integração Conceptual explicitada pelo aluno 2 para a questão 3c, por meio da qual ele gera a inferência de que, para a autora, envelhecer só seria algo bom se todas as fases da vida fossem aproveitadas Aqui, podemos verificar que o aluno selecionou os momentos ruins apontados no texto sobre a velhice, como o fato de ter que se tomar comprimidos para dormir ou ter que usar maquiagem, por exemplo. Do texto, ele também seleciona a informação de que a vida, em nossa juventude, deve ser acima de tudo aproveitada. Assim, ele integra essas noções ao seu conhecimento prévio, que aponta a possibilidade de que também é possível aproveitar a vida na velhice, tal como se aproveita na juventude. Assim, entendendo que, para a autora o mais importante é que se aproveite a vida, o estudante entende que envelhecer, para ela, não é ruim, desde que se mantenha o mesmo comportamento que se tem na juventude, sendo essa a inferência gerada no espaço-mescla, como elemento novo e imprevisível advindo da integração entre os inputs. Por fim, vamos analisar uma resposta de um aluno que deu como resposta “sim”. 109 38 – Sim, porque não se aproveita mais a vida. Figura 6 - Representação da Integração Conceptual explicitada pelo aluno 38 para a questão 3c, por meio da qual ele gera a inferência de que, para a autora, envelhecer seria algo ruim Estamos entendendo que esse aluno selecionou do texto as informações positivas que dizem respeito à juventude, e as informações negativas que dizem respeito à velhice e que já foram pontuadas anteriormente. Ele integrou, então, essas informações às informações de seu conhecimento prévio, que apresentam a juventude provavelmente também como uma fase positiva da vida e a velhice como uma fase que só gera privações à pessoa. Assim, o aluno ignora o fato salientado pela autora de que há outras alegrias e compensações na velhice e gera a inferência de que, para a autora, envelhecer seria ruim sim, uma vez que não se poderia aproveitar a vida, como se aproveita na juventude. Mais uma vez comprovamos que o conhecimento prévio cobre uma parte do esquema que não foi dada pelo texto, e que a inferência surge como informação nova, não constando em nenhum dos inputs. 110 5.2. Inferências baseadas no esquema imagético de Contenção O esquema de contenção deriva de nossas experiências corporais com limites físicos. Assim, conforme nosso corpo vai se desenvolvendo, vamos entendendo que podemos estar dentro ou fora de determinados espaços e que nossos movimentos são limitados por esses esquemas de contenção. Ao mesmo tempo, entendemos que o nosso próprio corpo atua como um contêiner, uma vez que nossos órgãos se encontram dentro dele. De igual maneira, também vamos conceptualizando a noção de que as coisas também podem estar dentro ou fora de outras coisas, relativamente a seus limites físicos ou imaginados. Acreditamos que o principal esquema cognitivo ativado pela leitura do segundo texto “Com que corpo eu vou?” seja, então, o esquema de contenção, uma vez que ele trabalha com as várias representações que o nosso corpo pode adquirir em termos individuais e sociais. Assim, podemos ativar a noção metafórica de que o nosso corpo contém o que somos, gerando a possibilidade de mudarmos de continente, mantendonos como conteúdo, o que explicaria, inclusive, o título do texto. O texto, escrito por Maria Rita Kehl, também é uma crônica, na qual a autora expõe sua visão sobre o papel que o corpo vem assumindo em nossa sociedade, guiando, inclusive, as relações entre os indivíduos. Com que corpo eu vou? Maria Rita Kehl, Folha de São Paulo, Caderno Mais!, 30 de junho de 2002 O corpo tem alguém como recheio. Arnaldo Antunes, tema para o grupo Corpo, em 2000 Que corpo você está usando ultimamente? Que corpo está representando você no mercado das trocas imaginárias, que imagem você tem oferecido ao olhar alheio para garantir seu lugar no palco das visibilidades em que se transformou o espaço público no Brasil? [...] fique atento, pois o corpo que você usa e ostenta vai dizer quem você é. Pode determinar oportunidades de trabalho. Pode significar a chance de uma rápida ascensão social. Acima de tudo, o corpo que você veste, preparado cuidadosamente à custa de muita ginástica e dieta, aperfeiçoado por meio de modernas intervenções cirúrgicas e bioquímicas, o corpo que resume praticamente tudo o que restou do seu ser é a primeira condição para que você seja feliz. Não porque ele seja, o corpo, a sede pulsante da vida biológica. Não porque possua uma vasta superfície sensível ao prazer do toque – a pele, esse invólucro tenso que protege o trabalho silencioso dos órgãos. Não pela alegria com que experimentamos os apetites, os impulsos, as excitações, a intensa e contínua troca que o corpo efetua 111 com o mundo. O corpo-imagem que você apresenta ao espelho da sociedade vai determinar sua felicidade não por despertar o desejo ou o amor de alguém, mas por constituir o objeto privilegiado do seu amor-próprio: a tão propalada auto-estima, a que se reduziram todas as questões subjetivas na cultura do narcisismo. Nesses termos, o corpo é ao mesmo tempo o principal objeto de investimento do amor narcísico e a imagem oferecida aos outros – promovida, nas últimas décadas, ao mais fiel indicador da verdade do sujeito, da qual depende a aceitação e a inclusão social. O corpo é um escravo que devemos submeter à rigorosa disciplina da indústria da forma (enganosamente chamada de indústria da saúde) e um senhor ao qual sacrificamos nosso tempo, nossos prazeres, nossos investimentos e o que sobra de nossas suadas economias. Selecionamos, então, dessa atividade, a questão 1, por acreditarmos que seja uma questão que ativa na mente dos estudantes a estruturação completa do esquema cognitivo de contenção que instancia a geração de inferências pelos estudantes ao interagirem com o texto. Questão 1: Explique a estranheza que o título “Com que corpo eu vou?” causa à primeira vista. Gabarito: A estranheza está no uso da palavra “corpo”; não temos mais de um para escolher com qual ir a determinado lugar. Professor(a): informe aos alunos que a frase faz referência à canção popular “Com que roupa”, de Noel Rosa. Observamos que a questão exige um julgamento dos estudantes sobre o texto lido, especificamente sobre uma provável estranheza do título do texto. Essa informação não se encontra na linearidade do texto. É preciso que o aluno ative o esquema de contenção explicado anteriormente para que o contraponha a informação presente no título do texto, cuja estranheza vem da suposição de que haja mais de um continente (corpos) para um conteúdo (pessoa). O gabarito, então, retoma essa aparente contradição inicial, que, após a leitura do texto, se desconstrói. A questão, portanto, se constrói como inferencial. Como já vimos, a maior parte das respostas dadas também são inferenciais. Os estudantes voltaram ao título do texto e o confrontaram com a informação existente em seu conhecimento prévio. 112 Entendemos, portanto, que o aluno, para responder à questão, teria que explicitar a integração conceptual esquematizada abaixo. No input I, que representa o conhecimento prévio, encontra-se a representação que o aluno tem, antes mesmo da leitura do texto, sobre a relação de continência entre o corpo e a pessoa, e, no input II, que representa a informação visual, a representação que a autora estabelece sobre essa relação, com uma pessoa podendo ocupar mais de um corpo. No espaço genérico, encontra-se então o esquema imagético de contenção que instancia a integração entre os dois domínios. Dessa integração, então, deriva-se no espaço-mescla a inferência gerada pelo aluno-leitor, que representa, a princípio, a estranheza do título. Figura 7 - Representação da Integração Conceptual a ser explicitada pelos alunos ao responderem à questão 1 da atividade Com que corpo eu vou? Entretanto, como podemos notar no esquema acima, a noção de estranheza emerge da integração entre o conhecimento prévio e a informação visual, no espaçomescla. Como todo elemento emergente na mescla, ele não é previsível e depende da articulação que a pessoa desenvolve entre os elementos dos inputs por ela selecionados. Assim, como poderemos ver adiante, não necessariamente os alunos conceptualizarão 113 essa relação como estranha. Vamos, então, verificar algumas respostas na tentativa de entender como seu deu o processo de geração de inferências dos estudantes, a partir da explicitação apresentada nelas. Algumas respostas como a 29 – Estranho parece que você tem vários corpos explicitam o mesmo processo acima descrito. Por isso, selecionamos algumas respostas que se diferenciam do esquema acima representado para serem analisadas. Começamos pela resposta 41. 41 - Dá a idéia de que podemos trocar de corpo. Figura 8 - Representação da Integração Conceptual explicitada pelo aluno 41 para a questão 1, por meio da qual ele gera a inferência de que o texto consideraria a possibilidade de trocarmos de corpo 114 Podemos verificar através do esquema acima que o aluno que deu a resposta 41 gerou uma inferência diferente da apontada pelo gabarito, porém o mesmo processo foi realizado. O aluno seleciona do texto a informação de que uma pessoa pode ocupar mais de um corpo e integra a informação de seu conhecimento prévio, que não prevê essa possibilidade. Entretanto, para a integração no espaço-mescla, ele não seleciona a noção de corpo como continente único que está em seu conhecimento prévio; em vez disso, o aluno seleciona a informação visual de que vários corpos podem atuar como continentes para uma mesma pessoa, fato da informação visual. A diferença final, então, se dá no elemento que emerge no espaço mescla. Em vez da sensação de estranheza pelo fato de uma mesma pessoa ocupar mais de um corpo, o estudante gera, então, no espaço-mescla, a inferência de que há a possibilidade de troca - informação que emerge dessa nova relação construída. Como a questão pede que os estudantes observem especificamente o título do texto, podemos notar que os elementos ativados nos inputs e selecionados para a integração no espaço-mescla não vão diferenciar muito de estudante para estudante. Analisemos agora a resposta 12. 12 – É estranho porque não dá para você trocar de corpo normalmente a pessoa fica em dúvida com a roupa. Podemos verificar, no esquema a seguir, que em um primeiro momento, o estudante desenvolve o mesmo processo inferencial explicitado no gabarito apresentado pelo livro didático. O aluno seleciona de seu conhecimento prévio a informação de que para cada pessoa existe apenas um corpo como continente e a integra à seleção de informações do texto. Assim, no espaço-mescla, o aluno gera a inferência de que essa informação causa estranheza. Na busca de solucionar essa sensação de estranheza, o estudante então, transforma essa inferência em input para uma nova mesclagem, ativa novas informações de seu conhecimento prévio, e as integra ao resultado da mescla anterior, criando assim uma rede de integração conceptual (FAUCONNIER e TURNER, 2002). Ele seleciona, então, de seu conhecimento prévio, a noção de que o corpo além de continente pode ser também conteúdo, invertendo seu papel no esquema de contenção. Em seguida, busca elementos que possam atuar como continentes variáveis, 115 encontrando, então, a informação de que a roupa poderia desempenhar esse papel, seleciona essa informação para integrá-la ao espaço-mescla anterior e gera uma nova mescla, tendo como resultado uma nova inferência – a de que o texto faria mais sentido se se referisse a roupas e não a corpos. Figura 9 - Representação da Rede de Integração Conceptual explicitada pelo aluno 12 para a questão 1, por meio da qual ele gera a inferência de que há uma estranheza no título, que se explicaria pela inversão do papel do corpo no esquema de contenção 116 Outro aluno também ativou o frame de vestimentas, porém as inferências geradas foram outras: 31 – Com que roupa vou colocar aquela que me deixa gorda, magra ou sensual sexy. Figura 10 - Representação da Integração Conceptual explicitada pelo aluno 31 para a questão 1, por meio da qual ele gera a inferência de que o título do texto estaria apresentando uma metáfora Dessa vez, vemos que a estudante (supomos que seja uma menina, por conta dos adjetivos usados na resposta dada) explicitou um processo de inferenciação diferente dos anteriores, uma vez que a sensação de estranheza citada anteriormente não se reproduz aqui. A estudante busca dar um sentido para o texto lido, tratando a informação visual apresentada no título metaforicamente. Assim, ela ativa o esquema de contenção expresso no texto, em que o elemento corpo aparece em destaque como elemento continente e múltiplo, e a pessoa como elemento conteúdo. Na busca de dar sentido ao texto lido, a aluna ativa seu conhecimento prévio e procura um sistema de contenção em que a pessoa possa aparecer como elemento conteúdo e que haja 117 continentes múltiplos, e o encontra no frame de vestimenta. Assim, o corpo apareceria no texto como metáfora para as roupas que usamos. Por fim, vamos analisar mais uma resposta de um aluno que também explicita uma rede de integração conceptual, apontando inicialmente para a noção de estranheza e buscando uma solução para isso, como vimos na segunda resposta analisada. 7 – E muito estranho, a primeira vista parece ser um texto religioso. Figura 11 - Representação da Rede de Integração Conceptual explicitada pelo aluno 7 para a questão 1, por meio da qual ele gera a inferência de que a estranheza do título se explicaria na episteme da religião 118 Acreditamos que o terceiro texto – Geração Tipo Assim – também possa instanciar a ativação de um esquema imagético de contenção, uma vez que ele inclui em sua discussão o tema do pertencimento a grupos. Assim, como no texto Com que corpo eu vou?, a noção de contenção passa de um plano mais concreto para uma noção mais abstrata, relacionada a uma percepção de pertencimento a um grupo. O texto é uma reportagem do Jornal do Brasil, que apresenta a opinião de jovens e de especialistas sobre o uso de gírias por jovens e um possível empobrecimento da língua portuguesa, derivado desse uso. Nele, salienta-se a ideia de que os jovens que usam gírias estariam contidos em um grupo que deteriora a língua portuguesa e a discussão levantada a partir dessa percepção. Geração “tipo assim” – imagens comparativas e novas gírias reacendem a discussão sobre a erosão da linguagem entre os jovens Jornal do Brasil, 5 de maio de 1996, Caderno B, p. 07 Ao adolescente dos anos 90 que não consegue entender o que se conversa numa roda de contemporâneos, resta o consolo de não pertencer aos grupos acusados de promoverem a chamada erosão da linguagem. Para esses grupos, segundo estudiosos como o poeta, tradutor e ensaísta José Paulo Paes, tem sido cada vez mais cômodo seguir o caminho das imagens comparativas, evitando expor o próprio potencial intelectual ao risco de um raciocínio elaborado. Não é a toa que um dos recursos mais usados hoje para facilitar a explicação de uma ideia é o “tipo assim” (“Ele é um cara tipo assim...”). [...] Enquanto a discussão volta a mobilizar estudiosos, novas gírias são criadas e absorvidas numa velocidade impressionante. [...] “A conversa de adolescentes é feita de diálogos exclamativos e sem fluência, próprios de quem apenas reafirma um comportamento de grupo”, alerta Paes. O poeta reconhece, no entanto, que “existem gírias muito saborosas”. Mas restringe: “Gíria é coisa de moda. Muitas vezes você substitui uma boa interação verbal de gírias anteriores sem que haja ganhos expressivos.” Em outra vertente, o escritor Affonso Romano de Sant´Anna acha normal que cada grupo social crie sua própria linguagem. “E os jovens que passaram a existir socialmente a partir dos anos 60, com a emergência do poder juvenil, também têm a sua linguagem”, diz. “Esse é um ato que não recrimino nem reprovo, mas sua constatação é inevitável.” O escritor vê a leitura como única solução para as divergências entre as linguagens usadas por jovens e adultos. “É lendo que você aumenta seu vocabulário”, sugere. Affonso Romano observa que os jovens não são a única tribo a usar uma linguagem própria, de difícil entendimento por quem está de fora. “O mesmo acontece, por exemplo, com o pessoal que mexe com computador. Sua linguagem é restrita, falada em códigos.” [...] Os adolescentes não veem problema no uso de gírias e expressões recém-criadas, e julgam seu vocabulário “inofensivo”. “As 119 gírias são um meio muito legal de se comunicar e simplificar as coisas. Além disso, é irado falar de um jeito que os professores e o pessoal lá de casa não entendam”, diz Thiago, 16 anos. “A moda não muda? A decoração também não muda? Qual é o problema de atualizar também o vocabulário?”, questiona Tatiana, 17 anos. Sua colega Maíra, 16 anos, tenta explicar o uso frequente de expressões como o tipo assim: “Você quer falar alguma coisa e descobre uma expressão que consegue resumir seu pensamento. O tipo assim é o espaço que a gente usa para pensar e articular as palavras. É impossível contar uma história sem usar pelo menos um aí.” “As gírias mudam e não vão deixar de existir. A gente não fala mais ´é uma brasa, mora?´, que era moda nos anos 70. No lugar disso, falamos outras coisas”, justifica o estudante Marcos, 17 anos. “O mais legal disso tudo é que ampliamos o nosso vocabulário”, opina Thiago, afirmando em seguida: “Eu também sei falar formalmente, mas não gosto. Não me dirijo ao padre do colégio com um ´aí, velhinho´. Estou apto a usar a linguagem formal, quando necessário.” A babel de gírias também afeta os diferentes grupos da mesma geração. “Tenho amigos que convivem com o pessoal que frequenta bailes funk. Eles usam gírias próprias e eu não entendo nada”, conta Tatiana. “Não vejo problema nenhum no fato de as tribos não se entenderem. A gente traduz e aprende cada vez mais”, assegura Gabriel, 17 anos. Assim, como o texto Aos Jovens, acreditamos que esse texto também ative de maneira muito forte o esquema de Origem-Caminho-Meta, que organizaria a percepção dos alunos das mudanças que a língua teria sofrido ao longo do tempo que separa a data da produção do texto e o momento de sua leitura, e mesmo ao longo do tempo apontado pelo próprio texto, uma vez que cita a língua que os jovens dos anos 60 usavam e a língua que os jovens dos ano 90 usam. Entretanto, todas as questões produzidas pelo livro didático exploram prioritariamente o esquema de Contenção, nos termos descritos no parágrafo anterior. Assim, decidimos explorar as inferências que tomam esse esquema como base para sua geração. Selecionamos a questão 1c, que justamente pede que os alunos ativem a percepção que eles têm dos jovens contemporâneos acerca do uso das gírias e suas opiniões sobre o tema, e explicitem a relação que poderiam fazer com os jovens apontados pelo texto. Questão 1c: Os adolescentes atuais também têm um modo próprio de usar a língua, como os adolescentes da reportagem? Têm opiniões semelhantes às dos adolescentes citados na reportagem? Justifique sua resposta. Gabarito: Resposta pessoal; o mais provável é que a resposta seja sim, já que adolescentes de qualquer época usam gírias e defendem esse uso (embora as gírias mudem). 120 Para responder a essa questão, o estudante deve articular os seus saberes existentes previamente à leitura do texto aos saberes apontados pelo texto. A questão se classifica como literal, e a maioria dos alunos deu respostas que apontam para a explicitação de inferências, como já vimos. Acreditamos que, ao respondê-la, o aluno deva explicitar um processo inferencial como o esquematizado abaixo: Figura 12 - Representação da Integração Conceptual a ser explicitada pelos alunos ao responderem à questão 1c da atividade Geração Tipo Assim Acreditamos que os alunos selecionariam do texto a informação de que os jovens nele citados formam parte de um grupo que faz uso das gírias e defende esse uso, e a integrariam à informação de seu conhecimento prévio, que podem apontar para a noção de que os jovens de seu tempo também formam parte de um grupo de jovens que usam gírias e defendem esse uso ou não. Dessa integração, no espaço-mescla, gerar-seia um grande grupo que incluiria os jovens de ambos os domínios ou dois grupos diferentes em que se separam os jovens apresentados pelo texto dos jovens que estavam no conhecimento prévio dos estudantes. 121 Vamos analisar, então, analisando a resposta 11, que condiz com o gabarito e explicita o mesmo processo inferencial explicitado por ele: 11 - Sim, os jovens atuais também tem um modo próprio de usar a linguagem, utilizando expressões verificadas somente entre o mais jovem, e sim, as opiniões também são parecidas, porque os jovens hoje também tem um modo próprio de falar e acreditam que é natural que surjam entre eles tais expressões, que adulto entenderia, por exemplo, um “Pó véi, eu manjo ela sim”. Figura 13 - Representação da Integração Conceptual explicitada pelo aluno 11 para a questão 1c, por meio da qual ele gera a inferência de que os adolescentes atuais, como os do texto, também usam gírias e, por isso, são a favor desse uso Analisando a resposta dada, e o esquema que representa a integração conceptual explicitada nela, podemos ver que o aluno selecionou do texto exatamente as mesmas informações que o gabarito do livro: a de que os jovens apresentados no texto usam gírias e são a favor desse uso. A essas informações, ele integrou as informações existentes em seu conhecimento prévio, que indicam que hoje em dia os jovens também fazem um uso constante de gírias e são a favor desse uso. Como resultado, temos a geração da inferência de que os jovens de hoje são como os apresentados pelo texto, o 122 que não consta em nenhum dos inputs. Outros tantos alunos desenvolveram exatamente o mesmo processo. Vamos observar, agora, duas respostas que explicitam a seleção de apenas um dos elementos citados pelo gabarito. 31- Sim. Tem sim, as mesmas opiniões. Porque nos textos são citadas opiniões parecidas com as que são citadas hoje. Figura 14 - Representação da Integração Conceptual explicitada pelo aluno 31 para a questão 1c, por meio da qual ele gera a inferência de que os adolescentes atuais também são a favor do uso de gírias Podemos ver que, para responder à questão, o aluno que deu a resposta 31 selecionou tanto do texto como de seu conhecimento prévio apenas a informação de que ambos os grupos de jovens são a favor do uso de gírias. Apesar de o aluno não explicitar qual seria a opinião de ambos os grupos, estamos entendendo que ele conseguiu decodificar as informações do texto e integrá-las ao seu conhecimento prévio. Logo, a “mesma opinião”, citada pelo aluno, representaria o fato deles serem a favor do uso de gírias, representando assim, a inferência gerada de que ambos os grupos são a favor do uso de gírias, sendo essa a informação nova gerada no espaço-mescla. 123 Assim, como o aluno acima apenas selecionou o elemento “opinião”, em algumas respostas, é possível notar que os alunos apenas selecionaram o elemento “usam gírias”, como na resposta 38: 38- Sim. Sim. Muitas gírias que nós falamos hoje eram faladas antigamente como “tipo assim” hoje é quase impossível falar sem usar o “tipo assim” e também o “ai” em quase todos os textos que em que escrevemos tem que ter pelo menos um aí. Figura 15 - Representação da Integração Conceptual explicitada pelo aluno 38 para a questão 1c, por meio da qual ele gera a inferência de que os adolescentes atuais, como os do texto, também usam gírias Assim, podemos ver que o aluno que deu a resposta 38 selecionou do texto apenas a informação de que os jovens nele presentes usavam gírias. Essa informação foi integrada à ideia constante em seu conhecimento prévio de que os jovens de seu tempo também usam gírias e, no espaço-mescla, o aluno gerou um grande grupo de pessoas que usam gírias, que inclui os jovens de antes e de hoje. Logo, ele chega à conclusão de que os adolescentes de hoje tem a mesma maneira particular de usar a língua que os jovens citados no texto. 124 Dentre todas as respostas encontradas, chama a atenção a resposta 46, uma vez que o aluno que a escreveu não mesclou os jovens de hoje presentes em seu conhecimento prévio aos jovens apresentados pelo texto. Ao invés de realizar essa mecla e explicitá-la em sua resposta, como pedia a questão, o jovem se mesclou aos jovens do texto, partindo de seu conhecimento sobre si para estabelecer o julgamento pedido pela questão. Como podemos ver abaixo, os elementos selecionados por esse aluno são os mesmos apontados pelo gabarito da questão. Entretanto, ele parte das ideias que tem de si mesmo e não do grupo de jovens ao qual pertenceria para realizar a integração com as informações do texto e chegar à conclusão de que todos possuem a mesma opinião e o mesmo uso de gírias. 46- Sim, e tenho muitas opiniões parecidas com as dos jovens da reportagem, pois é uma forma resumida e agradável de falar, sendo também uma forma de aumentar o vocabulário. Figura 16 - Representação da Integração Conceptual explicitada pelo aluno 46 para a questão 1c, por meio da qual ele gera a inferência de que os adolescentes atuais tem as mesmas opiniões dos apresentados no texto 125 Uma outra resposta muito interessante, que estabelece uma relação de causa e consequência entre os inputs, foi dada pelo aluno que deu a resposta 33. 33- Sim. Sim, porque se não tivesem essa opinião não usarião gírias como os adolescentes citados no texto. Figura 17 - Representação da Integração Conceptual explicitada pelo aluno 33 para a questão 1c, por meio da qual ele gera a inferência de que os adolescentes atuais usam gírias e, por isso, são a favor desse uso Analisando a resposta acima, podemos verificar que o aluno apenas explicita uma possível opinião dos jovens de hoje em dia, após efetuar a integração entre o seu conhecimento prévio e as informações do texto. Da informação visual, o aluno selecionou o fato de o grupo de jovens apresentados no texto usarem as gírias em sua fala e serem a favor de seu uso. De seu conhecimento prévio, ele apenas acessou a informação de que os jovens de seu tempo também usam gírias. Ao estabelecer a integração conceptual e criar um grande grupo no espaço-mescla, que reúne os jovens de ambos os inputs, o leitor acaba chegando à conclusão, ou seja, gerando a inferência, totalmente nova, de que os jovens de seu tempo também possuem a mesma opinião que os jovens do texto sobre o tema. 126 Como dito anteriormente, por meio da análise dessas respostas, escolhidas apenas a título de exemplificação, acreditamos estar demonstrando mais concretamente a processualidade desse fenômeno cognitivo, que é a inferenciação. Assim, podemos visualizar como o conhecimento prévio agrega informações ao texto lido, e como realmente a inferência surge como um elemento totalmente novo, resultado da interação entre o conhecimento prévio e as informações selecionadas pelo leitor do texto que ele lê. Além disso, por meio da visualização desses esquemas, podemos perceber a individualidade do processo, uma vez que leitores diferentes selecionam elementos diferentes de um mesmo texto, a partir de seus objetivos de leitura e de seu conhecimento prévio, que, por sua vez, também não é o mesmo para todos os leitores. Portanto, tendo isso em mente, podemos identificar em que medida uma questão de leitura pretende trabalhar com as inferências geradas pelos alunos, conforme se propõe a respeitar a individualidade do processo e mediar sua explicitação. De igual maneira, também acreditamos que o entendimento do processo de inferenciação a partir do esquema de integração conceptual pode permitir, além da análise, o desenvolvimento de questões de leitura que trabalhem qualitativamente com o plano inferencial, respeitando a especificidade de cada leitura desenvolvida por cada aluno. Ademais, não podemos esquecer que, ainda que os elementos que entram a interação e os resultados dela sejam diferentes de acordo com cada leitor, o processo em si é o mesmo para todos. Os frames e os esquemas ativados, de um modo geral, também não são individuais, uma vez que correspondem a estruturas cognitivas cultural e experiencialmente construídas. Dessa forma, atividades de leitura podem apontar para esses esquemas e frames, exigindo a explicitação, com qualidade, dos processos desenvolvidos pelos alunos a partir das relações que eles estabelecem entre a informação visual recebida e seu conhecimento prévio. Infelizmente, por questões de tempo e espaço, não foi possível apresentar neste trabalho questões de leitura testadas com alunos. Entretanto, acreditamos que a análise posterior possa ser de auxílio a professores no trabalho com as questões apresentadas pelos livros didáticos, e na elaboração de outras questões que busquem um trabalho efetivo com o plano inferencial em leitura. 127 CAPÍTULO VI: GERAÇÃO DE INFERÊNCIAS EM ATIVIDADES ESCOLARES DE LEITURA Eu tinha sempre a sensação de que, sem dúvida, ninguém me entendia, de que ninguém sabia quem eu era e o que me levava até aquele ponto da minha vida. E você sabe, quando ninguém entende, ninguém pode exigir que você preste contas. (Bernard Schlink. O leitor) 6.1. Apresentando os livros didáticos selecionados Ao longo dos três livros analisados, encontramos, dentro de cada um, um mesmo padrão de questões que ia se repetindo em todas as atividades de leitura apresentadas, em relação aos tipos de questões e níveis de leitura trabalhados. Dessa forma, optamos por apresentar os dados encontrados na pesquisa da seguinte maneira: primeiramente, apresentamos de uma forma geral cada um dos livros analisados e posteriormente apresentamos a análise das respostas dos alunos para cada uma das atividades aplicadas. Dessa forma, acreditamos que, ao analisarmos as respostas dos alunos, estaremos também analisando as questões dos livros analisados e assim, por meio delas, exemplificamos os padrões reproduzidos ao longo de cada um dos livros analisados. 6.1.1. Português: Linguagens Em relação ao trabalho com a leitura, o livro Português: Linguagens apresenta a cada lição uma seção denominada Estudo do texto, que é composta de algumas subseções: Compreensão e Interpretação e A linguagem do texto, que se mantêm em todas as atividades, e Leitura expressiva do texto, Cruzando linguagens e Trocando ideias que se intercalam dependendo do texto trabalhado. Para a nossa análise, como estamos trabalhando com a geração de inferências em atividades de leitura de textos escritos, selecionamos as subseções Compreensão e Interpretação e Trocando ideias, por serem as que efetivamente se propõem a desenvolver um trabalho com a leitura dos textos, respectivamente, de modo escrito e oralmente. Observando o livro como um todo, a primeira conclusão a que podemos chegar é que o livro não apresenta um trabalho de ensino de leitura propriamente dito,. Não há instruções para o aluno de quais estratégias de leitura ele poderia desenvolver, muito menos sobre como fazê-lo. As questões de leitura visam sempre a avaliar possíveis 128 estratégias que os alunos já tenham desenvolvido ou venham a desenvolver por meio apenas das tentativas e dos erros que vão cometendo conforme vão realizando-as. Diferentemente do ensino de gramática e de produção textual, bem como ocorre nos outros livros também, não se apresenta um ensino formal de leitura, com base em estratégias de leitura, como já nos explicou Kleiman (2001 [1992]). Além disso, também não há uma progressão em relação aos tipos ou gêneros textuais trabalhados ao longo dos capítulos, e não se vê uma progressão em relação aos tipos de questões de leitura que são desenvolvidas. Os autores parecem não ter pensado em um trabalho efetivo de ensino de leitura com base em objetivos específicos, uma vez que os mesmos tipos de questões se reproduzem ao longo de todo o livro e de forma aleatória, independentemente dos textos trabalhados ou dos capítulos em que elas se encontram, apesar de o Manual do Professor apontar para uma outra postura: Com um encaminhamento que une, naturalmente, os níveis de compreensão e interpretação do texto, este tópico tem por objetivo levar os alunos a desenvolver habilidades de leitura de forma gradativa, por meio do exercício de determinadas operações, como antecipações a partir do conhecimento prévio que possuem acerca do título ou do gênero; a apreensão do tema e da estrutura global do texto; o levantamento de hipóteses, captando o que não está explícito e, com base na coerência interna do texto, prevendo o que está por vir; relações de causa e consequência, de temporalidade e espacialidade, comparação (estabelecendo semelhanças e diferenças), transferência de uma situação a outra, síntese, generalização, tradução de símbolos, relações entre forma e conteúdo, etc. (CEREJA e MAGALHÃES, 2009, p.5) Poderíamos citar algumas incoerências teóricas apresentadas nessa breve citação do Manual do Professor do livro didático. Entretanto, preferimos focar na incoerência que o livro apresenta entre o que ele põe como definição teórica de seu trabalho e as atividades elaboradas para a prática de leitura. Assim, na parte teórica, o livro parece reproduzir um discurso que seria valorizado academicamente, porém, na prática, ele continua reproduzindo os padrões apontados no primeiro capítulo deste trabalho: apresenta-se um predomínio de questões de nível literal e de baixo nível inferencial, nos termos postos por Applegate et al. (2002). As questões inferenciais, em sua maioria, podem ser classificadas como de baixo nível literal, uma vez que não exigem a repetição de informações explícitas do texto, mas se encontram muito próximas do nível de obviedade, não exigindo do leitor uma leitura que saia necessariamente da superficialidade do texto. 129 Ao longo do livro, poucas questões de alto nível inferencial e “responde items” também são apresentadas, suscitando aparentemente do leitor o engajamento de um conhecimento prévio e de um julgamento sobre o texto a partir do uso desse conhecimento. Entretanto, elas apresentam, basicamente, dois problemas que dificultam o trabalho do aluno ao respondê-las: a) não guiam o aluno-leitor a sistematizar seu processo de construção de inferências e, b) ainda que as questões se apresentem como considerando um trabalho inferencial com a leitura dos textos, o gabarito apresentado ou aceita qualquer resposta como possível, ou se aferra a uma única possibilidade de leitura do texto – a do autor do livro didático. Assim, não se integram verdadeiramente os saberes trazidos pelos alunos (validados pelos gabaritos apenas quando são resposta para as questões a “Resposta Pessoal”) aos saberes indicados como válidos pelo livro didático, exemplificados pelas respostas únicas apresentadas pelos gabaritos das questões. Aluno e livro didático se mantêm cada um em seu lugar, sem integrar-se. Além disso, nota-se também que as respostas dadas pelos gabaritos para essas questões inferenciais não partem da integração entre possíveis conhecimentos prévios e texto, mas sim de um conhecimento de mundo dos autores do livro, que nem sempre é compartilhado pelo aluno que o utiliza em sala de aula, como veremos mais adiante. Dessa forma, a proposta das questões é anulada, já que se apresenta como resposta correta apenas uma possibilidade única de leitura, que não necessariamente será a do aluno que está em interação com o livro didático, o que contraria os princípios de um trabalho de leitura desenvolvido no plano inferencial. Não há uma formulação de questão que leve o aluno a ativar seu conhecimento prévio de uma melhor maneira e que valide esse conhecimento para que, a partir dessa validação, ele possa alcançar uma integração com o texto. Especificamente no que diz respeito à subseção Trocando ideias, nota-se que o que se busca, prioritariamente, é apenas a ativação de conhecimentos prévios dos alunos, o que se comprova também na ausência de um gabarito que oriente o professor no desenvolvimento dessas questões. Tais questões independem da leitura do texto e seriam muito mais adequadas em um momento de pré-leitura, uma vez que não buscam a integração entre o que o aluno já traz e o que ele recebe do texto. Ao que tudo indica, parecem constar no livro apenas pelas exigências do PNLD de inclusão nos livros didáticos de um trabalho com a oralidade. Não discutimos a importância de um trabalho 130 com a oralidade em sala de aula, porém essas atividades apresentadas no livro não podem ser consideradas atividades de leitura. 6.1.2. Projeto Radix Com relação ao livro Projeto Radix: Português, o que se pôde notar não foi muito diferente. O livro contempla seu trabalho com a leitura na seção Hora do Texto, dividida em duas subseções Expressão Oral e Expressão Escrita. Uma proposta interessante apresentada pelo livro é a apresentação, anteriormente ao texto principal, de um pequeno texto acompanhado de perguntas que visam à ativação de conhecimento prévio e que serve de atividade de pré-leitura, exatamente como sugerimos que o livro Português: Linguagens tivesse feito com a subseção Trocando Ideias. Mais uma vez, vemos a incoerência entre o que é apresentado na Assessoria Pedagógica – uma seção do livro que funciona como um manual do professor – e o que é apresentado nas atividades que o livro dispõe aos alunos. Não vemos a articulação entre o que se diz na proposta e o que se mostra na prática. O livro, em sua Assessoria Pedagógica, cita vários trechos dos PCN e os comenta, indicando que todo o livro se propõe a concretizar as propostas dos PCN em práticas em sala de aula. Em relação especificamente à leitura, o manual chega a citar algumas habilidades de leitura que buscaria desenvolver nos alunos: Por leitores atentos entendemos aqueles alunos capazes de estabelecer diálogos entre textos, perceber as diferentes relações sintáticas e semânticas (de causa e efeito, de oposição, de concessão, de condição etc.), de perceber a natureza do texto (irônico, metafórico, satírico etc.) e a intenção de quem o produz (...) Trabalhar o plano da expressão é levar os alunos a perceber que os elementos linguísticos que sustentam o texto organizam-no. É também levá-los a perceber os diferentes recursos expressivos: a denotação e a conotação, os diversos usos da linguagem, a sonoridade das palavras, etc. (TERRA e CAVALETTE, 2010, p.13). No que diz respeito especificamente à elaboração das questões constantes na subseção Expressão Escrita, o manual aponta: As questões apresentam diferentes níveis de dificuldade e complexidade, solicitando dos alunos: a compreensão literal do que está expresso no texto; a inferência de significados, o que exige o estabelecimento de relações entre elementos do texto e seu contexto; a interpretação do que está nas entrelinhas (através de figuras de linguagem ou de situações sugestivas), o que pressupõe que eles estabelecem relações entre o texto e seus conhecimentos prévios; a identificação das vozes do discurso, por meio do reconhecimento de 131 indicadores linguísticos e extralinguísticos; a identificação e a compreensão das mais variadas características de cada texto (marcas de segmentação, léxico, recursos expressivos etc.), reveladoras do gênero textual e/ou do estilo do autor; a extrapolação (do texto para a realidade), no exercício da comparação, da transferência e do posicionamento pessoal. (TERRA e CAVALETTE, 2010, p.18). Não podemos dizer que tais habilidades não sejam trabalhadas pelo livro didático, porém o desenvolvimento delas não parece ter sido o norte de elaboração das atividades de leitura apresentadas. Novamente não se vê, ao longo do livro, um ensino efetivo de leitura, mas sim apenas um trabalho de avaliação de habilidades que seriam construídas autonomamente pelo aluno-leitor ao longo de sua escolaridade. Sequer se nota algum tipo de objetivo específico que as atividades elaboradas pretendam alcançar, nem explicitamente, nem implicitamente. Novamente, notamos questões de leitura que não seguem uma linha de raciocínio nem internamente às atividades, nem externamente, em relação ao livro como um todo. Apesar do ganho de uma subseção voltada para o trabalho com o conhecimento prévio dos alunos, nesse livro também predominam questões de nível literal e de baixo nível inferencial e, igualmente ao que ocorre no livro anteriormente analisado, quando se apresentam questões de alto nível inferencial, elas não são capazes de guiar o alunoleitor a explicitar e a desenvolver seu processo de geração de inferências. Além disso, quase sempre, para essas questões, o gabarito apresenta a clássica “Resposta Pessoal”. Das poucas vezes que não o faz, também apresenta como correta uma possibilidade única de leitura – novamente, a do autor do livro didático. Além disso, destaca-se o alto número de questões que visam apenas à ativação de conhecimento prévio. Em sua maioria, poderíamos chamá-las de questões de opinião, nas quais se pergunta aos alunos a opinião deles sobre o tema do texto. Os textos acabam sendo utilizados como pretextos para discussões que independem de sua leitura. Mesmo com o livro tendo uma subseção de leitura inicial específica para isso, observase que essas questões aparecem muito na subseção que seria mais voltada para um trabalho efetivo de leitura dos textos apresentados. Deve-se assinalar também que os mesmos tipos de questões são trabalhados ao longo do livro, que vai utilizando basicamente as mesmas estratégias de leitura, quando as utilizam, uma vez que, em muitos casos, as questões continuam repetindo os clássicos padrões de copiação ou, como apontado anteriormente, de reconhecimento de 132 um conhecimento de mundo que não necessariamente é compartilhado pelos estudantes que interagem com o livro. 6.1.3. Português – Uma proposta para o letramento Já em relação ao livro Português – Uma proposta para o letramento, algumas importantes diferenças foram notadas. O livro divide seu trabalho com a leitura nas subseção Preparação para a leitura, a qual apresenta uma proposta interessante de ativação ou de geração de conhecimento prévio, seguida das subseções Leitura silenciosa, Interpretação Escrita e Interpretação Oral. No manual do professor, apresenta-se uma explicação sobre a ordenação escolhida e a função de cada uma das subseções criadas pela autora. Assim, por exemplo, a autora justifica o trabalho inicial de pré-leitura com os objetivos de propiciar A discussão das expectativas e previsões em relação ao texto (...); a formulação de hipóteses a respeito do conteúdo do texto (...); a construção dos conhecimentos prévios necessários à compreensão do texto; a discussão das atitudes em relação ao tema, ao autor, ao gênero ou tipo; a motivação dos alunos para a leitura do texto; a proposta de um objetivo para a leitura do texto (SOARES, 2002, p.13). Além disso, dentro das próprias atividades, o livro apresenta explicitamente para o professor quais são os seus objetivos, de forma que ele possa guiar de uma melhor maneira seu encaminhamento. Também indica que as respostas dadas pelos alunos para as questões apresentadas devem ser discutidas pela turma, de forma que possam construir conjuntamente o conhecimento buscado pelo livro. Em relação a isso, explica a autora no manual do professor, denominado Sobre esta coleção: (...) muitas vezes a resposta dependerá do sentido que cada aluno constrói, em sua interação com o texto, de acordo com suas condições pessoais de produção da leitura. Por isso, as respostas às questões podem variar, e, frequentemente, mais de uma resposta pode ser aceita, embora o texto imponha certos limites às possibilidades de interpretação (...). Admitindo-se que respostas diferentes poderão ser dadas à mesma questão, é fundamental que as respostas ás questões de Interpretação Escrita sejam discutidas em aula, com a participação de toda a turma, a fim de que, pelo confronto das soluções apresentadas, aprofunde-se a reflexão e se amplie o desenvolvimento das habilidades de leitura (...) (SOARES, 2002, p.16). Assim, podemos ver que há uma preocupação da autora do livro em não apresentar, ao menos em teoria, o livro como portador de significados a serem compreendidos pelo aluno. Ela coloca o livro como parte de um processo de construção 133 interativa de significados. Entretanto, na prática, não podemos verificar que isso ocorra plenamente, uma vez que ele ainda se coloca como um material que segue os padrões instituídos para um livro didático, funcionando como objeto de controle e de formação de comportamentos cognitivos. Ainda assim, podemos ver alguns ganhos nesse material, em relação aos outros dois. Nesse livro, apresentam-se predominantemente questões de alto nível inferencial e as response items. Como nos outros livros, também se apresentam questões de nível literal, porém, em sua maioria, elas aparecem como uma etapa para o desenvolvimento de questões de nível inferencial, como se funcionassem chamando a atenção dos estudantes para alguma informação importante que se encontra na linearidade do texto e que lhes permite explicitar ou mesmo desenvolver de uma melhor maneira seus processos inferenciais. Também é interessante observar que na subseção Interpretação Oral, correspondente a um momento de um trabalho com a oralidade, a maior parte das questões apresentadas também são de alto nível inferencial e “response items”. Porém, o modelo de gabarito apresentado é bem diferente do modelo apresentado para as atividades escritas, no que se refere à validação das inferências geradas pelos alunos. Percebe-se que esse é efetivamente o espaço do livro em que as inferências têm seu lugar. Tal ideia é fomentada pela própria autora do livro: “Dada a natureza das questões, algumas exigindo inferência, outras pedindo respostas pessoais, a interpretação por meio de interação oral entre professor e alunos é mais adequada” (SOARES, 2002, p. 195). De forma geral, nesse livro, podemos perceber um padrão diferenciado não só de apresentação do gabarito a ser considerado pelo professor, mas também de elaboração das questões. Pode-se perceber que muitas questões, de diferentes formas, buscam a integração entre o que o aluno traz consigo, ou seja, seu conhecimento prévio, ao que ele recebe de informação visual do texto. Dessa forma, por meio dessa integração, o aluno é levado a explicitar e talvez, até mesmo, gerar inferências de maior qualidade, situadamente ao espaço escolar. Além disso, as questões são apresentadas gradativamente, no sentido de que seguem uma lógica de elaboração que vai levando o aluno a explicitar as inferências geradas ao longo de sua leitura, ou a gerar novas inferências. Talvez, por isso, na proposta de gabarito, a autora apenas aponta possibilidades de respostas, indicando que 134 o professor deve trabalhar e discutir outras respostas dadas pelos seus alunos. Além disso, quando apresenta como gabarito “resposta pessoal”, a autora chega a indicar, em algumas questões, o objetivo a ser alcançado pelos alunos, o que poderia orientar o professor no desenvolvimento de um melhor trabalho com as respostas dos alunos. Porém, assim como nos outros livros, para muitas questões de alto nível inferencial e para os “response items” apresentados na subseção de Interpretação Escrita, o gabarito indicado apresenta, em alguns momentos, citações de respostas únicas como possíveis. E, ainda que determinadas questões prevejam possíveis desencontros, também não se mostra aos professores o que fazer com eles. Foge-se da “Resposta Pessoal” como gabarito, mas a citação de algumas respostas possíveis acompanhadas da explicação de que outras podem surgir pode acabar apontado para um mesmo “vale tudo”, se não se explica para os professores como eles devem trabalhar com essas diferenças, e que critérios poderiam adotar para o desenvolvimento das habilidades trabalhadas em cada questão. O livro, então, apesar de apresentar propostas de atividades de leitura de qualidade, ainda se prende a um padrão instituído de livro didático que impede um trabalho de maior qualidade com as inferências dos alunos, uma vez que esse trabalho exige um outro tipo de relação entre professor, aluno e livro, e também um outro tipo de avaliação, ainda difícil de ser colocada em prática por meio do uso desse tipo de material. Além disso, observando a construção dessas subseções e as propostas de questões apresentadas, verificamos ao longo de todo o livro, como nos anteriores, a repetição de um mesmo padrão de questões de leitura, ainda que se diferencie das questões dos outros livros. Por fim, podemos reparar que, como nos outros livros analisados, o material didático do professor não apresenta uma articulação entre a proposta apresentada e a prática. Este livro apresenta uma lista interessante de habilidades de leitura a serem desenvolvidas nos alunos que o utilizam, a saber: Conduzir a uma releitura integral ou tópica do texto, conforme as características do gênero ou tipo e os objetivos; articular conhecimentos prévios com as informações presentes no texto; estabelecer relações entre as partes do texto, identificando a progressão temática; identificar relações entre fatos e ideias (...); interpretar comparações, metáforas, ambiguidades, ironias; fazer inferências; avaliar ideias, opiniões, valores, posicionando-se diante deles; estabelecer relações entre o texto e outros textos (...) (SOARES, 2002, p.15) 135 Entretanto, bem como ocorre nos outros dois livros analisados, as atividades apresentadas nesse livro não explicitam, nem aos professores nem aos alunos, quais dessas habilidades estão sendo trabalhadas,. Não há uma preocupação em tornar o professor competente na preparação de atividades de leitura ou mais competente no trabalho com as questões propostas pelo livro didático. Da mesma maneira, também não há, em nenhum dos livros, uma preocupação em explicitar para os alunos as habilidades que estão sendo trabalhadas em cada questão, o que parece, inclusive, revelar em alguns momentos a falta de consciência dos elaboradores das atividades sobre os objetivos que desejam alcançar. Apesar da multiplicação das pesquisas relativas aos processos cognitivos, especialmente em leitura, não se apresenta, nem sequer na parte de proposta didática dos livros didáticos, uma incorporação dos pressupostos desenvolvidos pelas pesquisas que entendem a leitura como uma atividade que envolve processos cognitivos e metacognitivos, e que poderia contribuir, em grande parte, para a alteração desse perfil de livro didático e, consequentemente, para a mudança de papeis desempenhados por alunos e professores em interação na sala de aula. 6.2. As atividades: critérios de classificação e análise A partir dessas observações, partimos, então, para uma análise do comportamento cognitivo desenvolvido por alunos de escolas públicas ao interagirem com três atividades de leitura – uma de cada livro analisado anteriormente, especificamente no que diz respeito à explicitação de processos inferenciais ao responderem às questões de interpretação de texto apresentadas pelo livro. As três atividades de leitura aplicadas com os estudantes informantes da pesquisa foram selecionadas por acreditarmos que os temas dos textos trabalhados contribuiriam para a geração de diversas inferências – e de qualidade – pelos estudantes, por tratarem de temas que poderiam mais facilmente ser de seu interesse, e sobre os quais os alunos possuiriam, a princípio, um conhecimento prévio vasto. As questões de leitura apresentadas nas atividades foram classificadas em quatro categorias mais amplas: (a) de nível literal, (b) de nível inferencial, (c) de nível literalinferencial e (d) de ativação de conhecimento prévio. Questões que exigissem um 136 conhecimento de metalinguagem ou uma reflexão sobre o saber metalinguístico 11, ou questões de múltipla escolha não foram consideradas em nossa análise, por não permitirem o desenvolvimento de uma análise focada nos processos inferenciais ocorridos na mente do aluno ao ler o texto e/ou ao desempenhar a tarefa solicitada. Para a classificação das questões, recorremos à análise do gabarito apresentado nos livros didáticos. Como apresentado no primeiro capítulo deste trabalho, o livro didático entra em sala de aula como um guia do comportamento cognitivo dos alunos e dos professores no ambiente escolar. Não podemos esquecer que as questões que analisamos são questões de livro didático e que, portanto, é o gabarito apresentado pelo livro que vai apontar as condições de “acerto” ou de “erro” do aluno dentro deste espaço. Assim, acreditamos estar aprofundando os critérios apontados por Marcuschi (1996) para a classificação das questões de leitura presentes em livros didáticos de língua portuguesa, uma vez que o autor define os tipos de questões pelo enunciado e acreditamos que é o gabarito da questão que indica os objetivos dela situadamente ao espaço institucional da sala de aula. Também observamos que, em algumas questões, se nota uma discrepância entre o enunciado da questão e seu gabarito, com questões de grande potencial inferencial, por exemplo, apresentando gabaritos com respostas que apontam para a linearidade do texto. Para a classificação das questões, então, adotamos os seguintes critérios: (a) Questões de nível literal - Foram classificadas aquelas cujos gabaritos apontam para informações apresentadas explicitamente nos textos ou mesmo para citações na íntegra de trechos do texto. (b) Questões de nível inferencial - Foram agrupadas questões de baixo e de alto nível inferencial e questões response itens, segundo a classificação de Applegate et al. (2002), ou seja, questões que, de alguma maneira, exigem dos estudantes a explicitação de algum processo inferencial, fruto da mesclagem entre seu conhecimento prévio e as informações obtidas pela leitura do texto. Decidimos agrupar os três níveis inferenciais de Applegate et. al. (2002) para evitar um excesso de categorias com um número pequeno de questões em cada uma delas. Como estamos buscando investigar se os alunos explicitam os processos inferenciais desenvolvidos ao longo da leitura, seja 11 Sobre a diferenciação entre conhecimento de metalinguagem e saber metalinguístico, conferir Gombert (1993) e Lessa (2010, 2011). 