H.4.3 - Teoria e Análise Linguística Espaço urbano: a (re)construção de um corpo significativo Thaís Harumi Manfré Yado¹, Lucília Maria Abrahão e Sousa² 1. Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Sociedade (PPGCTS), do Centro de Educação e Ciências Humanas (CECH), da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar); * [email protected] 2. Livre Docente da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP), da Universidade de São Paulo (USP) Palavras Chave: Discurso, Espaço Urbano, Profeta Gentileza. Introdução Com base nos estudos analítico-teóricos da Análise do Discurso de filiação francesa, segundo os princípios idealizados pelo filósofo Michel Pêcheux. Essa pesquisa tem como principal objetivo investigar os movimentos dos discursos presentes no espaço urbano. Nos interessa como os movimentos presentes e construídos nesse espaço se movem e causam mudanças de ordem social, gerando um espaço de (re)significações. vezes parafrásticas, dos temas centrais trabalhados por Gentileza, causando um efeito de reafirmação de seus dizeres, de seus sentidos, reafirmando suas ideias. Para compor o corpus de estudo selecionamos os monumentos, pois eles permitem a construção de um sentidos simbólico entre passado e presente, reunindo concomitantemente histórias individuais e coletivas em um mesmo espaço. Possibilitando assim, diversas (re)leituras de um mesmo espaço de enunciação que se renova a cada trajetória. Utilizaremos o patrimônio cultura "Livro Urbano", construído Profeta Gentileza como material de análise, com o intuito de observar um dos efeitos de sentido e de possível leitura que o espaço urbano pode nos oferecer nesse caso, pelas inscrições dispersas pela cidade do Rio de Janeiro (Brasil). E assim, estudar os efeitos de sentido presentes nesse espaço urbano e especular os sentidos de leitura que o "Livro Urbano" possibilita ao se inscrever e se incorporar na/pela cidade. Resultados e Discussão É possível observar o vínculo afetivo criado entre as mensagens que o Profeta Gentileza registrou em pilastras que antes eram só concreto, e depois de suas inscrições, a paisagem deixou de ser somente cinza com a adição de cores - cores nacionais, e palavras de gentileza e prosperidade. Este livro que se "abre" para a cidade impressiona os passantes e os ensinamentos do profeta lutaram contra o tempo, com a persistência e dedicação de Gentileza ao pintá-las e repintá-las inúmeras vezes em prol da prevalência das inscrições contra as deteriorações que naturalmente acontecem, em que as cores vão se perdendo. A cada um dos murais pintados ele não se encerra em si (GELMAN, 2009, p. 50), há uma retomada constante dos murais que passaram ao longo da caminhada e os que virão, possibilitando a continuidade da leitura das pilastras, passando o sentido de uma para a seguinte e assim continuamente, com uma série de repetições, às Figura 1. Profeta Gentileza. Conclusões Ao refletir a cidade como um espaço de enunciação e significação, podemos dizer que nada pode ser pensado sem tê-la como pano de fundo. É nesse espaço que os sujeito se constituem e onde suas memórias e ideologias se cruzam com o meio social. Nas palavras de Orlandi (2004, p. 31) "A cidade tem assim seu corpo significativo. E tem neles suas formas". Agradecimentos Agradeço a agência de fomento FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), pelo financiamento dessa pesquisa. ____________________ ORLANDI, Eni Puccinelli. Cidade dos sentidos. Campinas, SP: Pontes, 2004. GUELMAN, Leonardo Caravana. Univvverrsso Gentileza. Rio de Janeiro: Mundo das Ideias, 2009. 67ª Reunião Anual da SBPC