HISTÓRIA DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E EXCLUSÃO SOCIAL: A CONFIGURAÇÃO DO ESPAÇO URBANO DE UBERLÂNDIA (1990-2000) Carlos Henrique de Carvalho Doutorando do Programa de Pós-Graduação em História USP - Universidade de São Paulo. Eloy Alves Filho Doutor em História pela USP e professor da Universidade Federal de Viçosa Wenceslau Gonçalves Neto Doutor em História pela USP e professor da Universidade Federal de Uberlândia (INTRODUÇÃO) Trata-se de um estudo que procurou analisar o desenvolvimento econômico do contexto urbano de Uberlândia, no período compreendido entre 1990 e 2000, com a finalidade de compreender como esse mesmo desenvolvimento da riqueza promove a exclusão social. Também foi nossa intenção focalizar os agentes sociais excluídos pelo discurso oficial. Tal situação alçou a cidade no âmbito nacional, ao transformá-la numa mítica, pelo menos em termos do Estado de Minas Gerais, pelo próprio tratamento que a grande imprensa lhe dispensa. Esse espírito mítico está presente, no discurso oficial, o qual nutre e perpetua a imagem de ilha de prosperidade ostentada pela cidade. (METODOLOGIA) No que tange aos procedimentos metodológicos, adotados por nós, durante o desenvolvimento dessa pesquisa, podemos citar os seguintes: análise de 800 processos crimes relacionados às minorias sociais (menores infratores, crimes contra o patrimônio, contra a vida, entre outros, os quais de alguma forma maculam a “imagem mítica” da cidade). Tendo em vista o mesmo objetivo, examinamos as Atas da Câmara Municipal de Uberlândia; como também realizamos um levantamento na imprensa local, regional e nacional; ainda fizemos uma pesquisa junto as atas da Associação Comercial e Industrial de Uberlândia e da própria Câmara dos Diretores Lojistas da cidade. Além dessas fontes, realizamos entrevistas com as autoridades do município, tais como: ex-juizes, exbispos e ex-prefeitos. (RESULTADOS) De posse dos dados coletados podemos afirmar que os mesmos apontam as incongruências que permeiam o discurso das elites uberlandenses, pois colocam em evidência os números que não aparecem nos quadros estatísticos da magnificência econômica de Uberlândia, já que eles poderiam denegrir o esteriótipo de “ilha de prosperidade,” ostentado por ela e tão orgulhosamente cultuado pelos senhores do poder local. Mas, ao depararmos com esta imagem contraditória, consubstanciada nas ocorrências policiais contra os menores, percebemos que esta sociedade, regida pelo égide da “ordem” e “progresso”, tem as mesmas relações de violência presentes nas demais cidades do país. As 873 ocorrência policiais registradas em 1998, que envolveram menores agentes de atos infracionais somadas às 1703 ocorridas em 1999, vêm contradizer o caráter harmonioso reinante na cidade. Em verdade, esses números atestam a existência de “chagas sociais” em Uberlândia, negadas pelo discurso dominante. Revelam a existência de um mundo que é materializado pela miséria e pela negligência política dos governantes, em meio à “luminosidade” desta cidade que se julga possuidora de luz própria. (CONCLUSÃO) É neste quadro geral que Uberlândia está inserida, havendo conflitos sociais de toda ordem, os quais desaparecem mediante os múltiplos jogos do discurso, em decorrência da capacidade desse mesmo discurso para tecer uma teia dissimuladora dessas relações de violência existente em seu espaço urbano, ao propugnar o caráter ordeiro de seus habitantes e sua predestinação para o progresso e desenvolvimento. (AGENCIA FINANCIADORA) CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico / UNIPAM/FEPAM. 54ª Reunião Anual da SBPC - Goiânia, GO - Julho/2002