137 qual for o nível de solicitação dessa explicitação pela questão, optamos por manter esse agrupamento, já que os três dizem respeito a inferências realizadas. (c) Questões de nível literal-inferencial – Decidimos criar essa categoria porque surgiram questões que se dividem em duas perguntas, com uma apontando para a linearidade do texto e a outra exigindo na resposta a explicitação de processos inferenciais para que seja respondida. Optamos por essa classificação, uma vez que consideramos que elas formam um todo e que nem sempre os alunos conceptualizam esse tipo de questão como sendo constituída por duas partes que exigem duas respostas diferentes, mas sim como uma só questão que pede apenas uma resposta. (d) Questões de ativação de conhecimento prévio - Foram consideradas questões de ativação de conhecimento prévio aquelas que não exigem, para sua resposta, qualquer reflexão sobre o texto lido, ativando apenas alguma espécie de conhecimento prévio dos estudantes ou julgamentos de valor, sem base na leitura do texto, o qual, nessa situação, passa a funcionar como pretexto para discussões que independem de sua existência. As respostas dadas pelos alunos, por sua vez, foram classificadas em cinco categorias: (a) resposta literal, (b) ativação de conhecimento prévio, (c) resposta inferencial, (d) resposta literal-inferencial, e (e) respostas que expressam o não entendimento completo da questão, seja por apresentarem respostas sem justificativa (quando a questão exigia), seja por serem respostas em branco, ou mesmo pela explicitação, nas palavras dos alunos, do não entendimento do que se pedia na questão (por exemplo, “não sei”, “não entendi”, etc.). Como já explicitado nos capítulos anteriores, não acreditamos que a leitura de um texto possa se dar sem que se façam inferências ao longo de seu processamento, uma vez que a inferenciação ocorre naturalmente por meio da integração conceptual entre o conhecimento prévio estocado na memória de longo prazo do leitor e as informações que ele recebe do texto lido. Portanto, não seria coerente se, neste trabalho, considerássemos possível e real a possibilidade de uma leitura totalmente literal de um texto, como pode sugerir a categoria (a) resposta literal, ou que informações trazidas pelo texto fossem completamente ignoradas, como pode sugerir a categoria (b) ativação de conhecimento prévio. Na verdade, ao estipular essas categorias, estamos apontando para o que foi explicitado pelo estudante ao responder a questão, uma vez que esse dado revela a 138 concepção de leitura que esse estudante construiu ao longo de seus nove anos escolares. As respostas agrupadas na categoria (a) resposta literal são aquelas que, de algum modo, explicitam uma busca do estudante pela resolução da questão na linearidade do texto, ainda que ele tenha gerado inferências em sua leitura, do mesmo modo que as respostas agrupadas na categoria (b) ativação de conhecimento prévio – são aquelas que explicitam, por parte do aluno, a busca da resposta das questões em seu conhecimento prévio, ignorando, ao resolver as questões propostas, os conhecimentos que ele mesmo construiu na interação com o texto lido. Nesse sentido, essas respostas literais e de ativação de conhecimento prévio não contribuem para o entendimento do processo de inferenciação desenvolvido pelos estudantes, tampouco isso significa que não tenham sido geradas inferências diversas ao longo da leitura dos textos, porém contribuem para o entendimento do problema essencial desse trabalho – o fato dos alunos gerarem inferências em atividades de leitura, mas serem incapazes de reconhecer o conhecimento que construíram em interação com os textos lidos. O fato de buscarem suas respostas ou na linearidade do texto ou apenas em seu conhecimento prévio nos revela que eles conceptualizaram em seus, no mínimo, nove anos escolares, que o conhecimento construído na interação com o texto não é validado dentro do espaço escolar e que, por isso, eles buscam explicitar seu raciocínio com base nas informações do texto ou no que eles já traziam consigo. Como explicado anteriormente, foram aplicadas três atividades de leitura, sendo cada uma de um dos livros didáticos analisados. A lista completa com as respostas dadas pelos alunos, separadas por categorias se encontram nos anexos (cf. ANEXO II). A análise das respostas apresentadas pelos estudantes em estudo se apresenta a seguir: 6.3. Atividade 1 – Aos jovens, do livro Português – Linguagens As questões de leitura formuladas pelos autores do livro didático para esse texto apresentam um caráter diversificado. Duas questões foram descartadas: uma, por exigir o conhecimento de metalinguagem e uma reflexão metalinguística (questões 2a e 2b) e outra, por ser de múltipla escolha (questão 8). Dentre as analisadas, contando-se os subitens, seis foram classificadas como exigindo um nível literal de leitura, cinco foram consideradas questões que exigissem a explicitação de algum tipo de inferência para serem respondidas e uma questão foi classificada como literal-inferencial. 139 Foram aplicados 54 questionários em duas turmas de duas escolas públicas diferentes. De um total de 648 respostas dadas para todas as questões, 294 (45%) foram classificadas como inferenciais, 140 (22%) como literais, 47 (7%) como literaisinferenciais e 91 (14%) revelaram o não entendimento, ao menos parcial, das questões apresentadas. Podemos dizer, assim, que a hipótese inicial de que o texto propiciaria a geração de inferências diversas foi confirmada, especialmente, se observarmos, como se verá mais a frente, a diversidade de respostas apresentadas pelos alunos para as mesmas questões, o que também reafirma o caráter inferencial de qualquer leitura. Abaixo, apresentamos um quadro-resumo dos resultados alcançados e a análise detalhada se encontra a seguir: Tipos de Questões Literais 1a 1b 3a 3b 3c 9 Total LiteralInferencial Literal 32 35 22 14 12 3 Respostas dos alunos Conhecimento Inferencial Prévio Branco, etc. Total 59% 65% 41% 26% 22% 6% 15 0 0 9 0 0 28% 0% 0% 17% 0% 0% 3 18 26 16 31 38 6% 33% 48% 30% 57% 70% 0 0 0 0 6 11 0% 0% 0% 0% 11% 20% 4 1 6 15 5 2 7% 2% 11% 28% 9% 4% 54 54 54 54 54 54 118 36% 24 7% 132 41% 17 5% 33 10% 324 Literal LiteralInferencial Inferenciais Inferencial Conhecimento Prévio Branco, etc. Total 4 5a 5b 6a 6b 4 1 2 3 1 7% 2% 4% 6% 2% 0 0 2 0 0 0% 0% 4% 0% 0% 42 24 25 32 36 78% 44% 46% 59% 67% 0 28 17 8 0 0% 52% 31% 15% 0% 8 1 8 11 17 15% 2% 15% 20% 31% 54 54 54 54 54 Total 11 4% 2 1% 159 59% 53 20% 45 17% 270 LiteraisInferenciais Literal LiteralInferencial Inferencial Conhecimento Prévio Branco, etc. Total 7 11 20% 21 39% 3 6% 6 11% 13 24% 54 Total 11 20% 21 39% 3 6% 6 11% 13 24% 54 Total 140 22% 47 7% 294 45% 76 12% 91 14% 648 Tabela 1 - Resultados da análise da atividade Aos Jovens 140 6.3.1. Questões de nível literal Observando-se especificamente as questões de nível literal, é possível notar que há um alto número de respostas inferenciais, ainda que as questões exijam a busca pelas respostas na linearidade do texto. De um total de 324 respostas, 132 (41%) são inferenciais, 24 (7%) são literais-inferenciais, 118 (36%) são literais e 33 (13%) demonstram o não entendimento da questão. Tais dados nos comprovam mais uma vez a natureza inferencial do processamento da leitura e o fato já mencionado de que os alunos produzem inferências mesmo quando isso não lhes é solicitado. A seguir, apresentamos em detalhes a análise dessas questões: Questão 1: O texto foi publicado em um grande jornal do país, numa coluna semanal da autora. Logo, o público que ela pode atingir é amplo e variado. Apesar disso, nessa crônica a autora parece se dirigir preferencialmente a um tipo de leitor. a) Qual é o perfil desse leitor? Que idade ele tem? Justifique sua resposta com elementos do texto. Gabarito: A crônica é dirigida aos jovens, conforme demonstra o título. Contudo, no 1º parágrafo, a autora se dirige a pessoas que tem entre 20 e 40 anos. Portanto, depreende-se que, para ela, as pessoas que estão nessa faixa etária são jovens. Além disso, em certo momento ela parece se dirigir mais ao público feminino. Observando a questão, notamos que ela se apresenta como sendo de nível literal, pois solicita ao aluno o entendimento de que a crônica se dirige aos jovens, como está explicitado no título do texto e em vários trechos ao longo dele. O próprio gabarito cita trechos do texto e aponta para ele (“conforme demonstra o título”, “no 1º parágrafo”). O gabarito parece reconhecer também uma possibilidade de inferência: o fato de o texto parecer dirigir-se para mulheres. Porém, tal informação também está na superfície do texto, quando a autora se refere a “blush”, “saias”, “namorado” ou usa os adjetivos “linda” e “bonita”. Do total de 54 respostas dadas para essa questão, 32 (59%) mantêm-se no nível literal, 15 (28%) são literais-inferenciais, apenas 3 (6%) respostas são inferenciais e 4 (7%) respostas apontaram para o não entendimento da questão. Das respostas literais, a maior parte respondeu “Aos jovens, de 25 anos e que devem aproveitar a vida” ou variações dessa resposta: 1 – Aos jovens, de 25 anos. Quem tem 25 anos deve aproveitar a vida a cada segundo. 141 5 – O leitor para quem ela se dirige são os jovem, especificamente de 25 anos, como podemos ver nos textos: “Quem tem 25 anos deve aproveitar a vida”. Alguns poucos alunos também apontaram o fato de que o texto poderia estar direcionado às mulheres, como expressa o gabarito: 37 – Mulher e jovem. 25 anos. Pegue aquele biquíni do ano passado e sempre se é linda aos 25 anos. Pense: sou jovem. Dentre as respostas que expressam, em parte, alguma inferência gerada pelo aluno apoiada na linearidade do texto, tem-se a expressão quase generalizada de que o texto se dirige a uma pessoa que não sabe aproveitar a vida ou que apresenta alguma razão para não estar aproveitando-a: 2 – Um leitor jovem, de 25 anos, principalmente os que não aproveitam a vida. 12 – As pessoas que não aproveitam a vida. 25 anos. Nada importa e quem tem 25 anos deve aproveitar a vida a cada segundo. 27 – Uma jovem querendo aproveitar a vida. Vinte e cinco anos. Assim, temos a explicitação da inferência gerada pelos alunos de que o texto, por apresentar uma série de conselhos, se dirige a jovens que não aproveitam a vida, mas que deveriam fazê-lo. Ao mesmo tempo em que eles explicitam essa inferência, também apontam para a linearidade do texto, como comprovação do raciocínio inferencial. Esses alunos acabam por revelar a importância dada à linearidade do texto, conceptualizada ao longo de sua vida escolar. Alguns alunos, entretanto, optaram por explicitar o resultado de seus processos inferenciais sem apontarem para a linearidade do texto, como por exemplo a resposta abaixo: 42 – Uma mulher que não se cente bem com sigo mesmo. Dentre as respostas consideradas inferenciais, duas chamam a atenção pelo fato de demonstrarem uma incompreensão dos alunos sobre a questão. Quanto a isso, lembramos que, em nossa análise, não estamos buscando a categorização escolar de respostas certas e erradas, uma vez que respostas erradas podem ser reveladoras de processos cognitivos interessantes, como já nos mostrou Gerhardt (2006b, 2010). Os alunos definem um possível perfil para a autora do texto e não do leitor. Porém, ao fazêlo, nos revelam a inferência gerada por eles sobre como seria o autor do texto: 46 – Velho. Pois é de uma pessoa que não soube aproveitar a vida e teve arrependimentos. 142 29 – Uma pessoa mais velha dizendo que quando estava em sua juventude não aproveitou nada. A questão 1b também foi classificada como de nível literal, por expressar o entendimento do texto como um produto a ser recebido pelo leitor. Questão 1b: Qual é a ideia básica que a autora pretende transmitir? Gabarito: A ideia de que é preciso viver intensamente cada momento da vida, aproveitar a juventude. A noção de ideia transmitida pelo texto, como revela a questão, respalda essa noção de texto como produto, bem como o gabarito, que aponta como resposta correta uma paráfrase de trechos do texto. Entretanto, por ser uma proposta de resumo do texto lido, segundo a ótica do aluno, acreditamos que poderia ser uma questão que propiciasse também um alto índice de respostas inferenciais. Do total de respostas analisadas, 35 (65%) se mantiveram na linearidade do texto, selecionando trechos explícitos ou parafraseando partes do texto lido, 18 (33%) respostas revelam a expressão de algum processo inferencial por parte do estudante e apenas 1 (2%) resposta expressa o não entendimento da questão. Dos estudantes que buscaram sua resposta na linearidade do texto, a grande maioria está condizente com o gabarito do livro didático, indicando que a autora busca transmitir a ideia de que devemos aproveitar a vida. Algumas respostas representam a seleção explícita de trechos do texto e outras são paráfrases de partes do texto: 17 – Viver intensamente a vida e aproveitar cada minuto dela. 23 – A idéia transmitida é para os jovens aproveita sua juventude o maximo que conseguir. 40 – A idéia é que se alguma coisa te aborrecer, tire da cabeça e pense: sou jovem, e isso ninguém pode tirar de mim. 53 – Que tem que aproveitar os 25 anos. Nas respostas consideradas inferenciais, a noção de aproveitar a vida ainda se mantém, porém associada a outras ideias não explicitadas na linearidade do texto. Muitas vezes, como nesses casos, a categorização das respostas foi bastante complicada, pois, ao mesmo tempo em que poderiam apontar apenas para a ativação do conhecimento prévio, também poderiam expressar o resultado de seus processos inferenciais. Para a categorização dessas respostas, recorremos ao léxico nelas usado, que aponta para os mesmos frames construídos pelo texto, bem como para informações agregadas a eles que, possivelmente, pertencem ao conhecimento prévio que os alunos ativaram ao ler o texto: 143 19 – Não precisa de bens materiais para ser feliz que você pode ser jovem e aproveitar a vida com qualquer idade. 42 – Que os jovens curtam a vida que tomem decições sem medo de erra e não ligue para as opiniões que não o a gradem. 47 – Para que os jovens aproveitem a vida como quiserem porque quando envelhecerem não se arrepender de não ter vivido a juventude. Outras inferências também surgiram, menos globais e mais vinculadas a trechos do texto: 11 – Que não nos importamos com as coisas materiais pois sempre elas vão e volta mais sim com a parti sentimental. 19 – Não precisa de bens materiais para ser feliz que você pode ser jovem e aproveitar a vida com qualquer idade. 41 – Para que as pessoas que tem 25 anos não se importarem com nada, apenas em ser feliz. As questões 3a, 3b e 3c também se mantêm em um nível literal, apontando para informações apresentadas na superfície textual. Questão 3: O fato de a autora querer transmitir aos jovens um pouco de sua experiência nos permite fazer algumas inferências sobre ela e sobre o que ela pensa a respeito dos jovens e da velhice. a) A autora nos fala do ponto de vista de alguém que ainda é jovem ou que já viveu muito? Justifique. Gabarito: Do ponto de vista de quem já viveu muito. Por meio das informações do boxe, é possível saber que ela, na ocasião em que o texto foi publicado, tinha 72 anos. Professor: Como curiosidade, se quiser, comente que a autora já era bisavó quando publicou o texto. É interessante observar que essa questão poderia se apresentar como sendo de alto nível inferencial, como ela mesmo anuncia, se não houvesse uma caixa de texto ao lado do texto principal que trouxesse essa informação. O gabarito da questão, inclusive, ao apontar para o boxe, reforça essa noção – a de leitura como seleção de informação, uma vez que busca na linearidade do texto a comprovação dessa hipótese, em vez de buscar entender e refletir sobre os pensamentos dos alunos que levariam a essa conclusão. Essa observação comprova a pertinência da constatação de que o que a questão realmente é está no gabarito apresentado e não na pergunta. Do total de 54 respostas, 26 (48%) são reveladoras de um processo inferencial, como previsto e apontado no parágrafo acima, 22 (41%) buscaram a resolução da questão na linearidade do texto, porém do texto principal e não do boxe complementar, e somente 6 estudantes (11%) aparentaram não haver entendido a questão. 144 Das respostas literais, todas apontam para algum trecho do texto que comprovaria a hipótese, seja ela de que a autora é uma pessoa jovem, seja ela de que a autora já viveu muito: 8 – Que já viveu muito. Pois ela fala até para as pessoas que tem 40 anos. 20 – De quem ainda é jovem. Quando ela diz “que bom que tenho 25”. 48 – De alguém que viveu muito, porque ela diz para que nunca passe pela sua cabeça a pior de todas. 53 – Jovem. Ela escreve que ninguém pega uma pessoa de 25 anos e diz: “você tem 25 anos, não se esqueça”. As respostas inferenciais partem de diversas conexões entre os conhecimentos prévios dos alunos e as informações do texto. Porém, uma grande maioria aponta para o fato de que é alguém que já viveu muito, pois estaria narrando fatos pelos quais já haveria passado: 11 – De quem já viveu muito, pois ela se expressou muito bem. 16 – Que já viveu muito. Porque ela fala como se ela já tivesse vivido tudo isso, como uma experiência própria. 28 – Já viveu muito porque ela expressa arrependimento em não ter aproveitado do jeito que queria a juventude. 45 – De alguém que já viveu muito. Porque só mesmo uma pessoa mais velha para dar conselhos. Cabe observar que a resposta em si dada por esses alunos não diferencia muito da que foi dada pelos que deram respostas literais. A diferença está justamente nos dados apontados por eles como justificativas para essa resposta. Enquanto aqueles buscaram a comprovação na linearidade do texto, esses buscaram sua comprovação no resultado da integração entre o seu conhecimento prévio e as informações do texto. Questão 3b: O que ela parece pensar a respeito do modo como o jovem leva a vida? Justifique sua resposta com o trecho do 6º parágrafo. Gabarito: Ela pensa que os jovens não tem consciência de que são jovens, pois se ressentem de qualquer coisa que acontece, ficam tristes e acabam não aproveitando o melhor momento da vida, como justifica o trecho “os de 25 não se dão conta do que estão vivendo”. A questão, como continuação da anterior, mais uma vez se coloca como sendo inferencial e, inclusive, poderia ser considerada uma questão “response item”, uma vez que exigiria do aluno um julgamento sobre o texto lido, com base em seu conhecimento prévio e nos dados apresentados pelo texto. Entretanto, a justificativa pedida para explicar o raciocínio elaborado pelo estudante não estimula a articulação entre texto e 145 conhecimento prévio que fundamentaria tal julgamento, e o que se vê no gabarito é uma paráfrase de algo que está explícito no texto. Das 54 respostas analisadas, 26 (48%) foram consideradas inferenciais e 9 (17%) são literais-inferenciais, 14 (26%) remeteram à linearidade do texto e 15 (28%) revelam o não entendimento da questão. Em relação às respostas literais, a grande maioria expressou que acredita que a autora vê como revoltante o modo como o jovem leva a vida, selecionando um trecho do texto em que a autora explicita esse pensamento: 3 – De modo revoltante. (...) mas saber que os de 25 não se dão conta de que estão vivendo é quase revoltante. 14 – Que o jovem tá vivendo revoltante. Porque seria preciso que ele pensasse de hora em hora. 22 – Mais saiba que os de 25 não se dão conta do que estão vivendo é quase revoltante. Outras respostas literais também surgiram, apontando para outros trechos do texto, porém em bem menor proporção: 26 – Que os jovens não se dão conta do que estão vivendo. 44 – Nessa idade não há futuro certo ou incerto. Há muito mais: há futuro. Entre as respostas inferenciais, algumas se destacam por revelarem processos inferenciais derivados de trechos do texto e apresentados como justificativas, como pedia a questão, sendo, portanto, classificadas como literais-inferenciais: 5 – Com liberdade, sem preocupações, “... Ache graça em tudo, ria de tudo..., vá para uma praia...” 16 – Triste. Porque que estão jovens e não se dão conta do que estão vivendo. 20 – Com medo de ser quem ele é e acaba não aproveitando a vida. “Saber que os de 25 não se dão conta do que estão vivendo”. Além dessas que apontam para algum trecho específico do texto, apresentam-se outras respostas inferenciais, que, em sua maioria, expressam dois tipos de inferência: a de que a autora acha que os jovens não aproveitam a vida e deveriam aproveitá-la mais, e, por outro lado, a de que a autora acredita que os jovens são alegres, não se preocupam com nada etc. 6 – Não ligam muito. Deixam de curtir a juventude para se preocuparem com problemas e deixam de se divertir. 28 – Ela pensa que os jovens não aproveitam as oportunidades que a juventude oferece. 47 – Porque os jovens não se dão conta de como a vida é boa, mas para uns pode acabar muito rápido. 146 32 – Ela parece pensar que o jovem leva a vida sem se preocupar muito mas diz que os jovens tem que curtir a vida. 46 – Pensa que é a idade em que se tem para curtir. Fala para não ligarnos se o dinheiro acabar e se o namorado for embora ou se a melhor amiga trair, pois coisas melhores estão por vir. A questão 3c, apesar de propiciar um raciocínio inferencialacaba, igualmente, por buscar mais uma vez sua resposta na linearidade do texto. Questão 3c: Para ela, é ruim envelhecer? Justifique. Gabarito: Não, conforme demonstra o trecho “Não que aos 50 não se tenham outras alegrias”. Contudo, ela reconhece que, com a idade, aumentam as dificuldades e limitações para viver a vida plenamente. O gabarito seleciona o trecho em que a autora indica que aos 50 existem outras alegrias, exigindo apenas o reconhecimento de informações explicitadas no texto. Tratase, portanto, de uma questão de nível literal. Além disso, outro trecho do texto também é selecionado e resumido no gabarito – o que se refere aos problemas que a pessoa enfrenta ao se alcançar a velhice. Cabe observar que a questão pede um julgamento sobre a opinião da autora sobre o envelhecimento. Entretanto, não existe trecho dos textos que nos revelam essa opinião. Por isso, o gabarito aponta para dois trechos que poderiam revelar uma possível opinião da autora. Dessa forma, acreditamos que a questão desenvolva a possibilidade de um processo inferencial que permita que o aluno alcance uma conclusão sobre o tema. Como se esperava, essa questão apresentou 57% (31 respostas) de respostas inferenciais e 22% (12 respostas) de respostas literais, fortalecendo assim o alto potencial inferencial propiciado por esse tipo de questão. Além disso, 5 respostas (9%) revelaram não entendimento, ao menos em parte das questões, e outras 6 respostas (11%) apontam apenas para o conhecimento prévio dos alunos. Mais uma vez salientamos que isso também pode ser uma pista para a explicação de processos inferenciais desenvolvidos por esses alunos. Todas as respostas literais apontaram para o mesmo trecho apresentado pelo gabarito da questão: 4 – Não. (...) não que aos 50 não se tenha outras alegrias, outras compensações. 15 – Não, pois se tem outras alegrias, outras compensações. 20 – Não. Quando ela diz “não que os 50 tenha outras alegrias”. Dentre as respostas inferenciais, um grande grupo de alunos acredita que na visão da autora não é ruim envelhecer. Entretanto, um número considerável acredita que 147 sim e, em sua maioria, ambas as respostas se baseiam em inferências globais derivadas da interação do aluno com o texto. Cabe destacar que a grande maioria dos alunos que acreditam que a resposta seja “não” e não buscaram esse dado na linearidade do texto indica, em suas respostas, algum tipo de concessão: 11 – Não basta envelhecer feliz e de bem com a vida. 25 – Não. Para a autora só será ruim se você não aproveitar a vida. 46 – Não. Ela não acha a velhice ruim, porém prefere a juventude. 41 – Não, mas não é tão bom do que ter 25 anos. Já os alunos que acreditam que a resposta seja “sim” partem do que a autora diz sobre a juventude para chegar à conclusão do que ela diria sobre a velhice, nunca buscando algum trecho do texto em que a autora houvesse falado sobre a velhice. 9 – Sim, pois ela da preferencia ao público jovem. 14 – Sim. Porque ela não poderá aproveitar a vida como antes ela aproveitara. 47 – Sim. Porque depois que envelhece, bate um arrependimento de não ter vivido a vida. Mais uma vez, salientamos a dificuldade que foi classificar essas respostas. Novamente, para resolver isso, verificamos o léxico utilizado pelos alunos que ou apontam explicitamente para o texto ou apontam para frames apresentados ao longo do texto, diferentemente das respostas que se embasam apenas no conhecimento prévio do aluno, como as citadas abaixo. 7 – Sim, porque você perde partes de você. 23 – Sim, por que ser jovem é muito bom pode fazer tudo o que der na cabeça sem precisar avisa ninguém e etc. 30 – Sim, porque tem responsabilidades. A questão 9 também se apresenta como uma questão literal que pode permitir a identificação de inferências globais geradas pelos alunos ao longo e após a leitura do texto. Questão 9: De acordo com o texto, a pior de todas as coisas é dizer um dia “Eu não aproveitei a minha vida”. Com base nos exemplos dados no texto, conclua: Na ótica da autora, o que é aproveitar a vida? Gabarito: É não se preocupar tanto com coisas que nos ocupam a mente – futuro, carreira, dinheiro, compromisso, amor, dietas, etc – e deixar-se livre para aproveitar o que cada momento pode oferecer de bom. É ter a disposição, a saúde e a confiança de quem é jovem, estar satisfeito consigo mesmo, aproveitar a natureza, dormir bem, enfim, viver de modo feliz. 148 Observa-se que o gabarito cita paráfrases de várias partes do texto, atuando como um resumo do texto lido. Entretanto, justamente por se colocar como uma questão que exige o resumo do texto lido, ele pode propiciar a percepção de um grande número de inferências geradas pelos alunos e expressas em suas respostas, permitindo a integração entre os conhecimentos prévios dos alunos e as partes do texto lido. Isso se confirma através das respostas analisadas: 38 (70%) delas revelam a explicitação de processos inferenciais desenvolvidos pelos alunos ao longo de sua leitura, apenas 3 (6%) alunos buscaram sua resposta em um nível literal de leitura e 2 (4%) não responderam à questão. Além disso, outros 11 alunos (20%) apenas explicitaram os conhecimentos prévios ativados em sua leitura. As respostas literais revelaram a busca dos estudantes por trechos diversos do texto que pudessem resumir o pensamento da autora: 26 – Colocar saia bem curta e dar uma volta no quarteirão. Comer um sanduíche bem engordativo, beber um refrigerante não diet. 36 – Pensar sou jovem, tenho uma vida pela frente. Isso é melhor que todas as glórias do mundo. 45 – Comer comidas gordurosas e andar de roupas curtas. Sem esquecer de tomar banho no mar. Entre as respostas inferenciais, é possível observar que todas apontam para elementos que remetem à felicidade, ao prazer, à diversão, etc. 4 – É fazer o que dar na cabeça e se animar quando se estar triste, e erguer a cabeça mesmo com todos os problemas. 8 – Sempre estar se divertindo e não se preocupar com coisas boboas que as vezes nos atinge. 25 – É vivê-la intensamente. 33 – Ser feliz e não pensar nos problemas. 42 – Deixar os compromissos de lados, sem ter o que fazer e ao mesmo tempo ter, comer o que quiser sem afetar a sáude. 47 – Aproveitar a vida é viver cada minuto como quiser antes que a juventude passa e se arrepender de não ter vivido nenhum momento. As respostas que apontam apenas para o conhecimento prévio do aluno dos alunos são tão diversas quanto o número de alunos que as responderam. A maior parte delas lista atividades que, na concepção dos alunos, representam o ato de aproveitar a vida: 10 – Sair com os amigos, viajar, sair a noite e voltar só no outro dia, acordar bem tarde. 23 – Aproveitar a vida é sair, namorar, jogar bola, viajar, ser feliz. 40 – É quando você se diverte com a sua família, com seus filhos. Mas também você tem o seu marido e aproveita a vida com ele. 149 44 – Eu aproveito a vida através dela sem o conselho e também sem os estudos e os trabalhos que são ótimos na sua vida pessoal. 51 – Não fazer o que você gosta, deixar mais pra frente. 6.3.2. Questões de nível literal - inferencial Apenas uma questão dessa atividade foi elaborada em um nível literalinferencial: a questão 7. Questão 7: No 9º parágrafo, a autora aponta diretamente alguns “males” que inevitavelmente surgem com a idade. Quais são eles? Por que alguns desses males são necessários? Gabarito: Ter insônia, pintar o olho, usar blush, fazer escova. Alguns desses recursos são usados para as pessoas ficarem mais bonitas ou para disfarçar rugas, olheiras, etc. Trata-se de uma questão de nível literal, que solicita o reconhecimento dos males indicados pela autora na superfície textual e está acompanhada de uma questão de nível inferencial, que aponta para um julgamento do autor do livro didático sobre o texto, uma vez que ele classifica essas consequências da velhice como “males necessários”. Observe-se que essa informação não se encontra no texto e, portanto, trata-se de uma inferência gerada pelo autor do livro didático. Assim, o objetivo da questão passa a ser levar o aluno a recuperar um pensamento estabelecido pelo autor, e não o estabelecimento de uma interação entre texto e leitor. Resolvemos analisar, como um todo, as respostas das duas perguntas, ainda que elas se encontrem, em alguns casos separadas observando se o aluno expressou alguma inferência que tenha gerado ou se se ateve apenas à linearidade do texto para responder às questões. Podemos notar, então, que, de um total de 54 respostas dadas, 11 (20%) são de nível literal, 21 (39%) expressam inferências e justificam essas inferências com base na linearidade do texto, sendo literais-inferenciais e apenas 3 delas (6%) são essencialmente inferenciais. Além disso, 13 (24%) são demonstrativas de um provável não entendimento da questão. Entre as respostas literais, tem-se um grupo que apenas respondeu à primeira parte da pergunta, selecionando as informações explicitadas pela autora no texto: 3 – Ter de tomar comprimidos para dormir. 10 – Comprimidos, pintar os olhos, passar blush e fazer escova. 17 – Tomar remédio pra dormir, pintar o olho, botar um blush e fazer escova no cabelo. Algumas respostas literais também demonstram a busca do estudante no texto por outros trechos que poderiam responder à questão: 150 22 – Fala que não tem mais alegria, outras compensações. 43 – O dinheiro está curto, o namorado sumiu, a melhor amiga fez uma falseta. 47 – Pintar o olho, botar blush, fazer escova. Porque é jovem ninguém pode tirar isso. Entre as respostas literais-inferenciais, todas respondem à primeira questão com base na superfície textual, chamando a atenção para os remédios e/ou a maquiagem citados pela autora: 12 – Tomar remédio para dormir – muitas pessoas tomam por problemas de saúde, vão precisar de maquiagem, escova – porque depois de uma certa idade aparecem as rugas. 36 – Tomar remédio para durmi , não precisa de maquiagem e nem fazer escova no cabelo quando acorda, para dar valor aos 25 anos. 46 – Quando for dormir tomar comprimidos para o sono vir não ter que pintar o olho, botar um blush e nem fazer a escova no cabelo. Pois as vezes muitas pessoas tem problemas quando chega a uma certa idade e não tem dinheiro para se cuidar. 53 – Beber comprimido para dormir e usar maquiagem. Na minha opinião é mais para a pessoa se sentir bem. Nota-se que o entendimento da expressão “mal necessário”, citada no enunciado da questão, é variado, uma vez que não foi fruto do raciocínio dos alunos. Como nem todos podem considerar tais consequências como “males” ou como “necessidades”, os alunos buscam fazer um julgamento sobre a informação dada pelo texto em integração ao que eles sabem ou creem sobre a velhice. O mesmo se vê nas respostas completamente inferenciais, que se ativeram mais a uma das questões ou mostra que os alunos entenderam-nas como um todo que exigisse apenas uma resposta: 5 – Pois a idade vai avançando e as pessoas crescem. 25 – O envelhecimento. 27 – O da aparência. Para mostrar que sua beleza não é apenas o que está por fora, mas por dentro. Entre as respostas que apenas expressaram o conhecimento prévio dos alunos, temos algumas que revelam uma lista de problemas que os alunos consideram males da velhice, provavelmente ativados pelo enunciado da questão. Outras explicam porque os males são necessários para vida, também derivam da expressão citada no enunciado da questão. 2 – A diabetis. 23 – O cansaço, as dores por causa da idade. 44 – Os males são necessárias porque dentro deles há certa dificuldade na sua vida. 48 – Porque tem males que vem para o bem. 151 6.3.3. Questões de nível inferencial Se olharmos especificamente para as questões inferenciais, observaremos que, de um total de 270 respostas, 159 (59%) podem ser classificadas como inferenciais, 11 (4%) como literais, 2 (1%) são literais-inferenciais, 53 (20%) apontam apenas para o conhecimento prévio dos alunos e 45 (17%) demonstraram de alguma maneira o não entendimento da questão. Nota-se que o número de respostas literais é bem pequeno em relação ao todo, porém o fato de existirem demonstra que alguns alunos ainda validam sua leitura em um nível literal e por isso buscam as respostas às questões na linearidade do texto lido, mesmo quando a questão não lhes exige isso. Como 59% das respostas acompanharam a exigência da questão de que inferências fossem explicitadas, os problemas que se apresentam aqui são outros: a validação das inferências geradas pelos alunos, as quais, em sua maioria, não estão de acordo com o gabarito do livro didático, e o número considerável de respostas que apenas explicitam a ativação do conhecimento prévio dos alunos. A questão 4 pode ser classificada como de baixo nível inferencial, uma vez que exige o reconhecimento de informações que se encontram no texto, mas não de forma explícita, exigindo mais que a produção de uma paráfrase do que se encontra em nível literal. Questão 4: No terceiro parágrafo do texto, se lê: “Nessa idade [aos 25 anos], não há futuro certo ou incerto, há muito mais: há futuro”. Explique essa afirmação. Gabarito: A autora dá a entender que o jovem não deve se preocupar tanto com o seu futuro (profissional, amoroso, etc., pois tem todo o futuro pela frente. É diferente do idoso, que não tem mais “futuro” porque já está nele. Dentre as 54 respostas dadas, 42 (78%) correspondem às inferências geradas pelos estudantes e apenas a (7%) se encontram na linearidade do texto – um número menor do que o de alunos que não entenderam a questão (8 – 15%). As respostas literais, com exceção de uma que cita um outro trecho do texto (resposta 44), acabam apenas fazendo uma reprodução da frase citada na questão, invertendo a ordem dos elementos ou acrescentando alguma palavra que não altera em nada a frase tal e como se apresenta no texto: 26 – O futuro existe, há um futuro. Mas ele não é certo nem incerto. 36 – Que ali ele estão vivendo o futuro certo ou incerto e o futuro. 152 44 – Você tem 25 anos, não se esqueça disso só minuto, viva sua juventude. As respostas inferenciais, por sua vez, resultam de processos diversos de inferenciação, expressando conclusões completamente diferentes, por isso se torna complicado estabelecer algum tipo de sistematização entre elas, uma vez que poucas são as que revelam algum tipo de raciocínio em comum, como podemos observar nas respostas citadas abaixo: 6 – Que menos que planejemos ou não nosso futuro, sempre haverá um novo dia, um outro amanhã. 7 – Que devemos aproveitar mais esquecer do nosso futuro. 10 – Por que são as escolhas que ele fiser, vai determinar o seu futuro. 13 – porque nessa idade você vai ter futuro se souber viver. 15 – Que não se deve pensar que não vale a pena ou se vale que só precisa viver intensamente pois sim há futuro. 24 – Não há um caminho exato para os jovens seguir apenas há um caminho. 27 – Que você pode sim ter um futuro se tentar, não desistir, abandonar porque dizem que os jovens não tem chance. 34 – Para os jove sempre pensar no hoje. 46 – Ela quer dizer que o futuro somos nóis mesmos que fazemos. Observemos que nenhuma delas corresponde ao gabarito apresentado pelo livro didático, ainda que respondam à questão, e as inferências explicitadas sejam condizentes com as informações apresentadas pelo texto. As questões 5a e 5b apresentam um problema de incoerência entre o que pede o enunciado e o que se apresenta nos gabaritos: Questão 5: No 7º parágrafo, a autora dá uma série de conselhos que normalmente são recriminados nos dias de hoje, como, por exemplo, “Coma um sanduíche bem engordativo, beba um refrigerante não diet”. Levante hipóteses: a) Por que ela recomenda aos jovens comer e beber alimentos como esses? Gabarito: Porque são prazeres que também precisam ser experimentados. Entendendo a natureza processual da leitura, não se pode conceber a geração de hipóteses de leitura após o texto ter sido lido. Estudos em metacognição e leitura já demonstraram que as hipóteses se desenvolvem e se flexibilizam no fluxo do processamento da informação. A formulação de hipóteses exige uma confirmação ou uma negação e consequente flexibilização, através da informação apresentada pelo texto (BOTELHO, 2010; DUNLOSKY e METCALFE, 2009; ISRAEL et al., 2005; 153 PERFECT e SCHAWRTZ, 2002). O que o autor do livro didático chama de hipótese no enunciado da questão, na verdade, pode ser considerada a explicitação de um processo inferencial desenvolvido pelo leitor ou a convocação à realização desse processo por parte do aluno, que pode não haver focado sua leitura no trecho para o qual a questão visa a chamar sua atenção. Além disso, o que se apresenta como resposta pelo gabarito do livro é o reconhecimento de um julgamento de valor desenvolvido por seu autor e não uma orientação ao professor sobre como trabalhar com os processos inferenciais desenvolvidos pelos alunos, que podem ser diversos, como estamos comprovando ao longo dessa análise. Assim, outras “hipóteses” possíveis não são reconhecidas pelo gabarito, o que nega o comando da questão, e não há um trabalho de reflexão com o aluno sobre as inferências que ele gerou e que poderiam ser trabalhadas pela questão. Tais falhas acabam resultando no que podemos ver ao analisar as respostas dadas pelos alunos, uma vez que 44% delas (24 respostas) foram realmente inferenciais e 52% (28 respostas), na verdade, representam a explicitação do conhecimento prévio ativado pelos alunos. Apenas uma resposta (2%) foi deixada em branco. Esses números revelam o caráter essencialmente inferencial da questão, uma vez que não havia nenhum elemento no texto que permitisse sua seleção para a construção de uma possível resposta em nível literal. Por outro lado, também nos revelam o fato de que os alunos não reconhecem as inferências por eles mesmos geradas, nem quando isso lhes é solicitado, e acabam explicitando, em vez do resultado de seu processo inferencial, apenas uma parte dele, que é a ativação de conhecimento prévio. As inferências geradas pelos alunos e explicitadas em suas respostas são de caráter bastante variado e demonstram conclusões diversas, o que, como já dito, parece ser ignorado pelo gabarito do livro. Cabe citar, inclusive, que nenhum dos alunos respondeu de acordo com o gabarito dado pela questão. Observemos também que as respostas essencialmente inferenciais possuem base no mesmo frame construído pelo texto, que é o da juventude em comparação ao da velhice. 3 – Para aproveitar a vida, temos que fazer o que dermos vontade sem lembrar de regimes. 5 – Pois nessa idade temos saúde e na velhice não. 6 – Porque no futuro eles não terão tempo de comer essas porcarias e porque é tudo muito gostoso. 16 – Porque quando se está jovem não precisa de se preocupar com essas coisas. Tem que aproveitar enquanto pode. 35 – Por que na velhice não poderão comer. 154 Quanto às respostas que apontam apenas para o conhecimento prévio dos alunos, podemos verificar que são diversas. Entretanto, apesar da variedade, apontam em sua maioria para questões de saúde e de beleza, o que nos revela também o fato de os alunos estarem expressando parte de seus processos inferenciais, uma vez que são temas tratados no texto e que, possivelmente, permitiram a ativação desse conhecimento por parte deles. Abaixo, citamos apenas algumas das respostas que demonstram os raciocínios elaborados pelos estudantes: 1 – Porque o jovem tem uma neura em se preocupar com o peso, só comer alimentos diet. 10 – Por que os jovens tem muita energia para gastar. 24 – Por que a jovem de hoje só pensam em ficar com um corpo bonito. 42 – Por que o jovem tem muita desposição e é saudável, forte para perde todo prejuizo causado por esses alimentos. A questão 5b se constitui da mesma maneira que a anterior, repetindo os mesmos poblemas: Questão 5b: Provavelmente, o que ela pensa sobre a possibilidade de os jovens realizarem esse desejo décadas mais tarde? Gabarito: No futuro provavelmente terão restrições de saúde que podem impedir certos excessos; logo, a hora de experimentar essas coisas é na juventude. O autor do livro didático complementa a questão anterior com essa, novamente tratando-a como uma questão que exigisse uma formulação de hipóteses. Novamente, o que o autor chama de hipótese é validado no gabarito da questão como o reconhecimento de um julgamento de valor e a avaliação de um conhecimento prévio que pode não formar parte da memória de longo prazo do aluno que está interagindo com a questão. As mesmas críticas levantadas na análise da questão anterior poderiam ser reescritas aqui. Do total de respostas, 25 (46%) são respostas inferenciais, 17 (31%) são explicitação de conhecimento prévio, 2 (4%) são respostas literais e 2 são literaisinferenciais (4%). Além disso, 8 (15%) alunos demonstraram o não entendimento da questão, deixando-a em branco. Cabe também chamar a atenção para o fato de que muitos alunos já responderam essa questão ao focarem seus processos inferenciais, desenvolvidos na questão anterior, na relação entre a saúde do jovem, a saúde do idoso e os alimentos citados no texto. 155 Como respostas literais, temos a seleção de dois trechos diferentes, que podem revelar também um processo inferencial, apontando para o fato de que a autora não seria contra o consumo desses alimentos por pessoas mais velhas. 22 – Ela aconselha que os jovens sejam feliz e viva sua vida. 40 – E respire fundo, muito fundo, pensando em tudo que pode e ainda vai fazer durante muito tempo, isto é, qualquer coisa. As duas respostas literais-inferenciais também apontam para um mesmo processo. Os alunos revelam suas inferências, justificando-as com as informações explicitadas no texto. Atentemos ao fato de que elas apresentam as mesmas ideias reveladas nas respostas anteriores: 21 – Pensa a respeito também aproveitar quando tiver 30, 40, 50... Para que nunca passe pela sua cabeça: “eu não aproveitei a vida”. 43 – Ótimo, como ela disse “e viva, sonhe e seja feliz”. Das respostas inferenciais, mais uma vez, poucas estão de acordo com o gabarito apresentado pelo livro didático, como as citadas abaixo. 6 – Na maioria das vezes, os jovens são impulsivos, então, décadas mais tarde, quando estiverem mais maduros, vão querer manter a forma, ou vão falar que esse tipo de alimento faz mal a saúde... coisas do tipo. 12 – Eles não vão aproveitar, pois quando ficam mais velhos os problemas aumentam, não dá para aproveitar a vida como se tivesse 25 anos. A grande maioria delas não só não está de acordo com o gabarito como revela processos inferenciais muito diferentes, bem como se apresentava na questão anterior, que varia entre a opinião de que a autora considera que isso é uma coisa que não deve acontecer na velhice, e a de que ela achará que assim eles estão mantendo o mesmo espírito de vida dos jovens. 3 – Que eles ainda estão vivendo intensamente. 5 – Ela considera essa ideia não tão boa pois daria a sensação de não ter vivido a sua sua juventude. 11 – E será tarde de mais para curti a vida. 15 – Que possa ser tarde. Que eles devem realizá-los agora e não deixa para depois. 36 – Que é melhor os jovens deixarem pra depois essas preocupações e aproveitar os 25 anos. 45 – Porque só depois de muitos anos, os jovens podem ver o tempo que elas perderam, sem aproveitar a vida. 46 – Ela pensa que aproveitando a vida o máximo que pudermos, não teremos arrependimentos mais tarde. 156 Se observarmos as respostas que apenas explicitam a ativação de conhecimentos prévios, podemos verificar que os mesmos frames expressos nas respostas inferenciais são representados na maioria delas, como os de saúde e de beleza em articulação ao frame de velhice: 1 – Mais tarde, consumindo esses alimentos, eles terão que se preocupar com o peso e a saúde, com motivos. 9 – A mesma coisa, mas com disposição diferente. 14 – Que causará algum problema de saúde. 41 – Eles não poderão pois estraram velhos e terão que cuidar ainda mais da saúde. A questão 6a pede que o aluno estabeleça um julgamento sobre a fala da autora, o que a classificaria como uma “response item”, sendo essencialmente uma questão inferencial. Questão 6: No 8º parágrafo são citados alguns acontecimentos que deixariam qualquer pessoa triste: “O dinheiro está curto, o namorado sumiu, a melhor amiga fez uma falseta”. a) Os conselhos dados pela autora para problemas desse tipo revelam uma visão otimista ou pessimista da vida? Por quê? Gabarito: Uma visão otimista, pois considera que o mais importante é ser jovem e estar bem, o resto se arranja com o tempo. Para respondê-la é preciso que o aluno mescle a sua concepção do que é ter uma visão otimista sobre a vida ao que a autora expressa não só no trecho citado, mas ao longo de todo o texto. Entretanto, o gabarito da questão, ao apenas apontar para ideias escritas pela autora do texto, mesmo mantendo-se em um nível inferencial, acaba ignorando o saber do aluno nesse processo e buscando a justificativa para o raciocínio desenvolvido em um nível mais próximo do literal do que do inferencial. Para essa questão, 3 respostas (6%) se mantiveram em um nível literal de leitura, 32 (59%) delas revelam inferências geradas pelos alunos, 8 (15%) correspondem apenas à ativação de conhecimento prévio e 11 (20%) respostas estão em branco ou não apresentam alguma justificativa para a opção escolhida. As respostas literais foram assim consideradas por que os alunos buscaram a justificativa de seu julgamento apenas nas informações trazidas pelo texto. Interessante observar que existe um apontamento nelas para inferências que foram geradas pelos alunos. Porém, como eles se aferram a partes do texto para estabelecer o seu julgamento, estamos considerando-as como um apontamento para uma valorização excessiva do nível literal de leitura. 157 31 – Pessimista. Porque ela está lembrando fatos ruins de uma pessoas. 38 – Pessimista. Porque aconteceu tudo de ruim. 43 – Pessimista, porque ela fala de coisas tristes que acontecem. Entre as respostas inferenciais, a maior parte expressa um tipo de raciocínio semelhante entre si, indicando que a visão da autora é otimista, pois ela acreditaria que os problemas devem ser deixados de lado e a vida deve ser aproveitada de uma maneira feliz. 6 – Otimista. Bola pra frente, a vida é curta demais pra nos preocuparnos com essas tristezas não acha. Curtir a vida é mil vezes melhor. 12 – Otimista, porque ela nos mostra que sempre tem uma solução pra nossos problemas e que depois ficará tudo bem. 26 – Otimista. Porque tudo tem uma solução. 30 – Otimista. Porque faz a pessoa pensar que isso não é tudo ruim. 41 – Otimista. Porque ela vê o lado bom das coisas e pensa que tem coisas muito melhor por vir. Apenas dois alunos consideram que a autora possui uma visão pessimista, também derivada de processos inferenciais: 46 – Pessimista. Porque por mais que o dinheiro venha depois e um novo amor também e uma nova amizade se conquista são situações difíceis. 49 – Pessimista da vida. Porque ela já passou por esses momentos e fica se lembrando deles. Entre as respostas que apenas explicitam conhecimentos prévios, apenas duas opinam que a autora tem uma visão pessimista. A maioria também acredita que a visão da autora é otimista, e as justificativas dadas são diversas. Nenhuma delas olha para a autora e revela um julgamento dos alunos sobre o que ela diz. Mais uma vez, observa-se que as respostas ativam os mesmos frames ativados pelo texto, o que nos mostra que essas respostas não seguem um raciocínio aleatório, desvinculado por completo da superfície textual. 3 – Otimista. Porque não importa o que aconteça sempre podemos dar a volta por cima e fazer tudo diferente, vivendo a vida em versos e inversos. 19 – Otimista. Dinheiro é sempre bom, mais o que tem que te fazer feliz é a vida amigas falsas sempre vai existe e namorado arranja outro. 23 – Otimista porque tudo na vida para conseguir tem que querer, se esforçar como dinheiro e trabalho, namorada. Ex: festas, arrumar amigos, msn, orkut. 158 40 – Pessimista. Porque quando uma pessoa arruma um namorado isso quer dizer que é para ter muito cuidado senão dar problema. A questão 6b pode ser considerada uma questão genuinamente de alto nível inferencial, uma vez que para ser respondida é preciso que o aluno busque a articulação entre seu conhecimento prévio e as informações que o texto oferece em sua linearidade. Assim, dessa mescla, o sentido que o leitor dá à citação escolhida pelo autor do livro didático é gerado e explicitado em sua resposta. Questão 6b: Em relação à afirmação “tenha a consciência de que não existem diamantes nem rubis que façam alguém mais feliz do que sensação de mergulhar no mar”, o que representam os diamantes e rubis? E o mar? Gabarito: Diamantes e rubis representam bens materiais; o mar representa o encontro do homem com a natureza e consigo mesmo. Logo, para a autora, o jovem não deve se apegar demais aos bens materiais. Entretanto, observando-se o gabarito do livro didático, percebemos que apenas uma das leituras possíveis é validada, desconsiderando-se outras inferências que poderiam ser geradas. Além disso, não se exige a explicitação dessa articulação necessária entre texto e conhecimento prévio - o que também não foi proporcionado pelo próprio enunciado da questão, uma vez que ele não guia o aluno a construir seu raciocínio e explicitar suas conclusões. As respostas dadas pelos estudantes confirmam essas hipóteses, sendo 36 (67%) delas inferenciais, apenas 1 (2%) é literal e 17 (33%) ficaram em branco ou expressaram o não entendimento da questão. O único aluno que deu uma resposta literal buscou na própria construção apresentada no enunciado a solução para a questão: 24 – os diamantes e os rubis representam o mar As respostas inferenciais, em sua maioria, concordam com o gabarito do livro ao considerarem que os rubis representam bens materiais, dinheiro etc. Entretanto, o sentido dado ao “mar” não foi o mesmo em todas as respostas, variando em quase todas elas, ainda que em um pequeno grupo coincidam entre “alegria” e “vida”. 1 – Os diamantes e rubis representam a riqueza, o dinheiro. O mergulho no mar representa as coisas simples da vida. 9 – Diamantes e rubis é material é felicidade passageira já a sensação de mergulhar no mar é inesplicável. 14 – Os diamantes e os rubis é o dinheiro e os amores e amigos o mar é a vida. 38 – Os diamantes e rubis representão dinheiro e o mar representa o amor. 159 41 – Dinheiro, carros, bens materiais. O mar é uma coisa que ninguém pode ter pra ele mas assim mesmo ele pode desfrutar. 52 – A riqueza e o que o dinheiro pode fazer na vida de alguém. No mundo, na juventude, na vida. Entretanto, outras inferências sobre o significado dos diamantes e rubis também foram geradas. Observa-se que todas tem o respaldo do texto, não ignorando as informações apresentadas em sua linearidade. Entretanto, não condizendo com o que o gabarito do livro apresenta como resposta, muito provavelmente, seriam consideradas erradas. 13 – os diamantes e rubis são as besteiras da vida e o mar é a vida para você mergulhar nela para ser feliz. 19 – Pessoas, a vida. 26 – Representão coisas ruins. E o mar é a sensação boa de 25 anos e ser feliz. 51 – tudo de ruim, menos o mar porque la ela vai leve. Assim, de forma geral, podemos dizer que essa atividade não apresenta uma alta qualidade em relação ao desenvolvimento de processos cognitivos e estratégias metacognitivas por parte dos alunos. A atividade parece apresentar ainda uma concepção de leitura como produto e não como processo, exigindo do aluno que aponte em suas respostas significados que estariam depositados no texto. Apresenta-se um grande número de questões literais e de baixo nível inferencial, e mesmo as questões inferenciais não trabalham com boa qualidade os processos inferenciais desenvolvidos pelos alunos, visto que muitas vezes se transformam em questões de validação de um significado que foi construído pelo autor do livro didático, mas não corresponde ao que os alunos construíram. 6.4. Atividade 2 – Com que corpo eu vou, do livro Português – Projeto Radix Das questões elaboradas pelos autores do livro didático, apenas uma foi descartada (questão 2), pelo não entendimento de todos os alunos do que era proposto pela questão. Das consideradas analisáveis, as seis primeiras – levando-se em conta a divisão em sub-itens – exigem, de alguma maneira, a leitura do texto, sendo duas de nível literal (questões 4a, 4d) e quatro de nível inferencial (1, 3, 4b, 4c). As outras seis questões sequer exigem uma leitura do texto, sendo classificadas como questões de ativação de conhecimento prévio (5, 6, 7, 8a, 8b, 8c), o que se revela, inclusive, no gabarito Resposta Pessoal, apresentado pelo livro para todas elas. 160 Foram aplicados 42 questionários em duas turmas de duas escolas diferentes. De um total de 504 respostas conseguidas para as doze questões aplicadas, 116 (23%) podem ser classificadas como inferenciais, enquanto que apenas 53 (11%) respostas puderam ser classificadas como literais. Mais uma vez, é possível observar um grande número de inferências geradas pelos alunos e ativadas, mesmo quando as questões não lhes solicitavam que o fizessem. O número de respostas literais, ainda que pequeno – 9% das respostas -, também não pode ser descartado, por ser um comportamento cognitivo revelador de um padrão que foi adquirido, como já dito anteriormente, ao longo dos anos de escolaridade desses alunos. Abaixo, apresentamos um quadro-resumo dos resultados alcançados e a análise detalhada se encontra a seguir: Tipos de Questões Literais Literal LiteralInferencial Respostas dos alunos Conhecimento Inferencial Prévio Branco, etc. Total 4a 4d 16 12 38% 29% 0 0 0% 0% 9 19 21% 45% 0 0 0% 0% 17 11 40% 26% 42 42 Total 28 33% 0 0% 28 33% 0 0% 28 33% 84 Inferenciais Literal LiteralInferencial Inferencial Conhecimento Prévio Branco, etc. Total 1 3 4 6 10% 14% 0 0 0% 0% 32 20 76% 48% 0 0 0% 0% 6 16 14% 38% 42 42 4b 4c 8 5 19% 12% 0 0 0% 0% 20 16 48% 38% 0 0 0% 0% 14 21 33% 50% 42 42 Total 23 14% 0 0% 88 52% 0 0% 57 34% 168 Conhecimento Prévio Literal LiteralInferencial Inferencial Conhecimento Branco, Prévio etc. Total 5 6 7 8a 8b 8c 0 0 0 2 0 0 0% 0% 0% 5% 0% 0% 0 0 0 0 0 0 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0 0 0 0 0 0 0% 0% 0% 0% 0% 0% 38 23 24 28 34 39 90% 55% 57% 67% 81% 93% 4 19 18 12 8 3 10% 45% 43% 29% 19% 7% 42 42 42 42 42 42 Total 2 1% 0 0% 0 0% 186 74% 64 25% 252 Total 53 11% 0 0% 116 23% 186 37% 149 30% 504 Tabela 2 - Resultados da análise da atividade Com que corpo eu vou? 161 Nesta atividade, encontramos dois dados especialmente interessantes: o grande número de respostas que apenas apontam para a ativação de conhecimentos prévios – 186 (37%), ao todo -, e o considerável número de respostas que indicam, de alguma maneira, o não entendimento das questões apresentadas pelo livro didático – 149 (30%), ao todo. Tais números acabam por revelar também a baixa qualidade das questões apresentadas pelo material didático, uma vez que quase a metade delas nem sequer exige a leitura do texto, como veremos mais à frente, e que há algumas questões cujo objetivo sequer pode ser compreendido. 6.4.1. Questões de nível literal Observando as respostas dadas pelos alunos às questões literais propostas pelo livro didático, notamos uma situação muito peculiar, pela igualdade de número de respostas literais e inferenciais. De um total de 84 respostas dadas, 28 (33%) podem ser classificadas como inferenciais, e 28 (33%) como literais. Um alto número de respostas – 28 (33%), ao todo – apontam para o provável não entendimento da questão. Nessa atividade, tem-se, portanto, mais uma vez, um dado muito interessante, que é a grande presença de respostas inferenciais para questões que pediam que os alunos observassem apenas a linearidade do texto. Os números comprovam mais uma vez a geração de inferências como processo básico de significação e o fato de um número relevante de estudantes não conseguirem diferenciar suas inferências de informações explicitadas no texto, quando isso lhes é solicitado. A classificação de algumas questões se tornou difícil por conta da falta de precisão de seu enunciado, como é o caso das questões 4a e 4b. Questão 4: Releia a sequência de períodos iniciados por não, no terceiro parágrafo. a) Eles remetem a quê? Gabarito: Remetem ao final do segundo parágrafo. Estamos classificando essa questão como uma questão de nível literal, pois, segundo o gabarito apresentado, a questão visa a que o aluno localize no próprio texto a que trecho a sequência de períodos citados fazem referencia. Por isso, entendemos que se trata de uma simples questão de localização que, a princípio, poderia dar suporte a questões inferenciais posteriores. Entretanto, cabe lembrar que é uma questão que, por sua falta de precisão, propicia um alto grau de respostas inferenciais. 162 Por conta disso, 17 alunos (40%) deixaram a questão em branco e apenas 12 (29%) deram alguma resposta baseada em um nível linear de leitura. As outras 13 respostas (31%) correspondem, então, à explicitação de alguma inferência gerada pelos alunos. Classificamos como respostas literais todas aquelas que apontam elementos que estivessem explícitos no texto. A maioria das respostas classificadas como literais indicaram que a sequência de períodos remetem ao “corpo” – o foco do texto e outras selecionam expressões citadas no texto. 1 – Se refere ao corpo. 4 – Elas remetem aos corpos que por exemplos apresentam a vida pulsante e biológica. 9 – Ao corpo que você está uzando. 14 – a si próprio 15 – Ao amor próprio. 32 – O corpo. Entre as respostas inferenciais, algumas apontam para possíveis elementos aos quais os períodos remetem, e outras apontam para ideias às quais eles estariam remetendo: 10 – A afirmação de que você usa o corpo. Para vender uma mercadoria o corpo serve como uma vitrine. 11 – Remetem as condições que o corpo tem de fazer uma pessoa feliz. 18 – Que cuidar da imagem do corpo é tudo. 24 – Não é para representar o corpo é fundamental. 27 – Ao que os homem já é e faz com o corpo. 31 – Beleza e vaidade. Todas partem de frames construídos pelo texto e revelam a integração que os alunos fizeram com o conhecimento que já possuíam. É interessante observar que nenhuma das respostas dadas, nem literais, nem inferenciais, correspondem ao gabarito dado pelo livro didático, o que mais uma vez podemos atribuir à problemática construção de seu enunciado. Quanto à questão 4d, mais uma vez encontramos uma questão de nível literal que, entretanto, propicia um alto grau de explicitação de inferências geradas. Questão 4d: Em que consiste a importância do corpo para ela? Gabarito: A importância do corpo está justamente no fato de ser a “sede pulsante da vida biológica”, de constituir uma “vasta superfície sensível ao prazer do toque”, de proporcionar prazer pela troca que podemos efetuar com o mundo por meio dele, de despertar o desejo ou o amor de alguém. Ou seja: ela quer transmitir exatamente o contrário do que afirma por meio dos períodos assim construídos nesse parágrafo. 163 Sua classificação como questão literal se justifica, principalmente, se observarmos o gabarito apresentado pelo livro, o qual descreve a importância do corpo para a autora selecionando trechos do texto e apresentando-os como aparecem explicitamente no texto ou por meio de paráfrases. Porém, acreditamos que, por sua estruturação, a questão propicia um alto nível de geração de inferências uma vez que, da maneira como está apresentada, o aluno pode entender que ela exige um julgamento do texto lido. As respostas dadas pelos alunos confirmam isso, pois, do total de 42 respostas dadas, 19 (45%) apresentaram a expressão de um raciocínio inferencial e 12 (29%) selecionaram alguma informação apresentada explicitamente no texto. Além dessas, outras 11 (26%) respostas ficaram em branco. Entre as respostas literais, apresentam-se seleções de diversos trechos apresentados no texto. Não há uma uniformidade entre os trechos selecionados, o que revela o potencial inferencial da questão, uma vez que a sua resposta não se encontra facilmente encontrável na linearidade do texto. Para a formulação do gabarito, os autores selecionaram determinados trechos, que não necessariamente foram selecionados pelos alunos: 2 – Vai determinar sua felicidade não por despertar o desejo ou o amor de alguém. 6 – É um escravo que submetemos a grandes sacrifícios. 13 – É a 1ª condição pra que você seje feliz. 20 – O objeto privilegiado de seu amor próprio, a auto-estima. 27 – A imagem que você apresenta. Entre as respostas inferenciais, algumas definem qual seria, segundo a perspectiva dos alunos, a função do corpo para a autora, outras remetem a uma possível definição de corpo a partir do que a autora expõe no texto, e outras mais representam algum tipo de inferência gerada pelo todo do texto e suscitada pela questão, mas que não a responde diretamente: 3 – O corpo é apenas uma imagem para os outros que cada dia mais é importante para os outros. 4 – Consiste que ela acha o nosso corpo uma mercadoria (mas e só o que ela escreve) porque na verdade ela só tá querendo abrir os olhos de todos, mas na verdade ela acha o corpo muito importante. 17 – Para você conquistar bens materiais. 18 – Porque se ela estiver com o corpo bom do jeito que ela quer e gosta a auto-estima dela também vai está bom. 21 – Consiste em alegria, felicidade com o corpo que tem. 22 – Consiste na felicidade de poder ser bem vista pelas pessoas. 164 33 – A nossa imagem e a exposição a vida social. 38 – E muita das vezes as pessoas usam o corpo para chamar a atenção. Apesar de essas respostas não selecionarem trechos do texto, elas apontam para elementos que estão muito próximos de um nível literal. Assim, pode-se observar que, apesar de os alunos explicitarem algumas inferências, eles ainda tentam buscar na superfície textual a comprovação desse raciocínio influenciados, talvez, pela construção do enunciado. 6.4.2. Questões de nível inferencial Quanto às questões que exigiam a explicitação de processos inferenciais em suas respostas, podemos observar que de um total de 168 respostas, 88 (52%) apontam para inferências geradas pelos estudantes e 23 (14%) respostas assumem uma perspectiva literal sobre o texto lido, não diferenciando os níveis em que sua leitura pode se apresentar. Além disso, 57 (34%) revelam, de alguma maneira, o não entendimento das questões aplicadas. Mais uma vez, destaca-se o alto nível de incompreensão das questões propostas, o que nos chama a atenção para o problema das questões malformuladas e sem objetivos claros, o que impede uma melhor interação dos alunos com elas. A atividade inicia com essa questão inferencial, que exige que o aluno ative o conhecimento prévio que possui sobre a palavra corpo e o integre ao título do texto para ser respondida: Questão 1: Explique a estranheza que o título “Com que corpo eu vou?” causa à primeira vista. Gabarito: A estranheza está no uso da palavra “corpo”; não temos mais de um para escolher com qual ir a determinado lugar. Professor(a): informe aos alunos que a frase faz referência à canção popular “Com que roupa”, de Noel Rosa. De certa forma, ela também pode ser uma retomada das hipóteses que o aluno criaria sobre o texto a partir de seu título. Entretanto, após a leitura de todo o texto essas hipóteses já devem ter sido desfeitas e refeitas. Salientamos mais uma vez o fato de que pedir para que o aluno construa hipóteses de leitura depois do texto lido é um equívoco teórico que comprova a falta de rigor nos critérios de elaboração de atividades de leitura em livros didáticos de língua portuguesa. Entretanto, consideramos que seria uma 165 questão de alto nível inferencial e que propiciasse uma série de inferências, inclusive, algumas não previstas pelo gabarito do livro. Do total de 42 respostas dadas, 4 (10%) buscaram na linearidade do texto a sua comprovação, apenas 6 (14%) ficaram em branco e todas as outras (32 respostas – 76%) expressaram resultados de processos inferenciais. As respostas literais selecionam diferentes trechos do texto que não respondem à questão: 4 – Causa que só lendo o texto já deu a impressão de que com que corpo eu vou quis dizer causar também que nosso corpo não é supervalorização e até as vezes tomado como mercadoria. 8 – O corpo é ao mesmo tempo o principal objeto de investimento do amor narcísico e a imagem oferecida aos outros. 22 – Que corpo que você veste 40 – É como a pessoa se cuida do corpo-imagem. Em relação às respostas inferenciais, podemos observar que as inferências explicitadas não foram as mesmas em todas as respostas. Alguns alunos deram respostas compatíveis ao gabarito e explicaram o fato de que temos apenas um corpo, mas o título daria a opção de escolha entre corpos diferentes, como se tivéssemos mais de um: 3 - Porque você só tem um corpo, ninguém tem mais de um. 11 – Como assim “com que corpo eu vou” pelo que todos nós sabemos cada ser possui apenas um corpo. 13 – Á primeira vista do a entender que a pessoa tem muitos corpos. 25 – Parece que a pessoa tem outros corpos. 38 – Dá uma impressão de troca de corpo, ou seja, de que a pessoa tem vários corpos. Outro grupo de alunos focou em uma possível relação entre corpo e roupa, uma vez que podemos trocar de roupa e de não de corpo, e talvez por conta da música de Noel Rosa, que, apesar do pedido pelo livro didático, não foi citada na aplicação da atividade: 12 – É estranho porque não dá para você trocar de corpo normalmente a pessoa fica em dúvida com a roupa. 15 – Da a entender que alguém está trocando de corpo como se fosse roupa tentando escolher a melhor para usar. 30 – Parece que o corpo é como as roupas, que podemos trocar quando nos queremos. Alguns alunos também consideraram que o título remeteria a temas de religião, espiritismo, etc., buscando, assim, uma episteme na qual o ato de trocar de corpo seria possível. 166 7 – E muito estranho, a primeira vista parece ser um texto religioso. 16 – Quando li, achei que era um texto de espiritismo. 34 – Que quando morremos vamos com que corpo. Além desses, a maior parte dos alunos tentou dar um sentido ao título, explicando-o de uma maneira que possibilitaria a troca de corpos, ainda que metaforicamente falando. 8 – De que forma eu vou. É a forma de você sinta mais feliz com a sua origem. 17 – Que você dependendo do lugar onde vai, está de um jeito diferente, nunca ela mesma. 18 – Explica que corpo nós vamos ficar depois da adolescência. 22 – Que as pessoas se escondem atrás de seus corpos tentando ser coisas das quais não são. 35 – Como você deve se apresentar. A terceira questão da atividade exige, para ser respondida, além da geração de inferências, um julgamento por parte do aluno sobre o texto lido, o que a classificaria como uma questão do tipo response item. Questão 3: Explique a ironia presente nos primeiros parágrafos do texto. (ironia: figura de liguagem usada quando se diz o contrário do que se deseja efetivamente exprimir). Gabarito: A autora ironiza a supervalorização do corpo e a ilusão das pessoas que acreditam ascender socialmente, encontrar oportunidade de trabalho ou a felicidade investindo exclusivamente na imagem. Entretanto, podemos destacar dois problemas essenciais em sua formulação. Primeiro, a consideração de que obrigatoriamente o aluno perceber a ironia do texto, o que depende de uma série de fatores não previsíveis. Segundo, a pergunta guia o aluno na explicitação de seu raciocínio, avaliando apenas sua capacidade em fazê-lo de acordo com o que o gabarito apresenta, não prevendo a possibilidade de que outras inferências sejam geradas. Para essa questão, apenas 6 respostas (14%) se mantiveram em um nível literal, 20 outras (48%) expressaram o resultado de processos inferenciais e 16 (38%) das respostas ficaram em branco. O alto nível de respostas em branco nos chama a atenção mais uma vez para a má formulação da questão, pelos problemas citados anteriormente, que dificultam a realização da tarefa pelo aluno. Talvez mesmo por essa dificuldade, e pelo padrão instituído pela escola, alguns alunos tenham buscado na linearidade do texto possibilidades de resposta para a questão: 7 – Porque pergunta que corpo você está usando ultimamente. 167 9 – Que corpo está representando você no mercado das trocas imaginárias. 13 – Quer dizer que não está imagem boa para corpo tem oferecido ao olhar alheio. 18 – Que no 1º parágrafo fala que o corpo que você tem vai dizer o que você é. 30 – Que corpo você tá usando ultimamente... Que corpo tem representado você no mercado das trocas imaginárias. De certa forma, as respostas inferenciais dadas a essa questão, muito por conta da fragilidade de seu enunciado, retomam as inferências e a estruturação das respostas da 1ª questão. Alguns alunos apontaram que iriam explicar a ironia, porém, na verdade, apenas pontuam o que a autora, na visão deles, tentou expressar com as frases dos primeiros parágrafos do texto. É interessante notar que o próprio gabarito da questão faz isso, uma vez que ele não explica propriamente a ironia que se apresentaria nos primeiros parágrafos do texto, explicando apenas, sob o ponto de vista do autor do livro, o que a autora expressou por meio de seu texto. 1 – A ironia é que eles falam de usar um corpo como se fosse uma roupa coisa que possamos trocar diariamente. 5 – A ironia é com que corpo você está, com que cara você está hoje se não for a sua própria pessoa não adianta em nada. 22 – A ironia é que ele fala que as pessoas fazem de tudo para serem bem vistas por outras pessoas. 37 – Essa ironia quis comparar o corpo a roupas como se pudessimos trocar. Alguns alunos expressaram inferências sobre qual seria a visão da autora sobre o corpo e outros expressaram a visão que eles construíram sobre o corpo ao interagirem com o texto lido. Na verdade, fica muito difícil controlar quem fez o quê, uma vez que, como já pudemos notar, os alunos não têm o controle desse processo, confundindo as informações do texto com as informações inferidas. Muitas vezes, essa confusão acaba dificultando, ao desenvolverem suas respostas, a expressão das inferências por eles geradas. 10 – O corpo que você está usando, que mudanças você já fez. 11 – Ele quer fazer uma crítica ao modo como as pessoas tratam seu próprio corpo. 16 – Está querendo dizer (o texto) que não é o corpo natural mas sim o corpo que você constrói nas academias, plásticas, etc. 31 – E corpo você apresenta a sociedade gorda, magra ou sexy sensual. 36 – A autora não quer dizer exatamente “o corpo que usamos”, mas sim o corpo que queremos que o povo veja, queremos ter um corpo bonito para todos apreciarem. 168 40 – É como você está indo para a sociedade. Na questão 4b, encontramos o mesmo problema já encontrado em outras questões dessa atividade, uma vez que ela também se constrói de uma forma extremamente vaga, o que impede, inclusive, uma fácil classificação. Questão 4b: O que a autora exprime nesse momento? Gabarito: Trata-se de uma oposição ao que foi exposto anteriormente. Optamos por classificá-la também como uma questão de nível inferencial, pois, para que o aluno a respondesse corretamente, segundo o gabarito, ele teria que perceber que os períodos iniciados por “não” expressam uma noção de oposição aos anteriores. Entretanto, observemos que não é isso que o enunciado pede. Observando-se apenas o texto do enunciado, podemos afirmar que ela exigiria a localização de informações explícitas do texto, por meio de uma retomada das palavras da autora. Entretanto, acreditamos que, justamente pela falta de precisão desse enunciado, a questão propiciaria também a explicitação de inferências geradas pelos alunos. Assim, pode-se notar que 20 respostas (48%) revelam processos inferenciais, 8 respostas (19%) recorrem a uma leitura literal e novamente um alto número de respostas em branco se apresenta – 14 respostas (33%). Acreditamos que as razões sejam as mesmas explicitadas na análise da questão anterior. As respostas literais representam a seleção de trechos do texto ou uma espécie de resumo dos períodos salientados no enunciado da questão. 4 – Exprime que o corpo possui uma casca, superfície sensível ao prazer do toque da pele, esse indivíduo tenso que protege o trabalho dos órgãos. 9 – Não porque ele seja o corpo, a sede pulsante da vida biológica. 17 – Que o corpo é a sede pulsante da vida biológica. 13 – Não porque seja o corpo a sede pulsante da vida biológica não porque passa isso uma vasta superfície sensível ao prazer do toque. As respostas inferenciais expressam inferências globais geradas pelos estudantes como uma espécie de resumo do que foi conceptualizado por eles após a leitura do texto, e acabam por revelar o que os alunos selecionaram do texto e mesclaram ao seu conhecimento prévio. Por isso, apresentam um caráter muito diferenciado, ainda que quase todas se refiram ao corpo de alguma maneira, com exceção de duas (respostas 1 e 11). 3 – Um desprezo pelo corpo. 8 – Que o corpo você veste do jeito que você quer 169 11 – Que o que realmente nos deveria fazer feliz, não buscamos para nós mesmos. 14 – De indignação a sua aparência. 18 – Tem que cuidar do corpo como se cuida da saúde. 22 – Que as pessoas tentam ficar melhores não para si mesmas mais para outras pessoas. 24 – O corpo é muito bom para sua aparência. 36 – Que o corpo é muito importante, mas protege e nos beneficia de muitas formas. 39 – A vontade de todos quererem um corpo perfeito. 41 – Que é importante o cuidado com o corpo, mas que não é a coisa mais importante da vida. Observemos que todas as respostas poderiam sugerir que são apenas ativações de conhecimento que os alunos já possuiriam antes mesmo da leitura do texto. Porém, vejamos que os frames que elas ativam são os mesmos apontados no texto. Nesse sentido, os alunos poderiam citar muitas coisas sobre o corpo; o fato de eles se aterem a frames apontados pelo texto nos revela que são inferências sim, e de qualidade. Porém, nenhuma delas é respaldada pelo gabarito do livro didático. Questão 4c: Que efeito a autora obtém iniciando os períodos dessa forma? Gabarito: Com a estrutura iniciada pelo advérbio não, a autora se posiciona enfaticamente diante dos irônicos questionamentos e das afirmações com que inicia o texto. A análise dessa questão pode se dar sob os mesmos critérios destacados na análise já feita da questão 4b. A falta de precisão da questão prejudica inclusive nossa categorização, uma vez que não há um objetivo específico claro que a questão busca alcançar. Assim, as respostas dadas pelos alunos também são dificultadas, uma vez que não é simples compreender a que expectativas eles devem atender. Como comprovação dessa dificuldade, temos que, do total de respostas, 21 (50%) ficaram em branco ou revelaram um não entendimento, apenas 16 (38%) revelam algum tipo de processo inferencial e 5 (12%) se mantém em um nível literal de leitura. Como respostas literais, estamos entendendo aquelas que apontam para algum elemento que se encontra explícito no texto, ainda que por meio de paráfrases e as que simplesmente dizem que há um efeito de negação, uma vez que a ênfase na palavra “não” dada pelo enunciado da questão e a sua presença constante no trecho do texto assinalado permite essa conclusão em um nível linear de leitura. 2 – vai determinar sua felicidade não por despertar o desejo ou o amor de alguém. 13 – efeito de negação 170 27 – Mostrando tudo que ele tem e proporciona. As respostas inferenciais, bem como as dadas à questão 4b, também são de natureza muito diversa, uma vez que a falta de precisão da questão permitiu a expressão de inferências globais que resumem o que os alunos selecionaram do texto lido e mesclaram ao conhecimento prévio que já tinham sobre o tema. Porém, mais uma vez tais respostas foram negadas pelo gabarito. 1- Negar esse geito de levar a vida. 4 – Tem o efeito de mostrar e falar o que é realmente o e verdade e o que acontece com o nosso corpo. 9 – Para nos motivar a pensar no nosso futuro. 10 – uma negatividade, uma discordância como as pessoas são vistas na sociedade. 16 – Quis dizer que não são por esses motivos mas sim por outros. 21 – Para algumas pessoas que leu o texto e se sentiu ofendida. 40 – Contra a sociedade 6.4.3. Questões de ativação de conhecimento prévio Em relação às questões que buscam apenas à ativação de conhecimentos prévios (quase metade delas), 186 (74%) respostas dadas pelos estudantes correspondem ao que a questão esperava, no sentido de explicitarem o resultado dessa ativação e 64 (25%) respostas apontam para o não entendimento completo ou em parte das questões. Tais números revelam o próprio caráter confuso desses enunciados, que, ao não apontarem para o texto lido, mostram-se sem objetivos dentro da proposta apresentada, o que, por consequência, dificulta o entendimento das questões pelos alunos. Questão 5: Releia:“O corpo-imagem que você apresenta ao espelho da sociedade vai determinar sua felicidade não por despertar o desejo ou o amor de alguém, mas por constituir o objeto privilegiado do seu amor-próprio” [...]. em sua opinião, essa felicidade é segura e duradoura? Por quê? Gabarito: Resposta pessoal Questão 6: A cultura do narcisismo é a cultura do apego excessivo ao eu, é a autoestima levada ao extremo. Em sua opinião, essa cultura deixa vazios na formação da pessoa? Quais? Gabarito: Resposta pessoal Questão 7: Comente e tendência de o corpo e a imagem, construídos à custa de muito investimento, serem os principais fatores para a “aceitação e inclusão social” em alguns meios. Gabarito: Resposta pessoal Questão 8: Releia: “O corpo é um escravo que devemos submeter à rigorosa disciplina da indústria da forma (enganosamente chamada de indústria da saúde)” [...]. 171 a) “Chamada indústria da saúde” por quem? Quem tem interesse em enganar os consumidores? Gabarito: Assim chamada por todos que lucram com a tal “indústria”: academias, produtores de cosméticos, de medicamentos, de aparelhos de ginástica e de todo o aparato utilizado para modelar corpos. b) Na sua opinião, se a “indústria da saúde” é enganosa, ela pode oferecer perigos? Quais? Gabarito: Resposta Pessoal. (Na ânsia de conseguir melhores resultados, muitas pessoas buscam cada vez mais ultrapassar os próprios limites, cometendo excessos prejudiciais à saúde. Outros aderem ao uso de hormônios e anabolizantes). c) O que significa ter saúde para você? Gabarito: Resposta pessoal Como não se trata de questões propriamente de leitura, uma vez que o texto acaba por funcionar, nestes casos, simplesmente como um pretexto para a discussão de ideias e sua leitura não é considerada nessa discussão, optamos por não analisarmos as respostas dadas pelos alunos ao interagirem com elas. Em nenhuma resposta dada pelos alunos, fica explícita uma possível relação entre o texto lido e o seu conhecimento prévio apesar de algumas apresentarem algum indício dessa relação. Como as próprias questões não apontam para o texto, não podemos afirmar com total certeza que não foram expressos resultados de processos inferenciais nessas respostas, porém é possível notar que há um direcionamento, dado pelas respostas analisadas, nesse sentido, para que cheguemos a essa conclusão. Assim, deixamos a análise das respostas dadas para essas questões para estudos mais focados especificamente no papel do conhecimento prévio no processamento do texto. De todas as atividades analisadas, essa é a de mais baixa qualidade, visto que a maior parte das questões propostas não auxilia o aluno na leitura do texto - ao contrário, acaba ignorando a própria presença do texto. Das poucas que trabalham com uma leitura efetiva do texto, temos algumas boas questões inferenciais, mas que reproduzem o mesmo erro apresentado em outros livros didáticos: a negação dos processos desenvolvidos pelos alunos ou a aceitação completa de qualquer resposta dada. Assim, não vemos também nesta atividade um auxílio ao aluno para seu desenvolvimento como um leitor maduro, que pensa e reflete sobre suas estratégias de leitura e sobre os significados que constrói em interação com o texto. 172 6.5. Atividade 3 – Geração Tipo Assim, do livro Português – Uma proposta para o letramento É interessante observar, como veremos mais adiante, que ao longo das questões propostas, além de apresentar o gabarito para as questões, a autora vai explicando aos professores que utilizarão o livro didático os objetivos das questões propostas, algo que não ocorre nos outros livros analisados. Também levaremos essas observações em consideração ao analisarmos as respostas dadas pelos alunos. O questionário foi aplicado com 57 estudantes de duas turmas de duas escolas diferentes. Das questões elaboradas pela autora do livro, foram descartadas oito questões, levando-se em conta os sub-itens, que partem do texto para uma reflexão metalinguística e, portanto, não necessariamente exigem sua leitura, e uma questão de múltipla escolha. Do total de questões consideradas analisáveis, seis foram classificadas como de nível literal, todas elas apontadas pela própria autora do livro didático como pontes para questões inferenciais, as quais, por sua vez, correspondem a um total de sete questões. Uma questão foi formulada de forma a exigir uma resposta literal e uma resposta inferencial, e outras quatro foram classificadas como questões de ativação de conhecimento prévio. De um total de 1026 respostas analisadas, apenas 98 (10 %) correspondem essencialmente à explicitação de processos inferenciais, 320 (31%) apontam para a linearidade do texto lido, 15 respostas (1%) expressam em parte a geração de inferências e em parte a seleção de trechos do texto e 357 (35%) correspondem à explicitação de conhecimentos prévios. Além disso, há um número bem grande de respostas – 235 (23%) – que expressam, de alguma maneira, o não entendimento das questões elaboradas pela autora, principalmente, em questões inferenciais, como veremos mais adiante. Abaixo, apresentamos um quadro-resumo dos resultados alcançados e a análise detalhada se encontra a seguir: 173 Tipos de Questões Literais 1a 1b 2 4a 5a 6a Literal 57 100% 51 89% 36 63% 49 86% 35 61% 48 84% Total 276 81% Literal Inferenciais LiteralInferencial 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 1 2% 0 0% 1 Respostas dos alunos Conhecimento Inferencial Prévio 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 16 28% 0 0% 0 0% 0 0% 3 5% 6 11% 0 0% 0 0% 0% LiteralInferencial 19 6% Inferencial 6 2% Conhecimento Prévio Branco, etc. 0 0% 6 11% 5 9% 8 14% 12 21% 9 16% 40 12% Total 57 57 57 57 57 57 342 Branco, etc. Total 1c 3 5% 1 2% 26 46% 18 32% 9 16% 57 4b 5b 5c 6b 8e 10 11 7 6 0 0 2 19% 12% 11% 0% 0% 4% 0 0 0 0 0 0 0% 0% 0% 0% 0% 0% 26 3 5 0 0 0 46% 5% 9% 0% 0% 0% 8 27 4 30 46 25 14% 47% 7% 53% 81% 44% 12 20 42 27 11 30 21% 35% 74% 47% 19% 53% 57 57 57 57 57 57 Total 29 7% 1 0% 60 15% 158 40% 151 38% 399 Conhecimento Prévio Literal LiteralInferencial Inferencial Conhecimento Prévio Branco, etc. Total 8a 8b 0 0 0% 0% 0 0 0% 0% 0 0 0% 0% 45 48 79% 84% 12 9 21% 16% 57 57 8c 8d 1 0 2% 0% 0 0 0% 0% 0 0 0% 0% 53 47 93% 82% 3 10 5% 18% 57 57 Total 1 0% 0 0% 0 0% 193 85% 34 15% 228 LiteraisInferenciais Literal LiteralInferencial Inferencial Conhecimento Prévio Branco, etc. Total 2b 14 25% 14 25% 19 33% 0 0% 10 18% 57 Total 14 25% 14 25% 19 33% 0 0% 10 18% 57 Total 320 31% 15 1% 98 10% 357 35% 235 23% 1026 Tabela 3 - Resultados da análise da atividade Geração Tipo Assim 6.5.1. Questões de nível literal De um total de 342 respostas dadas para as seis questões de nível literal, encontramos 276 respostas (81%) que correspondem ao proposto pelas questões e se 174 mantém em um nível literal. Como todas as questões literais apresentadas nessa atividade compõem apenas uma etapa para o alcance de níveis inferenciais de leitura pelos estudantes, é possível notar que se trata de questões bastante claras no sentido de que apontam precisamente para a informação que desejam que o aluno selecione. Entretanto, ainda foi possível encontrar 19 respostas (6%) de alunos que não se ativeram ao nível literal exigido pelas questões e responderam às questões com as inferências que geraram ao longo da leitura do texto, e apenas uma resposta (menos de 1%) que corresponde ao que estamos classificando como literal-inferencial. Além dessas, 6 respostas (2%) correspondem à ativação de conhecimento prévio e 40 (12%) respostas ficaram em branco ou apontam para o não entendimento da questão. Claramente, a autora do livro didático coloca a 1a questão, bem como a seguinte, como uma questão literal, de localização de informações, uma vez que ela considera que essa é uma etapa importante para que o aluno possa desenvolver um raciocínio inferencial ao responder as questões seguintes. Questão 1: Identifique a data em que a reportagem foi publicada, observe as palavras com que ela começa e responda: O objetivo é levar o aluno a situar no tempo a reportagem e os adolescentes de que ela fala e avaliar a pertinência da matéria para adolescentes atuais. a) A reportagem se refere a adolescentes de que época? Gabarito: Dos anos 90 do século XX. Assim, como explicitado pela autora, ela é formulada com o objetivo de solicitar um dado inicial útil para a formulação de respostas para as questões inferenciais posteriores. Dessa forma, não é difícil entender porque 100% dos alunos (57 respostas) explicitam a seleção de informações na linearidade do texto, ainda que algumas não respondam o que o gabarito espera: 21 - Anos 90 e de hoje. 30 - Da época dos anos 60, e as gerações de hoje. 36 - Ela está comparando a da época 90 e agora e da 60. 55 - 16 anos. A questão 1b dá prosseguimento aos propósitos apresentados pela autora para a questão 1a. Novamente, trata-se de uma questão literal, de localização de informações na linearidade do texto, porém, mais uma vez, a questão é apresentada como exigindo a busca de apenas um dado inicial necessário para responder a questões inferenciais posteriores. 175 Questão 1b: Quanto tempo separa os adolescentes de hoje dos adolescentes a que a reportagem se refere? Gabarito: A resposta depende da época em que a questão estiver sendo respondida: provavelmente, de 15 a 17 anos. Mais uma vez nenhuma resposta que explicitasse algum tipo de processo inferencial foi definida. Porém 6 alunos (11%) deixaram a questão em branco. Do total, então, 51 (89%) respostas se mantiveram na linearidade do texto, como exigia a questão, ainda que, novamente, respostas não previstas pelo gabarito tenham sido dadas, uma vez que o livro considerou o início da década e a maior parte dos alunos optou por fazer o cálculo a partir do ano de publicação da reportagem. Outras respostas também foram dadas, tendo em vista a citação dos anos 60 na reportagem. 1- Considerando a data do jornal, em torno de 14 anos. 2- 20 anos. 7- 14 anos. 8- A um tempo em que é apartir dos anos 60. Com poder juvenil a sua linguagem. 11- 14 anos se contado desde a data da publicação e 20 anos do início de tal década. 36- Depende dos anos 90 é 10 e 60 é 40. A questão 2a mantém a mesma lógica das anteriormente citadas, sendo de nível literal, mas atuando como ponte para a questão 2b, que é de nível literal-inferencial e será analisada mais a frente. Questão 2: Releia a primeira frase da reportagem: ela se refere a um adolescente para quem resta um consolo. a) Se resta um consolo, significa que esse adolescente tem um problema de que precisa ser consolado; qual é o problema? Gabarito: Não consegue entender a conversa de outros adolescentes como ele. Das questões literais, essa é a que apresenta um maior número de respostas inferenciais, sendo 16 (28%) ao todo. A grande maioria – 36 respostas (63%) – se mantém em um nível literal e apenas 5 (9%) ficaram em branco. Dentre as respostas literais, há diversas variações de cópias ou paráfrases de parte do primeiro período do texto: “Ao adolescente dos anos 90 que não consegue entender o que se conversa numa roda de contemporâneos, resta o consolo de não pertencer aos grupos acusados de promoverem a chamada erosão da linguagem.” 4- Ele não consegue entender o que se conversa nas rodas adolescentes. 6- O problema é de não pertencerem aos grupos acusados de promoverem a coesão da linguagem. 176 14- Que não consegue entende o que se conversa numa roda de contemporâneos. 24 - Não entender a linguagem. 21 - Que ele não pertence a nenhum grupo que promove erosão de linguagem. 37 - Não entender a linguagem usada numa roda de contemporâneos e não pertence a esse grupo. 50 - Que ele não está intendendo o que o grupo diz. Entre as respostas inferenciais, aparecem possíveis causas ou consequências para o fato de o adolescente não conseguir entender o que se conversa em uma roda de contemporâneos, como diz o texto. Acreditamos que de todas as questões literais, essa por apresentar um esquema cognitivo de relação entre causa e consequência – o esquema mais básico das relações inferenciais – e, por seu enunciado não ser tão preciso como os outros, jogando com a desconstrução da frase do texto, seja a questão que melhor propicia o raciocínio inferencial, como se pode notar por meio da análise das respostas que se encontram em nível inferencial. 1- Se ele não entende as gírias do grupo, certamente será rejeitado. 12- O de estar sozinho e não poder se misturar com outros adolescentes por não entender o jeito deles falarem. 27 - Ninguém o entende bem. 28 - Porque ele não fala gírias. 46 - Não entender, por não pertencer ao grupo, a linguagem falada por estes. 53 - Falta de estudo. 55 - Se envolve mais com os amigos. 36 - Que ele precisa se enturmar, talvez timidez, ou não se adaptar a linguagem. 39 - Problema de ele não entender as gírias que seus amigos falam. 41 - De integra-se em algum grupo. A questão 4a também é de nível literal colocando-se como uma ponte para a 4b, de nível inferencial. Apesar de ela exigir do aluno o estabelecimento de uma relação que não se encontra em um nível explícito no texto, observa-se que o gabarito apenas pede que os alunos citem a opinião dos dois escritores. A relação implícita entre elas já é dada pelo próprio enunciado da questão. Questão 4: Confronte as palavras de Affonso Romano de Sant´Anna com as de José Paulo Paes: a) Os dois escritores têm opiniões diferentes em relação à linguagem dos jovens: qual é a diferença? Gabarito: José Paulo Paes recrimina, censura a linguagem dos jovens; Affonso Romano acha normal que os jovens tenham sua própria linguagem. 177 Do total de respostas dadas, apenas 8 (14%) ou ficaram em branco ou apresentam apenas um “sim” como resposta. As outras 49 respostas (86%) selecionam trechos ou expressões ditas pelos escritores sobre o tema do uso de gírias por jovens, como podemos ver nas respostas citadas abaixo. 2 - José Paulo Paes acha êncomodo mas Affonso Romano acha normal. 14 - Sim. Afonso observa que os jovens são a única tribo a usar linguagem própria e José fala que as gírias é para facilitar a explicação de uma idéia. 29 - José Paulo Paes diz que giria é so um meio de abreviação ou/e explicação, mas Affonso Romano de Sant’Anna defende o uso das girias, ele diz que a giria define a personalidade do adolecente. 40 - Affonso: observa que os jovem não são os únicos a usarem linguagem próprias e acha normal que cada grupo social crie uma linguagem. José Paulo tem sido cada vez mas comodo seguir o caminho das imagens. 48 - A diferença é que José Paulo Paes acha que os jovens deviam usar a linguagem formal e esquecer um pouco das gírias. Mas Affonso contradiz e fala que acha comum o uso da gíria. Como as anteriores, a questão 5a também surge como uma questão literal que atua como uma etapa de localização de informação necessária para que os alunos possam responder as questões posteriores, de nível inferencial. Questão 5: Affonso Romano sugere uma solução “para as divergências entre as linguagens usadas por jovens e adultos”: a leitura. a) Com que argumento o escritor justifica sua proposta de que a leitura é uma solução para essas divergências? Gabarito: A leitura aumenta o vocabulário. Como se pode notar, a questão pede que os alunos identifiquem primeiramente o argumento usado pelo escritor, para que depois possam fazer julgamentos sobre possíveis contradições em sua fala, como veremos mais adiante. Do total de 54 alunos, 12 (21%) deixaram a questão em branco ou deram respostas vagas como “não” ou “com vários argumentos”. As respostas que se mantêm em um nível literal somam 61% (35 respostas). Com exceção de duas, todas fazem paráfrases ou citações da frase do texto que corresponde ao o argumento do escritor, e são condizentes com o gabarito que o livro apresenta. 3- E lendo que você aumenta seu vocabulário. 8- Um argunto de que sua linguagem é restrita falada em código. 42 - O escritor ve a leitura como única solução para as divergencias. 11 - Ele diz que é lendo que você tem a oportunidade de ampliar seu vocabulário. 178 Como o tema da leitura para os jovens é bastante debatido e os estudantes provavelmente já tem opiniões sobre o assundo, aparecem 6 respostas (11%) que explicitam a ativação de conhecimento prévio. Elas variam tanto quanto o número de alunos que as respondem, porém se mantêm no mesmo frame apresentado pelo texto, como se pode observar. 13- Porque lendo se aprende mais. 20 - Porque lendo que aprende o modo certo de falar as palavras. 29 - As pessoas acostumariam a falar e a escrever do mesmo jeito que elas leem. 36 - Porque lendo, você acaba falando mas corretamente. Uma resposta (2%) dada, talvez pela mesma razão citada acima, se apresenta em parte literal, em parte inferencial, já explicando a relação que se poderia estabelecer entre o argumento do escritor e o tema do texto – o uso de gírias pelos jovens: 41 - Porque com a leitura você aumenta seu vocabulário assim usando menos gírias. Além dessas, três outras respostas (6%) foram classificadas como essencialmente inferenciais. Trata-se de respostas que explicitam julgamentos sobre o argumento que o escritor apresenta. Esses alunos não selecionaram a frase que o texto apresenta em seu nível linear, mas partiram dela para o estabelecimento desses julgamentos. 15 - Na opinião dele deu pra perceber que ele não é muito a favor das gírias não que ele acha que se lermos vamos aprender a falar melhor. 30 - Ele disse que não reprova, mas sua contestação é inevitável. 35 - Ele acha que lendo mais diversifica nosso saber. A questão 6a é a ultima questão de nível literal apresentada na atividade e se estrutura como as anteriores. Questão 6: Releia as falas dos adolescentes citadas na reportagem. a) Identifique os argumentos que os adolescentes apresentam para justificar o uso de gírias. Gabarito: São um meio muito legal de se comunicar e de simplificar as coisas; permitem falar de um jeito que os adultos não entendem; ajudam a expressar o pensamento; ampliam o vocabulário. Com relação a essa questão, 9 alunos (16%) a deixaram em branco. Os outros 48 alunos (84%) deram respostas que se encontram em um nível literal do texto. Vários são os argumentos citados pelos estudantes. Alguns deles são citados pelo gabarito do livro, outros não, porém todos aparecem na superfície do texto lido. Argumentos usados por 179 outros personagens apontados pelo texto também aparecem nas respostas, mesmo que contrários ao uso de gírias. 1 - não me dirijo a um padre do colégio dizendo um aí velhinho. Tem a hora certa para usar gíria e a hora certa para falar formalmente. 6 - Que isso é um negócio inevitável, que é legal falar de um jeito, que nunca vão deixar de existir, etc... 10 - “As gírias são um meio muito legal de se comunicar e simplificar as coisas”, “A moda não muda? a decoração também não muda? Qual é o problema de atualizarmos também o vocabulário?”; “As gírias mudam e não deixar de existir”. 18 - Que a gíria é a moda. 23 - Que a moda muda, as decorações muda. Qual a diferença de mudar o vocabulário. 24 - Que cada grupo tem sua linguagem. 34 - “As gírias são um meio muito legal de se comunicar e simplificar as coisas. Além disso é irado falar de um jeito que os professores e o pessoal lá de casa não entendem.” 35 - Eles argumentam falando o que eles acham, eles dão sua opinião sobre o assunto. 40 - Que é para abreviar pensamento e que amplião seu vocabulário. 47 - Atualizar o vocabulário. Você quer falar alguma coisa e descobre uma expressão que consegue resumir seu pensamento. 50 - Que são um meio muito legal de se comunicar e simplificar as coisas. Acham irado falar de um jeito que quase ninguém entende. 6.5.2. Questões de nível literal-inferencial Mais uma vez, nota-se a presença de uma questão que se divide em duas partes diferentes, com uma delas exigindo uma resposta literal, que dá suporte para a geração de respostas inferenciais para a questão que a acompanha. Novamente, optamos por incluir essa questão em uma categoria específica por conta da razão já explicada de que os alunos podem entendê-la como um todo que exige apenas uma resposta, na qual pode predominar a seleção de material explícito no texto ou a expressão de um raciocínio inferencial. Questão 2: b) Que consolo resta ao adolescente? Por que isso é um consolo? Gabarito: O consolo de não pertencer aos grupos acusados de promoverem a erosão da linguagem. É um consolo porque esses grupos são criticados, censurados, depreciados. Observa-se que o gabarito trata ambas as questões de uma mesma maneira, ignorando o fato de suas naturezas serem completamente diferentes. A autora do livro didático apresenta apenas uma possibilidade de resposta para ambas as perguntas, ignorando o papel que o conhecimento prévio do aluno pode desempenhar nesse processo. Do total de 57 respostas dadas, 14 (25%) estão em um nível literal, 19 (33%) 180 expressam algum raciocínio inferencial desenvolvido pelos alunos, 14 respostas (25%) expressam em parte uma resposta literal e em parte um raciocínio inferencial e 10 (18%) respostas ficaram em branco. Todas as respostas literais apontaram para o mesmo trecho citado no gabarito, com pequenas variações. 4- De não pertencer aos grupos que promoveram a erosão da linguagem. 10- Resta com consolo de não pertencer a nenhum grupo. 56 - O consolo de não pertencer aos grupos acusados de promoverem a chamada erosão da linguagem. As literais-inferenciais mantiveram essa mesma resposta para a primeira pergunta. Porém, para a segunda, as razões disso ser um consolo são variadas, e poucas condizem com o que o gabarito aponta como resposta correta. Todas as explicações dadas são condizentes com os dados apresentados no texto e retomam a integração conceptual realizada pelos alunos entre essas informações textuais e o conhecimento prévio deles. Se observarmos com atenção essas respostas, podemos verificar que elas apontam muito mais para os esquemas e frames construídos pelo texto, de uma maneira mais completa do que a própria resposta apresenta pelo gabarito, retomando as noções de linguagem formal em oposição às gírias, o que parece ser a linha de raciocínio básica estabelecida pelo autor do texto. 7- Não fazer parte dessa chamada “erosão da linguagem” porque é bom ainda existirem jovens que respeitem a linguagem formal. 11- O fato de que esse adolescente não pertence aos grupos que promoveram a erosão da linguagem. É um consolo porque não foram eles que começaram a utilizar as gírias, apenas “foram na onda”, é como se a “culpa” não fosse deles. 38 - Dele não pertencer aos grupos que provocam a erosão da linguagem. Porque não o deixaria culpado por isso. 39 - Consolo de não pertencer aos grupos acusados de promoverem a chamada erosão da linguagem. Porque assim essas pessoas não tem risco de em alguma ocasião mais formal ela não falar nenhuma gíria. 40 - Que não pertence ao grupo acusado. Porque não entender a linguagem de grupos diferentes e normal. 45- De não pertencer aos grupos excluídos de promoverem a chamada erosão da linguagem. Por que tem horas que é preciso ser formal e ele lendo forma não precisa se preocupar. 52 - De não pertencer aos grupos acusados de promoverem a chamada erosão da linguagem. Porque aí ele não irá perder o seu português, se misturando em grupos. Isso concerteza irá acontecer. Com relação às respostas inferenciais, podemos verificar que quase todas elas se ativeram à segunda pergunta da questão, e todas elas, em vez de explicar porque seria 181 um consolo o fato de eles não pertencerem ao grupo de adolescentes que falam gírias, acabam apontando possíveis soluções para o que na visão dos alunos, seria um problema ou vantagens de não saber falar gírias, como as respostas 19 e 37. 1- Ficar escutando as gírias do grupo. Porque ele é o único do grupo que não entende o que os amigos falam. 12 - Procurar se envolver com pessoas que falam do mesmo jeito que ele. Por que eles irão o entender. 18- Aprender as gírias. Para ele entender uma conversa em que só se fala gírias. 19- Não ser responsável por destruir a nossa língua, talvez um dia ele se sente e fale, nossa ainda bem que eu não falava gírias, pois elas destruíram a língua portuguesa. 23- De sair mais e tentar se inturmar. 37 - De pensar mais. 41- Criar seu próprio grupo. Pois ele não sentira fora do “normal”, e assim sentira bem consigo. 6.5.3. Questões de nível inferencial Quanto às questões de nível inferencial, pode-se notar que a maior parte das respostas – 158, ao todo (40%) – correspondem à explicitação de conhecimento prévio dos estudantes, apenas 60 respostas (15%) se encontram em um nível inferencial, correspondendo ao que propunha a questão, e outras 29 (7%) demonstram que os alunos foram buscá-las na linearidade do texto. Além disso, uma resposta (menos de 1%) está parte em um nível literal e parte em um nível inferencial. Observa-se também, e com destaque, um grande número de respostas – 151, ao todo (38%) –, que ficaram em branco ou expressam um provável não entendimento da questão. A primeira questão, classificada como de nível inferencial acompanha as questões 1a e 1b, de nível literal, já analisadas. Entendemos que essa questão, por exigir dos alunos o estabelecimento de relações entre seu conhecimento prévio e as informações encontradas no texto, pode ser classificada como de alto nível inferencial. Questão 1c: Os adolescentes atuais também têm um modo próprio de usar a língua, como os adolescentes da reportagem? Têm opiniões semelhantes às dos adolescentes citados na reportagem? Justifique sua resposta. Gabarito: Resposta pessoal; o mais provável é que a resposta seja sim, já que adolescentes de qualquer época usam gírias e defendem esse uso (embora as gírias mudem). Como se espera do aluno a explicitação de processos inferenciais, que, como já dito, não são completamente previsíveis, o gabarito aponta para o fato de que a resposta é pessoal, mas explicita uma possível tendência. Observa-se que a questão se subdivide 182 em três, e a primeira delas exige apenas a ativação de um conhecimento prévio, que se integraria às informações do texto para que as outras duas sejam respondidas. Acreditamos que as duas questões literais analisadas anteriormente, das quais essa questão deriva, poderiam auxiliar os alunos nesse processo. Além disso, lembramos que a questão poderia ser encarada pelos alunos como um todo e, por isso, ser respondida por alguns alunos apenas com uma resposta. As respostas sem justificativa, com apenas “sim” ou “não”, foram desconsideradas e agrupadas às respostas em branco, formando, no total, um conjunto de 9 respostas (16%). Apenas 3 respostas (5%) se mantiveram na linearidade do texto, uma resposta (2%) foi classificada como literal-inferencial e outras 46 (81%) fizeram o que lhes foi solicitado, explicitando inferências geradas durante a leitura do texto. As três respostas literais dadas selecionaram três trechos diferentes do texto que poderiam justificar a resposta “sim”. 16- Sim. Sim. Porque igual diz o Thiago no final do texto, vão haver ocasiões que será preciso usar a linguagem formal. 17- Sim. Porque a gíria é moda. 21- Sim. Sim. Porque assim ampliamos o nosso vocabulário. A resposta literal-inferencial explicita um raciocínio inferencial desenvolvido pelo aluno a partir de um trecho específico do texto. Por isso, o aluno cita primeiramente o trecho do texto selecionado para, então, explicitar o processo inferencial desenvolvido. 52- Sim. Como citado no começo: “...conversam numa roda...”. Hoje também há muito disso. Os adolescentes acabam perdendo o português por causa das gírias que começa principalmente em rodinhas de amigos. Entre as respostas inferenciais, podemos notar que poucas foram as respostas que conseguiram, em suas justificativas, articular plenamente os dados disponíveis no texto e o conhecimento prévio necessário para responder à questão: 11 - Sim, os jovens atuais também tem um modo próprio de usar a linguagem, utilizando expressões verificadas somente entre o mais jovem, e sim, as opiniões também são parecidas, porque os jovens hoje tem um modo próprio de falar e acreditam que é natural que surjam entre eles tais expressões, que adulto entenderia, por exemplo, um “Pó véi, eu manjo ela sim”. 18- Sim, falamos de um jeito só nosso, é claro que depende da pessoa que está falando e com quem está falando. Sim temos opinião semelhantes, até porque senão não usaríamos mais gírias, ainda hoje as gírias são um jeito legal de simplificar as coisas, de contar coisas. 183 38- Sim. Sim. Muitas gírias que nós falamos hoje eram faladas antigamente como “tipo assim” hoje é quase impossível falar sem usar o “tipo assim” e também o “ai” em quase todos os textos que em que escrevemos tem que ter pelo menos um aí. A maioria dos alunos buscou prioritariamente, ao justificar suas respostas, ou informações do texto, ou informações de seu conhecimento prévio. Apesar de as respostas dadas pelos alunos revelarem pistas de que inferências foram geradas, elas são apenas parcialmente explicitadas nas respostas. O que estamos questionando é justamente a capacidade dos alunos em conseguir expressar linguisticamente essa articulação de saberes, como podemos notar em algumas respostas abaixo citadas: 6- Sim, sim; porque eles usam as mesmas gírias teve renovação mas continuam sempre com os mesmos pensamentos. 22- Sim, conforme o tempo vai passando as gírias muda, mas tem umas que são usadas até hoje e os jovens continua usando essas e outras novas. 46 - Sim, e tenho muitas opiniões parecidas com as dos jovens da reportagem, pois é uma forma resumida e agradável de falar, sendo também uma forma de aumentar o vocabulário. 49 - Sim, tem muitas opiniões semelhantes sim, no texto diz que eles traduzem e outros não achão mal. 57- Sim. Porque, não usamos gírias em todas as coisas. Eles também não. De igual maneira, muitas foram as respostas dadas que apenas explicitam o conhecimento prévio dos alunos. Nessa atividade, vamos ver que o mesmo fenômeno vai ocorrer em todas as questões inferenciais. Como podemos ver nas respostas abaixo, elas não fogem aos esquemas e frames construídos pelo texto, mas também não explicitam a relação que estabelecem com eles. 5- Sim, sim. As gírias já fazem parte do nosso vocabulário, do nosso dia-a-dia, é muito difícil encontrar, adolescentes, jovens e até mesmo adultos que não usem algum tipo de gíria. 10- Sim, sim, Bem nós adolescentes gostamos de “simplificar” a língua em formas de gírias. 19- Sim. Sim. Hoje todo mundo usa o Aí, o tipo assim... 50- Sim. Não. Porque os assuntos de hoje são completamente diferentes dos de antigamente. 28- Sim. Sim. Todos os adolecentes tem opiniões semelhantes uns aos outros, não importa a época ou idade. A questão 4b também deriva de uma questão de localização já analisada. Tratase de uma questão response item, que visa o estabelecimento de julgamentos por parte do aluno através do estabelecimento de relações entre as informações apresentadas no texto sobre as opiniões dos escritores e as informações que os estudantes tiveram que 184 selecionar de seu conhecimento prévio sobre o tema do texto. Entretanto, o gabarito apresentado como “Resposta Pessoal” minimiza esse trabalho, apontando mais para um “vale qualquer coisa” do que para a necessidade do estabelecimento e da explicitação dessas relações. Questão 4: b) Com qual dos dois escritores você concorda? Ou não concorda com nenhum dos dois? Justifique sua resposta. Gabarito: Resposta pessoal Para essa questão, 19% (11) dos alunos deram respostas que se mantêm em um nível literal, 26 respostas (46%) explicitam processos inferenciais e apenas 8 (14%) apenas se referem ao conhecimento prévio que os alunos ativaram ao lerem o texto. Nas respostas literais, os alunos, em sua maioria, citam o nome do autor com o qual concordam e retiram algum trecho do texto com o qual concordam. 23 - Com o Affonso Romano da Sant`Anna que diz que cada grupo cria sua própria linguagem. 41 – Concordo com Affonso Romano de Sant’Anna, pois pensa que para o jovem crescer, ele tem que criar ou interagir com outros grupos que pensam e falam como ele. 38 – Com o Affonso Romano de Sant’Anna porque ele observa que os jovens não são a única tribo a usar linguagem própria. As respostas inferenciais foram assim classificadas por estabelecerem uma relação explícita entre os dois saberes – o conhecimento prévio dos alunos e as informações do texto – permitindo uma intergração entre as opiniões de cada um dos participantes da interação. 7 - Com Affonso Romano de Sant`Anna eu não vejo problema algum existirem gírias e os jovens preferirem usar elas do que a linguagem formal, afinal quando necessário eles sabem usar a formal muito bem. 15- Eu não concordo nem discordo com nenhum dos dois porque não sou contra as pessoas que falam gírias na minha opinião cada um tem o direito de falar do mode de se sente bem. 25 - Eu concordo com o Affonso Romano, pois como ele eu acho legal cada grupo com seu vocabulário de gírias. 43 – Com o Affonso Romano. Acho que cada um deve falar com o seu grupo do jeito que acha melhor não só falar formalmente. Ele meio que disse isso. 45 – Eu concordo parcialmente com os dois. Gosto de gírias mais acho que as vezes temos que usar a linguagem formal. As respostas que apenas expressam a ativação de conhecimento prévio mantêm a mesma estrutura: os estudantes selecionaram um dos escritores e apresentaram algum argumento para manifestar a sua concordância. Obviamente, para que eles tenham feito isso, eles tiveram que estabelecer alguma relação entre esse conhecimento prévio 185 explicitado e as informações do texto. Porém, estamos classificando-as como de ativação de conhecimento prévio para salientar o problema do não reconhecimento dos estudantes de seus próprios processos inferenciais e a consequente falta de completude na sua explicitação. Podemos observar nas respostas abaixo que os alunos argumentam apenas sob sua ótica – a maioria das respostas aparece em primeira pessoa -, ignorando as informações do texto. 8 - Concordo com José Paulo Paes. Porque concordo muito tem que ter diálogo e sem influencia, quando jovem fala uma gíria ele se sente dono do mundo. 28 - Eu concordo com o Affonso Romano de Sant’Anna. Eu gosto de usar giias, elas facilitam a minha explicação na frase. 30 – Eu não concordo com nenhum dos dois, pois eu acho legal usar gírias e é um novo jeito de se comunicar. As questões 5b e 5c também são questões inferenciais que complementam uma questão literal – a 5a. A primeira questão exigia que os alunos localizassem uma proposta de solução do autor para o uso excessivo de gírias por jovens e o argumento que ele dá para isso – ler aumenta o vocabulário. A questão 5b, então, pede que os estudantes desenvolvam um raciocínio inferencial sobre essa frase do escritor. Podemos classificá-la, então, como uma questão de alto nível inferencial. Questão 5: b) A justificativa que o escritor apresenta para a proposta da leitura como solução revela a diferença que ele vê entre a linguagem dos jovens e a dos adultos: qual é essa diferença? Gabarito: Diferença de vocabulário; se a solução é a leitura porque ela aumenta o vocabulário, o escritor considera que os jovens têm de aumentar seu vocabulário para que sejam superadas as divergências entre sua linguagem e a dos adultos. Para essa questão, foram dadas 7 respostas (12%) que se mantiveram em um nível literal, e apenas 3 (5%) representam algum tipo de processo inferencial. A maior parte delas – 27 respostas (47%) – correspondem à explicitação de conhecimentos prévios dos estudantes e 20 alunos (35%) deixaram-na em branco – o que corresponde a um grande número de alunos. Entre as respostas literais, apresentam-se trechos ou expressões retiradas do texto, as quais, na ótica dos alunos, poderiam responder à questão. 13 - Que os jovens usam a linguagem da moda e o adulto a formal. 24 - A formalidade e a gíria. 27 - Que os adolecentes falam em código. 22 - As gírias. 186 As três respostas inferenciais realmente foram condizentes com o que apontava o gabarito da questão: 9 - A diferença estão nas palavras. 19 - O vocabulário dos adultos é mais formal. Já o dos jovens e descontraído, e não segue regras. 11 - A diferença é que pelo fato de que os adultos lêem mais, seu vocabulário é maior, amplo e padronizado com as normas cultas o que não se verifica a respeito dos jovens. Entre as respostas de explicitação de conhecimento prévio, todas apresentam em comum o fato de que apontam para diferenças entre a linguagem de jovens e a linguagem de adultos. Entretanto, tais diferenças são indicadas a partir do que pensam os estudantes e não a partir da opinião do escritor, como pedia a questão. 5 - A diferença é que muitas das gírias usadas pela linguagem dos jovens não é compreendida pelos adultos. 10 - Os jovens falam uma linguagem menos preocupada, mais livre, os adultos já falam uma linguagem mais formal. 31 – A diferença é que os adultos são mais intelectuais que os jovens em termo de leitura, então os adultos têm mais linguagem formal. 43 - Sim, que os jovens falam muitas girias e os adultos não falam. E todo livro escrito é escrito formalmente ou seja sem giria. 45 – Sim. Os jovens apresentam uma linguagem diversificada e moderna os adulto são mais formais e usam a linguagem ainda do “tempo deles”. A questão 5c dá prosseguimento à anterior, pedindo agora que os alunos façam um julgamento sobre as opiniões apresentadas pelo escritor ao longo da reportagem, uma vez que elas apontariam para uma contradição. As questões anteriores – uma literal e uma inferencial – acabaram, então, servindo de base para que o aluno pudesse responder a essa questão, que estamos classificando como response item, uma vez que que exige do aluno um julgamento sobre o texto, com base no próprio texto para fundamentar seus argumentos. Questão 5: c) Ha uma contradição entre a opinião de Affonso Romano a respeito da linguagem dos jovens e a proposta de uma solução. Qual é a contradição? Gabarito: Ele não reprova a linguagem dos jovens, acha normal que eles tenham uma linguagem própria, mas contraditoriamente sugere solução para que essa linguagem não seja divergente da dos adultos. Para essa questão foram dadas 6 respostas (11%) literais e apenas 5 respostas (9%) inferenciais. Além dessas, outras 4 respostas (7%) apontam para conhecimentos prévios dos estudantes. Observa-se que aqui temos o maior índice de respostas deixadas em branco – 42 ao todo (74%), muito provavelmente derivado do fato de que poucos 187 alunos conseguiram responder às questões anteriores, como o gabarito exigia. Assim, a lógica estabelecida pela autora para que o aluno chegasse a essa conclusão não foi bem sucedida, e os alunos não puderam finalizar a questão. Entre as respostas literais, aparecem alguns trechos dos textos que defendem o uso de gírias pelos jovens, e uma resposta que apresenta a proposta do escritor para solucionar esse aparente problema. 9 - Que eles julgam seu vocabulário inofensivo. 15 - A proposta é ler para aumentar o vocabulário 20 - Que não são apenas os jovens que usam uma linguagem diferente. 40 - Que seus vocabulários são “inofencivos”. As respostas inferenciais, por sua vez, alcançam a percepção da contradição para a qual a autora está tentando chamar a atenção. 5 - Pois ao mesmo tempo que ele diz que é normal, ele tenta achar uma solução, o que seria desnecessário se fosse totalmente normal e comum. 35 - Ele acha normal a linguagem dos jovens, mas recomenda que eles leiam mais para aprender mais. 41 - De não concordar e nem descordar do uso de girias. 52 - Que ele acha certo que cada grupo social tenha sua própria linguagem, mas também sugere que os adolescentes leiam mais para aumentarem seu vocabulário. 48 - porque ao mesmo tempo em que ele diz que concorda com a girias ele diz que temos que ler para aumentar nosso vocabulário. Em verdade, as respostas classificadas como ativação de conhecimento prévio parecem apontar mais para um não entendimento da questão do que para a explicitação parcial de um processo inferencial. Elas, aparentemente, não mantêm nenhuma relação explícita com o que a questão busca alcançar. 8 - Contradição de propostas, para jovens é de que a solução para eles e falar só as gírias. 21 - Que é difícil entender as palavras. 22 - Você não encontra um dicionário de gírias. 46 - A linguagem vulgar das girias é a linguagem formal e culta A questão 6b também exige um julgamento por parte do aluno sobre dados do texto, ainda que não se peça que essa relação seja explicitada na resposta dos alunos. Apesar de o gabarito apontar apenas para o fato de que a resposta é pessoal, acreditamos que se trate de uma questão response item. Entretanto, pela forma como a questão está construída, exigindo, inclusive, que o aluno explicite a integração antes mesmo de 188 explicitar a sua opinião, acreditamos que a questão propiciaria um alto índice de respostas que apenas apontam para os conhecimentos prévios dos estudantes. Questão 6: b) Você concorda com esses argumentos? Você também defende o uso de gírias pelos jovens? Gabarito: Resposta pessoal As respostas dadas pelos alunos confirmaram nossas hipóteses, uma vez que 30 delas (53%) apenas explicitam conhecimentos prévios e as outras 27 (47%) ficaram em branco ou não justificaram o acordo ou desacordo aos argumentos apresentados no texto. Assim, as justificativas presentes são diversas e não nos permitem o estabelecimento de generalizações. Abaixo, apresentamos apenas alguns exemplos. 1 - Sim. Defendo sim! É o nosso tipo de linguagem. 11 - Concordo sim. Cada um usa a língua da maneira que mais facilite e agilize a comunicação, sabendo a hora certa de usá-las, tudo bem. 30 - Concordo eu defendo, porque é um jeito de se comunicar entre os jovens. 40 - Não. Sim, porque eu acho que girias e a identidade dos jovens e só uso como sabe. 55 - Concordo é um meio muito bom pras pessoas entenderem as coisa. A questão 8e também pode ser classificada como um response item, e segue a mesma lógica das anteriores. Entretanto, ela não é derivada de questões literais como as anteriormentes citadas. Essa questão deriva de outras quatro que apenas trabalham com a ativação de conhecimento prévio. Partindo dessa ativação, a autora pede aos alunos que façam um julgamento inferencial sobre as opiniões de um dos personagens da reportagem, de forma a que eles tentem estabelecer relações de causa e consequência, a partir do que o personagem diz e do que os estudantes pensam. Questão 8: e) Thiago diz que sabe falar formalmente, mas não gosta. Em sua opinião, porque Thiago não gosta de falar formalmente? Você gosta de falar formalmente? Justifique. Gabarito: Resposta pessoal. Possibilidades: a linguagem formal exige mais reflexão ao falar ou ao escrever, escolha cuidadosa de palavras e estruturas, o que torna a pessoa tensa, é mais difícil falar em linguagem formal. Observemos que novamente a autora do livro didático comete a falha de pedir que os alunos explicitem seu conhecimento prévio posteriormente ao estabelecimento do julgamento. Como já vimos em casos anteriores, os alunos acabaram integrando ambas as questões em um todo que exigiria apenas a explicitação de conhecimentos 189 prévios. Assim, 46 respostas (86%) revelam esse comportamento por parte dos alunos e outras 11 (19%) ficaram em branco ou não apresentaram justificativas. Mais uma vez, estas respostas apontam para direções diversas, uma vez que partem essencialmente do conhecimento prévio dos alunos e não necessariamente necessitam do suporte do texto. Abaixo, novamente, citamos apenas alguns exemplos. 1 – Porque os adolescentes gostam de falar de todos os jeitos. As vezes sim, mas com meus amigos uso gírias. 10 – Porque é mais fácil você falar com gírias e as pessoas entendem e normalmente quando você fala formalmente eles não entendem. Eu gosto de falar formalmente sim, pois é bom, e você pode ir treinado para ocasiões futuras. 24 – Por ser mais complexo e estar sempre falando em gírias. Não, pois estou acostumado falar com gírias e não gosto de mudar este costume. 35 – Por que ele tem que usar termo culto e difíceis de se pronunciar, não foi a maioria dos lugares onde eu vou não são lugares muito sérios. Por fim, analisamos a questão 10, que para ser respondida de forma plena, exige a elaboração de inferências, atuando como um resumo do texto lido. Classificamos a questão como de alto nível inferencial. Porém, acreditamos que ela peca por não deixar clara no enunciado a necessidade de interação entre conhecimento prévio do aluno e o texto. Questão 10: Com base nas reflexões feitas nas questões anteriores, conclua: usar a língua de maneiras diferentes significa promover a erosão da linguagem, como diz o título da reportagem a respeito da linguagem dos jovens? Justifique sua resposta. Gabarito: Resposta pessoal: a expectativa é que o aluno tenha concluído que não há erosão da linguagem, há diferentes modalidades de uso da língua, que devem ser consideradas normais, corretas, se adéquam aos falantes e à situação. Esse problema se reflete mais uma vez nas respostas dadas pelos alunos. Assim, 25 delas (44%) apresentam os conhecimentos prévios dos estudantes e 30 (53%) ficaram em branco ou não justificam a resposta dada pelos estudantes. Além dessas, duas respostas (4%) se mantêm em um nível literal, recorrendo a seleção de trechos do texto para justificar o pensamento dos alunos: 24 – Não, como diz uma entrevistada (Tatiana) tudo muda, porque não o vocabulário. 53 – Sim. Imagens comparativas e novas gírias reacendem a discussão sobre a erosão da linguagem entre os jovens. 190 Novamente, a diversidade de respostas que explicitam conhecimentos prévios pode ser observada. Apesar de algumas apontarem para processos inferenciais desenvolvidos pelos estudantes, inclusive com o uso de determinados termos ou expressões que podem insinuar alguma integração estabelecida, em termos de explicitação de processos cognitivos, o que se nota é que os estudantes, aparentemente, apenas citaram os conhecimentos que eles já possuíam antes da leitura do texto. 6 – Sim, por causa dessa influência que vamos falar errado ou escrever errado. 15 – Não. Por que isso já se tornou uma coisa normal de hoje em dia e todos sabem falar. 26 – Sim, porque quase nunca as jovens usa não a linguagem da maneira certa. 40 – Sim promove a erosão da linguagem, mas não e um absurdo deve ser priorisado por girias e liguagem variada e a indentidade que diferencia e caracteriza cada grupo social. 51 – Sim. O uso de girias dentro de grupinhos, fez com que os jovens atuais percam as custumes da linguagem formal, perdendo os hábitos e principalmente o português. 6.5.4. Questões de ativação de conhecimento prévio Como na atividade de leitura anteriormente analisada, nessa atividade também se apresentam quatro questões que podem ser classificadas como questões de ativação de conhecimento prévio, por exigirem dos alunos apenas uma reflexão sobre o que já sabiam antes de ler o texto, sem exigir que eles utilizem o texto lido para embasar sua reflexão. Do total de 228 respostas dadas, apenas 1 (menos de 1%) demonstra uma busca na linearidade do texto. A maior parte delas – 193 respostas (46%) – corresponderam ao que se esperava, ou seja, explicitaram os conhecimentos prévios dos estudantes, e outras 34 (15%) ficaram em branco ou incompletas, sem as justificativas pedidas. Novamente, não vamos adentrar na análise dessas respostas, uma vez que, por não explicitarem raciocínios inferenciais e coerentemente, visto que a questão não exigia isso, elas não cabem na temática deste trabalho. Citamos abaixo as questões, apenas como ilustração para a categorização desses tipos de questões. Salienta-se que estas questão são adequadas para o estudo da língua, porém não são questões de leitura Questão 8: Recorde a fala de Thiago: Eu também sei falar formalmente, mas não gosto. Não me dirijo ao padre do colégio com um ‘aí, velhinho’. Estou apto a usar a linguagem formal, quando necessário. 191 Ao longo dessa coleção, em várias atividades os alunos foram levados a refletir sobre níveis de formalidade da linguagem e a usar a linguagem formal ou informal adequadamente, em situações de linguagem oral e de produção do texto; esta questão retoma o tema. a) Imagine as frases com que Thiago se dirige ao padre do colégio: em vez de “aí, velhinho”, o que será que ele diz? Gabarito: Resposta pessoal. Sugestões: Como vai, padre? Bom dia, padre. Como vai o senhor? b) Dê exemplos de pessoas a quem Thiago poderia dirigir o cumprimento “aí, velhinho”. Gabarito: Resposta pessoal. Sugestões: amigos, colegas. c) Thiago sabe usar a linguagem formal, “quando é necessário”: em que situações é necessário usar a linguagem formal? Gabarito: Quando não há intimidade entre as pessoas; em situações de apresentação formal de um tema, de exposição, de palestra, conferência, etc. d) Quando não se usa a modalidade formal da linguagem, que modalidade se usa? E em que situações se usa essa modalidade? Gabarito: A modalidade informal, em conversas familiares ou entre amigos, entre colegas, quando há intimidade entre as pessoas, etc. Das três atividades analisadas, essa seria a que melhor foi desenvolvida. Ela apresenta apenas uma grande questão de ativação de conhecimento prévio, que, em realidade, corresponde a uma análise sobre a língua, baseada no debate que o texto levanta. Todas as questões de nível literal, por sua vez, se apresentam como passos para questões inferenciais, e de modo, geral, essas levam a questões response items, exigindo dos alunos uma reflexão sobre o texto lido. Entretanto, ainda encontramos nela as mesmas falhas apontadas nas outras atividades, principalmente o fato de não guiar o aluno na explicitação de seus processos inferenciais, o que torna as questões complicadas ou passíveis de respostas que apenas ativam o conhecimento prévio do leitor, como se pode notar nos dados estatísticos. 6.6. Algumas generalizações De forma geral, a primeira conclusão a que podemos chegar é que, apesar de os materiais textuais selecionados serem visivelmente de qualidade, ainda se apresentam, em livros didáticos, atividades de leitura de nível relativamente baixo, o que já vem sendo denunciado por diversos trabalhos acadêmicos sob diferentes perspectivas. Acima de tudo, podemos perceber que tais atividades ignoram os processos cognitivos desenvolvidos pelos alunos em suas leituras. Além de simplesmente ignorá-los, elas, por 192 muitas vezes, invalidam-nos, negando aos alunos a percepção da qualidade de seus próprios processos cognitivos. Analisando as questões apresentadas pelos livros didáticos, chama-nos a atenção o fato de, ainda hoje, apresentarem-se, em predomínio, questões de nível literal e de baixo nível inferencial, sem que funcionem como suporte para questões de alto nível inferencial e “response items”. Não negamos que o reconhecimento dos elementos que se encontram na superfície do texto seja uma etapa do processo de leitura, porém ela não é a única e nem a mais importante. Por isso, acreditamos que questões literais e de baixo nível inferencial devam funcionar como ponte para questões que exijam a explicitação de processos inferenciais, que exigem maior esforço cognitivo dos estudantes. No que se refere às questões literais, destaca-se o alto número de respostas inferenciais, o que nos comprova a natureza inferencial de qualquer processo de leitura e que, por isso, os alunos naturalmente inferenciam mesmo sem terem sido chamados a isso. Além disso, também é possível notar que nem sempre respostas literais dadas a questões literais são congruentes com o que o gabarito dos livros apresenta como resposta correta, o que nos comprova a natureza seletiva e, logo, individual do processamento do texto. Ainda que a leitura passe por uma etapa de seleção de informações explícitas, as informações selecionadas não são as mesmas para todos os leitores. Com relação às questões inferenciais, podemos notar a baixa qualidade predominante em sua elaboração. De forma quase que geral, elas invalidam as inferências geradas pelos alunos, negando os processos cognitivos desenvolvidos por eles, ou não encaminham os estudantes em uma melhor explicitação desse processo, para estimular a articulação entre conhecimento prévio e informação visual e a cosncientização dos alunos sobre esse processo. Uma das consequências dessa baixa qualidade, que surge em destaque na análise das respostas, é o grande número de respostas dadas que apenas selecionam elementos do conhecimento prévio dos alunos, ainda que, em muitas delas, essa seleção aponte para alguma articulação desenvolvida por eles entre esse conhecimento prévio selecionado e a informação visual. Isso se comprova basicamente pelo fato de que todas as respostas apontam para elementos do conhecimento prévio que ativam os mesmos frames ativados pelo texto. Entretanto, também nos mostra que as questões não foram 193 capazes de fazer os alunos-leitores a pensarem sobre seus processos inferenciais e explicitá-los de uma melhor maneira. O baixo número de respostas literais para questões inferenciais também nos faz pensar sobre a natureza inferencial de qualquer leitura. Porém, cabe ressaltar essa discrepância. Se a leitura ocorre naturalmente por meio de processos inferenciais, e se o que fica após as leituras são as inferências geradas, por que, então, certo grupo de alunos estaria buscando a resposta para questões inferenciais na linearidade do texto? Postulamos, que esses alunos estão apenas reproduzindo um padrão de comportamento que lhes foi ensinado ao longo de seus anos de escolaridade, incorporarando a noção de que a leitura se valida apenas como reprodução de material explícito apresentado na superfície textual. Entre as respostas inferenciais dadas pelos alunos, tanto para questões literais como para questões inferenciais, podemos verificar que elas variam em grande quantidade, porém é possível notar uma harmonia entre elas no que se refere aos frames ativados. A isso estamos atribuindo o fato de que toda inferência tem como base um esquema cognitivo que é também ativado pelo material disponibilizado pelo texto. Assim, ainda que elas variem nos significados construídos, elas mantêm uma certa regularidade nos elementos que as instanciam. Além disso, pudemos notar que, em sua maioria, essas respostas não são validadas pelo gabarito que é apresentado pelo livro didático. Quando alguma validação ocorre, ela se dá pela já citada “Resposta Pessoal”, que aponta muito mais para um “vale-tudo” do que para uma reflexão acerca dos processos cognitivos desenvolvidos pelo leitor em interação com o texto lido. Por fim, chamamos a atenção para a total inutilidade de questões de ativação de conhecimento após a leitura do texto. Como pudemos ver analisando as respostas dadas pelos alunos, questões de ativação de conhecimento prévio não fazem o aluno olhar para o texto. Assim, nas respostas dadas para essas questões, não se nota a mesma uniformidade de frames ativados como nas respostas inferenciais, e também não se nota sequer a reprodução de um padrão de busca na linearidade do texto. O texto, por meio dessas questões, deixa de ser trabalhado e, logo, não podemos tratá-las como questões de leitura. Seu lugar, como já demonstraram diversos outros trabalhos (cf. BOTELHO, 2011), é no momento de pré-leitura, permitindo aos alunos a ativação e a construção de conhecimentos que lhes auxiliarão na leitura do texto posteriormente apresentado. 194 CONSIDERAÇÕES FINAIS Sei que canto. E a canção é tudo. Tem sangue eterno a asa ritmada. E um dia sei que estarei mudo: — mais nada. (Cecília Meireles. Motivo) Partindo do pressuposto de que se aprende a ler lendo, ou seja, que alguém se desenvolve como leitor apenas pela prática da própria leitura (PERINI, 1988; KLEIMAN, 2010 [1989]; FULGÊNCIO e LIBERATO, 1996, 2003 [1992]), consideramos que se torna urgente a compreensão de que à Escola cabe a realização de um trabalho sistemático com a leitura em sala de aula, por meio do desenvolvimento de habilidades de leitura e de um trabalho de complexidade graduada. Como cita Perini (1988, p.81), “a leitura funcional nascerá do convívio com o material escrito adequado, e somente dele”. Como explicitado na introdução deste trabalho, muito se fala sobre os insucessos dos alunos no trato com o texto escrito, em sua incapacidade de ler e compreender o que leem. Kato (1990 [1985], p.112), entretanto, nos lembra que é preciso “indagar se o problema não estaria na própria escola e não no aprendiz”. A autora salienta o fato de que a falha no ensino da leitura por parte da Escola pode estar em um nível básico para que a leitura seja realmente significativa - a falta de objetivos claros: Se a criança enfrenta o texto sem nenhum objetivo prévio, ela dificilmente poderá monitorar a sua compreensão tendo em vista esse objetivo. Sua monitoração, quando muito, poderá se dar apenas a nível de uma compreensão vaga e geral. Ou ainda, ela poderá ler o texto, tendo em mente apenas o tipo de perguntas que a escola está acostumada a lhe fazer. Sua compreensão, nesse caso, será monitorada apenas para atender à expectativa da escola e não dela mesma (KATO, 1990 [1985], p.112). A partir desse questionamento, este trabalho teve por objetivo investigar o comportamento cognitivo de estudantes do nono ano do ensino fundamental ao realizarem atividades de leitura contidas em livros didáticos de língua portuguesa, especificamente no que diz respeito à geração de inferências. Ao mesmo tempo, buscamos também investigar em que medida os livros didáticos trabalham qualitativamente e desenvolvem as capacidades cognitivas dos alunos que os utilizam no que diz respeito ao processo de inferenciação. Inicialmente, foi preciso, então, entender o papel que o livro didático cumpre neste espaço de relações institucionalizadas, que é a sala de aula. Para isso, buscamos 195 suporte nos estudos que investigam a história do livro didático no Brasil e a eles incorporamos os estudos de Vigostski (2008) acerca da cognição social e da função das ferramentas para o desenvolvimento cognitivo dos seres humanos e de Sinha (1999) e seus estudos sobre a Cognição Situada. Assim, pudemos entender que os livros didáticos atuam como objetos semióticos que desempenham um papel fundamental de formação de comportamentos cognitivos em sala de aula, tanto do aluno como sujeitoaprendiz como do professor como sujeito-ensinante. Por meio dos estudos sobre a história do livro didático no Brasil, pudemos verificar que ele foi se construindo com o objetivo de atuar como uma ferramenta de controle e organização externos da construção de significados na sala de aula. Dessa forma, ele acaba, hoje em dia, adentrando esse espaço com o objetivo de formar sujeitos reprodutores, tanto alunos como professores, uma vez que, da forma como se constituiu, o livro didático não permite a construção conjunta de saberes entre alunos e professores. Se os saberes que o aluno traz são ignorados pelos livros didáticos, pudemos deduzir que isso dificultaria um trabalho de qualidade a ser desenvolvido por esses materiais no que diz respeito à geração de inferências em leitura, uma vez que a geração de inferências pressupõe a articulação interativa entre os saberes que o aluno traz consigo para a leitura e os saberes que o texto lhe apresenta. Tal hipótese pôde ser verificada, então, ao analisarmos as respostas dadas pelos alunos ao desenvolverem as atividades selecionadas para a pesquisada retirada dos livros didáticos analisados. Para que fosse desenvolvida uma melhor análise dessas respostas dadas pelos alunos, anteriormente, buscamos desenvolver uma teoria da inferenciação com base exclusivamente nas ciências da cognição, tendo em vista o fato de que muitas são as visões sobre esse processo, e que elas nem sempre partem de uma visão interativa de leitura, sendo, por vezes, contraditórias entre si. Buscando alcançar nosso objetivo, partimos dos estudos psicolinguísticos sobre o processamento da leitura e os associamos a pressupostos teóricos da Linguística Cognitiva. Primeiramente, encontramos na Psicolinguística a visão de leitura como processo interativo e seletivo de informações e a noção de inferência como articulação, na memória rasa, entre o conhecimento prévio do leitor, que se encontra em sua memória semântica, e as informações visuais contidas no texto que é lido. Partindo dessa concepção, encontramos, então, na Linguística Cognitiva, a noção de frames e de esquemas, que permitem a organização de nosso conhecimento prévio em nossa 196 memória semântica, e a Teoria da Integração Conceptual, que permite a integração entre dois domínios de conhecimento por meio da projeção seletiva de seus elementos em um espaço-mescla. Por meio da união das duas teorias, pudemos, então, chegar a uma visão interativa e processual da inferenciação em leitura, definida por nós como um processo cognitivo de formação de conceitos por meio da integração conceptual entre elementos selecionados de duas fontes de informação: o conhecimento prévio do leitor e a informação visual apresentada pelo texto. A inferenciação assim vista passa a ser, então, um processo cognitivo básico de construção de significados, desenvolvido por um leitor maduro e ativo no processo. Por derivar de um processo de projeção seletiva e com possibilidades de emergência de elementos novos no espaço-mescla, onde os significados são construídos, as inferências se formam, então, de maneira imprevista, uma vez que dependem dos conhecimentos prévios de cada leitor, que não são os mesmos, e dos elementos que ele seleciona, de acordo com os objetivos que coloca para sua leitura, como pudemos ver na análise detalhada dos processos inferenciais por meio dos esquemas de integração conceptual apresentados. Logo, se as inferências são imprevisíveis e individuais, como articulá-las a um padrão de livro didático que busca o controle e a padronização? Seria possível a construção de um trabalho de qualidade com o plano inferencial em leitura, através do uso de livros didáticos? Por meio da análise das respostas dadas pelos alunos para as atividades selecionadas, vimos que esse aparente paradoxo, aplicado na prática ainda de maneira mal resolvida, não nos traz reflexos muito positivos. Nem os alunos nem os livros têm consciência do que estão fazendo. Questões literais são respondidas com inferências e questões inferenciais são respondidas com a ativação de conhecimentos prévios, ainda que os estudantes façam inferências diversas ao longo de sua leitura. Os livros, por sua vez, se aferram a respostas únicas para questões inferenciais ou apelam para um “vale-tudo”, encoberto pela clássica “Resposta Pessoal”, ou apontam respostas que recorrem à linearidade do texto para questões que desenvolveriam um alto potencial de explicitação de processos inferenciais. Dessa maneira, levando-se em conta o valor de verdade que assume tudo o que a Escola ensina aos seus alunos e, se tais questões, que incitam confusamente a recuperação de detalhes do texto, a ativação de conhecimento prévios ou a explicitação 197 de processos inferenciais sem suporte para a explicitação das relações estabelecidas pelo leitor, são massivamente postas em prática em ambientes escolares, não é difícil perceber que estamos, na verdade, transmitindo a nossos alunos a ideia de que esta é a verdadeira natureza da leitura. Assim, o ensino de leitura parece não cumprir o papel que deveria. Nossos alunos acabam por ver a leitura escolar como uma tarefa mecânica, bem distante do tipo de análise crítica e interativa na qual se engajam (ou deveriam se engajar) regularmente em suas vidas fora de sala de aula. Como afirmam Gerhardt e Vargas (2010), sem objetivos diante do texto, o aluno não sabe o que fazer com ele, e o que poderia atuar como um importante instrumento de contato e aprendizado com uma língua acaba se tornando um objeto inútil e enfadonho em sala de aula. Fora da Escola, toda leitura visa a um objetivo específico, e, por se dar de maneira espontânea, apresenta um engajamento do leitor no alcance desses objetivos. Nesse sentido, como questiona Kleiman (2001 [1992]), Não seriam as tentativas de ensino da leitura incoerentes com a natureza da atividade, uma vez que a leitura é um ato individual de construção de significado num contexto que se configura mediante a interação entre autor e leitor, e que, portanto, será diferente, para cada leitor, dependendo de seus conhecimentos, interesses e objetivos do momento? (KLEIMAN, 2001 [1992], p. 49). A questão apresentada pela autora é de extrema pertinência para pensarmos como deveríamos, então, atuar enquanto professores e pesquisadores que buscamos o desenvolvimento de um trabalho significativo com a leitura em sala de aula. A resposta pode ser sim, se consideramos a existência de um trabalho que privilegia uma única leitura como correta e autorizada – apresentada pelo livro didático: “tal ensino pode facilmente desembocar na exigência de mera reprodução das vozes de outros leitores, mais experientes ou mais poderosos do que o aluno” (KLEIMAN, 2001 [1992], p.61). Por outro lado, a resposta também pode ser não, se pensarmos em um ensino de leitura que busque desenvolver nos alunos não a capacidade de se adequar a uma leitura considerada autorizada, mas um ensino focado no trabalho com as estratégias de leituras e com as habilidades linguísticas e cognitivas necessárias para a realização de uma leitura de qualidade. A isso acrescentamos o fato de que a cognição é situada e parcial. Assim, é possível definir parâmetros e objetivos específicos de leitura que permitam a 198 produção de atividades focadas na previsão de específicas construções de significados que podem ser conduzidos. Considerando-se essa ideia como pressuposto básico, a partir do entendimento do processo de leitura desenvolvido na mente do sujeito-leitor, ou seja, de quais processos cognitivos subjazem à construção da leitura de textos escritos, pode-se (re)pensar as atividades de leitura desenvolvidas hoje nos ambientes de educação formal, visando a estruturar novos objetivos para que se possa levar o aluno ao entendimento e à realização de leituras de qualidade de um texto, dentro e fora da escola. Como afirma Vieira (2008, p.151): As contribuições desse modelo para o ensino de leitura são muitas, porém a mais importante delas é a visão de co-construção do sentido que, por sua vez, desestabiliza a segurança que o professor ou avaliador acredita ter em relação ao controle do processo, já que cada leitor tem um processo próprio de interação com o texto que pode não corresponder ao processo do professor. Porém, para que se altere a visão de ensino de leitura hoje presente na Escola é preciso que, como já dito, os professores conheçam como se desenvolve o processo da leitura para que possam atuar conscientemente em sala de aula, interferindo nele quando necessário, criando parâmetros para a avaliação de textos a serem utilizados e da própria leitura que seus alunos desenvolvem (FULGÊNCIO e LIBERATO, 2003 [1992]). Como afirma Kleiman (2010 [1989], p.9), acreditamos que o desvendamento do processo torna possível o planejamento de medidas de ensino adequadas, de base informada, bem fundamentadas. (...) Refletir sobre o conhecimento e controlar os nossos processos cognitivos são passos certos no caminho que leva à formação de um leitor que percebe relações, e que forma relações com um contexto maior, que descobre e infere informações e significados mediante estratégias cada vez mais flexíveis e originais. Entretanto, analisando as atividades aplicadas, bem como os livros de onde elas foram retiradas, podemos notar que, hoje em dia, os textos selecionados por esses materiais são de muita qualidade e permitem o desenvolvimento de um ótimo trabalho com a leitura dos alunos. Porém, ainda se apresentam atividades de leitura de baixa qualidade, que não permitem o reconhecimento dos processos de leitura desenvolvidos pelos estudantes e tampouco o desenvolvimento desses alunos como leitores maduros. Ainda hoje, apresenta-se o predomínio questões de nível literal e de baixo nível inferencial, e questões de ativação de conhecimento prévio deslocadas de seu lugar de pré-leitura. Apesar disso, é possível observar que um grande número de respostas 199 inferenciais são dadas, mesmo para questões que não solicitam isso aos alunos, o que nos demonstra, de certa maneira, que esses alunos estão se recusando a aceitar a noção instituída na escola de leitura como tarefa mecânica de seleção de informações, mesmo que o gabarito apresentado pelos livros didáticos invalide seus processos cognitivos e lhes negue um maior domínio sobre sua leitura. Além disso, podemos notar a baixa qualidade predominante nas questões que exigiriam respostas inferenciais, visto que invalidam as inferências geradas pelos alunos ou não encaminham os estudantes na explicitação de seus processos inferenciais. Em poucas delas foi possível perceber um estímulo para a articulação entre o conhecimento prévio do leitor e informação visual apresentada pelo texto. Assim, vemos alunos dando respostas de ativação de conhecimento prévio para questões inferenciais, dada a falta de precisão de seus enunciados. Sistematizando as respostas dadas, é possível notar que mesmo respostas inferenciais ou de ativação de conhecimento prévio mantêm uma lógica subjacente a elas: nota-se uma certa harmonia nos frames que elas ativam e, principalmente, a correspondência comum a um mesmo esquema que possibilita a compreensão dos textos que lhe são apresentados. Dessa forma, elas variam nos significados construídos, porém mantêm uma regularidade nos elementos que as instanciam. Entretanto, no que diz respeito ao ensino de leitura tal e como ele se apresenta, como pudemos ver na análise aqui apresentada, não se reconhecem os conhecimentos que os alunos já trazem ao entrar em sala de aula como necessários para a construção do conhecimento de maneira ativa e interativa. Isso ocorre porque ou não se reconhecem as respostas que fogem à “copiação” do texto, ou não se validam as inferências geradas pelos alunos, ou se mantêm esses conhecimentos isolados dos saberes escolares por meio de um “Resposta Pessoal”. Além de tudo isso, também não se estimula um pensar sobre o processo. Podemos afirmar, portanto, que a Escola, preocupada em padronizar comportamentos cognitivos reprodutores, não busca, verdadeiramente, desenvolver a competência de nossos alunos em leitura, em especial no que diz respeito às condições de reconhecimento e desenvolvimento de suas capacidades cognitivas. Ao desconsiderar as diferenças socioculturais e individuais entre os alunos (SOARES, 1997), a Escola acaba por moldar indivíduos que desconhecem tal realidade e que não desenvolvem 200 suas capacidades cognitivas plenamente, uma vez que se busca, antes de tudo, formar um grupo homogêneo ideal. Se entendemos que é através de nossa língua que pensamos, observamos e analisamos o mundo, que o organizamos em nossa mente (VIGOTSKI, 2008 [1934]), impedir que os alunos reflitam sobre sua condição de ser no mundo de hoje, sobre suas próprias capacidades e o poder que podem exercer sobre seu próprio pensar, é uma realidade contra a qual devemos lutar: Quando teorias sobre as relações entre linguagem e classe social são escolhidas para fundamentar e orientar a prática pedagógica, a opção que se está fazendo não é, apenas, uma opção técnica, em busca de uma competência que lute contra o fracasso na escola, que, na verdade, é o fracasso da escola, mas é, sobretudo, uma opção política, que expressa um compromisso com a luta contra as discriminações e as desigualdades sociais (SOARES, 1997, p. 79). Acreditamos, então, que, para que essa situação se altere, deva haver uma mudança de objetivos para as questões de leitura, que passem a fazer, como afirmam Applegate et al. (2002), com que o aluno pense sobre e responda ao texto, utilizando o próprio texto para justificar seus julgamentos. Com relação a isso, Tomitch (2008b) divide os procedimentos metodológicos utilizados na pesquisa e no ensino de leitura em dois grandes grupos: os que obtêm dados comportamentais e os que buscam dados cerebrais. No que se refere ao ensino, utiliza-se, por questões óbvias, apenas o primeiro grupo de procedimentos para avaliar a capacidade leitora dos alunos. Segundo a autora, esse grande grupo, tanto para a pesquisa como para o ensino, poderia ser divido em três outros grupos: “abordagens com foco na situação de leitura, na compreensão como produto ou ainda na compreensão como processo” (TOMITCH, 2008b, p.38). Como fora salientado várias vezes anteriormente, predomina, em atividades escolares de leitura, o foco na compreensão como produto, uma vez que elas buscam medir o que o leitor captou do texto lido, segundo critérios que analisam apenas o resultado da leitura em relação ao que se espera que o aluno faça. Porém, deve a escola entender que a ela cabe auxiliar o aluno na construção – e permitir a prática –, em sala de aula, das estratégias utilizadas por leitores maduros. Para isso, é preciso que se realize com os alunos tarefas que inicialmente os levem a trabalhar qualitativamente esse comportamento cognitivo, desenvolvendo-o, tendo em vista que os alunos devem alcançar a autonomia no trato com o texto escrito. Uma vez 201 conhecidos os aspectos cognitivos envolvidos no processamento da leitura, entendida como “um processo cognitivo complexo, e não apenas como um produto final a ser analisado” (TOMITCH, 2008, p. 13), pode-se elaborar atividades escolares que busquem a reflexão e a percepção dos processos naturalmente desenvolvidos pelos alunos. Observando as respostas dadas pelos alunos e analisadas neste trabalho, podemos verificar que a qualidade das respostas dadas pelos alunos está diretamente ligada à qualidade das perguntas propostas pelos livros didáticos. Assim, vemos que os processos inferenciais desenvolvidos pelos alunos foram evidenciados com mais qualidade em suas respostas em questões que apontavam para o aluno, em seus enunciados, como ele poderia fazê-lo. Inclusive, nossa análise pode ser feita de uma melhor maneira nessas questões. Em questões cujos objetivos não estavam claros, as respostas dos alunos se mostraram difusas, não seguindo uma lógica comum de raciocínio e, até mesmo, dificultando qualquer sistematização sobre elas. Não sendo possível o entendimento dos raciocínios desenvolvidos pelos alunos, não há possibilidade de fazer com que eles se desenvolvam cada vez mais como leitores maduros. Dessa forma, sugere-se, então, uma mudança de objetivos para respostas mais open-ended ao texto (Sarroub e Pearson, 1998, apud APPLEGATE et al, 2002). Podemos definir esse tipo de questão de leitura como aquela que nos permite mensurar e desenvolver a habilidade do leitor em pensar sobre o que lê e em usar as informações do próprio texto para explicar seus pensamentos. Assim, a combinação de objetivos precisos para as atividades de leitura com questões do tipo open-ended em uma determinada atividade de leitura pode torná-la mais interessante aos alunos, bem como permitir o desenvolvimento de um trabalho mais significativo com a leitura em sala de aula. Acreditamos, assim, que as atividades escolares de leitura podem e devem buscar o desenvolvimento de “práticas pedagógicas que auxiliem o leitor na otimização do processamento textual, liberando então recursos da memória de trabalho para a execução de processos de mais alto nível e levando o leitor a uma leitura mais crítica e mais produtiva do texto” (TOMITCH, 2008, pp. 13-14). A escola visaria, então, a oferecer condições propícias para o aluno desenvolver sua capacidade enquanto leitor 202 ativo no processo, oferecendo, por um lado, um estímulo compreensivo e motivador e, por outro, situações-problema que o levarão a pensar sobre o que está fazendo. Lembramos também que, como pudemos ver na análise das respostas dadas pelos alunos, que a leitura de qualidade não representa um “vale-tudo” de opiniões. Pudemos ver que, para as perguntas de qualidade, ainda que mínima, é possível sistematizar o raciocínio desenvolvido pelos estudantes e, consequentemente, elaborar atividades com objetivos específicos de captura de conteúdo, de estratégias a serem desenvolvidas por eles. Assim, Kato (1990 [1985]) pensa em dois tipos de ação pedagógica: uma por meio da qual o próprio aprendiz guia sua leitura para atingir um objetivo, e outra por meio da qual o professor prevê possíveis falhas de compreensão dos alunos, atuando como um mediador desse processo. Poderíamos também citar um terceiro tipo de ação pedagógica baseada na definição de objetivos definidos pelo professor – e pela atividade de leitura – a partir do qual se orientaria a leitura do aluno para seu alcance. Nesse sentido, concordamos com Kleiman (2001 [1992]), que indica que o professor deve também orientar o processo de desenvolvimento das capacidades leitoras por parte das crianças, definindo tarefas cada vez mais complexas, mas que sejam solucionáveis com a orientação de um adulto ou de um colega mais proficiente, como já nos ensinou Vigotski (2008 [1934]). Aos poucos, o professor retiraria os suportes e a criança passaria a redefinir suas estratégias, solucionando as tarefas por si. Devemos lembrar também que não necessariamente a compreensão de um texto se dá em um primeiro ato de leitura do aluno, mas sim durante a realização da tarefa proposta pelo professor. Para isso, porém, o aluno deve estar plenamente consciente da tarefa, que deve ser exequível, plausível e significativa, segundo objetivos pré-definidos em comum acordo. Pois, como bem afirma a autora, Se o leitor menos experiente foi desacostumado pela própria escola, a pensar e decidir por si mesmo sobre aquilo que ele lê, então o adulto pode, provisioriamente superimpor objetivos artificialmente criados para realizar uma tarefa interessante e significativamente para o desenvolvimento do aluno (KLEIMAN, 2010 [1989], p.35). Poderíamos, dessa maneira, elaborar atividades que considerem, respeitem, validem e desenvolvam as inferências geradas pelos alunos também em livros didáticos. Assim, os gabaritos apresentariam aos professores como trabalhar com as relações 203 diversas que seus alunos poderiam estabelecer, apresentando-lhes critérios de correção da explicitação dos processos cognitivos e não dos processos em si. Em outros termos, podemos dizer que a Escola e as questões de leitura deveriam, acima de tudo, trabalhar com a capacidade dos alunos de pensar sobre seus processos cognitivos, ou seja, as atividades escolares de leitura deveriam guiar-se pelo plano meta, como já fora apontado por Gerhardt e Vargas (2010). Porém, para isso, o papel do livro didático em sala de aula deveria ser repensado, e seus objetivos alterados para a construção de uma nova relação de ensino-aprendizagem em sala de aula, não mais guiada pelo controle e pela padronização, mas pela formação de aprendizes que possam de pensar sobre seus próprios processos de aprendizagem e, assim, possibilitar a concretização da criação de atividades de leitura que levem em consideração as inferências geradas pelos alunos e que, portanto, os tratem como sujeitos ativos no processo. Entretanto, a Escola parece ainda não ter se dado conta dessa relação e da necessidade de um trabalho que busque, mais que a avaliação de leituras monológicas, a validação e o desenvolvimento de leituras inferenciais, que respeitem o aluno como sujeito que também tem algo importante a dizer. Esperamos que esse trabalho, mesmo com suas limitações teóricas, de tempo e de espaço, possa contribuir para a construção de uma mudança real e possível nesse sentido, e que, em trabalhos futuros, possamos confirmar que nossas ideias não formavam parte de mais um grupo de trabalhos que apresentam propostas teóricas apartadas da prática escolar. Sabemos, por experiências práticas, que muitos são os problemas que a educação formal enfrenta hoje no Brasil e que os professores, em especial, enfrentam, muito além de limitações teóricas ou acesso a materiais de apoio de qualidade. Sabemos que uma discussão sobre livros didáticos e a qualidade das atividades de leitura neles presentes não vai resolver esses problemas, que dependem muito mais de uma reorganização socio-político-econômica brasileira do que de questões didático-pedagógicas. Entretanto – e é nisso que acreditamos –, não podemos negar a alunos e professores o acesso a materiais didáticos de qualidade, que os valorizem como sujeitos ativos no processo de aprendizagem. Ainda que tais materiais não resolvam os referidos problemas, podem, ao menos, estimular o desenvolvimento de sujeitos capazes de refletir criticamente sobre esses e quaisquer outros problemas que venham a enfrentar. 204 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS APPLEGATE, M. D., QUINN, K. B., APPLEGATE, A. J. Levels of thinking required by comprehension questions in informal reading inventories. The Reading Teacher, v.56, n. 2, pp.174-180, 2002. BATISTA, A. A. G. A avaliação dos livros didáticos: para entender o Programa Nacional do livro didático (PNLD). In: ROJO, R.; BATISTA, A. A. G. (org) Livro didático de Língua Portuguesa, letramento e cultura da escrita. São Paulo: Mercado de Letras, 2003. pp. 25-68. BATISTA, A. A. G. O Processo de escolha de livros e seus condicionantes: um estudo exploratório. In: BATISTA, A. A. G.; COSTA VAL, M. G. (org) Livros de Alfabetização e de Português: os professores e suas escolhas. Belo Horizonte: Ceale; Autêntica, 2004. pp. 29-74 BATISTA, A. A. G. O conceito de “livros didáticos”. In: GALVÃO; A. M. O.; BATISTA, A. A. G. Livros escolares de leitura no Brasil – elementos para uma história. Campinas, São Paulo: Mercado de Letras, 2009, pp. 41-74 BATISTA, A. A. G.; COSTA VAL, M. G. Livros Didáticos, controle do currículo, professores: uma introdução. In: BATISTA, A. A. G.; COSTA VAL, M. G. (org) Livros de Alfabetização e de Português: os professores e suas escolhas. Belo Horizonte: Ceale; Autêntica, 2004. pp. 9-28 BATISTA, A. A. G.; GALVÃO; A. M. O. Livros de leitura: uma morfologia. In: GALVÃO; A. M. O.; BATISTA, A. A. G. Livros escolares de leitura no Brasil – elementos para uma história. Campinas, São Paulo: Mercado de Letras, 2009, pp. 75104 BOTELHO, P. F. Aspectos da leitura em livros didáticos de Língua Portuguesa – conhecimento prévio, ensino e metacognição. In: III SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA, 2011, Uberlândia, Anais...Uberlândia, 2011. BRÄKLING, K. L. A gramática nos LDs de 5ª a 8ª séries: “que rio é este pelo qual corre o gânges?” In: ROJO, R.; BATISTA, A. A. G. (org) Livro didático de Língua Portuguesa, letramento e cultura da escrita. São Paulo: Mercado de Letras, 2003. pp. 211-252. BRANDÃO, H. M. B.; MARTINS, A. A. A leitura literária no PNLD diante dos PCNs: pretextos versus contextos ou “a escolinha do professor Raimundo”. In: ROJO, R.; BATISTA, A. A. G. (org) Livro didático de Língua Portuguesa, letramento e cultura da escrita. São Paulo: Mercado de Letras, 2003. pp. 253-276. BRASIL, LDB. Lei 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em < www.planalto.gov.br >. Acesso em: 25 Jun 2011. BRASIL, Secretaria de Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa. Brasília: Secretaria de Educação Fundamental, 1998. 205 BRASIL, Secretaria de Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio: Língua Portuguesa. Brasília: Secretaria de Educação Fundamental, 1999. BRASIL, Secretaria de Educação. PCN+ Ensino Médio – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. Brasília: Secretaria de Educação Fundamental, 2002. BRASIL. Ministério da Educação. Programa Nacional do Livro Didático. Guia de livros didáticos - PNLD 2011. Brasília: Ministério da Educação, 2010. BRASIL, Secretaria de Educação. Orientações Curriculares para o Ensino Médio – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. Brasília: Secretaria de Educação Fundamental, 2006. BUCHWEITZ, A. A aplicação de um modelo para a compreensão na leitura em primeira e segunda línguas. In: TOMITCH, L. M. B. (org) Aspectos cognitivos e instrucionais da leitura. Bauru, SP: EDUSC, 2008. pp. 73-98 CEREJA, W. R.; MAGALHÃES, T. C. Português: Linguagens. Manual do professor. 9º ano. São Paulo: Atual editora, 2009. CHAFE, W. Language and Consciousness. Language, v. 50, pp. 111-133, 1974. CHAUÍ, M. Elementos de Lógica. In: CHAUÍ, M. Filosofia. São Paulo: Ed. Ática, 2000. CHIKALANGA, I. A suggested taxonomy of inferences for the reading teacher. Reading in a Foreign Language. Hawaii, v. 8, n. 2, pp.697-709, 1992. CORACINI, M. J. (Org.). Interpretação, autoria e legitimação do livro didático. São Paulo: Pontes, 2011 [1999]. COSCARELLI, C. V. Reflexões sobre as inferências. In: VI CONGRESSO BRASILEIRO DE LINGUÍSTICA APLICADA, 2002, Belo Horizonte, Anais... Belo Horizonte, 2002. COSTA VAL, M. G.; BREGUNCI, M. G. C.; SILVA, C. S. R.; CASTANHEIRA, M. L.; MARTINS, A. A. Padrões de escolhas de livros e seus condicionantes: um estudo exploratório. In: BATISTA, A. A. G.; COSTA VAL, M. G. (org) Livros de Alfabetização e de Português: os professores e suas escolhas. Belo Horizonte: Ceale; Autêntica, 2004. pp. 75-114 CROTHERS, E. J. The psycholinguistc structure of knowledge. In: ROMNEY, K.; WEXLER, K. (eds.) Cognitive organization and psychological processes. Washington, D.C.: National Academy of Sciences, 1973. DELL’ISOLA, R. L. P. A avaliação da leitura de textos no ensino de Língua Portuguesa. In: DELL’ISOLA, R. L. P.; MENDES, E. A. M. (org.). Reflexões sobre a Língua Portuguesa: ensino e pesquisa. Campinas, SP: Pontes, 1997. 206 DELL’ISOLA, R. L. P. Leitura: inferências e contexto sociocultural. Belo Horizonte: Formato, 2001. DUNLOSKY, J., METCALFE, J. Metacognition. Thousand Oaks, CA: Sage Publications, 2009. DUQUE, P. H.; COSTA, M. A. Linguística Cognitiva: em busca de uma arquitetura de linguagem compatível com modelos de armazenamento e categorização de experiências, a sair. FAUCONNIER, G.; TURNER, M. The way we think. New York, Basic Books, 2002. FELTES, H. P. M. Processos inferenciais, mesclagem e princípio da relevância: a emergência do humor em uma piada narrativa. In: COSTA, J. C.; PEREIRA, V. W. Linguagem e Cognição: relações interdisciplinares. Porto Alegre, RS: EdiPUCRS, 2009. FERREIRA, S. P. A.; DIAS, M. G. B. B. A leitura, a produção de sentidos e o processo inferencial. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 9, n. 3, p. 439-448, set./dez. 2004 FULGÊNCIO, L.; LIBERATO, Y. A leitura na escola. São Paulo: Contexto, 1996. FULGÊNCIO, L.; LIBERATO, Y. Como facilitar a leitura. São Paulo: Contexto, 2003 [1992]. GALVÃO; A. M. O.; BATISTA, A. A. G. O estudo dos manuais escolares e a pesquisa em história. In: GALVÃO; A. M. O.; BATISTA, A. A. G. Livros escolares de leitura no Brasil – elementos para uma história. Campinas, São Paulo: Mercado de Letras, 2009, p. 11-40 GEERAERTS, D. A rough guide to cognitive linguistics. In: GEERAERTS, D. (Ed). Cognitive linguistics: basic readings. New York/Berlin: Mouton de Gruyter, 2006. GERALDI, J. W. Portos de Passagem. São Paulo: Martins Fontes, 2003 [1991]. GERHARDT, A. F. L. M. Os saberes acumulado e processual, a leitura e o desenvolvimento cognitivo. In: 54º SEMINÁRIO DO GEL – Grupo de Estudos Linguísticos do Estado de São Paulo, 2006, Araraquara, Anais... Araraquara, SP, Brasil, 2006a. GERHARDT, A. F. L. M. Uma visão sócio-cognitiva da avaliação em textos escolares. Educação e Sociedade. Campinas, v. 27, n. 97, pp.1181-1203, 2006b. GERHARDT, A. F. L. M. Repensando o certo e o errado – as bases epistêmicas da sócio-cognição na escola. Leitura, Revista da UFAL, Alagoas, 2010. GERHARDT, A. F. L. M.; ALBUQUERQUE, C.; SILVA, I. A cognição situada e o conhecimento prévio em leitura e ensino. Ciências & Cognição, 14 (2), pp. 74-91, 2009. 207 GERHARDT, A. F. L. M.; VARGAS, D. S. A pesquisa em cognição e as atividades escolares de leitura. Trabalhos em Linguística Aplicada (UNICAMP), v. 49, pp. 145166, 2010. GOMBERT, J. E. Metacognition, metalanguage and metapragmatics. International Journal of Pshychology, 28 (5), 1993. pp. 571-580. GUIMARÃES, V. C. A conexão textual em LDs de 5ª a 8ª séries do ensino fundamental: uma tentativa de formulação de uma gramática textual. In: ROJO, R.; BATISTA, A. A. G. (org) Livro didático de Língua Portuguesa, letramento e cultura da escrita. São Paulo: Mercado de Letras, 2003. pp. 7-24 HAYAKAWA, S. J. A linguagem dos comunicados. In: HAYAKAWA, S. J. A linguagem no pensamento e na ação. São Paulo: Pioneira, 1963. HUME, D. Tratado da Natureza Humana. São Paulo: Ed. UNESP, 2009. ISRAEL, S; BLOCK, C; BAUSERMAN, K & KINUCAN-WELSH, K. (Eds.). Metacognition in literacy learning. London: Lawrence Erlbaum, 2005. pp. 19-40. JOHNSON, M. The body in the mind: the bodily bases of meaning, imagination and reason. Chicago: The University of Chicago Press, 1987. KATO, M. A. A aprendizagem da Leitura. São Paulo: Martins Fontes, 1990 [1985]. KINSTCH, W.; VAN DIJK, T. A. Strategies of discourse comprehension. New York: Academic Press, 1983. KLEIMAN, A. Oficina de leitura: teoria e prática. 8. ed. Campinas, SP: Pontes, 2001 [1992]. KLEIMAN, A. Texto e Leitor: Aspectos Cognitivos da Leitura. Campinas, SP: Pontes, 2010 [1989]. KOCH, I. G. V; TRAVAGLIA, L. C. A coerência textual. São Paulo: Contexto, 2011 [1990]. KOCH, I. G. V. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 2011 [1997]. LAKOFF, G.; JOHNSON, M. Metaphors we live by. Chicago: Chicago, University Press, 1980 LEFFA, V. J. Aspectos da leitura: uma perspectiva psicolinguística. Porto Alegre: Sagra-Luzzatto, 1996. 208 LERNER, D. O livro didático e a transformação do ensino da língua. In: BATISTA, A. A. G.; COSTA VAL, M. G. (org) Livros de Alfabetização e de Português: os professores e suas escolhas. Belo Horizonte: Ceale; Autêntica, 2004. pp. 115-136 LESSA, P. R. Tenho Que Classificar? A Subordinação Adverbial na Oficina de Língua Portuguesa (CLAC/UFRJ). In: I SEMINÁRIO SOBRE USO(S) DE CONECTIVOS E ARTICULAÇÃO DE CLÁUSULAS, 2010. Anais... Rio de Janeiro, a sair. LESSA, P. R. A subordinação adverbial na oficina de língua portuguesa (clac/ufrj) e o saber do aluno na produção textual. Anais do SETA. v. 5. p.659-668, 2011. MARCUSCHI, L. A. Exercícios de compreensão ou copiação. Em aberto. Brasília, ano 16, n. 69, jan./mar, 1996. MARCUSCHI, L. A. Dimensão discursiva das atividades de categorização e referenciação. In: REUNIÃO ANUAL DA ANPOLL, 2002, Porto Alegre, Anais... Porto Alegre, 2002. MARCUSCHI, L. A. Compreensão de texto: algumas reflexões. In. DIONISIO, A. P. & BEZERRA, M. A. (orgs.) O livro didático de Português: múltiplos olhares. 2ª ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2003. MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. 1ª Ed. São Paulo: Parábola, 2008. McKOON, G.; RATCLIFF, R. Inference during reading. Psychological review. v.99, n.3, pp. 440-466, 1992. MENEGASSI, R. J. Compreensão e interpretação no processo de leitura: noções básicas ao professor. Revista UNIMAR, 17, 1, pp.85-94, 1995. MILLER, G. A. The magical number seven, plus or minus two: some limits on our capacity for processing information. Psychological Review, v.63, pp. 81-97, 1956. MINSKY, M. A framework for representing knowledge: MIT-AI Laboratory Memo 306, junho de 1974. In: WINSTON, P. (Ed.) The Psychology of Computer Vision, p. 211-277. Nova York: McGraw-Hill, 1974. MORROW, D. G.; BOWER, G. H.; GREENSPAN, S. L. Situation-based inferences during narrative comprehension. In: GRAESSER, A.C.; BOWER, G. H. Inferences and text Comprehension. San Diego: Academic press, 1990. pp.123-135. PERFECT, T.; SCHWARTZ, B. (Eds.). Applied Metacognition. Cambridge: University Press, 2002. PERINI, M. A leitura functional e a dupla função do texto didático. In: ZILBERMAN, R.; SILVA, E.T. (orgs). Leitura: Perspectivas Interdisciplinares. São Paulo, Ática, 1988. 209 PIMENTA, R. O. C. Aspectos cognitivos da compreensão textual no PISA 2000 e no processo ensino-aprendizagem brasileiro. In: PINTO, A. Tópicos em cognição e linguagem. Recife: Editora universitária da UFPE, 2006. pp. 111-126 RIBEIRO, V. M. Alfabetismo funcional: Referências conceituais e metodológicas para a pesquisa. Educação & Sociedade. Campinas, v.18, n. 60, pp. 144-158, 1997. RODRIGUES, V. V. Níveis de letramento: teoria e prática. In: II SEMANA DE LÍNGUA PORTUGUESA, 2008, Rio de Janeiro, Anais… Rio de Janeiro, 2008. ROJO, R. O Perfil do livro didático de Língua Portuguesa para o ensino fundamental (5ª a 8ª séries). In: ROJO, R.; BATISTA, A. A. G. (org) Livro didático de Língua Portuguesa, letramento e cultura da escrita. São Paulo: Mercado de Letras, 2003. pp. 69-99. ROJO, R.; BATISTA, A. A. G. Apresentação – Cultura da escrita e livro escolar: propostas para o letramento das camadas populares no Brasil. In: ROJO, R.; BATISTA, A. A. G. (org) Livro didático de Língua Portuguesa, letramento e cultura da escrita. São Paulo: Mercado de Letras, 2003. pp. 7-24 RUMELHART, D.; McCLELLAND, J. An interactive activation model of context effects in letter perception: part 2. Psychological Review, v. 89, n. 1, pp. 60-94, 1982. SANTOS, A.C.I.; BENFICA, M.F.M.B. Coesão lexical em LDs inscritos no PNLD/2002: tentativas de exploração do funcionamento discursivo do “vocabulário” e do “estilo”. In: ROJO, R.; BATISTA, A. A. G. (org) Livro didático de Língua Portuguesa, letramento e cultura da escrita. São Paulo: Mercado de Letras, 2003. pp. 167-184. SCLIAR-CABRAL, L. Introdução à Psicolinguística. São Paulo: Ática, 1991. SINHA, C. Situated Selves: learning to be a learner. In: BLISS, J.; SALJO, R.; LIGHT, P. (orgs.). Learning Sites: Social and Technological Resources for Learning. Oxford: Pergamon, 1999. pp. 32-48. SOARES, M. Linguagem e Escola: uma perspectiva social. São Paulo: Ática, 1997. SOARES, M. Prefácio. In: DELL’ISOLA, R. L. P. Leitura: inferências e contexto sociocultural. Belo Horizonte: Formato, 2001. pp. 7-10. SOARES, M. Português: uma proposta para o letramento. Manual do Professor. 9º ano. São Paulo: Editora Moderna, 2002. SPERBER, D; WILSON, D. Relevance: Communication and cognition. Oxford: Blackwell, 1995. TERRA, E.; CAVALLETE, F. T. Projeto Radix: Português. Manual do Professor. São Paulo: Editora Scipione, 2010. 210 TOMITCH, L. M. B. Designing reading tasks to Foster critical thinking. Revista Ilha do Desterro, v. 38, pp. 83-90, 2000. TOMITCH, L. M. B. Aspectos cognitivos e instrucionais da leitura. In: TOMITCH, L. M. B. (org) Aspectos cognitivos e instrucionais da leitura. Bauru, SP: EDUSC, 2008. pp. 13-18 TOMITCH, L. M. B. A metodologia da pesquisa em leitura: das perguntas de compreensão à ressonância magnética funcional. In: TOMITCH, L. M. B. (org) Aspectos cognitivos e instrucionais da leitura. Bauru, SP: EDUSC, 2008b. pp. 37-56. TORRES, A. C. G. A memória de trabalho e a lacuna de pesquisa sobre a compreensão em leitura em língua estrangeira. In: TOMITCH, L. M. B. (org) Aspectos cognitivos e instrucionais da leitura. Bauru, SP: EDUSC, 2008. pp. 57-72. TUMOLO, C. H. S. Especificações e pré-testagem: etapas essemciais na elaboração de testes de leitura em língua estrangeira. In: TOMITCH, L. M. B. (org) Aspectos cognitivos e instrucionais da leitura. Bauru, SP: EDUSC, 2008. pp. 125-144. VANIN, A. A. A construção (criativa) do significado: processos inferenciais e blending. Ciências e Cognição, v. 15, n. 2, pp 77-93, 2010. VARGAS, D. S.; SARMENTO, T. M. P. S; GERHARDT, A. F. L. M.; REBOLLOCOUTO, L. (Re)pensando atividades escolares de leitura em Espanhol-LE. In: I CONGRESSO INTERNACIONAL DE PROFESSORES DAS LÍNGUAS OFICIAIS DO MERCOSUL, 2010, Foz do Iguaçu, Anais... Foz do Iguaçu, 2011. VARGAS, D. S. O ensino de leitura no ensino médio: uma análise do plano inferencial em livros didáticos. Anais do SETA (UNICAMP), v. 5, pp. 236-251, 2011. VIEIRA, J. R. Interface entre pesquisas em leitura e teorias literárias de leitura. In: TOMITCH, L. M. B. (org) Aspectos cognitivos e instrucionais da leitura. Bauru, SP: EDUSC, 2008. pp. 57-72. VIGOTSKI, L. S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2008 [1934]. ANEXO I – ATIVIDADES DE LEITURA APLICADAS Aos jovens Danuza Leão, Folha de São Paulo, 13/3/2005 Você, que tem 20, 30 ou 40 anos, fique alerta: essa idade vai passar, e mais depressa do que imagina. Não perca tempo, por favor, sofrendo porque a mãe ou o pai sei lá o quê. Nada importa: quem tem 25 anos deve aproveitar a vida a cada segundo. Talvez seja inútil dizer isso, porque quem tem 25 anos não ouve os mais velhos, mas é muito bom ter 25. Não importa se o dinheiro está curto, se foi abandonada pelo namorado, se o futuro é incerto. Nessa idade, não há futuro certo ou incerto, há muito mais: há futuro. Aproveite: se estiver triste em casa nesse domingo, sem amigos, nem amores nem dinheiro, pense: sou jovem, tenho uma vida pela frente. Isso é melhor que todas as glórias do mundo, só que ninguém diz isso aos que têm 25. A mim, ninguém nunca disse. Não dizem talvez por inveja; é mais fácil mostrar que a vida é dura, que é preciso estudar, trabalhar – o que também é verdade; mas ninguém pega uma menina ou um garoto de 25 anos pelos ombros, sacode, e diz: “Você tem 25, não se esqueça disso um só minuto, viva sua juventude. Aproveite e viva, porque ela vai passar”. E passa. Não que aos 50 não se tenha outras alegrias, outras compensações; mas saber que os de 25 não se dão conta do que estão vivendo é quase revoltante. Seria preciso que eles pensassem, de hora em hora, a cada minuto: tenho 25 anos. Nessa idade não temos obrigação de nada, a não ser de sermos felizes. Se o time perdeu o campeonato, se os juros estão altos, se o Waldomiro não foi preso, olhe para seu joelho, bote uma saia bem curta e vá dar uma volta no quarteirão. Coma um sanduíche bem engordativo, beba um refrigerante não diet, deite num banco de praça, de preferência debaixo de uma árvore, e olhe o céu através das folhas, mais lindo do que a mais linda renda francesa. E respire fundo, muito fundo, pensando em tudo que pode e ainda vai fazer durante muito tempo, isto é: qualquer coisa. Ache graça em tudo, ria de tudo. O dinheiro está curto, o namorado sumiu, a melhor amiga fez uma falseta? E daí? O dinheiro pode pintar, namorado é o que não vai faltar, e a amiga, esqueça. Tome um sorvete de casquinha, pegue aquele biquíni do ano passado – o único que você tem – vá para uma praia, e, quando mergulhar, tenha a consciência de que não existem diamantes nem rubis que façam alguém mais feliz do que a sensação de megulhar no mar. Quando, à noite, for para a cama com sono, pense na felicidade que é botar a cabeça no travesseiro e dormir sem precisar de comprimido para esperar o sono vir; e, quando acordar e se olhar no espelho, pense em outra felicidade, que é não ter que pintar o olho, botar um blush nem fazer uma escova, pois, por menos bonita que você seja, sempre se é linda aos 25 anos. E, se alguma coisa te aborrecer, tire da cabeça e pense: “sou jovem, e isso ninguém pode tirar de mim”. E viva, sonhe, e seja feliz, porque um dia a juventude vai passar, e será uma tristeza se você não tiver aproveitado todos os minutos dela, ou os de quando tiver 30, 40, 50, 60, 70, 80, ou 90. Para que nunca passe pela sua cabeça a pior de todas as coisas: “Eu não aproveitei a minha vida”. 1) O texto foi publicado em um grande jornal do país, numa coluna semanal da autora. Logo, o público que ela pode atingir é amplo e variado. Apesar disso, nessa crônica a autora parece se dirigir preferencialmente a um tipo de leitor. a) Qual é o perfil desse leitor? Que idade ele tem? Justifique sua resposta com elementos do texto. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ b) Qual é a idéia básica que a autora pretende transmitir? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 2) Observe algumas das formas verbais empregadas no texto: “Não perca tempo... Aproveite... Bote uma saia bem curta e vá dar uma volta no quarteirão...” a) Em que modo verbal estão empregados esses verbos? ______________________________________________________________________ b) Que relação existe entre o emprego desse modo verbal e a finalidade central do texto? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 3) O fato de a autora querer transmitir aos jovens um pouco de sua experiência nos permite fazer algumas inferências sobre ela e sobre o que ela pensa a respeito dos jovens e da velhice. a) A autora nos fala do ponto de vista de alguém que ainda é jovem ou que já viveu muito? Justifique. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ b) O que ela parece pensar a respeito do modo como o jovem leva a vida? Justifique sua resposta com o trecho do 6º parágrafo. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _ c) Para ela, é ruim envelhecer? Justifique. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 4) No terceiro parágrafo do texto, se lê: “Nessa idade [aos 25 anos], não há futuro certo ou incerto, há muito mais: há futuro”. Explique essa afirmação. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 5) no 7º parágrafo, a autora dá uma série de conselhos que normalmente são recriminados nos dias de hoje, como, por exemplo, “Coma um sanduíche bem engordativo, beba um refrigerante não diet”. Levante hipóteses: a) Por que ela recomenda aos jovens comer e beber alimentos como esses? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ b) Provavelmente, o que ela pensa sobre a possibilidade de os jovens realizarem esse desejo décadas mais tarde? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 6) No 8º parágrafo são citados alguns acontecimentos que deixariam qualquer pessoa triste: “O dinheiro está curto, o namorado sumiu, a melhor amiga fez uma falseta”. a) Os conselhos dados pela autora para problemas desse tipo revelam uma visão otimista ou pessimista da vida? Por quê? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ b) Em relação à afirmação “tenha a consciência de que não existem diamantes nem rubis que façam alguém mais feliz do que sensação de mergulhar no mar”, o que representam os diamantes e rubis? E o mar? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 7) No 9º parágrafo, a autora aponta diretamente alguns “males” que inevitavelmete surgem com a idade. Quais são eles? Por que alguns desses males são necessários? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 8) Compare o primeiro e o penúltimo parágrafos do texto e indique, entre as afirmativas a seguir, aquelas que são procedentes. a) ( ) No primeiro parágrafo, a autora se dirige às pessoas de 20 a 40 anos, mas, no penúltimo parágrafo, dirige-se às pessoas de até 90 anos. Portanto, ao longo do texto houve uma mudança de interlocutor. b) ( ) Embora a autora destaque a necessidade de os mais jovens aproveitarem a juventude, ela ressalta a importância de todas as pessoas, independente da idade, aproveitarem cada minuto da vida. c) ( ) Apesar de ser dirigido a jovens e tratar da juventude, o texto é, na verdade, um louvor à vida e ao prazer de viver intensamente cada instante. d) ( ) Ao dizer com firmeza que “um dia a juventude vai passar”, a autora revela sua tristeza por não ter aproveitado sua vida como queria. 9) De acordo com o texto, a pior de todas as coisas é dizer um dia “Eu não aproveitei a minha vida”. Com base nos exemplos dados no texto, conclua: Na ótica da autora, o que é aproveitar a vida? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Com que corpo eu vou? Maria Rita Kehl, Folha de São Paulo, Caderno Mais!, 30 de junho de 2002 O corpo tem alguém como recheio. Arnaldo Antunes, tema para o grupo Corpo, em 2000 Que corpo você está usando ultimamente? Que corpo está representando você no mercado das trocas imaginárias, que imagem você tem oferecido ao olhar alheio para garantir seu lugar no palco das visibilidades em que se transformou o espaço público no Brasil? [...] fique atento, pois o corpo que você usa e ostenta vai dizer quem você é. Pode determinar oportunidades de trabalho. Pode significar a chance de uma rápida ascensão social. Acima de tudo, o corpo que você veste, preparado cuidadosamente à custa de muita ginástica e dieta, aperfeiçoado por meio de modernas intervenções cirúrgicas e bioquímicas, o corpo que resume praticamente tudo o que restou do seu ser é a primeira condição para que você seja feliz. Não porque ele seja, o corpo, a sede pulsante da vida biológica. Não porque possua uma vasta superfície sensível ao prazer do toque – a pele, esse invólucro tenso que protege o trabalho silencioso dos órgãos. Não pela alegria com que experimentamos os apetites, os impulsos, as excitações, a intensa e contínua troca que o corpo efetua com o mundo. O corpo-imagem que você apresenta ao espelho da sociedade vai determinar sua felicidade não por despertar o desejo ou o amor de alguém, mas por constituir o objeto privilegiado do seu amor-próprio: a tão propalada auto-estima, a que se reduziram todas as questões subjetivas na cultura do narcisismo. Nesses termos, o corpo é ao mesmo tempo o principal objeto de investimento do amor narcísico e a imagem oferecida aos outros – promovida, nas últimas décadas, ao mais fiel indicador da verdade do sujeito, da qual depende a aceitação e a inclusão social. O corpo é um escravo que devemos submeter à rigorosa disciplina da indústria da forma (enganosamente chamada de indústria da saúde) e um senhor ao qual sacrificamos nosso tempo, nossos prazeres, nossos investimentos e o que sobra de nossas suadas economias. 1) Explique a estranheza que o título “Com que corpo eu vou?” causa à primeira vista. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 2) As afirmações a seguir representam ideias expressas no texto. Quais são elas? a) ( ) Nos meios em que o corpo é supervalorizado, ele é tomado como mercadoria. b) ( ) O corpo é visto como uma entidade dissociada da pessoa. c) ( ) Nesses meios, as pessoas não vivem, representam. d) ( ) As pessoas se tornam vazias e procuram a felicidade na imagem que ostentam. 3) Explique a ironia presente nos primeiros parágrafos do texto. (ironia: figura de liguagem usada quando se diz o contrário do que se deseja efetivamente exprimir). ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 4) Releia a sequência de períodos iniciados por não, no terceiro prágrafo. a) Eles remetem a quê? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ b) O que a autora exprime nesse momento? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ c) Que efeito a autora obtém iniciando os períodos dessa forma? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ d) Em que consiste a importância do corpo para ela? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 5) Releia: “O corpo-imagem que você apresenta ao espelho da sociedade vai determinar sua felicidade não por despertar o desejo ou o amor de alguém, mas por constituir o objeto privilegiado do seu amor-próprio” [...]. em sua opinião, essa felicidade é segura e duradoura? Por quê? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 6) A cultura do narcisismo é a cultura do apego excessivo ao eu, é a autoestima levada ao extremo. Em sua opinião, essa cultura deixa vazios na formação da pessoa? Quais? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 7) Comente e tendência de o corpo e a imagem, construídos à custa de muito investimento, serem os principais fatores para a “aceitação e inclusão social” em alguns meios. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 8) Releia: “O corpo é um escravo que devemos submeter à rigorosa disciplina da indústria da forma (enganosamente chamada de indústria da saúde)” [...]. a) “Chamada indústria da saúde” por quem? Quem tem interesse em enganar os consumidores? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ b) Na sua opinião, se a “indústria da saúde” é enganosa, ela pode oferecer perigos? Quais? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ c) O que significa ter saúde para você? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Geração “tipo assim” – imagens comparativas e novas gírias reacendem a discussão sobre a erosão da linguagem entre os jovens Jornal do Brasil, 5 de maio de 1996, Caderno B, p. 07 Ao adolescente dos anos 90 que não consegue entender o que se conversa numa roda de contemporâneos, resta o consolo de não pertencer aos grupos acusados de promoverem a chamada erosão da linguagem. Para esses grupos, segundo estudiosos como o poeta, tradutor e ensaísta José Paulo Paes, tem sido cada vez mais cômodo seguir o caminho das imagens comparativas, evitando expor o próprio potencial intelectual ao risco de um raciocínio elaborado. Não é a toa que um dos recursos mais usados hoje para facilitar a explicação de uma ideia é o “tipo assim” (“Ele é um cara tipo assim...”). [...] Enquanto a discussão volta a mobilizar estudiosos, novas gírias são criadas e absorvidas numa velocidade impressionante. [...] “A conversa de adolescentes é feita de diálogos exclamativos e sem fluência, próprios de quem apenas reafirma um comportamento de grupo”, alerta Paes. O poeta reconhece, no entanto, que “existem gírias muito saborosas”. Mas restringe: “Gíria é coisa de moda. Muitas vezes você substitui uma boa interação verbal de gírias anteriores sem que haja ganhos expressivos.” Em outra vertente, o escritor Affonso Romano de Sant´Anna acha normal que cada grupo social crie sua própria linguagem. “E os jovens que passaram a existir socialmente a partir dos anos 60, com a emergência do poder juvenil, também têm a sua linguagem”, diz. “Esse é um ato que não recrimino nem reprovo, mas sua constatação é inevitável.” O escritor vê a leitura como única solução para as divergências entre as linguagens usadas por jovens e adultos. “É lendo que você aumenta seu vocabulário”, sugere. Affonso Romano observa que os jovens não são a única tribo a usar uma linguagem própria, de difícil entendimento por quem está de fora. “O mesmo acontece, por exemplo, com o pessoal que mexe com computador. Sua linguagem é restrita, falada em códigos.” [...] Os adolescentes não veem problema no uso de gírias e expressões recémcriadas, e julgam seu vocabulário “inofensivo”. “As gírias são um meio muito legal de se comunicar e simplificar as coisas. Além disso, é irado falar de um jeito que os professores e o pessoal lá de casa não entendam”, diz Thiago, 16 anos. “A moda não muda? A decoração também não muda? Qual é o problema de atualizar também o vocabulário?”, questiona Tatiana, 17 anos. Sua colega Maíra, 16 anos, tenta explicar o uso frequente de expressões como o tipo assim: “Você quer falar alguma coisa e descobre uma expressão que consegue resumir seu pensamento. O tipo assim é o espaço que a gente usa para pensar e articular as palavras. É impossível contar uma história sem usar pelo menos um aí.” “As gírias mudam e não vão deixar de existir. A gente não fala mais ´é uma brasa, mora?´, que era moda nos anos 70. No lugar disso, falamos outras coisas”, justifica o estudante Marcos, 17 anos. “O mais legal disso tudo é que ampliamos o nosso vocabulário”, opina Thiago, afirmando em seguida: “Eu também sei falar formalmente, mas não gosto. Não me dirijo ao padre do colégio com um ´aí, velhinho´. Estou apto a usar a linguagem formal, quando necessário.” A babel de gírias também afeta os diferentes grupos da mesma geração. “Tenho amigos que convivem com o pessoal que frequenta bailes funk. Eles usam gírias próprias e eu não entendo nada”, conta Tatiana. “Não vejo problema nenhum no fato de as tribos não se entenderem. A gente traduz e aprende cada vez mais”, assegura Gabriel, 17 anos. 1) Identifique a data em que a reportagem foi publicada, observe as palavras com que ela começa e responda: a) A reportagem se refere a adolescentes de que época? ______________________________________________________________________ b) Quanto tempo separa os adolescentes de hoje dos adolescentes a que a reportagem se refere? ______________________________________________________________________ c) Os adolescentes atuais também têm um modo próprio de usar a língua, como os adolescentes da reportagem? Têm opiniões semelhantes às dos adolescentes citados na reportagem? Justifique sua resposta. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 2) Releia a primeira frase da reportagem: ela se refere a um adolescente para quem resta um consolo. a) Se resta um consolo, significa que esse adolescente tem um problema de que precisa ser consolado; qual é o problema? ______________________________________________________________________ ___________________________________________ b) Que consolo resta ao adolescente? Por que isso é um consolo? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 3) Observe a expressão que introduz o terceiro parágrafo: em outra vertente... a) Que relação esta expressão estabelece entre o que se vai dizer em seguida e o que se disse antes? ______________________________________________________________________ b) Cite outras expressões que poderiam ser usadas para introduzir o terceiro parágrafo. ______________________________________________________________________ 4) Confronte as palavras de Affonso Romano de Sant´Anna com as de José Paulo Paes: a) Os dois escritores têm opiniões diferentes em relação à linguagem dos jovens: qual é a diferença? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ b) Com qual dos dois escritores você concorda? Ou não concorda com nenhum dos dois? Justifique sua resposta. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 5) Affonso Romano sugere uma solução “para as divergências entre as linguagens usadas por jovens e adultos”: a leiura. a) Com que argumento o escritor justifica sua proposta de que a leitura é uma solução para essas divergências? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ b) A justificativa que o escritor apresenta para a proposta da leitura como solução revela a diferença que ele vê entre a linguagem dos jovens e a dos adultos: qual é essa diferença? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ c) Ha uma contradição entre a opinião de Affonso Romano a respeito da linguagem dos jovens e a proposta de uma solução. Qual é a contradição? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 6) Releia as falas dos adolescentes citadas na reportagem. a) Identifique os argumentos que os adolescentes apresentam para justificar o uso de gírias. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ b) Você concorda com esses argumentos? Você também defende o uso de gírias pelos jovens? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 7) A expressão “tipo assim” é citada na reportagem mais de uma vez, e caracteriza, no título, a geração atual dos jovens. Analise esta expressão: a) A reportagem afirma que “tipo assim” é um recurso para introduzir comparações e assim “facilitar a explicação de uma ideia”, e dá, como exemplo, uma frase incompleta: Ele é um cara tipo assim... Reescreva essa frase completando-a com uma comparação. (Por exemplo: Ele é um cara tipo assim... um mauricinho). ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ b) Segundo José Paulo Paes, o uso de comparações é cômodo, dispensa a pessoa de usar o seu “potencial intelectual”. De que modo você poderia dizer a frase do seu exemplo anterior sem usar uma comparação introduzida por “tipo assim”? (Veja como poderia ficar o exemplo anterior: ele é um cara sempre bem-vestido, elegante, só frequente lugares da moda...) ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ c) Em sua opinião, José Paulo Paes tem razão? A formulação da segunda frase exige mais esforço intelectual que a frase com “tipo assim”? Justifique. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ d) Maíra, uma das adolescentes citadas na reportagem, dá uma explicação diferente para o uso de “tipo assim”: que explicação ela dá? Você está de acordo com ela ou com José Paulo Paes? Ou com nenhum dos dois? Justifique sua resposta. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 8) Recorde a fala de Thiago: Eu também sei falar formalmente, mas não gosto. Não me dirijo ao padre do colégio com um ‘aí, velhinho’. Estou apto a usar a linguagem formal, quando necessário. a) Imagine as frases com que Thiago se dirige ao padre do colégio: em vez de “aí, velhinho”, o que será que ele diz? ______________________________________________________________________ b) Dê exemplos de pessoas a quem Thiago poderia dirigir o cumprimento “aí, velhinho”. ______________________________________________________________________ c) Thiago sabe usar a linguagem formal, “quando é necessário”: em que situações é necessário usar a linguagem formal? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ d) Quando não se usa a modalidade formal da linguagem, que modalidade se usa? E em que situações se usa essa modalidade? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ e) Thiago diz que sabe falar formalmente, mas não gosta. Em sua opinião, porque Thiago não gosta de falar formalmente? Você gosta de falar formalmente? Justifique. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 9) A reportagem mostra que a língua não é usada sempre da mesma maneira – ela varia conforme quem fala e conforme a situação e que se fala. No quadro da esquerda estão ideias e situações apresentadas na reportagem; identifique, no quadro da direita, qual é a explicação para a diferença no uso da língua, em cada caso. O que diz a reportagem: Escolha a explicação para cada letra do quadro ao lado: a. Os jovens usam uma linguagem ( ) Cada profissão tem o seu vocabulário própria, de difícil entendimento por quem próprio. pertence a uma outra geração. b. Tatiana não entende a linguagem do ( ) O uso da língua varia conforme o pessoal que frequenta bails funk. grau de intimidade entre as pessoas. c. O pessoal que mexe com computador ( ) A língua varia ao longo do tempo. tem uma linguagem própria. d. Thiago não fala com o padre da mesma ( ) Adultos e jovens usam a língua de maneira como fala com seus colegas. maneira diferente. e. Marcos afirma que a língua muda, a ( ) Há uma linguagem própria de gente não fala mais “é uma brasa, mora”. determinados grupos sociais. 10) Com base nas reflexões feitas nas questões anteriores, conclua: usar a língua de maneiras diferentes significa promover a erosão da linguagem, como diz o título da reportagem a respeito da linguagem dos jovens? Justifique sua resposta. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ANEXO II – ANÁLISE DAS RESPOSTAS DOS ESTUDANTES AOS JOVENS QUESTÕES LITERAIS 1) O texto foi publicado em um grande jornal do país, numa coluna semanal da autora. Logo, o público que ela pode atingir é amplo e variado. Apesar disso, nessa crônica a autora parece se dirigir preferencialmente a um tipo de leitor. a) Qual é o perfil desse leitor? Que idade ele tem? Justifique sua resposta com elementos do texto. RESPOSTAS LITERAIS 1 – Aos jovens, de 25 anos. Quem tem 25 anos deve aproveitar a vida a cada segundo. 4 – jovem – 25 anos (...) só que ninguém diz isso aos que tem 25. A mim ninguém nunca disse. 5 – O leitor para quem ela se dirige são os jovem, especificamente de 25 anos, como podemos ver nos textos: “Quem tem 25 anos deve aproveitar a vida”. 6 – Um leitor jovem vinte e cinco anos. “Você tem 25, não se esqueça disso só um minuto, viva sua juventude. Aproveite e viva, porque ela vai passar”. 7 – Jovens, 25 (é muito bom ter 25 anos!) 8 - Aos jovens. 25 anos. “Você tem 25, não se esqueça disso um só minuto, viva sua juventude”. 13 – Jovem. De 20, 30 ou 40 anos. Para todos os jovens que tem essa idade aproveitar a vida o máximo que puder viver cada segundo com alegria e felicidade. 14 – Jovem. 25 anos. Nessa idade não temos obrigação de nada a não ser feliz. 15 – Uma pessoa madura, 50 anos. “Não que aos 50 não se tenha outras alegrias, outras compensações. Mais saber que os de 25 não se dão conta do que estão vivendo é quase revoltante”. 16 – Jovem. 25 anos. 19 – 25 anos. Vários momentos do texto falam: “É muito bom ter 25 anos.” O texto mostra uma história de alguém que não quer envelhecer. 20 – Jovem. 25. “É muito bom ter 25”. 22 – Ele é mais velho. Talvez seja inútil dizer isso, porque quem tem 25 anos não escuta os mais velhos. 25 – Os jovens. Vinte aos quarenta. “Você que tem 20, 30 ou 40 anos. Fique alerta, essa idade vai passar, e mais depressa do que imagina. 26 – Jovens de 25 anos. “Quem tem 25 anos deve aproveitar a vida a cada segundo”. 30 – Velha 32 – Jovem, de 20 a 40 anos, você que tem 20, 30 ou 40 anos, fique alerta. 35 – joven feliz, 25 anos. “Quen tem 25 anos deve aproveita a vida” 36 – Jovem tem 25 anos. Quem tem 25 anos deve aproveitar a vida a cada segundo. 37 – Mulher e jovem. 25 anos. Pegue aquele biquíni do ano passado e sempre se é linda aos 25 anos. Pense: sou jovem, 38 – Jovem. 25 anos. Ninguém diz isso aos que tem 25 anos. 39 – jovem. 25 anos. Quem tem 25 anos deve aproveitar a vida a cada segundo. 41 – Jovem. Vinte e cinco. “Não importa quem tem 25 anos deve aproveitar a vida a cada minuto”. 43 – Que tenha 20, 30 ou 40 anos. Nada importa quem tem 25 anos. 44 – O perfil do leitor são as jovens de idade e de 40 a 50 anos por causa da juventude. 45 – Jovem. 25 anos. “Você tem 25, não esqueça disso um só minuto, viva sua juventude.” 47 – Jovem. 25 anos. Sou jovem, tenho uma vida pela frente. 48 – Jovens, 20, 30, 40. O texto fala dos jovens e diz que que eles tem que leva a vida bem aproveita cada segundo. 49 – 25 anos. Tenho 25 anos. 50 – Jovem. 25 anos. “Quem tem 25 anos deve aproveitar a vida cada segundo.” 51 – 25 anos 52 – O leitor é jovem. 25 anos. Quem tem 25 anos deve aproveitar a vida a cada segundo. RESPOSTAS LITERAIS-INFERENCIAIS 2 – Um leitor jovem, de 25 anos, principalmente os que não aproveitam a vida. 3 – Desanimado com a vida, triste e reservado. Ele tem 25 anos. O futuro é incerto e essa idade vai passar, portanto, devem aproveitar a vida a cada segundo. 9 – Um perfil fechado, pessoas de 25 anos que não sabem aproveitar a vida. 10 – Um jovem que não aproveita a sua juventude. 25 anos. Quem tem 25 anos, deve aproveitar a vida a cada segundo. 12 – As pessoas que não aproveitam a vida. 25 anos. Nada importa e quem tem 25 anos deve aproveitar a vida a cada segundo. 17 – É uma pessoa que parece ter passado dos 25 anos e provavelmente não aproveitou nada, e por isso, ela resolveu escrever essa crônica. 18 – Alegre. Ele tem 25 anos. Ninguém diz isso aos que tem 25. A mim ninguém nunca disse. 23 – Um jovem que aproveita muito a adolescência e ela tem 25 anos. 27 – É uma jovem querendo aproveitar a vida. Vinte e cinco anos. 28 – jovens. 20, 30 ou 40. Você tem 20, 30, 40 anos, fique alerta: essa idade vai passar. 31 – Idade 25. Perfil com problemas na vida. 33 – O perfil do leitor é o melhor de todos, porque ele vive hoje como se não tivesse amanhã, ele tem 25 anos, porque ele se refere o tempo todo no texto aos 25 anos. 40 – É que ela é bonita. Linda 25 anos. Porque jovem é muito bom e interessante, mas depois passa e depois viram adultos. 53 – Jovem e que não aproveita a juventude. 25 anos. “Nada importa: quem tem 25 anos deve aproveitar a vida” 54 – De uma pessoa com experiência de vida. Sua idade 50. RESPOSTAS INFERENCIAIS 42 – Uma mulher que não se cente bem com sigo mesmo. 46 – Velho. 50 anos. Pois é de uma pessoa que não soube aproveitar a vida e teve arrependimentos. 29 – Uma pessoa de 50 anos dizendo que quando estava em sua juventude não aproveitou nada. RESPOSTAS QUE DEMONSTRAM NÃO ENTENDIMENTO DA QUESTÃO 11 – Não sei. Desculpa. 21 – não sei 24 - -34 – Que os jovens aproveite a vida. 1- b) Qual é a ideia básica que a autora pretende transmitir? RESPOSTAS LITERAIS 2 – Para os que tem 25 anos aproveitarem a vida ao máximo. 3 – É que pode se passar anos e todos devemos aproveitá-los e viver intensamente. 5 – Que a juventude deve ser bem aproveitada pois um dia tudo passa. 7 – Para que os jovens aproveite sua juventude ao maximo. 8 – Para que as pessoas aproveite mais a juventude sem ter muitas preocupações e sempre lembrar que ela é jovem, tem 25 anos. 9 – Ele demonstra que aos 25 anos a única coisa que devemos fazer é aproveitar a vida. 10 – Que os jovens tem que aproveitar mais a sua juventude. 12 – Para aproveitarmos nossa vida, nossa idade, para não nos arrependermos depois porque não aproveitamos a vida. 15 – Que os mais novos enxerguem aquilo que eles ainda tem uma vida pela frente e devem aproveitar para não se arrepender depois. 16 – Para aproveitar a juventude, porque esta idade nunca mais irá voltar. 17 – Viver intensamente a vida e aproveitar cada minuto dela. 18 – Viver intensamente a vida e aproveitar cada minuto dela. 20 – viver e aproveitar cada segundo da sua juventude. 21 – É que devemos aproveitar a vida a cada minuto. 22 – 25 anos. 23 – A idéia transmitida é para os jovens aproveita sua juventude o maximo. 24 – O texto nos transmite aproveitarmos cada minuto da nossa juventude para que quando formos mais velhos não reclamarmos que não fazemos nada quando éramos jovens. 25 – Viver intensamente quando se é jovem. 26 – Para que tem 25 anos “viva, sonha e seja feliz, porque um dia a juventude vai passar”. 27 – Que você deve aproveitar sua juventude enquanto pode sem perder tempo. 28 – A autora pretende transmitir um conselho para que é jovem aproveitar a juventude para que não se arrependa. 29 – Ele pretende transmitir que quando somos jovens e para aproveitar a vida porque nunca mais teremos essa oportunidade novamente. 33 – Viva, sonhe e seja feliz, porque um dia a juventude vai passar e será uma tristeza se você não tiver aproveitado todos os minutos dela, ou os de quando tiver, 30, 40, 50, 60, 70 ou 90. 34 – Que ser jovem é bom. 36 – Que as pessoas que tem 25 anos aproveitem a vida o máximo possível, não se preocupar com a falta de dinheiro, namoro, amigos. 39 – Aproveite a juventude enquanto ainda há tempo. 40 – A idéia é que se alguma coisa te aborrecer, tire da cabeça e pense: sou jovem, e isso ninguém pode tirar de mim. 41 – Para que as pessoas que tem 25 anos não se importarem com nada, apenas em ser feliz. 43 – Que 25 anos passa rápido e temos que aproveitar cada segundo e que ter 25 anos ainda já ser jovem. 45 – Que os jovens de 25 anos, devem aproveitar mais a vida e nunca se esquecerem de que tem 25 anos. 48 – Que os jovens sejam felizes e que aproveitem a vida. 50 – Que todos os jovens aproveite a vida esquecer de todos os problemas. 51 – Que os jovens aproveitem a vida. 53 – Que tem que aproveitar os 25 anos. 54 – Que os jovens aproveitem cada momento da sua vida porque o tempo passa. RESPOSTAS INFERENCIAIS 1 – Que devemos viver e aproveitar a vida enquanto se é possível. 4 – Para todos aproveitarem a vida a cada minuto. 6 – Que não devemos nos preocupar com problemas banais, devemos aproveitar não só a nossa juventude, mas a nossa vida. 11 – Que não nos importamos com as coisas materiais pois sempre elas vão e volta mais sim com a parti sentimental. 13 – Para viver a vida bem com alegria com os amigos e namorados. 14 – A idéia é que devemos curtir a vida enquanto somos novos, porque depois de velhos não devemos reclamar. 19 – Não precisa de bens materiais para ser feliz que você pode ser jovem e aproveitar a vida com qualquer idade. 30 – Em sentivando os jovens a aproveitar a vida enquanto há tempo. 31 – Quem tem 25 anos tem que aproveitar a vida mesmo com dificuldades. Porque 25 anos é a melhor idade para se divertir. 32 – Para as pessoas jovens ou velhas aproveitarem a vida para quando estiver bem velhas não se arrependerem de nada. 35 – Ela pretende transmiti aos jovens um pouco de suas experiências. 37 – Que temos que curtir a vida do jeito que quizermos sem se emportar com que pensam ou que falam porque nunca passe pela sua cabeça: eu não aproveitei a minha vida. 38 – Que não importa a idade o que importa é ser feliz. 42 – Que os jovens curtam a vida que tomem decições sem medo de erra e não ligue para as opiniões que não o a gradem. 46 – A idéia é que devemos aproveitar o bastante possível a nossa juventude, pois ela passa muito rápida. 47 – Para que os jovens aproveitem a vida como quiserem porque quando envelhecerem não se arrepender de não ter vivido a juventude. 49 – Para agente se divertir, aproveitar cada minuto de nossa vida com a idade que a gente tiver. 52 – Que não importa a sua idade, mas principalmente se é jovem, você tem que aproveitar a vida ao máximo, pois o tempo passa, e sua vida vai junto. RESPOSTAS QUE DEMONSTRAM O NÃO ENTENDIMENTO DA QUESTÃO 44 – Era a semelhança das pessoas mais velha. 3) O fato de a autora querer transmitir aos jovens um pouco de sua experiência nos permite fazer algumas inferências sobre ela e sobre o que ela pensa a respeito dos jovens e da velhice. a) A autora nos fala do ponto de vista de alguém que ainda é jovem ou que já viveu muito? Justifique. RESPOSTAS LITERAIS 2 – De alguém jovem de 25 anos, pelas palavras e pelo jeito. 4 – Dos dois. Porque quem ainda está jovem deve aproveitar para quando estiver na velhice não possa dizer “eu não aproveitei a vida”. 5 – De quem já viveu muito, podemos identificar isso atravez desse trecho: “Só que ninguém isso que tem 25 anos. A mim nunca disse.” 12 – De alguém que já viveu muito. Não que aos 50 não se tenha outras alegrias, outras compensações. 14 – Que já viveu muito tempo. Porque no trecho do texto fala para aproveitar a vida quando jovem. 17 – De quem ainda é jovem; que aproveite a vida. 18 – Ela fala de alguém que ainda é jovem que aproveita a vida. 20 – De quem ainda é jovem. Quando ela diz “que bom que tenho 25”. 22 – Já viveu muito. Fique alerta essa idade vai passar e mais depressa. 23 – Sim, ela fala aproveita o máximo enquanto puder, porque depois o tempo passa a velhice vem e acaba tudo. 27 – Que já viveu muito. Porque a autora pede ao leitor para aproveitar o tempo enquanto pode, enquanto não chegou nos 30, 40, 50, 60... 31 – Ainda é um jovem. Quem tem 25 anos deve aproveitar a vida cada segundo. 36 – Quem já viveu muito, o que ela fala nunca ninguém disse a ela quando ela tinha 25 anos. 37 – Já viveu muito, porque ela fala assim: talvez seja inútil dizer isso porque quem tem 25 anos não ouve os mais velhos. 38 – Viveu muito porque ela fala “não que aos 50 anos não se tem outras alegrias”. 40 – Jovem. Porque ela nos fala que nessa vida não temos obrigação de nada a não sermos felizes. 42 – Que é jovem. Por que ela dis que o jovem tem que viver antes que envelhesa. 43 – Aquele que ainda é jovem, por que ela usa as palavras sempre no presente. 46 – De alguém que já viveu muito, pois no final do texto fala que não aproveitou a vida. 48 – De alguém que viveu muito, porque ela diz para que nunca passe pela sua cabeça a pior de todas. 50 – “No que aos 50 não se tinha outras alegrias compensações, mas saber que os de 25 não se dão conta de que estão vivendo é revoltante”. 53 – Jovem. Ela escreve que ninguém pega uma pessoa de 25 anos e diz: “você tem 25 anos, não se esqueça”. RESPOSTAS INFERENCIAIS 1 – Que já viveu muito. Ela tenta passar para seus leitores aquilo que ela não fez. 3 – De alguém que já viveu muito. Porque relata. 6 – Que já viveu muito. Ela nos mostra como devemos curtir nossa juventude. 7 – Sim, porque tem muitos jovens que não houvem os mais velhos. E os velhos dizem que não aproveitaram a vida. 8 – Que já viveu muito. Pois ela fala até para as pessoas que tem 40 anos. 9 – Os dois, mas especialmente o jovem porque eles tem muito o que aprender. 10 – Alguém que viveu muito. Porque ela fala como já tivesse passado por essa fase. 11 – De quem já viveu muito, pois ela se expressou muito bem. 13 – Que já viveu muito. Porque talvez não tenha curtido a vida e ela está dando um conselho para ninguém passar pelo que ela passou. 15 – Que já viveu, pois ela dá como se fosse um conselho ao leitor. 16 – Que já viveu muito. Porque ela fala como se ela já tivesse vivido tudo isso, como uma experiência própria. 24 – Alguém que já viveu muito. Porque ela está aconselhando os jovens. 25 – Sim. Ela parece transmitir situações em que ela viveu. 26 – Que já viveu muito. E se arrepende de não ter aproveitado a juventude. 28 – Já viveu muito porque ela expressa arrependimento em não ter aproveitado do jeito que queria a juventude. 30 – Que já viveu muito porque ela fala como se já tivesse passado por isso. 32 – Pelo ponto de vista de alguém que já viveu muito porque ela diz tudo com a certeza de uma pessoa vivida. 33 – Alguém que já viveu muito, porque ela explica tudo pros jovens. 39 – Uma pessoa que já viveu muito. Porque ela fala de um jeito que parece que já conhece a vida. 41 – Que já viveu muito. Por que só uma pessoa que já passou por tudo isso que saberia como é. 45 – De alguém que já viveu muito. Porque só mesmo uma pessoa mais velha para dar conselhos. 47 – É jovem. Porque os jovens sabem como viver a vida intensamente. 49 – Que ela já viveu muito. Porque ela mostra as coisas que ela passou na vida. 51 – Que já viveu. Porque ela teve essa idade e passou por isso. 52 – Que já viveu muito. Porque ela está tipo dando conselhos para que talvez não percamos a melhor da vida. 54 – De que ainda é jovem, porque ela estar passando experiência de vida dela. RESPOSTAS QUE DEMONSTRAM O NÃO ENTENDIMENTO DA QUESTÃO 19 - -21 – De alguém que já viveu muito. 29 – Que já viveu. 34 – De quem já viveu muito. 35 – Que já viveu muito. 44 – Sim. Há pessoas que vive até 95 anos ela mantem a sua saúde no dia a dia. 3 - b) O que ela parece pensar a respeito do modo como o jovem leva a vida? Justifique sua resposta com o trecho do 6º parágrafo. RESPOSTAS LITERAIS 1 – Que os jovens parecem não fazer ideia do que estão vivendo, e por isso, não aproveitam a vida. 3 – De modo revoltante. (...) mas saber que os de 25 não se dão conta de que estão vivendo é quase revoltante. 8 – Ela se revolta. ...Mas só de saber que os de 25 não se dão conta do que estão vivendo é quase revoltante 11 – Revoltante. 14 – Que o jovem tá vivendo revoltante. Porque seria preciso que ele pensasse de hora em hora. 22 – Mais saiba que os de 25 não se dão conta do que estão vivendo é quase revoltante. 25 – “Não se dão conta do que estão vivendo é quase revoltante.” 26 – Que os jovens não se dão conta do que estão vivendo. 34 – É que os jovens de 25 ans não sabem viver a vida. 35 – Ela acha que os jovens não aproveita a vida como ela deve ser aproveitada. “Os de 25 não se dá conta de que estão vivendo é quase revoltante”. 40 – Sim. Porque essa idade passa, mas saber que os de 25 anos não se dar conta de estão vivendo quase revoltante. 44 – Nessa idade não há futuro certo ou incerto. Há muito mais: há futuro. 54 – No modo dela pensar é que os jovens 25 anos leva a vida revoltante e não lembra que ainda tá na juventude. RESPOSTAS LITERAIS-INFERENCIAIS 4 – Que os jovens simplesmente não fazem o que dá na cabeça. (...) mas saber que os de 25 não se dão conta do que estão vivendo é quase revoltante. 5 – Com liberdade, sem preocupações, “... Ache graça em tudo, ria de tudo..., vá para uma praia...” 15 – Que eles não aproveitam a vida. “(...) mas saber que os de 25 não se dão conta do que estão vivendo é revoltante’ 16 – Triste. Porque que estão jovens e não se dão conta do que estão vivendo. 20 – Com medo de ser quem ele é e acaba não aproveitando a vida. “Saber que os de 25 não se dão conta do que estão vivendo”. 37 – Que os jovens não ligam. Mas saber que os de 25 não se dão conta do que estão vivendo é quase revoltante. 38 – Ruim, mas sabe que os de 25 não se dão conta do que estão vivendo. 41 – “Saber que os de 25 não se dão conta do que estão vivendo é revoltante” ou seja ela acha que os jovens não sabem aproveitar a vida. 46 – Pensa que é a idade em que se tem para curtir. Fala para não ligarnos se o dinheiro acabar e se o namorado for embora ou se a melhor amiga trair, pois coisas melhores estão por vir. RESPOSTAS INFERENCIAIS 2 – Os jovens não sabem que estão na melhor faze das suas vidas. 6 – Não ligam muito. Deixam de curtir a juventude para se preocuparem com problemas e deixam de se divertir. 7 – Não aproveitar nossa juventude. 9 – Bem brega, revoltante, porque pensar que eles tem uma vida para se divertir e só querem saber de estudar e trabalhar. 13 – Que o jovem é alegre. Para o jovem continuar alegre e não desistir da felicidade, correr atrás dos sonhos e ser feliz. 17 – Por que os jovens não estão sabendo aproveitar a vida como se deve. 23 – Pensa numa boa, uma vida sem problemas, uma vida vibrando amor. 27 – De que os jovens eles levam a juventude a brincadeira, não levam a sério. 28 – Ela pensa que os jovens não aproveitam as oportunidades que a juventude oferece. 29 – Bom. Porque os jovens de hoje não são assim. 32 – Ela parece pensar que o jovem leva a vida sem se preocupar muito mas diz que os jovens tem que curtir a vida. 43 – Que vivem a vida com muitas preocupações. 47 – Porque os jovens não se dão conta de como a vida é boa, mas para uns pode acabar muito rápido. 49 – Parece que o jovem leva a vida como se fosse nada. 50 – Que eles se preocupam com o dinheiro, namorado, amigos. 51 – Que não aproveitam a vida 53 – Os jovens não aproveita a idade que tem de um jeito bom eles não percebem o que estão perdendo. RESPOSTAS QUE DEMONSTRAM O NÃO ENTENDIMENTO DA QUESTÃO 10 - -12 - -18 - -19 - -21 - -24 - -30 - -31 – E si acontecer algo que te deixe triste para não se deixar debater com isso, para seguir de cabeça erguida. 33 - -36 - -39 - -42 - -45 – -48 - -52 - -3 - c) Para ela, é ruim envelhecer? Justifique. RESPOSTAS LITERAIS 4 – Não. (...)não que aos 50 não se tenha outras alegrias, outras compensações. 12 – Não. Não que aos 50 não se tenha outras alegrias, outras compensações. 15 – Não, pois se tem outras alegrias, outras compensações. 17 – Não, ela mesma fala que não é ruim ter 50 anos. 20 – Não. Quando ela diz “não que os 50 tenha outras alegrias”. 22 – Não. Ela se fala que passa muito rápido. Ela fala que nas outras idades não se tem alegria. 26 – Não. Porque aos 50 tem outras alegrias outras compreenções. 31 – Não, por causa que ser mais velho também tem suas alegrias e outras compensações. 36 – Não porque também tem alegrias, tem outras compensações. 37 – Mais ou menos. Não que os de 50 não tenham outras alegrias, outras compensações. 43 – Não, porque mesmo com 50 anos terá outras alegrias e compensações. 45 – Não. Porque ela diz que os 50 anos também tem suas alegrias e suas compensações. RESPOSTAS INFERENCIAIS 1 – Não. ela fala também que aos 50,60,70 etc se vive alegrias; mas que o melhor da vida se faz quando se é jovem. 2 – Não, mas se tem que aproveitar todas as fases da vida. 3 – Não. Porque todos podem aproveitar a vida. 5 – Não, pois depois existem momentos bons também. 6 – Não. A autora não fala que é ruim envelhecer, ela fala que é ruim não aproveitar as fases da vida. 9 – Sim, pois ela da preferencia ao público jovem. 11 – Não basta envelhecer feliz e de bem com a vida. 13 – Não. é só viver a vida intensamente se não o tempo passa rápido e você nem curte a vida. 14 – Sim. Porque ela não poderá aproveitar a vida como antes ela aproveitara. 16 – Não. porque pra ela ruim é não aproveitar a vida. 18 – Não, será uma tristeza se você não estiver aproveitado todos os momentos e depois dizer não aproveitei a minha vida. 21 – Não. Pois na velhice também podem ser aproveitadas outras coisas. 25 – Não. Para a autora só será ruim se você não aproveitar a vida. 27 – Não totalmente, pois por um lado ela queria aproveitar mais a juventude, por outro envelhecer para ela é bom. 28 – Sim, porque não poderá ter os mesmos prazeres da juventude. 29 – Sim, porque ela não fez nada de bom em sua juventude. 32 – Não, ela só diz ter que curtir antes de envelhecer para depois não se arrepender. 33 – Não, porque ela aproveitou sua vida. 38 – Sim, porque não se aproveita mais a vida. 39 – Não, para ela é ruim não aproveitar a vida. 40 – Sim, porque primeiro ser jovem é muito bom, segundo quamdo chega 60 anos, você lembra quando você tinha 25 anos ou menos. 41 – Não, mas não é tão bom do que ter 25 anos. 42 – Não. Por que as alegrias e as coisas vão ser mais diferentes do que quando era jovem. 46 – Não. Ela não acha a velhice ruim, porém prefere a juventude. 47 – Sim. Porque depois que envelhece, bate um arrependimento de não ter vivido a vida. 48- Não, mais é importante aproveita a juventude. 50 – Não, mais ela aproveito os seus 25 anos e quando ela enveleceu não foi proibida de se divertir. 51 – Não, só se aproveitar sua juventude. 52 – Não. Mas uma pessoa de 80 anos não pode fazer as mesmas coisas que um jovem de 25 faz. 53 – Não. Mas tem que aproveitar tanto a juventude quanto a velhice. 54 – Não. ela só tem arrependimento por não aproveitar a cada momento da sua juventude. RESPOSTAS DE ATIVAÇÃO DE CONHECIMENTO PRÉVIO 7 – Sim, porque você perde partes de você. 10 – Sim. Perde muitas coisas boas da vida. 23 – Sim, por que ser jovem é muito bom pode fazer tudo o que der na cabeça sem precisar avisa ninguém e etc. 30 – Sim, porque tem responsabilidades. 44 – Sim, porque ela não vai ter o mesmo preparo físico quando era bastante jovem quando envelhecer a pesssoa não tem o mesmo preparo físico. 49 – Não. Porque até você mais jovem tem seus momentos ruim. RESPOSTAS QUE DEMONSTRAM O NÃO ENTENDIMENTO DA QUESTÃO 8 – sim 19 - -24 – Não. porque 34 – Sim. 35 – Sim. 9) De acordo com o texto, a pior de todas as coisas é dizer um dia “Eu não aproveitei a minha vida”. Com base nos exemplos dados no texto, conclua: Na ótica da autora, o que é aproveitar a vida? RESPOSTAS LITERAIS 26 – Colocar saia bem curta e dar uma volta no quarteirão. Comer um sanduíche bem engordativo, beber um refrigerante não diet. 36 – Pensar sou jovem, tenho uma vida pela frente. Isso é melhor que todas as glórias do mundo. 45 – Comer comidas gordurosas e andar de roupas curtas. Sem esquecer de tomar banho no mar. RESPOSTAS INFERENCIAIS 1 – Fazer o que lhe deixa feliz; aproveitar cada momento; errar e recomeçar, seguindo em frente sempre. 2 – Curtir e experimentar de tudo. 3 – Fazer coisas simples e prazerosas que tragam a felicidade de cada momento na vida, fazer cada dia ser único e inesquecível. 4 – É fazer o que dar na cabeça e se animar quando se estar triste, e erguer a cabeça mesmo com todos os problemas. 5 – Viver cada minuto da vida com ela é. 7 – Fazer tudo de bom que ela nos oferece. 8 – Sempre estar se divertindo e não se preocupar com coisas bobas que as vezes nos atinge. 11 – E ser feliz sem pensar o que os outros vão pensar ou vão dizer. Que você seja você mesma. 12 – Ser feliz, sonhar, aproveitar a cada segundo, fazer coisas que você quer fazer sem se preocupar com nada, rir de tudo. 13 – É sonhar, ser feliz, fazer o que quer e bem entender. 15 – Viver cada minuto intensamente. 16 – É viver cada minuto intensamente, e não ficar triste, sempre rir da vida. 19 – Errar e aprender com os erros, viver como se fosse o último dia de sua vida, deixar de se preocupar com a beleza. Aproveitar muito a juventude. 20 – Ser feliz, viver a cada instante, fazer e realizar todos os sonhos. 21 – Curtir a cada momento da vida, fazer tudo aquilo que você acha que não pode, mais faça mesmo sem poder... 22 – E viver cada instante, ser feliz, fazer coisas legais, divertidas e não sofrer. 25 – É vivê-la intensamente. 27 – Não perder nada de bom que a vida pode lhe oferecer. 28 – Curtir com intencidade a cada momento. 29 – Fazer tudo o que você que o que é capaz o que você gostar. 30 – Ser feliz. 32 – E curtir cada momento para não se arrepender no futuro. 33 – Ser feliz e não pensar nos problemas. 34 – É você curti cada segundo de sua vida. 35 – É ser feliz acima de qualquer coisa. 37 – Não deixar nem 1 minuto da vida para traś e viver sendo feliz ao máximo. 38 – Fazer tudo que a pessoa achar que é bom para ela. 39 – É viver como se cada segundo fosse o último, é viver intençamente sem ter medo de erra. 41 – É fazer tudo intensamente não se importando com os problemas que se tem ou ainda estão por vir. 42 – Deixar os compromissos de lados, sem ter o que fazer e ao mesmo tempo ter, comer o que quiser sem afetar a sáude. 43 – É viver uma vida intensamente sem se preocupar com coisas pequenas, viver cada segundo, viver como se não houvece um amanhã. 47 – Aproveitar a vida é viver cada minuto como quiser antes que a juventude passa e se arrepender de não ter vivido nenhum momento. 48 – Ser feliz aproveita cada momento como se fosse o último sem reclamar das consequências da vida. 49 – Não deixar nada para traz seguir enfrente fazer tudo o que você gostaria de fazer. 50 – Se divertir, sem magoas, se problemas. 52 – Não ter preocupações, rir de tudo, comer besteiras. 53 – Basicamente ser feliz, curtir coisas do tipo: sair e se divertir bastante, comer besteirinhas e outros. 54 – Aproveita é sorri, se diverti, sai, sonhar e viver a vida de um jeito melhor de viver. RESPOSTAS DE ATIVAÇÃO DE CONHECIMENTO PRÉVIO 6 – Viver intensamente cada dia de sua vida como se fosse o último. Sair com os amigos, curtir um cineminha com o namorado, passear com o cachorro e até brincar com a irmã caçula faz diferença. 10 – Sair com os amigos, viajar, sair a noite e voltar só no outro dia, acordar bem tarde. 14 – Aproveitar a vida é ser feliz, curtir, passear, aproveitar as festas com a família, amigos, ir pra balada e tudo mais que tiver vontade desde que essa vontade seja boa. 17 – Aproveitar a vida é sair, se divertir, namorar, mais tem que saber o que está fazendo, não mexer com coisas erradas, porque isso não é aproveitar a vida, mas sim acabar com ela. 23 – Aproveitar a vida é sair, namorar, jogar bola, viajar, ser feliz. 24 – Se divertir, rir, sair para muitas festas e outras coisas. 31 – Aproveitar a vida é fazer tudo que tiver vontade si você quer viajar si quiser comer algo come, se quiser namorar, namore isso e aproveitar a vida fazer o que der na ideia. 40 – É quando você se diverte com a sua família, com seus filhos. Mas também você tem o seu marido e aproveita a vida com ele. 44 – Eu aproveito a vida através dela sem o conselho e também sem os estudos e os trabalhos que são ótimos na sua vida pessoal. 46 – É fazer tudo de bom, ou seja sair com os amigos, viajar, entre outras coisas. 51 – Não fazer o que você gosta, deixar mais pra frente. RESPOSTAS QUE DEMONSTRAM O NÃO ENTENDIMENTO DA QUESTÃO 9 - -18 - -QUESTÕES INFERENCIAIS 4) No terceiro parágrafo do texto, se lê: “Nessa idade [aos 25 anos], não há futuro certo ou incerto, há muito mais: há futuro”. Explique essa afirmação. RESPOSTAS LITERAIS 8 – Por que nessa idade não importa se há futuro certo ou incerto, mas que pelo menos sabem que há um futuro. 26 – O futuro existe, há um futuro. Mas ele não é certo nem incerto. 36 – Que ali ele estão vivendo o futuro certo ou incerto e o futuro. 44 – Você tem 25 anos, não se esqueça disso só minuto, viva sua juventude. RESPOSTAS INFERENCIAIS 1 – Aos 25, não podemos afirmar que teremos um futuro cujo podemos julgar certo ou errado; o futuro simplesmente vem. 2 – Tudo pode acontecer. 4 – Que o futuro não importa se for certo ou incerto o importante é viver ele bem. 5 – Ela quis dizer que mesmo o nosso futuro sendo planejado ou não, sempre há um amanhã, um futuro. 6 – Que menos que planejemos ou não nosso futuro, sempre haverá um novo dia, um outro amanhã. 7 – Que devemos aproveitar mais esquecer do nosso futuro. 9 – Porque você não precisa se preocupar com o futuro apenas com o que vem pela frente. 10 – Por que são as escolhas que ele fiser, vai determinar o seu futuro. 12 – Por que nessa idade temos muitas coisas legais para viver aproveitar. 13 – porque nessa idade você vai ter futuro se souber viver. 14 – Se afirma que os jovem acham que já tem o futuro certo ou incorreto. Mas não tem porque ainda há muitos futuro pela frente porque ficaram mais velhos. 15 – Que não se deve pensar que não vale a pena ou se vale que só precisa viver intensamente pois sim há futuro. 16 – Por que a pessoa está nova ainda, tem tudo pela frente. 19 – Você já tem suas próprias escolhas certas, já é descidido na vida. 20 – Significa que nessa idade não sabemos o que vamos ser mas seremos alguma coisa. 21 – Que não há um futuro certo nem errado, e sim que temos um futuro pela frente. 23 - Por que se tem muito a viver ainda, e o futuro pertence a deus. 24 – Não há um caminho exato para os jovens seguir apenas há um caminho. 25 – Que não se sabe o que vai acontecer na vida de nenhum, só se sabe irá acontecer alguma coisa. 27 – Que você pode sim ter um futuro se tentar, não desistir, abandonar porque dizem que os jovens não tem chance. 29 – Porque a pessoa tá indecisa ainda mais há um futuro ainda. 30 – Porque a essa idade nada está confirmando ainda. 31 – Porque com 25 anos você não tem um futuro certo mesmo mais também não incerto porque tem uma vida bastante longa pela frente ainda para descobrir. 32 – Não podemos adivinhar qual o nosso futuro não podemos dizer que faremos ou não alguma mais sabemos que temos um futuro e que alguma coisa acontecerá nele. 33 – Há muito mais vida. 34 – Para os jove sempre pensar no hoje. 37 – Nessa idade não se sabe ao certo o que tem pra vir sabe se que alguma coisa virá. 38 – Por que ainda se pode mudar. 39 – porque tem muito o que viver ainda. 40 – Isso quer dizer que o futuro certo é quando alguém acerta alguma coisa e incerto é quando você erra alguma coisa. 41 – É que aos 25 anos, a pessoa tem muito o que viver ainda uma pessoa com 70 anos não teria tanto tempo assim. 42 – Porque muitos não decide o que quer ou que vai ser só quer curtir. 43 – Que não há aquele futuro que desejamos, e sim, muito mais. 45 – Quem tem 25 anos não sabe o que vai acontecer mais sabe que ainda tem muito futuro pela frente. 46 – Ela quer dizer que o futuro somos nóis mesmos que fazemos. 47 – Não podemos dizer que há futuro certo, pois o futuro pode ser diferente do que planejamos. 48 – Porque ninguém sabe o dia de amanhã ninguém sabe o futuro. 49 – Aos 25 anos não á o certo ou errado, você que vai fazer sue futuro. 50 – Que há muitos anos pela frente. 51 – Porque as pessoas não sabem o que vam fazer no futuro. 52 – É que o futuro ainda não está definido. Tudo pode mudar de acordo como levamos a vida. 54 – Sim, o futuro é está na juventude construindo o futuro. RESPOSTAS QUE DEMONSTRAM O NÃO ENTENDIMENTO DA QUESTÃO 3 - -11 – Não entendi nada. 17 - -18 - -22 - -28 - -35 - -53 - -5) No 7º parágrafo, a autora dá uma série de conselhos que normalmente são recriminados nos dias de hoje, como, por exemplo, “Coma um sanduíche bem engordativo, beba um refrigerante não diet”. Levante hipóteses: a) Por que ela recomenda aos jovens comer e beber alimentos como esses? RESPOSTAS LITERAIS 22 – Por que ela fala que nessa idade a gente não tem obrigações de nada. RESPOSTAS INFERENCIAIS 3 – Para aproveitar a vida, temos que fazer o que dermos vontade sem lembrar de regimes. 5 – Pois nessa idade temos saúde e na velhice não. 6 – Porque no futuro eles não terão tempo de comer essas porcarias e porque é tudo muito gostoso. 8 – Pois quando os jovens envelhecem não vão poder comer tanto essas coisas, por causa da saúde. 12 – Para que eles aproveitem a vida, porque quando eles estiverem mais velhos não vão poder abusar assim. 14 – Talvez seja que quando estivermos mas velhos não poderemos comer e beber coisas assim, pois não faz bem. 15 – Porque ao chegar a idade começa a surgir os problemas de saúde, como a pessoa não aproveitar antes, agora entam nem pensar. 16 – Porque quando se está jovem não precisa de se preocupar com essas coisas. Tem que aproveitar enquanto pode. 18 – Para não se preocuparem com nada apenas viver intensamente. 19 – Porque geralmente os idosos não podem comer. 26 – Porque quando envelhecer eles não vão poder comer. 27 – Porque muitos dos jovens de hoje, deixam de comer esses alimentos pela sua aparencia, então ela diz isso para eles aproveitarem o que é bom. 28 – Porque sabe que um jovem tem capacidade de imagrecer com mais facilidade e deve aproveitar enquanto pode. 30 – Porque quando estiver velha não vai poder. 31 – Ela fala isso para os jovens fazer qualquer coisas da vida deles mais pensando tudo o que pode fazer durante muito tempo. 33 – Porque a vida é muito curta e temos que aproveitar. 35 – Por que na velhice não poderão comer. 36 – Porque hoje em dia se preocupamos muito em engordar, ela recomenda não se preocupa, porque quando se tem 25 anos mesmo não sendo tão bonito aos 25 é. 38 – Porque quando eles tiverem mais velhas não poderão. 46 – Por que ela acha que não devemos nos preocupar com nada e sim aproveitar o melhor da vida. 47 – Não adianta ficar pelos cantos de cabeça baixa triste, deixa tudo de lado e vai viver a vida, pois temos muita coisa há ser vivida pela frente. 49 – Que é poco os jovens comer o que bem quizer porque mais tarde não conseguiram mais. 52 – Porque é gostoso fazer isso sem medo de ter um derrame ou de ficar com a pressão alta quase explodindo. 54 – Axo que ela fala no sentido de não comer esses alimentos direto, mais sim come as vezes, ser feliz e dexa de ser sertinho porque é jovem. RESPOSTAS DE ATIVAÇÃO DE CONHECIMENTO PRÉVIO 1 – Porque o jovem tem uma neura em se preocupar com o peso, só comer alimentos diet. 2 – Para discontrair. 4 – Porque comendo como sanduíche bem engordativo, e bebendo refrigerante não diet nos faz sentir bem. 7 – Para sai do dia a dia. 9 – É porque o jovem se sente bem fazendo esse tipo de coisa. 10 – Por que os jovens tem muita energia para gastar. 11 – E que tem muitas pessoas que não comem com medo de ingorda e se eles comecem deixar pra la isso e comeria o que pra eles e proibido. 13 – Porque os jovens gosta e é bem mais gostoso, mas as vezes se não pode prejudicar a saúde. 20 – Porque a maioria dos jovens vivem a base da dieta e ela fala para largar essa dieta e viver a vida. 21 – Pois nessa idade muitos se preocupam em engordar... Então ela se refere para apenas um dia poder fazer e comer esses tipos de alimentos. 23 – Por que jovem gosta de comer besteiras com sanduíches e não gosta de legumes nem verduras e etc. 24 – Por que a jovem de hoje só pensam em ficar com um corpo bonito. 25 – Porque os jovens são novos e não tem problema com o peso. 29 – Porque é o que eles gostam disso de alimentos. 32 – Porque muitas pessoas deixam de comer muitas coisas boas para não engorda esperando encontrar a felicidade nisso mais a felicidade não vai deixar de existir por um lanche. 34 – Porque os jovem de hoje só come isso. 37 – Porque hoje em dia muitas pessoas se preocupam de mais com a aparência e por isso deixam de viver um dos lados bons da vida. 39 – Porque esses alimentos são muito deliciosos. 40 - Porque os jovens gostam de comer isso. 41 – Pra aproveitar pois nessa idade eles não tão tem que se preocupar com tantas doenças como diabetes, problemas no coração pois eles são jovens. 42 – Por que o jovem tem muita desposição e é saudável, forte para perde todo prejuizo causado por esses alimentos. 43 – Porque é o que satisfaiz os jovens, que os deixam alegres e felizes. 44 – Porque esses elementos há bastante gordura e o refrigerante há muito açúcar. 45 – Porque são poucos os jovens que comem esse tipo de alimento, por causa do medo de engordar. 48 – Porque são alimentos que os jovens gosta e também e a comida do futuro não comemos mais bobs, broas essas coisas. 50 – Por que eles não comem, bebem refrigerante diet para não engordar. 51 – Porque todos são acostumados a comer isso. 53 – Porque esses tipos de alimentos podem até não serem os mais saldaveis mas com certeza os melhores. RESPOSTAS QUE DEMONSTRAM O NÃO ENTENDIMENTO DA QUESTÃO 17 - -5 - b) Provavelmente, o que ela pensa sobre a possibilidade de os jovens realizarem esse desejo décadas mais tarde? RESPOSTAS LITERAIS 22 – Ela aconselha que os jovens sejam feliz e viva sua vida. 40 – E respire fundo, muito fundo, pensando em tudo que pode e ainda vai fazer durante muito tempo, isto é, qualquer coisa. RESPOSTAS LITERAIS-INFERENCIAIS 21 – Pensa a respeito também aproveitar quando tiver 30, 40, 50... Para que nunca passe pela sua cabeça: “eu não aproveitei a vida”. 43 – Ótimo, como ela disse “e viva, sonhe e seja feliz”. RESPOSTAS INFERENCIAIS 2 – Vai ser tarde de mais. 3 – Que eles ainda estão vivendo intensamente. 4 – Que depois nós podemos nos arrepender de não termos aproveitado enquanto jovens. 5 – Ela considera essa ideia não tão boa pois daria a sensação de não ter vivido a sua sua juventude. 6 – Na maioria das vezes, os jovens são impulsivos, então, décadas mais tarde, quando estiverem mais maduros, vão querer manter a forma, ou vão falar que esse tipo de alimento faz mal a saúde... coisas do tipo. 11 – E será tarde de mais para curti a vida. 12 – Eles não vão aproveitar, pois quando ficam mais velhos os problemas aumentam, não dá para aproveitar a vida como se tivesse 25 anos. 13 – Que pode ser ruim porque com 25 anos você está cheio de energia para fazer várias coisas. 15 – Que possa ser tarde. Que eles devem realizá-los agora e não deixa para depois. 16 – Porque a juventude vai passar e você não vai poder mais voltar atrás. 20 – Que depois pode ser tarde demais. 25 – Se os jovens podem fazer tudo os seus desejos hoje, não mais tarde. 26 – Ruim. Porque talvez eles não consiguirão fazer mais tarde. 27 – Não vai ser tão possível quanto nesta idade. 29 – Porque não vão ter tempo o suficiente para fazer tudo que queriam na juventude. 30 – Ela pensa que já vai ser tarde demais. 31 – Porque nessas idades elas passam rápido porque ela ou ele pode se arrepender que não aproveitou nada na sua juventude. 32 – É que eles irão se arrepender de não ter aproveitado antes sua juventude. 36 – Que é melhor os jovens deixarem pra depois essas preocupações e aproveitar os 25 anos. 37 – De que não adianta mais o que passou passou e 25 anos não voltam mais. 45 – Porque só depois de muitos anos, os jovens podem ver o tempo que elas perderam, sem aproveitar a vida. 46 – Ela pensa que aproveitando a vida o máximo que pudermos, não teremos arrependimentos mais tarde. 49 – Para se sentir como um jovem. 51 – Porque depois que passa sua juventude é que eles vam lembrar. 52 – Talvez não dê para fazer o que se faz com 25 anos. RESPOSTAS DE ATIVAÇÃO DE CONHECIMENTO PRÉVIO 1 – Mais tarde, consumindo esses alimentos, eles terão que se preocupar com o peso e a saúde, com motivos. 7 – Muito ruim por lá naquela idade os alimentos podem ter varias consequência. 9 – A mesma coisa, mas com disposição diferente. 10 – Que não dava certo. 14 – Que causará algum problema de saúde. 19 – Porque a velhice vem se aproximando. 28 – Ela pensa que isso será mais difícil pela incapacidade dos velhos de manter o corpo com facilidade. 33 – Pensa que será muito bom. 34 – Que não tem nada haver. 35 – impossível 38 – Ruim 41 – Eles não poderão pois estraram velhos e terão que cuidar ainda mais da saúde. 42 – Terão muito problemas de saúde. 47 – Não vai ser a mesma coisa. 50 – Acha que é tarde. 54 – Por causa da idade, quando chega idade tem que comer uma alimenta saudável. RESPOSTAS QUE DEMONSTRAM O NÃO ENTENDIMENTO DA QUESTÃO 8 - -17 - -18 - -23 - -24 - -- 39 - -44 – -48 - -53 - -6) No 8º parágrafo são citados alguns acontecimentos que deixariam qualquer pessoa triste: “O dinheiro está curto, o namorado sumiu, a melhor amiga fez uma falseta”. a) Os conselhos dados pela autora para problemas desse tipo revelam uma visão otimista ou pessimista da vida? Por quê? RESPOSTAS LITERAIS 31 – Pessimista. Porque ela está lembrando fatos ruins de uma pessoas. 38 – Pessimista. Porque aconteceu tudo de ruim. 43 – Pessimista, porque ela fala de coisas tristes que acontecem. RESPOSTAS INFERENCIAIS 5 – Otimista, pois, depois ela depois ela da sujestões do tipo não se importar etc... 7 – Otimista. Ela diz que aconteça o que acontece. Não pare de aproveitar a vida. 8 – Otimista. Pois ela fala que o dinheiro surge o namorado é que não vai faltar e para esquecer amiga. Isso serve como um pouco de consolo. 9 – Otimista, pois ela fala pra pessoa esquece dos problemas. 10 – Otimista. Porque ela diz para esquecer isso e seguir em frente. 11 – Otimista, porque realmente como ela diz tudo passa. 12 – Otimista, porque ela nos mostra que sempre tem uma solução pra nossos problemas e que depois ficará tudo bem. 13 – Otimista. Porque se você ficar pensando nisso vai prejudicar a si mesmo pois você não irá curtir a vida como deve e ela diz. 14 – Otimista. Porque ela fala que nunca se deve para a vida por causa do dinheiro, por causa de namorado e de uma amiga falseta, pois nada disso dará um futuro melhor. O dinheiro, conseguimos com esforço do trabalho, o namorado não vai faltar, pois temos muita vida pela frente e a amiga nós encontraremos milhares espalhadas pelo mundo. 15 – Otimista, porque ela mostra que os problemas são apenas uma fase. 16 – Otimista. Porque depois ela fala pra dar a volta por cima, porque isso tudo passa. 20 – Otimista. Porque ela pede para deixar tudo isso de lado e ser feliz. 25 – Otimista, porque ela fala que outros namorados viram, outros amigos. 26 – Otimista. Porque ela mostra que tudo tem uma solução. 27 – Otimista. Ela faz você seguir em frente e ser feliz. 28 – Otimista. Porque ela tem uma ideia de que a vida pode ser melhor. 30 – Otimista. Porque faz a pessoa pensar que isso não é tudo ruim. 32 – Otimista, porque está ajudando as pessoas superar seus problemas. 33 – Otimista, porque ela é uma pessoa assim, que pensa muito positivo. 35 – Otimista. Para ela tudo tem solução. 36 – Otimista, porque pra ela os problemas tem solução. 37 – Otimista. Porque ela fala que tudo pode sempre mudar para melhor. 41 – Otimista. Porque ela vê o lado bom das coisas e pensa que tem coisas muito melhor por vir. 42 – Otimista. Porque os conselhos faz com que esquesa tudo isso e a pessoa seja feliz. 46 – Pessimista. Porque por mais que o dinheiro venha depois e um novo amor também e uma nova amizade se conquista são situações difíceis. 47 – Otimista. Porque a autora mostra que a vida é assim. Não é uma coisa que irá durar para sempre, qualquer dia acabará. 48 – Otimista, porque as vezes acontecem coisas ruins mais nem por isso devemos desistir, devemos seguir em frente. 49 – Pessimista da vida. Porque ela já passou por esses momentos. 50 – Otimista. Porque ela fala para esquecer desses problemas que nos fazem mal. 52 – Otimista. Porque ela tem na mente que tudo pode mudar e vai passar. 53 – Otimista. Por que ela da uns conselhos bom pro jovens. RESPOSTAS DE ATIVAÇÃO DE CONHECIMENTO PRÉVIO 1 – Otimista. Porque em vez de nos preocuparmos, podemos esquecer e seguir em frente. 3 – Otimista. Porque não importa o que aconteça sempre podemos dar a volta por cima e fazer tudo diferente, vivendo a vida em versos e inversos. 6 – Otimista. Bola pra frente, a vida é curta demais pra nos preocuparnos com essas tristezas não acha. Curtir a vida é mil vezes melhor. 19 – Otimista. Dinheiro é sempre bom, mais o que tem que te fazer feliz é a vida amigas falsas sempre vai existe e namorado arranja outro. 23 – Otimista porque tudo na vida para conseguir tem que querer, se esforçar como dinheiro e trabalho, namorada. Ex: festas, arrumar amigos, msn, orkut. 40 – Pessimista. Porque quando uma pessoa arruma um namorado isso quer dizer que é para ter muito cuidado senão dar problema. 44 – revela uma visão otimista, porque o dinheiro não é tudo para o ser humano, o que há dentro de voce é sua felicidade. 45 – Pessimista. Porque quem tem esse tipo de problema, não para de pensar nele em um minuto. RESPOSTAS QUE DEMONSTRAM O NÃO ENTENDIMENTO DA QUESTÃO 2 – otimista, porque sim. 4 - -17 - -18 - -21 - -22 – Otimista. 24 – -29 – Pessimista. 34 – Não. 39 – Otimista. 51 - -6 - b) Em relação à afirmação “tenha a consciência de que não existem diamantes nem rubis que façam alguém mais feliz do que sensação de mergulhar no mar”, o que representam os diamantes e rubis? E o mar? RESPOSTAS LITERAIS 24 – os diamantes e os rubis representam o mar RESPOSTAS INFERENCIAIS 1 – Os diamantes e rubis representam a riqueza, o dinheiro. O mergulho no mar representa as coisas simples da vida. 2 – Dinheiro não traz felicidade, um pouco, mas não traz e o mar é a felicidade. 3 – Dinheiro e pessoas. A vida. 5 – Diamantes e ultimo representam riqueza e o mar a natureza. 7 – Nossa rotina 9 – Diamantes e rubis é material é felicidade passageira já a sensação de mergulhar no mar é inesplicável. 11 – Que não há dinheiro no mundo que compre a nossa felicidade. As coisas mais simples nos faz feliz como Mar. 13 – os diamantes e rubis são as besteiras da vida e o mar é a vida para você mergulhar nela para ser feliz. 14 – Os diamantes e os rubis é o dinheiro e os amores e amigos o mar é a vida. 15 – Representam o dinheiro, os problemas... e o mar é a vida. 19 – Pessoas, a vida. 22 – diamantes e rubis quer dizer felicidade e o mar é a vida 23 – Por que não tem nada no mundo que traga a felicidade de alguém. 25 – as pessoas e o dinheiro. A vida 26 – Representão coisas ruins. E o mar é a sensação boa de 25 anos e ser feliz. 27 – Os problemas que ela enfrentou com amigas, namorados etc. 28 – Diamantes e rubis = dinheiro. Mar = juventude. 31 – Diamantes e rubis são o dinheiro, namorado e a amiga. 32 – Não á presentes nenhum melhor do que poder viver os diamantes e rubis são presentes coisa materiais e o mar representa liberdade de viver. 33 – Diamantes e rubis são dinheiro, e o mar é a vida. 34 – amigos, namorada, a vida. 35 – Diamantes e rubis representão riquesa e o mar representa a alegria. 36 – Diamantes e rubis representam dinheiro, o mar representa a vida. 37 – Dinheiro, riquezas e luxo e o mar vida feliz simples mas sempre feliz. 38 – Os diamantes e rubis representão dinheiro e o mar representa o amor. 39 – Dinheiro. Alegria, prazer, emoção e diverção. 40 – O dinheiro e o namorado. 41 – Dinheiro, carros, bens materiais. O mar é uma coisa que ninguém pode ter pra ele mas assim mesmo ele pode desfrutar. 42 – Joias coisas de valores. Se refresca e esquecer os problemas. 44 – Através dos diamantes e as rubins há também muito mais dentro do mar. 45 – Diamantes e rubis são: o dinheiro, as coisas materiais. E o mar é a sensação de liberdade. 47 – No meu ponto de vista diamantes e rubis significa que dinheiro não traz felicidade e mar significa a vida. 48 – O dinheiro, os jovens 49 – dinheiro. Vida. 51 – tudo de ruim, menos o mar porque la ela vai leve. 52 – A riqueza e o que o dinheiro pode fazer na vida de alguém. No mundo, na juventude, na vida. RESPOSTAS QUE DEMONSTRAM O NÃO ENTENDIMENTO DA QUESTÃO 4 - -6 - -8 - -- 10 - -12 - -16 - -17 - -18 - -20 - -21 – não entendi 29 - -30 - -43 - -46 - -50 - -53 - -54 - -QUESTÕES LITERAIS-INFERENCIAIS 7) No 9º parágrafo, a autora aponta diretamente alguns “males” que inevitavelmente surgem com a idade. Quais são eles? Por que alguns desses males são necessários? RESPOSTAS LITERAIS 3 – Ter de tomar comprimidos para dormir. 10 – Comprimidos, pintar os olhos, passar blush e fazer escova. 17 – Tomar remédio pra dormir, pintar o olho, botar um blush e fazer escova no cabelo. 18 – Dormi sem precisar de comprimidos, acorda sem precisar de se maquiar. 22 – Fala que não tem mais alegria, outras compensações. 30 – insônia 39 – insônia e olheras 32 – Os arrependimentos. 34 – Falta de dinheiro 43 – O dinheiro está curto, o namorado sumiu, a melhor amiga fez uma falseta. 47 – Pintar o olho, botar blush, fazer escova. Porque é jovem ninguém pode tirar isso. RESPOSTAS LITERAIS-INFERENCIAIS 1 – Não conseguir dormir e ter que se medicar. São necessários para que as pessoas entendam melhor a vida. 4 – Precisar tomar remédio para dormir e se encher de maquiagem para tapar as “rugas”. 8 – Ter que tomar comprimido para dormir, ter que pintar o olho, botar um blush. Pois os sinais da velhice vai surgindo, como rugas e etc. 12 – Tomar remédio para dormir – muitas pessoas tomam por problemas de saúde, vão precisar de maquiagem, escova – porque depois de uma certa idade aparecem as rugas. 13 – Tomar comprimido para dormir, vim as rugas, o cabelo fica ruim. Porque se não vai ficar sem dormir, ficar com cabelo pro alto. 14 – A necessidade de um comprimido para dormir. Porque com a idade a pessoa vai perdendo o sono e precisa de remédios. 15 – Dormir apenas com remédios e a preocupação com rugas, olheiras enfim a beleza. Porque sem vim com a idade. 16 – Tomar remédios pra dormir e ter que passar maquiagem para disfarsar a velhice. Porque o tempo passa e você vai ficando velho e com rugas. 20 – Insônia, rugas, manchas de pele. Para esconder a idade. 26 – Tomar remédio para dormir, passar maquiagem para disfarça as rugas. 28 – As rugas, os cabelos vão ficando branco porque a pessoa precisa refletir sobre a vida que teve. 31 – Tomar comprimido para sono vem, pintar olho e passar blush. É necessário para deixar algumas mais bonitas. 35 – comprimido, maquiagen, maquiagen pra tampa as rugas, ect. 36 – Tomar remédio para durmi , não precisa de maquiagem e nem fazer escova no cabelo quando acorda, para dar valor aos 25 anos. 37 – comprimidos para dormir se maquear para esconder imperfeições para disfarçar rugas e insônia. 38 – pinta o olho, blush, ecover para deixa a pessoa bonita 41 – Insônia, rulgas ou sinais da idade. Porque não tem como evitar. 45 – O nervosismo, a aparência que muda muito. Não existe ninguém que não tenha esses sinais, quando envelhecem. 46 – Quando for dormir tomar comprimidos para o sono vir não ter que pintar o olho, botar um blush e nem fazer a escova no cabelo. Pois as vezes muitas pessoas tem problemas quando chega a uma certa idade e não tem dinheiro para se cuidar. 50 – Rugas, doenças, problemas. Para o amadurecimento de uma pessoa. 53 – Beber comprimido para dormir e usar maquiagem. Na minha opinião é mais para a pessoa se sentir bem. RESPOSTAS INFERENCIAIS 5 – Pois a idade vai avançando e as pessoas crescem. 25 – O envelhecimento. 27 – O da aparência. Para mostrar que sua beleza não é apenas o que está por fora, mas por dentro. RESPOSTAS DE ATIVAÇÃO DE CONHECIMENTO PRÉVIO 2 – A diabetis. 23 – O cansaço, as dores por causa da idade. 42 – O mal estar contigo mesmo e os defeitos que a parecem. Para o desenvolvimento de nossas vidas. 44 – Os males são necessárias porque dentro deles há certa dificuldade na sua vida. 48 – Porque tem males que vem para o bem. 49 – erros que agente comete. Para agente não cair no mesmo buraco. RESPOSTAS QUE DEMONSTRAM O NÃO ENTENDIMENTO DA QUESTÃO 6 – Não entendi muito bem essa pergunta, desculpa. 7 – Todas. 9 - -11 – Não sei. 19 - -21 - -24 - -29 - -33 - -- 40 – -54 - -51 - -52 – Não sei. COM QUE CORPO EU VOU? QUESTÕES LITERAIS 4) Releia a sequência de períodos iniciados por não, no terceiro parágrafo. a) Eles remetem a quê? RESPOSTAS LITERAIS 1 – Se refere ao corpo. 2 – ao seu corpo 3 – Ao corpo. 4 – Elas remetem aos corpos que por exemplos apresentam a vida pulsante e biológica. 9 – Ao corpo que você está uzando. 12 – ao corpo. 13 – corpo... 14 – a si próprio 15 – Ao amor próprio. 16 – Ao corpo. 17 – Ao corpo. 19 – Ao corpo. 21 – Remetem ao corpo. 22 – A imagem que nosso corpo remete a sociedade. 32 – O corpo. 40 – Que o corpo não é uma identidade. RESPOSTAS INFERENCIAIS 10 – A afirmação de que você usa o corpo. Para vender uma mercadoria o corpo serve como uma vitrine. 11 – Remetem as condições que o corpo tem de fazer uma pessoa feliz. 18 – Que cuidar da imagem do corpo é tudo. 20 – Contradição. 23 – Não que seja exatamente o que o autor diz nos 2 primeiros parágrafos, é seguinte. 24 – Não é para representar o corpo mesmo, é outra coisa que ela diz diferente. 27 – Ao que os homem já é e faz com o corpo. 35 – De modo de vestir. 31 – Beleza e vaidade. RESPOSTAS QUE DEMONSTRAM O NÃO ENTENDIMENTO DA QUESTÃO 5 - -6 - -7 - -8 - -25 - -26 - -- 28 - -29 - -30 - -33 - -34 - -36 – Não sei mesmo. 37 - -38 - -39 - -41 - -42 - -4 - d) Em que consiste a importância do corpo para ela? RESPOSTAS LITERAIS 2 – Vai determinar sua felicidade não por despertar o desejo ou o amor de alguém. 6 – É um escravo que submetemos a grandes sacrifícios. 10 – Um objeto. 12 – Que ele acha que ele é o principal objeto do investimento para o amor. 14 – De amar a si próprio. 13 – É a 1ª condição pra que você seje feliz. 16 – Aumente sua felicidade e de a ela o seu amor próprio. 17 – Para você conquistar bens materiais. 20 – O objeto privilegiado de seu amor próprio, a auto-estima. 27 – A imagem que você apresenta. 29 – Consiste em felicidade, apresenta ao espelho da sociedade. 40 – Na sua auto-estima era visão da sociedade. RESPOSTAS INFERENCIAIS 1 – É o jeito de levar a vida. 3 – O corpo é apenas uma imagem para os outros que cada dia mais é importante para os outros. 4 – Consiste que ela acha o nosso corpo uma mercadoria (mas e só o que ela escreve) porque na verdade ela só tá querendo abrir os olhos de todos, mas na verdade ela acha o corpo muito importante. 9 – por que as pessoas se tornam vazias e procuram a felicidade na imagem que as ostentam. 11 – Consiste em muitas coisas além do que a indústria da saúde e a mídia dizem ser o importante. 15 – Para ela o corpo é importante no meio da população. 18 – Porque se ela estiver com o corpo bom do jeito que ela quer e gosta a auto-estima dela também vai está bom. 21 – Consiste em alegria, felicidade com o corpo que tem. 22 – Consiste na felicidade de poder ser bem vista pelas pessoas. 24 – A saúde, o bem-estar. 30 – Para ela é algo que nos representa algo que temos que cuidar, pois diz tudo sobre nós. 31 – Em beleza e aparência. 32 – Ser bem vista. 33 – A nossa imagem e a exposição a vida social. 35 – Porque mostra o que você é. 37 – Ele mostra quem a pessoa é. 38 – E muita das vezes as pessoas usam o corpo para chamar a atenção. 41 – Que a pessoa se sinta bem com a sua aparência 42 – Para ela o corpo é igual a saúde nunca pode descuidar. RESPOSTAS QUE DEMONSTRAM O NÃO ENTENDIMENTO DA QUESTÃO 5 - -7 - -8 - -19 - -23 - -25 - -26 - -28 - -34 - -36 - -39 - -QUESTÕES INFERENCIAIS 1) Explique a estranheza que o título “Com que corpo eu vou?” causa à primeira vista. RESPOSTAS LITERAIS 4 – Causa que só lendo o texto já deu a impressão de que com que corpo eu vou quis dizer causar também que nosso corpo não é supervalorização e até as vezes tomado como mercadoria. RESPOSTAS INFERENCIAIS 1 – Como se trocar de corpo fosse como trocar de roupa. 2 – Porque seu corpo é você, seu jeito de ser, não dá pra ter outro. 3 – Porque você só tem um corpo, ninguém tem mais de um. 7 – E muito estranho, a primeira vista parece ser um texto religioso. 8 – De que forma eu vou. É a forma de você sinta mais feliz com a sua origem. 9 – No meu ponto de vista. É com que cara e de que jeito e também como eu vou saber se sobe o que. 10 – Que o corpo é que nem roupa. 11 – Como assim “com que corpo eu vou” pelo que todos nós sabemos cada ser possui apenas um corpo. 12 – É estranho porque não dá para você trocar de corpo normalmente a pessoa fica em dúvida com a roupa. 13 – Á primeira vista do a entender que a pessoa tem muitos corpos. 15 – Da a entender que alguém está trocando de corpo como se fosse roupa tentando escolher a melhor para usar. 16 – Quando li, achei que era um texto de espiritismo. 17 – Que você dependendo do lugar onde vai, está de um jeito diferente, nunca ela mesma. 18 – Explica que corpo nós vamos ficar depois da adolescência. 19 – Como eu estou por fora, o corpo como ele está. 20 – A primeira vista pode-se pensar que essa pessoa muda de corpo como se fosse roupa. 21 – Parece estar errada, parece ser “com que roupa eu vou”. 22 – Que as pessoas se escondem atrás de seus corpos tentando ser coisas das quais não são. 23 – Eu pensei que fosse retratar as roupas com quem você se apresenta. 24 – Se a pessoa está bem ou mal para sair. 25 – Parece que a pessoa tem outros corpos. 26 – como que o meu corpo é se é gordo ou magro, se eu sou baixa ou alta. 27 – Como se você pudesse trocar de corpo como se troca de roupa. 28 – A estranheza que causa é que parece que tá falando se vai bem ou mal. 29 – Estranho parece que você tem vários corpos. 30 – Parece que o corpo é como as roupas, que podemos trocar quando nos queremos. 31 – Com que roupa vou colocar aquela que me deixa gorda, magra ou sensual sexy. 32 – Que a pessoa pode trocar de corpo 33 – Da uma impressão, de aparência. 34 – Que quando morremos vamos com que corpo. 35 – Como você deve se apresentar. 37 – Seria a impressão como si pudesimos mudar de corpo. 38 – Dá uma impressão de troca de corpo, ou seja, de que a pessoa tem vários corpos. 40 – É como a pessoa se cuida fisicamente. 41 – Dá a idéia de que podemos trocar de corpo. RESPOSTAS QUE DEMONSTRAM O NÃO ENTENDIMENTO DA QUESTÃO 5 - -6 - -14 – --. 36 - -39 - -42 - -3) Explique a ironia presente nos primeiros parágrafos do texto. (ironia: figura de liguagem usada quando se diz o contrário do que se deseja efetivamente exprimir). RESPOSTAS LITERAIS 3 – Que o corpo é apenas um objeto mais não tem uma mente pensante. 7 – Porque pergunta que corpo você está usando ultimamente. 9 – Que corpo está representando você no mercado das trocas imaginárias. 13 – Quer dizer que não está imagem boa para corpo tem oferecido ao olhar alheio. 18 – Que no 1º parágrafo fala que o corpo que você usa vai dizer o que você é. 30 – Que corpo você tá usando ultimamente... Que corpo tem representado você no mercado das trocas imaginárias. RESPOSTAS INFERENCIAIS 1 – A ironia é que eles falam de usar um corpo como se fosse uma roupa coisa que possamos trocar diariamente. 5 – A ironia é com que corpo você está, com que cara você está hoje se não for a sua própria pessoa não adianta em nada. 10 – O corpo que você está usando, que mudanças você já fez. 11 – Ele quer fazer uma crítica ao modo como as pessoas tratam seu próprio corpo. 12 – Porque vai perguntando qual o corpo que você está usando e fala muitas coisas que fazem com o corpo. 14 – Que queremos se vestir bem para conquistar o amor, ser visível. 15 – Na verdade a frase “o corpo que você veste” quer dizer o corpo que você tem diante da população. 16 – Está querendo dizer (o texto) que não é o corpo natural mas sim o corpo que você constrói nas academias, plásticas, etc. 17 – Que dependendo do corpo, você consegue algo ou não. 20 – A ironia que está no texto é que você tem que “mudar” de corpo para ser aceito e bem visto na sociedade. 21 – A ironia é que fala sobre o corpo, se a pessoa está magra, gorda e se a pessoa se sente bem. 22 – A ironia é que ele fala que as pessoas fazem de tudo para serem bem vistas por outras pessoas. 27 – Que o corpo é a imagem, onde não se dá por explo para trocar e deve-se ao menos preservá-lo. 29 – Do corpo que a gente usa tomar cuidado com o que a gente faz. 31 – E corpo você apresenta a sociedade gorda, magra ou sexy sensual. 33 – Que a pessoa troca de corpo continuamente. 35 – Deve sempre se vestir bem. 36 – A autora não quer dizer exatamente “o corpo que usamos”, mas sim o corpo que queremos que o povo veja, queremos ter um corpo bonito para todos apreciarem. 37 – Essa ironia quis comparar o corpo a roupas como se pudessimos trocar. 40 – É como você está indo para a sociedade. RESPOSTAS QUE DEMONSTRAM O NÃO ENTENDIMENTO DA QUESTÃO 2 - -4 – -6 - -8 - -19 - -23 - -24 - -25 - -26 - -28 - -32 - -34 - -38 - -39 - -41 - -42 - -4 - b) O que a autora exprime nesse momento? RESPOSTAS LITERAIS 2 – O corpo que você representa à sociedade. 4 – Exprime que o corpo possui uma casca, superfície sensível ao prazer do toque da pele, esse indivíduo tenso que protege o trabalho dos órgãos. 9 – Não porque ele seja o corpo, a sede pulsante da vida biológica. 15 – A idéia do próprio amor. 17 – Que o corpo é a sede pulsante da vida biológica. 13 – Não porque seja o corpo a sede pulsante da vida biológica não porque passa isso uma vasta superfície sensível ao prazer do toque. 34 – Do nosso corpo, das nossas sensações. 40 – As cirurgias. RESPOSTAS INFERENCIAIS 1 – Suas idéias, o que ela acha daquilo tudo. 3 – Um desprezo pelo corpo. 6 – A importância do corpo. 8 – Que o corpo você veste do jeito que você quer 10 – As pessoas usam o corpo para expresar felicidade no seu vazio interior. 11 – Que o que realmente nos deveria fazer feliz, não buscamos para nós mesmos. 12 – Que o corpo é capas de sentir vários sentimentos e que o corpo pode colocar desejos. 14 – De indignação a sua aparência. 18 – Tem que cuidar do corpo como se cuida da saúde. 20 – Que as características do corpo expressas naquelas frases não importam para a sociedade. 22 – Que as pessoas tentam ficar melhores não para si mesmas mais para outras pessoas. 23 – incerteza com o corpo 24 – O corpo é muito bom para sua aparência. 27 – Tudo o que o corpo possui e representa. 31 – tristeza em relação ao corpo 32 – como é o corpo dessa pessoa 36 – Que o corpo é muito importante, mas protege e nos beneficia de muitas formas. 39 – A vontade de todos quererem um corpo perfeito. 41 – Que é importante o cuidado com o corpo, mas que não é a coisa mais importante da vida. RESPOSTAS QUE DEMONSTRAM O NÃO ENTENDIMENTO DA QUESTÃO 5 - -7 - -16 - -19 - -21 - -25 - -26 - -28 - -29 - -30 - -33 - -35 – -37 - -38 - -c) Que efeito a autora obtém iniciando os períodos dessa forma? RESPOSTAS LITERAIS 2 – vai determinar sua felicidade não por despertar o desejo ou o amor de alguém. 13 – efeito de negação 15 – De negação 17 – De negação. 39 – contrariedade RESPOSTAS INFERENCIAIS 1- Negar esse geito de levar a vida. 3 – Falar outras importâncias do corpo, por isso fala “não que”, porque isso é que tudo bem. 4 – Tem o efeito de mostrar e falar o que é realmente o e verdade e o que acontece com o nosso corpo. 9 – Para nos motivar a pensar no nosso futuro. 10 – uma negatividade, uma discordância como as pessoas são vistas na sociedade. 11 – Das pessoas criticarem a própria forma de pensar e ver se aquilo que ela tanto quer realmente ela pensa. 14 – efeito de se mostra para o mundo quem você é 16 – Quis dizer que não são por esses motivos mas sim por outros. 20 – contradição ao corpo da sociedade 21 – Para algumas pessoas que leu o texto e se sentiu ofendida. 24 – De dizer que nem todo mundo tem que cuidar do corpo. 27 – Mostrando tudo que ele tem e proporciona. 35 – Ma impressão. 37 – Um efeito de contrariedade ao corpo. 40 – Contra a sociedade 41 – De algumas exceções RESPOSTAS QUE DEMONSTRAM O NÃO ENTENDIMENTO DA QUESTÃO 5 - -6 - -7 - -8 - -12 - -18 - -19 - -22 - -23 - -25 - -26 - -28 - -29 - -30 - -31 – não entendi 32 - -33 - -34 - -36 – Sinceramente eu não sei. 38 - -42 - -- QUESTÕES DE ATIVAÇÃO DE CONHECIMENTO PRÉVIO 5) Releia: “O corpo-imagem que você apresenta ao espelho da sociedade vai determinar sua felicidade não por despertar o desejo ou o amor de alguém, mas por constituir o objeto privilegiado do seu amor-próprio” [...]. em sua opinião, essa felicidade é segura e duradoura? Por quê? RESPOSTAS DE ATIVAÇÃO DE CONHECIMENTO PRÉVIO 1 – Sim, uma pessoa deve se amar sempre antes de qualquer coisa ou pessoa. 2 – Não, porque a felicidade o amor um dia acaba tudo. 3 – Não, porque você pode se ver o dia e não se gostar e nada é duradoura. 4 – Não, porque um dia o corpo não aguenta mais nada fica velho e aí o espelho da sociedade conserteza já vira outro corpo mais jovem o amor dependendo dura, mas só em alguns casos agora o objetivo e o privilégio do seu amor próprio fica abalado com esses acontecimentos. 6 – Não, porque o corpo não significa tudo, é em primeiro lugar tem que estar bem com nós próprios, não é o corpo que vai falar quem eu sou posso ser gordo feliz e posso ser magro infeliz. 7 – Não, porque se a pessoa não tiver bem com seu próprio corpo não vai ter uma felicidade segura e duradoura. 8 – Duradoura. Porque você gosta de ser bem vestido e supervalorizado com sua alto estima. 10 – Segura não se sentise segura não usaria meios para melhorar a aparência duradoura talvez. 11 – Não, pois com o passar do tempo as pessoas irão envelhecer e conseguindo uma beleza diferente daquela que dizem ser a ideal. 13 – Sim, primeiro temos que ter amor próprio e dependemos do corpo pra tudo pela roupa também pode ajudar no trabalho e etc. 14 – Sim, duadora não porque enjoamos de vê a própria imagem. 15 – Não. É obvio que devemos ter primeiramente e amar a vós mesmos mas só isto não traz felicidade completa pois precisamos de amigos, parceiros e família. 16 – Não, porque o corpo está lindo, maravilhoso, e o seu espírito, sua alma por dentro será que está feliz. 17 – Não, pois uma felicidade dependente do corpo essa felicidade se torna insegura e curto. 18 – Sim. Por que para agente gostar de alguém primeiro temos que gostar de nós mesmo. 19 – Não. Porque um dia a beleza vai acabar e a pessoa não vai ser feliz por isso a beleza não traz felicidade para sempre, mas sim momentânea. 20 – Não, porque o corpo envelhece e um corpo vê não atraía felicidade de outras pessoas. 21 – É segura e duradoura. Sim, porque a pessoa mostra o corpo que tem, não é porque ela tem um corpo bonito que ela vai deixar de ser amada. 22 – Não. Porque nada é para sempre, um dia tudo que fizemos um nossos corpos se resumirão a pó. 23 – Depende se seu amor próprio, for saudável e verdadeiro. Por que pode não ser duradouro por sua imagem, mas sim por sua personalidade. 24 – Não. Porque o corpo pode mudar. 26 – Sim. Porque nós plantamos o que colhemos. 27 – Não, pois ser feliz não é demonstrar imagem para ninguém. 28 – Não. Porque nem toda felicidade dura para sempre. 29 – Não. Porque você não vai ter o mesmo corpo de sempre. 30 – Sim. Porque se tivermos uma boa imagem seremos muito felizes, pois conquistando o amor de alguém podemos ser feliz para sempre. 31 – Sim, porque se você estiver bem com seu corpo vai estar bem com você mesma. 32 – Não. Por que a pessoa pode engordar, ou emagrecer demais de perder a felicidade que tenho. 33 – Sim, pois se a pessoa se acha bonita nada mais falta. 34 – Não. Mais também temos que estar realizado tanto no exterior mais também no interior. 35 – Não, porque acontecem coisas conosco que ficamos para baixo. 36 – Não mesmo. Como pode ser segura se você vive esticando a pele e tirando pedaços do nariz por exemplo. Cirurgias são perigosas. 37 – Não, pois esse desejo esse corpo e beleza pode passar. 38 – Na minha opinião quando o amor é verdadeiro a felicidade sempre é segura e duradoura. 39 – Sim. Porque se você amar a si próprio, a felicidade sempre estará do seu lado. 40 – Duradoura, com a vinda da idade vai caindo tudo. 41 – Duradoura. Uma pessoa não pode ser totalmente feliz apenas porque tem o coração perfeito. 42 – Dão porque ninguém nunca está satisfeita com o corpo que tem. RESPOSTAS QUE DEMONSTRAM O NÃO ENTENDIMENTO DA QUESTÃO 5 - -9 - -12 - -25 – Não. 6) A cultura do narcisismo é a cultura do apego excessivo ao eu, é a autoestima levada ao extremo. Em sua opinião, essa cultura deixa vazios na formação da pessoa? Quais? RESPOSTAS DE ATIVAÇÃO DE CONHECIMENTO PRÉVIO 3 – Sim, pessoas só irão pensar nelas e não quem está em volta, se importarão (algumas pessoas) só com sua beleza. 5 – Eu acho que deicha sim porque a pessoa vai gostar apenas dela vai ser muito vaidosa e não vai olhar para o próximo. 6 – Sim, porque a pessoa vai deixar de amar as pessoas, esquecer de ser feliz para de se preocupar com o outro, na minha opinião isso é uma doença. 10 – Sim, as pessoas se deixam levar pela cultura da sociedade para ser aceita na sociedade. 11 – Sim, elas irão pensar cada vez mais em si mesmos e esquecer que existem outras pessoas; se tornando cada vez mais solitária. 13 – Deixa se a pessoa se sentir bem e sem alto-estima. 15 – Sim. A pessoa só pensa nela mesma e não pelos outros, não pensa em outra pessoa, mas só em si mesmo. 17 – Sim, pois não conseguimos e não conseguiremos viver sozinhos. 19 – Sim. Na maioria das pessoas preocupam com o que está a vista por fora e o próprio caráter é abalado. 20 – Sim, tudo que tenha haver com o próximo ou com humildade. 22 – Sim. Porque as pessoas só se preocupam com a beleza os tornam cada vez mais ignorantes. 23 – Sim. Solidão, baixo estima ou até problemas psicológicos. 25 – sim, mas deixa alegria. 26 – Sim, as pessoas não ficam sem amizade porque que elas ficam sem graças. 27 – Sim, porque o ser humano não é representado só por imagens. 34- Sim. Pois a pessoa fica se preocupando tanto com si próprio que acaba esquecendo dos outros e afastando-os. 35 – Sim, porque mostra quem ela é. 36 – Claro que sim. A pessoa se preocupa tanto com a perfeição, que se esquecem completamente de curtir com a família, amigos, etc. Deixa de viver. 37 – Os principais valores, dignidade, onestidade, generosidade, altruísmo, ect. 39 – Sim. Ela só vai querer beneficiá-la e deixar os outros de lado. 40 – Sim, as pessoas são muito vaidosa e a beleza exterior é passageira. 41 – Sim. Ter a auto-estima lá em cima faz bem para a pessoa, mas em excesso, a pessoa deixa de viver para cuidar da imagem. 42 – Não, porque se a pessoa vai tá com auto-estima ela vai ta realizada. RESPOSTAS QUE DEMONSTRAM O NÃO ENTENDIMENTO DA QUESTÃO 1 - -2 – Sim. 4 - -7 - -8 - -9 - -12 - -14 - -16 – Não. 18 - -21 – Não. 24 - -28 – Acho que não. 29 – Não. 30 – Não entendi. 31 – não 32 – não 33 – pra mim não 38 - -7) Comente e tendência de o corpo e a imagem, construídos à custa de muito investimento, serem os principais fatores para a “aceitação e inclusão social” em alguns meios. RESPOSTAS DE ATIVAÇÃO DE CONHECIMENTO PRÉVIO 3 – Alguns lugares aceitam pessoas apenas pela beleza, e não pela outra pessoa que não é tão bela. 5 – Porque para muitas pessoas precisa ter um corpo escultural uma imagem linda para serem felizes e não o sentimos o caracter da pessoa. 7 – Porque nessa sociedade em que vivemos a aparência é tudo e melhor você está mais aceito você vai ser na sociedade. 10 – Sim. O corpo é o principal meio de aceitação. Na sociedade se você tem boa aparência será aceito. 11 – Irei estar a mídia que é a principal causadora dessa idéia de beleza; quem nunca pensou em aparecer na televisão! Quase todas pessoas querem isso se tornarem famosas e quanto mais bonita a pessoa ser, mais chance ela terá de conseguir. 13 – Não podemos chegar em uma entrevista com uma roupa decotada ou curta, temos que estar adequadamente. 14 – Ser bonito (a) anda na moda o bem arrumado e fazer o que eles fazem. 15 – A tendência é ser aceitado pela população. 17 – Pois a humanidade tem muita tendência de aceitar pessoas bonitas, que teja um belo corpo e esquece de outros que por ventura são pessoas boas que aceitam qualquer um, se importam muito com o bem material e esquecem dos sentimentos. 19 – Muitos fazer cirurgias e gastam muito apenas para serem aceitas num grupo e isso é totalmente ruim. 20 – Na TV e no cinema, às vezes, o mais importante requisito é a aparência e não o talento. 22 – Porque as pessoas custumam aceitar outras pessoas pela sua aparência e não pelo que elas realmente são. 23 – Uma pessoa com boa aparência pode ser mais aceita em grupos de amizades ou de trabalho. 26 – A pessoa tem que ser simpática. 27 – Que seu corpo sua imagem conta muito em exemplo: o enteresse de uma pessoa em você. 29 – Um corpo tem a tendência de mudar e a imagem você define ela. 32 – Muitas pessoas valorisaõ mais o corpo do que a pessoa. 35 – De estar bem. 36 – Vivemos em uma humanidade fútil e perfecsionista, lógico que haverá aceitação. 37 – Hoje em dia, todos se preocupam com o corpo e enquanto mais a pessoa apresenta um corpo bonito mais ela é aceita pelas pessoas pela sua beleza. 38 – Que muitas pessoas investem o dinheiro para construir um corpo perfeito, e com isso todos os aceitam em qualquer lugar. 39 – Ninguém está satisfeito com o corpo que tem. 40 – É, hoje para conseguir alguma coisa as pessoas são capazes de se transformar por completo e acabam prejudicando até sua postura familiar. 41 – Hoje em dia, as pessoas acima do peso ou com o corpo mal cuidado são excluídos, tem dificuldade de conseguir emprego etc. RESPOSTAS QUE DEMONSTRAM O NÃO ENTENDIMENTO DA QUESTÃO 1 - -2 - -4 - -6 - -8 - -9 - -12 - -16 - -18 - -21 - -- 24 - -25 - -28 - -30 - -31 – sim 33 - -34 - -42 - -8) Releia: “O corpo é um escravo que devemos submeter à rigorosa disciplina da indústria da forma (enganosamente chamada de indústria da saúde)” [...]. a) “Chamada indústria da saúde” por quem? Quem tem interesse em enganar os consumidores? RESPOSTAS LITERAIS 2 – Nosso corpo. 13 – nós, o corpo RESPOSTAS DE ATIVAÇÃO DE CONHECIMENTO PRÉVIO 3 – os doutores que fazem de tudo para consiguirem pacientes e mais na área de cirugia plástica. 5 – Por agente mesmo. 6 – Pela autora, os produtores de remédio de emagrecimento e cirurgias com perigosas cirurgias. 8 – Os vendedores que mostra que o produto e bom e vai fazer diferença se você compra-los. 10 – Os médicos que lucram. 11 – Os vendedores de comésticos, academias, a indústria da moda, etc. 14 – Os vendedores fazendo propaganda do seu produto. 15 – Os vendedores de produtos químicos para cabelos, vendedores de produtos que dizem emagrecer as pessoas e outros. 16 – Pelos profisionais que fazem plásticas, os donos de academias, etc. 17 – Pelas industrias que vendem produtos de beleza que muita das vezes não fez nada e pode causar algum dano ao corpo do consumidor. 18 – Pelas pessoas que querem vender algum medicamento contra indicados. Os interesses de vender a mercadoria e ganhar dinheiro prejudicando a saúde das pessoas que compra. 20 – Médicos, cirurgiões plásticos e a mídia. 21 – Chamada pelo consumidor a pessoa que está consumindo alimentos que engordam. 22 – As indústrias da saúde assim chamada pelos seus produtores enganam a nós para eles poderem lucrar. 23 – Pela autora. As indústria de beleza. 25 – Pelos estilistas. Os vendedores. 26 – Pelas pessoas que acima de tudo é a aparência para eles. Os vendedores. 27 – Nós mesmos, nós. 28 – Pelos donos. Os donos, os proprietários. 29 – Pelo homem um senhor. Indústria de saúde. 31 – Pelos nutricionistas. Quem os produz e quem não quer ver a verdade. 36 – Os produtores e investidores que só querem saber de direito. 37 – Pelos próprios donos e empregados que fazem isso somente para garantir os seus direitos. 38 – Pelos médicos. Os médicos que na maioria das vezes enganan. 39 – Pela sociedade. Os que estão por trás do preço altíssimo. 40 – Por nós, nós também. 41 – As clínicas, empresas de produtos de beleza e coisas do tipo. 42 – Por nóis mesmos, donos de clínicas que fazem sirurgia para emagreser. RESPOSTAS QUE DEMONSTRAM O NÃO ENTENDIMENTO DA QUESTÃO 1 - -4 - -7 - -9 - -12 - -19 - -24 - -30 - -32 - -33 - -34 - -35 – Sim. b) Na sua opinião, se a “indústria da saúde” é enganosa, ela pode oferecer perigos? Quais? RESPOSTAS DE ATIVAÇÃO DE CONHECIMENTO PRÉVIO 2 – Sim, porque tem remédio. 3 – Sim, porque se não escolher uma pessoa estudada no caso de cirurgias talvez podem ser fatais. 4 – Sim. Os médicos podem cometer erros as enfermeiras podem cometer erros entre outros muitos erros e problemas. 5 – Sim, muitos perigos como doenças dar alguma coisa errada nas plásticas. 6 – Sim, porque as pessoas buscam o corpo perfeito, através de cirurgias arriscadas, dietas rigorosas isso é muito perigoso. 7 – Sim, porque você vai querer. 8 – Sim, se tomar muitos remédios em quase uma hora pode provocar alguma mudança em suas células. 10 – Sim, ela pode oferecer risco de saúde. 11 – Concerteza, pessoas se submetem a regimes rigorosas, cirurgias perigosas que podem comprometer a saúde da pessoa. 13 – Sim, se não se cuidarmos direito. 14 – doenças mal estar dor de cabeça 15 – Sim, se a pessoa usar algum produto sem saber se alérgica ou se faz bem ou até mesmo se é eficaz, ela sofre muitas consequências. 16 – Sim, pode deformar,prejudicar o seu corpo. 17 – Sim. Danos na pele, nos órgãos e algumas deixam a pessoa com depressão, entre outros. 18 – Sim. A pessoa come e acha que nunca está magra, aí acontece a bulemia e a anorexia esses são os perigos. 19 – Sim. Muitos tratamentos que promete se milagroso acabam destruindo vidas. 20 – Sim, um vicio em cirurgias plásticas. 21 – Sim, perigos na saúde que pode trazer doenças. 22 – Sim, a falta de dinheiro pois fazer coisas mais importantes. 23 – Sim, pode vender produtos que podem danificar seu físico. 26 – Sim. De ficar muito doente, e até morrer. 27 – Sim, pois não demonstra o que realmente é. 28 – Não, porque não existe. 29 – Sim. Porque se ela é enganosa como você vai saber se oferece perigo ou não. 31 – Sim. Sintomas contraditórios. 32 – Sim. Pode provocar sentimento de desgosto, de imperfeição. 33 – Sim, como tomar medicamentos errados o que pode causar uma fatalidade. 35 – Sim, não cumpriu o que falou. 36 – Sim. Eles muitas vezes colocam substancias que podem fazer mal a saúde. 37 – Creio eu que não, pois apesar de tudo, ela não expõe as pessoas a riscos. 38 – as pessoas para convence-los 39 – Sim. Ao bolso do consumidor. 41 – Pode. Pode fazer mal a pessoa, cirurgias podem não dar certo. 42 – Sim, lipo. RESPOSTAS QUE DEMONSTRAM O NÃO ENTENDIMENTO DA QUESTÃO 1 - -9 - -12 - -24 - -25 - -30 - -40 – Não entendi. 34 - -8 - c) O que significa ter saúde para você? RESPOSTAS DE ATIVAÇÃO DE CONHECIMENTO PRÉVIO 2 – Ter saúde é viver bem sem se preocupar com nada. 3 – Ser saudável, ser feliz com você mesmo. 4 – Ser saudável, bem cuidado, ter saúde, boa alimentação, ser forte e bem disposto, sendo jovem ou não, etc. 5 – ter saúde é viver bem, ter uma alimentação boa, ser feliz principalmente porque eu acho que quem não é feliz pode desistir porque até eu quando tá dando tudo errado me dá vontade de me mata. E ter uma boa aparência também conta que mulher não gosta de ser bonita. 6 – Estar saudável, sem doenças, estar bem com a vida. 7 – É não ter doenças e estar bem comigo mesma e ter uma vida saudável. 8 – Viver bem, fazer exercícios, alimentar bem, e etc. 10 – Pratica atividade física e ser feliz 11 – Ter felicidade, estar de bem consigo mesma e não estar com nenhum problema em relação ao sue corpo. 12 – É ficar livre de doenças e se sentir bem com você mesmo. 13 – Ser saudável, sem problemas, uma boa alimentação e etc. 14 – Ser forte, pratica esporte ser saudável comer bem na hora certa fazer exercícios. 15 – Significa ser uma pessoa saudável sem qualquer tipo de doença. 16 – está bem, sem doença, etc. E o não o seu físico. 17 – Não ter somente um corpo belo, mas viver bem, sem dores com sofrimento e as vezes num ato de caridade, num ato de amor e a sua felicidade, você sem perceber se torna uma pessoa bonita, tanto por fora e mais por dentro e ainda fará outros sorrirem e isso é o que importa, a paz entre todos. 18 – ter saúde não é ser magra, muitas pessoas acha que tem que parar de comer muitas coisas na minha opinião eu não concordo eu acho que pode comer de tudo e fazer exercícios para ajudar o corpo. 19 – ter uma vida boa, com hábitos saudáveis, praticar esportes e esta com uma saúde boa sem problemas de saúde. 20 – Se alimentar bem, fazer exercícios, estudar e outras coisas mais. 21 – É a pessoa viver feliz do jeito que ela é, sem seguir a sociedade. 22 – Estar bem comigo mesmo, sem me importar com que os outros dizem e pensam. 23 – Alimentação balanceada, exercício físicos e estar bem com você mesmo. 24 – Ter felicidade e paz. 25 – Ter paz e esperança. 26 – É ser saudável e não ter doenças. 27 – Estar bem consigo mesma e ser saudável. 28 – Significa não ter nenhum problema de saúde, tipo nenhuma doença. 29 – Ser bem de corpo sem doenças, comer coisas que faz bem para nós e ser feliz. 31 – Ser uma pessoa feliz por que você sinto feliz sempre tera saude. 32 – E você se sentir bem com você mesmo, e não se preocupar com os outros. 33 – Estar bem, poder se sentir livre e forte. 34 – Ter auto-confiança, estar contente com você mesmo, estar realizada e ter amigos que pode contar. 35 – Ser bem saldável. 36 – Ser ativo, levando uma vida saudável, com praticar algum exercício e comer coisas saudáveis. 37 – Ter uma boa alimentação e não apresentar doenças graves. 38 – Ter saúde é estar bem contigo mesmo é respirar um ar puro, é saber se alimentar das melhores comidas. 39 – Ter o corpo funcionando corretamente. 40 – E se alimentar corretamente e fazer exercícios físicos. 41 – Estar feliz consigo mesmo, se cuidar. 42 – Ter saúde pra mim e estar de bem comigo mesma e me sentir bem. RESPOSTAS QUE DEMONSTRAM O NÃO ENTENDIMENTO DA QUESTÃO 1 - -9 - -30 - -GERAÇÃO TIPO ASSIM QUESTÕES LITERAIS 1) Identifique a data em que a reportagem foi publicada, observe as palavras com que ela começa e responda: a) A reportagem se refere a adolescentes de que época? RESPOSTAS LITERAIS 1 - Aos adolescentes dos anos 90. 2- Dos anos 90. 3- Dos anos 90. 4- A adolescentes dos anos 90. 5- Dos anos 90. 6- Dos anos 90. 7- Dos anos 90. 8- Da época dos anos 90. 9- Dos anos 90. 10- Dos 90 anos. 11 - Os jovens dos anos 90, da década de 90. 12- Aos adolescentes dos anos 90, ou melhor 1996. 13 - Aos adolescentes dos anos 90. 14 - Dos anos 90. 15- Adolescentes dos anos 90. 16- Dos anos 90. 17- Anos 90. 18 - Anos 90. 19- Dos anos 90. 20 - Dos anos 90. 21-Dos anos 90. 22- Anos 90 e de hoje. 23 - Se refere aos adolescentes dos anos 90. 24 - Dos anos 90. 25 - 1996. 26 - Dos anos 90. 27 - Dos anos 90. 28 - Dos anos 90. 29 - Época de 60. 30 - Dos anos 90. 31 - Da época dos anos 60, e as gerações de hoje. 32 - A reportagem se refere a adolescentes da época de 90. 33 - Da década de 90. 34 - Dos anos 90. 35 - Aos adolescentes dos anos 90. 36 - Anos 90. 37 - Ela está comparando a da época 90 e agora e da 60. 38 - Dos anos 90. 39 - Dos anos 90. 40 - Ao adolescentes de hoje. 41 - Da época entre anos 90. 42 - Dos anos, 1996. 43 - Década de 90. 44 - Dos anos 90. 45 - 5 de maio de 1996, anos 60. 46 - Aos adolescentes dos anos 90 47 - Aos adolescentes dos anos 90, corresponde hoje a geração adulta. 48 - Adolescentes dos anos 90. 49 - Ela se refere aos adolescentes de 1996. 50 - Aos adolescentes dos anos 90. 51 - Dos anos 90. 52 - Dos anos 90. 53 - Dos anos 90. 54 - De 1996. 55 - Os anos 90. 56 - 16 anos. 57- Dos anos 90 b) Quanto tempo separa os adolescentes de hoje dos adolescentes a que a reportagem se refere? RESPOSTAS LITERAIS 1- Considerando a data do jornal, em torno de 14 anos. 2- 20 anos. 3 - 14 anos. 4- 14 anos. 5 - 14 anos. 7- 14 anos. 8- A um tempo em que é apartir dos anos 60. Com poder juvenil a sua linguagem. 9- 20 anos. 11- 14 anos se contado desde a data da publicação e 20 anos do início de tal década. 12- Quatorze anos 14- 20 anos. 15- 14 anos, se refere a um reportagem que fala sobre as linguagens dos adolescentes. 16- 20 anos. 17- 14 anos. 18- 14 anos. 19- 14 anos (aproximadamente). 20- 14 anos. 22- 14 anos porque a reportagem e 1996. 23- 20 anos. 24- 14 anos. 26- 14 anos. 27- 10 anos mais ou menos. 28- 50 anos de diferença. 29- 20 anos. 30- Há 40 anos. 32- Aproximadamente 10 anos. 33- 19 anos de idade. 34- 14 anos. 35- 10 anos. 36- Depende dos anos 90 é 10 e 60 é 40. 37- 20 anos. 38- 20 anos. 39- Muitos anos. 40- Diferença de 20 anos. 41- 14 anos. 42- 14 anos. 43- 19 anos. 44- 14 anos. 45- 14 anos de diferença 46- 14 anos. 47- Adolescentes de hoje 2010, e os adolescentes da reportagem 1996, 14 anos de diferença. 48- 14 anos (quatorze anos). 49- 14 anos. 50- Mais ou menos de 15 a 20 anos. 51- Considerando a data de publicação a diferença é de 14 anos. 52- Praticamente 14 anos. 53- 14 anos. 54- A 14 anos separa dos anos 90 ao século 21. 55- 14. 56- Vinte anos. 57- 10 anos. RESPOSTAS QUE DEMONSTRAM O NÃO ENTENDIMENTO DA QUESTÃO 6- -10- -13- -21- -25- -31- -2) Releia a primeira frase da reportagem: ela se refere a um adolescente para quem resta um consolo. a) Se resta um consolo, significa que esse adolescente tem um problema de que precisa ser consolado; qual é o problema? RESPOSTAS LITERAIS 2- Dele não pertencer aos grupos acusados de promoverem a chamada erosão da linguagem. 3- Que um adolescente dos anos 90 não conseguem entender um conversa numa roda de contemporâneos. 4- Ele não consegue entender o que se conversa nas rodas adolescentes. 6- O problema é de não pertencerem aos grupos acusados de promoverem a coesão da linguagem. 7- Ele não entender o que um grupo de pessoas estão falando. 8- É um problema, é que o adolescente da época de 90 está desatualizado na roda contemporânea. 9- Sim, este problema é o de não permanecerem em grupos acusados de promoverem a chamada erosão da linguagem. 10- Que ele não consegue entender o que os grupos de adolescente falam. 11- O problema desse adolescente é que ele não consegue entender o que se conversa numa roda de contemporâneos. 12- O de estar sozinho e não poder se misturar com outros adolescentes por não entender o jeito deles falarem. 14- Que não consegue entende o que se conversa numa roda de contemporâneos. 15- Este adolescente não consegue entender o que se conversa entre uma roda de adolescentes que usam gírias. 16 - Ele não entendi o que se passa numa de de contemporâneos. 18 - Não consegue entender o que se conversa numa roda de contemporâneos. 19 - Não consegue entender o que é falado nas rodas de amigos, por não entender as gírias. 24 - Não entender a linguagem. 25 - Ele não entende o que se fala numa roda de contemporâneos. 26 - Não entender as gírias dos adolescentes e contemporâneos. 21 - Que ele não pertence a nenhum grupo que promove erosão de linguagem. 22 - Ele não consegue entender a conversa de uma roda de amigos. 23 - De não se adaptar em uma roda de conversa com jovens que usa muitas gírias. 31 - Que ele não consegue entender a linguagem de antigamente que os contemporâneos diziam. 32 - Do uso de gírias em excesso. 30 - Ele tem problema para entender as gírias atuais. 34 - Não entender o que se fala numa roda de conte 37 - Não entender a linguagem usada numa roda de contemporâneos e não pertence a esse grupo. 38 - Não consegue entender o que se conversa numa roda de contemporâneos. 40 - Que não entende o que se conversa numa roda de contemporâneos. 42- De não pertencer aos grupos acusados de promoverem a chamada erosão de linguagem. 43 - Que ele não consegue entender o que se conversa numa roda de contemporâneos. 47 - Não entender o que se conversa numa roda de contemporâneos. 56 - Que não consegue entender o que se conversa numa roda de contemporâneos. 57 - Não entender o que está sendo falado numa roda de contemporâneos. 51 - De que ele não pertença aos grupos daquela época. 52 - Ele não consegue entender o que se conversa numa roda de contemporâneos. 50 - Que ele não está intendendo o que o grupo diz. RESPOSTAS INFERENCIAIS 1- Se ele não entende as gírias do grupo, certamente será rejeitado. 5- Não entender o vocabulário das pessoas mais cultas, mais formais. 20 - A linguagem. 27 - Ninguém o entende bem. 28 - Porque ele não fala gírias. 46 - Não entender, por não pertencer ao grupo, a linguagem falada por estes. 48- Não entender mais as gírias. 49 - E o problema de traduzir as coisas coisas que os outros falam. 53 - Falta de estudo. 55 - Se envolve mais com os amigos. 33 - De não pertencer aos grupos acusados de promoverem a chamada erosão da linguagem. 35 - Não, o problema é que ele não tem muitos para se comunicar da forma dele. 36 - Que ele precisa se enturmar, talvez timidez, ou não se adaptar a linguagem. 39 - Problema de ele não entender as gírias que seus amigos falam. 41 - De integra-se em algum grupo. 44 - O problema é que o adolescente não entende o que se conversa numa roda de amigos que se comunica com gírias. RESPOSTAS QUE DEMONSTRAM O NÃO ENTENDIMENTO DA QUESTÃO 13- -17 - -29 - -45 - -54 - -4) Confronte as palavras de Affonso Romano de Sant´Anna com as de José Paulo Paes: a) Os dois escritores têm opiniões diferentes em relação à linguagem dos jovens: qual é a diferença? RESPOSTAS LITERAIS 2 - José Paulo Paes acha êncomodo mas Affonso Romano acha normal. 3 - Que um acha normal e o outro não acha normal. 4 - Que um achava que o emprego das gírias é uma questão de moda. Já o outro acha que isso é normal, que todos tem um jeito diferente de se comunicar. 5 - Affonso diz que é normal, pois os jovens não são os únicos a terem uma linguagem própria. Já Paes acha que a gíria é desnecessária, pois, para ele, são consideradas apenas moda. 6 - Um concorda de usar a gíria que cada grupo tem que criar o seu e o outro acha isso inadimissível. 7 - O Affonso acha que não tem nada de mais eles terem sua própria linguagem já o José Paulo acha que eles estão apenas escondendo o intelectual que eles tem. 8 - A diferença entre opiniões dos dois é a respeito de Affonso diz que cada classe social tem sua linguagem e José Paulo Paes acha diálogos e eclamativo sem influência. 9 - A diferença é que Affonso Romano de Sant`Anna leva numa boa e José já tem um incômodo com as gírias. 10 - Os 2 tem uma linha de raciocínio diferentes, cada um penca de um jeito. Affonso Romano pença que não é só os adolecentes que falam gírias, José Paulo pensa que os grupos tem que falar assim. 11 - Um fala que precisamos tomar cuidado com o uso das gírias, se coloca de uma forma um tanto quanto contraria, o outro acha o uso dessa linguagem natural, sem problemas. 14 - Sim. Afonso observa que os jovens são a única tribo a usar linguagem própria e José fala que as gírias é para facilitar a explicação de uma idéia. 15 - Sim. Paulo Paes aprova as linguagens dos jovens e o Afonso não é contra não mais ele acha que é lendo que se aumenta o vocabulário. 16 - Sim. E um o Afonso observa os jovens a usar uma linguagem própria. 18 - Que um acha normal que cada grupo crie sua própria linguagem e a outra acha os diálogos exclamativos e sem fluência. 19 - Uma acha que é uma coisa passageira, apenas moda, e que é ruim, e não traz nenhum beneficio, a outra não acha que é uma coisa ruim, diz que é normal grupos criarem uma linguagem própria. 20 - Affonso Romano – e ele acha normal as gírias. Jose Paulo Paes – mais formal 21 - O escritor Affonso Romano de Santanna acha que e bom José Paulo Paes acha que com as gírias a você expor a sua potencia intelectual. 22 - Afonso Romano de Sant`Anna porque acha normal. 23 - Um acha que as gírias e ate saborosas. E o outro acha normal que cada grupo crie sua própria linguagem. 24 - Um acha que os jovens usam gírias para não expor a capacidade intelectual, já o outro acha que cada grupo tem sua linguagem. 25 - Que Afonso acha que o vocabulário cresce do vocabulário, não dessas gírias. 26 - Sim. Um acha que é bom cada grupo ter sua gíria e o outro fala que isso esta degradando a língua portuguesa. 27- Um acha que isso é errado e o outro diz que é um modo dos adolecentes se entenderem. 28- Sim. Um acha que não deveria existir girias o outro já acha que deve sim haver grupos com esse tipo de fala. 29 - José Paulo Paes diz que giria é so um meio de abreviação ou/e explicação, mas Affonso Romano de Sant’Anna defende o uso das girias, ele diz que a giria define a personalidade do adolecente. 30 - Affonso Romano acha normal ter vários tipos de linguagem de grupo, já o José Paulo Paes. 31 - A diferença é que José Paulo Paes disse que gíria é moda mas que os jovens absorvem mais facilmente essa moda e Affonso disse que gíria é uma língua usada apenas por alguns grupos. 32- Afonso é a favor e acha normal o uso de gírias, e o outro é contra o uso de gírias, pois acha que elas estragam o vocabulário. 33- O Affonso Romano fala que os jovens tem o poder juvenil e o autor fala que ele ver a cultura com uma única solução. 34 - Affonso acha normal e inevitavel e José acha uma pratica onde diminui o “potencial intelectual” do jovem. 35- O Affonso acha normal qur os adolescentes tinham sua própria lingua e José acha que pode prejudicar a linguagem e que os intelectuais podem deixar de existir. 36 - Affonso acha que não só os adolescentes que sabem falar línguas diferentes. José acha que os giria são poesias sabores que todos gostam de ouvir. 37 - Sim, é que um concorda e o outro acha que ocorrerá a erosão da linguagem. 38 - Affonso acha normal cada grupo ter seu próprio tipo linguagem José Paulo fala que girias são saborosas, mas restringe muitas vezes você substitui uma boa interação verbal de gírias sem ganhar verbos. 39 - A diferença é que o Affonso de algum modo é a favor das girias e o José não mas acha que as girias as vezes podem ampliar vocabulário dos adolescentes. 40 - Affonso: observa que os jovem não são os únicos a usarem linguagem próprias e acha normal que cada grupo social crie uma linguagem. José Paulo tem sido cada vez mas comodo seguir o caminho das imagens. 41 - Um acha que o uso de girias seria uma forma de atrasar intelectualmente os jovens. O outro diz que é normal, mas em alguns trechos ele se mostra imparcial e indeciso. 42 - Sim, o Affonso acha que cada grupo social cria sua propria linguagem o José acha isso coisa de modo, mas sua constituição é inevitável. 43 - O Affonso Romano apoia os grupos terem sua propria linguagem, já o José paulo é contra, ele diz que isso evita expor o proprio potencial intelectual ao risco de um raciocínio elaborado. 44 - Affonso Romano – acha normal que cada grupo crie sua própria linguagem. José Paulo Paes – acha a conversa de um adolecente um cômodo. 46 - Sim, um é contra (José Paulo Paes) e o outro é totalmente a favor (Affonso Romano de Santanna). 47 - José Paulo Paes diz que a gíria é coisa de moda e as vezes não expressa o que realmente quer dizer. Já Affonso diz que é normal cada grupo social ter sua própria linguagem. 48 - A diferença é que José Paulo Paes acha que os jovens deviam usar a linguagem formal e esquecer um pouco das gírias. Mas Affonso contradiz e fala que acha comum o uso da gíria. 49 - Um deles apoia a linguagem dos adolecentes e o outros não apoiam. 50 - Affonso Romano diz que para aumentar seu vocabulário é preciso ler. José Paulo Paes diz que para aumentar seu vocabulário e precisa apenas conversar. 51 - Sim. O Affonso está mais acostumado digamos assim. 52 - Que um acha certo esses grupos de adolescentes se comunicar de modo que eles criem sua própria linguagem (Affonso Romano) e o outro acha errado pois ele acha que perde sua linguagem. 53 - Sim, um prefere que cada um crie sua própria linguagem e o outro acha que pode ter um risco de raciocinio elaborado. 54 - E que o Affonso acha normal, já José Paulo Paes acha Cômodo uma erosão da linguagem. RESPOSTAS QUE DEMONSTRAM O NÃO ENTENDIMENTO DA QUESTÃO 1 - Affonso Romano de 12 – sim. 13 - -17 - -45 – -55 - -56 - -57 - Sim. 5) Affonso Romano sugere uma solução “para as divergências entre as linguagens usadas por jovens e adultos”: a leitura. a) Com que argumento o escritor justifica sua proposta de que a leitura é uma solução para essas divergências? RESPOSTAS LITERAIS 3- E lendo que você aumenta seu vocabulário. 4 - De que é lendo que se aumenta o vocabulário. 5 - Pois é lendo que você aumenta seu vocabulário. 6 - É lendo que aumenta seu vocabulário. 7 - Ele diz que é com leitura que se aumenta o vocabulário. 8- Um argunto de que sua linguagem é restrita falada em código. 9 - Que é lendo que podemos aumentar nosso vocabulário. 10 - É lendo que você aumenta seu vocabulário. 11 - Ele diz que é lendo que você tem a oportunidade de ampliar seu vocabulário. 14 - É lendo que você aumenta seu vocabulário. 18 - É lendo que você aumenta seu vocabulário. 19 - Ele diz que lendo se aumenta o vocabulário. 22 - Vocabulário. 24 - Leitura é um dos poucos meios de expandir seu vocabulário. 25 - É lendo que se aumenta o vocabulário. 27 - Que quando nóis le nóis fica com o vocabulário legal. 28 - É lendo que você aumenta o seu vocabulário. 31 - “É lendo que você aumenta seu vocabulário” 32 - Que lendo você aumenta seu vocabulário. 33 - Entre a língua usada por jovens e adulto e lendo que você aumenta seu vocabulário. 37 - É que cada grupo social tenha sua própria língua. 38 - Porque é lendo que você aumenta seu vocabulário. 40 - Que a leitura ela aumenta o seu vocabulário. 42 - O escritor ve a leitura como única solução para as divergencias. 43 - Que é lendo que você aumenta o seu vocabulário. 44 - É lendo que você aumenta o seu vocabulário. 45 – É lendo que você aumenta o seu vocabulário. 46 - Que a leitura aumenta o vocabulário. 47 - “É lendo que você aumenta seu vocabulário”. 48 - Ler para aumentar o vocabulário. 51 - É que ele sugeriu que é lendo que você aumenta o seu vocabulário. 52 - “É com a leitura que você aumenta o seu vocabulário”. 53 - É lendo que você aumenta o seu vocabulário. 54 - É lendo que você aumenta o seu vocabulário. 55 - É lendo que você aumenta o seu vocabulário. RESPOSTAS LITERAIS-INFERENCIAIS 41 - Porque com a leitura você aumenta seu vocabulário assim usando menos gírias. RESPOSTAS INFERENCIAIS 15 - Na opinião dele deu pra perceber que ele não é muito a favor das gírias não que ele acha que se lermos vamos aprender a falar melhor. 30 - Ele disse que não reprova, mas sua contestação é inevitável. 35 - Ele acha que lendo mais diversifica nosso saber. RESPOSTAS DE ATIVAÇÃO DE CONHECIMENTO PRÉVIO 13- Porque lendo se aprende mais. 20 - Porque lendo que aprende o modo certo de falar as palavras. 23 - Que os jovens devem pegar mais livros em hoje em dia pra ler. 29 - As pessoas acostumariam a falar e a escrever do mesmo jeito que elas leem. 36 - Porque lendo, você acaba falando mas corretamente. 57 - Para que todos fala a mesma linguagem. RESPOSTAS QUE DEMONSTRAM O NÃO ENTENDIMENTO DA QUESTÃO 1 - -2 - -12 - -16 - -17 - -21 - Não. 26 - -34 - -39 - -49 - Com vários argumentos. 50 - -56 - -- 6) Releia as falas dos adolescentes citadas na reportagem. a) Identifique os argumentos que os adolescentes apresentam para justificar o uso de gírias. RESPOSTAS LITERAIS 1 - não me dirijo a um padre do colégio dizendo um aí velhinho. Tem a hora certa para usar gíria e a hora certa para falar formalmente. 2 - É irado falar do jeito que os professores e o pessoal de casa não entende. 3 - Qual o problema também atualizar o vocabulário, é irado falar desse jeito que professores e o pessoal La em casa não entende etc. 4 - É um meio legal de se comunicar, mais descontraído; que tudo muda, e que deve-se mudar a linguagem; resume o seu pensamento. 5 - Os professores e os pais não intendem o que eles dizem. Tudo se atualiza, então o vocabulário também deve ser atualizado. 6 - Que isso é um negócio inevitável, que é legal falar de um jeito, que nunca vão deixar de existir, etc... 7 - Quando você que dizer e expressar o que você está pensando é descobre uma palavra que faz isso a tipo que é mais usado hoje em dia do que o “tipo assim”. 8 - Eles justificam suas gírias para falar que são meio legal, de comunicar e simplificar as coisas. 9 - Porque para os adolescentes simplificam as coisas, e eles falam que as gírias são coisas da moda. 10 - “As gírias são um meio muito legal de se comunicar e simplificar as coisas”, “A moda não muda? a decoração também não muda? Qual é o problema de atualizarmos também o vocabulário?”; “As gírias mudam e não deixar de existir”. 11 - Dizem que as gírias simplificam e facilitam a comunicação, que é necessário atualizar a linguagem, que as gírias resumem o pensamento e facilitam a articulação das palavras, que sabem a hora certa de usá-las e a de falar formalmente, que elas ampliam o vocabulário. 13 - É uma coisa maneira falar de um jeito que os adultos não entendão, a moda muda, a decoração muda, então qual é o problema atualizar o vocabulário? 14 - O adolecente não vêem problema de gírias. 15 - Os adolecentes do texto acha legal falar gírias, e as vezes de um jeito até que os adultos não intendem. 17 - Dizem que é um meio muito legal de se comunicar e simplificar as coisas. Outro fala que tudo muda por que não as gírias. 18 - Que a gíria é a moda. 19 - É legal falar de um jeito que algumas pessoas não entendão, a moda, e a decoração muda, então o vocabulário tem que mudar também, gírias ampliam nosso vocabulário; elas mudam e não vão deixar de existir. 20 - Que as gírias são muito legal de comunicar e simplificar as coisas, que também é irado falar de um jeito que os professores não entendem... 21 - Qual é o problema de atualizar o vocabulario diz Tatiana. 22 - “para que os professores e o pessoal lá de casa não intendam...” 23 - Que a moda muda, as decorações muda. Qual a diferença de mudar o vocabulário. 24 - Que cada grupo tem sua linguagem. 25 - Eles afirmam que é tipo um resumo para eles. 26 - É irado falar de um jeito que professores e o pessoal de casa não intenda, a outra fala que tudo muda intão porque não mudar o vocabulário. 27 - Que é legal falar em “códigos”. 28 - Porque é errado e os professores e os pessoal da casa dele não entendem. 33 - Esse é um ato que não recrimina nem reprova, mas sua constatação é inevitável. 34 - “As gírias são um meio muito legal de se comunicar e simplificar as coisas. Além disso é irado falar de um jeito que os professores e o pessoal lá de casa não entendem.” 35 - Eles argumentam falando o que eles acham, eles dão sua opinião sobre o assunto. 36 - Que tudo muda por que não mudar o seu vocabulário. Que é muito mais prático e mais fácil tipo a linguagem usada nos computadores. 37 - É que as girias é uma questão de modo e porque é mais prático. 38 - É irado falar de uma maneira que os professores e o pessoal lá de casa não consiga entender. 39 - Para facilitar a explicação de uma ideia. 40 - Que é para abreviar pensamento e que amplião seu vocabulário. 41 - Que o seu uso é normal. 42 - A moda não muda... qual o problema de atualizar também o vocabulário. 43 - Que as girias são um meio muito legal de se comunicar e simplificar as coisas. 44 - “Gíria é coisa de moda”. As gírias são um meio muito legal de se comunicar e simplificar as coisas. 46 - Que tudo muda, que é um aumento vocabular, resume o pensamento. 47 - Atualizar o vocabulário. Você quer falar alguma coisa e descobre uma expressão que consegue resumir seu pensamento. 48 - Porque no mundo contemporaneo ocorre mudanças como na moda decoração porque não o vocabulário. E o caso de simplificar a língua. 49 - E que eles vão em baile funk, etc. 50 - Que são um meio muito legal de se comunicar e simplificar as coisas. Acham irado falar de um jeito que quase ninguém entende. 52 - Que as coisas mudam, o uso de gírias são legais, a sgírias resumem o que queremos falar. 53 - As gírias são um meio muito legal de se comunicar e semplificar as coisas. A moda não muda, a decoração também não muda? Qual é o problema de atualizar o vocabulário. 55 - As girias são um meio muito legal para ser simplificar as coisas. 56 - As girias mudam e não vão parar de estudar. 57 - Nada muda, mas o nosso vocabulário muda. RESPOSTAS QUE DEMONSTRAM O NÃO ENTENDIMENTO DA QUESTÃO 12 - -16 - -29 - -30 - -31 - -32 - -45 - -54 - -51 - -- QUESTÕES LITERAIS-INFERENCIAIS b) Que consolo resta ao adolescente? Por que isso é um consolo? RESPOSTAS LITERAIS 3- O consolo de não pertencer aos grupos acusado de promoverem a chamada erosão da linguagem. 4- De não pertencer aos grupos que promoveram a erosão da linguagem. 9- Não permanecer em grupos acusados de promoverem a chamada erosão da linguagem. 10- Resta com consolo de não pertencer a nenhum grupo. 14- Resta um consolo de não pertencer aos grupos acusados. 16- Resta um consolo de não pertencer 20- De não pertencer aos grupos acusados de promoverem a chamada erosão da linguagem. Que na época de 70 eles também falavam gírias. 22- Resta o consolo de não pertencer ao grupos 26- Que ele não pertence ao grupo que esta fazendo a erosão do português. Não sei porque isto é um consolo. 39 - De não pertencer aos grupos acusados de promoverem a chamada erosão da linguagem. Evitando expor o próprio potencial intelectual. 49 - O consolo de não pertencer aos grupos acuzados de promoverem a chamada a erosão as linguagens. 53- De não pertencer aos grupos acusados de promoverem a chamada erosão da linguagem. Pois tem intelectual risco de um raciocínio elaborado. 56 - O consolo de não pertencer aos grupos acusados de promoverem a chamada erosão da linguagem. 57 - não pertencer aos grupos acusados de promoverem a chamada erosão da linguagem. RESPOSTAS LITERAIS-INFERENCIAIS 7- Não fazer parte dessa chamada “erosão da linguagem” porque é bom ainda existirem jovens que respeitem a linguagem formal. 11- O fato de que esse adolescente não pertence aos grupos que promoveram a erosão da linguagem. É um consolo porque não foram eles que começaram a utilizar as gírias, apenas “foram na onda”, é como se a “culpa” não fosse deles. 24- Não pertencer aos grupos, pois assim ele não precisa ficar tentando entender. 25- Resta o consolo de não pertencer aos grupos acusados de erosões da linguagem. Porque ele e excluído desses grupos. 35- O de não pertencer ao grupo, porque se você não pertence um grupo normalmente você não intende o que o grupo fala. 38 - Dele não pertencer aos grupos que provocam a erosão da linguagem. Porque não o deixaria culpado por isso. 39 - Consolo de não pertencer aos grupos acusados de promoverem a chamada erosão da linguagem. Porque assim essas pessoas não tem risco de em alguma ocasião mais formal ela não falar nenhuma gíria. 40 - Que não pertence ao grupo acusado. Porque não entender a linguagem de grupos diferentes e normal. 43 - de não pertencer aos grupos acusados de promoverem a chamada erosão da linguagem. Porque ele não será um desses que só falam gírias. 45- De não pertencer aos grupos excluídos de promoverem a chamada erosão da linguagem. Por que tem horas que é preciso ser formal e ele lendo forma não precisa se preocupar. 46 - De não pertencer aos grupos, pois se pertencesse não ia se entender com os demais. 48 - Por não pertencer ao grupo que usa gírias. Sim, porque ele deve se preocupar mesmo com as gírias da sua tribo. 50 - Pertencer a nenhum grupo. Porque ele ficaria bem sozinho sem ninguém dizendo coisas que ele não entende. 52 - De não pertencer aos grupos acusados de promoverem a chamada erosão da linguagem. Porque aí ele não irá perder o seu português, se misturando em grupos. Isso concerteza irá acontecer. RESPOSTAS INFERENCIAIS 1- Ficar escutando as gírias do grupo. Porque ele é o único do grupo que não entende o que os amigos falam. 2- Entra no grupo, porque você entende o que os outros adolescentes falam. 5- Que não só ele, mas muitas outras pessoas usam o mesmo vocabulário que ele, e no meio dessas pessoas ele seria melhor compreendido e também iria compreenderlas. 8- Um consolo que resta a ele é de começar a entrar na roda, contemporânea. É um consolo para ele não se sentir isolado dos outros. 12 - Procurar se envolver com pessoas que falam do mesmo jeito que ele. Por que eles irão o entender. 15- Aprender a falar gírias. Isto é um consolo porque a realidade dos as adolescentes na década 96 já era a gíria e ele não sabia falar. 19- Não ser responsável por destruir a nossa língua, talvez um dia ele se sente e fale, nossa ainda bem que eu não falava gírias, pois elas destruíram a língua portuguesa. 18- Aprender as gírias. Para ele entender uma conversa em que só se fala gírias. 23- De sair mais e tentar se inturmar. 27- Conversar com outros adolescentes pois os outro não o entende. 28- Porque ele está sozinho, vendo os amigos conversando e ele sem falar nada. 32- As suas gírias. Porque as pessoas da mesma geração dele também falam gírias. 33- Para aprender mais e facilitar a vida dos adolescentes com a erosão de linguagens. 36- O consolo de não mudar a linguagem falada, é um consolo porque ele não consegue se comunicar com os outros adolescentes. 37 - De pensar mais. 41- Criar seu próprio grupo. Pois ele não sentira fora do “normal”, e assim sentira bem consigo. 47 - Procurar a pertencer um dos grupos. Com isso ele não vai sentir excluído, até vai sentir melhor. 51 - Porque ele se sente ruim com isso. 55 - Ensina ele fala gírias porque ele não entende nada que eles falam. RESPOSTAS QUE DEMONSTRAM O NÃO ENTENDIMENTO DA QUESTÃO 6- -13- -17- -21- -29- -30- -31- -- 42 - -44 - -54 - -- QUESTÕES INFERENCIAIS c) Os adolescentes atuais também têm um modo próprio de usar a língua, como os adolescentes da reportagem? Têm opiniões semelhantes às dos adolescentes citados na reportagem? Justifique sua resposta. RESPOSTAS LITERAIS 16- Sim. Sim. Porque igual diz o Thiago no final do texto, vão haver ocasiões que será preciso usar a linguagem formal. 17- Sim. Porque a gíria é moda. 21- Sim. Sim. Porque assim ampliamos o nosso vocabulário. RESPOSTAS LITERAIS-INFERENCIAIS 52- Sim. Como citado no começo: “...conversam numa roda...”. Hoje também há muito disso. Os adolescentes acabam perdendo o português por causa das gírias que começa principalmente em rodinhas de amigos. RESPOSTAS INFERENCIAIS 3- Sim, sim porque todos adolescentes gostam de falar gírias e quase todos tem a mesma opniões sobre as gírias que é bom falar diferente etc. 6- Sim, sim; porque eles usam as mesmas gírias teve renovação mas continuam sempre com os mesmos pensamentos. 7- Sim, nós adolescentes estamos aprendendo uma gíria nova a cada dia e as opiniões são as mesmas afinal o que muda são as gírias mais as perguntas são sempre as mesmas. 8- Não é como os da reportagem hoje em dia eles colocam em suas palavras Todas gírias possíveis. É, Podem supostamente existir uma semelhança Não, com os do passado quando no texto é mencionados que eles evitam expor o próprio potencial. 11 - Sim, os jovens atuais também tem um modo próprio de usar a linguagem, utilizando expressões verificadas somente entre o mais jovem, e sim, as opiniões também são parecidas, porque os jovens hoje também tem um modo próprio de falar e acreditam que é natural que surjam entre eles tais expressões, que adulto entenderia, por exemplo, um “Pó véi, eu manjo ela sim”. 14- Sim, porque os adolescentes de hoje em dia também falam com gírias. 18- Sim, falamos de um jeito só nosso, é claro que depende da pessoa que está falando e com quem está falando. Sim temos opinião semelhantes, até porque senão não usaríamos mais gírias, ainda hoje as gírias são um jeito legal de simplificar as coisas, de contar coisas. 22- Sim, conforme o tempo vai passando as gírias muda, mas tem umas que são usadas até hoje e os jovens continua usando essas e outras novas. 23- Sim. Sim. Pois apesar de mudar com o tempo as gírias sempre são faladas, e todos jovens pensam de maneiras iguais, mas também de maneiras diferentes, usando as gírias antigas ou não. 26- Sim nos anos atuais os adolecente também usam gírias é uma maneira de se expressar, por isso como os da reportagem eles defende esse uso. 27- Sim. Sim porque as gírias continuam e o modo de conversação é o mesmo. Eles gostam de usar as gírias e os do texto também. 31- Sim. Tem sim, as mesmas opiniões. Porque nos textos são citadas opiniões parecidas com as que são citadas hoje. 33- Sim. Sim, porque se não tivesem essa opinião não usarião gírias como os adolescentes citados no texto. 34- Sim, sim pois os adolescentes de hoje pensam no modo mais diferente de pensar diante a sociedade. Não são como o texto diz que era. 35- Não o que são iguais são as gírias não os pensamentos dos adolescentes mas pode até alguns pensar igual. 36- Sim, nem sempre. Porque nem todos os adolescentes ficam restritos por um única linguagem. 38- Sim. Sim. Muitas gírias que nós falamos hoje eram faladas antigamente como “tipo assim” hoje é quase impossível falar sem usar o “tipo assim” e também o “ai” em quase todos os textos que em que escrevemos tem que ter pelo menos um aí. 39- Sim. Sim. Porque o modo de pensar, “de ser”, não mudam muito a diferença são os modos atuais e “custumes mas modernos”, mas todos usam e gosta de usar giria. 40- Sim. Sim. Constantemente vem surgindo novas tribos, e consequentemente elas criam modos próprios de comunicar uns com os outros. 45 – Sim. Pois hoje ainda os jovens usam muitas gírias e isso se tornou uma coisa normal, não mais polemica que nem antes. 46- Sim, e tenho muitas opiniões parecidas com as dos jovens da reportagem, pois é uma forma resumida e agradável de falar, sendo também uma forma de aumentar o vocabulário. 47- Sim. Sim. Adolescente sempre está a procura de coisas novas, e modo de usar a língua faz parte disso. Cada um tem sua opinião sobre isso, geralmente são semelhantes sim como do texto e as atuais. 48- Sim, porque queremos cada vez simplificar as palavras e ter conversas mais objetivas e rápidas em uma linguagem só nossa como eles. 49- Sim, tem muitas opiniões semelhantes sim, no texto diz que eles traduzem e outros não achão mal que nem a gente acha. 54- Sim, o tipo assim ainda é utilizado por algumas pessoas e as linguagens usadas pelas pessoas que tem tribos e uzam a internet usam e continuam sendo usadas com algumas alterações. 57- Sim. Porque, não usamos gírias em todas as coisas. Eles também não. RESPOSTAS DE ATIVAÇÃO DE CONHECIMENTO PRÉVIO 1- Não. As gírias mudam, e não vão deixar de existir. 2- Sim, sim. As gírias sempre mudam mais não muda tudo e nem acabam. 5- Sim, sim. As gírias já fazem parte do nosso vocabulário, do nosso dia-a-dia, é muito difícil encontrar, adolescentes, jovens e até mesmo adultos que não usem algum tipo de gíria. 9- Sim, pois eles criam gírias como: lek que significam muleque e outras, algumas até são maneiras mas outras são até muito estranham. 10- Sim, sim, Bem nós adolescentes gostamos de “simplificar” a língua em formas de gírias. 12- Sim, porque que a gíria é moda. 15- Sim. Porque os pensamentos a maioria das vezes são iguais. 19- Sim. Sim. Hoje todo mundo usa o Aí, o tipo assim... 24- Sim. Mas ou menos as gírias mudaram bastante as gírias aumentaram muitas. 25- Sim porque não importa é para sempre vai existir a gíria hoje em dia até as crianças falam gíria. 28- Sim. Sim. Todos os adolecentes tem opiniões semelhantes uns aos outros, não importa a época ou idade. 32- Sim. Pois eles usam mochila para ir as escolas e usam cadernos e outras coisas da escola. 37- Sim. Sim. Cada um tem uma maneira própria, nem todos tem a mesma opinião. 42- Sim. Sim. Porque até hoje usamos muitas gírias, e abreveações nas palavras. Acho que isso acontece mais, é por preguiça de escrever, e de mesmo de falar muito. 50- Sim. Não. Porque os assuntos de hoje são completamente diferentes dos de antigamente. 51- Não. Por que os jovens de hojes só quer saber de namorar e de sair para baladas e os da reportagem não. 55- Não. Porque a maioria dos jovens falam gírias. RESPOSTAS QUE DEMONSTRAM O NÃO ENTENDIMENTO DA QUESTÃO 4- Sim. 13- Sim. 20- -29- Tem. 30- Sim. Não. 41- Sim. Não. 43- Sim. 53- Sim, nada. 56 - -4 - b) Com qual dos dois escritores você concorda? Ou não concorda com nenhum dos dois? Justifique sua resposta. RESPOSTAS LITERAIS 3 - Com Affonso Romano porque é normal cada grupo crie sua própria língua. 5 - Com Affonso Romano de Sant`Anna, pois acho normal, cada grupo, (tribo) ter, criar sua própria linguagem, e se quisermos aprimorar nosso vocabulário de uma maneira mais correta devemos recorrer à leitura. 23 - Com o Affonso Romano da Sant`Anna que diz que cada grupo cria sua própria linguagem. 31 – Eu concordo com o escritor José Paulo Paes. Porque no texto ele diz que gíria é coisa de moda e que qualquer pessoa pode usar as gírias, que são usadas com mais frequência pelos jovens da década de 90. 33 – Com o Affonso Romano. Porque ele afirma e acha normal que cada grupo social crie sua própria linguagem. 34 – Com Affonso porque pra mim é uma coisa normal e irrefitavel onde cada grupo cria seu tipo de linguagem. 38 – Com o Affonso Romano de Sant’Anna porque ele observa que os jovens não são a única tribo a usar linguagem própria. 40 – Concordo com Affonso, acho normal que cada grupo social crie uma linguagem. 41 – Concordo com Affonso Romano de Sant’Anna, pois pensa que para o jovem crescer, ele tem que criar ou interagir com outros grupos que pensam e falam como ele. 46 - Com o Affonso Romano, pois gíria é uma forma de expressão, não necessariamente substitui uma linguagem alta, mas podendo até intelectualizar a linguagem. 52 – Affonso Romano, pois eu acho que cada grupo tem sua própria linguagem. RESPOSTAS INFERENCIAIS 6 - Eu concordo com os dois, pode criar a sua gíria mas saber a hora de usar. 7 - Com Affonso Romano de Sant`Anna eu não vejo problema algum existirem gírias e os jovens preferirem usar elas do que a linguagem formal, afinal quando necessário eles sabem usar a formal muito bem. 9 - Eu concordo com Affonso Romano pois ele fala quanto os adolecente gostam de simplificar as palavras. 10 - Não concordo, Bem na minha opinião todos tem o direito de falar com as suas gírias, formal ou informal, até uma pessoa de 90 anos pode falar gírias se assim quizer. Com o segundo, Afonso Romano, pois acho normal que cada grupo crie expressões que facilite a comunicação entre seus membros, mas claro é importante ter o domínio sobre a variedade padrão da L.P., mas é normal, facilita o dia a dia; imagine chegar para o seu colega de turma e dizer: Por obséquio, emprestar-me-ia os documentos? 13 - Não concordo com nenhum dos dois, porque acho que o que eles falam dos adolescentes é mentira. 14 - José Paulo Paes, porque como ele eu acho que as gírias facilitam a explicação de uma idéia. 15- Eu não concordo nem discordo com nenhum dos dois porque não sou contra as pessoas que falam gírias na minha opinião cada um tem o direito de falar do mode de se sente bem. 19 - Com o segundo, Romano de Sant`Anna, porque eu acho que ninguém precisa ser eatamente igual, que nem ele diz, muito menos falar exatamente igual aos outros. 20 - Com o 1º, porque ele diz que é normal de vez em quando você falar uma gíria. Eu também acho. 21 - O Affonso porque também acho que e uma forma nova entre nois se comunicar. 22 - Affonso Romano de Sant`Anna porque eu também acho normal. 25 - Eu concordo com o Affonso Romano, pois como ele eu acho legal cada grupo com seu vocabulário de gírias. 27 - Concordo com Affonso Romano, porque acho legal ter outro modo de falar, como ele disse. 36 – Com José Paulo Paes. Por que ele defende que as girias são legais ao modo de falar. 39 – Com o Affonso Romano pois ele defende as gírias mas fala que também tem que saber usar a língua formal em outras ocasiões. 43 – Com o Affonso Romano. Acho que cada um deve falar com o seu grupo do jeito que acha melhor não só falar formalmente. Ele meio que disse isso. 44 – Affonso Romano de Sant’Anna porque acha que cada um fale do seu jeito, com a linguagem que quiser, assim nós sentimos melhor na ora de falar algo. 32 – Eu concordo com Affonso Romano, porque pra mim desde que você saiba falar a língua formalmente, o uso de girias não interfere em moda. 37 – Com o escritor Affonso Romano de Sant’ porque toda geração de jovens tem que ter sua própria linguagem se não não teria grasa. 45 – Eu concordo parcialmente com os dois. Gosto de gírias mais acho que as vezes temos que usar a linguagem formal. 47 – Concordo com Affonso, pois ele está certo em dizer que é normal cada grupo ter sua linguagem. 51 – Eu não concordo com nenhum porque os dois tem opinião diferentes mais nenhum deles procurou focar mais no assunto. 54 – Com o Affonso Romano por que como ele diz as gírias e um jeito melhor para se comunicar e mais pratico e legal. 55 – Affonso Romano, porque ele concorda com os jovens. 56 – Com nenhum, porque não tiveram firmeza em usar palavras. RESPOSTAS DE ATIVAÇÃO DE CONHECIMENTO PRÉVIO 2 - Com Affonso Romano porque os jovens tem seu jeito e é normal os jovens serem assim. 8 - Concordo com José Paulo Paes. Porque concordo muito tem que ter diálogo e sem influencia, quando jovem fala uma gíria ele se sente dono do mundo. 18 - Nenhum dos dois. Porque cada um tem sua opinião, sua expressão de usar as linguagens. 35 – Eu concordo com Affonso, pois cada pessoa tem um jeito de expressar oralmente. 28 - Eu concordo com o Affonso Romano de Sant’Anna. Eu gosto de usar giias, elas facilitam a minha explicação na frase. 30 – Eu não concordo com nenhum dos dois, pois eu acho legal usar gírias e é um novo jeito de se comunicar. 48 – Com Affonso e tem hora que temos que usar a linguagem formal mais entre amigos acho que apena usar gírias. 50 – Eu acho que não concordo com nenhum dos dois. Pois a jovem descobre sozinho. RESPOSTAS QUE DEMONSTRAM O NÃO ENTENDIMENTO DA QUESTÃO 1 - -4 - -11 - -12 – -16 - Affonso. 17 - -24 - Affonso Romano de Sant`Anna. 26 - Com o Affonso Romano. 42 – Affonso Româno. 49 – Com José Paulo Paes. 53 – Com os dois. 57 – Com o Afonso Romano. 5 - b) A justificativa que o escritor apresenta para a proposta da leitura como solução revela a diferença que ele vê entre a linguagem dos jovens e a dos adultos: qual é essa diferença? RESPOSTAS LITERAIS 13 - Que os jovens usam a linguagem da moda e o adulto a formal. 42 – Lendo 24 - A formalidade e a gíria. 27 - Que os adolecentes falam em código. 38 – Os jovens usam uma língua de difícil entendimento pra quem esta de fora. E os adultos falam em códigos, 22 - As gírias. RESPOSTAS INFERENCIAIS 9 - A diferença estão nas palavras. 19 - O vocabulário dos adultos é mais formal. Já o dos jovens e descontraído, e não segue regras. 11 - A diferença é que pelo fato de que os adultos lêem mais, seu vocabulário é maior, amplo e padronizado com as normas cultas o que não se verifica a respeito dos jovens. RESPOSTAS DE ATIVAÇÃO DE CONHECIMENTO PRÉVIO 4 - Que os adultos tem uma linguagem mais formal, diferente dos jovens que tem uma linguagem mais descontraída. 5 - A diferença é que muitas das gírias usadas pela linguagem dos jovens não é compreendida pelos adultos. 7 - Os jovens são os únicos a usarem uma linguagem de difícil entendimento de quem está de fora. 8 - Uma diferença dos jovens é a gíria. Já a dos adultos mais tradicional. 10 - Os jovens falam uma linguagem menos preocupada, mais livre, os adultos já falam uma linguagem mais formal. 15 - Os adultos nasceram em uma época que não havia gírias já os adolescentes já nasceram numa época mais recente que é usada a gíria. 18 - Que os jovens tem uma linguagem diferente. 20 - Que cada um não intende alguma coisa que o outro faz. 21 - Que os jovens tem uma maneira de falar que e a gíria. 23 - Que os adultos ler mais que os jovens. 28 - Porque os jovens não gostam de ler e os adultos sim. 31 – A diferença é que os adultos são mais intelectuais que os jovens em termo de leitura, então os adultos têm mais linguagem formal. 32 - De que cada um tem sua própria língua. 33 – Que os adultos querem trabalho e os jovens tem que estuda e se divertir. 35 – Os adultos lêem mais e jovens lêem menos. 36 – Que os adultos já passaram pela adolecencia já falavam girias e agora não falam mais. 37 – É que os jovens usam mais de jirias e os adultos usam uma linguagem mais formal. 40 – Que os jovens abreviam pensamentos em girias. Diferença que cada adulto ou adolesente muitas vezes não entendem o que se fala na conversa do outro grupo. 41 – As linguagens são de epocas diferentes. 43 - Sim, que os jovens falam muitas girias e os adultos não falam. E todo livro escrito é escrito formalmente ou seja sem giria. 45 – Sim. Os jovens apresentam uma linguagem diversificada e moderna os adulto são mais formais e usam a linguagem ainda do “tempo deles”. 46 – As girias utilizadas e as formas de expressão utilizadas, palavras diferentes entre elas. 47 – Muitas vezes a giria não expressa o que quer dizer com girias anterior ao que disse. 48 – Porque apenas os jovens tem linguagem própria. 49 – E que os adolecentes falam muita gíria e os adltos não usam. 52 – O uso de girias 53 – nenhuma 54 – Que ele fala de um jeito mais fácil de entende. RESPOSTAS QUE DEMONSTRAM O NÃO ENTENDIMENTO DA QUESTÃO 1 - -- 2 - -3 - -6 - -12 - -14 - -16 - -17 - -25 - -26 - -30 - -29 - -34 - -39 - -44 - -50 - -51 - -55 - -56 - -57 – --. c) Ha uma contradição entre a opinião de Affonso Romano a respeito da linguagem dos jovens e a proposta de uma solução. Qual é a contradição? RESPOSTAS LITERAIS 9 - Que eles julgam seu vocabulário inofensivo. 47 - Não é só os jovens que usam essa linguagem, as pessoas que mexem com computador também. 20 - Que não são apenas os jovens que usam uma linguagem diferente. 33 - Que o jovem tem a solariedade dos anos 60. 40 - Que seus vocabulários são “inofencivos”. 15 - A proposta é ler para aumentar o vocabulário. RESPOSTAS INFERENCIAIS 5 - Pois ao mesmo tempo que ele diz que é normal, ele tenta achar uma solução, o que seria desnecessário se fosse totalmente normal e comum. 35 - Ele acha normal a linguagem dos jovens, mas recomenda que eles leiam mais para aprender mais. 41 - De não concordar e nem descordar do uso de girias. 52 - Que ele acha certo que cada grupo social tenha sua própria linguagem, mas também sugere que os adolescentes leiam mais para aumentarem seu vocabulário. 48 - porque ao mesmo tempo em que ele diz que concorda com a girias ele diz que temos que ler para aumentar nosso vocabulário. RESPOSTAS DE ATIVAÇÃO DE CONHECIMENTO PRÉVIO 8 - Contradição de propostas, para jovens é de que a solução para eles e falar só as gírias. 21 - Que é difícil entender as palavras. 22 - Você não encontra um dicionário de gírias. 46 - A linguagem vulgar das girias é a linguagem formal e culta RESPOSTAS QUE DEMONSTRAM O NÃO ENTENDIMENTO DA QUESTÃO 1 - -2 - -3 - -4 - -6 - -7 - -10 - -11 - -12 - -13 - -14 - -16 - -17 - -18 - -19- -23 - -24 - -26 - -25 - -27 - Não. 28 - -29 - -30 - -31 - -32 - -34 - -36 - -37 - -38 - -39 - -42 - -43 - -45 - -49 - -50- -51 - -53 - -54 - -55 - -56 - -57 - -b) Você concorda com esses argumentos? Você também defende o uso de gírias pelos jovens? RESPOSTAS DE ATIVAÇÃO DE CONHECIMENTO PRÉVIO 1 - Sim. Defendo sim! É o nosso tipo de linguagem. 2 - Sim, algumas gírias são maneiras. 5 - Sim. Sim, pois é um jeito próprio e legal de falar. 7 - Sim, porque não afinal as gírias so incomodam a quem não entende. 8 - Sim para eles que gostam sim. Já para mim nunca gostei. 9 - Sim, pois nós temos nossas gírias como eles tem as deles, os homens de mais idade. 10 - Sim concordo, bem defendo sim pois cada um tem o direito de se espreçar livremente. 11 - Concordo sim. Cada um usa a língua da maneira que mais facilite e agilize a comunicação, sabendo a hora certa de usá-las, tudo bem. 12 – Sim, os jovens tentam se comunicar entre eles falando de uma maneira diferente. 14 - Sim. Defendo porque não vamos parar de falar gíria todos os adolescentes falam gírias. 15 - Sim. Porque eu não sei muito de falar gírias não mais acho legal quem fala e entendo o que eles falam. 16 - Sim. Porque se e falado toda hora. 17 - Claro. É mais fácil de se comunicar. Conseguiremos fazer com que uma frase enorme fique bem menor usando gírias. 19 - Mais ou menos, gosto de falar usando gírias mais não quero que elas substituam o vocabulário antigo, e as vezes não é tão legal falar de um jeito que os outros não entendem. 26 - Sim concordo com o argumento e defendo o uso das gírias. 29 - Sim. Eu defendo uso o uso de girias. 30 - Concordo eu defendo, porque é um jeito de se comunicar entre os jovens. 32 - Sim. Defendo pois já é um costume. 33 - Sim, girias e falado por qualquer pessoa pode as criança, jovem, adultos etc... 35 - Sim, sim ma stambém não são todas as girias que aparecem que são normas de se usar, há também o lado ruim de só falar giria. 36 - Nenhum dos dois eu acho que girias são usadas no seu grupo e com seus colegas, a língua norma (formal). Também é muito importante por causa do trabalho e do estudo. 40 - Não. Sim, porque eu acho que girias e a identidade dos jovens e só uso como sabe. 41 - Sim, pois as girias é o nosso jeito de nos comunicarmos. 42 - Sim. Defendo cada um tem o jeito de falar como quiser. 43 - Sim. Defendo assim como eu também falo com girias. 45 - ???? 47 - Concordo. Sim, é um meio diferente de usar o vocabulário. 48 - Sim, defendo e a todo momento ocorre mudanças então devemos nos atualizar. 52 - Sim, sim. Eu acho que cada um deve elaborar o seu vocabulário na hora de conversar mas mesmo assim o português é fundamental e eu acho melhor cada um ter suas gírias, acho mais prático. 54 - Sim, porque é mais de entender o que é dito, é maneiro. 55 - Concordo é um meio muito bom pras pessoas entenderem as coisa. RESPOSTAS QUE DEMONSTRAM O NÃO ENTENDIMENTO DA QUESTÃO 3 - Concordo sim, sim. 4 - Sim. Sim. 6 - Sim, sim. 13 - Sim, sim. 18 - Sim. Não. 20 - Sim. Sim. 21 - Sim. Sim. 22 - Sim. 23 - Concordo, defendo as gírias. 24 -Sim. Sim. 25 - Sim. 27 - Sim. 28 - Sim. Sim. 31 - -34 - sim, concordo. Sim, defendo. 38 - Não, sim. 37 - Sim, também sim. 39 - Concordo. Defendo. 44 - Sim. 46 - Concordo sim. 56 - Não. Não. 57 - Sim. Sim. 53 - Não, não. 45 – -49 - Sim, sim eu defendo. 50 - Sim, sim. 51 - -e) Thiago diz que sabe falar formalmente, mas não gosta. Em sua opinião, porque Thiago não gosta de falar formalmente? Você gosta de falar formalmente? Justifique. RESPOSTAS DE ATIVAÇÃO DE CONHECIMENTO PRÉVIO 1 – Porque os adolescentes gostam de falar de todos os jeitos. As vezes sim, mas com meus amigos uso gírias. 2 – Porque ele é jovem e jovem gosta de ser diferente, às vezes é preciso. 6 – Porque os “outros” vão achar esquisito; sim; porque então eu vou aprender cada vez mais 7 – Porque muitas vezes não é prática, não eu me expresso bem melhor falando informalmente. 8 – Porque ele prefere linguagem de um adolescente. Sim gosto acho mais elegante. 9 – Porque para Thiago falar formalmente só em algumas ocasiões. Eu não gostaria de falar formalmente em algumas ocasiões mas em outras sim. 10 – Porque é mais fácil você falar com gírias e as pessoas entendem e normalmente quando você fala formalmente eles não entendem. Eu gosto de falar formalmente sim, pois é bom, e você pode ir treinado para ocasiões futuras. 11 – Talvez ele não gosta porque tal varieddae seja “séria” demais para um jovem, é coisa de velho. Gostar eu não gosto, pois usando esse tipo de linguagem no dia-a-dia você fica parecendo mais aparecido, do tipo de pessoa que gosta de mostrar-se melhor, mas quando necessário vale tentar. 13 - Porque é chato, não gosto de falar de acordo com a moda... 15 – Porque ele prefere falar de um modo que todos entendam. Eu gosto de falar as vezes. As vezes falo (tranquilo, jaé, tipo assim e outros). 17 – Porque é mais demorado. Tem horas, porque posso estar em uma roda de amigos, ai da para falar com gírias. 19 – Porque é complicado e as vezes cansativo, chato. As vezes, de vem em quando é legal falar difícil, mas só de vez em quando 20 – Porque ele gosta de gírias. Mais ou menos, porque depende do lugar. 21 – Não. Porque tem palavras que já está no meu vocabulário. 22 – Ele não gosta por questão de opinião. Não é estranho. 23 – Por que a moda é usar as gírias, nem sempre. Só quando necessário. 24 – Por ser mais complexo e estar sempre falando em gírias. Não, pois estou acostumado falar com gírias e não gosto de mudar este costume. 25 – Ele não fala formalmente porue já se acostumou com jirias e deve achar mais fácil de não falar formalmente porque e cheia de regras que é mais fácil como se fosse um resumo. 26 – Não sei porque ele fala formalmente. Mais eu não gosto porque é mais difícil falar com palavras mais complicado. 27 – Não, pois demora mais é feio. 28 – Porque gíria é mais fácil? Só falo quando a ocasião pede pra ser formal. 29 – Por que ele já se acostumou com as girias. Eu também não gosta de falar formalmente, eu prefiro usar uma linguagem mais souta, é mais fácil de se expressar usando girias. 31 – Porque ele acha que a linguagem informal é mais fácil. Não, porque com meus amigos eu não preciso de dialogar formalmente. 32 – Porque os jovens já estão acostumados a usar esse tipo de língua. Não, pois também já me acostumei com gírias mas como ele sei falar formalmente. 33 – Porque ele gosta de girias. Sim, por que é muito bom é você aprende a falar com uma pessoa mais velha (idoso). 34 – Porque ele acha a fala informal mais fácil. Não, porque eu também acho mais fácil a linguagem informal. 35 – Por que ele tem que usar termo culto e difíceis de se pronunciar, não foi a maioria dos lugares onde eu vou não são lugares muito sérios. 36 – Por hoje é normal falar girias principalmente adolecentes. Eu gosto de falar formalmente. Porque é uma maneira mais educada. 37 – Porque ele é jovem e já se acostumou a falar usando girias, nem sempre, porque é estranho quando se é acostumado falar usando a linguagem informal. 39 – Porque parece que essa linguagem para os mais velhos e demora muito para falar uma frase. Não. Porque não faz o meu estilo e porque são muitas regras de como falar, e de como usar essa linguagem. 40 – Porque esige mas esforso. Sim, e informalmente também já estou abido a falar girias só com pessoas sertãs. 41 – Pois é mais fácil falar usando gírias. Não, pois com as girias você resume um pensamento em apenas uma palavra. 42 – Porque ele já deve ter pegado a mania de falar ou simplesmente porque os outros falam. Sim, acho mais educado e mais bonita, mas não excluo as girias. 43 – Porque é mais difícil e fala muito. Não gosto de falar formalmente. Prefiro a gíria, porque são mais faceise também errado elas não falam muitas palavras, abevia todas. 44 – Porque já está acostumado falar em gírias. Não. Porque acho estranho e já estou acostumado a falar em girias. 45 – porque para deve ser estranho ou até difícil falar as coisas sem abreviar algumas palavras, ele quer ser “moderno”. Parcialmente, acho que 50%. 46 – Provavelmente ele deve considerar, algo ultrapassado já eu, gosto de falar das duas maneiras sendo que falar é a expressão mais simples e rápida. 47 – Se sente melhor falando assim. Não por que já me acostumei falar do meu jeito. 48 – Por ter costume de usar a linguagem informal. Não, por também não gostar de falar formalmente (apenas em eventos importantes assim uso a linguagem informal). 50 – Porque é difícil. Não; eu gosto de falar do meu jeito eu falo meio imbolado misturando os dois. 51 – Porque a linguagem formal é difícil. Não pois parece um modo difícil de se dizer. 52 – Por que as girias resumem tudo. Ás vezes. Porque há situações em que não necessita formalmente, assim a gíria resume tudo o que queremos falar. 53 – porque já acostumou a falar girias, sim, porque é uma maneira mais educada. 55 – As vezes sim as vezes nós so quando eu converso com meus amigos. 56 – Porque que fala gagejando. Maisoumenos. Por que as vezes eu gagejo também. 57 – Porque acostumou a falar girias. Não, por que também já me acustumei a falar girias. RESPOSTAS QUE DEMONSTRAM O NÃO ENTENDIMENTO DA QUESTÃO 3 - -4 - -5 - -12 - ???? 14 - -16 – as vezes. 18 – não 30 - -38 - -49 - -54 - -10) Com base nas reflexões feitas nas questões anteriores, conclua: usar a língua de maneiras diferentes significa promover a erosão da linguagem, como diz o título da reportagem a respeito da linguagem dos jovens? Justifique sua resposta. RESPOSTAS LITERAIS 24 – Não, como diz uma entrevistada (Tatiana) tudo muda, porque não o vocabulário. 53 – Imagens comparativas e novas gírias reacendem a discussão sobre a erosão da linguagem entre os jovens. RESPOSTAS DE ATIVAÇÃO DE CONHECIMENTO PRÉVIO 6 – Sim, por causa dessa influência que vamos falar errado ou escrever errado. 7 – Sim, porque aquelas pessoas que não falam quando vão convivendo com uma pessoa que fala acaba se acostumando e também falando as gírias. 9 – Sim, pois algumas pessoas não vão entender, mas é o nosso jeito de falar, de pensar etc... 11 – Não. Porque isso não modifica as regras da variedade padrão apenas se adapta às necessidades de facilitação da comunicação das pessoas, não precisa um erosão da linguagem, até porque usar a língua de outras maneiras, não significa, necessariamente, que não se sabe utilizar a variedade padrão da língua. 15 – Não. Por que isso já se tornou uma coisa normal de hoje em dia e todos sabem falar. 19 – Não, apenas diferencia a linguagem, usar muitas gírias não significa que eu vou parar de falar português. 20 – Não, cria novas formas para falar de algo. 25 – Diz porque você pratica uma variedade de novas palavras. 26 – Sim, porque quase nunca as jovens usa não a linguagem da maneira certa. 27 – Sim, afinal isso prejudica o português. 28 – Sim, porque para os jovens falar com girias é mais fácil. 32 – Não, porque a língua varia de acordo com cada grupo social. 33 – Sim, comparando essas duas línguas é muito diferente uma da outra porque elas são educativas. 34 – Sim, por que com as gírias a modificações nas liguas. 35 – Sim, pois muitas vezes a forma de escrever certas palavras não significa que é a forma correta de falar. 36 – Que os jovens de hoje usam muita linguagem diferente por que vez se combinan e também acho que é uma forma de pensamento. 37 – Não, porque nem todas as pessoas falam da mesma maneira ou seja será dificio promove a erosão da linguagem. 40 – Sim promove a erosão da linguagem, mas não e um absurdo deve ser priorisado por girias e liguagem variada e a indentidade que diferencia e caracteriza cada grupo social. 41 – Não, pois com a necessidade de falar cultamente vira com o tempo e precisará ser usada. 43 – Acho que não, mas algumas pessoas quando ouvem alguma gíria acabam falando também. 46 - De certa forma sim, desestrutura uma linguagem já falada por outro se não ouvesem essas desestrutorizações não haveriam tantas línguas e dialetos no mundo. 47 – Não. Por que isso é só um jeito de se expressar, de resumir o que quer dizer em poucas palavras. 48 – Não, acho que promover erosão de palavras é quando as gírias mudam de acordo com o tempo. 51 – Sim. O uso de girias dentro de grupinhos, fez com que os jovens atuais percam as custumes da linguagem formal, perdendo os hábitos e principalmente o português. 52 – Sim. O uso de gírias dentro de grupinhos faz com que os jovens atuais percam as custumes da linguagem formal, perdendo os hábitos e principalmente o português. RESPOSTAS QUE DEMONSTRAM O NÃO ENTENDIMENTO DA QUESTÃO 1 - -2 - -3 - -4 - -5 - -8 - -10 – -12 - -13 - -14 - -16 – não. 17 - -18 - -21 - -22 – Sim. 23 - -29 - -30 - -- 31 - -38 - -39 - -42 - -44 - -45 – -54 - -55 - -56 - -57 - -49 - -50 - -QUESTÕES DE ATIVAÇÃO DE CONHECIMENTO PRÉVIO 8) Recorde a fala de Thiago: Eu também sei falar formalmente, mas não gosto. Não me dirijo ao padre do colégio com um ‘aí, velhinho’. Estou apto a usar a linguagem formal, quando necessário. a) Imagine as frases com que Thiago se dirige ao padre do colégio: em vez de “aí, velhinho”, o que será que ele diz? RESPOSTAS DE ATIVAÇÃO DE CONHECIMENTO PRÉVIO 1 – O senhor. 2 – oi Padre. 3 – Bom dia padre! Olá padre! 5 – Olá, Sr. Padre. 6 – Vossa santidade ou “o senhor”. 7 – Oi, senhor ou Bom dia Padre. 8 – Ele gosta de falar com as pessoas para não entender. 9 – olá padre. 10 – Olá Senhor como vai? ou Olá como se sente essa tarde Senhor? 11 – Acredito que algum pronome de tratamento adequado como Vossa Santidade. 13 - Senhor Padre. 15 – Oi senhor. 17 – Como vai o senhor? Oi padre... 18 – Meu senhor 19 – Senhor, padre, algo assim. 20 – Senhor. 22 – Olá senhor padre como vai o senhor? 24 – Bom dia, o senhor poderia me ajudar... 25 – Oi padre. 26 – Olá senhor. 27 – oi senhor. 28 – E aí padre, tudo bom? 29 – Ele chamaria ele de padre mesmo. 31 – Como vai senhor padre? 32 – Bom dia, padre. 33 – Não me dirigia. Aí meu jovem? 34 – Oi, padre. 35 – A bensão padre. 36 – Ao padre senhor padre. 37 – Sua benção pradre. 38 – tudo bem com você 40 – aí padre ou aí, carola 41 – Como o senhor está? 42 – Como vai você? 43 – Sua benção, padre. 44 – Padre, posso falar com o senhor. 46 - Com licença, padre. 47 – Olá, senhor. 48 – Olá padre! Como vai? 50 – Bom dia Senhor. 51 – Como você está, gostaria de falar com você. 52 – Olá seu padre. 53 – Olá padre. 56 – Oi padre, tudo bem... RESPOSTAS QUE DEMONSTRAM O NÃO ENTENDIMENTO DA QUESTÃO 4 - -12 – -14 - -16 - -21 - -23 - -30 - -39 - -45 – -49 - -54 - -55 - -b) Dê exemplos de pessoas a quem Thiago poderia dirigir o cumprimento “aí, velhinho”. RESPOSTAS DE ATIVAÇÃO DE CONHECIMENTO PRÉVIO 1 – Seu vô, amigos. 2 – Seu pai. 3 – Com um parente dele mais velho que ele; com alguém de sua rua. 4 – Os amigos. 5 – A nenhuma pessoa idosa, pois é falta de respeito. 6 – Um avó, um padre um conhecido que é idoso. 7 – Um vendedor de uma loja ou coisa do tipo. 8 – Ao pai dele, ao avó dele, ao tio etc. 9 – Seu pai, seu avô a um amigo, mas sempre com respeito. 10 – O seu avô, seu pai, tios. 11 – Bem isso é relativo, e se liga ao modo como o estudante interage em seu grupo social, poderia ser com seu avó, caso haja entre eles tal liberdade, ou até mesmo com seu pai, seguindo o padrão anterior; fora os amigos, que atualmente chamamos de “véi”. 13 – Pai, vovô, professor. 14 – adulto 15 – alguém muito próximo que aceite gírias 16 – algum rapas 17 – pai dele, algum amigo da família 19 – Um vendedor de picolé, uma pessoa moradora, um parente 20 – Com o avó, o pai, o tio... 22 – O avô dele. 24 – Com seu avô 25 – Tios e o avô se tiver entimidade. 26 – a um mendigo. 27 – amigos 28 – pai, tio e parentes 30 – Há um amigo, irmão, primo, com pessoas de sua idade. 31 – Uma pessoa de idade que ele tenha muita intimidade 32 – Seus tios de que ele tem muita intimidade, algum conhecido de algum lugar a quem ele tenha um contato maior e etc... 33 – meu senhor, meu amigo, meu camarada etc... 34 – Com seus colegas da escola. 35 – Com seus familiares só que na brincadeira sem amigos 36 – Senhor idoso 37 – Com um desconhecido 38 – Ninguém 40 – Seus vizinha, familiares e amigos mais íntimos. 41 – Um colega que esta na mesma “tribo” que ele. 42 – Velhinho da igreja, avós. 43 – Um homem na rua, ao seu pai, seu avô, mas também com um certo respeito. 44 – Um amigo mas velho. 46 – Do seu avó, ou seus amigos idosos, em geral pessoas íntimas dele. 47 - Com seu vô, um amigo de mais idade 48 – Um amigo ou se for muito íntimo com seu avô. 50 – seu tio, avo e qualquer um que pareça de idade. 52 –Vô, a uma pessoa idosa que seja mais chegado a ele etc. 53 – Pessoas da mesma idade que ele, ou até então seu pai 54 – A um colega ou amigo mais velho do que ele 55 – Um cara mais velho do que ele 56 – E ai, senhor 57 – Ao avô. RESPOSTAS QUE DEMONSTRAM O NÃO ENTENDIMENTO DA QUESTÃO 12 - -18 - -21 - -23 - -- 29 - -39 - -45 - -49 - -51 - -c) Thiago sabe usar a linguagem formal, “quando é necessário”: em que situações é necessário usar a linguagem formal? RESPOSTAS LITERAIS 8 – Com professores e com pessoal da casa dele. RESPOSTAS DE ATIVAÇÃO DE CONHECIMENTO PRÉVIO 1– Numa igreja falando com um padre, numa entrevista de emprego... 2 – muitas vezes quando ta com um serto tipo de adultos 3 – Em lugares que não se está com os amigos; Quando se fala com autoridades; em lugares que se pedem respeito. 5 – Quando se fala com um advogado, com um médico, entre outros. 6 – quando são pessoas em que tem que ter mais respeito 7 – Com os pais, os mais velhos ou com diretores de colégio pessoas de banco e outros. 9 – Em situações em que as pessoas de respeito participam ou em lugares que tenham um vocabulário mais necessário para usá-lo. 10 – Quando for procurar um emprego, num tribunal... 11 – Em concursos, entrevistas de emprego, lugares requisitados, ao se dirigir a doutores, autoridades em geral, entre muitas outras situações. 13 – Quando se estar em uma entrevista de emprego, com o doutor da escola, padres, consultórios. 14 - Em uma entrevista de emprego, com a diretora do colégio. 15 – Ele sabe mais não gosta quando está no meio de outros adolecentes. 16 – Sim. Porque os pensamento a maioria das vezes são iguais. 17 – Em alguma reunião. com algum parentes. Pessoas que ele não conhece. 18 – Não sei 19 – Quando se esta falando com alguém importante, como um padre, um juiz ou executivo. Alguém com quem não temos intimidade, ou que não conhecemos direito. 20 – Numa ocasião importante. 21 – Quando você vai falar com uma pessoa idosa, com um padre e etc. 22 – Falando com uma pessoa mais velha. 23 – Em uma entrevista em um lugar que tenha mais adulto. 24 – Quando se dirigir à pessoas mais velhas, em reuniões formais, provas, etc. 25 – Na escola na igreja e outros tipos de situação. 26 – Numa igreja, num enterro e em lugares finos. 27 – Para falar com pessoas importante. 28 – Quando a ocasião é uma ocasião formal. 29 – Quando for falar com alguma altoridade ou quando for dar uma palestra, trabalho ou quando precisar dar uma notisia ruim a alguém. 31 – Quando se conversa com pessoas mais velhas de outras gerações. 32 – Na igreja, num hospital em uma biblioteca, etc... 33 – Sim. Quando você fala com uma pessoa mais velha com você. 34 – Para falar com pessoas da mesma linguagem formal. 35 – Quando falar com pessoas importantes, quando estamos nas igrejas, nos escritórios e em ambientes sérios e alguns descontraídos também. 36 – Nas horas mas educadas para mim em todas as horas em vez de quando uso outras linguagens. 37 – Sim, quando vai se referir a uma autoridade ou com alguém importante. 38 – dentro de casa, aos professores. 39 – entrevista de emprego ou no próprio trabalho, em uma redação para algum concurso, entrevista para a televisão, conversa com o padre. 40 – Em eventos como entrevista de emprego. 41 – Em algum ambiente no qual é necessário apresentar-se de uma forma mais intelectual como numa entrevista de emprego. 42 – Quando se sai a uma entrevista de emprego a um restaurante etc. 43 – Numa entrevista de trabalho, com um juiz num julgamento, entre outros. 44 – Em uma reunião, com os mais velhos, formaturas, etc. 45 – Quando vamos a uma entrevista de emprego, quando vamos falar com pessoas mais velhos e que não conhecemos, etc. 46 – Delatos diversos, tribunais, dirigindo-se à autoridades, pessoas de respeito, em uma dissertação. 47 – Entrevista de emprego, com seus pais, etc. 48 – Na presença de um juiz, quando for fazer uma carta a uma autoridade, em fim, eventos importantes. 49 – Em situações em que se precisa falar seriamente e corretamente. 50 – A linguagem formal é utilizada em situações que é preciso falar seriamente e moralmente por exemplo diante um juiz. 51 – Em um discurso, em um tribunal, uma entrevista de trabalho. 52 – Para falar com alguém, para falar ao telefone. 53 – Quando você esta falando com pessoas formais tipo, pai, professores, padre pessoas mais velhas que você. 54 – Quando você está numa roda de amigos conversando 55 – Quando estiver falando com idosos ou mandantes suspensos. 56 – Na hora de uma entrevista para emprego, etc. RESPOSTAS QUE DEMONSTRAM O NÃO ENTENDIMENTO DA QUESTÃO 12 - -30 - -4 - -d) Quando não se usa a modalidade formal da linguagem, que modalidade se usa? E em que situações se usa essa modalidade? RESPOSTAS DE ATIVAÇÃO DE CONHECIMENTO PRÉVIO 1 – Das gírias, usa-se com amigos... mas tem lugares pra se usar essa linguagem. 2 – gíria informal com colegas 4 – A modalidade não formal. Com amigos. 6 – Se usar as gíria, em situações que existem grupos ou “tribos”. 7 – A informal, com os amigos. 8 – Usa gírias. Com colegas na roda como ele. 9 – Mobilidade espontânea informal, vamos dizer assim, em lugares que as pessoas se sentem a vontade com amigos o não. 10 – A modalidade informal, você pode falar sem ser formal em casa, no bar com os amigos. 11 – A linguagem coloquial variedade não-padrão da Língua portuguesa que é usar no cotidiano, com amigos, vizinhos, colegas de classe e de trabalho. 13 – A informal se usa em lugares mais largados. 15 – Quando conversamos com amigos ou alguém próximo quando estamos entre amigos. 17 – informal 19 – informal, quando estamos entre amigos. 20 – informal. Em situação mais cotidiana. 21 – De gíria. Com os colegas e quem sabe falar mesmo. 22 – Informal. Com amigos 24 – A modalidade informal e popular, quase sempre se usa essas modalidades. 25 – nas ruas com os colega 26 – Se usa a gíria, a gíria se usa com salas de bate papo, numa roda de amigos. 27 – As gíria para falar com os colegas 28 – Na rua, em casa e com os amigos 31 – A informal. Quando estamos conversando com amigos que são da mesma geração de a tua. 32 – Informal. Em uma balada ou em uma festa ou em um show. 33 – Informal, quando você está disposto. 34 – Usa-se a modalidade informal da linguagem. Com pessoas que usam essa mesma modalidade. 35 – A modalidade informal, quando estam em família e amigos. 36 – Girias. Com os colegas, amigos, internet. 37 – A modalidade informal ou seja gírias. Quando se fala com amigos da mesma idade ou aproximadamente da mesma idade. 38 – Gírias. Com os amigos. 39 – A informal. Com os amigos, com seus familiares, em algum esporte com seus colegas. 40 – Informal. Em casa com amigos onde e conviniente. 41 – A informal, em situações que não é necessário ser “certinho” como em uma roda de amigos. 43 – A linguagem informal ou seja as gírias. Nas ruas, com os amigos, na escola, etc. 44 – linguagem em códigos, quando se usa um computador; esta conversando pelo computador. 45 – A informal, quando falamos com amigos, parentes “íntimos”... 46 – Informal ou vulgar, para falar com amigos ou pessoas que sejam da sua turma ou idade. 47 – Girias com seus amigos, festas etc. 48 – linguagem informal, com amigos e pessoas próximas 49 – as gírias da situações de apego há amigos colegas e conhecidos 50 – As gírias; em situações de total apego aos amigos, colegas e conhecidos. 51 – As gírias situações de apego há amigos colegas e conhecidos 52 – Das gírias em grupos. Conversas entre jovens etc. 53 – gírias, quando há adolescentes. 54 – A de gírias 55 – Num meio de ser entende as coisas melhor. 56 – Sem respeito, com colega muito intimo 57 – Giria. Em festas, bailes, conversa, etc. RESPOSTAS QUE DEMONSTRAM O NÃO ENTENDIMENTO DA QUESTÃO 3 - -5 – -12 - -14 - -16 - -18 - -23 - -29 - -30 - -42 - --